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MARIANA DE OLIVEIRA E SILVA INSETOS DO ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

INSETOS DO ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

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MARIANA DE OLIVEIRA E SILVA

INSETOS DO ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

LAVRAS – MG2013

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1 INTRODUÇÃO

Artrópodes associados aos grãos

Artrópode vem do grego arthros (articulado) e podos (pés ou patas). São invertebrados que possuem um exoesqueleto rígido, e n pares de apêndices articulados, cujo número varia de acordo com as classes. Os insetos são invertebrados, com exoesqueleto quitinoso, corpo dividido em três segmentos (cabeça, tórax e abdômen), três pares de patas articuladas, olhos compostos e duas antenas. Pertencem à classe Insecta e compõem o maior e mais largamente distribuído grupo de animais do filo Arthropoda e, consequentemente, dentre todos os animais. Não há um consenso entre os entomologistas, mas estima-se que existam de 5 a 10 milhões de espécies diferentes.

Apresentam extraordinária adaptação ecológica sendo encontrados em quase todos os ecossistemas do planeta. Os insetos associados a grãos armazenados pertencem à Ordem Coleóptera (pequenos besouros) e Ordem Lepidóptera (traças). Eles possuem como característica adaptação a ambientes com estrutura porosa (como a massa de grãos), são pequenos para locomoverem-se nos espaços entre a massa de grãos (mas o tamanho também é função do tamanho dos grãos e teores em substâncias nutritivas do suporte vegetal), adaptação para viver em ambiente escuro, elevado potencial biótico (alta capacidade de reprodução), capacidade de infestar o produto no armazenamento e no campo e capacidade de atacar diversos produtos.

Estes insetos apresentam metamorfose completa, com quatro estágios bem definidos: OvoSão colocados separadamente ou em grupos, dentro ou na superfície de grãos.LarvaÉ o único estágio que se desenvolve, com duas características bem definidas

(consomem uma quantidade de alimento muito maior que o próprio peso e crescimento parcelado por mudas de pele). Em grãos armazenados são encontrados em diversas formas, diferenciar larvas de Coleóptera e Lepidóptera é relativamente fácil. As de Coleóptera são ápodas ou apresentam tórax com 3 pares de pernas e abdome sem falsas pernas e as de Lepidóptera apresentam tórax com 3 pares de pernas e o abdome com 5 pares de falsas pernas com ganchos ou colchetes. São formas de larvas:

- Eruciforme, característico de Lepidóptera com pernas torácicas e falsas pernas abdominais nos 3°, 4° 5°, 6° e 10° urômeros, com ganchos ou colchetes (Figura 1).

-Curculioniforme,característico de Coleóptera, larva ápoda e recurvada.- Escarabeiforme, característico de Coleóptera, recurvada em forma de C, com longos

pares de pernas torácicas e dobras no tegumento.- Elateriforme, característico de Coleóptera, larva alongada e achatada, com três pares

de pernas torácicas curtas.

Figura 1. Lagarta eruciformeFonte: Conservação de Grãos, 1998.

PupaQuando cessa as mudas da fase larval e completado o crescimento, a larva não se

alimenta mais e procura um abrigo para transformar-se em pupa. Neste estágio ocorrem profundas mudanças internas e externas, até atingir a fase adulta. É característico por aparentar um repouso. As pupas de Coleóptera são do tipo livre ou exarada, com apêndices visíveis e afastada do corpo (Figura 2). As pupas de Lepidóptera são conhecidas como crisálidas, do tipo obtecta, possuindo apêndices intimamente ligados ao corpo, quando encontradas em produtos armazenados são encerradas em casulos ou estojos (Figura 2).

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Figura 2. Pupa livre e Pupa ObtectaFonte: Gallo et al. 1988.

Inseto adultoÉ a forma à qual estamos mais familiarizados, que é facilmente constatada. A principal

função deste estágio é a de reprodução e disseminação da espécie. A forma adulta da Ordem Coleóptera é resistente e de dimensão bem pequena, facilitando a locomoção pela massa de grãos e possibilitando o movimento nas grandes profundidades dos silos. A forma adulta da Ordem Lepidóptera é frágil se comparada com a dos besouros, permanecendo então na superfície dos grãos, onde são depositados seus ovos.

Na Figura 3 podemos observas as diversas fases evolutivas do caruncho e da traça do milho.

a)

b)

Figura 3. a) Diversas fases evolutivas do caruncho do milho. b) diversas fases evolutivas da traça do milhoFonte: Abastecimento e armazenagem de grãos (1986)

Os insetos do armazenamento de produtos agrícolas podem ser divididos pela forma que se alimentam.

Os insetos primários conseguem atacar o grão inteiro e sadio, com capacidade de romper o tegumento externo e atingir o endosperma para se alimentar e fazer a postura de ovos. A postura também pode ser feita na parte externa e as larvas penetram no grão assim que eclodem, permanecendo dentro do grão até atingir a fase adulta. Alguns passam a maior parte do ciclo no interior de um único grão, mas outro grupo vive e desenvolve-se fora do grão se alimentando do embrião. É o grupo de pragas de maior importância econômica.

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Os insetos secundários não conseguem atacar o grão inteiro, aproveitando-se de grãos partidos, partículas de grãos e pó deixados pelo ataque de insetos primários.

Os insetos associados se alimentam de fungos e detritos, não atacando o grão.A presença de insetos afeta o armazenamento dos grãos.

2. FATORES QUE AFETAM A INCIDÊNCIA DE INSETOS

Os fatores que afetam a incidência em insetos são temperatura, umidade e atmosfera de armazenamento. Altas temperaturas é um indicador de presença de insetos, pois propiciam um ambiente ideal ao seu desenvolvimento e estes quando consomem os grãos produzem calor como resultado de seu processo metabólico. Os grãos possuem uma baixa condutividade térmica, quando há concentração de insetos há um aumento da temperatura e a formação das "bolsas de calor", ideal para o desenvolvimento e reprodução das pragas. A porcentagem da quantidade de vapor d'água, em produtos armazenados, é um aspecto importante que influência a estrutura e a fisiologia dos insetos. Os efeitos destes dois fatores são difíceis de separar, pois a capacidade do ar de manter a umidade varia com a temperatura.

TemperaturaOs insetos que atacam grãos armazenados são na sua maioria de origem subtropical e

tem como característica a não hibernação, o que é danoso aos insetos, pois em situações de temperaturas baixas (valores de temperatura menor que 12°C) pode ocorrer a morte por inanição. Os insetos de armazenamento não apresentam Diapausa, que é um repouso fisiológico em alguma fase que possibilitaria aos insetos transpor um período de adversidade. Desenvolvem-se com facilidade em regiões de alta temperatura (17 e 35°C). Em regiões frias sua presença é tão reduzida que não chegam a ser considerados pragas de armazenamento.

Em valores entre 12 e 15°C a eclosão e desenvolvimento larval são prejudicados, não chegando a ser letal, mas causam a morte indiretamente pelo fato da praga tornar-se inativa e esta não conseguir se alimentar. Valores abaixo de 15°C a ovoposição é reduzida. Valores abaixo de 12°C o acasalamento não ocorre. Valores acima de 35°C são letais para a maioria dos insetos. Podemos observar que a temperatura ótima para o armazenamento também é ideal para o desenvolvimento dos insetos. Na tabela 1 podemos observar as temperaturas mínimas e ótimas que favorecem alguns insetos que infestam grãos armazenados.

Tabela1. Estimativa de temperatura mínimas e ótimas que oferecem condições favoráveis para o aumento das populações de alguns insetos que infestam os grãos armazenados.

Fonte. R. H. Howe J. Stor. Prod. Res. (1965)

UmidadeOs insetos de armazenamento retiram dos alimentos a água necessária para seus

processos vitais, logo, o teor de água dos grãos é um fator crítico para sua sobrevivência, em qualquer fase do seu ciclo evolutivo.

Quando o teor de água do grão é inferior a 9 % não há condições para a sobrevivência e reprodução dos insetos. O aumento do teor de água favorece o desenvolvimento dos insetos,

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porém em valores elevados (acima de 70%) o desenvolvimento de outros microrganismos impede o desenvolvimento dos insetos. Como a umidade está intimamente ligada à temperatura, podemos observar na tabela 2 a ação destes dois fatores sobre a infestação do caruncho Sitophilus oryzae sobre grãos de trigo.

Tabela 2. A ação da temperatura e do teor de umidade dos grãos de trigo sobre a infestação do caruncho Sitophilus oryzae após 5 meses.

Fonte: Abastecimento e armazenagem de grãos (1986)

Atmosfera de ArmazenamentoO desenvolvimento das populações de inseto é afetado pela composição do ar

intergranular de uma massa de grãos, ou seja, a razão de mistura de O2 e CO2. O tipo de armazenamento, em silos ou grãos ensacados no armazém, influi no comportamento dos insetos.

Podemos considerar que num armazém o inseto é influenciado por um macro-clima, ou seja, pelos fatores climáticos que caracterizam a área de armazenamento. Já num silo, haveria um micro-clima, que é afetado pela atividade respiratória dos grãos e da população de insetos, podendo alterar completamente a composição do ar intergranular, produzindo CO2 e consumindo O2. Num silo hermético a alteração pode impedir o desenvolvimento de pregas, causando a morte do inseto em todas as fases evolutivas.

Estudos indicam que em atmosferas com concentração de oxigênio a 2 % de volume os insetos não sobrevivem. A eclosão de ovos de T . castaneum não foi afetada a 10% de oxigênio, independente da presença de dióxido de carbono, mas foi seriamente prejudicada com apenas 5% de oxigênio, segundo SPRATT (1984). Nos experimentos de CONYERS e BELL (2006) ficou comprovado que a mortalidade de insetos adultos foi geralmente ligada ao número de descendentes produzidos com atmosferas com baixas taxas de O2. Isso foi evidenciado em temperaturas de 25°C, onde a reduzida sobrevivência de adultos foi seguida por um reduzido número de descendentes das espécies C. ferrugineus, O. surinamensis e S. granarius.

Em atmosferas com concentrações de dióxido de carbono superiores a 20 % insetos e seus ovos e larvas não sobrevivem, independente da concentração de oxigênio. GUIFFRER e SEGAL (1984) relatam que o dióxido de carbono tem sido usado com sucesso na Austrália, há vários anos, em experimentos e em bases comerciais, para desinfestação de trigo estocado em células seladas. LIDER et all (1983) constatou a eficiência do CO2 no controle de Acarus siro. NICOLAS e SILLANS (1989) concluíram que o CO2 pode afetar os processos de desenvolvimento dos insetos, mas que os resultados variam de acordo com a espécie e o tratamento.

3 CARACTERÍSTICAS DOS INSETOS QUE OCORREM NOS GRÃOS E NO CAFÉ DURANTE O ARMAZENAMENTO

Os insetos associados a grãos armazenados possuem como característica um elevado potencial biótico (alta capacidade de reprodução), adaptação a ambientes com estrutura porosa (como a massa de grãos), são pequenos para locomoverem-se nos espaços entre a massa de

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grãos, adaptação para viver em ambiente escuro, capacidade de infestar o produto no armazenamento e no campo e capacidade de atacar diversos produtos.

Trazem prejuízos nos grãos e subprodutos armazenados como: perda de peso e do poder germinativo, por se alimentarem do endosperma e do germe do grão; desvalorização do produto, na classificação por tipo é levada em conta à tolerância de porcentagem de grãos carunchados ou grãos avariados pelos insetos; poluição da massa de grãos com a presença de ovos, larvas, pupa e a praga na fase adulta, partes do inseto, exoesqueleto, excrementos e microorganismos; disseminação e desenvolvimento de fungos e a formação de bolsas de calor.

Ordem ColeópteraSão pequenos besouros com o corpo revestido de um envoltório de quitina liso,

brilhante e rígido, como uma couraça. O primeiro par de asas é muito dura, denominada élitros, sendo sua principal característica. Este par de asas duras serve como proteção para o abdome e às asas posteriores, que se mantém dobradas quando em repouso. Este inseto não consegue ter vôos longos devido a essa estrutura.

Sitophilus zeamaisConhecido como Gorgulho-do-milho, é uma praga que ataca principalmente o milho,

mas pode infestar trigo, arroz e sorgo armazenados. Pode se desenvolver em produtos processados como macarrão e mandioca desidratada. A infestação pode acontecer no campo.

Praga primária que consegue se aprofundar na massa de grãos e as fêmeas por meio das suas mandíbulas cavam o grão e depositam individualmente seus ovos, uma glândula associada secreta uma substancia gelatinosa que fecha a cavidade. A larva fica protegida e cresce no interior do grão, passando por quatro instares. A fase de pupa também ocorre no interior do grão, apenas quando adulto o inseto cava a saída para o exterior. As condições adequadas para o seu desenvolvimento ocorrem na média de temperatura de 27°C e umidade relativa de 60%. Período de incubação de 3 a 6 dias, de ovo a adulto dura 34 dias e longevidade do adulto em torno de 140 dias.

Os adultos apresentam uma coloração castanho-escura e na extremidade da cabeça uma espécie de tromba característica. São ágeis e possuem capacidade de vôo.

Sitophilus oryzaeConhecido como Gorgulho-do-arroz, atacando principalmente o arroz, mas podendo

infestar trigo, milho e sorgo armazenados. Pode se desenvolver em produtos processados como macarrão e mandioca desidratada. A infestação pode acontecer no campo.

Praga primária que consegue se aprofundar na massa de grãos e as fêmeas por meio das suas mandíbulas cavam o grão e depositam individualmente seus ovos, uma glândula associada secreta uma substancia gelatinosa que fecha a cavidade. A larva fica protegida e cresce no interior do grão, passando por quatro instares. A fase de pupa também ocorre no interior do grão, apenas quando adulto o inseto cava a saída para o exterior. O grão de arroz fica completamente destruído quando o adulto emerge. As condições adequadas para o seu desenvolvimento ocorrem na faixa de temperatura de 27 a 31°C e umidade relativa de 70%. Período de incubação de 3 a 6 dias, de ovo a adulto dura 34 dias e longevidade do adulto em torno de 140 dias. Muito semelhante à Sitophilus zeamais distinguindo-se apenas pela observação da genitália.

Rhyzopertha dominicaImportante praga de armazenamento, conhecida como Besourinho dos cereais,

ocorrendo principalmente no trigo e no arroz beneficiado ou em casca, mas pode infestar também o sorgo, o milho, a cevada e o centeio. Raramente atacam no campo. Os adultos possuem capacidade de vôo, podendo migrar de um armazém para outro.

Praga primária, com alto poder destrutivo, alimenta-se do grão sendo capaz de consumir de cinco a seis vezes seu próprio peso, deixando-os muito perfurados e com grande quantidade de resíduos na forma de farinha. Larvas e adultos também produzem excessiva quantidade fecal, que possui um cheiro adocicado de mofo, sendo característico de infestações desta praga.

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Resiste a grandes variações de temperatura, com condições ótimas de temperatura na faixa de 32 a 35°C e umidade relativa de 70%. A fêmea coloca entre 300 e 500 ovos, colocando-os isoladamente ou em grupos na massa de grãos. A larva cava sua entrada no grão, onde se desenvolve e saí apenas na fase adulta. Possui cor castanha.

Oryzaephilus surinamensisInfesta os grãos de cereais, farinhas e condimentos, castanhas, frutos secos, macarrão,

chocolates e até carne seca, mas é mais encontrado em grãos de cereais. Pragas secundárias atacam grãos já infestados ou defeituosos, principalmente na região do embrião, as larvas penetram no grão danificado para se alimentar seletivamente no germe, atacando também a região germinal de grãos intactos.

A eclosão das larvas ocorre em 4 dias, com duração do estágio larval de 12 dias e estágio de pupa dura 5 dias (Howe, 1956). As condições ótimas para o seu desenvolvimento ocorrem na faixa de temperatura entre 30 a 35°C e umidade relativa entre 70 a 90%. Os adultos são marrons escuros a quase pretos.

Oryzaephilus mercatorPossuem menor freqüência que Oryzaephilus surinamensis, com preferência a produtos

de cereais, sementes oleaginosas ou produtos com maior teor de gordura. Pode infestar cacau, condimentos e castanhas. Pode se alimentar de fungos.

Pragas secundárias, as larvas penetram no grão danificado para se alimentar seletivamente no germe, atacando também a região germinal de grãos intactos. A eclosão das larvas ocorre em 4 dias, com duração do estágio larval de 15 dias e o estágio de pupa dura 5 dias. As condições ótimas para o desenvolvimento ocorrem na faixa de temperatura de 30 a 33°C e na umidade relativa de 70%. (Haines, 1991).

Tribolium castaneumImportante praga de produtos armazenados, conhecido como Besouro das farinhas por

atacar principalmente farinhas e grãos de cereais e seus produtos, nozes, especiarias, café, cacau, frutas secas, soja, sementes de algodão, medicamentos, leite em pó e ocasionalmente ervilhas, feijão e oleaginosas. Atacam também todos os tipos de cereais moídos. A massa de grãos infectada apresenta um odor característico graças à secreção de uma substância irritante e aguçada. Farinhas infectadas apresentam coloração rosácea.

Possui os mais altos índices de crescimento populacional registrados para produtos armazenados. Pragas secundárias em cereais, mostram preferência pela região germinal do grão. A eclosão das larvas ocorre após 4 dias sob condições ótimas e o empupamento ocorre após 14 dias da eclosão, sendo completado em 4 a 5 dias e o ciclo evolutivo leva no mínimo 20 dias, sendo que os adultos podem sobreviver de 9 a 14 meses. As condições ótimas ocorrem em temperatura média de 35°C e umidade relativa de 80%. Apresentam-se achatados, com coloração castanha avermelhada uniforme.

Tribolium confusumImportante praga de produtos armazenados, principalmente em farinhas e grãos de

cereais. Atacam cereais e seus produtos, nozes, especiarias, café, cacau, frutas secas e ocasionalmente oleaginosas. Espécie muito semelhante à Tribolium castaneum com relação ao aspecto, hábitos alimentares e biologia.

Larvas e adultos são pragas secundárias em cereais e mostram preferência pela região germinal do grão, porém, causam severos danos em produtos farináceos. A eclosão das larvas ocorre após 4 dias sob condições ótimas e o empupamento ocorre após 14 dias da eclosão, sendo completado em 4 a 5 dias e o ciclo evolutivo leva no mínimo 20 dias. As condições ótimas ocorrem em temperatura média de 35°C e umidade relativa de 80% (Hill, 1990).

Lasioderma serricornePraga que ataca principalmente o fumo armazenado, sendo conhecido como Bicho do

fumo, mas pode infestar diversos produtos não apresentando preferência por um determinado.

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Muito voraz ataca até produtos de origem animal. É um voador ativo principalmente no final do dia e à noite.

Larvas e adultos escavam galerias no produto atacado, danificando-o completamente. Sua fêmea depositada os ovos isoladamente em meio ao alimento (Lecato & Flaherty, 1974), a eclosão ocorre entre 6 e 10 dias (Hill, 1990). As larvas, nos primeiros ínstares, são ágeis e têm coloração branco-amarelada; à medida que vão completando o estágio larval, tornam-se mais lentas e de cor parda. Apresentam de 4 a 6 ínstares larvais e no último a larva constrói um casulo pupal com partículas de material alimentar aderidos à superfície. O desenvolvimento larval dura de 17 a 30 dias e o período pupal de 3 a 10 dias, sendo seguido por um período de maturação pré-emergente de 3 a 10 dias. O ciclo evolutivo pode ser completado em 26 dias a 37°C, mas é prolongado para 120 dias a 20°C; o período normal fica em torno de 60 a 90 dias. A 17°C o crescimento cessa. Adultos submetidos durante 6 dias à temperatura de 4°C morrem (Hill, 1990). Apresentam-se ovalados, com coloração castanho-avermelhada.

Zabrotes subfasciatusÉ praga primária de leguminosas, principalmente o feijão sendo conhecido como

Caruncho do feijão, principalmente P. vulgaris e P. lunatus. Causam danos nas vagens, que são broqueadas e as larvas alimentam-se no endosperma das sementes.

Os ovos são colocados aderidos nas vagens ou diretamente nas sementes. As condições ótimas para o desenvolvimento são 32°C e 70% de UR, quando o ciclo evolutivo completa-se em 25 dias (Haines, 1991). Carvalho & Rosseto (1968) usando como substrato Phaseolus vulgaris registraram um ciclo evolutivo com duração média de 28 dias a 30 - 32oC e 70 - 75% UR. A longevidade média dos adultos foi de 11 dias para as fêmeas e 13,8 dias para os machos.

Araecerus fasciculatusPraga de diversos produtos armazenados, principalmente o café, por isso é conhecida

como Caruncho do café ou Caruncho das tulhas. Infesta o café ainda no campo, provocando, também grandes prejuízos no produto em coco ou despolpado, recolhido nas tulhas e armazéns. Mas pode infestar cacau, feijão, amendoim, milho, batata doce e sementes de girassol.

Seus ovos são depositados no grão de café, as larvas eclodem entre 5 e 8 dias e penetram nos grãos. Depois de atingir o seu último estágio a larva transforma-se em pupa, e depois em adulto. O adulto é de corpo robusto, sendo muito ativo e de grande capacidade de vôo. Sua coloração é cinzenta escura, com o corpo recoberto de pêlos brilhantes. A condição ideal para o seu desenvolvimento é com a temperatura media de 27°C e o limite inferior para a sobrevivência da espécie é de 60%.

Ordem LepidopteraConhecidas como traças e mariposas, possuem como característica principal quatro asas

membranosas, recobertas de escamas coloridas que ao menor contato se desprendem. Devido sua estrutura frágil são pragas de superfície, aprofundando-se no máximo 10 a 20 cm na massa de grãos. Em ótimas condições podem produzir grandes populações, causando enorme danos devido ao consumo das lagartas, e da presença de teias, insetos mortos e excrementos.

Sitotroga cerealellaReconhecida como Traça dos cereais, é uma praga primária de grãos de cereais, como o

trigo, arroz em casca e beneficiado, milho, cevada, sorgo e centeio. Às vezes é encontrada atacando produtos de cereais, feijões, nozes, amendoim e castanhas. Pode infestar grãos armazenados ou no campo, com capacidade para mudar de hospedeiro.

Seus ovos são depositados isoladamente ou em grupos sobre os grãos. A larva eclode após 4 a 6 dias e penetra no grão dentro de 24 horas, normalmente através do pericarpo macio, próximo ao embrião. O desenvolvimento é completado, em condições adequadas, com temperatura média de 27°C, entre 2 e 3 semanas, sendo que a larva se alimenta do conteúdo interno do grão. Antes da pupação, a lagarta constrói a saída para o exterior, deixando uma fina camada do tegumento do grão e após a emergência como mariposa, esta rompe o tegumento e

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saí para o exterior. Os adultos são mariposas e suas asas anteriores são da cor de palha, com franjas, e as posteriores mais claras, com franjas maiores.

Plodia interpunctelaPraga de diversos produtos armazenados como arroz, milho, trigo, soja e amendoim,

mas também é conhecida como praga do alho armazenado. Pode atacar feijões e ervilhas fendilhados ou com casca trincada.

As lagartas são muito ativas, movimentando-se por um fio de seda que tecem. Grandes infestações são caracterizadas por se tornar cobertos por uma manta de seda, que protege a lagarta de alterações climáticas e inimigos naturais. Em condições ideais, com temperatura média de 30°C e umidade relativa de 70%, o seu desenvolvimento se dá em torno de 27 dias.

Ephestia cautellaPraga secundária para os grãos inteiros e sadios, sendo que seu ataque se limita aos

grãos já infestados por outros insetos e com amêndoas já danificadas, apresentando alta percentagem de impurezas e quebradas. Entretanto, pode ser classificada como praga primária, para as farinhas de cereais e outros produtos moídos. Conhecida como Traça do cacau é uma praga para os grãos inteiros e sadios, além das amêndoas do cacau.

Os ovos são depositados livremente no produto. As lagartas se movimentam através dos grãos, contaminando-os com fios sedosos. Seu ciclo biológico dura em média 25 dias e o inseto adulto vive no máximo 14 dias. As condições ótimas para o seu desenvolvimento ocorrem na faixa de temperatura entre 30 e 32°C e umidade relativa de 80%.

Ephestia kuehniellaConhecida como Traça da farinha, ataca diversos produtos armazenados, como milho,

trigo, amendoim, mas prefere atacar farinhas, farelos e fubás, sendo uma praga importante de moinhos.

As lagartas tecem tubos de seda, nos quais se movimentam pelo alimento. A farinha aglutinada muitas vezes obstrui o maquinário e tubulações dos moinhos de trigo, interrompendo a moagem. Em armazéns seu ataque é superficial, mas tece uma verdadeira manta sobre a massa de grãos, que serve de refúgio para outros insetos, dificultando o bom manejo da unidade armazenadora. Tece um casulo, antes de passar para a fase de pupa, onde completa a sua evolução. Em condições de temperatura de 25°C e umidade relativa de 70%, o período médio de desenvolvimento de ovo a fase adulta é de 34 dias, sendo que o adulto vive aproximadamente 14 dias e não se alimenta do produto armazenado. O adulto é uma mariposa de coloração parda, e suas asas anteriores são longas e estreitas, acinzentadas e as asas posteriores são longas e esbranquiçadas, com uma faixa de pêlos de pequeno tamanho.

Corcyra cephalonicaConhecida como Traça do arroz, é considerada uma praga primária para o arroz polido

ou descascado e praga secundária para outros produtos, como amendoim, sorgo, trigo, café, cacau, farinhas, leguminosas e chocolate.

Seus ovos são depositados ao acaso, de preferência sobre a superfície rugosa. A presença da larva é denunciada pela presença de densos emaranhados formados pela teia de consistência forte, à qual aderem grãos e dejetos e que acabam por abrigar os casulos onde se alojam as pupas. Os casulos podem ser encontrados entre os grãos, grudados em sacarias e máquinas de benefício. Condições ótimas para o seu desenvolvimento ocorrem em temperatura de 30°C e umidade relativa de 70%, com ciclo médio de 46 dias e os adultos apresentam hábitos noturnos, maiores que outros lepidópteros, são maus voadores e tem vida curta, de 6 a 22 dias.

Pyralis farinalisPraga de grãos de cereais e seus produtos, como arroz, aveia, centeio, cevada, milho,

sorgo, trigo e diversos outros materiais vegetais armazenados. Possui preferência por farinha e detritos de moagem.

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Encontrada em locais úmidos e em acúmulos de grãos danificados, farelos e rações, mas também ocorrem em grãos sadios. Suas lagartas tecem fios de seda, para abrigar-se, no qual partículas de grãos e outros produtos se aderem. Quando vai passar ao estado de pupa, tece um casulo, que geralmente, também é coberto por partículas de alimentos. Seu ciclo biológico é de 42 a 56 dias em condições favoráveis, sendo que o inseto adulto tem vida curta.

Tem habilidade de cortar sacarias, podendo causar danos consideráveis.

4 CONTROLE DE INSETOS

Os insetos geralmente infestam o grão ainda no campo, mas medidas devem ser tomadas para controlar os insetos no armazenamento. A eficiência do método escolhido para o controle depende do conhecimento da praga que esta atacando o grão, e do seu tamanho populacional. O controle pode ser preventivo ou curativo. É recomendado o uso da metodologia do Manejo Integrado de Pragas, que realiza uma análise de custo – beneficio para tomada de decisão.

4.1 Controle legislativo

Compõe-se de legislação própria como forma de impedir a infestação de insetos provenientes de outros paises, a medidas de higiene que devem ser tomadas e regulamenta o uso de agrotóxicos em terras brasileiras.

O Ministério da Agricultura é o responsável pela legislação correlata, que traça os procedimentos para o tratamento fitos sanitários quarentenários. Em 2012 entrou em vigor a Instrução Normativa 41, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sobre Certificação de Unidades Armazenadoras e teve como base a Lei da Armazenagem 9.973. A partir de 2013, o Mapa inicia o processo de fiscalização para acompanhar a aplicação da legislação e garantir que seja feito o controle de pragas de armazenagem.

Por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) há uma coordenação das ações na área de toxicologia. O objetivo é analisar, controlar e fiscalizar produtos e serviços que envolvam riscos à saúde: agrotóxicos, componentes e afins e outras substâncias químicas de interesse toxicológico. Em seu site é possível acessar decretos, leis, portarias e resoluções sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. A Lei n° 7802/89 encontra-se vigente e dispõe sobre a pesquisa, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

A ANVISA também regulamenta o uso de alimentos geneticamente modificados. A previsão é que 54% de toda área cultivada na safra cultivada 2012/2013 seja de alimentos transgênicos, esta opção se dá por estes serem mais resistivos a pragas e doenças, requerendo um menor uso de defensivos e apresentar uma vantagem econômica para o produtor.

4.2 Controle Físico

Refere-se à manipulação do meio físico sobre a população de insetos. É um método antigo, sendo um dos primeiros a ser empregado. Os controles físicos incluem a temperatura e a umidade relativa, a atmosfera de armazenamento, o impacto ou ação mecânica, os envoltórios resistentes à penetração de insetos, os pós inertes, a irradiação e a resistência do grão. Após o surgimento de modernos inseticidas artificiais seu uso foi reduzido, mas com o aprimoramento desta técnica através de novos estudos e pesquisas é possível seu retorno como alternativa viável ao uso indiscriminado de produtos tóxicos.

A temperatura juntamente com a umidade relativa do ar são fatores que regulam a atividade de insetos grãos armazenados. Na tabela 3 podemos verificar a temperatura e umidade relativa para a sobrevivência de pragas. Conhecendo estes valores é possível manipula-los e manter o grão sempre em temperatura e umidade ideal para o seu armazenamento.

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Tabela 3. Temperatura e umidade relativa para a sobrevivência e condições ótimas para o desenvolvimento e multiplicação de insetos, ácaros e fungos.

Fonte: Secagem e armazenagem de produtos agrícolas (2008).

A disponibilidade de oxigênio afeta o crescimento e desenvolvimento dos insetos, por isso o uso de atmosferas controladas pode ser indicado. Seu uso ainda é restrito devido ao elevado custo e por sua eficiência não ser de 100%.

A irradiação é um método para prevenir a infestação microbiana. Há dois tipos, a ionizante, com raios gama e irradiação por feixe de elétrons, e não-ionizante com radiação eletromagnética. A ionizante prejudica os organismos em razão da produção de radicais livres.

Por ação mecânica também é possível realizar o controle. Indiretamente podemos manipular o meio ambiente, com limpeza, redução de impurezas e matérias estranhas (sementes quebradas, terras e pedras), remoção de resíduos de alimentos. O método indireto visa evitar que insetos secundários se estabeleçam. Diretamente podemos manipular os insetos, vários equipamentos podem ser utilizados, alguns se utilizam da força centrífuga para matar os insetos por impacto. Alguns pesquisadores acreditam que o revolvimento do grão pode matar os insetos por impacto.

O armazenamento em embalagem específica pode formar uma barreira física que previne ou impede a infestação por insetos.

Pós inertes são utilizados há milhares de anos, com a vantagem de não ser tóxico. Os tipos mais comuns são terras, terra de diatomácea e sílica. Eles promovem uma dessecação do inseto, que morrem quando perdem 60% de sua água. Alguns pós também absorvem as ceras cuticulares dos insetos. Apresentam a desvantagem de diminuírem a densidade e o escoamento do grão, com difícil aplicação e ineficiente em alguns casos.

4.3 Controle Químico

O controle químico é realizado com inseticidas. O controle pode ser de forma curativa através do expurgo com fumigantes ou de forma preventiva através de pulverização (meio líquido), polvilhamento (por pós) e nebulização (por uma nevóa). Os fumigantes mais utilizados são a fosfina e o brometo de metila.

4.3.1 Fumigação

A aplicação de fumigantes é simples e pode ser realizada para pequenas ou grandes quantidades de produto, basta utilizar um recipiente vedado ou utilizar lençol plástico para fazer a vedação. Podem ser realizadas para desinfestar completamente prédios e todo seu conteúdo, sendo importante que o gás entre em contato com toda a estrutura e material tratado. Produtos empilhados geralmente são tratados com o uso de lençóis plásticos, feitos de pvc ou polietileno. Produtos a granel em silos também podem receber esses lençóis quando não dispõem de vedação adequada.

Devemos considerar os grãos vindos do campo como infestados, pois as infestações podem ocorrer no próprio campo, e a primeira etapa do armazenamento é realizar o expurgo. O objetivo é alcançar um controle de 100 % da praga, afetando tanto o inseto adulto, quanto as outras formas. É uma etapa importante do armazenamento, pois uma população residual, proveniente de uma má fumigação, pode transformar-se em alta infestação num curto espaço de tempo, provocando a perda do material armazenado. È uma importante etapa para segurança do comércio internacional de grãos, que facilitaria a propagação de insetos e ácaros através de

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produtos contaminados. A lei n° 7802/89 trata de procedimentos para o tratamento fito sanitário e quarentenário para exportação de grãos.

Como os produtos para a fumigação são extremamente tóxicos a segurança na operação é essencial. A área deve ser isolada, impedindo a circulação de pessoas estranhas ao serviço, e aquelas que estão envolvidas na operação devem estar equipadas com EPI recomendado, geralmente na bula e ficha de informações sobre o produto químico, durante todo o procedimento. Uma área de segurança deve ser demarcada, por meio da colocação de cones, fitas zebradas e placas de advertência. A área de segurança será de no mínimo 5 metros ao redor de câmaras, porões ou containeres e de 30 metros quando se tratar de silos. Cartazes de advertência devem ser afixados, com informações quanto à natureza tóxica do produto, horário do início e término da fumigação, telefone da empresa fumigadora e o nome do responsável técnico.

A fumigação pode ser feita de acordo com o sistema de armazenamento. Pode ser realizada em silos, para alimentos armazenados a granel, ou no armazém, para alimentos ensacados. Em vagões e porões de navios também é possível fazer a fumigação, desde que permitam a vedação completa. Depósitos de madeira e silos rústicos são difíceis de receber essa operação devido a ranhuras de diversos tamanhos que possibilitam a perda de gás.

Alguns fatores afetam a eficiência dos produtos químicos durante a operação de expurgo (fumigação). A temperatura é um dos principais, pois a liberação do gás é diretamente ligada a esse fator, e em temperaturas elevadas o processo respiratório do inseto é mais intenso e consequentemente a absorção do gás por este é maior. O teor de água dos grãos determina a eficiência dos fumigantes, quando o teor é elevado a ação é menor. A absorção de fumigantes é maior em grãos quebrados em relação a grãos inteiros, exigindo uma maior dosagem e tempo de exposição. As impurezas são dificultantes na operação, necessitando o aumento da dose quanto maior for o grau de impurezas. Os fumigantes podem influenciar negativamente o poder germinativo das sementes, portanto deve-se ter um cuidado maior quando for feito o tratamento em sementes. A fosfina não afeta o poder germinativo.

Fumigação de pequenos volumesQualquer recipiente que consiga ser vedado pode servir para a realização da operação de

fumigação, geralmente tambores são utilizados. È possível utilizar sacos de filme plástico ou sacos com revestimento plástico. Para este tipo de operação a fosfina em formas de tabletes ou comprimidos é a mais recomendada.

Fumigação de espaçoA fumigação pode desinfestar completamente um prédio e o seu conteúdo. É necessário

que o gás entre em contato com toda a estrutura e material tratado (maquinário, estoques, etc.). A vedação é fundamental para garantir a eficiência do tratamento, portanto qualquer abertura deve ser vedada, nas pequenas utiliza-se preferencialmente fita adesiva impermeável e nas maiores filme de polietileno ou lençol plástico. Em edifícios é recomendado o uso de brometo de metila, sendo distribuído de forma diferenciada para cada piso, de modo que cada um receba a dose necessária, evitando a concentração excessiva de gás nos níveis inferiores. O fumigante não pode ser despejado diretamente no maquinário ou superfícies pintadas. Não é recomendando fosfina devido ao longo período se exposição que seria necessário para um controle eficiente e pela maior facilidade de ocorrer vazamentos (a fosfina penetra paredes de bloco de cimentos não tratados).

Fumigação sob lençóis plásticos (em sacarias)É indicado para produtos empilhados ou estocados em sacarias. Lençóis de boa

qualidade que evitem vazamentos garantem a boa retenção do gás e uma eficiente operação. São lençóis especiais de pvc ou polietileno, e o ideal é que seja leve, resistente, flexível, impermeável a gases, resistente ao calor e à luz ultravioleta.

Para uma operação bem sucedida e segura devemos seguir uma seqüência básica: verificar a estabilidade da pilha; inspecionar os lençóis; examinar o piso e se necessário calafetar as fendas; posicionar o lençol de forma que cubra todo o lote a ser fumigado; fazer

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uma boa vedação do lençol plástico sobre o piso; calcular a dosagem correta do fumigante a ser utilizado; distribuir ao redor da pilha, sob o lençol, a quantidade correta de fumigante; após duas horas verificar se a vedação foi feita corretamente e não há vazamento de gás; deixar o sistema fechado durante o período necessário; observando o sentido do vento, retirar o lençol após o período de ação do fumigante, lembrando de deixar a área bem ventilada para facilitar a saída de gases.

O cálculo da dosagem é proporcional ao tamanho da pilha. É importante que o lençol plástico tenha dimensões para cobrir completamente a pilha, e junções podem ser feitas com o uso de fitas adesivas e grampos.

Fumigação de produtos a granelUma forma prática é utilizar-se de aplicadores-sonda ou uso de canos de PVC. Os

aplicadores tipo sonda permite depositar as pastilhas em diferentes alturas. Os canos de PVC de ¾´´, com vários furos laterais que não permitam a entrada de grãos mas possibilite a dispersão do gás formado, como podemos observar na figura 4 . Em ambos os casos as pastilhas devem ser lançadas de acordo com a área a ser tratada. Após a aplicação deve-se fazer a vedação do silo com a utilização de lençol plástico na superfície dos grãos, lembrando-se de vedar bem junto às paredes.

Figura 4. Tubo para aplicação das pastilhas. Fonte: Secagem e armazenagem de produtos agrícolas (2008).

Fosfina – PH3

É um gás obtido pela hidrólise do fosfeto de alumínio ou magnésio. Age entre os estágios de insetos (ovos, larvas, pupas e adultos) e entre as principais espécies que atacam produtos armazenados. Podemos observar as equação para obtenção da fosfina a seguir:

ALP + 3 H2O → AL(OH) 3 + PH3

Mg3P2 + 6 H20 → 3 Mg(OH)2 + 2PH3

Sua aplicação é relativamente fácil, precisando apenas de cuidado na vedação e não amontoar o produto num só ponto para evitar aquecimento e possível explosão. Disponíveis em pastilhas que devem ser distribuídas nas áreas a serem tratadas, começam a reagir com a umidade e liberar o gás lentamente. A reação é acelerada pelo calor e a umidade do ar, em condições de temperaturas baixas e ar seco a reação é prejudicada, por isso sua aplicação não deve ser feita em temperaturas abaixo de 15°C e em temperaturas abaixo de 20°C o período de exposição deve ser prolongado. Possui uma boa penetração nos produtos armazenados (até os com boa compactação como o fumo). O período de exposição é o fator de ação, quando este não é respeitado, ou pelo tempo ou pela má vedação, há sobrevivência constante de insetos e estes desenvolvem resistência ao fumigante. Como resíduo da equação podemos observar a presença de um pó cinza claro, composto pelo hidróxido de alumínio ou hidróxido de magnésio, que é uma substância inerte.

É extremamente tóxica a insetos e qualquer forma de vida, inclusive ao ser humano, mas há um cheiro característico perceptível a níveis baixos. A reentrada de pessoas em áreas tratadas após a fumigação é permitida depois de adequada ventilação e medição das concentrações residuais de forma indireta pelo cheiro ou de forma quantitativa, a concentração não pode ser superior a 0,3 ppm. É obrigatório o uso de EPIs. A fosfina reage com metais, especialmente o cobre, logo aparelhos que possuem este metal devem receber um tratamento com parafina para proteção.

Na tabela 4 podemos observar o tempo mínimo de exposição para fumigação com fosfina em boas condições de vedação.

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Tabela 4. Tempo mínimo de exposição para fumigação com fosfina na dosagem de 1,0g/m³ sob boas condições de hermeticidade.

Brometo de metila – CH3BREncontrado sobre a forma líquida, sob pressão em recipientes metálicos, visto que não é

corrosivo. Tem ótima penetração na massa de grãos, sendo o mais recomendado quando é feito o expurgo em grandes espaços. É um gás não inflamável, não é explosivo e não possui odor, sendo formulado com 2 % de cloropicrina, que age como gás lacrimogêneo. Muito tóxico ao homem e pode afetar o poder germinativo de sementes.

A dose é recomendada com base em termos do produto concentração versus tempo (C x T) necessário parar eliminar todos os estágios das espécies presentes. Sua dosagem é função do período de exposição, das perdas por vazamento, das perdas por sorção e da uniformidade de distribuição e o tempo de penetração requerido. A seguir podemos observar na tabela 5 recomendações para o uso do brometo de metila para produtos armazenados.

Tabela 5. Dosagens de brometo de metila recomendadas para controle de insetos-pragas de produtos armazenados.

Atualmente o produto é autorizado para uso em procedimentos quarentenários e fito sanitários para fins de exportação e importação em algumas culturas como abacate, abacaxi, ameixa, café (em grãos), castanha-de-caju, castanha-do-Pará, citros, damasco, maçã, mamão, manga, marmelo, melancia, melão, morango, nectarina, pêra, pêssego e uva. Em 1987 foi firmado o Protocolo de Montreal com o objetivo de reduzir os efeitos danosos na camada de ozônio, e o brometo de metila é uma substância destruidora da camada de ozônio. Em 2009 o

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Ministério do Meio Ambiente deu inicio a elaboração do Programa Brasileiro de Eliminação de HCFC´s, por este motivo a ANVISA regulamenta que o uso do brometo de metila deverá ser totalmente suspenso até o final de 2015.

4.3.2 Pulverização

É o método de aplicação de inseticidas dissolvidos em diferentes solventes (geralmente água), por meio de aparelhos denominado pulverizadores. Os pulverizadores funcionam com bombas que forçam a passagem do líquido através de bicos especiais que dão uma forma cônica de partículas, cujo tamanho depende da pressão que se utiliza e do bico. A aplicação pode ser feita em correias transportadoras, nas pilhas de grãos ensacados e em milho em espiga.

Recomendada para proteção de mercadorias já expurgadas contra a reinfestação, devendo ser realizada imediatamente após o expurgo. Deseja-se que sejam eficientes contra as pragas por longo período de tempo, devem ter aplicação mais segura do que dos fumigantes, que sejam seletivos, de baixa toxicidade para mamíferos, não devem deixar resíduos tóxicos e não reduzir a viabilidade de sementes.

Para grãos armazenados são utilizados inseticidas do grupo organofosforados e piretróides, e devem se restringir aos produtos permitidos segundo legislação, com um limite máximo de resíduos. Alguns utilizados são o Diclorvós, o Malatiom (mais utilizado), o Pirimifós metílico, o Fenitrotiom e a Deltametrina.

Diclorvós (C14H7Cl2O4P)Conhecido como DDPV, faz parte do grupo organofosforados, com característica de

alta pressão de vapor e alta atividade inseticida na fase de vapor. Ataca principalmente no estágio larval e altamente eficiente (alta toxicidade) em traças. Possui alto efeito penetrante e os resíduos dos grãos são facilmente transferidos para a farinha, mas se degradam rapidamente e são completamente destruídos no cozimento. Geralmente é aplicado em pulverizações como tratamento de espaços. Possui baixa eficiência de aplicação em pulverização, pois não penetra em frestas ou rachaduras, mas é facilmente absorvido por muitos materiais.

Malation (C10H19O6PS2)Faz parte do grupo organofosforados, começa a se degradar em temperaturas acima de

30°C. Não existe naturalmente, em estado puro é um líquido incolor, comercialmente é encontrado como um líquido pardo amarelado que possui um odor forte. Atualmente seu uso é restrito, pois várias espécies de insetos de grãos armazenados desenvolveram resistência a este inseticida. Foi amplamente utilizado, pois apresenta a vantagem de ter uma quantidade relativamente pequena de depósito que penetra nos grãos e mais de 95 % dos depósitos em grãos de cereais é removido ou destruído antes do alimento chegar ao consumidor. Seu período de carência é de 30 dias.

A ANVISA o classifica como altamente tóxico e recomenda a sua aplicação para arroz, feijão, milho, sorgo e trigo armazenados e para aplicação foliar no campo de outras culturas.

Pirimifós metílico (C11H20N3O3PS)Faz parte do grupo organosfosforados, muito eficiente no controle de gorgulhos e vários

outros coleópteros atacando estágios imaturos de insetos. Possui ação de contato, ingestão e fumigação. Sendo considerado mais potente que o diclorvós e o malation.

Encontrado geralmente como concentrado emulsionável, de coloração bege, isento de partículas estranhas com cheiro característico do solvente, com período de carência de 30 dias, embora estudos relatem que a meia vida em trigo a 30°C e com 50 % de UR seja de 45 dias. Seus resíduos são bastante estáveis em grãos, mas a maior parte é removido no farelo de trigo e no beneficiamento do arroz em casca. Pode ser utilizado para desinfestação de estruturas no armazém vazio por pulverização, ou pulverizado diretamente sobre os grãos em esteiras transportados por meio de equipamento próprio ou diretamente sobre a pilha.

Possui vários nomes comerciais como Actellic® e Bergard. A ANVISA o classifica como medianamente tóxico e o recomenda para aplicação foliar em algumas culturas e para arroz, cevada, milho e trigo armazenados.

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Fenitrothion (C9H12NO5PS)Faz parte do grupo organofosforados, eficiente contra um amplo espectro de pragas. Sua

penetração no interior dos grãos é mínima e a maior parte de seus resíduos são eliminados no farelo do trigo e nas cascas de arroz, os resíduos carregados para a farinha são degradados durante a estocagem, preparo e cozimento.

A ANVISA o classifica como altamente tóxico, e o indica apenas para o armazenamento de trigo e aplicação foliar em outras culturas. Encontrado comercialmente sobre o nome de Sumigran®, sobre a forma de concentrado emulsionável. Inseticida com largo espectro de ação, agindo por contato, ingestão e profundidade indicado para o tratamento preventivo dos grãos armazenados, complementar ao expurgo com inseticidas fumigantes. Não afeta o poder germinativo de sementes. Pode ser aplicado via pulverização em esteiras sem causar danos aos equipamentos. O período de segurança é de 120 dias.

Deltametrina (C22H19Br2NO3)Faz parte do grupo piretróide, substância sintética obtida por esterificação do ácido

crisantêmico, extraído da flor do crisântemo, cobre um grande espectro de pragas. Eficiente em baixas dosagens, com pouca ou nenhuma tendência para penetrar nos grãos. Possui tensão de vapor baixa, persistindo, portanto em grãos em condições de temperatura e umidade elevadas. Tem como vantagem baixa toxicidade a animais de sangue quente, sendo utilizado em humanos e animais domésticos no combate a piolhos, sarnas e carrapatos (Escabin®, Deltacid®), sendo um dos inseticidas mais populares do mundo. Mas deve ser utilizado com cuidado devido a seu potencial neurotóxico em humanos.

A ANVISA o classifica como medianamente tóxico, podendo ser empregado em aplicação foliar em diversas culturas, para o combate de formigas e em amendoim, arroz, cacau, café, cevada, feijão, milho, soja e trigo armazenados. O intervalo de segurança varia de acordo com a cultura e com a modalidade de emprego, como podemos observar na tabela 6.

Pode ser encontrado como concentrado emulsionável, contendo 25g do princípio ativo e 250g do sinergista butóxidod e piperonila por litro do produto comercial (K-Obiol®), recomendado para o controle de sementes de trigo e milho, para o tratamento da superfície de milho, arroz e café e para tratamento espacial de armazenamento de café. O grão é diluído em água e pulverizado, sobre a correia transportadora ou na descarga dos grãos, sobre sacarias, sobre superfícies nas instalações antes do armazenamento. Quando encontrado em pó seco, contendo 2g de princípio ativo por kg do produto comercial (K-Obiol®), pode ser aplicado diretamente sobre os grãos de milho em espiga, com ou sem palha. A aplicação pode ser por polvilhamento do chão e paredes após a limpeza e antes do armazenamento do produto.

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Tabela 6. Intervalo de segurança para deltametrina

Fonte: ANVISA

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Permetrina (C12H20Cl203)Faz parte do grupo piretróide, sendo um composto sintético, cobre um grande espectro

de pragas de produtos armazenados, muito eficaz quando usado em combinação com inseticida organofosforado. Seus resíduos são estáveis, sendo pouco degradado, inclusive no cozimento, por isso seu uso combinado reduz a dosagem e o posterior nível de resíduo. Também é indicado para uso em humanos no tratamento de escabiose.

A ANVISA o classifica como medianamente tóxico, podendo ser empregado em aplicação foliar em diversas culturas, para o combate de formigas e em arroz, fumo, milho e trigo armazenados. O intervalo de segurança é variável de acordo com a modalidade de emprego, mas para produtos armazenados o prazo é de 60 dias.

É encontrado como concentrado emulsionável. Recomendado para tratamento espacial através de nebulização ou atomização, ou para tratamento de superfícies por meio de pulverização.

4.3.3 PolvilhamentoNeste método são empregados polvilhadeiras, com ventoinhas que produz uma corrente

de ar para distribuir o defensivo em pó. O operário deve primar pela uniformidade de distribuição em toda superfície.

4.3.4 NebulizaçãoÉ realizada por meio de aparelhos especiais conhecidos como termo-nebulizadores, que

transforma a mistura de inseticida e óleo diesel numa densa e penetrante neblina. Sua característica fundamental é a subdivisão de partículas, o que dá enorme penetração e expansão, cobrindo uniformemente toda a superfície atingida.

Este método é aplicado quando se observa uma grande infestação de insetos em toda área do armazenamento, principalmente em locais onde a pulverização não pode alcançar como paredes altas.

4.4 CONTROLE BIOLÓGICO

É o emprego de parasitas, predadores ou patógenos para eliminar as populações de insetos. Surge como solução para possíveis problemas resultantes do controle químico, como o surgimento de insetos resistentes e os perigos à saúde humana advindas dos pesticidas. Deve ser utilizado para prevenir ou atenuar, sendo potencializado se integrado com outros métodos, como o controle da temperatura e umidade. Escolhe-se o predador de acordo com a praga infestada. O uso de inseticidas conjuntamente não é possível.

O controle biológico pode ser inoculativo, inundativo, inoculativo sazonal. O controle biológico inoculativo é quando há introdução de organismos benéficos ou inimigos naturais numa área onde se pretende controlar a praga, é recomendado frequentemente em pragas introduzidas, que se presume tenham chegado a uma nova área sem seus inimigos naturais. O controle da cochonilha branca dos citros (Icery purchasi Maskell) realizado há mais de cem anos com a joaninha predadora Rodolia cardinalis (Mulsant) é o mais antigo exemplo dessa abordagem (BUENO, 2009). O controle biológico inundativo é quando organismos benéficos nativos são criados em laboratório em grande quantidade e liberados em grande escala para obter um efeito de controle imediato de pragas por uma ou duas gerações. Como exemplo deste método há a aplicação de parasitóides Trichogramma/Telenomus contra ovos de praga de Lepidóptera ou Coleóptera (BUENO, 2009). O controle biológico inoculativo sazonal é quando inimigos naturais exóticos ou nativos são criados em laboratório e periodicamente liberados em cultivos de curta duração contra as pragas, buscando o controle sobre várias gerações, geralmente um grande número de inimigos é liberado para controlar a praga e pra que a população do inimigo se desenvolva. Como exemplo deste método é o controle da mosca branca Trialeurodes vaporariorun Westwood com o parasitóide Encarsia formosa Gahan em cultivos protegidos (BUENO, 2009).

Um grupo de pesquisadores defende uma base mais científica para o controle biológico enquanto outros preferem desenvolver o controle através do método de tentativas e erros, mas

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ambos acreditam no sucesso do controle biológico frente ao controle químico. Na tabela 7 podemos verificar a comparação de características do controle químico e biológico. O controle biológico registra um sucesso muito melhor que o químico, pois o controle biológico além de ter boa capacidade para redução de pragas, tem benefícios sociais, econômicos e ecológicos.

Tabela 7. Comparação das características do controle químico e biológico.

Fonte: Controle Biológico de Pragas (2009).

O controle biológico pode ser obtido facilmente através do planejamento de um programa. Quando há um bom inimigo natural disponível é possível em quatro fases conseguir o controle. São as fases: descrição do projeto, com identificação do status taxonômico e nocivo do organismo alvo; realização da coleta de informações sobre a biologia da praga e seus inimigos naturais; produção de material para a inserção na área que se deseja controlar e avaliação da efetividade biológica e econômica.

Para o controle de Rhyzoperta dominica é possível uma introdução do fungo Acarophenax lacunatus, estudos demonstram que há redução de até 94% das populações do inseto adulto, e de 99% de ovos e larvas num período de 45 dias.

4.5 ALTERNATIVAS PARA CONTROLE DE PRAGAS

A prevenção é o melhor método para controlar as pragas. Por isso a adoção de boas práticas na colheita e no armazenamento é fundamental.

Os grãos devem ser colhidos no estádio de maturação adequado, máquinas e equipamentos devem ser limpos antes da colheita, realizar uma boa operação de limpeza e separação dos grãos sadios daqueles danificado e não misturar lotes com teores de água diferentes. No armazenamento é importante que os grãos estejam em temperatura e umidade que não favoreçam o desenvolvimento de pragas, os armazéns não devem estar localizado em um local úmido e suas paredes devem ser impermeáveis, e que minimizem a transferência de calor. Equipamentos, depósitos e silos devem estar higienizados.

A aplicação do gás ozônio como fumigante vem sido estudada. O ozônio é o resultado de um arranjo das moléculas de oxigênio, sendo um poderoso agente oxidante, altamente tóxico não só para insetos, mas para bactérias, fungos, vírus e protozoários. A toxicidade em insetos é já é conhecida, porém as informações sobre o seu efeito no comportamento das pragas são escassas. O método já é aplicado em outros países, principalmente nos Estados Unidos, portanto é necessária apenas uma adaptação para as condições climáticas e a infraestrutura brasileira. A sua aplicação é parecida com a do gás fosfina, diferindo apenas que não é preciso vedar o ambiente, pois a ação do gás é entre 25 e 30 minutos, necessitando então apenas de forçar o fluxo por entre os grãos. A desvantagem é que o processo de ozonificação seca muito os grãos, podendo trazer prejuízos. Pode ser utilizado em moinhos de trigo que não tem problemas de perda de água, logo a tecnologia já pronta para ser utilizada.

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