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INFORMATIVO SÃO VICENTE Boletim de circulação interna da
Província Brasileira da Congregação da Missão
Ano XLIX – Nº 300
Edição Especial - 2015
Rua Cosme Velho, 241
22241-125 Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 3235 2900
Fax: (21) 2556 1055
E-mail:
[email protected] [email protected] www.pbcm.com.br
Equipe responsável pelo Informativo São Vicente - Pe. Denilson Matias da Silva - Pe. Paulo Eustáquio Venuto
Revisão - Pe. Lauro Palú Capa -Eduardo Almeida Formatação e Impressão
- Cristina Vellaco
- Equipe de Mecanografia do
Colégio São Vicente de Paulo
As expectativas para o Ano da Vida Consagrada (Papa Francisco)
Que espero eu, em particular, deste Ano de graça da vida consagrada?
Que seja sempre verdade aquilo que eu disse uma vez: ”Onde estão os religiosos, há alegria”. Somos chamados a experimentar e mostrar que Deus é capaz de preencher o nosso coração e fazer-nos felizes sem necessidade de procurar noutro lugar a nossa felicidade, que a autêntica fraternidade vivida nas nossas comunidades alimenta a nossa alegria, qua a nossa entrega total ao serviço da Igreja, das famílias, dos jovens, dos idosos, dos pobres nos realiza como pessoas e dá plenitude à nossa vida.
Que entre nós não se vejam rostos tristes, pessoas desgostosas e insatisfeiras, porque “um segmento triste é um triste segmento”. Também nós, como todos os outros homens e mulheres, sentimos dificuldades, noites de espírito, desilusões, doenças, declinio das forças devido à velhice. Mas, nisto mesmo, deveremos encontrar a “perfeita alegria”, aprender a reconhecer o rosto de Cristo, que em tudo Se fez semelhante a nós e, consequentemente, sentir a alegria de saber que somos semelhantes a Ele que, por nosso amor, não se recusou a sofrer na cruz.
Numa sociedade que ostenta o culto da eficiência, da saíde, do sucesso e que marginiliza os pobres e exclui os “perdedores”, podemos testemunhar, através da nossa vida, a verdade destas palavras de Escritura: “Quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Cor 12,10).
Bem podemos aplicar à vida consagrada aquilo que escrevi na Exortação apostólica Evangelii gaudium,citando uma homilia de Bento XVI: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração” (n.14). É verdade! A Vida consagrada não cresce se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não depende da eficiência e da força dos meios. É a vossa vida que deve falar uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir a Cristo.
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Sumário
Editorial ..........................................................................................
Voz da Igreja ...................................................................................
Superior Geral ................................................................................
Palavra do Visitador ........................................................................
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Missão Vicentina
Espaço Literário
Olhar Filosófico
A Província em
Ação
Espiritualidade
Vicentina
Memória
Notícias
A Missão São Vicente de Paulo do Caniçado........
Pe. Luiz Roberto Lemos do Prado, C. M.
Saudades em Cascata............................................
Pe. Dejair Roberto de Rossi, C. M.
O Conceito de liberdade em Sartre.......................
Pe. Wander Ferreira, C. M.
Relatório da ressonância a respeito do Planeja-
mento Estrátegico proposto à PBCM....................
Pe. Denilson Matias da Silva, C. M.
Uma Experiência de Alteridade.............................
Pe. Denilson Matias da Silva, C. M.
Pe. Jorge Xavier de Oliveira, C. M.........................
Pe. Célio Maria Dell’Amore, C. M.
..........................................................................
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Editorial
Estimados Coirmãos e amigos (as) da Província Brasileira da Congregação
da Missão (PBCM), que Deus esteja sempre ao nosso lado!
Depois de um tempo sem esta publicação, eis que estamos de volta
trazendo notícias, reflexões e comunicados a respeito daquilo que configura a
vida e a missão vicentina realizada pela PBCM.
No Ano da Colaboração Vicentina, peçamos forças ao Senhor que nos
auxília a trabalhar unidos como Família Vicentina, buscando estar sempre
fortalecidos espiritualmente em nossa espiritualidade própria e abertos à
cooperação com os demais ramos de nossa grande Família.
Tristemente temos acompanhado através dos meios de comunicação uma
série de acontecimentos que nos fazem repensar nossa vida e ministério
enquanto evangelizadores, enquanto batizados: o problema da imigração
desumana, o acidente na Barragem de Bento Rodrigues em MG, os atentados
terroristas, as guerras, as crises, enfim, situações que nos remetem a pensar o
Reino de Deus a partir da tragédia e do sofrimento humano. É preciso abrir os
olhos e nos deixar sensibilizar pela dor dos nossos irmãos e irmãs, de aqui ou
acolá, os pobres, os excluídos, nossos mestres e senhores, e fazer algo por eles.
É necessário ir além do discurso evangélico e transformar o Evangelho em ação,
em vida.
Façamos disto a preparação para o Natal do Menino Deus. Que nossas
vidas sejam o lugar teológico do nascimento do Senhor Jesus, que vem trazer a
esperança, que vem trazer a garra de que tanto precisamos para trabalhar com
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afinco na construção do Reino de Deus. Façamos do Advento o tempo da
preparação para receber o Deus Menino e saibamos esperá-lo como Maria,
colocando-nos a caminho, dispostos a visitar e a ajudar aqueles que precisam.
Que, deste modo, Deus nos ajude a bem viver a nossa missão, na medida
de nossa entrega e de nosso esforço: "Amemos a Deus, meus irmãos, amemos
a Deus, mas que isto seja à custa dos nossos braços, que isto seja com o suor
dos nossos rostos.” (São Vicente de Paulo).
Feliz Natal! Feliz Ano Novo! Que seja um tempo de luz, que seja um
tempo de paz!
Pe. Denilson Matias, C.M.
Pela Equipe Editorial do Informativo São Vicente
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Voz da Igreja
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências, queridos irmãos e irmãs!
Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso ca-minho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio. Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldis-seri, Secretário-Geral do Sínodo, a D. Fabio Fabene, Subsecretário, e, junta-
mente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, D. Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consulto-res, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado! Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, pá-rocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação. Agradeço ainda a to-das as pessoas que se empenharam, de forma anônima e em silêncio, pres-tando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo. Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!
Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família? Certamente não significa que esgotamos todos os temas inerentes à família, mas que procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da his-tória bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse. Seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinamo-las cuidadosamente, abordamo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia. Significa que solicitamos todos a compreender a importância da instituição da família e do matrimônio entre homem e mulher,
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fundado sobre a unidade e a indissolubilidade, e a apreciá-la como base funda-mental da sociedade e da vida humana. Significa que escutamos e fizemos es-cutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carre-gando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro. Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família. Significa que procu-ramos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades de hoje, com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, econômica, moral, e de prevalecente negatividade. Significa que testemunhamos a todos que o Evan-gelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «doutriná-lo» como pedras mortas para jogá-las contra os outros. Significa também que espoliamos os corações fechados que, frequen-temente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com su-perioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas. Significa que afirmamos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou, melhor, dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores. Significa que procuramos abrir os horizontes para superar toda hermenêutica conspiradora ou perspec-tiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível.
No caminho deste Sínodo, as diferentes opiniões que se expressaram li-vremente – e, às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévo-los – enriqueceram e animaram certamente o diálogo, proporcionando a ima-gem viva de uma Igreja que não usa «impressos prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos. E vimos também – sem entrar nas questões dogmáticas, bem definidas pelo Magistério da Igreja – que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo, para o bispo doutro continente; aquilo que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser pre-ceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciên-cia, para outros pode ser só confusão. Na realidade, as culturas são muito dife-rentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, pre-cisa de ser inculturado. O Sínodo de 1985, que comemorava o vigésimo aniver-sário do encerramento do Concílio Vaticano II, falou da inculturação como da «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».
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A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua ver-dadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, an-tes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas. Vimos, inclusive através da riqueza da nossa diversidade, que o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas. E, sem cair nunca no perigo do relativismo ou de demonizar os outros, procuramos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2, 4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja está chamada a viver.
Amados irmãos! A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor, também, que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma al-guma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divi-nos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a ge-nerosidade sem limites da sua Misericórdia (cf. Rm 3, 21-30; Sal 129/130; Lc 11, 37-54). Significa vencer as tentações constantes do irmão mais velho (cf. Lc 15, 25-32) e dos trabalhadores invejosos (cf. Mt 20, 1-16). Antes, significa valorizar ainda mais as leis e os mandamentos, criados para o homem e não vice-versa (cf. Mc 2, 27). Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esfor-ços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e nos salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5, 6).
O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os ho-mens à salvação do Senhor (cf. Jo 12, 44-50). Do Beato Paulo VI temos estas palavras estupendas: «Por conseguinte podemos pensar que cada um dos nos-sos pecados ou fugas de Deus acende n’Ele uma chama de amor mais intenso, um desejo de nos reaver e inserir de novo no seu plano de salvação (...). Deus, em Cristo, revela-Se infinitamente bom (...). Deus é bom. E não apenas em Si mesmo; Deus – dizemo-lo chorando – é bom para nós. Ele nos ama, procura, pensa, conhece, inspira e espera… Ele – se tal se pode dizer – será feliz no dia em que regressarmos e Lhe dissermos: Senhor, na vossa bondade, perdoai-me. Vemos, assim, o nosso arrependimento tornar-se a alegria de Deus».
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Por sua vez São João Paulo II afirmava que «a Igreja vive uma vida autên-tica, quando professa e proclama a misericórdia, (...) e quando aproxima os ho-mens das fontes da misericórdia do Salvador das quais ela é depositária e dis-pensadora».
Também o Papa Bento XVI disse: «Na realidade, a misericórdia é o núcleo da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus (...). Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada pelo amor misericordioso, para que os ho-mens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10)». Sob esta luz e graça, neste tempo de graça que a Igreja viveu dialogando e discutindo sobre a família, sentimo-nos enriquecidos mutuamente; e muitos de nós experimenta-ram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sí-nodo. Para todos nós, a palavra «família» já não soa como antes, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal.
Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação, a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia de Deus!
Obrigado! Obrigado!
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Superior Geral
CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE CURIA GENERALIZIA
Um caminho que nos tornará mediadores eficazes das promessas de Deus
Roma, Advento 2015. Caros irmãos e irmãs, membros da Família Vicentina,
As promessas de Deus
“Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo” (Levítico 26, 12). “Jamais meu amor te abandonará” (Isaías 54, 10).
“Livrava o pobre que pedia socorro e o órfão que não tinha apoio” (Jó 29, 12). “Eis que faço nova todas as coisas … não as vedes? (Isaías 43, 19). “Todo aquele que vive e crê em min, nunca morrerá” (João 11, 26).
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6, 56). “Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós” (João 14, 18).
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mateus 28, 20).
Estes textos bíblicos encarnam e expressam a relação de aliança que Deus estabeleceu com a humanidade. É necessária uma forma de presença para que todas essas promessas que citei acima possam ser realizadas. Permitam-me apresentar-lhes alguns exemplos para explicar o que quero dizer.
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Quando o povo clamava contra seus opressores que o tornara escravo no
Egito [Deus estava presente, escutando o seu clamor], Deus chama Moisés: Vai,
eu te envio ao Faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo” (Êxodo 3, 10),
[Deus estava presente e encontrou uma solução para a situação do seu povo].
Após uma árdua disputa, o Faraó ficou mais brando e o povo atravessou o Mar
Vermelho para começar uma longa travessia no deserto [Deus estava presente
e salvou o seu povo]. Quando o povo teve fome, Deus lhe deu o maná; quando
teve sede, fez jorrar água do rochedo [Deus estava presente, acompanhando o
povo nos momentos difíceis]. De fato, Deus estava presente em meio às lutas
do povo através da liderança de Moisés. Séculos mais tarde, quando uma mul-
tidão se reuniu em um outro lugar deserto para escutar os ensinamentos do
Mestre, ela foi testemunha da multiplicação dos pães e dos peixes e sua fome
foi saciada [Deus estava presente, mas, desta vez fisicamente, na pessoa de
Jesus, como mestre, médico e consolador]. No entanto, o Mestre desejava sa-
ciar não somente a fome física, mas também a fome espiritual. Eu sou o pão da
vida: aquele que vem a mim não terá fome e aquele que crê em mim jamais
terá sede (Jo 6, 35). As palavras da Carta aos Hebreus resumem o que estou
tentando dizer: Muitas vezes e de diversos modos, outrora falou Deus aos nos-
sos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho (Hebreus 1, 1-2).
Qual é a relação de tudo isto com a liturgia do Advento? Como Vicentinos,
somos chamados a continuar a missão de Jesus Cristo, proclamando a Boa Nova
a estas pessoas marginalizadas que vivem na periferia da sociedade: Sim, Nosso
Senhor pede-nos para que evangelizemos os pobres: foi isto o que Ele fez e é
isto que deseja continuar fazendo através de nós (Coste XII, 79)1. Ao nos com-
prometermos com o processo de evangelização, preparamos o caminho do Se-
nhor e ao mesmo tempo nos tornamos mediadores que realizam as promessas
de Deus. Através dos nossos distintos ministérios/serviços, unimo-nos ao de-
sejo de João Batista: importa que Ele cresça e que eu diminua (Jo 3, 30).
1 São Vicente de Paulo, Correspondências, conferências, documentos. Edição de Pierre Coste, Paris, 1920-1925, 14 volumes.
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Uma experiência missionária
Permitam-me partilhar uma de minhas experiências missionárias para
ilustrar este ponto. Durante minha visita à Província de Madagascar em 2011,
no momento da celebração do seu centenário, o nosso coirmão, Padre Anton
Kerin, compartilhou comigo algumas de suas experiências ministeriais em uma
região muito distante naquele país. Contou-me a alegria que sentiu ao ver a
maneira como a Boa Nova de Jesus se enraizava na população. Falou também
das dificuldades de dar testemunho junto a uma população que jamais tinha
ouvido falar do nome de Jesus. Eu desejei conhecer aquela missão e prometi
ao Padre Anton que na próxima viagem iria visitá-la. Mas, foi somente em abril
de 2015 que consegui cumprir a minha promessa; durante dois dias viajei por
estradas terríveis, como jamais vira nestes meus onze anos como Superior Ge-
ral. Evidentemente, por meus próprios meios, não poderia percorrer tamanha
distância, pois não conhecia estas estradas. Isto significa que outras pessoas
tiveram que me acompanhar. Naquele momento o Visitador, assim como um
leigo e o Padre Anton (que dirigiu durante as nove últimas horas, a parte mais
difícil da viagem) tornaram-se meus companheiros de viagem. Quando final-
mente chegamos ao destino, o Padre Anton nos conduziu à Capela onde fomos
acolhidos pelos membros do governo local e autoridades religiosas. No dia se-
guinte, tive o privilégio de celebrar a Eucaristia com a população da comuni-
dade; era o domingo das vocações e fiz minha homilia em inglês, que foi em
seguida traduzida em malgaxe. Também pude visitar e celebrar a Eucaristia em
uma das novas missões que foi estabelecida há aproximadamente quatro anos
e que agora está florescendo. Sim, eu cumpri a minha promessa com o Padre
Anton, mas ao mesmo tempo, descobri que tanto ele como aqueles que com
ele trabalham são mediadores que realizam as promessas que Deus e nossos
Fundadores fizeram ao povo de Madagascar.
Neste tempo de Advento, lembramos que Deus foi fiel às promessas feitas
aos nossos pais e que nos foram transmitidas enquanto povo de Deus vivo no
meio do mundo em 2015. Ao refletir sobre estas promessas, percebemos tam-
bém que nossa colaboração é necessária para que elas se tornem realidades.
Logo, gostaria de refletir sobre minha experiência missionária em Madagascar
e, assim espero, apresentar um caminho que nos torne mediadores eficazes
das promessas de Deus.
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Colaboração
Em primeiro lugar, sozinho e por mim mesmo, não seria capaz de realizar o que tinha prometido fazer. Então, para cumprir a minha promessa, precisei da ajuda e da colaboração de muitas pessoas, especialmente os guias e moto-ristas que estavam acostumados com as estradas e que conheciam nosso itine-rário. Nossos Fundadores prometeram aos nossos senhores e mestres que pro-clamaríamos a Boa Nova de Jesus Cristo - e nenhum de nós pode cumprir esta promessa sozinho. Desde o início Vicente compreendeu que para ser eficaz, ele tinha que convidar outras pessoas para o seu ministério. Assim, após ter com-provado, durante muito tempo, a virtude e aptidão de Francisco du Coudray… Antônio Portail… e João de la Salle, Vicente os convidou a unir-se a ele para pregar as missões populares (Coste XIII, 204). Pouco tempo depois, os missio-nários perceberam que eles também precisavam de colaboradores porque es-tava claro que “os pobres, algumas vezes, sofrem mais pela falta de organiza-ção para socorrê-los, do que por falta de pessoas caridosas” (cf. Coste XIII, 423), e foi assim que as confrarias da caridade nasceram. Mais tarde, ao longo do século XIX, quando Frederico Ozanam fundou a Sociedade de São Vicente de Paulo, pediu uma Filha da Caridade para formar e acompanhar os membros daquele novo grupo de estudantes universitários: …Irmã Rosalie [Rendu] … deu-lhes conselhos úteis, elaborou para eles uma lista de famílias pobres para visitar e entregou-lhes ‘Vales’ de pão e de carne até o momento em que a Con-ferência, que fora fundada recentemente, pudesse emitir os seus próprios va-les”2. Catarina Labouré, durante este mesmo período, pedia ao Padre Jean-Ma-rie Aladel para colaborar com o estabelecimento de um grupo de jovens rapa-zes e moças, conhecidos atualmente como a Associação da Juventude Mariana Vicentina.
A colaboração é fundamental para o nosso ser enquanto Vicentinos. Nin-guém pode proclamar sozinho, de maneira eficaz, a Boa Nova; ninguém pode estabelecer sozinho estruturas que unam o mundo numa rede de caridade; ninguém e nenhum ramo da Família Vicentina pode conhecer o único caminho, ou o caminho privilegiado, que permite aos seus membros seguir Jesus Cristo, evangelizador e servidor dos pobres. Mas quando partilhamos nossos dons e talentos, quando nos unimos num projeto comum, quando o “nós” e o “nosso” se torna mais importante que o “eu” e o “meu”, então nós, juntos em Cristo e como Vicentinos, podemos fazer a diferença; todos juntos em Cristo e como Vicentinos, tornamos possível hoje a realização das promessas de ontem.
2 Baunard, Frederico Ozanam, segundo sua correspondência, J. de Gigord, Paris, 1913, pág. 98.
13
Sentir-se incomodados e assumir riscos
Em segundo lugar, para manter minha promessa ao Padre Anton Kerin,
tive que viajar por estradas difíceis, arriscadas e que não me deixaram à von-
tade. A mesma reflexão pode ser aplicada a nós como Família Vicentina, se qui-
sermos permanecer fiéis à nossa promessa de ser servidores das pessoas es-
quecidas, abandonadas, desprezadas, servidores dos nossos irmãos e irmãs
que vivem na pobreza e na miséria. Se formos honestos, acredito que a maioria
dentre nós poderia admitir que não está muito à vontade com a realidade de
colaboração. Uma abordagem de colaboração no ministério/serviço é muito
mais exigente do que uma abordagem individual - e por ser mais exigente, não
nos sentimos naturalmente à vontade e, até mesmo seremos tentados a evitar
uma tal abordarem.
Dediquemos alguns instantes para examinar algumas dessas exigências
que poderíamos considerar ameaçadoras: o ministério/serviço em colaboração
implica uma vontade de ceder o controle e o poder, uma vontade de se aliar
aos outros como parceiros iguais no processo de decisão, uma vontade de con-
vidar os pobres para sentar conosco ao redor da mesa onde eles tomem as
decisões (decisões que lhes dizem respeito e às suas famílias). Este estilo de
ministério/serviço exige um diálogo aberto e honesto assim como uma vontade
de chegar a um compromisso - uma palavra que nestes últimos anos tomou um
sentido negativo, tal como fraqueza, abandono dos ideais e dos princípios mo-
rais. Tudo isto pode nos inquietar porque existe um risco, que se encontra no
centro da nossa realidade atual e que nos convida, a vocês e a mim, a mudar (e
nos sentimos sempre incomodados e angustiados quando temos que enfrentar
uma mudança). Vocês e eu somos convidados a mudar nossa maneira de inte-
ragir uns com os outros, a mudar nossa maneira de realizar nosso ministé-
rio/serviço, a mudar nossa maneira de expressar nossa solidariedade às pes-
soas mais vulneráveis da sociedade. O grau até onde estamos dispostos a nos
comprometer no processo de conversão determinará em que proporção nós,
unidos ao Cristo e como Vicentinos, faremos a diferença hoje e amanhã - e de-
terminará a maneira como as promessas de ontem se tornarão uma realidade
hoje.
14
Elementos que caracterizarão nossa colaboração
Alguns elementos deveriam caracterizar todos os nossos esforços em con-
junto para fazer a diferença no mundo atual e levar ao cumprimento das pro-
messas de ontem. Eu sei que se estabelecêssemos uma lista dos elementos ne-
cessários, incluiríamos a oração (sob todas as suas formas), a prática das virtu-
des, a leitura das Escrituras e a reflexão, a escuta ativa - vocês conhecem a lista
dos elementos. Aqui, no entanto, gostaria de referir-me a outros elementos
que nem sempre encontram um lugar em nossas listas, mas que acredito serem
necessários, se quisermos ser mediadores eficazes e convincentes das promes-
sas de Deus. Minha lista, além dos elementos mencionados acima, incluiria
também:
A curiosidade - unindo-nos em um ministério/serviço com os outros ramos
e membros da Família Vicentina, necessariamente nós nos engajamos numa
constante busca da ordem em meio ao caos, a encontrar um sentido em
meio a agitação e ao sofrimento. Esta busca nos leva a fazer a seguinte per-
gunta: “por quê?” e dando continuidade à nossa busca, descobrimos uma
outra questão, um outro “por quê?”, e logo depois uma outra pergunta e
um outro “por quê?”. Esta curiosidade, no entanto, deveria nos dar a cora-
gem para percorrer caminhos novos, mesmo isto signifique que seremos fe-
ridos, destruídos, caluniados, porque escolhemos seguir por caminhos ainda
em construção (cf. Evangelii Gaudium, 49).
A análise crítica - a curiosidade e a análise crítica caminham de mãos dadas. A
curiosidade pergunta: “será isto verdade?”, enquanto que a análise crítica nos
torna capazes de olhar além das declarações, tais como: “Esta é a maneira
como sempre fizemos as coisas! Sempre agimos desta maneira!” Este ele-
mento de análise crítica é especialmente importante, pois somos chamados a
participar do processo da Nova Evangelização, um processo novo em seu ar-
dor, em seu método e em sua expressão.
A imaginação criativa - o amor é inventivo até o infinito (Coste XI, 146). Sua
Companhia [seu grupo ou seu ramo da Família Vicentina] não era nessa al-
tura o que é atualmente e é de crer que não é ainda o que virá a ser, quando
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Deus a tiver posto no ponto em que a quer (Conf. de 13/02/1646, pág.165).
A curiosidade leva às formas de imaginação criativa, que por sua vez nos
sustentam em nossos esforços, para proclamar a Boa Nova enquanto reali-
dade atual que é ao mesmo tempo “boa” e “nova” para os pobres.
Os vasos de argila - É a consciência que nos torna capazes de manter nossa
perspectiva e de nos ver tais como somos: Sois pó, e ao pó haveis de voltar
(Liturgia de Quarta-feira de Cinzas). Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor,
porque de modo admirável me formastes! Que prodígio e maravilha as vos-
sas obras! (Salmo 139, 14). Escutemos Vicente falar de si mesmo: sou filho
de um lavrador, guardei porcos e vacas e acrescentai que isto não é nada
frente à minha ignorância e à minha malícia (Coste IV, 215); tão miserável
como sou, prego aos outros e estou cheio de pensamentos malditos (Conf.
de 24 de agosto de 1654, pág. 473); Ó Salvador, perdoai a este miserável
pecador que desperdiça todos os vossos desígnios, que se opõe a eles e con-
tradiz a tudo (Coste XI, 271); Senhor, faço o propósito de me manter firme
no bem, porque isto Vos será agradável (Conf. de 23/07/1656, pág. 590).
Cada um de nós possui dons, talentos e forças, cada um de nós tem seus
limites, seus defeitos e suas fraquezas. Somos ao mesmo tempo grandes e
pequenos!
A capacidade de sonhar com um mundo melhor - como membros de uma
grande família, temos sonhos e visões de um novo dia: …vi, então, um novo
céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desaparece-
ram…Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto,
nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição (Apocalipse 21, 1,
4); mas, antes, que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como tor-
rente que não seca (Amós 5, 24). Como trabalhamos numa pequena parte
do mundo, podemos ser tentados a pensar que nosso ministério/serviço é
insignificante no contexto global da realidade. Mas, isto não é verdade. De-
veríamos imaginar que todos nós fazemos parte de um imenso quebra-ca-
beça, composto por centenas de peças. Ainda que sejamos uma única peça,
esta peça é, contudo, essencial e tem muito valor; esta peça, nossa peça do
quebra-cabeça, com todas as outras peças, contribui efetivamente para a
mudança do mundo - juntos fazemos a diferença.
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Conclusão
Vivemos num mundo onde alguns fazem todo tipo de promessas diaria-
mente e se esquecem de que tais promessas foram feitas. No entanto, as pes-
soas esperam que ajamos de maneira diferente; esperam que sejamos corajo-
sos e que cumpramos nossas promessas, as de Deus e as dos nossos Fundado-
res. No século XIX o povo francês estava desanimado e desencantado. Muitas
promessas tinham sido feitas, mas a maioria continuava a viver na pobreza.
Frederico Ozanam compreendeu a situação e desafiou os membros da Socie-
dade de São Vicente de Paulo através de palavras que continuam a nos desafiar
no século XXI. Gostaria de concluir esta reflexão com algumas palavras de Fre-
derico: A terra está fria, somos nós, católicos [enquanto Vicentinos], que temos
que reavivar o calor vital que se extingue, somos nós que temos que recomeçar
a grande obra de regeneração, nem que para isto seja necessário recomeçar a
era dos mártires3...Ficaremos nós indiferentes no meio de um mundo que sofre
e que geme? ... Não faremos nada para nos parecermos com esses santos que
amamos? ... Não sabemos amar a Deus...porque parece que é preciso ver para
amar, e não vemos a Deus senão pelos olhos da fé e a nossa fé é tão fraca! Mas
os pobres, esses, nós os vemos com os olhos da carne! Estão ali e podemos pôr
a mão nas suas feridas e as marcas da coroa de espinhos estão visíveis na sua
fronte; aqui a incredulidade não tem lugar e deveríamos cair a seus pés e dizer-
lhes como o Apóstolo: “‘Tu es Dominus et Deus meus’ (Meu Senhor e meu Deus).
Vós sois os nossos mestres e nós seremos os vossos servos; vós sois para nós a
imagem sagrada desse Deus que não vemos e, não sabendo amar de outra ma-
neira, nós o amaremos nas vossas pessoas...”4
Que Deus nos abençoe neste tempo em que celebramos o Advento; neste
tempo em que Deus realiza as promessas que foram feitas aos nossos pais e
que são renovadas hoje: um tempo onde Deus cumpre suas promessas convi-
dando-nos como humildes instrumentos e ministros zelosos.
Seu Irmão em São Vicente,
G. Gregory Gay, C.M.
Superior Geral
3 Cartas de Frederico Ozanam, Cartas da juventude (1819-1840), Ed. Bloud & Gay. (Carta à Léonce Curnier, 23 de fevereiro de 1835). 4 Ibid. (Carta a Louis Janmot, 13 de novembro de 1836).
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Palavra do Visitador
E o ano de 2015 está chegando ao seu final. Estamos encerrando as muitas
atividades que preencheram o nosso tempo e ocuparam nossas mentes
durante todo esse tempo. O calendário litúrgico vai se despedindo com a Festa
de Cristo Rei do Universo após termos a grata satisfação de acompanhar Jesus
em sua caminhada revivendo seus muitos encontros, milagres, ensinamentos
aos discípulos, no seu veemente anúncio de que o Reino de Deus está próximo,
melhor, já se faz presente em nosso meio. Diante de tudo isso, encontramos
n’Ele o Messias, Rei de Todo o Universo. Também, o ano letivo vai chegando ao
seu final nas escolas, nas casas de formação, muitas de nossas pastorais entram
em período de revisão e síntese e todos nós vamos nos preparando para novos
tempos que se iniciam.
Não podemos, de forma alguma, deixar de reconhecer os muitos avanços
obtidos durante o ano de 2015, seja em nossas vidas pessoais, nossas
comunidades, nossa Província, na Igreja, em nossos múltiplos trabalhos
missionários, na sociedade civil, nas ciências e nas muitas instituições que
visam o bem comum. Da mesma forma, também não podemos deixar de
lamentar os muitos acontecimentos desastrosos que nos assustaram, deixaram
perplexos, e, por alguns momentos, desanimados diante de tão duras imagens
que se abriram diante de nossos olhares que, com certeza, caso pudéssemos,
teríamos evitado vislumbrá-las. Contudo, precisamos reconhecer que diante de
tantas forças de crescimento, muitas forças de resistência se fazem presentes
e precisamos, de maneira consciente, atualizada, ativa, cheia de esperança e,
sobretudo, apaixonados pelo Reino que se faz presente em nosso meio, nos
abandonar no grande movimento que é a nossa existência. Movimento esse,
que nos deve encher de esperança, uma vez que acontecimentos são
efêmeros, fugazes e não duram para sempre. Para sempre somente a busca
constante e incessante do sentido de nosso próprio existir que se encontra em
nosso Deus presente em nossas ações, vidas, aparentemente frágeis, mais
cheias de sentido e busca consciente de melhores dias para todas as nações,
povos, etnias, raças...
A celebração do Tempo do Advento tem a força de renovar, em cada um
de nós, os sentimentos de fé, esperança, amor, alegria e paz. Toda esta riqueza
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de sentimentos tem como fundamento a certeza de que Deus é sempre fiel à
aliança estabelecida com o seu povo. “Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
porque a seu povo visitou e libertou; e fez surgir um poderoso Salvador na casa
de Davi, seu servidor”. (Lc 1,68-69).
O tempo do Advento, tempo de espera, não uma pura espera, mais uma
atitude de quem vai ao encontro daquilo que se deseja, nos prepara para o
Natal do Senhor. Vamos celebrar, de maneira solene, o nascimento do menino
que renova nossas esperanças, nos enche de boas energias, revigora a nossa fé
e nos faz fortes para vivenciarmos os muitos momentos de crescimento que se
farão presentes em nosso meio, com muita alegria e fé sempre renovadas. Ao
nos preparamos para viver momentos de alegria, devemos também nos
preparar para os muitos momentos adversos que, com certeza, chegarão em
momentos previstos e, em muitos casos, momentos completamente
imprevisíveis. Para tanto, devemos estar sempre atentos às muitas realidades
que nos cercam, sempre abertos ao diálogo franco sem preconceitos, tarefa
nem sempre fácil, porém necessária.
Com todos esses sentimentos e desejos, rogo ao nosso Bom Deus que nos
traga muita saúde física, psíquica, espiritual, equilíbrio em nossas ações e
relações e nos faça construtores da paz que seja capaz de renovar o mundo, a
vida, a nós mesmos, a todas as gentes e se traduz na garantia de uma vida
saudável e digna para todos.
Feliz Natal e um 2016 cheio de boas novidades e realizações!
Padre Geraldo Eustáquio Mól Santos, C. M.
Visitador Provincial
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Missão Vicentina
Missão Ad gentes – Testemunho do Pe. Luiz Roberto Lemos do Prado, C. M., sobre sua
experiência em Moçambique
A Missão de S. Vicente de Paulo do Caniçado (Moçambique)
Nos últimos meses de 2014, implementamos nosso esforço na Missão São Vicente de Paulo do Caniçado em torno da reforma de algumas capelas e da reconstrução de outras, nas comunidades e núcleos de fé. Este trabalho tem sido organizado da seguinte forma: os amigos da Missão Além-Fronteiras em Moçambique, geralmente situados no Brasil, enviam mensalmente, através da coordenação da Maria das Graças, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Contagem-MG, uma quantia em dinheiro. Aqui, esse dinheiro é transformado em material, oferecido às Comunidades, e estas organizam entre si o trabalho. Portanto, temos trabalhado em parceria e mutirão, o que muito tem contribuído para o cultivo de um novo modo de ser Igreja entre os nossos cristãos: Igreja mais comprometida com a gestão de sua própria caminhada, o que aqui, neste contexto, representa um grande avanço missionário.
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Em resumo, nestes últimos tempos, após a inauguração da Capela São Vicente de Paulo, em Guijá, em agosto de 2014, que se tornou um marco em nossa cami-nhada, já conseguimos imple-mentar e praticamente concluir trabalhos de recons-trução nas seguintes capelas: capela Santa Luísa de Marrilac (Nhapunguane), capela Nossa Senhora de Fátima (Chinhacanine), capela São Vicente de Paulo (Bique-Sede da Missão), capela Santa Isabel (Nucleo de Dotane), capela Santa Marta (Nucleo de Nhalaze), capela S. José Operário (Núcleo de Bala-vale). Também temos aplicado no trabalho de melhorar ou mesmo refazer latrinas nas comunidades (banheiro com fossa), contribuindo assim para o cultivo da higiene. Temos conseguido até agora refazer e melhorar nove latrinas nas comunidades.
Além destes trabalhos, aplica-mos as doações em material de formação para nossas lideranças. Com a Graça do bom Deus e a colaboração generosa dos Amigos da Missão Além-Fronteiras em Moçambique, fizemos uma boa caminhada. Pelo que só nos resta agradecer do profundo do coração: KHANIMANBO SWINENE, VAMAKWERO!!!
Nos últimos dias que estive em Moçambique, empenhamo-nos em
concluir as pinturas internas (imagens no estilo africano) na Capela S. Vicente de Paulo, em Guijá e implementar a vedação do terreno (fechar o terreno com arame farpado). Esse trabalho da vedação do terreno também foi uma parceria dos amigos da Missão e a própria comunidade: Oferecemos o arame e a comunidade ofereceu as estacas e o serviço em mutirão.
Pe. Luiz Roberto Lemos do Prado, C. M.
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Breve Histórico da Missão São Vicente de Paulo do Caniçado
A Missão São Vicente de Paulo do Caniçado, Província de Gaza, Diocese de Xai-Xai, foi fundada em 22 de agosto de 1942, pelo Cardeal D. Teodósio Gouveia. Esta Missão faz parte da Vice-Província vicentina de Moçambique.
Tal Missão, sob a
responsabilidade dos Mis-
sionários Vicentinos, que
chegaram a Moçambique
vindos de Portugal em
1940, teve sua primeira
sede no então Regulado do
Machel (hoje Centro de
Formação Machel para a
Região Pastoral de Chókwè).
Em 1951, sua sede foi trans-
ferida para o Chirrundzo
(nos arredores da Vila de Chinhacanine), tornando-se o Regulado do Machel
uma nova Paróquia. Em 1955, sua sede funcionou na aldeia da Barragem. Com
a criação da Missão de Santo Antônio da Barragem, a sede da Missão de São
Vicente de Paulo se transferiu para Bique do Caniçado, onde ainda se encontra
(somente a capela São Vicente de Paulo). Com as nacionalizações e a guerra
civil, que se sucederam nas décadas de 70 e 80, suas instalações físicas ficaram
bastante deterioradas, o pároco deixou de residir no local e grande parte da
população se transferiu para outras localidades. Portanto, a sede da Missão
São Vicente de Paulo do Caniçado está praticamente isolada, o que é
preocupante…
Atualmente, o atendimento pastoral continua a ser feito pelos
Missionários Vicentinos, residentes no Chirrundzo, onde também funciona a
Casa de Formação para o Seminário Interno (depois de 2 anos que não havia
Seminário Interno na Vice-Província de Moçambique, neste ano está
funcionando, com 3 estudantes e 1 padre acompanhando esta etapa
formativa).
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A Missão São Vicente de Paulo do Caniçado é formada pelas seguintes Comunidades e Núcleos de Fé: Comunidade Nossa Senhora de Fátima (Aldeia de Chinhacanine), Comunidade Nossa Senhora da Assun-ção (Aldeia de Ndonga), Comunidade São Carlos Lwanga (Aldeia de Pumbe), Comunidade São João Batis-ta (Aldeia de Mpelane), Comunidade Nossa Senhora das Graças (Aldeia de Mubanguene), Comunidade São Vicente de Paulo-Sede (Aldeia de Bique), Comunidade Santa Terezinha do Menino Jesus (Aldeia de Guijá), Comunidade Nossa Senhora da Conceição (Aldeia de 7 de Abril), Comunidade Santo Antônio de Pádua (Aldeia de Chivongoene), Comunidade Santa Luísa de Marillac (Aldeia de Nhapunguane), Comunidade Nossa Senhora do Amparo (Aldeia de Dzindzine), Comunidade/Núcleo São João Batista (Aldeia de Chimbembe), Comunidade/Núcleo São José (Aldeia de Bambene), Comunidade/Núcleo S. João Batista (Aldeia de Beniningo), Núcleo da Aldeia de Mafada, Núcleo da Aldeia de Vuvule, Núcleo São José Operário (Aldeia de Mbala-Vala), Núcleo Santa Marta (Aldeia de Gumbane), Núcleo Santa Marta (Aldeia de Nhalaze), Núcleo Santa Isabel (Num Bairro da Aldeia de Chivongoene) e um Núcleo novo numa aldeia próxima a Mbala-Vala.
Algumas vilas têm Núcleos de
Reflexão Bíblica, que requer também a
visita do Padre. Estes Núcleos giram em
torno de 10. Geralmente se reúnem
uma vez por semana.
O atendimento pastoral do Padre é
feito em sistema de rodízio, ocupando
geralmente os sábados, os domingos, as
quartas-feiras, a primeira sexta-feira e a
última sexta-feira do mês (atendimento
à Legião de Maria), de modo que o Sacerdote passa por cada Comunidade ou
Núcleo de Fé de 2 em 2 meses ou de 3 em 3 meses, em épocas normais, sem
muita chuva. Em tempos mais críticos leva mais tempo sem a visita do padre.
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Mas o povo se reúne todos os domingos para celebrar a sua fé em torno da
Palavra de Deus.
A Vida Pastoral de nossas Missões
é construída em torno de Ministérios
básicos: Ministério da Catequese;
Ministério da Animação da Comuni-
dade, do Núcleo, das Zonas Pastorais;
Ministério da Esperança (para acom-
panhamento dos doentes em suas
famílias e celebrar as Exéquias); Minis-
tério da Caridade; Ministério de Justiça
e Paz; Ministério da Eucaristia (Ministros Extraordinários da Comunhão);
Ministério da Palavra e Liturgia. Normalmente a participação das mulheres é
superior à dos homens.
Algumas Comunidades e Núcleos apresentam um desenvolvimento muito
lento, deficiente. Isso requer do Padre uma maior atenção pastoral. Por ser
uma região muito tradicional, muito apegada aos elementos da Religião
Tradicional Africana (RTA), ainda é predominante o acompanha-mento e a
formação de Catecúmenos; por ser uma Igreja nascente, os desafios pastorais
se tornam maiores, mais desafiantes, mais exigentes. Mas vamos
caminhando…
Nos últimos dois anos temos
envolvido praticamente todas as
Comunidades da Missão em torno da
construção de uma nova Capela, na
aldeia de Guijá, fruto de um projeto que
já existia quando aqui cheguei (início de
2011). Com muita luta, conseguimos
iniciar esta construção em julho de 2012,
e com a coparticipação das Comunida-
des na mão-de-obra, ajuda de mais dois pequenos projetos do exterior e
colaboração mensal de amigos desta Missão Além-Fronteiras, sobretudo do
Brasil, estamos concluindo esta tão sonhada Capela, que será muitíssimo útil
para as Comunidades de fé em nível de Missão S. Vicente de Paulo e para toda
a nossa Região Pastoral, sobretudo nas grandes celebrações e encontros do
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Povo de Deus. A Comunidade local (Comunidade Santa Terezinha do Menino
Jesus) escolheu como patrono desta nova capela, S. Vicente de Paulo. A
bênção e inauguração desta nova capela se deu no dia 23 de agosto de 2014.
Realmente foi uma grande conquista de nosso povo, com a colaboração de
muitas mãos e corações generosos.
Além deste trabalho que
colocamos neste momento como
prioridade, temos necessidade de
combustível e manutenção do carro
da missão para acompanhar
satisfatoriamente as vinte comuni-
dades e núcleos da Missão, aplica-
mos doações em cursos para os
diversos Ministérios que compõem
o trabalho Pastoral nas comunidades, ajudamos emergencialmente na saúde
do povo, contribuímos para a melhoria das capelas das comunidades,
colaboramos em alimentação para os mais necessitados que nos procuram,
ajudamos na conscientização do povo no cuidado da água, da alimentação e da
moradia para a prevenção de doenças e o cuidado com a saúde, dentre outras
atividades. A demanda aqui é grande, como se pode verificar…
PROJETO AMIGOS DA MISSÃO ALÉM-FRONTEIRAS
EM MOÇAMBIQUE:
Somos todos missionários onde estivermos! Por isso, constituímos uma
equipe de amigos para viabilizar doações para serem aplicadas no trabalho que
tento realizar junto com este povo, levando a Palavra e o conhecimento de
Deus a tantos nossos irmãos em terras longínquas.
Para viabilizar colaborações financeiras a esta missão popular,
constituímos uma equipe organizadora. Iniciamos essa campanha pró-missão
em agosto de 2011 e pretendemos enviar recursos continua-mente, à medida
que formos conseguindo com os amigos. Geralmente é enviada uma vez ao
mês uma nova remessa.
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Para evitar a burocracia bancária do envio de remessas financeiras ao
exterior, a Maria das Graças recebe em sua conta pessoal as doações (qualquer
valor) de quem desejar enviar por seu intermédio (Banco do Brasil, Ag. 3609-9,
conta corrente 3497-5). Lembramos que é preciso avisá-la por e-mail ou telefone para
que ela possa ir prestando contas dos valores recebidos (Maria das Graças S. Ribeiro:
31-9981-7088 e [email protected] ou [email protected]). Se
você dese-jar enviar diretamente, veja o passo a passo aqui na página da missão,
onde também há divulgação de várias fotos das comunidades moçambicanas e a
prestação de contas dos valores já enviados.
A página da Missão é esta: http://solalemfronteira.no.comunidades.net
Pedimos que, caso você se sinta à vontade, repasse essa mensagem a seus
amigos que se sensibilizariam com a causa. Faça parte dos Amigos dessa Missão
Africana Além-Fronteiras!
Que São Vicente de Paulo interceda a Deus por esta obra missionária e por
todos nós!
Se precisar de mais informações, pode contactar uma das pessoas abaixo pelo e-
mail [email protected] ou pelo [email protected] e o próprio
Pe. Luiz Roberto: [email protected]
Confiamos em que Deus proverá recursos para que possamos partilhar
nosso abraço fraterno.
Esta é a equipe responsável pelo Projeto Amigos da Missão Vicentina
Além-Fronteiras em Moçambique:
Maria das Graças Santos Ribeiro – 31- 9981-7088
Ismayr Sérgio Claúdio
Vanderléia Reis de Assis
Tereza Pereira do Carmo
Pe. Luiz Roberto Lemos do Prado, C. M.
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Espaço Literário
Saudades em Cascata
“Saudades em Cascata”! Eis o sugestivo título do segundo livro de memórias publicado pelo nosso coirmão Padre Célio Maria Dell’Amore. O primeiro, vindo a lume no ano passado, intitula-se “De mortuis nisi bene”, e refere-se aos dados biográficos de alguns coirmãos falecidos. No atual, o autor relata, de maneira pormenorizada, momentos marcantes de sua vida, desde os primórdios, em Patrocínio, até os dias atuais, na casa do Calafate, em Belo Horizonte. Apesar de formado em história, Padre Célio não faz do “Saudades em Cascata” um livro de história. Nem o transforma num simples relato desordenado de fatos. À semelhança da cascata
que vai derramando suas águas, aos poucos, em degraus, seguindo um rumo e uma direção, do mesmo modo o autor vai oferecendo acontecimentos da sua vida através de pequenos capítulos que vão se sucedendo ao longo de mais de 370 páginas. Trata-se de um longo percurso de quase 90 anos, pelos quais o leitor é levado a conhecer os caminhos e descaminhos da sua vida e os belos frutos que a sua existência até agora produziu. Seguindo a ordem cronológica dos fatos, o livro começa mostrando a sua família, de raízes italianas, o casamento de seus pais, o nascimento dos filhos e as idas e vindas da família até fixar-se, pelos idos de 1940, no Bairro Calafate, da capital mineira. Aí decorre parte da sua infância e seus primeiros estudos até 1945, quando vai para a Escola Apostólica do Caraça, conduzido pelo então promotor vocacional, padre Jorge Cunha. Era o dia 27 de setembro. Do Caraça o autor revela detalhes do dia a dia, da disciplina, dos estudos, dos passeios, das celebrações religiosas, da filmagem do “Caraça, porta do céu”. E de alguns companheiros. Detém-se, de maneira mais pormenorizada, nas particularidades dos seus professores, Padres Antônio da Cruz, Manoel das Chagas Torres, Dermeval José Mont’Alvão, Francisco Guerra, Egídio de Aquino, Jorge Xavier de Oliveira, José Tobias Zico, Álvaro Monteiro Barros, Frei Carlos Josafá, e dos irmãos coadjutores que lá trabalhavam Mariano Curto, João Mertens, Nilo da Silva, Jerônimo Luiz Nunes e Manoel Raimundo de Lima.
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Segue a história de sua passagem por Petrópolis, desde o noviciado, iniciado no dia 17 de Janeiro de 1951, sob a tutela do padre Luís Saraiva, até a sua ordenação sacerdotal, realizada por Dom Helder Câmara, então bispo coadjutor do Rio de Janeiro, no dia 28 de setembro de 1958. Deste período o autor nos brinda com muitos elementos da vida de estudos, de oração, de convivência, de passeios... Tudo dentro de uma disciplina extremamente rígida, é verdade, mas também permeada de santidade, de espirito de fé, de acolhimento e de idealismo nobre e generoso. Após Petrópolis, o autor se põe a desfiar, um por um, os trabalhos e ofícios exercidos na Congregação, as várias casas onde serviu e as cidades por onde passou, desde a sua primeira colocação em Campina Verde até a atual, na casa do Calafate. São 56 anos de trabalho generoso e fiel, exercendo as mais diversas atividades: professor, disciplinário, diretor espiritual, animador vocacional, reitor de seminário, diretor de colégio, superior de casa, conselheiro e ecônomo provincial, superior provincial, pároco, vigário paroquial, cura de catedral, capelão, deputado para Assembleia Geral. Chegou até ser nomeado diretor das Filhas de Caridade, de Belo Horizonte, mas como ele mesmo confessa, para o bem das irmãs não assumiu. Dentre as muitas cidades onde esteve, sempre no cumprimento de alguma atividade ligada à Província, estão Campina Verde, Assis, Mariana, Brasília, São Paulo, Dionísio, Piumhi, Luz, Paris, Roma, Salamanca, Rio de janeiro e Belo Horizonte. O livro é gostoso de ser lido, prende a atenção e nos permite conhecer, com muitos pormenores, um pouco do passado da nossa PBCM e da vida deste dedicado e generoso coirmão. Pena que a revisão do livro não foi bem feita. Há numerosas falhas e erros, os quais, certamente, numa segunda edição, serão eliminados. Mas, enquanto esta não ocorre, agarre-se a primeira e aprecie-se o belo percurso de fé, generosidade, esperança, obediência e dedicação deste bom lazarista, que, ao lado de tantos outros, também se fez herdeiro da mística contemplativus in actione de São Vicente de Paulo.
Pe. Dejair Roberto de Rossi, C. M.
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Olhar Filosófico Apresentaremos em partes, no decorrer dos próximos números, a monografia de conclusão
de curso de filosofia do Pe. Wander Ferreira, C.M., a partir do capítulo 2.
O Conceito de liberdade em Sartre
Pe. Wander Ferreira, C.M.
2 O EXISTENCIALISMO SARTREANO A contribuição de Sartre para o pensamento existencialista é de
fundamental importância, pois ele pôde mostrar que o existencialismo tem
uma identidade própria e que acima de tudo é humanista e otimista. Ele vai
discorrer sobre estas e outras questões na conferência que proferiu em Paris,
em 29 de outubro de 1945, no auditório das Centrais, Rua Jean-Goujon, nº 8,
na estação de metrô Marbeuf. A conferência quis ser, sobretudo, uma resposta
às várias distorções de seu pensamento e aos seus adversários que se
utilizavam de várias frases descontextualizadas de seus escritos para provocar
a hostilidade popular contra ele. Faziam questão de espalhar pela mídia frases
que viraram slogans diabólicos, como: “O inferno são os outros”, “A existência
precede a essência”, “O homem é uma paixão inútil”, etc. Cristãos e comunistas
taxavam o filósofo da seguinte forma: os cristãos, além de criticar seu ateísmo,
afirmavam que seu pensamento era materialista; os comunistas o criticavam
acusando-o de não ser um materialista propriamente e, sim, um subjetivista,
que defende uma filosofia de especulação, contemplativa, altamente
burguesa. Na verdade estas críticas tinham mais um caráter moral do que
propriamente filosófico, pois os mesmo críticos consideravam mais urgente
discutir este enfoque moral do que discutir a articulação do pensamento e a
insistência de Sartre em seus argumentos. Portanto, Sartre será visto pelos
franceses neste período como um anti- humanista, pois teria desmoralizado a
cultura francesa no momento em que o país passava por muitas crises e
necessitava de esperança para se reerguer e não de ideias consideradas
subversivas, que acentuavam ainda mais o pessimismo.
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Ao definir o existencialismo, Sartre dirá que “por existencialismo
entendemos uma doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro
lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma
subjetividade humana.” (SARTRE, 2010, p. 20). Ele afirma que esta doutrina
filosófica é a menos escandalosa e a mais austera, pois a mesma se destina
especificamente aos técnicos e filósofos. Desta forma, Sartre delimita as
fronteiras, mostrando os parâmetros do pensamento existencialista e veda a
entrada de ideias contrárias de intrusos, críticos e ladrões de conceitos,
iniciando, assim, um verdadeiro curso filosófico, com propriedade e fiel ao que
prometeu. Apesar da diversidade da plateia, com gente de variadas linhas de
pensamento, mesmo assim ignora solenemente a correnteza da maré, as
cadeiras quebradas e os desmaios, ou seja, os a favor e os contra o seu
pensamento. Seguindo a sua linha de pensamento, confirma que a existência
precede a essência, e isto significa que, primeiramente o homem passa a
existir, se encontra, aparece no mundo, e vai de definindo em seguida. Se o
homem, na definição do existencialismo, vai-se construindo, é porque ele não
é inicialmente nada. Ele não é apenas concebido, mas, diferente dos outros
seres, vai construindo o seu ser como ele quer, e isto se dá a partir da
existência, do elã de existir. Portanto, homem é aquilo que ele próprio faz, este
é o primeiro princípio do existencialismo. Nesta concepção, podemos perceber
que o homem não está de modo algum sujeito ao determinismo, ou seja, de
forma alguma a sua vida se assemelha à de uma planta, cujo futuro já está
determinado na semente; o homem é o artesão do seu futuro. Ele não é uma
essência fixa: ele é muito mais o que projeta ser. No homem a existência
precede a essência. E se, na realidade, a existência precede a essência, nunca
será possível explicá-la em referência a uma natureza humana dada e não
modificável; ou seja, não é possível o determinismo, o homem é liberdade. No
pensamento religioso, ao contrário, a essência precede a existência, ela é
definida por Deus, e uma vez vinda a este mundo ela terá uma função já
definida, ou seja, determinada. Portanto, não há liberdade real, porque o
homem estaria de uma vez para sempre determinado, antes mesmo de vir a
este mundo.
No pensamento existencialista, o homem é quem constrói as leis sobre
sua vida, escolhe com o percurso histórico como deve ser o seu ser e vai
continuamente construindo sua essência, que nunca está acabada. O homem,
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inicialmente, irá ser concebido pelas várias realizações, pela série de opções
que ele faz em face de cada momento de sua vida real. Em nenhum momento
da vida do homem se pode afirmar que ele é isso ou aquilo, de uma vez para
sempre. Como o homem constrói cotidianamente o seu ser, sem possuir
caráter inato ou uma essência fixa, sua concepção nunca se concretiza em vida,
e se preserva sempre em aberto até a o fim. No pensamento religioso, Deus é
o criador, um artífice superior que cria o ser humano com suas determinações
e “dessa forma, o homem individual realiza um determinado conceito que
existe no entendimento divino” (SARTRE, 2010, p. 24). Todavia, o conceito
filosófico de Deus, a partir no séc. XVIII, foi totalmente revisto, menos a ideia
que a essência precede a existência, mas isto já foi um passo interessante, para
mais tarde haver uma intervenção nas ordens de conceituações dos termos
essência e existência na vida do ser humano. Para Sartre, “mesmo que Deus
não exista, há ao menos um ser cuja existência precede a essência, um ser que
existe antes de poder ser definido por algum conceito, e tal ser é o homem ou,
como diz Heidegger, a realidade humana” (SARTRE, 2010, p. 25). Não é
preocupação do existencialismo provar a não existência de Deus. Deus
existindo ou não, não muda nada. O que está em jogo é o homem encontrar a
si mesmo e ter consciência de que nada poderá salvá-lo de si mesmo. Para
alguns pode até haver a certeza de que Deus exista, mas, mesmo assim, o
homem não poderá fugir de si mesmo. (Continua na próxima edição)
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Complexo Santuário do Caraça em Notícias Texto e fotos: Pe. Lauro Palú, C. M.
Caraça 2015
Para quem chega atualmente ao Caraça, a primeira coisa que impressiona é a estrada asfaltada, como está boa e bonita. Foi refeita e não apenas remendada, em 2013, como constou no álbum comemorativo dos 240 anos do Caraça, em matéria que retomamos aqui.
“COMO SE FAZ UMA BOA ESTRADA
Em abril de 2013, começou o trabalho do DER de Minas Gerais, recuperando a estrada do Caraça. Nas fotos, vemos em sequência quando as máquinas removeram, misturaram, reciclaram o asfalto anterior, já bastante precário, sendo seguidas pelas pesadíssimas máquinas que vinham socando e compactando o terreno, onde se misturou a terra, mais de um palmo em toda a extensão, com os restos do asfalto, uma boa quantidade de brita e cimento. Depois, jogam uma camada de piche, que impermeabiliza o leito da estrada, cobrindo-a depois com o asfalto, numa camada de 3 a 5 centímetros. Feita a estrada, foram pintadas as faixas de trânsito, preparadas e caiadas as canaletas laterais e finalmente fixados os “olhos-de-gato”, pouco aparentes de dia, mas brilhantes, branco, amarelo e vermelho, durante a noite, tornando nossa estrada muitíssimo segura, sensação que se tem quando saímos da BR 381, malfadada como rodovia da morte...
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REFORMAS NO CARAÇA
O Ecônomo do Caraça, Pe. Luís Carlos do Vale Fundão, sempre atento às necessidades da Casa, nestes últimos anos, sob a coordenação do Pe. Wilson Belloni e agora do Pe. Lauro Palú, tem feito reformas em vários setores. Foi reformado o refeitório Pe. Tobias (do café da manhã), com renovação do piso, melhoria no sistema de iluminação e construção da padaria, onde hoje se fabricam dezenas de tipos de pães e bolos, além de uma variedade enorme de biscoitos. Muito apreciada a reforma do fogão a lenha, onde os turistas se amontoam, para fritar ovos na chapa, esquentar e derreter o queijo, tostar a mortadela, preparar sua panqueca, etc. Seguiu-se a reforma da despensa e da cozinha, onde as secções foram separadas, para preparo das verduras, lavagem dos pratos, guarda dos utensílios, etc. Dali se passou ao refeitório grande (São José), com a adequação dos espaços para o serviço individual nos “fogões” (elétrico, para esfriar as saladas, e a lenha, para aquecer o self service), e para as mesas, especialmente a já famosa mesa dos doces e sobremesas aos sábados e domingos. Dado o problema da umidade ambiente, os quartos são constan-temente revistos, frequentemente pintados e diariamente arejados. Atualmente estão disponíveis, 149 leitos, sem a Casa das Sampaias, que está em processo de reforma (isto é, em constantes idas e vindas ao Patrimônio Histórico estadual, para que autorize as modificações necessárias). Também entrará em reformas urgentes a Casa dos Pesquisadores, sendo que os alojamos, nos outros quartos, sobretudo na Ala dos Irmãos (quartos e não apartamentos), quando enviados pelas Universidades, cobrando-lhes a taxa da casa deles. (No Engenho, francamente preferido por muitos hóspedes, por causa dos quartos novos, onde não há sinais de mofo e tudo parece recém-inaugurado, a ocupação tem aumentado muito, possibilitando ao Caraça ampliar o atendimento, especialmente nos feriados prolongados e nas férias). Um capítulo especial se pode dedicar à reforma da adega... Foi toda adequada às normas da saúde pública e dos ambientes de serviços sociais: pavimento, paredes, teto, máquinas de aço inoxidável, dornas metálicas, não mais as antigas de madeira. Houve treinamento dos Funcionários, com acompanhamento e assistência das entidades técnicas, universidade de Viçosa, Emater, etc. Retomamos a fabricação do hidromel, já fizemos as tinadas de fermentado de jabuticaba, vamos em seguida ao vinho de uva. E a ideia é retomar as várias produções tradicionais do Caraça: a grapa ou graspa, os fermentados, licores e conhaques de laranja, manga, banana, milho, etc.
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No Engenho, foi reformada a queijaria, dentro do processo de criação da região queijeira Entre Serras do Caraça e Piedade, apoiado pela Estrada Real e a FIEMG. Para a matéria prima, depois dos treinamentos dos Funcionários na região queijeira da Canastra, o Irmão Admar Francisco de Freitas fez vir um plantel de vacas leiteiras, de qualidade. Ainda no Engenho, houve reativação do pomar, em local mais soleado, com orientação da Universidade de Viçosa, que nos enviou Professores e Alunos, para nos orientar no plantio, no cuidado e nas podas (e o Caraça fica sendo um campus de treinamento para a moçada). A antiga horta do Engenho está sendo refeita e dirigida pelo Pe. José Gonzaga de Morais, com os Funcionários treinados também pela Emater e Viçosa. (No Caraça, a “explosão demográfica” dos jacus impede qualquer cultivo útil ao ar livre: só conseguimos as verduras nas estufas. E ali estão sendo cultivadas muitas verduras tradicionais, já caídas no esquecimento ou desaparecidas na região e que estamos multiplicando e difundindo entre os produtores da região, com as mesmas orientações técnicas de Viçosa Emater, Fiemg, Estrada Real e seus agentes multiplicadores). Na Prefeitura de Catas Altas, o Caraça conseguiu os selos de qualidade para seus produtos: vinhos, fermentados, hidromel, pães, bolos, doces em calda e em barra, queijos, etc.
Refeitório Pe.Tobias/Café da manhã
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Padaria Cozinha
Refeitório São José / Almoço e jantar
Doçaria
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Adega
Queijaria
Pomar Engenho
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Horta Engenho
Estufas
Sinalização nas Trilhas
Os 40 atrativos do Caraça (o Pe. Tobias gostava de repetir a exclamação
de um turista: Ô lugar pra ter lugar!”) estão agora bem sinalizados. Os turistas
apreciam o conjunto de informações, como a distância total, a partir da frente
da igreja, o grau de dificuldade, o tempo previsto de caminhada, as indicações
complementares e os cuidados a tomar, etc. É claro que sempre escapa alguma
coisa, mas o projeto foi bem preparado pela Coordenadora Ambiental do
Caraça, a bióloga Aline Lopes Abreu, com um financiamento da empresa
Anglogold Ashanti. Damos aqui dois exemplos da sinalização das trilhas antes
e depois desse projeto.
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Barragem do Tanque Grande
Primeiro, foi um achado casual, mas era Deus nos ajudando com sua
Providência. Apareceram, na barragem do Tanque Grande, um, depois dois e
três e quatro buracos, que se alargavam e aprofundavam, com uma água que
corria constantemente, já no fundo dos buracos, entrada primeiro nos lugares
onde apodreceram as raízes das árvores que acabaram crescendo, com o
tempo, sobre a barragem de terra. Ficamos literalmente apavorados com a
possibilidade do rompimento da barragem, cujas consequências poderiam
começar já na ponte do Caraça e se prolongar na ponte depois do Sumidouro
e em toda a baixada caracense, com tanta gente morando à beira do rio...
Recorremos a Deus e aos Santos, ao DER, à Prefeitura de Catas Altas, a uma
firma especializada em segurança de barragens, etc. O DER nos ajudou com
técnicos, mandou um pouco de material, deu as orientações e acompanhou
quase diariamente, por nossas fotos e nossos e-mails, o que estávamos
fazendo. Nossos Funcionários, chefiados pelo Daniel Júnior Muniz, foram
incansáveis, imaginosos, esforçados ao máximo.
Tivemos que baixar o nível da água em mais de três metros, com grossos
mangotes, para aliviar a pressão na barragem. Era triste ver o Tanque Grande
reduzido, com margens ressequidas rachando com o sol; mas também foi
muito instrutivo percorrer as margens e fotografar os rastros e os excrementos
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de todo tipo de mamíferos que iam beber as águas do Tanque e por ali se
aliviavam...
As obras consistiram em vedar as saídas de água para a usina, atualmente
desativada, em forrar a barragem com uma fila de sacos de areia e cimento,
cobri-los com a manta plástica, recobri-la com outra camada de sacos (3.400
sacos no total), encher os buracos iniciais de areia e cimento, na mistura técnica
recomendada, e bendizer a Deus que nos assistiu, antes, durante e depois da
obra.
O rompimento de uma barragem pequena da Samarco, depois da série de
pequenos tremores de terra ocorridos na região, nos recordou que houve um
tremor um pouco mais forte, na região do Capivari, há cerca de um ano e pouco
(e vamos receber a construção de um sismógrafo em nossa propriedade no
contexto da bateria de sismógrafos que o Brasil está fazendo, ao longo da
Cadeia do Espinhaço).
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Barreira entre a Ponte e o Banho do Imperador
Quando se refez a estrada, a partir de abril de 2013, o Pe. Lauro Palú pediu
ao DER uma atenção especial para o trecho entre o Banho do Imperador e a
ponte do Lara Rezende, pois o barranco descia verticalmente para a água, sem
nenhuma beira de terra que nos protegesse de um desbarrancamento sério,
sobretudo porque, do outro lado da pista, não há espaço para desvios, pois é a
base do cerro do Calvário, em pura pedra. O DER fez esta obra até rapidamente.
As fotos mostram o barranco que foi escavado, a base preparada para as
“gaiolas” de arame galvanizado que foram enchidas de pedra umas sobre as
outras, protegendo, esperamos que definitivamente, essa margem e
assegurando a continuidade de nossa passagem pela estrada, sem termos que
abrir uma variante e construir outra ponte...
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Afinal, a Ponte do Bode
Já fazia bem alguns anos que caíra a última tábua útil da Ponte do Bode,
que liga o Calvário com o lado de lá do rio, poupando quase meia hora de
caminhada para quem vai à Bocaina pelo Bosque do Pe. Leite. O Pe. Lauro Palú,
que frequentou muito essas trilhas para seus safáris fotográficos, vivia pedindo
a reconstrução da ponte.
Os eucaliptos vieram de perto do Buraco da Boiada. As tábuas foram
compradas. Faltam os corrimãos e a proteção lateral, mas já se passa com
segurança, porque a ponte é larga e sólida. Só a vista dessa passagem já anima
os turistas a enfrentar novos caminhos e chegar aos lugares mais rapidamente,
em segurança. Todo o trabalho foi feito por nossos Funcionários. O único
impossível era colocar sobre os vãos, das duas margens até ao apoio central no
meio do rio, os grandes eucaliptos. Só mesmo com guindaste.
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A Província em Ação
RELATÓRIO DA RESSONÂNCIA A RESPEITO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PROPOSTO À PBCM
– Belo Horizonte, 17 de junho de 2015 –
Aos 17 de junho de 2015, vários membros da PBCM reuniram-se no Complexo do Instituto São Vicente de Paulo para uma assessoria com Adilson Souza, do Axis Instituto, com o objetivo de refletirem a respeito do Planejamento Estratégico (P. E.) proposto à PBCM. Após um dia de assessoria fizemos a ressonância sobre tal Planejamento e chegamos às seguintes conclusões: É real a necessidade de olharmos para a Província, como um todo e repen-
sarmos nossas obras, a partir de um P. E. consistente e participativo. Precisa-mos de um P. E. que nos ajude a dar passos em uma Província reconfigurada, que nos ajude a tornar mais vicentinas nossas paróquias.
A Formação Inicial tem passado, nos últimos anos, por momentos de instabi-lidade no que concerne à composição das casas de formação bem como à alternância entre os Institutos onde estudam os nossos. O P. E., certamente, poderá ajudar-nos a delinear meios estratégicos que nos levem reformular a formação inicial numa perspectiva de mais constância e estabilidade.
No que ainda diz respeito à Formação Inicial, o P. E. poderá colaborar para que sejam implementadas nesta etapa matérias ou cursos que possibilitem aos estudantes o contato com a administração de nossos bens.
Recordou-se que a PBCM tem um plano para três gestões, além de vários outros documentos de trabalho que, se os concretizamos efetivamente, po-derão ajudar-nos a caminhar com mais leveza. De fato, são muitos os docu-mentos, no âmbito do planejamento, que já temos preparados e que foram feitos justamente para a caminhada das Casas e Obras da Província. Precisa-mos saber aonde queremos chegar, explicitar tais documentos e executá-los, tornando-os ações concretas.
Nossa dificuldade tem sido aterrissar os planejamentos que temos; somos conscientes de que são ricos e bem feitos, porém não conseguimos desdo-brá-los. Um P. E. nos ajudará a levá-los a realizar o que nos pedem nossos planejamentos.
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Refletimos que o P. E. deve ser, inicialmente, feito em um plano macro, para toda a Província e, posteriormente, poderemos pensá-lo de modo mais setori-zado no que diz respeito a particularidade de nossas diversas Casas e Obras.
Em nosso caso, como Sociedade de Vida Apostólica, nosso P. E. deverá inci-tar-nos a não vivê-lo somente na dimensão técnica, mas favorecendo o fo-mento da fraternidade e o reconhecimento de que somos uma família, da qual conscientemente quisemos fazer parte por vocação.
O P. E. poderá colaborar para que criemos uma consciência, uma mentali-dade que nos direcione a pensar sobre a sustentabilidade de nossas obras. Como consequência disto, muitos Coirmãos pensam que devemos setorizar o P.E., tendo o cuidado de olhar para cada Obra, implementando políticas, e estratégias que nos ajudem a gerir de modo eficaz e evangélico aquilo que nos foi confiado.
O P. E. nos possibilitará dar continuidade ao trabalho que temos e que foi iniciado por outros, aqueles que nos antecederam, sem anular ações prévias e viver “recomeçando do zero” nos lugares aos quais somos enviados. Atra-vés dele recordaremos nossa história e reconheceremos sua validade para nossos dias.
Sem metodologia, estratégia e atos concretos, é difícil alcançar objetivos e concretizá-los. Com o P.E. poderemos adquirir uma visão sistêmica que nos ajude a atingir nossas metas através de um planejamento bem elaborado.
Possivelmente o P. E. nos possibilitará refletir sobre “como” e “em nome de quem” cada coisa está sendo feita; traçaremos novos programas e elimina-remos os obsoletos, assim como eliminaremos de nossos planejamentos as linhas de ação já superadas.
Reconhecemos nesta ressonância, que ainda é necessário fazer com que alguns Coirmãos se sintam membros da Província, assumindo também a responsabili-dade de realizarem os seus planejamentos locais. O Planejamento da Província está ligado ao planejamento de cada Casa ou Obra.
Este Relatório de tal ressonância nos faz entrever que entendemos como necessário e urgente um P. E. que nos coloque no centro dos trabalhos de nossa Província, como protagonistas e corresponsáveis pela execução conjunta de cada uma de suas movimentações.
Pe. Denilson Matias, C. M.
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Espiritualidade Vicentina
- A Espiritualidade Vicentina: Uma experiência de Alteridade –
Pe. Denilson Matias, C. M.
A experiência espiritual de Vicente de Paulo, no concreto de sua vida, do
ponto de vista de seu processo de conversão, é uma experiência de alteridade5,
experiência de verdadeira interação e de vivência profunda do “eu-tu”, mar-
cada pela dimensão da fé. Foi na cotidianidade daquilo que viveu, que ele se
deixou moldar pelas mãos do Senhor, como barro nas mãos do oleiro (Cf. Jr
18). Primeiro, neste deixar-se moldar por Deus, ele viveu um processo de con-
versão sem a clara consciência da ação do Espírito que reformulava suas inten-
ções primeiras, relacionadas à sua vocação sacerdotal, abraçada num propósito
inicial de enriquecimento. Paulatinamente será revelada a Vicente de Paulo a
maravilhosa face de um Deus que de sua misericórdia e compaixão se faz ser-
viço, se faz entrega e doação àqueles que sofrem, à humanidade ferida; esten-
dendo seus braços para abraçá-la no mais profundo de seu sofrimento, mos-
trando-se como Deus-relação. Vicente desenvolve uma relação pessoal com o
Deus de Jesus Cristo que entra em contato conosco, revelando-nos seu rosto,
numa relação cara-a-cara baseada no diálogo, na fidelidade e na entrega de si
mesmo. O Deus conhecido por Vicente de Paulo, a imagem de Jesus que ele
descobre e a experiência do Espírito que ele faz alicerçam sua vida na experi-
ência trinitária d’Aquele que preferiu estar ao lado do órfão, da viúva e do es-
trangeiro6. É um Deus que, como Outro, quis relacionar-se conosco7; por isto
esta alteridade maiúscula e divina faz-se também humana e entra no jogo da
nossa vida. Esta alteridade transcendental, horizonte último de sentido para a
existência humana, é um eu-comunitário e fraternalmente relacional em suas
5 A Alteridade não é apenas uma qualidade do outro, é sua realidade, sua instância, a verdade do seu ser e, por isso, para nós, torna-se muito fácil uma permanência na coletividade e na camaradagem – difícil e sublime é co-habitar com a diferença, é viver o eu-tu profundamente (HADDOCK-LOBO, Rafael. Da existência ao infinito: Ensaios sobre Emmanuel Lévinas. São Paulo: Loyola, 2006. p. 48). 6 Fala-se desses grupos sociais num sentido sempre restrito, definido e inserido numa determinada situação de demanda, de pessoas que se veem envolvidas numa esfera de violação de seus direitos e, ao mesmo tempo, têm consciência de que, sem a proteção legal, se encontram à mercê da própria sorte, isto é, correm o risco de morte. (FRIZZO, Antônio Carlos. A Trilogia Social: estrangeiro, órfão e viúva no Deuteronômio e sua recepção na Mishná. Tese (Doutorado em Teologia)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. p. 34) 7 A Divindade, como alteridade comunitária-transcendental (Trindade - Deus), relaciona-se de modo único e amoroso com a humanidade, alteridade comunitária-imanente (homens, mulheres – comunidade de fé), em sua totalidade.
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três pessoas e vem a nós, ao nosso encontro de modo humilde, simples, dese-
jando conversar.
A experiência espiritual de Vicente de Paulo parte desta experiência de
alteridade; de uma experiência de fé oriunda do reconhecimento da divindade
no humano (a encarnação do Verbo); principalmente no humano fragmentado;
“nadificado” no seu núcleo definidor, em sua humanidade empobrecida, ago-
nizante e aprisionada pelos sistemas de estruturas que visam matar e oprimir.
A experiência de Deus que Vicente de Paulo faz é realizada num contexto
determinado; no sombrio cenário francês dos fins do séc. XVII e princípios do
séc. XVIII; tempos marcados pela tríade de peste, fome e guerra. É precisa-
mente aí que ele assume sua tarefa vital, o desenlace de sua vocação que se dá
na saída de si mesmo para a abertura ao Outro, no desenvolver de sua respon-
sabilidade pelo Outro: “É a sensibilidade de um-para-o-outro, que permite a um
receber o outro. Um ser humano sensível e singularizado que recebe sensivel-
mente o outro, como comida saborosa que alimenta, como roupa que cobre e
agasalha, como a água que mata a sede, como teto que cobre, etc. Um ser hu-
mano sensível e singularizado que recebe sensivelmente o outro ser humano
como uma Alteridade que lhe está concernida quando este lhe aparece com
fome, frio, sede, enfermo, sofredor, pobre, indigente, etc.” 8. Na perspectiva da
alteridade, Vicente experimenta Deus e se abre a um processo gradual de con-
versão. Não existe conversão (metanoia), este processo de profunda transfor-
mação das condutas moral e espiritual, que não leve em consideração o Outro
abandonado à sua própria sorte.
A alteridade, a relação de comunhão com o Outro enquanto próximo,
encontra seu cume em Jesus Cristo. É através dele que Deus se revela para a
humanidade e é Jesus que nos ensina a nos relacionarmos com os demais e
com seu Pai, que é nosso Pai. Esse modelo de relação ensinado por Jesus nos
mostra que o Outro merece todo o respeito e todo o amor. A medida deste
amor é o amor de Deus que nos amou até o fim. E finalmente nos ficará a men-
sagem de que a este Jesus Cristo que nos revela Deus, podemos encontrá-lo no
Outro, no pobre, no que sofre, e podemos acessá-lo através do amor, o único
8 COSTA, Márcio Luiz. Lévinas: uma introdução. Petrópolis: Vozes, 1999. P. 167.
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que nos resta9. Vicente de Paulo aprendeu, aos poucos, a contemplar e a com-
preender a Jesus como Deus encarnado na humanidade; não só o Deus encar-
nado, mas o Deus que assume em si mesmo as dores, as misérias e as mazelas
da humanidade inteira, para redimi-la e salvá-la do mal. São Vicente redesco-
bre Deus como aquele que está presente e encarnado no pobre e em sua po-
breza. Em seu processo de Kenosis, Deus se esvazia de si mesmo convidando-
nos à experiência da alteridade com ele. É um esvaziamento silencioso, dis-
creto, que não invade o espaço da criatura, que não agride; respeita a alteri-
dade de cada coisa e convida cada coisa para uma relação com a sua própria
alteridade encarnada, pretendendo ser encontrado no diálogo avindo da liber-
dade10.
Em uma época marcada pela tragédia e miséria do povo, Vicente de Paulo
fez o movimento de saída de si mesmo. Aprendeu a esvaziar-se de suas vonta-
des e de seu querer, para encher-se do Deus de Jesus Cristo. Este movimento
o conduziu a uma via espiritual que o ajudou a compreender a necessidade do
desapego daquilo que pode, somente, favorecer a nós mesmos para entrar na
dinâmica da liberdade do serviço e do diálogo com o próximo, que é a dinâmica
da entrega total aos que mais precisam. Neste sentido, a espiritualidade vicen-
tina é um convite a uma relação transparente não com o “próximo com quem
queremos estar”; porque nos faz bem, porque podemos manipular ou tentar
possuir. Esta espiritualidade nos ajuda a contemplar o rosto de Deus no sofri-
mento, na dor, na pobreza, na pequenez, na humilhação e no pranto dos mise-
ráveis. A espiritualidade vicentina nasce do esvaziamento de nós mesmos e da
abertura para com o próximo, nasce de um profundo e verdadeiro desejo evan-
gélico de dialogar com os pobres. É a espiritualidade que nos convida à relação
com o próximo, que é o Outro enquanto ser humano livre, que não pode ser
possuído ou manipulado, é o outro enquanto interpelação a um diálogo que
passa pela via da sensibilização, do cuidado e da gratuidade.
A espiritualidade vicentina é uma fonte riquíssima que nos ajuda a redes-
cobrir a face de Deus e a compreender o que Ele quer de nós. Afirmo sem medo
9 ARGIRO, Restrepo Sierra. La revelación según René Latourelle. Tesi Gregoriana; Serie Teologia 60, Editrice Pontificia Università Gregoriana;
Roma, 2000. P. 165-166. 10 HACKMANN, Pe. Geraldo L. B. (organizador). Sub umbris fideliter: Festschrift em homenagem a Frei Boaventura Kloppenburg. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 1999. P. 236-237.
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que a espiritualidade vicentina é a espiritualidade da alteridade. Somos chama-
dos a exercê-la hoje, nos mais diversos contextos onde estamos inseridos.
Infelizmente, o ser humano tem se deixado corromper pelo egoísmo,
pelo individualismo, pela técnica que visa o lucro e, deste modo, tem gerado
um mundo de desigualdades sociais, de fome, de dor, alicerçado na miséria
humana e na insensibilidade. Neste contexto amedrontador somos convidados
a reconhecer, por uma questão ética e por uma questão de fé, que não somos
os únicos no mundo. Um senso de reconhecimento da pobreza alheia que nos
chega através da experiência de conversão de nossas atitudes nos revela a face
do outro, em sua nudez, em seu despojamento e em suas necessidades mais
profundas. A experiência vicentina nos remete à dimensão de uma vida comu-
nitária, de relações que provocam em nós verdadeiras mudanças de atitudes,
levando-nos a dar respostas concretas frente à dor do próximo e levando-nos
a ser responsáveis pelo outro em seus limites e em sua vulnerabilidade.
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Memória
Padre Jorge Xavier de Oliveira, C. M. 28-09-1920 - +12-10-2015
Morreu o Pe. Xavier, que após trinta anos de exílio, retornou ao meio dos
coirmãos. Apareceu como meteoro, que se apagou aos 95 anos de vida. Fugaz
figura em várias casas da PBCM, surgiu e se apagou. Deixou sempre por onde
andou, marca indelével. Conheci-o no Caraça, sua primeira colocação, após a
ordenação sacerdotal em 5-10-1947.
Era meu terceiro ano como apostólico, naquele santuário do saber. Veio
substituir o Pe. Manoel Torres, C. M., transferido para Diamantina, MG. Chegou
sem ruído e apenas com maleta de mão. Parece que nada trouxe, além de
vestes e do breviário. Fomos aos poucos conhecendo a luminosidade daquela
estrela, que não perdia sua claridade de dia e de noite.
Afável. Elegante nos modos de agir numa simplicidade vicentina. Foi logo
conquistando a admiração, carinho e amizade de todos os apostólicos.
Excelente confessor. Como não estudara no Caraça, não herdou as manias de
antanho. Era tudo novo. Fazia o roteiro no dia a dia, para aulas, muito bem
administradas, e recreios.
Fez o seminário menor em Botucatu, SP. Conheceu ai os Padres de São
Vicente e se encantou pela piedade e exemplos de seus mestres. Resolveu
segui-los, indo para Petrópolis, RJ, onde fez o Noviciado e os estudos de
Filosofia e Teologia. Pronunciou os Santos Votos em 8-12-1942. Recebeu a
ordenação sacerdotal de Dom Jorge, Bispo auxiliar do Cardeal do Rio de
Janeiro, em 5-10-1947.
Seus pais: Joaquim Xavier da Silva e Ernestina Xavier de Oliveira. Este
homem, todo de Deus, deixou de vez todos os seus, dedicando-se à vida
missionária. Professor sagaz. Rara inteligência. Poliglota. Falava, pelo menos,
sete línguas, além da nossa. Doutor em todas as matérias foi meu professor de
grego e trigonometria, no último ano de Caraça. Percorreu várias casas da
Província. Em Diamantina, MG, além do magistério que exercia, cursou
Odontologia, sendo o primeiro classificado no vestibular e sempre o melhor em
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todo o curso. Em 1966 fui encontrá-lo no Santuário de Matoso, no Rio de
Janeiro. Daí foi para Itaquera- SP, como capelão das Filhas da Caridade de São
Vicente de Paulo. Convidado por Dom Misiara, seu ex-colega de Botucatu,
Bispo de Bragança Paulista, SP. Lá se dedicou à Formação do Clero, depois
deixou o magistério e foi ser Vigário Paroquial em Atibaia – SP, até que lhe
faltassem as forças pela longevidade. Já bastante enfermo, visitado pelo senhor
Padre Provincial, que o convenceu a vir se tratar na Casa Dom Viçoso, Belo
Horizonte.
Veio cheio de esperança para restabelecer-se e voltar ao seu campo de
atividades, foi o que me dissera em várias visitas feitas a ele. Estava entre os
seus irmãos congregados, mas por pouco tempo. Conforme o agravamento do
problema dos rins, foi internado na UTI do Hospital Madre Teresa por mais de
dois meses.
Recebida alta hospitalar, voltou para o meio dos coirmãos, confortado
com todos os sacramentos da Igreja e bem cuidado pelo médico e pelas
enfermeiras. Migrou para a casa definitiva e eterna do Pai, em 12-10-2015.
Havia completado 95 anos em 28-09-2015. Assim se apagou esta rutilante
estrela. Descanse, agora, na paz de Deus.
Pe. Célio M. Dell’Amore, C. M.
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Notícias
Encontro de Comunicação da SSVP (ENCOM-2015)
Aconteceu no Rio de Janeiro, de 23 a 25 de outubro de 2015, o IX Encontro Nacional de Comunicação da Socie-dade de São Vicente de Paulo (Encom),
realizado no Centro de Acolhida Missionária, em Santa Teresa. Com o tema: A Comunicação Vicentina e a Rede de Caridade no século XXI – oportunidades e desafios; e o lema: Comunicar é servir.
Estiveram presentes cerca de 60 vicentinos de 30 Conse-lhos Metropolitanos do País, que são os Presidentes e
coordenadores de Decom (Departamento de Comunicação) e dentre os participantes havia dois seminaristas da Província Brasileira da Congregação da Missão (PBCM).
A programação era muito intensa e cheia de atividades, como formações, oficinas e dinâmicas, com intuito de aprimorar o conhecimento dos vicentinos para trabalhos de propaganda, postagens em redes sociais, redação e comunicação estratégica para melhor servir os Pobres. Destacamos a noite do dia 23, quando, numa profunda oração, abriram-se as atividades do Encom-2015, quando os confrades e consócias reproduziram o gesto do principal fundador, confrade Antonio Frederico Ozanam, que procurava sempre a prática da oração em tudo o que fazia.
Durante todo o evento, a dimensão espiritual foi um dos aspectos mais fortes, conduzida pelo padre Alexandre Nahass Franco, C. M. (Assessor Espiritual do Conselho Nacional do Brasil), que, em todo momento, procurava dar ânimo e orientações concernentes aos princípios cristãos, para que as ações dos vicentinos fossem empreendidas em favor dos Pobres, e neles, vissem Cristo vivo!
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Salientamos que o encontro foi de grande importância para os assessores de comunicação da Sociedade de São Vicente de Paulo, pois contou com assessorias, nas áreas de jornalismo, redes sociais e comunicação, e com a apresentação do livro do ano temático da SSVP, feita pelo o padre Mizaél Poggioli (Assessor Espiritual do CMSP), que nos motivou a termos um olhar de caridade cada vez maior, para servir os Pobres com as ferramentas disponíveis para a evangelização.
Para o diretor internacional de Comunicação da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), confrade Sebastián Gramajo, que estava presente no evento, “o Encom, assim como toda comunicação brasileira, serve de inspiração, e o Brasil tem um modelo de comunicação cujo exemplo todos os países do mundo precisariam seguir, pois nem todos os países têm estas tecnologias e alguns as têm e não utilizam bem”.
As preocupações que mais nos chamaram a atenção neste encontro foram: a abordagem da mídia e a transformação social como meio de evangelização nos dias de hoje. É preciso olhar para as redes sociais do século XXI para poder comunicar com “olhar de caridade” e assim adotar posturas que sejam condizentes com o testemunho cristão, a exemplo de postagens de evangelização em redes sociais.
Enfim, durante o encontro foi possível notar a preocupação que existe na SSVP em transmitir as informações aos seus leitores, sobretudo aos Pobres. É preciso comunicar para transformar a realidade. Todos nós somos comunicadores do Pai, e como discípulos missionários somos chamados a viver em missão. Que os meios de comunicação nos façam mais próximos para melhor servir e amar.
Ramon Aurélio Vinícius Alves de Oliveira, C. M.
Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2015 Solenidade do Divino Mestre
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ORAÇÃO DO ENCONTRO DE COMUNICAÇÃO 2015
Ó Deus, para comunicar vosso amor aos seres humanos enviastes vosso
Filho, Jesus Cristo, e o constituístes Mestre, Caminho, Verdade e Vida
da humanidade! Concedei-nos a graça de utilizar os meios de
comunicação social - imprensa, cinema, rádio, internet, audiovisuais,
redes sociais - para a manifestação de vossa imensa bondade e a
promoção dos mais pobres! A partir do testemunho do Bem-
Aventurado Antônio Frederico Ozanam, suscitai Comunica-dores
Vicentinos para essa importante missão! Inspirai pessoas de boa
vontade a colaborarem com a oração, a ação e o auxílio material, para
que a Família Vicentina anuncie o Evangelho aos Pobres,
testemunhando sempre que “Comunicar é Servir”, por meio da
“Comunicação Vicentina e da Rede de Caridade no século XXI”. Amém!
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Missões da Família Vicentina
Regionais do Rio de Janeiro e Belo Horizonte
Rua Cosme Velho, 241 - CEP 21241-125 – Rio de Janeiro – R J
Fone: (21) 3235-2900
E-mail: [email protected]
Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2015
Caríssima(o) Leiga(o) Missionária(o) Vicentina(o),
“A grande necessidade da Igreja é ter homens evangélicos, que trabalhem para purificá-
la, iluminá-la e uni-la a seu Divino Esposo” (SV III, 202).
Como é do seu conhecimento, de 16 a 30 de janeiro de 2016,
realizaremos as Santas Missões Populares da Família Vicentina, na Paróquia
Nossa Senhora da Conceição, em Japeri (RJ), Diocese de Nova Iguaçu (RJ). O
bispo diocesano, desde 22/9/2002, é D. Luciano Borgamin, italiano, dos
Cônegos Regulares Lateranenses, e o pároco é Pe. Paulo César Machado,
diocesano, auxiliado pelo Diácono Permanente Francisco Sales Filho. A Região
7 da Diocese de Nova Iguaçu é constituída pelas 2 Paróquias de Japeri (Paróquia
Nosso Senhor do Bonfim e Paróquia Nossa Senhora da Conceição) e pelas 2
Paróquias de Paracambi (Paróquia São Sebastião e Paróquia São Pedro e São
Paulo). Em Japeri, com menos de 30 mil habitantes, encontram-se os mais
baixos índices de qualidade de vida, em todos os sentidos. As lideranças, muitas
vezes dependentes profissionalmente do poder público, resistem a projetos
mais políticos por medo de perder o emprego. Ainda persiste um coronelismo
velado. Japeri, até há pouco tempo, era um lugar muito tranquilo. A criação das
UPP’s no Rio de Janeiro forçou a saída de pessoas ligadas à criminalidade que
se refugiaram em outras regiões do estado, o que tem contribuído para o
aumento da violência no lugar. Existe bastante Pentecostalismo na região de
Japeri, especialmente na linha da Assembleia de Deus, embora algumas igrejas
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mais recentes, como a “Nova Vida”, já venham conquistando adeptos. A
Paróquia Nossa Senhora da Conceição é formada por 5 Comunidades nos
bairros e 2 comunidades na área rural (com poucos moradores residentes). A
Assembleia Diocesana concluída em maio deste ano elegeu como urgências:
“Uma igreja, Comunidade de Comunidades; em estado permanente de Missão; que
está buscando caminhos de evangelização para a Família e a Juventude”.
Apresentamos a seguir, alguns elementos da realidade a ser missionada e sugestões de atividades.
FORÇAS DE CRESCIMENTO
1. A Comunidade conta com bom número de lideranças leigas.
2. Conselhos Comunitários em todas as Comunidades
3. Catequese Eucarística em todas as Comunidades; preparação para o
Sacramento do Batismo em 4 Comunidades e preparação para o
Sacramento da Crisma (Matriz)
4. Muitos Movimentos e Associações: Sociedade de São Vicente de Paulo,
Congregação Mariana, Renovação Carismática Católica, Aliança de Casais,
Legião de Maria, Apostolado da Oração e Ministros da Eucaristia.
5. Pastoral da Criança (Paroquial) e do Dízimo (em todas as Comunidades)
6. ONG “Anda Japeri” de cunho ecológico.
DESAFIOS – DIFICULDADES
1. Baixos índices de qualidade de vida, em todos os sentidos.
2. Dependência do Poder Público / medo de perder o emprego.
3. Aumento dos sinais e episódios de violência.
4. Drogas.
5. Pluralismo religioso, em especial religiões pentecostais.
6. Precariedade nas áreas da saúde (apenas 3 postos de saúde na cidade,
ausência de atendimento hospitalar) e da educação (IDEB: Ensino
Fundamental (2013): 4,3 nas séries iniciais e 3,1 nas séries finais).
7. Não possui agência bancária, apenas caixa eletrônico 24 horas.
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SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
1. Visitas às Famílias; atenção especial aos mais pobres, aos idosos, aos doen-
tes e aos católicos afastados.
2. Reunião com o Conselho Comunitário, onde existir.
3. Participação nas reuniões dos grupos e das pastorais, sempre que possível.
4. Atividades com as Crianças e os Adolescentes.
5. Jovens; animar/fortalecer os grupos que existem; procurar alcançar os
jovens afastados.
6. Reunião com as Famílias.
7. Pastoral Vocacional; vocação dos leigos; os serviços na comunidade;
despertar novos agente.
8. Formação Bíblica – Grupos de Reflexão.
OBSERVAÇÕES:
1. O Caderno de Subsídios que fornecemos não abrange todas as atividades
que poderão ser desenvolvidas. É importante que cada missionário leve o
subsídio que julgar necessário para desenvolver bem o seu trabalho.
2. Alguns objetos que não podem faltar na bagagem: além da Bíblia, caderno
para anotações ou agenda; roupa de cama (o clima costuma ser bastante
quente, mas não garantimos que, um dia ou outro, lá pela madrugada não
esfrie um pouco); material de higiene pessoal; repelente...
3. Os missionários devem ficar hospedados nas famílias, visando a partilha de
vida e um melhor conhecimento da realidade das famílias do local e do
entrosamento com elas.
4. Nunca é demais relembrar que o Testemunho de Vida cristã é fundamental
para que as Santas Missões produzam bons frutos.
5. No dia 16 de janeiro, os missionários de fora deverão chegar bem cedo a
Japeri. Será servido um café de boas-vindas e no mesmo local permanecerão
até às 17 horas, quando serão recebidos pelas famílias acolhedoras.
6. Em todas a comunidades devemos desenvolver o seguinte trabalho:
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6.1. Alguma forma de participação na condição de vida da comunidade e das
pessoas. Viver a vida que o povo vive. Se não houver nenhuma atividade
especificamente religiosa para realizar, participar da vida cotidiana do povo,
no que for possível. Evite ficar em casa desocupado ou “descansando” o dia
inteiro.
6.2. Procure visitar todas as casas, independente do credo religioso que a
família professa. Além da presença amiga, da conversa descontraída e
informal, orar pela família, pelas crianças, pelos doentes, abençoar a casa se
a família manifestar interesse...
6.3. Realizar, pelo menos, uma atividade ligada à área de formação ou
encontro com a Comunidade em geral ou grupo específico: catequistas,
jovens, ministros da Eucaristia, Conselho de Pastoral da Comunidade, Casais
etc.
6.4.Realizar, pelo menos, uma atividade celebrativa: Celebração Eucarística;
Celebração da Palavra; Celebração da Penitência; Via-Sacra; Caminhada;
Terço missionários ou outras; etc.
Se há qualquer dúvida entre em contato conosco para esclarecimentos.
Abraços do amigo,
Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M.
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ORAÇÃO PELAS SANTAS MISSÕES
Deus, Pai de bondade, que, pelo batismo,
nos chamas a dar testemunho de nossa Fé,
abençoa as Santas Missões Populares Vicentinas,
que se realizarão na Paróquia Nossa Senhora
da Conceição, em Japeri.
Renova a fé, o ardor missionário
e fortalece todos aqueles
que estarão a serviço das Santas Missões,
a fim de que possam anunciar o teu Reino
e trabalhar com coragem na sua construção.
Espírito Santo de amor vai à frente dos missionários
e torna receptivos todos aqueles
que ouvirão o anúncio do nome de Jesus Cristo
e do Reino de Deus.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
Mãe de Deus e nossa,
abençoa as Santas Missões
para que elas contribuam para a construção
de uma sociedade mais justa e solidária,
sinal do Reino Definitivo. AMÉM!
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ENEV 2015
Entre 21 e 25 de julho acon-teceu no Seminário Interprovin-cial Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, PR, o 32° Encontro Nacional dos Estudantes Vicenti-nos – ENEV. O tema trabalhado durantes estes dias foi: “Inter-provincialidade: Desafios, Pers-pectivas e Criatividade Missioná-ria”, com o assessor Padre Visita-dor da CMPS, Fabiano Spisla.
Tivemos representações das Três Províncias do Brasil. O assessor deixou
bem claro qual o fim da Congregação da Missão: “O FIM DA CONGREGAÇÃO DA
MISSÃO É SEGUIR CRISTO EVANGELIZADOR DOS POBRES” (Cf. CC 1). Foi com
este pensar que São Vicente de Paulo fundou a Congregação da Missão presente
em 86 países. Não podemos pensar as províncias de maneira isolada, somos um
conjunto. Devemos evangelizar os pobres, formar o clero e os leigos e ainda
buscar a nossa santificação pessoal. Sabe-se que a santificação pessoal é uma
luta, uma conquista. Necessitamos estar preparados para evangelizar. A desti-
nação a evangelizar os pobres é um dos pilares que constituem a nossa identi-
dade vicentina, podemos afirmar que é um “Pilar Mestre”. Somos destinados
para os Pobres do Mundo, como dizia São Vicente, “Somos missionários para o
mundo”. Jamais esquecer o que nosso santo fundador nos pede, “cuidar e as-
sistir os Pobres”.
Se estivermos atentos ao Evange-
lho, vamos comprovando que Jesus não
tinha outros em sua companhia a não
ser os Pobres. Servir, não de qualquer
maneira, mas com caridade prática e
concreta, não esquecendo das virtudes
vicentinas, pois eles (os pobres) são nos-
sos “mestres e senhores”. Ao refletir so-
bre nosso carisma, vamos percebendo
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que não podemos ficar estagnados; carisma vicentino é carisma missionário.
Enfim, o encontro foi marcado com grandes momentos a saber, oração, cele-
bração eucarística, lazer, visitas às paróquias de Catanduvas e Contenda e pas-
seio cultural em Curitiba. O coroamento se deu com a celebração Eucarística na
comunidade São Francisco de Assis, Jardim Gabineto, presidida por Pe. Ilson
Hübner.
O próximo ENEV será realizado na Província do Rio, com local e data a de-
finir. O tema será sobre a “Interprovincialidade e a Ratio Formationis” (Forma-
ção como geradora da interprovincialidade da CM no Brasil).
Que Deus, São Vicente e a Virgem das Graças possam nos conduzir e aben-
çoar, pois “nossa vocação não é ir somente a uma paróquia ou a uma diocese,
mas ir ao mundo inteiro”.
Gustavo Alivino Silva, C. M.
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II Jornada JMV Rio 2015
Agradeço a Deus e a PBCM por haver tornado possível a minha participa-ção na II Jornada da Juventude Mariana Vicentina – JMV da Província Rio, rea-lizada de 25 a 27 de setembro de 2015, em Petrópolis – RJ. O evento trouxe como tema central “Sejam Protagonista das Mudanças”, ideia inspirada nas pa-lavras do Papa Francisco quando também esteve no Rio na Jornada Mundial da Juventude de 2013.
Participamos do encontro, mais de 200 jovens, filhas da caridade, semina-ristas e padres provenientes das seguintes províncias: Curitiba, Recife e Rio de Janeiro – de forma direta, e Amazonas e Fortaleza - de forma indireta.
A acolhida se deu na sexta-feira, dia 25, no período da tarde, quando cada
delegação também foi convidada a montar os seus stands. No sábado, dia 26, vivenciou-se a Palestra Magna, ministrada por Silvana Nascimento, jovem da JMV Corrêas, apresentando diversas dicas de como o jovem de hoje pode ser protagonista de sua própria vida. Concluiu-se com a Adoração ao Santíssimo, enfatizando que só no encontro pessoal com Cristo os jovens encontram sua vitalidade para evangelizar a realidade em que vivem. Bem como, durante uma segunda palestra, ministrada por Valcir Rangel, Desembocado e Assessor da JMV Taubaté, que discorreu sobre as atitudes que deve tomar o jovem para aproximar-se da Cruz de Cristo. Durante o dia houve atividades culturais, tais como: oficinas de arte, literatura, jazz, zumba, música etc. Assim mesmo um passeio turístico pela cidade anfitriã e oficinas formativas: “Ir contra a cor-
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rente”, “Apostar em grandes ideais” e “Ser revolucionário”. Um dos pontos al-tos do encontro foi a visita do bispo local, Dom Gregório Paixão, OSB, que du-rante a sua saudação contou três historinhas que trouxeram ensinamentos inesquecíveis à vida dos presentes. Já durante a noite rezamos o terço luminoso e fechamos o dia com uma noite cultural.
No domingo, 27, Bruno Mattos, Desembocado da JMV Rio, desenvolveu o tema: “Servir sem medo”, tendo como inspiração São Vicente de Paulo, e ainda outros exemplos, como a Maria do Magnificat e o Cristo Servidor e Evangeliza-dor dos Pobres; parafraseou o Papa Francisco, quando estimula os jovens a ser-vir sem medo e recomendou aos presentes atuar observando os sinais dos tem-pos, como o fez Vicente de Paulo. Ainda que à tarde a programação trouxesse atividades esportivas, o encontro foi encerrado oficialmente ao meio dia, com uma missa presidida pelo Pe. Alexandre Nahass, C. M. – Diretor Provincial da JMV, e concelebrada pelo Pe. Gentil Pereira, PF – Desembocado.
O encontro foi revitalizante. O entusiasmo juvenil, o cuidado com que tudo foi preparado, pelo Conselho da JMV Rio, assessorado pela Ir. Rizomar Figueiredo, FC, demonstra a proteção de Maria sobre a Associação, que busca amar como a Virgem, ser como Jesus e servir como São Vicente. Concluo esse relato com uma das histórias de Dom Gregório, que diz sobre um garotinho que esperava, em casa, com duas maçãs, seu pai voltar do trabalho. Uma vez em casa, o menino perguntou se o pai aceitava uma das maçãs, o pai respondeu que sim, a criança mordeu uma e outra maçã, e em seguida entregou uma ao pai, que ficou atônito e quis saber se era isso que ele tinha ensinado “dar fruta mordida aos outros?”... e o menino disse que tinha provado as maçãs para lhe ofertar a mais doce. Assim também, Jesus teve muitas experiências aqui na terra, mais quis entregar à Família Vicentina a ação mais nobre, servir e evan-gelizar os pobres.
Cleber Teodósio Estudante C. M. (Filosofia)
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Filosofado Interprovincial em Curitiba
O ano de 2015 é marco referencial para o processo de reconfiguração, es-
timulado pela 41ª Assembleia Geral da Congregação da Missão, pois nele deu-
se início em Curitiba – PR o Seminário Interprovincial de Filosofia da C. M. do
Brasil.
O Seminário Interprovincial de Filosofia Nossa Senhora das Graças, das Províncias Brasileiras da Congregação da Missão começou, solenemente, no domingo 1º de fevereiro de 2015, com a missa presidida pelos Visitadores das três províncias, a saber: Pe. Evaldo Carvalho, Província de Fortaleza da Congre-gação da Missão – PFCM, Pe. Fabiano Spisla, Congregação da Missão Província do Sul – CMPS, e Pe. Geraldo Eustáquio Mol Santos, Província Brasileira da Con-gregação da Missão – PBCM. A integração de mais uma etapa formativa (anos atrás foi à vez do Seminário Interno), faz parte do processo de reconfiguração da Congregação da Missão no Brasil. O Seminário funciona nas instalações onde a CMPS tinha seu Seminário de Filosofia Nossa Senhora das Graças, situado à Rua da Pedreira, 250, Bairro Or-leans, Curitiba – PR. Nessa mesma casa, continuarão funcionando o Seminário maior de Teologia da Província do Sul, e a sede da Pastoral Rodoviária, bem como parte da edificação continuará como Casa de Formação Permanente.
São três os diretores da experiência, um de cada província: Pe. Cesar Car-los Gonçalves (PFCM), Diretor Espiritual; Pe. Ilson Luis Hubner (CMPS), Diretor
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da Formação Humana e Intelectual, e Ecônomo, Pe. Wilson Alzate García, (PBCM) Diretor de Formação e Vida Comunitária e Apostólica. Os filósofos são:
Congregação da Missão Província do Sul: o Alex Cesário da Silva*, Cajueiro – AL (2º ano); o Cleiton Froehner, Mafra – SC (2º ano); o Edvaldo Cordeiro da Silva*, Cajueiro - AL (3º ano); o Jackson Stolarczeki, Prudentópolis- PR (2º ano); o Jonathan Igor Marques Ramos, Maceió, AL (3º ano); o Luís Rodrigo Lopes, Inácio Martins - PR (2º ano); o Marcelo Ferreira da Silva*, Governador Valadares - MG (1º ano).
Província Brasileira da Congregação da Missão: o Alexandro Geraldo Valadares, Santa Bárbara – MG (1º ano); o Cleber Fábio Oliveira Teodósio, Fortaleza – CE (1º ano); o Gilson Fernandes Almeida, Tauá – SP (1º ano); o Michel Araújo Silva, Bambuí - MG (1º ano); o Ramon Aurélio Júnior da Cunha, Santos Dumont, MG (1º ano).
Província de Fortaleza da Congregação da Missão: o Fagner da Silva Marques*, Natal – RN (1º ano); o Felipe de Sousa Passos, Piripiri, PI (1º ano); o Júnior Oliveira da Silva, Iranduba AM (1º ano); o Luiz Antônio Goes Castro*, Belém, PA (1º ano).
Os estudantes destacados com asterisco, por razões pessoais, deixaram o
processo formativo.
Os filósofos estudam na Faculdade Vicentina pela manhã dos dias úteis; no período da tarde, têm ocupações próprias da formação integral (coordena-ção de orações comunitárias; cuidado e manutenção da casa, animais, horta e jardim; fabricação de velas; Projeto Mâcon – quando, nas segundas pela tarde, fazem e servem jantar para mais de 200 moradores de rua, etc.). Nos finais de semana desenvolvem serviços pastorais nas diferentes comunidades da Paró-quia Santo Antônio de Orleans, paróquia à qual pertence o seminário e é pas-toreada pela Congregação da Missão. Além disso, são realizadas formações se-manais sobre temas diversos, bem como os alunos do primeiro ano têm aula de espanhol ministradas pelo Pe. Wilson Alzate García, C. M.
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Destacamos a seguir, algumas atividades realizadas com ou pelos forman-dos no decurso do ano corrente:
Março: Passeio da Faculdade a um parque aquático;
Abril: Missões de Semana Santa nas paróquias vicentinas do Paraná;
Maio: Retiro Espiritual;
Junho: Passeio a Serra Negra-Guaraqueçaba – PR
Julho: Festa das Vocações, com Semana Missionária nas comunidades da Paróquia Santo Antônio
Agosto: Missão de encerramento da Semana da Família em Prudentópolis - PR
Setembro: o Participação nas missões do Dia Nacional da Juventude e Grito Dos Exclu-
ídos, o Envolvimento direto na campanha “Educar para Transformar”, que visava
angariar fundo para construir uma escola em Moçambique – África, o Celebração da Festa de São Vicente de Paulo com os padres da CMPS –
Missa e almoço;
Outubro: Simpósio de Filosofia da FAVI, cujo tema foi “Bioética, ponte para o futuro”;
Outubro/novembro: Missões especiais – visitas às famílias da Paróquia Santo Antônio;
Novembro: Caminho do Itupava – 16 km de trilha pela Serra do Mar.
A experiência está sendo positiva, pois favorece trabalhar o ser missioná-
rio e conhecer realidades de outras províncias. Acredita-se que o Seminário
está caminhando bem, mas que precisa melhorar, especialmente, na comuni-
cação interna e externa. Sabe-se que para o projeto sair bem necessita-se do
apoio de todos. Obrigado pelas orações.
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Informe sobre a Comunidade do Seminário São Justino de Jacobis 2015
A Comunidade do Seminário São Justino de Jacobis, neste ano de 2015, é composta por 15 membros, sendo que 3 são incorporados, 7 admitidos, 3 propedêutas e 2 aprovados para o Seminário Interno-Interprovincial para o próximo ano. Vale destacar que em nossa comunidade se fazem presente as 3 etapas da formação inicial, a saber: Propedêutico, Filosofia e Teologia.
Como superior e formador, o Padre Juarez Carlos Soares, nos ofícios de auxiliar da formação e como ecônomo, o Padre Onésio Moreira Gonçalves. Também mora conosco o Padre Denilson Matias, Promotor Vocacional de nossa Província e que também colabora na formação, ministrando o curso de espanhol.
Cursando Teologia, na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE, temos no primeiro ano: Allyson Giovanni Garcia, Ezequiel Alves de Oliveira, Vinícius Alves de Oliveira, e eu, Hugo Silva Barcelos. Aqui vale destacar que Ezequiel, no próximo ano, irá para o Seminário Interno-Interprovincial. Cursando o segundo ano estão: Adalberto Silva Costa, Paulo César da Silva, e Wilhiam Luiz de Lim. Já Gustavo Alivino Silva conclui a teologia.
Os nossos estudantes de Filosofia, que estão no Instituo Santo Tomás de Aquino – ISTA são: os propedeutas Alex Sandro Nogueira Silva e Victor Guilherme do Nascimento, que cursam o primeiro ano, e Luciano Matias Felipe, que está convalidando o curso. Já Louis Francescon Costa Ferreira está encerrando esta etapa, cursando o terceiro ano e, ano que vem, também ingressará no Seminário Interno-Interprovincial.
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Nossa rotina é bem intensa. A oração comunitária da manhã acontece às 6 horas. Aos finais de semana, vamos para as comunidades da Vila Humaitá e Santa Rosa de Lima, que estão situadas mais próximas de nossa comunidade, para o Curato Nossa Senhora das Graças, em Santa Bárbara e para a Paróquia Pai Misericordioso onde realizamos o nosso apostolado. Também assessoramos MISEVI, SSVP, SAVV, FAMVIN, Pastoral Familiar, Catequese, Fé e Política, Pastoral da Criança, JMV e outros grupos de Jovens, entre outros. Também há quem colabore com a formação litúrgica para as comunidades.
Todos receberam, no início do ano, o nosso Planejamento Comunitário. Das várias coisas que traçamos lá, há ainda nossa agenda, mas aqui destaco algumas atividades que realizamos ao longo deste ano. Tivemos dois retiros espirituais, um no primeiro semestre, que foi orientado pela Irmã Lygia, F.C., e um no segundo semestre, sobre a orientação do Padre Geraldo Mól. Tivemos formações com Dom José Maria Pires e com o Padre Emanuel Bedê. Na Semana Santa fomos para as cidades de Novo Cruzeiro, Coronel Murta, Francisco Badaró, Doresópolis, Formiga e Vespasiano, onde celebramos este tempo forte de nossa Fé, junto ao povo de Deus. Nós admitidos, durante o mês de julho, fomos para o Estágio Apostólico em três de nossas missões-paróquia, a saber: Serra do Ramalho- BA, Francisco Badaró – MG e Itapoã do Oeste – RO. Gustavo e Wilhiam foram a Curitiba para o ENEV. Houve também alguns momentos mais lúdicos, como os nossos passeios comunitários que foram dois ao longo do ano.
Rendemos graças a Deus por tudo de bom que Ele nos concede e pedimos a todos vocês que continuem a rezar por nós, para que possamos crescer na amizade com Jesus Cristo, o nosso Mestre, e “amar aquilo que Ele ama”, para sermos fiéis ao chamado que Ele nos faz ao seu seguimento.
Ficamos muito felizes quando os coirmãos nos visitam. Para os que moram em Belo Horizonte, os encontros são mais fáceis, mas para os que atuam mais distante, vindo por aqui, será um prazer e uma imensa alegria acolhê-los em nossa comunidade.
Encerro esta partilha desejando, em nome de nossa comunidade, um Santo e Feliz Natal e um 2016 repleto das bênçãos de Deus e que a saúde, a verdadeira alegria e paz sejam constantes em nossos dias, para podermos responder, com fidelidade, ao chamado que Jesus nos faz!
Hugo Silva Barcelos, C.M. 1ºano de teologia
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Nosso Retiro Anual
Convocados pelo Padre Visitador, compareceram ao Engenho, para o Retiro Anual, Coirmãos de todas as casas da Província e ainda um Coirmão da de Curitiba e um Padre do Diocese de Nova Iguaçu. O Pregador foi o Pe. Tito Marega, da Congregação dos Religiosos de São Vicente, fundada pelo Pe. Jean-Léon Le Prévost. E o
Pe. Tito trouxe com ele os dois noviços que orienta, neste ano, em sua paróquia de Natal, no Rio Grande do Norte. Fomos acolhidos com a delicadeza de nossas Funcionárias e nossos Funcionários, com o cuidado atento dos Coirmãos da Casa. Os quartos são sempre muito apreciados, porque cômodos, limpos, arejados, sem cheiros de mofo ou infiltrações. A sala de conferências, em seguida capela para a liturgia, é agradável, com boa iluminação e ambiente acolhedor. A qualidade dos vários serviços, como a animação litúrgica e a alimentação, foi sentida e ressaltada e agradecida. Tudo isso já conhecíamos de outros retiros e de assembleias. Então a curiosidade maior era em relação ao Pregador e à sua ajuda à nossa Província. E o Pe. Tito marcou seus dias entre nós com várias atitudes vicentinas. Falou sempre baixo, não elevou a voz hora nenhuma, não pretendeu impor absolutamente nada, com uma oratória desprovida de manipulações e de ênfases, mas muito atenta ao sopro do Espírito Santo, que sentíamos nas suas palavras. No final, quando o Pe. Geraldo Mól agradecia ao Pregador sua ajuda, levantei minha mão, pedi para dar um aparte e ressaltei o fato de o Pe. Tido ter percebido que, no primeiro dia, quando chegava mais um carro, era uma festa, a acolhida que os já chegados faziam ao novo irmão e amigo que chegava. E ressaltei o bom que foi o Pe. Tito, além de ter percebido isso, o ter mencionado,
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para caracterizar o modo como nos estava sentindo e a maneira como queria ajudar-nos. Em sua Congregação, a quem alguns de nós também já pregamos retiros, conhecem bem as obras de São Vicente e sua expressão: Viver em comunidade como amigos que se querem bem. E foi este, me parece, o enfoque de todo o retiro: o amor entre nós, como companheiros de formação, de missão e de vida, amor que é participação do ser de Deus, definido por São João, ele mesmo, como AMOR, e que concretizamos nos apostolados, junto às pessoas necessitadas, aos Pobres a quem Deus e a Igreja nos enviam. O amor de Cristo pelo Pai e por nós, dramaticamente representado pelo Cântico dos Cânticos, pelas Bem-aventuranças, pelo Pai Nosso, concretizado nas intuições de São Vicente e de nossos Mártires e no testemunho deles, esse amor nós o devemos cultivar, no silêncio, na conversa distendida, no aconselhamento, na confissão comunitária, na liturgia eucarística alegre e feliz, na entreajuda, nos cantos que o missionário moçambicano Pe. Luís Roberto Lemos do Prado nos animava a cantar, etc.
Quem veio ao Retiro sentiu uma elevação no nível de nossa convivência. Quem não veio perdeu a oportunidade de sentir como alguns Coirmãos vão amadurecen-do tranquilamente e se afirmando em seus trabalhos. Foi bom, por exemplo, ver os neossacerdotes e sentir como o Espírito os fortificou, na consagração definitiva ao serviço
dos irmãos, sobretudo dos mais abandonados. Houve quem dissesse que foi o retiro mais silencioso dos últimos anos. Menos risadas, menos cochichos, menos grupinhos se distraindo por todo lado. Contribuiu para isto o pedido do Pregador, em relação ao ambiente, que ele retomou pouquíssima vez, tendo aconselhado conversarmos só no jantar. A preparação das conferências era evidente, na calma do Pe. Tito, na sua fala seguida, sem vacilações, na capacidade de levar a hora de palestra sem usar esquemas ou papéis, e sobretudo na escolha dos textos para a meditação individual, pegando pontos chaves da revelação, dentro da pedagogia amorosa de Deus conosco. Isso foi um testemunho que nos anima a preparar assim
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atentamente nossas homilias, nossas palestras e intervenções onde estivermos chamados a passar a mensagem de Deus e as orientações da Igreja (Haja Papa Francisco!). E era bonito ver a quantidade de livros que o Pe. Tito leu e lê e aconselhou-nos a ler (alguém brincou: como se não tivéssemos mais nada que fazer...). Pe. Tito Marega se sentiu em família conosco, que o sentimos mesmo de nossa família. As comunicações do Pe. Visitador e as orientações do Ecônomo Provincial, ao fim dos trabalhos, e a mensagem aos jubilares do ano também foram recebidas nesse clima de boa voltagem elétrica produzida pelo retiro.
Pe. Lauro Palú, C. M.
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Saudação aos Jubilandos - 2015-10-22
Rvmo Sr. Pe. Visitador Pe. Geraldo E. Mol Santos, C. M, e seus Conselheiros,
Rvmo Sr. Pe. Tito Marega,
Queridos Coirmãos e Irmãos com todos os presentes.
Padres, seminaristas e amigos - José Antônio - Nova Iguaçu - Pe. IIson-
CMPS - seminaristas Leandro e Antônio Edilson - RSV
Hoje é um dia de festa e louvores para agradecer ao bom Deus toda a pre-
sença física ou espiritual por tal data, que une o céu e a terra. "Somos todos
anjos, nascidos sem asas. E o que há de mais bonito, mais lindo e sereno, é
nascer sem asas e fazê-las crescerem numa vida fraterna, mirando o infinito".
(José Saramago)
São doze = 12 festejados, dois pelo dom da vida:
Pe. Maurício de Resende Paulinelli 14-02-1955 - 60 anos e Ir. Admar Francisco
de Freitas 22-08-1965 - 50 anos. A eles desejamos longa existência, cheia do
Amor de Deus, pedras vivas na Igreja de Cristo Jesus.
Arautos do Evangelho, na Seara de Senhor Jesus, com saúde e paz.
Pe. Geraldo Nunes Costa 30-01-1930 - 85 anos de vocação
e 75 de votos 24-06-1940.
Pe. Jorge Xavier de Oliveira 16-01-1940 - 75 anos de vocação - chamado, como
servo bom e fiel, à glória do Pai.
De votos feitos na Companhia: Irmão Paulo Afonso Ferreira - 50 - 25-02-1965.
Pe. José Atanásio Coelho 24-06-1940 - 75 e 70 de Ordenação Sacerdotal.
Dom Vicente Zico 70 anos de vocação 19-03-1945 65 de Ordenação Sacerdotal-
22-X-1950- 60 anos Jubileu de Diamante.
Pe. Getúlio Mota Grossi 31-07-1955, Dom José Carlos Meio, vivos e fortes, e
70
dois colegas. Pe. Marcelo Mota Carneiro, já na Pátria Celeste e Laerte Arruda
perdido na vastidão do mundo.
Agradecendo a cada um jubilando pela longa vida consagrada e vivida na com-
panhia como filhos de São Vicente, este conselho de nosso Santo Pai. "Que to-
dos sejam uma testemunha viva da verdade do Evangelho de Jesus Cristo. Ele
foi simplesmente testemunha do Evangelho. Basta ler as regras deixadas por
ele, para sentir e viver as máximas do Evangelho. Sobretudo que cada um de
nós se esforce para se instalar nesta verdade: que a doutrina de Cristo não pode
jamais enganar, enquanto a do mundo é sempre mentirosa. Ora, pois, peçamos
a Deus que dê à Companhia este espírito, este coração que é o de Filho de Deus
- Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Coração de Nosso Senhor". (Coste XI, 291)
Parabéns, Jubilandos. Podemos dizer como o Salmista - "Laqueus contritus est
et nos liberati sumus". "A rede se rompeu e nós escapamos", pois o nosso au-
xilio é o nome do Senhor, que fez o céu e a terra. Sob o manto materno da
Virgem Maria - Mãe do Silêncio e dos Homens.
71
Quatro novos presbíteros para a PBCM
Neste ano de 2015 a Província Brasileira da Congregação da Missão têm muitos motivos para se alegrar. Graças ao nosso bom Deus tivemos 4 ordenações presbiterais, 4 novos presbíteros foram ordenados para o serviço dos Pobres na Congregação da Missão. Elevemos a Deus nossos louvores. Parabéns aos novos Padres Vicentinos.
No dia 12 de abril no Complexo Santuário
do Caraça, foram ordenados os Padres Erik Gonçalves e, Denilson Matias.
No dia 1º de agosto, em Ouro Preto, foi ordenado o Pe. Hélio Correia Maia.
No dia 15 de agosto, em Maceió AL, foi ordenado o Pe. José Valdo dos Santos Filho.
72
Encontros Vocacionais
Nos dias 5, 6 e 7 de junho aconteceu no Instituto São Vicente de Paulo, em Belo Horizonte, o Encontro Voca-cional Vicentino de primeira etapa. Contamos com a presença de 9 jovens neste primeiro encontro. Poste-riormente, nos dias 14, 15 e
16 de outubro tivemos o segundo Encontro Vocacional Vicentino de primeira etapa, com a presença de 11 jovens. Este encontro tem o objetivo de ajudar os jovens a discernirem sua vocação. Do dia 2 a 6 de novembro, a última etapa anual. Por favor, rezem conosco e rezem pelo Serviço de Animação Vocacional Vicentino da PBCM.
Nossos Contatos:
www.vocacionalpbcm.com.br
https://www.facebook.com/animacaovocacionalvicentina
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O Encontro Vocacional de Última Etapa
O Encontro Vocacional de Última Etapa aconteceu em Belo Horizonte, no Instituto São Vicente de Paulo, durante os dias 3, 4, 5 e 6 de dezembro de 2015. Foram 12 os participantes. Com a graça de Deus, 8 deles ingressarão na etapa do Propedêutico, no ano de 2016. Esta etapa será no bairro Santa Cruz, em Belo Horizonte, no Seminário São Justino de Jacobis. Agradecemos as orações e o apoio que a PBCM em sua totalidade tem brindado à Equipe Provincial de Animação Vocacional. Continuamos contando com as suas orações e apoio. Abaixo reproduzimos a mensagem do futuro seminarista Marcos Ferreira, do estado de Pernambuco. Esta foi sua resposta, o sim dado ao chamado de Deus para sua entrada no processo de formação inicial:
O Sim de Marcos Ferreira:
Como é grande minha limitação, como é tamanha minha pequez diante de Deus e dos meus semelhantes, porém, Deus não conhece fronteiras. Deus chama, convida e quer uma resposta e que a mesma seja completa e total.
A pergunta desafiadora, precisa ser respondida: Convém que Eu, Marcos Ferreira da Silva vá para o Seminário em 2016? Por quê?
Gostaria, ah, como queria, nesta hora ser objetivo, mas as palavras surgem de maneira tão infinita que não haveria livros suficientes para expressar meu tamanho sentimento.
Sim, sim, sim... Responderia mil vezes esta resposta, pois desde a minha infância, minha sacola está pronta, e até mesmo em momentos de grandes crises, não fui capaz de desfazê-la, pois a iniciativa foi de Deus e o que inicia em Deus e por Deus não é possível colocarmos um ponto final.
O Senhor quer que sejamos como canetas em suas mãos, Ele deseja conosco escrever a história, a nossa história, então Senhor escreve minha história.
Hoje, com todas as oportunidades que todo ser humano tem direito: família, amigos, trabalho, faculdade, um grande amor, depois de tudo isto e antes de tudo: Senhor, estou aqui. Deus é mais que tudo isto que é bom, Deus é o perfeito tudo e é o verdadeiro tudo.
Levante-se e vá: É preciso ir, é preciso comunicar a Boa Nova ou então como pede Deus alertar o povo, pois Deus ama seu povo e quer que o mesmo tenha vida e não morte, o Senhor quer um povo livre que resulta em felicidade completa.
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Anunciar: que Deus é amor, que Deus é vida, é isso que Ele quer para nós, pois Ele, o Senhor já nos provou seu infinito amor, nos enviou seu próprio filho para nos garantir a vida, o mundo precisa conhecer e reconhecer Jesus, nosso Salvador.
Fugir: ah, como o profeta Jonas muitas e muitas vezes tentei fugir, fugir com todas minhas forças, não tive êxito, então me restou a única coisa: a busca constante de Deus, de respostas, resultando em uma única resposta sempre: Deus é minha resposta!
Reconhecer: Deus foi mais forte, nesta luta desigual Deus venceu, ouso afirmar-vos Ele me permitiu tentar, porém, não teve jeito. Precisei dizer sim, precisei reconhecer que só o amor constrói e Deus é amor, sei que minha vida não terá sentido se eu não o reconhecer.
Obedecer: me resta agora a obedecer, aceitar o fato que Deus foi maior, que Ele venceu, que a Ele devo obedecer completamente, até o ponto de afirmar diante de Ti, Senhor, já não sou livre, sou Teu escravo e está escolha a fiz por livre e espontânea vontade.
Senhor, envia-me a onde queres que eu vá.
Senhor, entrego-Te, o tesouro que me deste, a vida.
Toma minha vida, e faz dela, um sinal Vosso no mundo.
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Santuário Nossa Senhora da Medalha Milagrosa
Graças e bênçãos para Campina Verde que nasceu “sob o signo da Fé”. Graças e bênçãos alcançadas para o povo desta terra que vive seu dia a dia confiante no abraço materno de Maria. Graças e bênçãos alcançadas para todos aqueles que confiam na intercessão e proteção da Virgem Mãe de Deus.
Santuário Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, Patrimônio cultural de nossa terra! Cartão Postal: Beleza sagrada e luminosa bênção. É com grande emoção que nós, povo católico de Campina Verde, recebemos o Santuário. Quão felizes ficamos! Quão agradecidos a Deus por mais esta graça concebida a todos nós.
Quanta emoção sentimos ao adentrar este precioso templo, que acompanhou nossas famílias em grandes momentos de fé: batismo dos filhos, casamentos, batismo de netos, bisnetos, enfim temos o Santuário em nosso dia a dia como elo de fé, esperança e amor entre nós e o Infinito. Coroando esta alegria, vem mais uma Festa da Medalha Milagrosa para
a sua reinauguração.
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Que beleza! Nossa “antiga” Igreja
Matriz totalmente restaurada com as
mesmas estruturas e cores do
passado. Graças ao trabalho
incansável de nosso Pároco João
Donizete Dombroski, e com a ajuda
do Povo de Campina Verde recebe-
mos este presente especial. Benção
não só para os fiéis de Campina
Verde, como também para todos
aqueles que o procurarem com fé.
Nosso coração envolve-se de santo orgulho e rendemos mais uma vez e renderemos sempre graças a Deus pela sagração deste templo que agora é Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.
Samira Nahass Gouveia Franco – Afiliada à Família Vicentina.