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7/27/2019 Incio de conversa creche com alunos com DI novembro de 2013
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TUNES, E. Cad a sndrome de Down que estava aqui? O gato comeu... O programa
de Lurdinha. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. (Coleo EducaoContempornea).
Para a leitura do livro na ntegra, consult-lo na Sala de Leitura do IHA. Este livro que
se constitui o Programa de Lurdinha um apelo a observao.
Desafios da entrada na escola, acompanhamento do desenvolvimento e avaliao
O Pedro e a Joana so os meus grandes colaboradores. Brincam com Lucio e
cuidam dele como se brinca e cuida de qualquer irmo menor.
Penso que esta redao da Joana retrata um pouco o que eu percebo:
Como ter um irmo de Sndrome de DAMW.Era uma vez um menino que tinha Sndrome de DAMW.E a irm dele achava que cuidar dele no era difcil nem fcil eraUm pouco dos dois e ele tambmera um pouco danado e muito esperto,ele tambm muito carinhoso
com a professora dele e com os amiguinhos tambmAlgumas vezes que ele arruma briga, mas sempred tudo bem e s isso.
Mas demais, sinal de preconceito
Por conviver com pais de crianas com Sndrome de Down, Lurdinha sabia por meiodeles que no so todas as escolas que aceitam essas crianas. A primeira escola queprocurou informou-a de que aceitaria, mas [atualmente o acesso assegurado e ostpicos abaixo se tornaram mitosa serem desfeitos]:
Os professores no tinham preparo para atender esse tipo de criana; A escola no podia se comprometer com atendimento de qualidade; A escola no podia garantir resultados; A escola no podia garantir a aceitao daquela criana por parte dos pais dos demais
alunos;
Os pais teriam que pagar uma pessoa estra para auxiliar a professora da sala em que acriana estaria;
Os demais alunos da escola poderiam maltrat-la e a escola no teria como controlarisso;
Os demais alunos poderiam no compreender os comportamentos inadequados docolega com Sndrome de Down e querer imit-lo;
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Os pais teriam que assumir a responsabilidade por algo de errado que viesse aacontecer com seu filho;
A escola precisaria ter uma avaliao psicopedaggica para saber se acriana tinhacondies de aprender;
Precisaria ter um laudo mdico para conhecer as reais condies de sade da criana; Precisaria de um laudo psicolgico para saber se a criana tinha condies emocionais
de conviver com outras crianas;
Precisaria de uma avaliao neurolgica; Haveria a necessidade de a criana ter um acompanhamento profissional de um
fisioterapeuta, fonoaudlogo e psiclogo;
Enfim, matriculando a criana, os pais teriam que assinar um termo de compromissoaceitando todas as condies exigidas para mant-la na escola.
Eram tantos masque Lurdinha logo viu que a escola, de fato, no aceitava
matricular crianas com Sndrome de Down. Sentiu que as foras lhe fugiam e chegoumesmo a pensar que seria muito bom se houvesse uma escola s para crianas com
Sndrome de Down. Mas refletiu e percebeu que esta seria uma soluo para o seu
desnimo e no para o desenvolvimento de Lucio. E a sua maratona prosegiu at
concluir que o esteretipo sobre a Sndrome de Down [a deficincia intelectual] o
que guia a ao de muitas pessoas. Elas rejeitam a criana antes mesmo de conhec-la,
de saber do que capaz e se tem condies de aprender. No ,e assim que se define
um preconceito?
Mas nem todas as escolas so iguais e nem todos os masso ruins.
A ao conduz qualidade
Aquela escola foi mesmo um pedacinho do cu... A diretora uma pessoa
muito simptica, dinmica e otimista. Mesmo no tendo tido experincia anterior com
crianas com Sndrome de Down, estava disposta a aceitar o desafio e procurar dar ao
Lucio um atendimento de melhor qualidade. A escola estaria disposta a faz-lo e, na
verdade, a chegada do Lucio seria uma grande oportunidade para que todos da escola
pudessem crescer profissionalmente.
A diretora percebendo a esperteza dele, achou que seria interessante coloc-lo
na turma de trs anos. Ele tinha dois anos e estava com a fala bem atrasada. Embora
preocupasse-me o fato de Lucio no falar conforme era esperado para sua idade, no
sentia que este pudesse ser um grande problema. Acreditava-se que o convvio com
crianas mais velhas na escola poderia colaborar para que ele desenvolvesse a fala.
Lucio completou aquele ano indo muito bem na turma e acompanhando as outras
crianas conforme as competncias prprias da idade dele.
No final do ano, receando que Lucio pudesse no conseguir acompanhar a
turma diante das exigncias que iriam surgir, podendo sentir frustrado, a escola
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props que ele fosse matriculado na turma de crianas com a idade dele. Fiquei muito
insegura com esta proposta, especialmente porque a professora e a equipe pedaggica
da escola apresentaram, ao final do ano, os seguintes relatrios acerca do
desempenho de Lucio:
3 anos e tr meses
Desenvolvimento social/afetivo Lucio uma criana alegre, extrovertida e e carinhosa.Adora brincar com os colegas da sala, principalmente com a [nome as criana], porm as vezesprefere brincar sozinho. s vezes resiste um pouco a seguir comandos. Quando solicitado,coopera na organizao do ambiente aps as atividades. Quando contrariado, geralmentechora e busca o apoio das professoras e s vezes, revida, batendo ou mordendo.
Desenvolvimento cognitivo/linguagem No jogo de construo livre, arruma os blocos naposio vertical e na horizontal. Brinca enchendo e esvaziando diversas vasilhas comdiferentes contedos: potes com gua, caixas com brinquedos, baldes de areia etc. Lucioconversa bstante, porm a sua linguagem oral ainda no clara.
Desenvolvimento motor Manuseia e explora diversos objetos como tintas, papis, giz decera, copos, papel toalha etc. Pinta, rasga papis para colar e empilha objetos. Raliza comsegurana atividades de correr, dearrastar-se usando braos e pernas, de empurrar diversosobjetos, de arrastar objetos pesados, subir e descer escadas com mvimentos alternados.
Desenvolvimento de hbitos e atitudes Tira e guarda a agenda na mochila, abre a lancheira eorganiza o seu lanche sobre a mesa, lava as mos, escova os dentes e tira a roupa (sozinho)com autonomia.
Desenvolvimento do grafismo Encontra-se na fase da rabiscao.Outro relatrio, a seguir:
3 anos e cinco meses
Lucio capaz de atender a comandos, de realizar atividades motoras com segurana (correr,pular, rolar, subir, descer...), de desenhar, de pintar, de colar e demonstra uma certaindependncia em realiz-las. Estamos muito contentes por termos contribudo para o seucrescimento durante este ano. Apesar de todos os ganhos, eles ainda no se expressa comclareza, comunicando-se com maior frequncia atravs de gestos.
Diante dos relatrios da escola, fiquei em dvida a respeito das aquisies de
Lucio: estariam elas de acordo com o esperado? Ou no? Assim, resolvi procurar a DraElizabeth, que acompanha o Lucio desde quando ele tinha um ano de idade, paranovas orientaes. Ela realizou vrias avaliaes do Lucio, apresentando um relatriodo qual transcrevo algumas partes:
Desde pequeno, Lucio vem apresentando desenvolvimento psicolgico que podemosconsiderar normal para sua idade. [...] Em casa, tem manifestado comportamentos e tem sedesenvolvido em atividades da maneira como se espera para uma criana da sua idade. Brincaintensamente com irmos e primos, seguindo bem as regras das brincadeiras; comunica-seadequadamente com os mesmos; bastante risonho e comunicativo. Brinca tambm comobjetos, realizando tarefas com certa complexidade e que envolvem o reconhecimento de
cores e formas. Todas as tarefas que pudemos v-lo realizando, ele faz com adequao,demonstrando desenvolvimento motor e cognitivo normais. Vale ressaltar que, em
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brincadeiras e jogos que realiza ao ar livre, em parques e jardins (trepa-trepa, escorregador,piscina, brincadeiras de correr etc.),
Lucio uma criana alegre, comunicativa e afetivamente estvel. Tem excelente interao com
seus familiares (pais, irmos, primos, parentes de uma modo geral). J realiza inmeras tarefas
com autonomia e por iniciativa prpria, tanto em casa quanto na escola.
No que diz respeito fala, sabe indicar o que quer, demonstra compreenso da fala dos outros
e j sabe nomear diversos objetos e eventos. Por exemplo, diz o nome do irmo (Pdo =
Pedro), reconhece e indica com a palavra a presena de calor (quente); diz po, no, qu
(quer), d p, gu (gua), j; tenta indicar quantidades (dois) e contar (um, dois, trs) e usa
onomatopias (pop= tiro de revlver).
Diante de tais informaes, senti que no promover o Lucio poderia ser muito
mais prejudicial do que benfico. Alm disso, pensei que, caso ele no conseguisseacompanhar a turma, ento, sim, poderamos volt-lo para outra fase. No havia
qualquer indcio que justificasse segur-lo. Por que no tentar avano?
Desfeita a minha insegurana, passei a negociar com a escola, que aceitou a
minha proposta de promov-lo e, caso ele no acompanhasse, retorn-lo a fase
anterior.
Lucio avanou com a turma e progrediu muito. Logo ao completar quatro anos,
j era capaz de desenhar a figura humana, fato ilustrado a seguir e descrito pela
professora em seu relatrio:
4 anos e trs meses
Aps um intenso trabalho desenvolvido em sala sobre o corpo humano, quando trabalhamos
todas as partes do corpo, funes, utilidade etc, Lucio passou a desenvolver garatujas docorpo. Mais tarde, suas garatujas foram tomando formas bem mais definidas e foramaparecendo claramente os braos com mos e dedos, cabea com olhos, boca, nariz, orelhasem seus devidos lugares, e assim por diante.
A concluso a que cheguei...
A concluso a que cheguei, ao final de 1999, foi que Lucio capaz de atingir
metas comuns para crianas normais de quatro anos e que esse sucesso pode dever-se
ao fato de estar sendo sempre desafiado, isto , no exigimos dele apenas o que j
sabe fazer, mas estamos a todo momento incentivando-o a aprender coisas que ainda
no sabe.
Mas, o ano terminava e, novamente, era apontada pela escola a questo de
no promover o Lucio. O relatrio da professora no apontava indcios acerca dessanecessidade. Ento, Lurdinha procurou mais informaes junto equipe pedaggica e
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direo da escola. Percebeu que a escola receava expor Lucio a situaes de
insucesso, preocupao, alis, bastante justificada. Afinal, Lucio uma criana
autoconfiante e segura de si; valeria a pena exp-lo ao rsico de fracasso? Talvez no. A
fase escolar que iria iniciar-se seria bem mais exigente por comear a preparar para
alfabetizao.
Ainda que um pouco insegura com a proposta, Lurdinha receava que o fato de
Lucio ainda no ter desenvolvido comletamente a fala pudesse vir, de fato, a
prejudic-lo na nova fase escolar que se inauguraria. Assim, aps ouvir outros
profissionais, entendeu que deveria concordar com a posio da escola. E assim foi
feito.
Mas um acontecimento de maior relevncia no fora levado em conta naqueladeciso. Ao final do segundo semestre, Luci comeara a se interessar pela leitura.
No ano seguinte,...
Algo parecia noe star dando certo. Todos ns concordamos em no promover
o Lucio. Mas ele no demonstrava estar concordando. No queria mais ir aula, no
vestia mais o seu uniforme sozinho; s vezes, no queria entrar na escola. A professora
estava tendo dificuldades para integr-lo turma, mant-lo em sala de aula, conseguir
que se concentrasse e prestasse ateno nas tarefas. A starefas estavam sendo muito
malfeitas; Lucio no guardava mais a lancheira o lugar, no pegava a sua agenda.Enfim, tudo indicava um retrocesso. Comecei a perceber esse retrocesso at mesmo
sem seus desenhos. Retratavam, agora, uma criana de trs anos. Senti muito medo!
Comeamos, todos a questionar a nossa deciso de no promover. Com
agilidade e muita flexibilidade, a escola decidiu reintegrar (reincluir) Lucio sua turma
anterior. J no incio de maro, ele vestia uniforme azul, caracterstico da nova fase. Foi
muito interessante o que aconteceu.
No dia em que cheguei em casa com o uniforme azul que comprara, ele ficou
muito feliz. Vestiu-o, desfilou com ele, mostrou para os irmos. Naquela segunda-feira,
a primeira de uniforme azul, fez questo de vestir-se sozinho. Desceu logo do carro e
entrou na escola orgulhoso, exibindo para todos o seu novo uniforme. Ele estava
realmente feliz! Instantaneamente retornou o seu caminhar, do ponto de vista em qu
estava. Voltou a fazer as coisas como antes; seus desenhos, prontamente, mostravam-
se como eram.
Fiquei muito impressionada com a rapidez da mudana. Tudo indica que ele
percebera com a mior clareza que havia sido reprovado, apesar de todos os cuidados
que tivemos para no lhe causar essa impresso.
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Tenho absoluta convico de que Lucio vai concluir este ano escolar com
sucesso. Eu confio nele. Eu sei que ele capaz. A minha luta convencer os outros a
confiarem e acreditarem nele. Hoje, criana que , precisa de mim para isso. Amanh,
saber lutar por si prprio. Estarei, ento, ao seu lado, mas jamais sua frente!
Se filhos de uma mesma famlia desenvolvem-se e formam-se de maneira
diversa uns dos outros, o mesmo vale para as crianas com Sndrome de Down.
Concluso bvia: duas crianas com Sndrome de Down no so iguais. Como saber o
que bom? H apenas um jeito: conhecendo a criana e experimentando formas de
atuar, como todos ns fazemos, (...). Evidentemente podemos apelar para a
experincia de outras pessoas; por isso sempre bom informar-nos.
*O livro na ntegra est na Aba Manuais no site IHA Informa
www.ihainforma.wordpress.com
Para saber mais consulte tambm os seguintes materiais:
Vdeo Srie Toda criana nica
Episdio 1 | Liberdade de ser e aprender
Neste episdio, a incluso da de 6 anos, no Jardim de Infncia 316 Sul, Braslia.
Diagnosticada como autista e com um comportamento que dificultava a socializao conseguiu
superar suas dificuldades, tornou-se lder entre os colegas, comeou a falar e interage bem.
*O vdeo est na Aba Multimdia, vdeos do MEC, no site IHA Informa
http://ihainforma.wordpress.com/multimidia/videos-do-mec/
Orientaes sobre a incluso do aluno com Transtornos Globais doDesenvolvimento
Orientaes para promover a aprendizagem do aluno com Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD).
*O artigo est na Aba Documentos, Orientaes para professores, no site IHA
Informa http://ihainforma.wordpress.com/2010/06/13/orientacoes-sobre-a-inclusao-do-
aluno-com-transtornos-globais-do-desenvolvimento/