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Inicial de alimentos
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ESTADO DO ACREDEFENSORIA PÚBLICA
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA
______ VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE RIO BRANCO – ACRE
LORENA ROCHA CLAROS LIMA e LEONARDO
ROCHA CLAROS LIMA, brasileiros, menores impúberes, neste ato
representado(a)s por sua genitora, ALETÚZIA MESQUITA DA
ROCHA, brasileira, solteira, do lar, portador(a) da Cédula de
Identidade nº 1.248.355-SSP/ES e CPF/MF nº 627.618.202-82,
residente e domiciliada na Rua Veterano Manoel de Barros, n. 323,
Bairro Abrahão Alab (fone 227-3889), nesta cidade, pela Defensora
Pública infra assinada, integrante da Assistência Judiciária Gratuita no
Estado do Acre, com endereço profissional na Av. Getúlio Vargas, nº
2.852, Bosque, nesta cidade, onde recebe intimações em geral, vêm,
respeitosamente, à digna presença de V. Exª., com fundamento no
art. 227 da Constituição Federal e na Lei nº 5.478/68, e nas normas
pertinentes dos Códigos Civil e Processual Civil em vigor, propor a
presente
AÇÃO DE ALIMENTOS
Avenida Getúlio Vargas, 2.852. Bosque. Fone 228-1312 / 228 1314CEP 69.900-000 – Rio Branco – Acre
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em desfavor de DEMETRIUS CLAROS LIMA,
brasileiro, solteiro, desempregado, e seus pais TORQUATO
FERREIRA LIMA e LENY CLAROS LIMA, todos residentes e
domiciliados na Rua Manoel Avelino, n. 185, Bairro Abrahão Alab
(fone 227-8327), nesta cidade, pelos fatos e fundamentos que passa
a aduzir.
I – PRELIMINARMENTE
Requer lhe sejam concedidos os benefícios da
Assistência Judiciária Gratuita, por não ter condições de arcar com as
custas processuais e honorários de advogado, por ser juridicamente
pobre nos termos da declaração acostada (docs.01/02).
II – DOS FATOS
O primeiro alimentante é pai biológico dos
alimentandos LORENA ROCHA CLAROS LIMA e LEONARDO
ROCHA CLAROS LIMA, conforme fazem prova as certidões de
registro de nascimento anexadas (DOCs. 02/03), fruto de um
relacionamento de mais de 08 (oito) anos.
O casal sempre morou na casa dos pais do
requerido, sendo por eles sustentados.
O primeiro requerido é usuário e dependente
químico, nunca trabalhou e sempre foi sustentado pelos pais, que de
viés, também sustentavam os requerentes e sua representante.
Comprova tal alegação o fato de que na última vez que manteve
contato com a representante dos menores, o primeiro requerido, ao
ser interpelado para que fosse trabalhar para sustentar os filhos, lhe
reafirmou que não precisa trabalhar porque é sustentado pela mãe,
dizendo ter R$500,00 no bolso dados por ela.
Após a separação, a representante das
alimentadas saiu de casa com as crianças, sendo compelida diante da
nova situação a arcar sozinha com todas as despesas para sua
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manutenção, como alimentação, transporte, entre outras, além de
encontrar-se morando de favor na casa de seus pais, trabalhando
para eles como empregada doméstica para sustentar os filhos.
O requerido, nem seus pais, em nada contribuem
para a manutenção das necessidades dos filhos.
DA NECESSIDADE
As necessidades de uma criança são evidentes,
principalmente no caso dos alimentandos, que ainda encontram-se
em idade escolar necessitando, além de uma alimentação específica
equilibrada indispensável para seu crescimento físico e intelectual, de
constante acompanhamento pediátrico, material escolar, além das
despesas ordinárias com roupas e remédios (quando necessário),
lazer, transporte, entre outras, etc.
As crianças sempre estudaram em escola
particular e tinham um razoável padrão de vida, sendo que agora são
obrigados a ir para escola pública além de só não estarem passando
por necessidades materiais em função da bondade de seus avós
maternos.
DA POSSIBILIDADE
O pai dos alimentandos, conforme já afirmado,
nunca trabalhou, sendo sustentado pelos seus pais.
Já o avô das crianças é policial federal aposentado
e percebe renda mensal superior a R$4.500,00, sendo que a avó
percebe pensão do ex-esposo (apesar de viverem sob o mesmo teto)
no valor aproximado de R$1.500,00, dispondo desta forma de plenas
condições de auxiliar no sustento dos netos.
Por sua vez, a mãe dos alimentandos, conforme já
afirmado, trabalha como empregada doméstica na casa de seus pais
para poder auxiliar no sustento dos filhos, já arcado pelos avós
maternos, porém o que ganha não é suficiente para arcar com todas
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as despesas das crianças, e em face dos atuais acontecimentos, está
passando por sérias dificuldades financeiras, não tendo, portanto,
condição de continuar arcando sozinha com as despesas das
menores.
Requer, portanto, seja o requerido, e
subsidiariamente seus pais, condenados a contribuir para o sustento
das filhas com a importância mensal de R$600,00 (seiscentos
reais), equivalente a 3 (três) salários mínimos.
III – DO DIREITO
Os alimentos, na nova sistemática apresentada
pelo Novo Código Civil, continuam sendo fixados atendendo-se aos
critérios de necessidade do alimentando e real condição econômica
do alimentante, atendendo sempre ao princípio da proporcionalidade.
Neste sentido, a disposição da lei civil:
“Art. 1694 – Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir
uns aos outros os alimentos de que necessitam para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
§ 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades
do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Ora, a prestação de alimentos, ora requerida,
advém da relação parental existente entre as partes, consoante faz
prova a Certidão de Registro de Nascimento acostada. Em razão
deste vínculo familiar, portanto, é que surge o dever dos pais de criar,
assistir e educar os filhos menores, situação esta consolidada pelo
art. 229, da Carta Magna e pela Lei 5.478/68, bem como pelos
arts. 1630 e 1634 do Código Civil vigente.
Antes de ser um dever legal, a prestação
alimentícia aos filhos constitui um dever moral, não podendo os pais,
se eximir da obrigação de proporcionar aos filhos um
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desenvolvimento compatível com as exigências primordiais à vida do
ser humano, estando o requerente apenas cumprindo o seu dever
paternal de contribuir nas despesas advindas das necessidades
básicas dos filhos.
Além disso, a despeito de não ser casado com a
mãe do requerente e com ele não ter convívio diário, acima disto
resta o dever paternal de acompanhar o desenvolvimento das
crianças, prestando-lhes, na medida do possível, assistência no
âmbito educacional, médico, emocional e outros.
Já a responsabilidade dos avós advém da Lei Civil,
art. 397, além da legislação já mencionada, posição que já vem sendo
pacificada pela jurisprudência pátria, segundo os acórdãos
paradigmáticos mencionados a seguir:
CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS. LEGITIMIDADE PASSIVA DE AVÔ. PRESENÇA DO PAI NO PÓLO PASSIVO. POSSIBILIDADE. RESPONSABILIDADE SUPLEMENTAR. ART. 397 DO CÓDIGO CIVIL. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.I. Não se conhece do recurso especial amparado na alínea "c" do inciso III do art. 105 da Constituição Federal, quando inadequadamente demonstrada pelo recorrente a divergência.II. O art. 397 do Código Civil Brasileiro, ao dispor sobre o direito à prestação alimentar, não excluiu a responsabilidade solidária dos ascendentes próximos. Sendo insuficiente a capacidade econômica do pai para arcar integralmente com o dever jurídico dos alimentos devidos ao filho, poderão suplementar a pensão os ascendentes próximos (avós), na medida de suas possibilidades, apuradas em juízo.III. Precedentes do STJ.IV. Recurso especial não conhecido.1
AÇÃO DE ALIMENTOS PROPOSTA POR NETO CONTRA OS AVÓS PATERNOS. EXCLUSÃO PRETENDIDA PELOS RÉUS SOB A ALEGAÇÃO DE QUE O PROGENITOR JÁ VEM CONTRIBUINDO COM UMA PENSÃO. ART. 397 DO CODIGO CIVIL.O fato de o genitor já vir prestando alimentos ao filho não impede que este último possa reclama-los dos avos paternos, desde que demonstrada a insuficiência do que recebe.A responsabilidade dos avós não é apenas sucessiva em relação a responsabilidade dos progenitores, mas também é complementar para o
1 STJ. RESP 81.838. Rel. Min. Aldir Passarinho. DJ 04/09/2000, pág. 155.
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caso em que os pais não se encontrem em condições de arcar com a totalidade da pensão, ostentando os avós, de seu turno, possibilidades financeiras para tanto.Recurso especial não conhecido.2
IV. DO PEDIDO
Em face de todo o exposto, requer a Vossa
Excelência:
a) a concessão da Assistência Judiciária, bem como
a gratuidade da Justiça, conforme a Lei 1.060/50, para o que afirma
ser juridicamente pobre nos termos da declaração em anexo (doc.
01).
b) em face das urgentes necessidades dos filhos,
mormente na situação atual em início de período escolar, requer a
fixação, desde logo, dos alimentos provisórios, no valor requerido,
qual seja R$600,00 (seiscentos reais), equivalente a 3 (três)
salários mínimos, a ser recolhido até o dia 05 (cinco) de cada mês,
e creditado em conta a ser aberta em nome da mãe dos
alimentandos, o que desde já se requer.
c) A citação dos alimentantes DEMETRIUS
CLAROS LIMA (pai), TORQUATO FERREIRA LIMA e
LENY CLAROS LIMA (avós), no endereço já declinado
inicialmente, para querendo, contestar a presente ação, sob pena de
revelia e confissão, bem como sua intimação para comparecer à
audiência a ser designada por esse r. Juízo, para o fim de fixação dos
alimentos;
d) a intimação do Ministério Público para
acompanhar o feito, na forma do artigo 82, I do Código de processo
Civil e da norma regente de alimentos;
2 STJ. RESP 70.740. Rel. Min. Barros Monteiro. DJ 25/08/1997, pág. 39375.
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e) finalmente, requer a Vossa Excelência sejam
julgados procedentes os pedidos da inicial para fixar em definitivo os
alimentos requeridos provisoriamente, na forma requerida.
Protesta provar o alegado por todos os meios de
prova em direito admitidos, inclusive o depoimento pessoal das
partes e oitiva das testemunhas que serão arroladas oportunamente
e que comparecerão em Juízo independentemente de intimação.
Dá-se à causa o valor de R$7.200,00 (sete mil e
duzentos reais) – art. 259, VI, CPC.
É o que espera ver deferido por ser de justiça.
Rio Branco, 12 de fevereiro de 2003.
Célia da Cruz Barros Cabral Ferreira
Defensora Pública
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