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INOVAÇÃO: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACESM? Área temática: Gestão Estratégica Organizacional Karina Dias Gonçalves [email protected] Ana Flavia Costa Faria [email protected] Antonio Suerlilton Barbosa da Silva [email protected] Resumo: Tendo por objetivo verificar a compreensão dos alunos do curso de Administração da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas FACESM, localizada no município de Itajubá/MG, referente ao conceito de inovação, foi realizada uma análise coletiva de experiências individuais para extrair a percepção dos futuros administradores. Esse tipo de pesquisa, qualitativa, de caráter exploratório, visa explorar a gama de significados dentro de um grupo como um grupo, e não a gama de significados para cada indivíduo dentro do grupo. Fez-se uso de uma amostra de alunos do curso de Administração da FACESM, sendo a coleta de dados realizada por meio de questionários estruturados. Após a análise dos dados, apresentou-se um conceito que explica a definição dos alunos quanto à inovação. Essa definição foi comparada com a literatura existente, entretanto, não se encontrou um conceito predominante, pois as definições obtidas junto aos alunos formam um conjunto de diversos conceitos existentes. Finalmente, percebeu-se que os alunos apresentam dificuldades em traduzir as suas definições teóricas em exemplos reais aplicados nas organizações. Palavras-chaves: ISSN 1984-9354

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INOVAÇÃO: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DO CURSO DE

ADMINISTRAÇÃO DA FACESM?

Área temática: Gestão Estratégica Organizacional

Karina Dias Gonçalves

[email protected]

Ana Flavia Costa Faria

[email protected]

Antonio Suerlilton Barbosa da Silva

[email protected]

Resumo: Tendo por objetivo verificar a compreensão dos alunos do curso de Administração da Faculdade de

Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas – FACESM, localizada no município de Itajubá/MG, referente ao conceito

de inovação, foi realizada uma análise coletiva de experiências individuais para extrair a percepção dos futuros

administradores. Esse tipo de pesquisa, qualitativa, de caráter exploratório, visa explorar a gama de significados

dentro de um grupo como um grupo, e não a gama de significados para cada indivíduo dentro do grupo. Fez-se uso de

uma amostra de alunos do curso de Administração da FACESM, sendo a coleta de dados realizada por meio de

questionários estruturados. Após a análise dos dados, apresentou-se um conceito que explica a definição dos alunos

quanto à inovação. Essa definição foi comparada com a literatura existente, entretanto, não se encontrou um conceito

predominante, pois as definições obtidas junto aos alunos formam um conjunto de diversos conceitos existentes.

Finalmente, percebeu-se que os alunos apresentam dificuldades em traduzir as suas definições teóricas em exemplos

reais aplicados nas organizações.

Palavras-chaves:

ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

Para conseguir dominar o mercado e sobrepujar a concorrência, as empresas modernas têm

usado como recurso principal a prática de inovar e agregar valor aos produtos/serviços e assim

atender às expectativas de seus clientes.

Deixando de ser apenas uma opção para se tornar uma essencialidade, a inovação vem se

difundindo no ambiente organizacional e desenvolvendo um nível mais abrangente no setor

produtivo. Ela surge quando os indivíduos de uma organização percebem a necessidade de mudança

e buscam alternativas que geram melhorias em seus produtos, serviços e processos (MAIS et al.,

2008).

A inovação é considerada um dos principais elementos utilizados na produção de bens e

serviços, contribuindo para o desenvolvimento de uma economia (PEREIRA et al., 2012). A

inovação tecnológica tem um papel importante na questão do desenvolvimento econômico do país,

porque ela proporciona uma quebra de paradigma no sistema econômico, isso faz com que haja uma

alteração nos padrões de produção e proporcione um diferencial às empresas (SCHUMPETER,

1988).

O Manual de Oslo (2005) e a Pintec (2012) apresentam quatro tipos de inovação, a saber:

inovação de produtos, processos, organizacional e marketing. O fato de as empresas modernas

manterem uma constante busca por inovação, criando algum produto\serviço novo acarreta

mudanças na função dos colaboradores, gerando consequentemente uma melhoria no desempenho

organizacional (SILVA; SOUZA; FREITAS, 2012).

Dado o exposto, surge o seguinte problema de pesquisa: qual é o nível de conhecimento

adquirido pelos estudantes do curso de administração, nomeadamente, os alunos da Faculdade de

Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas (FACESM), no que diz respeito ao termo inovação?

Logo, o objetivo deste artigo é conhecer o entendimento dos alunos do curso de administração da

FACESM quanto ao conceito de inovação e sua aplicabilidade nas organizações.

Para o alcance desse objetivo, foi realizada uma análise coletiva de experiências individuais

para extrair a percepção dos futuros administradores. Esse tipo de pesquisa (qualitativa, de caráter

exploratório) “visa explorar a gama de significados dentro de um grupo como um grupo, e não a

gama de significados para cada indivíduo dentro do grupo” (MAINARDES; FERREIRA; RAPOSO,

2011, 287). Fez-se uso de uma amostra de alunos do curso de Administração da FACESM, sendo a

coleta de dados realizada por meio de questionários estruturados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Os consumidores atuais buscam cada vez mais produtos e serviços aprimorados e

diferenciados, o que gera nas empresas uma necessidade constante de procurar recurso que atualizem

a produção e satisfaça seus clientes e a melhor maneira de seguir as rápidas modificações do

mercado é a capacidade de buscar novas ideias, entretanto é necessário que haja uma viabilidade em

sua implantação (SILVA; SOUZA; FREITAS, 2012; SILVA; DACOROSO, 2013).

A inovação, além de agregar valor aos produtos tornando-os diferenciados, proporciona às

empresas aquisição de novos mercados, novas parcerias e também novo conhecimento sendo, então,

a inovação um elemento fundamental que gera uma vantagem competitiva para a organização, em

relação às demais (SAMBIASE; FRANKLIN; TEIXEIRA, 2013).

Várias são as definições encontradas na literatura sobre inovação, com cada uma alinhada a

um determinado contexto, porém todas elas se enquadrando em um conceito mais geral de criação de

algo diferenciado. A seguir, serão apresentadas algumas delas.

Em Schumpeter (1988), a inovação tecnológica tem um papel importante na questão do

desenvolvimento econômico do país. Criando uma interrupção no sistema econômico, isso faz com

que haja uma alteração nos padrões de produção e proporcione um diferencial para as empresas.

Em Silva e Melo (2001), a inovação é vista como a renovação e alargamento da gama de

produtos, serviços e mercados associados, mas também como a criação de novos métodos de

produção, de aprovisionamento e de distribuição, além da introdução de alterações na gestão, na

organização do trabalho, bem como nas qualificações dos trabalhadores.

O Manual de Oslo (2005) define inovação como uma ferramenta que envolve investimento e

que solicita a utilização de um novo conhecimento, porém ela está associada a incertezas sobre os

resultados das atividades inovadoras.

A pesquisa de inovação tecnológica, no Brasil, (PINTEC), tem a inovação como um novo ou

aprimorado produto/processo, desenvolvido pela empresa ou adquirido de outra instituição, podendo

ser resultado de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), novas combinações e aplicações de

tecnologias.

A motivação para se inovar nas organizações se dá quando seus colaboradores identificam a

necessidade de mudança e buscam alternativas que geram melhorias em seus produtos, serviços e

processos. Essa inovação é vista como algo que gera satisfação para sociedade e um retorno

financeiro para a empresa e para a economia (MARQUES, 2011; MAIS et al., 2008).

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Mais recentemente, a inovação é vista como uma ferramenta utilizada pelos empreendedores

para criação de produtos e serviços diferenciados (PAREDES; SANTANA; FELL, 2014), sendo

considerado um dos principais elementos (fator de produção) utilizados na produção de bens e

serviços (CAMPOS, 2013; PEREIRA et al., 2012), determinante principal do crescimento

econômico no mundo da industrialização (BUENEO; TORKOMIAN, 2014).

No século XXI ou ainda na economia do conhecimento, a inovação se transformou em uma

necessidade presente na realidade das empresas. Sob uma perspectiva estratégica e por meio de ações

coordenadas (rotinas, ferramentas, processos e recursos), essas empresas fazem com que a inovação

seja um procedimento atribuído de regularidade, sistematização e disciplina, e não apenas um

acidente empresarial, e assim, eliminam as barreiras e os obstáculos, facilitando o seu desempenho.

Ela é uma construção complexa, com diferentes conceitos e visões e, consequentemente, é analisada

sob diferentes abordagens teóricas, em várias áreas do conhecimento (FARIA; FONSECA, 2014;

BORCHARDT; SANTOS, 2014).

O Manual de Oslo (2005) e a Pintec (2012) apresentam quatro tipos de inovação, a saber,

Inovação de Produtos, Inovação de Processos, Inovação Organizacional e Inovação de Marketing.

Inovação de produtos é definida como a introdução, na organização, de um produto (bem ou

serviço) novo ou significativamente melhorado em relação ás suas características ou usos previstos,

através da utilização de matérias-primas ou componentes de maior rendimento (PINTEC, 2012;

MANUAL DE OSLO, 2005).

A Inovação de processos refere-se á execução de um novo ou complementado método de

produção e entrega de produtos, com a visão de reduzir custos de produção e de distribuição e

melhorar a qualidade (PINTEC, 2012; MANUAL DE OSLO, 2005).

A Inovação em marketing consiste em implementar novas estratégias de marketing com

mudanças no produto ou na embalagem dos produtos, sem modificar as características funcionais,

com o objetivo de abrir novos mercados e aumentar as vendas (PINTEC, 2012; MANUAL DE

OSLO, 2005).

A Inovação organizacional trata-se da implementação de novas técnicas de gestão nas

práticas de negócios da organização (um novo método de organização da empresa) ou mudanças nas

relações internas e também na organização do local de trabalho, visando à melhoria da empresa

(PINTEC, 2012; MANUAL DE OSLO, 2005). A inovação organizacional se dá devido a constante

busca por inovação, por parte das empresas, o que leva à mudanças na função dos colaboradores,

gerando consequentemente um crescimento organizacional (SILVA; SOUZA; FREITAS, 2012).

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3 METODOLOGIA

Depois da revisão da bibliografia e da elaboração das questões de estudo e tendo

sempre presente os objetivos a alcançar, surgiram as seguintes questões: Que dados serão

necessários? De que tipo? Como serão recolhidos? Onde serão recolhidos? Quando serão

recolhidos?

Em primeiro lugar, levou-se em conta que tipo de dados seria necessário obter.

Tratava-se de dados que permitissem a aferição do entendimento dos alunos do curso de

administração da FACESM quanto ao conceito de inovação e sua aplicabilidade nas

organizações. Atendendo ao tipo de dado que se pretendia obter, inicialmente, obtiveram-se

três tipos de métodos de recolha a se escolher: (1) o questionário; (2) a entrevista e (3) os

dados secundários.

O questionário pareceu ser o método de recolha de dados mais adequado, porque

proporciona a quantidade de informação desejável e permite a obtenção de informação mais

rapidamente do que a entrevista. Porém, geralmente associado a esse método, tem o problema

associado ao baixo índice de respostas, fato que pode colocar em causa a realização dos

objetivos propostos. Quanto à entrevista, devido à sua morosidade e às limitações temporais,

afastou-se essa possibilidade. Os dados secundários, por sua vez, permitem ultrapassar as

limitações que os outros métodos apresentam e permitem, ainda, a obtenção rápida de

informação diversa de amostras grandes e a custos reduzidos (BARAÑANO, 2008). Neste

sentido, procurou-se saber se existiam dados secundários com a informação necessária para

alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa. Na realidade, comprovou-se não existir.

A realização de uma pesquisa sobre a realidade de um local requer que seja efetuado

um conjunto de escolhas atendendo ao que se pretende estudar, ao problema de pesquisa

levantado, aos objetivos traçados e à forma como o estudo vai ser conduzido, ou seja, desde

as posições científicas básicas até aos métodos de análise. Com base nesta ideia inicial, foi

delineado um método de pesquisa, optando-se por estruturar o estudo em duas partes, uma

primeira teórica e a segunda de caráter empírico.

Na primeira parte teórica, foi efetuado o enquadramento do problema de pesquisa e

efetuada a revisão da literatura em torno do tema. Foi ainda levantada a questão de

investigação a que o estudo pretendia responder e o modelo de investigação proposto.

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Seguidamente, e já dentro da parte empírica, foram definidos os objetivos do estudo. Para o

desenvolvimento da investigação, foi necessário selecionar a amostra e definir qual o instrumento de

obtenção de dados a aplicar. Nesta pesquisa, fez-se uso de um questionário. Por fim, esses dados

recolhidos foram tratados, procedendo-se, posteriormente, à interpretação dos resultados e à

elaboração das respectivas conclusões.

Assim, os passos desenvolvidos nesta pesquisa são apresentados na figura abaixo.

Figura 1 – Desenho da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

Sendo assim, é possível classificar esta pesquisa em relação aos seus objetivos e

procedimentos da seguinte forma: quanto aos objetivos ela é descritiva, explicativa e exploratória.

Descritiva, porque procura aferir o entendimento dos alunos do curso de administração da FACESM

quanto ao conceito de inovação e sua aplicabilidade nas organizações. Segundo Cervo e Bervian

(1983), a pesquisa descritiva procura compreender e descrever as particularidades de uma

determinada situação ou fenômeno. Explicativa, porque procura identificar e conhecer o

entendimento dos alunos do curso de administração da FACESM quanto ao conceito de inovação e

sua aplicabilidade nas organizações, para melhor compreendê-lo (ANDRADE, 2010). Exploratória,

por ter a função de trazer novos conhecimentos acerca da temática inovação. Ainda segundo Andrade

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(2010), estudos exploratórios constituem-se em uma maneira eficiente de descobrir ‘o que

está acontecendo’, de ir à busca de novos insights, de fazer questionamentos, avaliar

fenômenos sob um novo olhar e ao mesmo tempo responder às questões principais da

pesquisa.

Quanto aos procedimentos esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, uma vez

que toma como objeto apenas livros, bases referenciais e periódicos especializados. Segundo

Almeida (2011), esse tipo de estudo é parte essencial da maioria dos estudos nas ciências

humanas, uma vez que, normalmente se parte de uma abordagem teórica, com a finalidade de

buscar relações entre conceitos, características e ideias, às vezes unindo dois ou mais temas,

para depois verificar o que se observa empiricamente (como nesta pesquisa, um estudo

teórico e empírico).

Finalmente, quanto à forma de abordagem, a presente pesquisa caracteriza-se como

sendo qualitativa. A pesquisa qualitativa trabalha com realidades não quantificáveis, não

utilizando instrumentos formais e estruturados. É globalizante, pois procura captar a situação

ou o fenômeno em toda a sua extensão (ANDRADE, 2010).

Após autorização do coordenador do curso de Administração da FACESM, os

questionários foram entregues aos alunos que comporam a amostra, no dia 20 de fevereiro de

2015. No dia 22 de fevereiro do mesmo ano, os mesmos foram recolhidos, na sua totalidade.

4 RESULTADOS

O início do questionário pedia apenas o nome e o curso dos entrevistados seguidos da série e

turma. No total, foram oito turmas (cerca de 240 alunos), com alunos do primeiro ano ao quarto ano

do curso de administração.

Vale ressaltar, neste ponto da pesquisa, que a primeira questão, que correspondia ao conceito

de inovação, foi respondida detalhadamente pela maioria dos alunos, preenchendo completamente os

espaços destinados à questão. Isto possibilitou uma análise mais aprofundada sobre o entendimento

do conceito de inovação sob a perspectiva dos alunos do curso de Administração da FACESM.

Quanto às questões que tratavam dos exemplos, aplicabilidade e importância da inovação, os

mesmos respondentes foram demasiado genéricos e objetivos nas suas respostas, o que não permitiu

uma análise tão aprofundada quanto a análise do conceito de inovação.

Quanto à análise dos dados dessa questão, o raciocínio foi o seguinte: primeiramente reuniu-

se todas as respostas em um único texto para na sequência comparar cada definição com os conceitos

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encontrados na literatura e citados neste estudo, chegando-se, desta forma aos resultados descritos.

Ao final das análises individualizadas, fez-se a fusão destas definições, em uma definição única,

estabelecida de modo coletivo, que resultou em um conceito amplo compreendido pelo conjunto de

alunos investigados.

Na primeira questão os respondentes definiram inovação da seguinte maneira:

1. “Inovação é o uso de novas tecnologias consideradas avançadas atualmente, para que as

organizações tenham um diferencial e se destaquem em relação aos concorrentes”.

Essa definição se enquadra nos conceitos de Shumpeter (1988), que diz, sinteticamente, que a

inovação tecnológica tem um papel importante na questão do desenvolvimento econômico do país,

criando uma interrupção no sistema econômico, isso faz com que haja uma alteração nos padrões de

produção e proporciona um diferencial para as empresas.

2. “Inovação se faz necessário para a evolução tanto das empresas como do mercado, através

de novos processos com novas formas de dirigir e organizar a produção, novas ideias e

novos equipamentos”.

Essa definição se enquadra em Silva e Melo (2001), onde a inovação é a renovação e

alargamento da gama de produtos, serviços e mercados associados, a criação de novos métodos de

produção, de aprovisionamento e de distribuição, a introdução de alterações na gestão, na

organização do trabalho, bem como nas qualificações dos trabalhadores.

3. “Inovação é a criação de uma novidade, algo novo e diferente para surpreender o

consumidor, ou o melhoramento de algo que já existe, para que se torne mais atrativo e

com maior valor no mercado. Inovar é aplicar novas tendências e ter soluções para

atender as necessidades dos clientes”.

Essa definição corresponde aos conceitos da pesquisa de inovação tecnológica (PINTEC),

onde a inovação é como um novo ou aprimorado produto/processo, desenvolvido pela empresa ou

adquirido de outra instituição e que pode ser resultado de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), novas

combinações e aplicações de tecnologias.

4. “Inovação é sair da zona de conforto e buscar novos conhecimentos, para fazer algo novo

diante de uma situação rotineira, fazendo com que a organização seja diferenciada e

satisfaça as necessidades dos clientes”.

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A última definição em relação à primeira pergunta esta relacionada aos conceitos do Manual

de Oslo que relata a inovação como uma ferramenta que envolve investimento e que solicita a

utilização de um novo conhecimento, porém ela está associada a incertezas sobre os resultados das

atividades inovadoras.

Na sequência do questionário, foi solicitado a indicação de exemplos de inovação, porém boa

parte dos respondentes deixou esta questão em branco. Outros citaram:

Celulares com aplicativos e GPS, celulares a prova d’água e tablets, inovação

na gestão da empresa contribuindo com a economia, como fez Steve Jobs, a

empresa Toyota e a Dell”, adoção de métodos/procedimentos que aumentem a

produtividade da empresa através de tecnologias e equipamentos de última

geração, novos métodos na lavagem de um carro para a economia de água ,

processo de filtragem de água salgada para água potável, inovação na área da

informática, como aquisição de novos softwares e novos meios de

comunicação, implementação de uma nova gestão que motive os funcionários,

desenvolvimento de treinamentos, recompensa pelo bom desempenho,

utilização de novos métodos/procedimentos na produção, aplicação de

tecnologias de última geração.

Foram poucos os exemplos citados pelos alunos, pois muitos deles definiram inovação, mas

não ofereceram exemplos, sinalizando a dificuldade que os alunos têm em operacionalizar suas

definições teóricas para a realidade organizacional.

Em seguida, foi solicitado a indicação de exemplos de como a inovação pode ser aplicada nas

organizações. Mais uma vez, boa parte dos respondentes deixou esta questão em branco. Outros

citaram:

As empresas devem se diferenciar e se destacar em relação à concorrência,

com a aplicação de novos recursos e novas tecnologias. A inovação pode ser

aplicada através da capacitação dos gestores, estudando as possibilidades de

diminuição dos custos através de mudanças nos processos, para facilitar as

atividades inovadoras. Aplicação de novas ideias através de pesquisas

internas, estudando as novas tecnologias que podem ser incluídas no processo

produtivo e melhorar o produto. Satisfazer as necessidades dos clientes e

buscar conhecer os seus desejos, para que sejam atendidos da melhor maneira

possível e os torne fiel a empresa, fazendo com que ela seja mais competitiva

e conquiste o mercado. Uma alternativa interessante seria a implantação de

um departamento específico para criação de novas ideias e novos projetos,

estimulando os funcionários a compartilharem sua capacidade inovadora. A

inovação pode ser aplicada através de uma boa comunicação e um bom

relacionamento organizacional que desencadeie ideias inovadoras.

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A quarta questão estava relacionada com a importância da inovação para as organizações. e o

resultado foi o seguinte:

A inovação é de extrema importância, pois ela permite que a empresa seja mais

competitiva, se diferenciando dos concorrentes e atraindo mais clientes. O

mercado esta em constante crescimento e a inovação agrega valor para a

empresa, tornando-a capaz de crescer no mercado e melhorar os resultados

econômicos. A inovação é importante para manter a organização atualizada e

melhorar o rendimento da produção, além de contribuir com sua sobrevivência

e evitar que se tornem obsoletas. É importante inovar nas organizações,

conquistar o maior número de cliente e conseguir mantê-los, através da

satisfação de suas necessidades.

Apesar de muitos terem demostrados uma facilidade de explicitar a importância da inovação

para as organizações, muitos, também, foram aqueles que sinalizaram dificuldades em exprimir suas

ideias.

5 CONSIDERAÕES FINAIS

Este estudo procurou verificar o nível de conhecimento adquirido pelos estudantes do curso

de administração, nomeadamente, os alunos da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de

Minas (FACESM), no que diz respeito ao termo inovação. Nesse sentido, realizou-se uma análise

coletiva de experiências individuais para extrair a percepção dos futuros administradores. Esse tipo

de pesquisa, qualitativa, de caráter exploratório, visa explorar a gama de significados dentro de um

grupo como um grupo, e não a gama de significados para cada indivíduo dentro do grupo. Fez-se uso

de uma amostra de alunos do curso de Administração da FACESM, sendo a coleta de dados realizada

por meio de questionários estruturados.

Após a análise dos dados coletados, quanto à definição de inovação, apresentou-se um

conceito que explica a definição dos inqueridos. Esta definição foi comparada com a literatura

existente, não encontrando um conceito predominante, pois as definições obtidas junto aos futuros

administradores formam um conjunto de diversos conceitos existentes. Por fim, identificou-se que os

alunos apresentam dificuldades em traduzir as suas definições teóricas em exemplos reais aplicados

nas organizações.

REFERÊNCIAS

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