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 1 MONTE, R. F. & SANTOS, I. B.  Educação Infantil: Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem, autismo. Brasília, MEC, SEESP (SECADI), 2004. 64 p. (Educação Infantil 3). Para a leitura do livro na íntegra, consultar o arquivo em “Manuais” (F ascículos da Educação Infantil) * Início de conversa: pistas importantes para o trabalho de zero a seis O professor deve ter consciência de seu papel, compreendendo que é por meio do aprendizado que a criança pode adquirir consciência do mundo e dela própria, e que esse aprendizado passa pelo desenvolvimento da comunicação. A experiência do brincar deve ser oferecida à criança inicialmente de forma estruturada e dirigida para que, por meio dessa experiência, ela possa, aos poucos, estabelecer relações de causa e de consequência que resultem no desejo de repetir experiências cujos resultados lhe tenham sido agradáveis que não teria tido por iniciativa própria. Para que o relacionamento causa-consequência seja claro, é preciso, principalmente nessa faixa etária, que tanto a causa quanto a consequência sejam muito claras, tanto para criança quanto para o professor, para que o professor também possa discriminar, gradativamente, os gostos da criança. Para isso, os estímulos oferecidos inicialmente devem ser estritamente os envolvidos no jogo ou atividade. É importante considerar os pontos colocados a seguir:  Estímulos desnecessários no ambiente podem confundir a criança e até mesmo irritá-la. O que está no espaço de aprendizado deve ter organização e sentido;  Brincadeiras livres podem aumentar o isolamento e distanciar a criança do aprendizado. Por outro lado, deve-se:  Estimular a comunicação;  Promover brincadeiras gostosas, mas estruturadas. Para isso,  Descubra e registre em suas anotações as atividades de que seu aluno gosta e as atividades de que seu aluno não gosta;

Início de conversa creche com alunos TGD autismo e questõs comportamentais novembro de 2013

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7/27/2019 Início de conversa creche com alunos TGD autismo e questõs comportamentais novembro de 2013

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MONTE, R. F. & SANTOS, I. B. Educação Infantil: Saberes e práticas da inclusão:

dificuldades acentuadas de aprendizagem, autismo. Brasília, MEC, SEESP (SECADI),2004. 64 p. (Educação Infantil 3).

Para a leitura do livro na íntegra, consultar o arquivo em “Manuais” (Fascículos da

Educação Infantil) *

Início de conversa: pistas importantes para o trabalho de zero a seis

O professor deve ter consciência de seu papel, compreendendo que é por meio

do aprendizado que a criança pode adquirir consciência do mundo e dela própria, e

que esse aprendizado passa pelo desenvolvimento da comunicação.

A experiência do brincar deve ser oferecida à criança inicialmente de forma

estruturada e dirigida para que, por meio dessa experiência, ela possa, aos poucos,

estabelecer relações de causa e de consequência que resultem no desejo de repetir

experiências cujos resultados lhe tenham sido agradáveis que não teria tido por

iniciativa própria.

Para que o relacionamento causa-consequência seja claro, é preciso,

principalmente nessa faixa etária, que tanto a causa quanto a consequência sejam

muito claras, tanto para criança quanto para o professor, para que o professor

também possa discriminar, gradativamente, os gostos da criança. Para isso, os

estímulos oferecidos inicialmente devem ser estritamente os envolvidos no jogo ou

atividade. É importante considerar os pontos colocados a seguir:

  Estímulos desnecessários no ambiente podem confundir a criança e até mesmo

irritá-la. O que está no espaço de aprendizado deve ter organização e sentido;

  Brincadeiras livres podem aumentar o isolamento e distanciar a criança do

aprendizado.

Por outro lado, deve-se:

  Estimular a comunicação;

  Promover brincadeiras gostosas, mas estruturadas.

Para isso,

  Descubra e registre em suas anotações as atividades de que seu aluno gosta e

as atividades de que seu aluno não gosta;

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  Faça tentativas com intervalo de tempo entre elas oferecendo, vagarosamente,

a seu aluno, as atividades de que ele não gosta;

  Reforce e elogie todos os comportamentos adequados de seu aluno, mas sem

exageros;

  Caso você tenha observado algum ritual (ações em sequência) que culmine em

descontrole, interrompa a sequência (ou dê suporte, lado a lado, oferecendo

uma atividade de interesse).

Quando tiver estabelecido um sistema de comunicação eficiente com seu

aluno, poderá começar a introduzir, aos poucos, alguma descontinuidade na rotina. É

importante que o aluno o identifique como alguém que lhe dê segurança, isto é que o

reconforta, mas que também estabelece limites. Além disso, é muito importante que o

professor mantenha o controle emocional.

Outra pista importante:

  Se o aluno ainda não sabe ir sozinho ao banheiro, acompanhe-o em

intervalos regulares de tempo e vá mantendo um registro para determinar

o horário mais adequado. Caso ocorra algum incidente (de xixi nas calças), a

atitude que costuma dar melhor resultado é “ignorar o ocorrido” (não

brigando com ele) e diminuindo temporariamente os intervalos de

banheiro. Peça que a família colabore agindo com a criança de formaanáloga à da escola.

O desafio da construção do conhecimento para este alunado

O grande desafio na construção do conhecimento é a integração das

habilidades adquiridas.

O processo que conduz a esta integração passa pela estimulação simultânea do

desenvolvimento em todas as áreas, mesmo que cada área se encontre em um ponto

inicial distinto do desenvolvimento, e pela relação dessas habilidades com as questõesda vida diária.

É importante lembrar que alguns fatores dificultam a evolução dessa criança,

podendo ela surpreender o professor com comportamentos repetitivos como: birras,

gritos, recusa em engajar-se nas atividades, ou choros aparentemente sem motivos.

Saber colocar limites é indispensável, e a forma de coloca-los deve ser muito

bem avaliada.

Primeiro é importante saber que se colocando limites adequadamente podem-se melhorar condições de aprendizado e de socialização da criança.

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Um dos recursos mais bem sucedidos é novamente, “ignorar o comportamento

inadequado” sem deixar de propor-lhe ações: dar continuidade as atividades, mas

talvez as tornando mais curtas; elogiar a criança sempre que ela conseguir superar a

situação.

Esses problemas de comportamento podem ser desencadeados por três [ou

mais] fatores principais e que podem ser facilmente “corrigidos” e/ou feitas

intervenções mais bem sucedidas:

  Problemas de comunicação, ou seja, a criança não consegue compreender

o que se espera dela, e se o que lhe está solicitado tem um fim, e o que vai

ocorrer depois. Resumindo, tanto a linguagem do professor quanto a

organização do ambiente são incompreensíveis para a criança;  A atividade proposta é excessivamente fácil;

  A atividade proposta é excessivamente difícil.

Se o aluno arremessou objetos ou materiais, a primeira ideia do professor é

fazer com que o próprio aluno recolha o que jogou. Nem sempre isso funciona, pois,

É possível que o aluno recolha tudo e ao terminar esteja mais alterado que o

início, jogando tudo novamente para o alto. Na dúvida, o professor poderedirecionar a atenção do aluno para o trabalho e pedir a alguém para que recolha

os materiais; se o aluno está alterado a ponto de não conseguir a sua atenção, o

 professor deve acalmá-lo, sentando-se junto dele, colocando as mãos suavemente

sobre ele e apenas esperar.  O professor deve manter-se em silêncio ou apenas

sussurrar poucas palavras como: “calma estou aqui”; uma única vez deve falar. Aos

 poucos, ao sentir o aluno mais calmo, o professor pode fazer uma nova tentativa.

As pistas oferecidas nesse texto são preciosas, mas principalmente, tenha

atenção nas seguintes:

  Elogiar o comportamento adequado;

  Limites claros e firmes;

  Ambiente, materiais e horários organizados;

  Pedidos claros e com frases curtas (ou direcionadas de frente para o aluno);

O professor pode se impressionar com a capacidade de aprender desse aluno

quando a forma de ensino adotada for adequada para o aluno.

A expressão de sentimentos, afeto e emoções

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Ao tentarmos desenvolver mecanismos de expressão dos sentimentos é

importante não adivinhar os sentimentos da criança (atribuir sentimento à criança sem

fundamento).

Novamente, podem se utilizar do choro como meio de comunicar, mas sem

muita organização. Essas crianças podem chorar repentinamente (e sem sentido

aparente). A tentativa de consola-las pode resultar em frustração para professor e

aluno. A criança pode chorar sempre em uma determinada situação para desencadear

sentimento do professor.

Vamos resumir os passos importantes para ajuda-la? Esses passos serão

importantes para que a criança possa relacionar-se consigo mesma, perceber que

existe alguma consistência em seus gostos e que há coisas que a agradam e adesagradam. O caminho do desenvolvimento cognitivo é atrelado e concomitante as

outras áreas (como a área da emoção, dos sentimentos e do afeto).

  Organize uma rotina previsível;

  Comece sempre com tarefas curtas e com pouco material, mas tenha

coragem de ir ampliando (desafios são importantes);

  Aumente os materiais de forma segura e cuidadosa;

  Tenha cuidado na organização e na clareza com que proporá as

atividades para que o aluno consiga compreender totalmente aproposta;

  Observe cuidadosamente o seu aluno para ver se existe algum fator

desencadeante dos problemas de comportamento;

  Observe se seu aluno tem rituais de comportamento e auxilie-o a

“utiliza-los”, dando um efeito produtivo, se possível, ofertando objetos

e outras atividades.

  Incentive a comunicação de seu aluno colocando a sua disposição

mecanismos para pedir ajuda (fotos da rotina em varal de atividades,

fotos de ações importantes em sua mesa de trabalho)  – pedir para ir aobanheiro, pedir para brincar com algo, etc.

A independência é um aprendizado, já que esse aluno tem dificuldade em

fazer escolhas, em se comunicar. Mesmo as atividades independentes, durante algum

tempo, devem ser dirigidas, isto é, o aluno precisa aprender a fazer a atividade.

Enfim,

  Dê-lhe sinal de afeto, tal como leva-lo pela mão no parque;

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  Faça-lhe perguntas;

  Obtenha a sua atenção;

 Persista até obter a resposta (sem estressá-lo).

  Jogos nos quais cada criança tenha que esperar a sua vez é saudável;

  Dê-lhe alguma tarefa importante como distribuir materiais.

  A educação é uma das formas mais efetivas para ajudar essa

criança!

Uso da linguagem expressiva

Para que adquiram uma, ou alguma linguagem verbal expressiva. A

comunicação com figuras ajuda muito, pois associa a palavra a um objeto ou pessoa

concreta e conhecida.

Falar demais atrapalha, pois muitas vezes confunde. É importante introduzir a

linguagem aos poucos, apoiando-se em ações e objetos concretos, conhecidos e

muitos claros, e traçar os próximos avanços.

Podemos encontrar crianças que pouco tentaram representar a realidade por

meio de traços no papel e outras com uma forte tendência a desenhar tudo que lhes

chama a atenção, de forma extremamente detalhada.

O mais importante aqui é pensar que, no segundo caso, o desenho tem deocupar um tempo não demasiadamente grande a ponto de prejudicar o contato da

criança com o ambiente. Isso às vezes é difícil, e algum meio de negociação tem que

ser encontrado para que a criança não seja prejudicada no seu aprendizado e contato

com o meio. Mas também não é benéfico privá-la desse excelente canal de

comunicação e de expressão: o desenho, a pintura, as artes em geral.

É comum uma criança com autismo aprender a ler por si própria antes dos

quatro anos de idade, mas “não conseguir aprender” a escrever por não segurar um

lápis e não tentar fazer rabiscações, por exemplo. O uso do computador é umaestratégia para a escrita, pois o teclado costuma chamar a atenção e ser mais

confortável para alguns.

  Se já sabe ler, pode adotar-se um sistema de comunicação por meio de uma

agenda (em papel, por computador), utilizando-se a linguagem escrita com

palavras claras e precisas, verificando sempre se esse sistema é funcional para

o aluno;

  Se o aluno não lê, mas pareia, verifique se ele compreende cartões com

fotografias, figuras ou desenhos das atividades e horários colocados em umpainel que pode ser fixo na parede, ou ser móvel, de forma que o aluno possa

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carrega-lo. Avalie essa forma de comunicação, comece com uma ou duas

figuras e vá introduzindo aos poucos novas figuras de comunicação à medida

que elas forem sendo ensinadas na situação de aprendizado;

Atenção: Se desenhos não são reconhecidos pelos alunos (muito

generalizantes), tente fotos (próximas do real, da vivência do aluno). E

se as fotos não chamam a atenção do aluno, utilize objetos concretos

(reálias) que se relacionem ao máximo com as atividades propostas e

que deseja representa-las na rotina do aluno e nas opções de escolha.

Exemplo, pratos para pedir comida, copo para bebida, rótulos do que o

aluno costuma lanchar.

*O livro na íntegra está na Aba “Manuais” no site IHA Informa – www.ihainforma.wordpress.com 

Para saber mais consulte também os seguintes materiais: 

Vídeo Série Toda criança é únicaEpisódio 1 | Liberdade de ser e aprender

Neste episódio, a inclusão da de 6 anos, no Jardim de Infância 316 Sul, Brasília.

Diagnosticada como autista e com um comportamento que dificultava a socialização conseguiu

superar suas dificuldades, tornou-se líder entre os colegas, começou a falar e interage bem.

*O vídeo está na Aba “Multimídia”, vídeos do MEC, no site IHA Informa – 

http://ihainforma.wordpress.com/multimidia/videos-do-mec/

Orientações sobre a inclusão do aluno com Transtornos Globais doDesenvolvimentoOrientações para promover a aprendizagem do aluno com Transtornos Globais do

Desenvolvimento (TGD).

*O artigo está na Aba “Documentos”, Orientações para professores, no site IHA

Informa – http://ihainforma.wordpress.com/2010/06/13/orientacoes-sobre-a-inclusao-do-

aluno-com-transtornos-globais-do-desenvolvimento/