INFORMATIVO Esquematizado 82 TST - Para Blog

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  • Informativo Esquematizado TST n. 82 Perodo: 13 a 19 de maio de 2014.

    Raphael Miziara (Prof. e Advogado) e Roberto W. Braga (Prof. e Juiz TRT 22 Regio)

    DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO possvel a reduo da gratificao de funo exercida por dez ou mais anos em razo

    de transferncia a pedido.

    No h falar em aplicao do princpio da irredutibilidade salarial no caso em que o

    empregado, no obstante tenha exercido o cargo de confiana de gerente geral de

    agncia bancria por mais de dez anos, solicitou transferncia para localidade

    diversa, tendo havido a correlata designao para exercer outra funo comissionada

    de menor valor.

    A Smula n 372, I, do TST, ao assegurar a estabilidade financeira, exige a reverso

    ao cargo efetivo e a ausncia de justo motivo para a supresso ou a reduo da

    gratificao de funo, o que no ocorreu na hiptese, eis que o empregado foi

    designado para outra funo de confiana e sua transferncia ocorreu a pedido, ou

    seja, por motivo estranho vontade do empregador.

    Comentrios

    Jus variandi x princpio da inalterabilidade contratual lesiva (alterao da funo limites) O jus variandi pode ser definido como uma faculdade ou poder do empregador de variar, dentro de certos limites, as formas de prestao das tarefas pelo empregado (Pl Rodrigues, in POSE, Carlos. Manual Prctico del ius variandi. Buenos Aires: David Grinberg Libros Juridicos, 1995) (gn) Quais as formas de jus variandi?

    Jus variandi ordinrio: possibilidade de o empregador, unilateralmente, alterar aspectos secundrios do contrato de trabalho, no regulados por norma jurdica heternoma ou autnoma. O exerccio desse direito pelo empregador no gera qualquer prejuzo para o empregado. Jus variandi extraordinrio: consiste nas excees, expressas em lei ou na ordem jurdica como um todo, claramente identificadas, nas quais autorizado ao empregador alterar o contrato de trabalho em prejuzo para o empregado, mas nem por isso so consideradas ilcitas (MOURA, 2013, pg. 513).

    Limites/requisitos para alterao contratual A norma do art. 468 da CLT impe dois requisitos para que haja a alterao contratual:

  • - requisito da impossibilidade de alterao contratual in pejus; e - a necessidade de mtuo consentimento para sua validade.

    Como saber se uma alterao contratual prejudicou ou no o empregado? Conforme Marcelo Moura (2013), a apreciao de eventual prejuzo apurada em concreto. Aparentemente, uma mudana nas condies do contrato de trabalho pode resultar em prejuzo para o empregado, mas, quando apurada a alterao em todos os seus matizes, observar-se- a ausncia de prejuzo direito ou indireto. Exemplo: reduo do intervalo de um empregado que gozava de duas horas para almoo, cuja alterao contratual, de iniciativa do prprio empregado, aparente lhe ser prejudicial e, portanto, nula; todavia, analisando o requerimento em sua inteireza, observa-se que a reduo do intervalo para uma hora objetivou a reduo da jornada ao final, permitindo ao empregado matricular-se em curso superior noturno de seu interesse.

    Jus variandi extraordinrio - reverso

    Conceito: a reverso, segundo o magistrio de Maurcio Godinho Delgado,

    entendida como o retorno ao cargo efetivo aps ocupao de cargo ou

    funo de confiana. Em outras palavras, reverso o ato do empregador

    que, no exerccio do ius variandi, retira o obreiro da funo de

    confiana ento desempenhada, fazendo com que retorne ao cargo

    efetivo anterior.

    A reverso do empregado para sua funo de origem, deixando o

    exerccio da funo de confiana, com perda salarial (reduo da

    gratificao de funo), legal?

    Sim, em que pese se tratar de alterao normalmente prejudicial ao

    obreiro, ocorrida mediante a destituio do empregado do cargo ou funo

    de confiana ocupado por determinado perodo contratual.

    O pargrafo nico do art. 468 da CLT, assim dispe:

    Art. 468, CLT [...] Pargrafo nico No se considera alterao

    unilateral a determinao do empregador para que o respectivo

    empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado,

    deixando o exerccio de funo de confiana. (GN)

    E se recebida por dez anos ou mais, a reduo da gratificao de

    funo permitida?

  • O art. 468, pargrafo nico, da CLT autoriza a reverso do empregado para

    sua funo de origem, deixando o exerccio da funo de confiana, com

    perda salarial da respectiva gratificao inerente funo. A perda s no

    observada quando o empregado exerceu a funo de confiana por

    pelo menos 10(dez) anos. O assunto tratado no item I da Smula 372

    do TST.

    Imagine-se a hiptese na qual o empregado recebeu por dez anos ou

    mais a gratificao de funo em razo do exerccio do cargo de

    confiana e esse mesmo empregado PEDE/SOLICITA sua

    transferncia para outra localidade na qual passa a exercer outra

    funo cujo valor da gratificao menor do que o habitualmente

    recebido. Como ficaria a questo da supresso da gratificao (

    possvel ou no)?

    A SBDI-1 do TST entendeu aceitvel e legal a reduo/supresso da

    gratificao, desde que o empregado tenha solicitado a transferncia, j

    que, dessa forma, a alterao no decorreu de vontade do empregador.

    Esquematizando a situao:

    - empregado que exerceu cargo de confiana,

    - por mais de dez anos,

    - solicita transferncia para localidade diversa,

    - tendo havido designao para exercer outra funo comissionada,

    - cujo valor da gratificao menor.

    Para que seja assegurada a estabilidade financeira, a Smula n 372, I,

    exige:

    i) Percepo da gratificao de funo por dez ou mais anos;

    ii) a reverso ao cargo efetivo;

    iii) a ausncia de justo motivo para a supresso ou a reduo

    da gratificao de funo.

    Na hiptese, isso no ocorreu, eis que o empregado foi designado para

    outra funo de confiana e sua transferncia ocorreu a pedido, ou seja,

    por motivo estranho vontade do empregador.

    Smulas

    SUM-372, I, do TST GRATIFICAO DE FUNO. SUPRESSO OU

    REDUO. LIMITES.

    I - Percebida a gratificao de funo por dez ou mais anos pelo empregado, se o

    empregador, sem justo motivo, revert-lo a seu cargo efetivo, no poder retirar-

    lhe a gratificao tendo em vista o princpio da estabilidade financeira.

    II - Mantido o empregado no exerccio da funo comissionada, no pode o

    empregador reduzir o valor da gratificao.

  • OJs No h OJs relacionadas diretamente deciso comentada.

    Referncias

    legislativas

    Art. 7, VI, CR/88 So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de

    outros que visem melhoria de sua condio social:

    [...]

    VI - irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo coletivo;

    [...]

    Art. 468, CLT Nos contratos individuais de trabalho s lcita a alterao das

    respectivas condies por mtuo consentimento, e ainda assim desde que no

    resultem, direta ou indiretamente, prejuzos ao empregado, sob pena de nulidade

    da clusula infringente desta garantia.

    Pargrafo nico No se considera alterao unilateral a determinao do

    empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,

    anteriormente ocupado, deixando o exerccio de funo de confiana.

    Referncias

    DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. So Paulo: LTr, 2014.

    MIESSA, lisson; CORREIA, Henrique. Smulas e Orientaes Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.

    Salvador: JusPodivm, 2014.

    MOURA, Marcelo. Consolidao das Leis do Trabalho para concursos. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2013.

    NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciao ao Direito do Trabalho. 39. ed. So Paulo: LTr, 2014.

    POSE, Carlos. Manual Prctico del ius variandi. Buenos Aires: David Grinberg Libros Juridicos, 1995.

    Processo TST-E-ED-RR-361-55.2010.5.03.0067, SBDI-I, rel. Min. Joo Oreste Dalazen,

    15.5.2014.

    DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

    Prestao habitual de horas extras descaracteriza o regime de compensao de jornada

    A prestao de servios em um sbado por ms, dia destinado compensao,

    implica na descaracterizao do regime de compensao de jornada, de modo

    que na semana em que houve labor no sbado deve ser reconhecido o direito s

    horas extraordinrias acrescidas do adicional em relao a todo o perodo que

    extrapolava a jornada semanal normal. Nas semanas em que no houve trabalho

    aos sbados, porm, deve ser aplicado o disposto na Smula n 85, IV, do TST,

    em razo da efetiva compensao de jornada.

    Comentrios

    O regime de compensao de jornada

    A compensao de jornada de trabalho uma forma de sua prorrogao,

    mas sem o pagamento de horas extras, por ser objeto de deduo ou

    abatimento (labor reduzido) em dia diverso (GARCIA, 2014, pg. 918).

  • O regime de compensao pode se dar de duas formas:

    a. semanal/intrassemanal: a compensao da jornada dentro de

    uma mesma semana e vlido mediante simples acordo individual

    escrito e desde que, em regra, haja um limite mximo de 10 horas.

    Excepciona-se em trs casos (RESENDE, 2014, pg. 371):

    a.1) no caso dos motoristas profissionais, cujo excesso

    de horas trabalhadas em um dia pode ser compensado

    com a correspondente diminuio em outro dia, desde que

    haja previso em norma coletiva (art. 235-C, 2, da CLT,

    que no faz distino a respeito da modalidade de

    compensao ao exigir a autorizao em norma coletiva);

    a.2) no caso do comercirio, cuja jornada normal de

    trabalho somente pode ser alterada mediante acordo ou

    conveno coletiva (art. 3, 1, da Lei n 12.790/13);

    a.3) menor de 18 anos, para quem a compensao

    tambm depende de autorizao em norma coletiva (art.

    413, I, da CLT).

    b. alm da semana ( o chamado banco de horas): compensao em

    um perodo mximo de um ano e s vlida se prevista em

    instrumento coletivo de trabalho. A semana espanhola (40x48) e

    a jornada 12x36 tambm s sero vlidas se previstas em ACT ou

    CCT.

    O caso concreto: empregada com jornada de 44 horas semanais,

    com acordo escrito de compensao para folga aos sbados. Ocorre

    que a empregada laborava um sbado por ms, dia este que seria

    destinado compensao. Dessa forma, nas semanas em que havia

    labor aos sbados, no havia efetivamente compensao de jornada.

    Debate-se nos autos a validade do regime de compensao.

    O TST entendeu o trabalho aos sbados, ainda que uma vez por ms,

    descaracteriza o regime de compensao, nos termos do item V, da

    Smula 85, do TST, j que era dia destinado a compensao.

    Mas ateno: o TST entendeu por no aplicar genericamente o item V da

    Smula 85 do TST, ou seja, aplicou-se o disposto no item V somente s

    semanas nas quais no houve trabalho aos sbados.

    Portanto, como constou do prprio acordo, nas semanas em que havia

    labor aos sbados, no havia efetivamente compensao de jornada e,

    portanto, todas as horas extras extrapolavam a jornada semanal normal,

  • sendo devidas as horas extraordinrias.

    Entretanto, em relao s semanas em que a reclamante no trabalhava

    aos sbados, a compensao de jornada era efetiva e, se no extrapolado

    o limite de 44 horas semanais, devido apenas o adicional em relao s

    horas excedentes da jornada normal diria em razo da descaracterizao

    do acordo de compensao.

    Para uma jornada de quarenta e quatro horas semanais, ainda que haja

    acordo escrito de compensao, se houver excesso em face do limite

    dirio previsto em lei, qual seja, oito horas dirias, so devidos somente

    os adicionais relativos nona e dcima hora laboradas, considerando o

    limite de horas extraordinrias estabelecido no artigo 59 da Consolidao

    das Leis do Trabalho. Todavia, se houver excesso de jornada quanto ao

    limite semanal, quarenta e quatro horas, so devidas as horas

    correspondentes acrescidas do respectivo adicional legal ou convencional.

    Em outras palavras, o fato de no haver efetiva compensao em uma

    das semanas do ms no implica em reconhecimento do direito s horas

    extras trabalhadas alm da oitava diria em relao s semanas em que

    houve efetiva compensao de jornada.

    A deciso ficou assim ementada:

    HORAS EXTRAS REGIME DE COMPENSAO DE JORNADA

    TRABALHO AOS SBADOS EM UMA SEMANA A CADA MS

    VALIDADE DO REGIME EM RELAO S SEMANAS EM QUE

    HAVIA EFETIVA COMPENSAO. Discute-se nos autos a validade do

    regime de compensao em que a empregada laborava um sbado por

    ms, dia este que seria destinado compensao. Dessa forma, nas

    semanas em que havia labor aos sbados, no havia efetivamente

    compensao de jornada e, portanto, todas as horas extras

    extrapolavam a jornada semanal normal, sendo devidas as horas

    extraordinrias. Entretanto, em relao s semanas em que a

    reclamante no trabalhava aos sbados, a compensao de jornada era

    efetiva e, se no extrapolado o limite de 44 horas semanais, devido

    apenas o adicional em relao s horas excedentes da jornada normal

    diria em razo da descaracterizao do acordo de compensao. Em

    outras palavras, o fato de no haver efetiva compensao em uma das

    semanas do ms no implica em reconhecimento do direito s horas

    extras trabalhadas alm da oitava diria em relao s semanas em

    que houve efetiva compensao de jornada. Recurso de embargos

    conhecido e parcialmente provido.

  • Smulas

    SUM-85 do TST. COMPENSAO DE JORNADA

    I. A compensao de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo

    individual escrito, acordo coletivo ou conveno coletiva.

    II. O acordo individual para compensao de horas vlido, salvo se houver

    norma coletiva em sentido contrrio.

    III. O mero no atendimento das exigncias legais para a compensao de

    jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tcito, no implica a

    repetio do pagamento das horas excedentes jornada normal diria, se no

    dilatada a jornada mxima semanal, sendo devido apenas o respectivo

    adicional.

    IV. A prestao de horas extras habituais descaracteriza o acordo de

    compensao de jornada. Nesta hiptese, as horas que ultrapassarem a

    jornada semanal normal devero ser pagas como horas extraordinrias e,

    quanto quelas destinadas compensao, dever ser pago a mais apenas o

    adicional por trabalho extraordinrio. (gn).

    V. As disposies contidas nesta smula no se aplicam ao regime

    compensatrio na modalidade banco de horas, que somente pode ser

    institudo por negociao coletiva.

    OJs No h OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

    Referncias

    legislativas

    Art. 59 da CLT. A durao normal do trabalho poder ser acrescida de horas

    suplementares, em nmero no excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito

    entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.

    1 Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho dever constar,

    obrigatoriamente, a importncia da remunerao da hora suplementar, que ser,

    pelo menos, 20% (vinte por cento) superior da hora normal.

    ** Nos termos do Art. 7, XVI, da Constituio Federal, a remunerao do

    servio extraordinrio ser superior, no mnimo, em 50% do normal.

    2 Poder ser dispensado o acrscimo de salrio se, por fora de acordo ou

    conveno coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado

    pela correspondente diminuio em outro dia, de maneira que no exceda, no

    perodo mximo de um ano, soma das jornadas semanais de trabalho

    previstas, nem seja ultrapassado o limite mximo de dez horas dirias.

    3 Na hiptese de resciso do contrato de trabalho sem que tenha havido a

    compensao integral da jornada extraordinria, na forma do pargrafo anterior,

    far o trabalhador jus ao pagamento das horas extras no compensadas,

    calculadas sobre o valor da remunerao na data da resciso.

    4 Os empregados sob o regime de tempo parcial no podero prestar horas

    extras.

    Referncias

    GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. So Paulo: Mtodo, 2014.

    RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4. ed. So Paulo: Mtodo, 2014.

  • Processo TST-E-RR-2337200-15.2009.5.09.0010, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda

    Paiva, 15.5.2014.

    DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

    No tem estabilidade o dirigente sindical que ocupa cargo de confiana

    No garantida a estabilidade sindical (art. 8, VIII, da CR/88) a trabalhador

    contratado, nica e exclusivamente, para o exerccio de cargo de confiana.

    Comentrios

    Estabilidade provisria. Dirigente sindical.

    Perodo de estabilidade: A estabilidade do dirigente sindical tem incio

    com a candidatura ao cargo de direo e representao sindical, findando-

    se at um ano aps o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive

    como suplente. Por isso, considerada uma estabilidade provisria (art.

    543, 3, da CLT).

    Prazo do mandato: O mandato da diretoria tem durao de trs anos (art.

    515, b, da CLT).

    Conceito: considera-se cargo de direo ou de representao sindical

    aquele cujo exerccio ou indicao decorre de eleio prevista em lei (arts.

    8, VIII, da CR/88 c/c art. 543, 3, da CLT).

    Membro de Conselho Fiscal: embora eleito, no se encontra abrangido

    pela estabilidade do dirigente sindical (OJ n 365 da SBDI-1 do TST).

    Delegados sindicais: no possuem estabilidade (art. 523, da CLT), pois

    no se inserem na administrao do ente sindical (OJ n 369 da SBDI-1

    do TST).

    Representantes de Centrais Sindicais: os representantes de centrais

    sindicais (que no so entes sindicais, ou seja, no fazem parte da

    estrutura sindical brasileira) no esto includos na estabilidade provisria

    em estudo, salvo se houver norma mais benfica, originada de fonte

    formal distinta (GARCIA, 2014, pg. 746).

    Empregado eleito dirigente sindical, mas de ente sindical da

    categoria econmica: o entendimento majoritrio nega o direito

    estabilidade. No entanto, como lembra Garcia (2014), o STF possui

    precedente no qual a referida questo foi discutida, tendo-se entendido

    que, como a norma jurdica no faz restrio, o empregado eleito dirigente

    sindical, mesmo tratando-se de ente sindical patronal, faz jus

    estabilidade provisria prevista no art. 8, VIII, da CR/88 (STF, RE

  • 217.355-5/MG, Ac. 2 T., j. 29.08.2000, Rel. Min. Maurcio Correia).

    Dirigente sindical com contrato por prazo determinado: no prevalece

    a estabilidade, pois ausente a dispensa arbitrria ou sem justa causa.

    Dirigente de ente ainda no registrado como tal no MTE (pelo menos

    desde o pedido de registro naquele rgo, ou mesmo segundo

    alguns julgados) a partir do incio do processo de constituio do

    sindicato: o entendimento majoritrio pelo reconhecimento da

    estabilidade, para se resguardar de eventuais interferncias do

    empregador, o que j se impe no processo de criao da entidade,

    justamente porque, nessa fase inicial, os trabalhadores em processo de

    organizao encontram-se ainda mais vulnerveis perante o empregador

    (TST, 8 Turma, RR 779781/2001.7, Relatora Min. Dora Maria da Costa,

    DJ 29.02.2008). (GARCIA, 2014, pgs. 748/749).

    Dirigente de associaes profissionais: o entendimento consolidado na

    doutrina e jurisprudncia no sentido de que a estabilidade do empregado

    associado, que for eleito a cargo de direo ou representao de

    associao profissional, no foi recepcionada pela Constituio, em que

    pese a literalidade do art. 543, 3, da CLT.

    Empregado contratado, nica e exclusivamente, para o exerccio de

    cargo de confiana: essa hiptese foi justamente a tratada no presente

    caso e o TST entendeu que NO H ESTABILIDADE.

    Segundo o TST a funo de livre nomeao e exonerao, por revestir-se

    de carter precrio e alicerar-se no elemento fidcia, constitui fator

    impeditivo aquisio da estabilidade, conforme o disposto no art. 499 da

    CLT, afigurando-se, portanto, incompatvel com a garantia constitucional e

    com a possibilidade de reintegrao ao emprego.

    Nesse raciocnio, ressalte-se que o artigo 499 do Texto Consolidado,

    explicita que no haver estabilidade no exerccio dos cargos de diretoria,

    gerncia ou outros de confiana imediata do empregador, ressalvado o

    cmputo do tempo de servio para todos os efeitos legais.

    Configura-se, assim, cristalina a incompatibilidade entre os dois institutos

    aqui cotejados, a saber, a garantia de emprego em relao ao exerccio

    de funo de confiana.

  • Smulas

    SMULA 369 do TST. DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISRIA

    I - assegurada a estabilidade provisria ao empregado dirigente sindical,

    ainda que a comunicao do registro da candidatura ou da eleio e da posse

    seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, 5, da CLT, desde que a

    cincia ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigncia do contrato de

    trabalho.

    II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituio Federal de 1988. Fica

    limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, 3., da CLT a sete

    dirigentes sindicais e igual nmero de suplentes.

    III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical s goza de

    estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente categoria profissional

    do sindicato para o qual foi eleito dirigente.

    IV - Havendo extino da atividade empresarial no mbito da base territorial do

    sindicato, no h razo para subsistir a estabilidade.

    V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical

    durante o perodo de aviso prvio, ainda que indenizado, no lhe assegura a

    estabilidade, visto que inaplicvel a regra do 3 do art. 543 da Consolidao

    das Leis do Trabalho.

    SMULA 396 do TST. ESTABILIDADE PROVISRIA. PEDIDO DE

    REINTEGRAO. CONCESSO DO SALRIO RELATIVO AO PERODO DE

    ESTABILIDADE J EXAURIDO. INEXISTNCIA DE JULGAMENTO EXTRA

    PETITA

    I - Exaurido o perodo de estabilidade, so devidos ao empregado apenas os

    salrios do perodo compreendido entre a data da despedida e o final do

    perodo de estabilidade, no lhe sendo assegurada a reintegrao no emprego.

    II - No h nulidade por julgamento extra petita da deciso que deferir salrio

    quando o pedido for de reintegrao, dados os termos do art. 496 da CLT.

    OJs

    OJ-SDI1-365 ESTABILIDADE PROVISRIA. MEMBRO DE CONSELHO

    FISCAL DE SINDICATO. INEXISTNCIA

    Membro de conselho fiscal de sindicato no tem direito estabilidade prevista

    nos arts. 543, 3, da CLT e 8, VIII, da CF/1988, porquanto no representa ou

    atua na defesa de direitos da categoria respectiva, tendo sua competncia

    limitada fiscalizao da gesto financeira do sindicato (art. 522, 2, da CLT).

    OJ-SDI1-369 ESTABILIDADE PROVISRIA. DELEGADO SINDICAL.

    INAPLICVEL.

    O delegado sindical no beneficirio da estabilidade provisria prevista no

    art. 8, VIII, da CF/1988, a qual dirigida, exclusivamente, queles que

    exeram ou ocupem cargos de direo nos sindicatos, submetidos a processo

    eletivo.

    Referncias

    legislativas

    Art. 8, VIII, da CR/88. livre a associao profissional ou sindical, observado o

    seguinte:

    [...]

    VIII vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da

    candidatura a cargo de direo ou representao sindical e, se eleito, ainda que

    suplente, at um ano aps o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos

    termos da lei.

  • Art. 499, da CLT. No haver estabilidade no exerccio dos cargos de diretoria,

    gerncia ou outros de confiana imediata do empregador, ressalvado o cmputo

    do tempo de servio para todos os efeitos legais.

    1 - Ao empregado garantido pela estabilidade que deixar de exercer cargo de

    confiana, assegurada, salvo no caso de falta grave, a reverso ao cargo

    efetivo que haja anteriormente ocupado.

    2 - Ao empregado despedido sem justa causa, que s tenha exercido cargo de

    confiana e que contar mais de 10 (dez) anos de servio na mesma empresa,

    garantida a indenizao proporcional ao tempo de servio nos termos dos arts.

    477 e 478.

    3 - A despedida que se verificar com o fim de obstar ao empregado a

    aquisio de estabilidade sujeitar o empregador a pagamento em dobro da

    indenizao prescrita nos arts. 477 e 478.

    Referncias GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. So

    Paulo: Mtodo, 2014.

    Processo TST-E-ED-RR-112700-89.2008.5.22.0004, SBDI-I, rel. Min. Mrcio Eurico Vitral

    Amaro, 15.5.2014.

    DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

    Manuteno da multa diria em ACP ainda que cumpridas as exigncias do MPT

    Deve ser mantida a multa diria prevista no art. 11, da Lei 7.347/85, imposta pelo

    descumprimento futuro de obrigaes de fazer e de no fazer, relativas a ilcitos

    praticados pela empresa in casu, a submisso de trabalhadores a revistas

    ntimas e outras irregularidades referentes ao ambiente de trabalho , ainda que

    constatada a reparao e a satisfao das recomendaes e exigncias

    determinadas pelo Ministrio Pblico do Trabalho no curso da ao civil pblica.

    Comentrios

    Imagine-se a seguinte situao hipottica: Ministrio Pblico do

    Trabalho ajuza Ao Civil Pblica em face da empresa XYZ Ltda. Como

    causa de pedir, o MPT aduz o descumprindo da legislao trabalhista. No

    curso do processo, referida empresa adequa seu comportamento ao

    cumprimento e respeito s normas laborais. Pergunta-se: a multa

    aplicada no curso do processo, por descumprimento de obrigaes de

    fazer e no fazer deve ser mantida mesmo depois da regularizao do

    comportamento?

    Em outros termos, discute-se a aplicao da multa diria pelo

    descumprimento futuro de obrigaes de fazer e de no fazer, relativas a

    ilcitos praticados pela empresa (submisso de trabalhadores a revistas

    ntimas e outras irregularidades referentes ao ambiente de trabalho),

    quando regularizada a conduta no curso do processo.

    Antes de prosseguirmos, convm uma breve sntese acerca do instituto

  • processual da Tutela Inibitria, conforme Luiz Guilherme Marinoni:

    Conceito: trata-se de ao de conhecimento de natureza preventiva,

    destinada a impedir a prtica, a repetio ou a continuao do ilcito.

    Fundamentos: se funda no prprio direito material. Se vrias situaes de

    direito substancial, diante de sua natureza, so absolutamente inviolveis,

    evidente a necessidade de admitir uma ao de conhecimento

    preventiva. Alm disso, invoca-se o art. 5, XXXV, CR/88 nenhuma lei

    excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito.

    Pressupostos: a ao inibitria se volta contra a probabilidade do ilcito,

    ainda que se trate de repetio ou continuao. voltada para o futuro e

    no para o passado. De modo que nada tem a ver com o ressarcimento

    do dano e, por consequncia, com os elementos para a imputao

    ressarcitria os chamados elementos subjetivos, culpa ou dolo. Alm

    disso, essa ao no requer nem mesmo a probabilidade do dano,

    contentando-se com a simples probabilidade de ilcito (ato contrrio ao

    direito).

    Modalidades: pode atuar de trs maneiras distintas. Para impedir a

    prtica do ilcito, ainda que nenhum ilcito anterior tenha sido produzido

    pelo ru; para inibir a repetio; e a que objetiva inibir a continuao do

    ilcito.

    Conforme destaca Marinoni (2008, pg. 205) a ao inibitria, quando

    voltada a impedir a repetio do ilcito, tem por fim evitar a ocorrncia de

    outro ilcito. Quando a ao inibitria objetiva inibir a continuao do ilcito,

    a tutela tem por escopo evitar o prosseguimento de um agir ou de uma

    atividade ilcita. Note-se que a ao inibitria somente cabe quando se

    teme um agir ou uma atividade. Ou melhor, a ao inibitria apenas pode

    ser utilizada quando a providncia jurisdicional for capaz de inibir o agir ou

    o seu prosseguimento, e no quando este j houver sido praticado,

    estando presentes apenas os seus efeitos, pois a seria o caso de tutela

    de remoo do ilcito. (grifos no original)

    Diante dos conceitos acima, o TST entendeu que a possibilidade de

    aplicao da multa diria pelo descumprimento futuro de obrigaes de

    fazer e de no fazer, relativas a ilcitos praticados pela empresa

    (submisso de trabalhadores a revistas ntimas e outras irregularidades

    referentes ao ambiente de trabalho), DEVE SER MANTIDA, mesmo

    quando regularizada a conduta no curso do processo.

    que essa multa no constitui pena, mas somente ameaa para algum,

  • de quem depende o cumprimento da ordem judicial, atue em

    conformidade com a deciso.

    Conforme consta do acrdo: no convm afastar a aplicao da astreinte

    imposta com o intuito de prevenir o descumprimento da determinao

    judicial e a violao lei, porque a partir da reparao do ilcito pela

    empresa a tutela reparatria converte-se em tutela inibitria, preventiva de

    eventual descumprimento, no dependendo da existncia efetiva de dano.

    Ementa da deciso:

    RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007. AO

    CIVIL PBLICA. COMINAO DE MULTA DIRIA POR

    DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAO DE FAZER E DE NO

    FAZER. CONDUTA ILCITA REGULARIZADA. Discute-se a aplicao

    da multa diria, prevista no art. 11 da Lei 7.347/85, pelo

    descumprimento futuro de obrigaes de fazer e de no fazer, relativas

    a ilcitos praticados pela empresa (submisso de trabalhadores a

    revistas ntimas e outras irregularidades referentes ao ambiente de

    trabalho), quando regularizada a conduta no curso do processo. A

    previso normativa da tutela inibitria encontra lastro no art. 84 da Lei

    8.078/90, sendo posteriormente introduzida de uma forma geral como

    instrumento de efetividade do processo civil no art. 461, 4 do CPC.

    Trata-se de medida colocada disposio do julgador para conferir

    efetividade s decises judiciais e, sobretudo, respeitabilidade da

    prpria ordem jurdica, prevenindo no somente a ofensa a direitos

    fundamentais como tambm e, principalmente, aos fundamentos da

    Repblica Federativa do Brasil, entre eles a dignidade humana do

    trabalhador. Evidenciado o interesse pblico pela erradicao de

    trabalhos sujeitos s condies aviltantes da dignidade do trabalhador e

    ofensivos s normas de segurana e sade previstas no ordenamento

    jurdico brasileiro, mostra-se necessrio e til a tutela inibitria buscada

    pelo Ministrio Pblico do Trabalho. A situao constatada pela

    fiscalizao promovida pelo Parquet na empresa r impe a utilizao

    dos mecanismos processuais adequados para a efetiva preveno de

    novos danos dignidade, segurana e sade do trabalhador. Por

    essas razes, ainda que constatada a reparao e satisfao das

    recomendaes levadas a efeito pelo Ministrio Pblico, convm no

    afastar a aplicao da tutela inibitria imposta com o intuito de prevenir

    o descumprimento da determinao judicial e a violao lei, porque a

    partir da reparao do ilcito pela empresa a tutela reparatria converte-

    se em tutela inibitria, preventiva de eventual descumprimento, no

    dependendo de existncia efetiva de dano.

    Smulas No h Smula relacionada diretamente ao caso julgado.

    OJs No h OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

  • Referncias

    legislativas

    Art. 11 da Lei n 7.347/85. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de

    obrigao de fazer ou no fazer, o juiz determinar o cumprimento da prestao

    da atividade devida ou a cessao da atividade nociva, sob pena de execuo

    especfica, ou de cominao de multa diria, se esta for suficiente ou compatvel,

    independentemente de requerimento do autor.

    Art. 84 da Lei 8.078/90. Na ao que tenha por objeto o cumprimento da

    obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da

    obrigao ou determinar providncias que assegurem o resultado prtico

    equivalente ao do adimplemento.

    1 A converso da obrigao em perdas e danos somente ser admissvel

    se por elas optar o autor ou se impossvel a tutela especfica ou a obteno do

    resultado prtico correspondente.

    2 A indenizao por perdas e danos se far sem prejuzo da multa (art.

    287, do Cdigo de Processo Civil).

    3 Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado

    receio de ineficcia do provimento final, lcito ao juiz conceder a tutela

    liminarmente ou aps justificao prvia, citado o ru.

    4 O juiz poder, na hiptese do 3 ou na sentena, impor multa diria

    ao ru, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatvel

    com a obrigao, fixando prazo razovel para o cumprimento do preceito.

    5 Para a tutela especfica ou para a obteno do resultado prtico

    equivalente, poder o juiz determinar as medidas necessrias, tais como busca e

    apreenso, remoo de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento

    de atividade nociva, alm de requisio de fora policial.

    Art. 461, 4 do CPC. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de

    obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da

    obrigao ou, se procedente o pedido, determinar providncias que assegurem

    o resultado prtico equivalente ao do adimplemento.

    [...]

    4 O juiz poder, na hiptese do pargrafo anterior ou na sentena, impor multa

    diria ao ru, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou

    compatvel com a obrigao, fixando-lhe prazo razovel para o cumprimento do

    preceito.

    Referncias MARINONI, Luiz Guilherme. Tcnica Processual e Tutela dos Direitos. 2.

    ed. So Paulo: RT, 2008.

    Processo TST-E-ED-RR-656-73.2010.5.05.0023, SBDI-I, rel. Min. Augusto Csar Leite de

    Carvalho, 15.5.2014.

    DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

    Adiada a audincia de julgamento, o prazo recursal comea a correr a partir da

    notificao da publicao da sentena proferida na audincia redesignada.

    No se aplica a diretriz constante da Smula n 197 do TST hiptese em

    que adiada a audincia anteriormente fixada para a prolao da sentena, e,

  • designada outra data, no houve a intimao das partes da efetiva publicao,

    conforme determinao do juzo na ata de redesignao da audincia. Assim,

    conta-se o prazo recursal a partir da notificao da publicao da sentena, e no

    da prpria publicao.

    Comentrios

    A situao era a seguinte:

    - as partes foram intimadas para comparecimento em audincia de

    julgamento, marcado para o dia 30/11/2007, data da qual as partes

    estavam expressamente cientes, visto que presentes na audincia de

    encerramento de instruo em que a tal data fora agendada;

    - Na aludida data (30/11/2007), o julgamento foi adiado para o dia

    06/06/2008;

    - A deciso foi proferida na data marcada (06/06/2008 sexta-feira) e

    juntada aos autos dentro do prazo previsto no art. 851, 2, da CLT.

    Pergunta-se: quando comea a correr o prazo para interposio de

    eventuais recursos?

    Com efeito, o que se discute a necessidade ou no de intimao das

    partes do teor da sentena quando adiada a data anteriormente fixada.

    Em primeiro e em segundo grau de jurisdio, entendeu-se que o prazo

    comearia a correr no dia 16/06/2008 segunda-feira, j que a cincia do

    reclamante quanto ao adiamento da audincia de julgamento ERA

    PRESUMIDA, na forma do art. 843 da CLT, uma vez que deveriam estar

    presentes na primeira audincia.

    No entanto, esse entendimento no prevaleceu. Para o voto prevalente, a

    designao de nova data para audincia de prolao de sentena, em

    face do adiamento do julgamento e da publicao da sentena na data

    anteriormente fixada, exsurge como excludente orientao inscrita na

    Smula n 197 do TST, porquanto no se pode considerar a comunicao

    do ato processual como regularmente realizada em audincia, quando

    esta fora adiada para outra data, dada a ausncia das partes e a no

    efetivao da entrega da prestao jurisdicional nos moldes estabelecidos

    no art. 843 da CLT.

    Nessa toada, tem-se que as partes apenas so cientificadas da deciso

    pela efetiva intimao da publicao da sentena. O prazo recursal,

    portanto, tem sua contagem a partir da notificao da sentena.

    In casu, ressaltou-se que as partes, no obstante estivessem cientificadas

    da primeira data para a prolao da sentena, no foram intimadas e

  • tampouco comunicadas da designao da nova data fixada pelo juiz.

    Assim, prevaleceu a tese pela qual o adiamento da audincia, para

    prolao da sentena da qual estavam as partes anteriormente

    cientificadas, torna inaplicvel a orientao contida na Smula n 197

    do TST e necessria nova intimao.

    Ementa da deciso:

    PRAZO RECURSAL MARCO INICIAL DESIGNAO DE NOVA

    AUDINCIA DE PROLAO DE SENTENA NOTIFICAO AOS

    LITIGANTES SITUAO EXCLUDENTE DA SMULA N 197 DO TST

    CONTAGEM DO PRAZO A PARTIR DA INTIMAO OBSERVNCIA

    AO PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL CERCEAMENTO DE

    DEFESA CARACTERIZADO PELA DECLARAO IMPRPRIA DE

    INTEMPESTIVIDADE. A designao de nova data para audincia de

    prolao de sentena, em face do adiamento do julgamento e da

    publicao da sentena na data anteriormente fixada, exsurge como

    excludente orientao inscrita na Smula n 197 do TST, porquanto no

    se pode considerar a comunicao do ato processual como regularmente

    realizada em audincia, quando esta fora adiada para outra data, dada a

    ausncia das partes e a no efetivao da entrega da prestao

    jurisdicional nos moldes estabelecidos no art. 843 da CLT. Nessa toada,

    tem-se que as partes apenas so cientificadas da deciso pela efetiva

    intimao da publicao da sentena. O prazo recursal, portanto, tem sua

    contagem a partir da notificao da sentena. Recurso de embargos

    conhecido e provido.

    Smulas

    SUM-197 PRAZO. O prazo para recurso da parte que, intimada, no comparecer

    audincia em prosseguimento para a prolao da sentena conta-se de sua

    publicao.

    OJs No h OJ relacionada diretamente ao caso julgado.

    Referncias

    legislativas

    Art. 843 da CLT. Na audincia de julgamento devero estar presentes o

    reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus

    representantes, salvo nos casos de Reclamatrias Plrimas ou Aes de

    Cumprimento, quando os empregados podero fazer-se representar pelo

    sindicato de sua categoria.

    1 - facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer

    outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declaraes obrigaro o

    proponente.

    2 - Se por doena ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente

    comprovado, no for possvel ao empregado comparecer pessoalmente, poder

    fazer-se representar por outro empregado que pertena mesma profisso, ou

    pelo seu sindicato.

    Art. 851 da CLT. Os tramites de instruo e julgamento da reclamao sero

    resumidos em ata, de que constar, na ntegra, a deciso.

  • 1 - Nos processos de exclusiva alada das Juntas, ser dispensvel, a juzo

    do presidente, o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a concluso

    do Tribunal quanto matria de fato.

    2 - A ata ser, pelo presidente ou juiz, junta ao processo, devidamente

    assinada, no prazo improrrogvel de 48 (quarenta e oito) horas, contado da

    audincia de julgamento, e assinada pelos juzes classistas presentes mesma

    audincia. Referncias -

    Processo TST-E-ED-RR-95900-90.2005.5.09.0670, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de

    Mello Filho, 15.5.2014.

    DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

    No procede pedido formulado na ao rescisria por violao literal de lei se a deciso

    rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de interpretao

    controvertida nos Tribunais.

    No caso em que a deciso rescindenda foi prolata em data anterior edio da

    OJ n 421 da SBDI-I (segundo a qual so devidos honorrios advocatcios por

    mera sucumbncia na hiptese de a ao de indenizao decorrente de acidente

    de trabalho ter sido ajuizada na Justia comum antes da Emenda Constitucional

    n. 45/04), mostra-se invivel o exame da violao do caput do art. 20 do CPC, em

    razo do bice contido na Smula n 83 do TST.

    Comentrios

    Ao rescisria (art. 485, V, do CPC: violao literal de lei)

    Trata-se de uma ao rescisria na qual se pretende a resciso de uma

    sentena com fulcro no art. 485, V do CPC (violao literal de lei), por

    violao ao art. 20 do CPC.

    Ocorre que a sentena que se pretende rescindir e que supostamente

    violou o art. 20 do CPC foi prolatada em data anterior edio da OJ n

    421 da SBDI-1, ou seja, em poca na qual o texto legal infraconstitucional

    (art. 20) era de interpretao controvertida nos Tribunais. Assim, o exame

    da ao rescisria encontra bice na Smula 83 do TST.

    Ressalte-se que o fato de poca da prolao da deciso que se

    pretende rescindir j estar em vigor a Instruo Normativa n 27/05 no

    afasta a incidncia da Smula n 83 do TST, pois esta, explicitamente, se

    refere incluso da matria em verbete jurisprudencial e no em instruo

    normativa.

    Ademais, no obstante o exame da indenizao por acidente de trabalho

    atrair a aplicao de normas previstas no Direito Civil, inegvel que, no

    caso concreto, a lide decorre de relao de emprego, sendo, portanto,

  • inaplicvel o princpio da mera sucumbncia previsto no art. 5. da IN n

    27/05.

    Ateno: em matria constitucional no h que cogitar de

    interpretao razovel! A exegese de preceito inscrito na Constituio da

    Repblica, muito mais do que simplesmente razovel, h de ser

    juridicamente correta (STF AI-AgR 145.680/SP, 1 Turma. Rel. Min.

    Celso de Mello. DJU 30.04.1993). Assim, tratando-se de norma

    constitucional, mesmo que a matria seja controvertida nos tribunais,

    poder ser procedente pedido formulado na ao rescisria, desde que

    presentes todos os demais requisitos da ao rescisria (MIESSA, 2014,

    pg. 1254).

    Smulas

    SMULA 83 do TST. AO RESCISRIA. MATRIA CONTROVERTIDA.

    I - No procede pedido formulado na ao rescisria por violao literal de lei se

    a deciso rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de

    interpretao controvertida nos Tribunais.

    II - O marco divisor quanto a ser, ou no, controvertida, nos Tribunais, a

    interpretao dos dispositivos legais citados na ao rescisria a data da

    incluso, na Orientao Jurisprudencial do TST, da matria discutida.

    OJs

    OJ 421 da SBDI-1 do TST. HONORRIOS ADVOCATCIOS. AO DE

    INDENIZA-O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE

    ACI-DENTE DE TRABALHO OU DE DOENA PROFISSIONAL. AJUIZA-

    MENTO PERANTE A JUSTIA COMUM ANTES DA PROMULGAO DA

    EMENDA CONSTITUCIONAL N 45/2004. POSTERIOR REMESSA DOS

    AUTOS JUSTIA DO TRABALHO. ART. 20 DO CPC. INCIDNCIA.

    A condenao em honorrios advocatcios nos autos de ao de indenizao

    por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho ou de doena

    profissional, remetida Justia do Trabalho aps ajuizamento na Justia comum,

    antes da vigncia da Emenda Constitucional n 45/2004, decorre da mera

    sucumbncia, nos termos do art. 20 do CPC, no se sujeitando aos requisitos da

    Lei n 5.584/1970.

    Referncias

    legislativas

    Art. 485, V, do CPC. A sentena de mrito, transitada em julgado, pode

    ser rescindida quando:

    [...]

    V - violar literal disposio de lei;

    Referncias

    MIESSA, lisson; CORREIA, Henrique. Smulas e Orientaes Jurisprudenciais do TST: comentadas e organizadas por assunto. 4. ed.

    Salvador: JusPodivm, 2014.

    Processo TST-RO-7381-97.2011.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,

    red. p/ acrdo Min. Emmanoel Pereira, 13.5.2014.