Inquietações sobre a Lava Jato e o medo - Virginia Fontes.pdf

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    POLÍTICA VIRGÍNIA FONTES

    21 de março de 2016 7 min atrás 567 Visualizações

    Inquietações sobre a Lava Jato e o medo

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    Ilustração de Marlon Anjos

    Virgínia Fontes

    Este artigo não é uma defesa do PT, que aceitou, aprendeu e adotou o comportamento dos grandes

     partidos brasileiros. É, por outro lado, defesa daquela que foi outrora a base desse partido, a

    heterogênea classe trabalhadora brasileira, hoje em vias de criminalização. Tampouco se pretende

    aqui fechar questão sobre os problemas da grave conjuntura pela qual o país passa. É, ao contrário,

    uma contribuição para um canal de diálogo e reflexão que deve permanecer aberto.

    A conjuntura contemporânea coloca um problema que extrapola o embate entre orientações

     partidárias e envolve modificações de fundo do regime político: a ascensão de um movimento de

    extrema direita apoiado, insuflado e sustentado pela grande empresa midiática e pela maior 

    entidade empresarial brasileira, a FIESP. As intervenções dos grupos de extrema direta, organizados

    em entidades que recebem apoio direto de empresariados diversos, representam a pauta do

    comportamento político que o empresariado apoia e pretende impor. O lastro comum, um violento

    anticomunismo primário e grotesco, não atinge apenas o PT mas o conjunto das forças que ousam

    lutar por um mundo diferente. E a própria classe trabalhadora.

    A classe trabalhadora precisa preservar os espaços que conquistou – ninguém os concedeu – para

    sua organização livre, sua livre expressão e a defesa de seus interesses e opiniões. E isso hoje está

    ameaçado no Brasil.

    Ao deslocar a questão da corrupção sistêmica que grassa em todos os grandes partidos e da

    conjunção carnal entre Estado brasileiro e grandes interesses corporativos para quase unicamente

    um dos partidos, um juiz se tornou estrela midiática e refém desses grupos (e, infelizmente, parece

    acomodado a esse papel). Essa é uma base dramaticamente fértil para todas as exceções com

    “apoio jurídico”.

    “A operação Lava Jato já tinha sido criticada não por aqueles que temiam sua extensão, mas

     por aqueles que queriam vê-la ir mais longe. Há tempos, ela mais parece uma operação Mãos

     Limpas maneta” (Safatle, 2016, Grifos adicionados).

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    Esta primeira inquietação aborda o comportamento e o medo da burguesia. Medo, aliás, que ela

    realmente deve ter: o de ir para a cadeia. Medo que deveriam ter também seus “serviçais”, desde os

     partidos corrompidos, seus indicados para comissões e cargos, até os mandantes de assassinatos

    recorrentes de camponeses, trabalhadores rurais, indígenas, quilombolas, assim como a ação

     patrocinada  de milícias nos grandes centros urbanos. Mortandade corriqueira e cotidiana, da qual

    somos tristes campeões internacionais.

    A prisão de dirigente-proprietário de uma das maiores empreiteiras brasileiras, Marcelo Odebrecht,

    suscita poucos comentários na imprensa proprietária. Um silêncio sepulcral, estranho numa mídia

    tão verborrágica e repetitiva quando são outros setores sociais os atingidos. O lema da Fiesp para

    apoiar o impeachment é prosaico: “não vamos pagar o pato”. Ora, esse lema pode ser lido tambémcomo “nós, os empresários, não iremos para a cadeia”. Sugerem que remetem a não mais “sustentar 

    o Estado com seus impostos” – o que, aliás, não é verdade, uma vez que a estrutura fiscal brasileira,

    fortemente regressiva, repousa sobre a grande massa da população e não sobre os endinheirados.

    Parecem zombar da inteligência alheia.

    A grande burguesia brasileira tem medo. E não é do PT que têm medo, mas de sua “fraqueza” em

    controlar a Polícia Federal, como sempre fizeram os demais governos. E tem razão para tanto. Os

    corrompidos são o outro lado dos corrompedores. A contradição do PT é insolúvel: empurrado a

    sustentar a Lava Jato enquanto ela se volta contra ele, é permanentemente manietado para sua

    ampliação em outras direções. Acomodou-se nesse desconforto: quanto mais pressionado, mais

    cede e negocia aos grandes interesses e mais perde coerência. Aceitou leis inaceitáveis,

    consolidando as formas de exceção, como aquela supostamente destinada a combater “terrorismo”.

    Uma opção à altura da escassa civilização do conjunto dessas burguesias é comprar – e rapidamente

     – os novos “justiceiros”. Qual será a moeda? Não sabemos. Afinal, de acordo com a lógica

    dominante dos grandes proprietários, expressas em muitas de suas entidades, tudo se resolve no…

    mercado. Trata-se, para seus valores morais, apenas de precificar. Ora, terão esses “justiceiros”

    alguma causa além do bolso e do pequeno tempo de fama fulgurante?

    São Paulo burguês também tem medo. O fulcro do poder burguês no país está profundamente

    amedrontado. Suas tensões internas são completamente silenciadas entre eles e na grande mídia,

    inclusive no jornal Valor Econômico, filho do casamento entre A Folha de S. Paulo  e O Globo. O

    apoio que dão à operação Lava Jato tem data de validade: até conseguir emplacar novo governo,

    que controle definitivamente o voo do Ministério Público e da Polícia Federal. Para não

    esquecermos: até que nomeiem um novo “engavetador geral da república”, como Brindeiro, que

     protegeu FHC, sua entourage e os escândalos que pipocaram durante anos.

    Candidamente, Mônica Bérgamo, cujo jornalismo tem os mesmos limites da grande imprensa

     brasileira, disse na  Band News, em 17 de março passado, que a destituição rápida de Dilma

    Rousseff teria o mérito de lançar um balde de água fria na centralidade da Lava Jato e de permitir 

    uma nova governabilidade, com menos sobressaltos. Ora, o que isso significa? Uma maneira de

    esfriar a Lava Jato, contê-la e direcioná-la. Que partido político terá credenciais para isso? Michel

    Temer e seu PMDB, juntamente com Eduardo Cunha? Eles representam o partido que sustenta há

    décadas a institucionalização da prática da compra generalizada, ampla e irrestrita, vitória das

    astúcias da chantagem e de fartos dossiês comprometedores.

    O próprio juiz Sérgio Moro se converterá no responsável por amputar de vez as bases da legalidade,

    da representação eleitoral e das regras do Estado de direito? Sua proximidade com entidades

     patronais é mais do que inquietante. Para o editorial de um jornal como O Globo, expressão de um

    dos maiores conglomerados do país (três de seus proprietários figuram entre os indivíduos maisricos do país) do Rio de Janeiro, não importam os meios nem os executantes:

     “Nesta hora, não importam os interesses pessoais do investigado [Eduardo] Cunha ao executar 

    o roteiro regimental [do impeachment acelerado]. Para o país, interessa que seja rápido e

    dentro da lei.” (O GLOBO, 2016).

    Pensam os “sergiosmoros” de data recente que a Polícia Federal terá alguma brecha para agir sob

    Cunha, Temer ou qualquer outro na linha de sucessão? Ou desde já apoiam seu caráter enviesado?

    Tudo aponta para a cristalização deste viés da Lava Jato, que despreza a lei para ocupar-se apenas

    de um lado, e representa a perda de direitos de todos.

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    Referências bibliográficas

    O GLOBO. Opinião. O impeachment é uma saída institucional da crise. O Globo, p. 20, 19 mar.

    2016. Disponível em: glo.bo/25fXKWY

    Safatle, V. O suicídio da Lava Jato. Folha de S. Paulo, 18 mar. 2016. Disponível em:

     bit.ly/1UawtSB

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