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INSERÇÃO DO CONTEÚDO DE LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR · 2014-04-22 · INSERÇÃO DO CONTEÚDO DE LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Autora: Maria do Carmo Ambrozio 1 Orientador:

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INSERÇÃO DO CONTEÚDO DE LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Autora: Maria do Carmo Ambrozio1

Orientador: Ernani Xavier Filho2

Resumo O objetivo do presente artigo voltou-se para a apresentação e discussão dos resultados de implantação de proposta didático-pedagógica junto a alunos do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Estadual “Professora Olympia Morais Tormenta”, de Londrina, visando despertar o interesse pelo trabalho com lutas como forma de promover uma melhor socialização dos alunos, com ênfase para o trabalho com disciplina, organização, consciência corporal, concentração, respeito mútuo e cooperação. Discutiu-se a importância de se avaliar a educação física e o esporte como práticas pedagógicas relevantes para crianças e adolescentes dentro do âmbito educacional. Foram desenvolvidas atividades como estudo de textos sobre as lutas e os benefícios que podem propiciar; levantamento das modalidades de lutas existentes: origem, regras, países em que a prática é mais intensa; levantamento das modalidades de lutas existentes no Brasil; análise do desempenho de atletas brasileiros nas diferentes modalidades das lutas; crítica aos apelos à violência nos filmes analisados; aplicação de pesquisa junto à comunidade sobre as modalidades preferidas de lutas e realização de oficinas com as técnicas básicas dos tipos de luta mais evidenciados na pesquisa. Os resultados obtidos deixaram entrever a importância de se buscar novas formas de abordagem dos conteúdos da disciplina, com vistas à integração entre esporte, conhecimento e vida cotidiana. Palavras-chave: Educação Física escolar; currículo, lutas Introdução

O currículo em vigência para a Educação Física encontra respaldo legal na

Resolução 03/87 do Conselho Federal de Educação. Traz em seu bojo alterações na

formação do profissional desta área e amplia sua esfera de atuação. Assim, a

realização do projeto que deu origem a este artigo volta-se para a Educação Física

1 Professora de Educação Física da rede estadual de ensino do Paraná, participante do PDE 2010

2 Professor orientador – UEL – Universidade Estadual de Londrina

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Escolar, tendo em vista as mudanças efetivadas e a pouca profundidade de estudos

sobre o conteúdo de lutas na abordagem pedagógica escolar.

Embora estejam previstas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,

1997) e nas Diretrizes Curriculares para a Educação do Estado do Paraná (DCE,

2008), são poucos os profissionais que desenvolvem o conteúdo de lutas em suas

aulas.

Por lutas se entende as disputas em que os oponentes devem ser

subjugados, mediante técnicas e estratégias de equilíbrio, contusão, imobilização ou

exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa.

Trata-se de um conjunto de manifestações culturais históricas e, portanto,

vinculam-se à temática da diversidade cultural que deve ser trabalhada nas

diferentes disciplinas que compõe o currículo do Ensino Médio.

Deve-se pressupor que os prováveis motivos para esta pouca utilização das

lutas na Educação Física Escolar vinculam-se à falta de formação adequada dos

profissionais, ou até mesmo a concepções equivocadas quanto aos resultados de

uma ação educativa focada neste conteúdo.

Assim, entende-se que ao se trabalhar com o conteúdo estruturante lutas,

além de proceder à necessária revisão dos conceitos básicos que estão

relacionados a esta temática, tornou-se possível atribuir novos contornos para a

ação pedagógica da disciplina, usualmente focada na prática de esportes mais

divulgados no cenário brasileiro.

A proposta foi implantada no Colégio Estadual “Professora Olympia Morais

Tormenta”, situada na Rua Rudolf Keilhod, 173, no Conjunto João Paz Zona Norte

de Londrina com aproximadamente dois mil alunos. O trabalho foi desenvolvido

juntamente com professores de Educação Física e alunos do segundo ano do

Ensino Médio.

O estudo justificou-se e se fez relevante, pois a partir da década de mil

novecentos e setenta, e com maior força nos anos oitenta do século XX, todo

processo envolvendo a Educação Física começou a sofrer com profundas críticas e

busca por transformações, principalmente referente ao processo de ensino-

aprendizagem e as teorias que serviam, e ainda servem de referência a este

processo. Cresceu a importância assumida e conquistada pela Educação Física que,

durante os últimos vinte anos, transformou-se em um promissor campo de trabalho,

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pesquisa e estudo, atraindo cada vez mais a atenção da sociedade em geral, que

busca novas formas de atingir o equilíbrio entre vida, trabalho e saúde.

2 Desenvolvimento

2.1 Currículo e Educação Física

Em primeiro plano, é preciso considerar que o currículo centrado somente na

busca da qualidade, do conhecimento técnico e científico, sem considerar as

relações interpessoais, o lazer e os momentos de descontração provavelmente não

garantirão ao aluno uma realização completa, que significa sucesso profissional,

sucesso familiar e satisfação pessoal.

Em direção contrária, o currículo que prioriza o desenvolvimento integral do

ser humano, através da construção da sensibilidade, do perceber, do interpretar, do

criar, do recriar e do transmitir, conforme sua compreensão dos fatos estará

preparando muito melhor o educando e fará com que ele supere, com muito mais

facilidade, as adversidades do mundo atual.

Dentro da formação do currículo, não se pode esquecer que o ser humano

não conseguirá atingir suas realizações somente com as disciplinas humanas e nem

somente com as disciplinas ditas exatas: o sucesso de um currículo está na

integração das duas áreas.

Sperb (1976, p. 22), analisando Anísio Teixeira, diz que o homem deve ser

capaz de compreender e de agir cada vez mais em nível global, no intuito de sentir-

se responsável por sua sociedade. Assim sendo, a atuação das escolas deve

preparar os indivíduos para agir sobre e no mundo.

Não se acredita, no entanto, que a escola seja capaz de proporcionar todas

essas oportunidades ao aluno, para que ele possa viver plena e eficientemente.

Nesse sentido Sperb (1976, p.23) relata que:

[...] a seleção de objetivos, considerando a educação como um processo que deve conduzir à modificação de comportamento, é feita no sentido de alcançar a modificação da maneira de pensar, de sentir e de agir. Pela educação o jovem deve adquirir idéias que antes não possuía habilidades antes desconhecidas, interesses mais amplos e mais maduros, e maneiras de pensar mais eficientes.

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Assim, os objetivos da educação podem ser formulados em termos de

modificação de comportamento e, neste caso, existe uma diferença entre as

responsabilidades da escola e de outras agências educativas (SPERB, 1976).

A prioridade em relação a objetivos da educação deveria basear-se em fins

como os que se seguem: ensinar ao aluno como aprender, como atacar novos

problemas, e como adquirir novos conhecimentos; ensinar a usar processos

racionais; educar a competência com habilidades básicas; estimular o

desenvolvimento da competência intelectual e vocacional; levar à exploração de

valores em novas experiências; ensinar a compreender conceitos e generalizações

(SPERB, 1976).

Acima de tudo, a escola deve desenvolver no aluno a habilidade de aprender

por iniciativa própria e a fazê-lo com fervoroso interesse. Esta assertiva de Sperb

(1976) é importante, pois um dos objetivos da escola é munir o aluno com grande

autonomia, na qual a função do educador é conduzir e mostrar os caminhos que

podem ser seguidos pelo aluno.

Nesta via de pensamento, recorre-se a Freire (1986, p. 14), quando o autor

pontifica que as condições da aprendizagem efetiva demandam que os educandos e

educadores sejam elevados à condição simultânea de sujeito da construção de seu

saber.

Deste modo, quando os atores sociais que compõem o universo escolar

passem a assumir posições mais conscientes e críticas, pode ser possível a

formação da autonomia necessária ao enfrentamento dos problemas que permeiam

a educação na atual configuração da escola.

Isto posto, a autonomia que se espera da escola engloba o saber docente, o

respeito aos saberes discentes e, em especial, a articulação entre estas dimensões.

Existem vários caminhos que podem ser seguidos pelos alunos, a fim de

alcançar um aumento de seus conhecimentos, não sendo, necessariamente, aquele

indicado pelos professores. Podemos deixar nossos alunos escolherem o que é

melhor para si e apenas ficar atentos ao desenvolvimento desses passos. Vamos

deixar o jovem aluno descobrir, experimentar, questionar, explorar e construir seu

próprio conhecimento.

Novamente recorre-se às ideias de Sperb (1976, p. 95), quando declara que:

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[...] seja qual for o tipo de currículo planejado, seu verdadeiro funcionamento acontece na sala de aula, entre o aluno e o professor. Quanto maior o afastamento do currículo do ensino mediante matérias isoladas, maiores são as exigências para com a competência profissional do professor. Quanto maior a importância dada ao aluno, tanto mais se aniquila o professor docente, o professor que sabe todas as coisas e que dá todas as respostas. Assim, surge o professor líder, o educador que sabe que o melhor líder é aquele que melhor sabe servir.”

Verifica-se, pela citação transcrita, que o professor atua como mediador

entre o aluno e o conhecimento e, desta forma, o comprometimento na ação de

ensinar resulta em melhores respostas para a tarefa docente.

Objetivando aprofundar a discussão na esfera da disciplina de Educação

Física, apresenta-se, na sequência, um breve panorama do processo de construção

histórica da disciplina de Educação Física.

2.2 Lutas e a Educação Física Escolar

A Educação Física, atualmente, tem como objeto de conhecimento as

manifestações que compõem a cultura corporal de movimento, ou seja, trabalha com

as formas de representação e compreensão do mundo expressas das mais diversas

formas (LANÇANOVA, 2007).

Nem sempre a Educação Física Escolar é desenvolvida de forma

significativa com grande abordagem dos conteúdos. Estes estão resumidos à prática

desportiva, principalmente aos esportes coletivos como voleibol, basquetebol,

handebol e futebol, limitando a produção de conhecimento corporal e cultural do

aluno. Esta tendência de desenvolvimento de modalidades desportivas no âmbito

escolar, como única forma de entendimento da Educação Física, pode gerar uma

caracterização das aulas de Educação Física como treinamento esportivo

(LANÇANOVA, 2007).

A partir do final da década de 1960, quando os governos militares que

assumiram o poder, foram promovidas duas reformas educacionais no Brasil: a

reforma do ensino superior (lei nº 5.540/68) e no ensino Fundamental e Médio (lei nº

5.692/71). Tais ordenamentos imprimiram um forte matiz tecnicista à educação.

(SCHWARCZ, 1993).

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Pode se então observar que a Educação Física Escolar, para atender

interesses políticos entre as décadas de 1960 e 1970, foi entendida de maneira

equivocada com o esporte em uma concepção tecnicista, sendo aplicado desde as

primeiras séries do ensino fundamental. Porém, já naquele período, houve críticas

quanto à iniciação precoce ao jogo desportivo já que Educação Física, sinônimo de

esporte, e era obrigatória desde o ensino fundamental.

Para Castellani Filho (1991), este direcionamento tecnicista traduzia a

intencionalidade de assegurar o sentimento desenvolvimentista do período e uma

mão de obra fisicamente adestrada e capacitada. Assim a atuação do professor na

Educação Física Escolar buscava, pela escolarização de inúmeras atividades

esportivas, provenientes de outras culturas, formar indivíduos sem as mínimas

condições de entender e argumentar sobre o sistema social, político e econômico

que lhes era imposto.

Conforme Darido e Souza Júnior (2007, p. 13):

O governo militar apoiou a Educação Física na escola objetivando tanto a formação de um Exército composto por uma juventude forte e saudável como a desmobilização de forças oposicionistas. Assim, estreitaram-se os vínculos entre esporte e nacionalismo. Esse modelo, no entanto, passa a ser muito criticado pelos meios acadêmicos a partir da década de 80, quando então a Educação Física passa por um período de valorização dos conhecimentos produzidos pela ciência. Vários motivos, entre eles, a discussão do objeto de estudo da Educação Física, a confirmação da Educação Física para ser ciência da motricidade humana, contribuem para que seja rompida, ao menos no discurso, a valorização excessiva do desempenho como objetivo único na escola.

Verifica-se, então, o surgimento de novas formas de pensar a Educação

Física na escola e isso resulta em um período de crises que culminou com o

lançamento de diversas obras, que buscavam criticar as características da

Educação Física na época da ditadura militar no Brasil , elaborando propostas e

pressupostos que viessem a tornar a disciplina mais próxima da realidade e da

função escolar (DARIDO e SOUZA JÚNIOR, 2007).

Atualmente, a análise crítica baseia-se na busca pela superação dessa

concepção, apontando a necessidade de que, também se considere as dimensões

culturais, sociais, políticas e afetivas, presentes nos sujeitos que interagem e se

movimentam como seres sociais e cidadãos. Face a esta nova concepção, a

Educação Física deve ser entendida como uma Cultura Corporal.

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Pode-se então determinar que o papel da Educação Física escolar, em um

contexto mais amplo, que é a educação, é formar cidadãos críticos, autônomos e

conscientes de seus atos, visando uma transformação social. Nestas condições, a

nova sociedade formada é que irá redefinir o papel da Educação Física e da escola.

É quase natural, até hoje, que a extensão dessa relação com o esporte seja

também válida para as lutas. As lutas são entendidas na visão tecnicista, sendo

considerados apenas os seus movimentos físicos em detrimento das outras

dimensões como: cultura, história, filosofia e comportamento humano.

A partir da análise entre a Educação Física Escolar e o currículo, verifica-se

que a inserção das atividades com lutas no âmbito escolar emerge como

possibilidade de trabalho em uma abordagem ampliada, conforme se verá na

sequência.

A aplicação da luta na Educação Física Escolar pode ser entendida como

uma iniciação esportiva, como aulas alternativas ou, ainda, como desporto, visando

à formação de equipes escolares.

Quanto à sua aplicação elas podem ser desenvolvidas como formas

adaptadas ou simplificadas das lutas conhecidas, como atividades recreativas ou

como jogos de luta. Também são comuns abordagens sob os seus outros aspectos

que não o de combate corporal: a Capoeira é trabalhada como dança, o “Tai Chi

Chuan” é aplicado como ginástica.

As lutas podem ser inseridas no planejamento curricular do professor de

Educação Física, ou trabalhadas fora do currículo, sendo neste caso por um instrutor

de uma luta específica sem formação na área (BRASIL, 1997).

Contudo, por se tratar de apenas uma modalidade, e não serem conduzidas

segundo um planejamento coerente com as necessidades pedagógicas dos alunos,

não pode o professor de uma turma de alunos considerar estas aulas

extracurriculares desculpa para deixar de desenvolver os conteúdos das lutas nas

aulas de educação física. Tampouco usar o pretexto de que a escola dispõe de

aulas de lutas para aqueles que desejarem. Lembrando que a metodologia que pode

estar sendo utilizada pelo instrutor de luta consista em um método inapropriado para

a especificidade física e afetiva dos alunos (BRASIL, 1997).

Outros autores entendem que a educação física deve proporcionar uma

iniciação à modalidade de luta. Nessa concepção, trabalhar lutas na educação física

escolar traduz-se em uma demonstração de várias modalidades aos alunos. Assim,

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o professor não necessita ser formado em uma luta específica, pois pode facilmente

usar de outros recursos como passeios a torneios de lutas, filmes e vídeos

demonstrativos, para “demonstrar” apenas.

Se atualmente a preocupação central da Educação Física Escolar é a

formação integral da personalidade do aluno, a atenção dos professores deveria

estar voltada para os processos de aprendizagem e desenvolvimento de sua

personalidade do que para os produtos comportamentais específicos, provenientes

de desempenhos físicos. É claro que o processo educativo enquanto conjunto de

técnicas, metodologias e sistemas reprodutores de resultados não deve ser

considerado prioritário. A Educação Física tem de respeitar os níveis de

desenvolvimento motor, a capacidade de rendimentos e os interesses individuais de

cada criança. Caso contrário, não passará de um adestramento físico (BRASIL,

1997).

2.3 As Lutas nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná

De acordo com os PCN’s de Educação Física, o professor, durante a

elaboração de seu planejamento, deve considerar o corpo como um organismo

integrado, que interage constantemente com o meio físico e cultural, que sente dor,

prazer, alegrias, medos etc (BRASIL, 1997).

É importante destacar que todas as práticas da cultura corporal de movimento

possuem expressividade, pela qual, por meio de sua vivência individual, o ser

humano produz a possibilidade de comunicação por gestos e posturas; e ritmo, pelo

qual, desde a respiração até a execução de movimentos mais complexos, se requer

um ajuste em relação ao espaço e ao tempo.

No Brasil, temos uma gama muito grande de lutas e as escolas, em suas

distintas realidades e conjunturas, optam por modalidades também distintas de luta,

como a capoeira, o caratê, o judô, e algumas lutas muito populares e comuns na

escola, em festivais e gincanas como a luta-de-braço e o cabo-de-guerra, entre

outras, que não podem ser relegadas, pois abrangem um leque muito amplo de

possibilidades de aprendizagem.

Por meio dessa atividade, é possível contribuir com outras áreas do

conhecimento, realizando um trabalho interdisciplinar em que o aluno entrará em

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contato com a história de seu país e de outros povos e nações com culturas

diferentes, com possibilidades de vivenciar movimentos novos e enriquecer a sua

cultura corporal.

As lutas na educação física escolar devem, também, pretender a formação

integral da personalidade do aluno, proporcionando estímulo para o despertar

conscientemente de sua realidade. Nessa concepção os movimentos técnicos são

preteridos pelos desenvolvimentos cognitivos, psicomotores e afetivos. Nesse ponto

todas as vivências na prática de lutas serão aproveitadas, mesmo a auto-percepção

das dificuldades na realização dos movimentos, as agressões, porventura,

existentes, as vitórias ou as derrotas (BRASIL, 1997).

Os alunos devem perceber os resultados das atividades físicas como produto

dos treinamentos, pois de certo modo contribui para o entendimento deles quanto às

modificações fisiológicas e conhecimentos sobre o corpo.

Trata-se de muito mais que o aprendizado de movimentos de ataque, defesa,

constitui-se no entendimento dessa manifestação cultural do movimento humano em

todos os seus níveis e relações: a criação e desenvolvimento dos movimentos,

historicamente produzidos, enquanto finalidade de combate ou autodefesa; os

preceitos filosóficos que norteiam as artes marciais orientais e a relação desses com

o contexto social e cultural na época; a presença em filmes e desenhos animados e

a compreensão dos exageros e efeitos especiais; os eventos desportivos enquanto

movimentos sociais, econômicos e políticos; as diferenças entre as modalidades; os

benefícios e riscos, psicológicos e físicos, da prática de lutas (BRASIL, 1997).

Ao vivenciar as práticas corporais como fenômeno cultural, é possível

contribuir para formar homens capazes de serem sujeitos na construção de uma

sociedade, uma vez que a prática dos esportes, das lutas e das danças é, também,

uma forma de se apropriar do mundo e não apenas fugir dele.

As Diretrizes Curriculares para a Educação no Estado do Paraná (PARANÁ,

2008, p. 68) explicitam as lutas devem fazer parte do contexto escolar, da mesma

forma que os demais Conteúdos Estruturantes, por ser uma das várias formas de

conhecimento da cultura humana, historicamente produzidas e repletas de

simbologias. É importante, no desenvolvimento deste conteúdo, que sejam

identificados valores culturais, conforme o tempo e o lugar em que as lutas foram ou

são praticadas.

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Entendemos que as lutas e a Educação Física se completam, tendo em vista

que aquelas requerem estratégias de conhecimento do corpo e podem contribuir

para o fortalecimento das bases teóricas desta.

A própria Educação Física ainda está em busca de sua identidade. E as lutas,

como ramo da Educação Física Escolar, estão em situação menos avançada. É fácil

constatar a estagnação em que se encontra, verificando-se o reduzido número de

obras literárias específicas a respeito.

As lutas estão presentes na vida humana em toda a sua existência. O homem

primitivo lutava em todas as ocasiões. Nos momentos de perigo, de ameaça a sua

vida ou de sua prole já realizava movimentos corporais básicos, como golpear com a

mão ou pé, agarrar, empurrar ou puxar.

Treinaram-se guerreiros para derrotar exércitos inimigos; em seus rituais e

celebrações, esses movimentos tinham a finalidade de saudar os deuses e entreter

o povo (MELO, 1996).

Em diferentes civilizações, as lutas eram vistas de uma forma particular. Por

exemplo, na China de 3000 anos a.C., utilizavam-se dos exercícios físicos com

finalidades higiênicas, terapêuticas, além do caráter guerreiro (Tai Chi Chuan). Já na

Índia, Buda atribuía aos exercícios o caminho da energia física, da pureza dos

sentimentos, da bondade e do conhecimento das ciências para a suprema felicidade

do Nirvana (MELO, 1996).

No Brasil, os índios contribuíram historicamente para as lutas, com

movimentos rústicos e básicos, como nadar, correr, lançar, além de participarem de

conflitos tribais. Posteriormente, vieram os negros com a capoeira (MELO, 1996).

Sem dúvida, a luta é um elemento da cultura do movimento humano, é parte

integrante da sua natureza. Lutando, o homem modificou civilizações. A luta é um

instrumento facilitador do potencial emocional, da auto-percepção, da comunicação,

das transformações do indivíduo e de suas relações com tudo que o envolve. Por ela

aprende-se a conhecer a si e ao outro, compreender suas limitações e desenvolver

suas capacidades e habilidades (BRASIL, 1997).

O trabalho com lutas engloba uma cultura corporal de movimento ampla e

diversificada, em que, além dos seus movimentos de golpear e defender encontra-se

um vasto conjunto cultural herdado do povo de origem da luta. Esse conjunto cultural

existe em todas as modalidades, ainda que a ocidentalização das artes marciais

orientais tenha causado algum esquecimento. Nesse sentido a Capoeira, por ser

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uma luta nativa do Brasil, mantém as suas raízes históricas com maior plenitude

(BRASIL, 1997).

Com base nessa definição, é necessário refletir sobre as lutas como atividade

curricular das aulas de educação física. Não mais concebida como uma “opção

diferente” de aula, mas um conjunto de conteúdos previsto nos Parâmetros

Curriculares Nacionais, tão importante para os alunos quanto são os esportes e as

danças.

Associada às aulas de Educação Física, as atividades de lutas oportunizam o

desenvolvimento de um caráter autoperceptivo dos alunos, pois, quando utilizadas

como instrumento de aprendizagem, colocam dificuldades motoras e psicológicas,

potencializando a formação de um ambiente reflexivo e autocrítico para solução e

compreensão dos problemas (BRASIL, 1997).

Vimos que a Educação Física trabalha com as formas de representação e

compreensão do mundo expressas pelo corpo, portanto, o professor deve

proporcionar aos seus alunos, assim como dizem os Parâmetros Curriculares

Nacionais, a ampliação do repertório gestual, de maneira a capacitar o corpo para o

movimento, possibilitando sentido e organização às suas potencialidades.

Porém, não basta demonstrar uma série de movimentos e pedir para que os

alunos reproduzam. É preciso que a luta tenha um significado na aprendizagem. E,

para isso, o professor deve planejar antecipadamente o que irá fazer e definir seus

objetivos com clareza, para que a aula com lutas não se torne enfadonha e

desestimulante.

O desenvolvimento cognitivo, intelectual, ou simplesmente, a “aquisição de

conhecimento”, em lutas trata-se mais que saber o que é um “soco”, ou o que é a

“Luta Livre”. Mais que repetir dezenas de movimentos existentes nas lutas, o

educando necessita apreender os conceitos gerais que estão contidos em cada um

desses gestos.

Muitos conceitos aprendidos com os movimentos de lutas são aproveitados

em outras atividades físicas ou modalidades esportivas. Por exemplo, o

conhecimento básico de quedas, ensinado no Judô, muito útil será para a vida toda

do indivíduo, que poderá reduzir ou evitar danos em acidentes que lhe ocorram. Os

conceitos de luta podem ser traduzidos para situações diárias do aluno, onde manter

o auto-controle e escolher a melhor alternativa segundo o problema identificado

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(conceitos de “defesa” e “contra-ataque”), pode ser o caminho para uma vida social

em equilíbrio com colegas, professores e amigos (BRASIL, 1997).

Assim, é possível a utilização das modalidades de lutas para o

desenvolvimento do aluno de uma maneira ampla. Isso significa que além das

práticas corporais, deve ser somada às praticas de comportamento e atitudes, de

estímulo à pesquisa individual e a reflexão, para que os educandos não se limitem

apenas aos momentos com o professor, mas utilizem o que aprenderam de bom e

busquem mais conhecimento, fora das aulas.

A prática em uma modalidade de luta ou arte marcial pode apresentar mais

benefícios em um aspecto que a prática em outra. Não é possível precisar essa

diferença e o professor deve diversificar as atividades, para permitir o conhecimento

da dimensão do universo das lutas e artes marciais. Na Capoeira, por exemplo,

existem oportunidades para desenvolver o senso crítico, político e social, ao

estudarmos o seu surgimento (BRASIL, 1997).

A luta é uma forma de integração e atividade coletiva, em que o educando

tem a possibilidade de exercitar a atenção, a percepção, a colaboração e a

solidariedade. Contribui, também, para o desenvolvimento do aluno no que se refere

à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são

fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social. Por meio da

luta, o indivíduo pode conhecer a si próprio e aos outros, explorar o mundo das

emoções e da imaginação e criar e descobrir novos movimentos (BRASIL, 1997).

Alem disso são explorados aspectos relativos à flexibilidade articular e à

capacidade aeróbica. A concentração, a adequação psicossocial, a melhora da auto-

estima, o respeito e a disciplina são valores agregados à prática da luta.

Dentre os objetivos que podem ser obtidos com a prática de artes marciais,

situa-se o equilíbrio entre os desejos e as tendências vocacionais; o trato com

situações de solidão, insegurança ou medo; o controle do estresse, o domínio de

técnica que permita que os ideais conduzam a ações práticas em todos os instantes

da vida; o desenvolvimento da espiritualidade,

3 Materiais e Métodos

As atividades desenvolvidas por ocasião da implantação da produção

didático-pedagógica (PDP) foram divididas em 6 unidades, com número de aulas

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variáveis, totalizando 30 horas/aula. No quadro a seguir, podem ser verificados o

tempo previsto, os recursos e as técnicas de cada unidade.

Unidade Tempo Recursos Técnicas Objetivos

I Socialização

3 aulas Imagens; jornais, revistas, Internet, videoclipe

Teste de atenção, pesquisa em diferentes bases de dados, apresentação oral, discussão em grupo

Reconhecer a origem das lutas; Promover reflexão sobre as lutas na escola; Participar de jogos como iniciação para lutas.

ii a luta através dos tempos

4 aulas Imagens; jornais, revistas, Internet; slides com ilustrações de lutas e brigas, bolas de borracha, corda grande, giz, pregadores, bexigas, fios de barbante e bambolês para delimitar espaços, videoclipe

Teste de atenção, pesquisa em diferentes bases de dados, apresentação oral, discussão em grupo

Reconhecer a evolução histórica das lutas; Identificar a dimensão espiritual da luta; Realizar atividades práticas com técnicas de lutas.

III – A luta

por trás das

câmeras

6 aulas Imagens; jornais, revistas, Internet; Tatames ou colchões; videoclipe, TV Pendrive, DVD

Exibição de filmes, apresentação oral, discussão em grupo; prática de fundamentos de karatê; videoclipe

Identificar os aspectos socioculturais no filme exibido; Reconhecer as artes marciais como dotadas de componentes físicos e espirituais; Realizar atividades práticas com técnicas de karatê.

IV – Espécies

de lutas

6 aulas Imagens; jornais, revistas, Internet

Teste de atenção, pesquisa em diferentes bases de dados, apresentação oral, discussão em grupo

Identificar diferentes espécies de lutas e suas características centrais

V – Sumô 6 aulas Imagens; jornais, revistas, Internet

Teste de atenção, pesquisa em diferentes bases de dados, apresentação oral, discussão em grupo

Relacionar a prática de lutas ao combate a preconceitos; Reconhecer a importância das lutas na formação de valores.

VI – Lutas:

pontos

positivos

5 aulas Palestras e atividades práticas com profissionais de diversas modalidades de luta

Oficinas de lutas Ampliar a compreensão sobre as lutas e suas especificidades.

Quadro 1- Atividades desenvolvidas durante a intervenção realizada

4 Descrição dos Resultados

4.1 Unidade I

Para dar início à implantação da proposta, foram realizados, na Unidade I,

exercícios de socialização. As atividades iniciais previstas nesta etapa destinavam-

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se à socialização do grupo no que diz respeito à inserção do conteúdo sobre lutas

na proposta didático-pedagógico.

Num primeiro momento, foi apl

distribuídos em grupos,

artes marciais, no tempo máximo de cinco minutos.

Na sequência, os alunos foram instigados a falar sobre outr

conheciam, tendo sido lançadas duas questões: a) É possível trabalhar com o

conteúdo de lutas na escola? b) este trabalho pode desencadear a violência na

escola? Por quê?

Na Figura (1) a seguir, podem ser observados os resultados da opinião dos

grupos sobre a inserção do conteúdo de lutas na escola.

Figura 1- Inserção do conteúdo sobre lutas na escola Fonte: A autora, 2012.

Dos nove grupos formados

realização da intervenção didático

trabalhar com o conteúdo de lutas na esc

Pode, porque os alunos adquirem disciplina através das lutas (GRUPO A2011).Não (desencadeia violência), vamos estar trabalhadepender de cada umDesde que tenha alguém

Quanto aos seis grupos que responderam de forma negativa, as justificativas

foram às seguintes:

Os alunos não são psicologicamente preparados para esse esporte, e também a escola não tem estrutura para tal esporte

se à socialização do grupo no que diz respeito à inserção do conteúdo sobre lutas

pedagógico.

Num primeiro momento, foi aplicado um teste de atenção, no qual os alunos,

distribuídos em grupos, deveriam desembaralhar as letras e descobrir nomes de

artes marciais, no tempo máximo de cinco minutos.

Na sequência, os alunos foram instigados a falar sobre outr

heciam, tendo sido lançadas duas questões: a) É possível trabalhar com o

eúdo de lutas na escola? b) este trabalho pode desencadear a violência na

Na Figura (1) a seguir, podem ser observados os resultados da opinião dos

grupos sobre a inserção do conteúdo de lutas na escola.

Inserção do conteúdo sobre lutas na escola

Dos nove grupos formados pelos alunos da turma selecionada para

realização da intervenção didático-pedagógica, apenas três disseram que é possível

trabalhar com o conteúdo de lutas na escola, dando as seguintes justificativas:

Pode, porque os alunos adquirem disciplina através das lutas (GRUPO A2011). Não (desencadeia violência), vamos estar trabalhanepender de cada um (GRUPO B, 2011).

Desde que tenha alguém conduzindo as aulas (GRUPO C

Quanto aos seis grupos que responderam de forma negativa, as justificativas

Os alunos não são psicologicamente preparados para esse esporte, e também a escola não tem estrutura para tal esporte

sim não

3

6

É possível trabalhar com o conteúdo lutas na escola?

14

se à socialização do grupo no que diz respeito à inserção do conteúdo sobre lutas

ado um teste de atenção, no qual os alunos,

deveriam desembaralhar as letras e descobrir nomes de

Na sequência, os alunos foram instigados a falar sobre outras lutas que

heciam, tendo sido lançadas duas questões: a) É possível trabalhar com o

eúdo de lutas na escola? b) este trabalho pode desencadear a violência na

Na Figura (1) a seguir, podem ser observados os resultados da opinião dos

pelos alunos da turma selecionada para

, apenas três disseram que é possível

ola, dando as seguintes justificativas:

Pode, porque os alunos adquirem disciplina através das lutas (GRUPO A,

ndo em sala de aula, vai

(GRUPO C, 2011).

Quanto aos seis grupos que responderam de forma negativa, as justificativas

Os alunos não são psicologicamente preparados para esse esporte, e (GRUPO A, 2011).

É possível trabalhar com o conteúdo

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Depende da cabeça de cada um, se a pessoa já é briguenta deixar de falar nesse tipo de esporte não vai melhorar o caráter dela (GRUPO D, 2011). Pode haver muitas desavenças (GRUPO F, 2011). Aprende a lutar e quer praticar (GRUPO G, 2011). As pessoas levam como forma de violência, não de defesa, não têm maturidade para diferenciar as coisas (GRUPO H, 2011). Pode gerar muitas brigas (GRUPO I, 2011).

Denota-se, pelas respostas apresentadas, que os alunos evidenciaram certo

descrédito em relação à possibilidade de o conteúdo sobre lutas ser positivo no

ambiente escolar e mostra-se preocupados coma possibilidade deste tipo de

atividade desencadear brigas, desavenças e/ou discussões.

Na parte prática desta primeira atividade, os alunos participaram da luta do

saci, luta do sapo e luta do jacaré, formas lúdicas de inserir o conteúdo de lutas no

âmbito escolar. Na primeira, os alunos em dupla, em pé, de mãos dadas, somente

com um pé no chão, tentavam desequilibrar o colega fazendo o mesmo tocar com o

pé que não está apoiado no chão. A mesma estratégia aconteceu na luta do sapo,

mudando-se a posição dos alunos, que deveriam estar agachados de cócoras. Na

luta do jacaré, os alunos se posicionaram frente a frente em posição de flexão de

braço, e deveria derrubar o outro, tirando o apoio de um dos braços do colega,

provocando a queda.

Em seguida, a exibição do vídeo Briga de homem é no tatame despertou

bastante interesse entre os alunos, pois, além de ser um recurso tecnológico que

chama bastante a atenção, o tema trabalhado suscitou a atenção, por vincular-se a

um conteúdo bastante divulgado na mídia televisiva em razão do crescente interesse

nas lutas pela modalidade MMA (mixed martial arts – ou artes marciais mistas, que

incluem golpers de combates coem pé e técnicas de luta no chão) .

Para finalizar esta unidade, foi trabalhado o texto A origem das lutas e os

alunos deveriam escrever um texto relatando as informações que consideraram mais

importantes no vídeo e no texto analisados.

Foram selecionados alguns trechos dos textos que constituíram a síntese

desta unidade. Os grupos foram indicados por letras, selecionadas pela ordem em

que os alunos entregaram a primeira atividade.

Há milhões de anos as lutas vêm sendo praticadas por milhões de pessoas em todo o mundo. Na antiga China, apesar de já existirem algumas formas de boxe chinês, o templo de Shaolin do Norte foi o maior centro de ensino de artes marciais do país (GRUPO A, 2011).

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Muitas pessoas praticavam lutas, mas na antiga China o templo de Shaolin Norete foi o maior centro de ensino de artes marciais. O monge Botchidatharma acreditava que o budismo praticado na China estava tomando rumo errado. Então seguiu para o templo de Saholin onde passou a ensinar seus conceitos e técnicas de meditação que mais tarde passariam para o mundo todo, mas os governantes atearam fogo no templo, Apenas cinco monges conseguiram escapar e começaram a ensinar sua arte ao povo (GRUPO C, 2011). Lendo o texto, podemos ver que a luta tem sido praticada de geração em geração. Se a luta é lembrada desde a antiguidade ela por sua vez é muito importante, pois complementa a educação de alunos, sendo um meio dos jovens de hoje saírem da vida das drogas e da criminalidade (GRUPO H, 2011).

Os trechos transcritos permitem identificar uma concepção acertada dos

alunos acerca das leituras realizadas, o que, somado ao fato das discussões orais

terem sido bastante produtivas, deixam entrever resultados satisfatórios para a

prática realizada.

4.2 Unidade II

As atividades propostas na Unidade 2 representaram suporte para a

ampliação da concepção sobre as lutas e suas potencialidades no desenvolvimento

das diferentes dimensões do ser humano. Da mesma forma, buscaram apresentar a

trajetória das lutas na história da humanidade.

Inicialmente foram apresentados as diferentes concepções do termo luta,

como movimento ideológico em busca de transformação social; como manifestação

cultural como ações concretas que visam o estabelecimento de uma nova ordem

social; ou ainda como movimentos físicos de ataque e defesa.

Em seguida, os alunos deveriam relacionar os significados apresentados a

diferentes movimentos ocorridos na história da humanidade, tais como a luta pela

sobrevivência do homem das cavernas; a greve de fome feita por Nelson Mandela

em protesto contra o apartheid; a participação dos generais romanos na conquista

de novas terras; à queima de sutiãs em praça pública na década de 1960 e a pintura

das faces em estudantes na década de 1990 ou filmes como Karatê Kid, Matrix e

Star Wars.

Os alunos discutiram a diferença conceitual entre briga e luta e em seguida

participaram de uma dinâmica que constou de três atividades distintas.

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A primeira, denominada Conquista de objetos e territórios, deveriam pegar

vários pregadores que estavam presos no ombro, nas pernas e em outras partes do

corpo do colega, que por sua vez tenta se esquivar.

A atividade seguinte constou de combate com barbantes, realizado em

duplas. Cada aluno prendeu uma ponta de barbante na cintura e deveria roubar o fio

do adversário usando apenas uma mão.

Na terceira etapa, deveriam acertar com rapidez uma parte do corpo do

oponente, que, por sua vez, tentava se defender.

Na aula seguinte foi trabalhada a leitura e interpretação do texto As artes

marciais como caminho para Deus.

Da discussão em grupos resultou os seguintes posicionamentos dos alunos, a

partir das questões propostas:

Os povos orientais valorizavam muito as artes marciais, pois os levavam à elevação espiritual, onde eles teriam pureza no agir e pensar e assim chegando mais próximos de Deus (GRUPO B, 2011).

Pela prática das artes marciais podemos chegar à não-violência, que é q máxima do pensador político Mahatma Gandhi. Podemos afirmar sem medo de errar que esta forma de pensar podem nos conduzir a Deus (GRUPO E, 2011).

Infelizmente devido a toda uma herança histórica deformada, nós, ocidentais, somente pegamos a parte esportiva das artes marciais e também as fundamentações bélicas (GRUPO G, 2011).

Em um dos relatos obtidos, os alunos, em grupo, assim se posicionaram:

As práticas das lutas ajudam não só no desenvolvimento físico da pessoa como na formação de valores morais e éticos da pessoa, como humildade, paciência e autocontrole, não só na prática da luta, mas também no dia a dia (GRUPO D, 2011).

A relevância destacada pelos alunos quanto à formação de valores mostrou-

se condizente com o propósito de promover a formação integral da personalidade do

aluno, colocando os movimentos técnicos em posição de menor destaque que o

desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo.

O auge desta unidade deu-se pela exibição do filme A história das artes

marciais (Disponível em www.youtube.com.br Acesso em 31/07/11) e pela leitura da

reportagem Artes marciais por uma melhor qualidade de vida.

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Os alunos deveriam elaborar argumentos e contra-argumentos em defesa da

inserção de lutas na sociedade. Foram selecionados os seguintes trechos

produzidos pelos alunos:

Bem, cada pessoa tem uma opinião, nosso grupo acha que ao invés de ser bom para a sociedade será ruim, nossa sociedade está cada vez mais violenta (GRUPO B, 2011). No meio das lutas profissionais encontramos várias escolhas como qualidade de vida e condicionamento físico, além de aliviar o estresse, esquecer dos problemas do dia a dia além de fazer amizade (GRUPO C, 2011 ). O nosso grupo tem 4 pessoas, três disseram que não concordam com a inserção de lutas na sociedade, acham que vai aumentar a violência. Uma pessoa do grupo é a favor, pois acha que as pessoas que vão usar a luta para briga são poucas, pois vai da cabeça de cada um, porque é um esporte como qualquer outro (GRUPO D, 2011). A inserção das lutas na sociedade tem dois lados: um bom e um mau. O bom é que bem treinado vira até um esporte, mau é que colocando a luta como forma de esporte em nossa comunidade, não temos professor, local apropriado para treinar etc.(GRUPO E, 2011) As lutas trazem muitos benefícios principalmente se praticado em conjunto ou na sociedade como é o caso do judô. No judô não se consegue nada sozinho. Você precisa de companheiros para progredir, um oponente precisa do outro (GRUPO F, 2011)

O ponto interessante nos comentários dos alunos está na preocupação com

a possibilidade de a violência a partir de um trabalho sobre lutas ser mal interpretado

e ocasionar um aumento da violência no cotidiano, o que revela que os alunos

mostram-se críticos com a realidade social que os cerca. Cabe ainda ressaltar a

produção textual do Grupo D, que apresentou a opinião divergente de uma pessoa

em relação ao restante da equipe. Completar com um comentário seu sobre essa

situação preocupação apontando os objetivos do seu projeto

Como atividade complementar a esta aula, os alunos deveriam pesquisar em

sua comunidade se existem academias que trabalhem com artes marciais, bem

como pesquisar e relacionar filmes que abordam as artes marciais.

4.3 Unidade III

Para dar início à Unidade III, os alunos fizeram a exposição dos filmes

pesquisados, e apresentaram um breve resumo do enredo, os elementos da luta

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presentes no filme e falaram sobre a mensagem central da obra e cenas marcantes

para o grupo.

Percebeu-se, dentre as obras selecionadas, a forte presença de filmes em

que a violência predomina nas cenas. Alguns alunos selecionaram filmes bem

conhecidos, como Rambo e Caratê Kid, enquanto a maioria trouxe informações

sobre filmes mais atuais.

Em seguida, foi realizada a exibição do filme O último samurai, produzido

nos EUA em 2003 e dirigido por Edward Zwick, tendo Tom Cruise no papel do

capitão Nathan Algren, enviado ao Japão para treinar as tropas do imperador Meiji,

para que elas consigam eliminar os últimos samurais que vivem na região. Porém,

durante uma batalha contra os samurais, Nathan é capturado pelos samurais. Na

aldeia deles, recebe um bom tratamento e é ensinado como lutar utilizando as

técnicas dos samurais, ficando em dúvida sobre seus valores e de sua nação.

Antes da exibição do filme, foi solicitado que os alunos relacionassem suas

expectativas em relação ao mesmo. Foi ainda sugerido que, durante a exibição, os

alunos anotassem situações que tenham chamado sua atenção e fizessem

anotações para futuras discussões.

Quanto às expectativas iniciais, apenas dois grupos relataram que:

Esperávamos que o filme não seria de importância alguma para nosso estudo (GRUPO A, 2011). Que iria ter lutas (GRUPO C,2011).

Já em relação às situações destacadas, foram obtidas as seguintes

respostas:

O valor dado à tradição; A agilidade dos caras com a espada A honra do personagem principal em ajudar e a proteger a tribo daqueles outros que deixaram sua cultura de lado (GRUPO A, 2011). O amor que o menininho tinha pelo homem que tirou a vida de seu pai (GRUPO C, 2011). O imperador que estava sempre calado e tinha dificuldade em falar (GRUPO D, 2011). O que chamou nossa atenção foram as batalhas uma seguida da outra e o fato do samurai sempre apanhar e mesmo assim continuar de pé (GRUPO H,2011).

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Após o vídeo, os alunos deveriam apontar detalhes sobre a roupa da

personagem-título, a posição do corpo, o ambiente, as vestes dos guerreiros e a

atitude da população diante da passagem dos samurais.

Também destacaram alguns aspectos culturais abordados no filme e a

concepção de luta dos personagens que compõem o enredo do filme. Buscou-se

ainda estabelecer a relação entre a luta e a religião, bem como a organização social

no povoado.

Quando questionados se a postura do personagem central pode ser

adequada à sociedade brasileira contemporânea, os grupos afirmaram que:

Em muitos pontos, sim, pois as mulheres muitas vezes ficam em casa e os maridos saem para a luta diária (trabalho, contas para pagar e todo tipo de problema) (GRUPO A, 2011). Em partes, sim, porque as lutas também fazem parte da cultura brasileira (GRUPO B, 2011). Às vezes não, porque a cultura deles é diferente da nossa (GRUPO D, 2011). É muito diferente, porque os samurais têm um sentimento de honra e lealdade que pos brasileiros não têm (GRUPO E, 2011).

Em seguida, os alunos leram o texto informativo Uma cultura milenar e

elaboraram textos sobre a origem e evolução das artes marciais, dos quais

selecionamos os trechos a seguir.

Além de seu valor educativo, as artes marciais são um esporte destinado á formação e preparação integral de seus aprendizes, sendo também um importante canal de divulgação da cultura oriental e que muito ensina (GRUPO A, 2011). As artes marciais tiveram origem no continente asiático, tinham caráter militarista e de defesa pessoal. As lutas que usavam apenas o corpo caíram em desuso, por causa disso o apuro das técnicas em transformar a mente das pessoas no processo de autoconhecimento foi aumentando cada vez mais. Assim foi surgindo o caratê, o judô, kung fu e o taekowndo (GRUPO B, 2011). O que valoriza as artes marciais é a aprimoramento do autodomínio, superar limites e aumentar o poder de concentração (GRUPO D, 2011). Hoje, as artes marciais estão longe de ser uma simples arma de defesa. São um esporte destinado á formação e preparação integral do homem (GRUPO G, 2011). A maior parte das artes marciais nasceu no continente asiático. O apuro das técnicas transformou a mente das pessoas. Este processo de aperfeiçoamento se deu de forma diferenciada em cada país (GRUPO I, 2011)

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Observa-se que os alunos, em algumas situações, transcrevem trechos do

texto que deu origem à atividade de produção textual, mas de forma geral

apresentam idéias bem definidas sobre a importância das artes marciais para a

formação dos indivíduos.

Na sequência assistiram ao vídeo intitulado Os heróis das artes marciais

(Disponível em www.youtube.com.br). Nesta aula, assim como em todas as

situações que envolvem recursos multimídia, os alunos demonstram bastante

interesse e realizam as atividades propostas com bastante entusiasmo.

Na parte prática da unidade, a partir de uma demarcação no chão onde

coubessem dois alunos, um de frente para o outro, ambos deveriam empurrar ou

puxar o colega para tirá-lo da roda. Ainda em duplas, um de frente para o outro, na

postura de zenkutsu-dachi (a perna de trás é estendida, a da frente é inclinada para

que o joelho fique diretamente acima do pé, e os quadris são abaixados, enquanto

as costas ficam eretas) do karatê, os alunos devem estar com as mãos, a mesma do

lado da perna que esta para trás, deveriam tentar desequilibrar o parceiro, fazendo

uso apenas de uma mão.

A atividade de elaboração de uma linha do tempo em que fosse destacada a

evolução das artes marciais no mundo foi realizada também em grupos e os alunos

expuseram seus trabalhos nos murais da escola.

4.4 Unidade IV

Na Unidade IV, as atividades previstas se voltam para o aprofundamento

dos conteúdos sobre as lutas, tendo sido selecionadas os mais populares.

Os alunos deveriam observar as imagens e ler as informações apresentadas

em boxes e completar uma cruzadinha com base nas informações obtidas.

Em seguida, assistiram ao vídeo sobre o Tae Kown Do no Pan Brasil 2007

(disponível em www.youtube.com.br).

A inserção de conteúdos sobre competições desencadeou o interesse de

alguns alunos sobre a participação do Brasil em competições de lutas. Foi sugerido,

então, que os alunos pesquisassem a respeito e trouxessem dados para a

realização de estudos em aulas posteriores.

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Na parte prática, divididos em duplas, os pares deveriam sentar-se de mãos

dadas de frente um para o outro e tentar ficar em pé. Depois, a atividade foi repetida,

aumentando-se o número de participantes realizando a atividade em trios, quartetos,

até chegar à turma toda.

Ao final desta atividade, muitos alunos comentaram que cada vez que

aumentava um participante, a dificuldade era maior, mas que também foi muito bom

participar desta brincadeira, pois comprovaram que a união realmente supera

barreiras.

Tendo em vista a finalidade de integrar o esporte e a cultura, após toda uma

preparação que constou de autorização dos pais, arrecadação de dinheiro para os

ingressos e transporte, os alunos foram ao cinema assistir ao filme: Kung Fu Panda,

produzido nos Estados Unidos em 2011 e dirigido por Jenifer You.

No filme, um enorme e desajeitado panda é o maior entusiasta de kung-fu da

sua região, mas trabalha no restaurante da família. Para surpresa geral, ele é o

escolhido para cumprir uma antiga profecia e proteger seu vilarejo. Com a ajuda de

uma garça, um louva-deus, um macaco, uma tigresa e uma víbora - cada um

representando um movimento do Kung-Fu e liderados pelo mestre Shifu, ele terá

que cumprir sua missão, mesmo com descrédito de todos.

A ida ao cinema foi motivo de muito entusiasmo para os alunos que

demonstraram seu interesse não apenas pelo filme escolhido por ser lançamento,

mas por outros que também estavam em cartaz.

Assim, além do trabalho com uma das modalidades de artes marciais, este

momento representou um marco na trajetória de muitos alunos, alguns dos quais

nunca haviam ido ao cinema antes.

4.5 Unidade V

A Unidade V visou inserir de modo específico as atividades sobre sumô,

quando se pretendeu desmitificar a imagem de uma luta violenta, praticada somente

por homens. A inserção de texto jornalístico pretende ampliar a capacidade de

leitura de mundo dos alunos.

Os alunos assistiram ao vídeo com uma demonstração de sumô (disponível

em www,youtube.com.br) e em seguida foram instruídos para fazer a leitura de texto

jornalístico sobre o preconceito que demarca este esporte e sobre o fato de ter sido

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inaugurada em Londrina a primeira academia de sumô do mundo destinada somente

a mulheres

Na sequência, os alunos leram um texto informativo sobre o sumô e

redigiram um parágrafo sobre a prática de lutas e a formação de valores.

Após ler a reportagem, os alunos discutiram sobre o preconceito que ainda

existe em relação a este esporte, sobre tudo quando praticado por mulheres.

Porém, nos textos produzidos, foram poucas as opiniões manifestadas neste

sentido. A opinião dos grupos é expressa pelos trechos a seguir:

As práticas de lutas ajudam não só no desenvolvimento físico da pessoa como na formação de valores morais e éticos, como humildade, paciência e autocontrole, que ajudam não só na prática de lutas, mas também no dia a dia (GRUPO A, 2011). Podemos entender que a luta sumô não tem preconceito tanto de peso como de faixa etária. É preciso habilidade e atenção quando se está lutando. As lutas de sumô geralmente são muito rápidas em média é de 15 segundos a um minuto de luta. As vitorias nunca são muito comemoradas em respeito ao adversário. O sumô é muito famoso no Japão onde foi originada e em vários países as academias aderem à famosa luta japonesa (GRUPO D, 2011). A prática de lutas é um modo de incentivar - assim como o futebol, voleibol, basquete e outros esportes - a pessoa a ter uma vida mais saudável a ter responsabilidade e consciência naquilo que faz. Os valores que se formam ao praticar esportes são muito variados como exemplo o respeito ao adversário (GRUPO F, 2011). O importante é reconhecer a importância das lutas na formação de valores. Ao inserir de modo específico as atividades sobre sumô, retirando a imagem de uma luta violenta. O sumô é um a prática de luta ao combate do preconceito de pessoas obesas (GRUPO G, 2011).

4.6 Unidade VI

Na Unidade VI, foi planejada a realização de diferentes oficinas sobre as artes

marciais, cuja participação com atletas e especialistas convidados teve como

objetivo estimular a participação dos alunos em atividades de lutas.

Foram convidados cinco diferentes profissionais que atuam com diferentes

modalidades de esportes e os alunos poderiam escolher a oficina que preferirem. As

palestras constaram de slides, vídeos e demonstrações práticas de atletas.

Houve bastante interesse por parte dos alunos tanto na parte das palestras

quanto na demonstração das lutas.

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Após as oficinas, foi sugerido que os alunos realizassem um trabalho de

pesquisa sobre uma modalidade de artes marciais,e realizassem a apresentação

para a turma, podendo valer-se de vídeos; breve histórico; principais golpes; regras

básicas; vestimentas; espaços onde ocorrem; países com tradição na luta; imagens;

reportagens; apresentação prática e outros recursos.

Os grupos deixaram a desejar na parte prática, optando por apresentar

apenas painéis sobre os esportes selecionados, muitos deles com reportagens

locais sobre o tema, que despertaram bastante a atenção dos outros alunos e

profissionais da escola.

Nas imagens a seguir podem ser visualizadas as produções dos alunos.

Figura 3 -Painéis elaborados pelos alunos, 2011

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Para o fechamento dos trabalhos sobre lutas no contexto escolar, foi

realizado o 1º Festival de Lutas, conforme folder apresentado na figura a seguir.

Figura 4- Folder do Festival de Lutas

O Festival, realizado em 11 de outubro de 2011 na quadra de esportes do

Colégio Estadual “Professora Olympia Morais Tormenta”, de Londrina, teve início

com a cerimônia de abertura, em que os alunos do período matutino perfilados no

ginásio, seguida da composição da mesa pelas diretoras, pedagogas e professoras,

bem como por convidados de associações do bairro. Após audição e cântico do hino

nacional, a professora PDE proferiu uma palestra abordando temas como a origem

das lutas e a importância das artes marciais nas diferentes culturas e na proposta de

uma cultura de paz.

O prosseguimento do festival deu-se com a apresentação das diferentes

modalidades de lutas e artes marciais.

Nas imagens a seguir, podem ser verificados diferentes momentos desta

prática.

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Figura 1- Kendo e Muai Thai

Figura 2- Sumô

Duas turmas do segundo ano do Ensino Médio fizeram apresentações de

judô, muai thai e kendo, após exaustivos ensaios das equipes durante as aulas de

Educação Física e em horários diferenciados.

Ainda em atendimento à proposta de discutir as lutas e sua inserção no

universo escolar, houve a realização de uma oficina de capoeira, proposta pela APP

Sindicato, que trabalhou com os alunos menores da escola em parceria com alunos

do Centro Social Marista.

5 Discussão dos Achados

A primeira atividade realizada consistiu de diferentes momentos, em que se

procurou sensibilizar os alunos para a importância do trabalho com lutas no currículo

escolar. Para isso, foi aplicado um teste de atenção, em que os alunos deveriam

desembaralhar as letras para formar nomes de lutas. Em seguida, deveriam expor

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oralmente outras lutas que conhecessem. Discutiu-se ainda se o trabalho com o

conteúdo lutas poderia desencadear a violência na escola.

Percebeu-se, durante a aplicação dos testes de atenção, que os alunos

demonstram bastante interesse em participar da aula quando se aplicam atividades

simples, mas instigadoras.

Cabe aqui retomar ao que Sperb (1976) afirma quando postula que a seleção

de objetivos, ao considerar a educação como um processo que deve conduzir à

modificação de comportamento, é primordial para a obtenção de resultados positivos

na prática docente.

Desta forma, e tendo em vista os objetivos estabelecidos para cada uma das

seis unidades que compuseram a Proposta Didático-Pedagógica que deu origem a

este artigo, pode-se afirmar que os resultados superaram as expectativas iniciais.

A utilização de vídeos, como a Briga de homem é no tatame, A História das

artes marciais,Os heróis das artes marciais e sobre o sumô mostrou-se coerente

com a proposta de utilização dos recursos tecnológicos como ferramentas que

subsidiam a prática pedagógica e a tornam mais significativa aos alunos.

Neste sentido, vale observar o que dispõem as Diretrizes para o uso de

tecnologias educacionais divulgada pela SEED:

O uso das tecnologias diz respeito também ao aprimoramento das leituras de mundo e ao enriquecimento do imaginário, uma vez que facilitam a aproximação dos agentes curriculares a artefatos culturais construídos em outras linguagens, com outros “códigos de beleza” com que a esfera mercadológica nos inocula quando usa esses mesmos recursos a seu favor. A incorporação das tecnologias será tanto melhor quanto mais se reabilitarem os “artigos” da cultura popular em detrimento daqueles promovidos pela indústria cultural (PARANÁ, 2010, p. 6).

Percebe-se que ao lado da televisão e dos novos meios, o cinema também é

um dos elementos do ambiente simbólico das novas gerações. Nesta linha de

pensamento, a ida ao cinema com os alunos para assistir a um lançamento de filme

sobre lutas representou um ponto de extrema importância para tornar a Proposta

Didátioc-Pedagógica (PDP) mais relevante para alunos e professores participantes.

Neste contato mais próximo entre os atores sociais envolvidos no processo

de aprendizagem, reforça-se o caráter interacionista que pode trazer inúmeros

benefícios à aquisição de novos saberes.

Da mesma forma, as pesquisas sugeridas – sobre o filme que iria ser exibido

e sobre as lutas selecionadas pelos grupos – foram importantes momentos da

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prática realizada, uma vez que permitiram trazer para a sala de aula um recurso

amplamente utilizado pelos alunos e ainda pouco valorizado pelos profissionais: e

Internet.

Nesta direção, é importante atentar ao que afirma Moran ( 2007, p. 13):

As tecnologias são pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que representam, medeiam o nosso conhecimento do mundo. São diferentes formas de representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e atitudes.

A exibição de filmes alia o interesse natural dos jovens a esta forma de arte à

necessidade de aprofundamento da questão sociocultural presente nas lutas. Em

todos os momentos, serão propostas questões de reflexão que abordem as múltiplas

dimensões das lutas na vida humana.

Na parte prática das atividades que configuraram a intervenção didático-

pedagógica realizada, os alunos participaram de jogos lúdicos, como as lutas com

movimentos que imitavam saci, sapo e jacaré, ou a dinâmica de conquista de

território. Este tipo de atividade mostra-se em conformação com o que sinaliza

Gallardo:

Como os jogos são atividades lúdicas que outorgam prazer e agrado em sua execução, são conteúdos fundamentais para o processo educativo e de aprendizagem, já que eles passam a ser incorporados as nossas experiências junto com as sensações e emoções de agrado e de prazer (GALLARDO, 2009, p. 8).

Deste modo, já nos primeiros resultados, foi possível entrever que a

proposição do trabalho com o conteúdo lutas mostrou-se acertado, uma vez que

também sofreu influência do meio social, já que o interesse despertado pela

proposta foi incrementado por recentes exibições de MMA na mídia televisiva.

No trabalho com os textos jornalísticos, os alunos demonstraram bastante

atividade com esta tipologia textual, por ser uma prática recorrente na escola a

leitura e interpretação deste tipo de texto.

Nos painéis confeccionados, houve a inserção de muitas reportagens sobre

os avanços das artes marciais no Brasil e em Londrina. Um fato que chamou muito a

atenção foi o interesse despertado pelos painéis não somente em relação aos

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alunos, mas a muitos funcionários que se detinham para ler as informações lá

contidas.

Embora as ações desenvolvidas na proposta não tenham sido específicos

em relação aos movimentos de cada tipo de luta, os alunos puderam observar – e

mesmo reproduzir livremente – tais movimentos, o que confirma a impressão de

Neira (2003) quando afirma que o movimento humano extrapola a noção de

deslocamento do corpo no espaço, afigurando-se como uma linguagem que permite

a ação sobre o meio físico e atuação no ambiente humano, mobilizando as pessoas

por meio de seu teor expressivo.

Nesta dimensão, certamente as ações aqui descritas assumiram especial

importância para grande parte dos alunos envolvidos, conforme se percebe pelos

trechos transcritos na apresentação dos resultados.

Sobre a produção textual dos alunos, embora em muitas situações houvesse

a cópia de trechos dos textos que serviram de apoio em cada unidade, verificou-se

que as discussões que antecederam a produção do texto escrito foram bastante

proveitosas, o que sugere a necessidade de mais trabalhos em grupo.

Para explicitar as múltiplas formas pelas quais pode se processar a

interação entre os elementos de um grupo, percebe-se, com respaldo em Duarte

(2004, p.7) que o sentido da ação de cada membro do grupo encontra-se situado

“[...] nas relações sociais existentes entre ele e o restante do grupo ou em outras

palavras, o conjunto da atividade social. Ainda na concepção deste autor, [...]

somente como parte desse conjunto é que a ação individual adquire sentido

racional” (DUARTE, 2004, p. 7).

Ao longo de toda a prática, os alunos desenvolveram as atividades em

grupos. O que se percebeu foi que em sala de aula os resultados mostraram-se

mais satisfatórios, como foi possível avaliar na pesquisa sobre as modalidades de

lutas que deveria ter tido uma parte prática e deixou a desejar porque alguns grupos

não conseguiram se organizar.

Na culminância da intervenção descrita, o Festival de Lutas envolveu toda a

comunidade interna da instituição onde foi desenvolvida a proposta e trouxe

resultados além dos esperados.

Muitos alunos empenharam-se nos três turnos para organizar o ginásio onde

seria realizado o evento, auxiliando nas tarefas de limpeza e decoração, além de

ensaiarem as apresentações com afinco.

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De forma geral, a manutenção de parcerias com academias e escolas de

artes marciais do bairro e de outras regiões do município mostrou-se bastante

positiva e certamente representou um incentivo à prática de atividades relacionadas

às lutas.

De forma geral, pode-se afirmar, sem incorrer em erro, que todas as

atividades desenvolvidas mostraram elevados índices de aceitação por parte dos

alunos e ensejaram a oportunidade de construção de novos conhecimentos sobre o

conteúdo de lutas.

Nesta perspectiva, cabe retomar o pensamento de Neira (2003) quando

aponta a competência do profissional da área à proposição de atividades

diversificadas, em sucessivas etapas de coordenação, planejamento e execução de

trabalhos, programas, planos e projetos. Assim, a intervenção realizada cumpriu

seus objetivos no que tange à inserção da prática de lutas no âmbito escolar.

Enfim, se a finalidade da Educação Física volta-se para a contribuição para

uma mudança de paradigma social em direção a uma sociedade mais democrática,

constituída de sujeitos que participem conjuntamente e possam assumir posições

críticas diante das situações cotidianas, este trabalho atingiu os objetivos esperados,

indo além da mera transmissão de conteúdos e reprodução de práticas

desmotivadoras e com poucos reflexos na vida cotidiana dos alunos.

6 Conclusões

Entendemos que a escola pública, notadamente a paranaense, tem como

função social formar o cidadão e para isso é necessário democratizar o saber

sistematizado, historicamente acumulado, como patrimônio universal da

humanidade, fazendo com que esse saber seja criticamente apropriado pelo

educando.

Na mesma perspectiva de análise, a Educação Física tem como tarefa

precípua introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento para a

manutenção do nosso modelo social, formando o cidadão que vai produzi-la,

reproduzi-la e transformá-la.

Diante destas possibilidades, entende-se que a luta cabe perfeitamente

como conteúdo da educação física escolar, pois sua prática proporciona ao aluno

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um melhor aprimoramento e autodomínio, supera os limites e aumenta o poder de

concentração ajudando no processo de autoconhecimento.

Neste sentido, as ações realizadas deixaram entrever as múltiplas

possibilidades de trabalho com o conteúdo lutas no espaço escolar, a partir de uma

abordagem que contempla, de maneira enfática, a vivência dos alunos, seus

saberes e fazeres e, acima de tudo, aspectos que integram a sociedade em seu

entorno.

De forma ampla, comprovou-se que por meio das lutas nas aulas de

Educação Física pode-se oferecer aos alunos que compuseram a presente

intervenção momentos de reflexão sobre a cultura brasileira e a influência de outras

culturas sobre a mesma.

Este trabalho, ao discutir um conteúdo inserido nos Parâmetros Curriculares

Nacionais e nas Diretrizes da Educação do Estado do Paraná, porém nem sempre

trabalhado pelos professores de Educação Física, possibilitou a ampliação dos

horizontes, na medida em que se propôs a desmitificar a ideia de que o trabalho com

este conteúdo pode desencadear a violência no espaço escolar.

Em direção oposta, o que se percebeu foi que os alunos que possuíam

também esta visão passaram a perceber que o trabalho com as artes marciais pode

se consolidar como a base para a formação de uma cultura de paz, baseada nos

valores éticos e morais que os esportes trazem como respeito, disciplina e

autoconhecimento.

Denota-se, pela análise mais apurada dos textos iniciais dos alunos, que os

mesmos apresentavam certo descrédito em relação à possibilidade de o conteúdo

sobre lutas ser positivo no ambiente escolar e mostraram-se preocupados com a

possibilidade deste tipo de atividade desencadear brigas, desavenças e/ou

discussões.

Ao término das atividades que constituíram a Produção Didático-pedagógica,

no entanto, as idéias apresentadas eram bastante diferentes, pois muitos alunos

foram enfáticos ao afirmar que este foi o projeto de que mais haviam participado

com maior entusiasmo. Afirmaram ainda que iriam começar a praticar algum tipo de

luta, sendo o Muai Thai a mais destacada entre os grupos.

Em resumo, pode-se afirmar que a realização da presente proposta pode

contribuiu de maneira positiva para que os alunos percebessem a função assumida

pelas aulas de Educação Física na escola ao tratar de conteúdos culturais,

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permitindo a sua re-significação por intermédio da contextualização de forma crítica

e reflexiva dentro do ambiente escolar.

Referências

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APÊNDICE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Será implementado, no Colégio Estadual “Professora Olympia Maorais Tormenta”, no município de Londrina, no 2º semestre de 2011 um Projeto de Intervenção Pedagógica do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), na área de Educação Física, com a professora, MARIA DO CARMO AMBRÓZIO, com o título INTERVENÇÃO DO CONTEÚDO DE LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. O público alvo será o segundo ano do Ensino Médio do período matutino.

O objetivo geral será analisar a importância do trabalho com o conteúdo lutas no que tange aos esportes de contato na escola.

Para que o menor possa participar do projeto, torna-se necessário o consentimento do respnsável pelo mesmo, através da assinatura deste termo. Para tanto, informamos que:

• O projeto será apresentado previamente aos alunos da turma participante do projeto;

• Os alunos irão participar de atividades práticas e teóricas do projeto; • Os alunos serão fotografados e filmados pela professora, podendo as

imagens ser utilizadas apenas pela mesma e pela equipe do PDE da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, exclusivamente para fins educativos;

• Na utilização dos dados coletados, será preservado o anonimato do (a) participante.

• O conteúdo a ser trabalhado faz parte da Proposta Pedagógica Curricular e está previsto no Projeto Político Pedagógico de 2011 da escola.

Agradecemos sua atenção e participação.

Eu, ___________________________________________________ portador do RG. Nº __________________________ responsável pelo (a) aluno (a)__________________________________________________, autorizo (a) mesmo (a) a participar do projeto, declarando estar ciente de que a participação é voluntária e que fui devidamente esclarecido (a) quanto ao objetivo e procedimento desse projeto.

Londrina, _________________, de ______________________ de 2011.

_________________________________________

Assinatura do Responsável pelo (a) aluno (a)