DIREITO PREVIDENCIÁRIOProf. Hugo Goes

Transcrição | Aula 11

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Direito Previdenciário

AULA 11

Olá!

Vamos continuar os estudos sobre os benefícios do RGPS.

PRESTAÇÕES DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) (Continuação)

PRESTAÇÕES E FATO GERADOR

AUXÍLIO-RECLUSÃO

Relembrando o Fato Gerador do benefício Auxílio-Reclusão:

I. O segurado deve ser de baixa renda (Para o ano de 2019, é aquele que possui salário de contribuição menor ou igual a R$ 1.364,43); e

II. O segurado deve ser recolhido à prisão, em regime prisional fechado.

Além disso, para os dependentes receberem Auxílio-Reclusão, é necessário que o segurado recolhido à prisão, em regime prisional fechado, não esteja recebendo:

1. Remuneração da Empresa;

2. Auxílio-Doença;

3. Pensão por Morte;

4. Salário-Maternidade;

5. Aposentadoria; ou

6. Abono de Permanência em Serviço.

Destaca-se ainda que, a aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá pela média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão (Lei Nº 8.213/1991, Art. 80, § 4º).

Exemplo: um segurado contribuinte individual é recolhido à prisão em Maio/2019. Esse segurado já tinha 50 contribuições recolhidas e atende à carência do benefício Auxílio-Reclusão, que é de 24 contribuições mensais. Contudo, nos últimos 12 meses, só tinha sete contribuições recolhidas, porque teve cinco meses sem recolhimento. A média aritmética levará em conta

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os sete meses de contribuição dos 12 meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão. A média aritmética dos sete salários de contribuição foi de R$ 1.300,00. Constata-se que esse segurado é de baixa renda (Para o ano de 2019, é aquele que possui salário de contribuição menor ou igual a R$ 1.364,43). Com isso, os dependentes terão direito ao Auxílio-Reclusão se esse segurado for recolhido à prisão, em regime prisional fechado, bem como não estiver recebendo: Remuneração da Empresa; Auxílio-Doença; Pensão por Morte; Salário-Maternidade; Aposentadoria; ou Abono de Permanência em Serviço.

Lei Nº 8.213/1991, Art. 80, § 4º (...)Art. 80. O auxílio-reclusão será devido nas condições da pensão por morte, respeitado o tempo mínimo de carência estabelecido no inciso IV do caput do art. 25, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime fechado, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. (Redação dada pela Medida Provisória nº 871, de 2019) (...)§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá pela média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

PRESTAÇÕES E RENDA MENSAL INICIAL (RMI)

A periodicidade dos reajustes do valor dos benefícios do RGPS:

I – Periodicidade – Anual;

II – Data do Reajuste – Mesma data do reajuste do salário mínimo; e

III – Índice – Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é calculado pelo IBGE.

Lei Nº 8.213/1991, Art. 41-A (...)Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

PRESTAÇÕES E RMI

PRESTAÇÃO: BENEFÍCIO/SERVIÇO RMI (Em regra: % do SB)

Aposentadoria por Invalidez 100%

Aposentadoria por Idade 70% + 1% grupo de 12

Aposentadoria por Tempo de Contribuição 100%

Aposentadoria Especial 100%

Auxílio-Doença 91% (Ver Art. 29, § 10)

Auxílio-Acidente 50%

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Salário-Maternidade -

Salário-Família -

Pensão por Morte 100%

Auxílio-Reclusão 100%

Reabilitação Profissional Não Tem

Serviço Social Não Tem

I. Forma de cálculo da RMI para a maioria dos benefícios:

RMI = % × SBRMI = Renda Mensal Inicial;% = Alíquota;SB = Salário de Benefício (Base de Cálculo do Benefício).

Lei Nº 8.213/1991, Art. 28 (...)Art. 28. O valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade, será calculado com base no salário-de-benefício.

Ressalta-se que, o Salário-Família e o Salário-Maternidade não são calculados com base no SB.

II. O cálculo do Salário Benefício depende do benefício que será concedido. Existem duas formas para calcular o SB:

1ª FORMA – Utiliza apenas M:

SB = MM = Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo.

2ª FORMA – Utiliza M e FP:

SB = M × FPM = Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo;FP = Fator Previdenciário.

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CÁLCULO DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO

Benefício Salário-de-Benefício

Aposentadoria por tempo de contribuiçãoAposentadoria por idade

Aposentadoria da pessoa com deficiência

Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente

a 80% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário (FP).

FP – Em regra, obrigatório na aposentadoria por tempo de contribuição; e facultativo na aposentadoria por idade e na aposentadoria

da pessoa com deficiência.

Aposentadoria por invalidezAposentadoria especial

Auxílio-doençaAuxílio-acidente

Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a

80% de todo o período contributivo.

Para fins de cálculo do SB, só serão considerados os salários-de-contribuição de julho/1994 em diante (Lei Nº 9.876/1999).

Lei Nº 8.213/1991, Art. 29, Incisos I e II e Art. 29-A (...)Art. 29. O salário-de-benefício consiste:I – para os benefícios de que tratam as alíneas b (aposentadoria por idade) e c (aposentadoria por tempo de contribuição) do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;II – para os benefícios de que tratam as alíneas a (aposentadoria por invalidez), d (aposentadoria especial), e (auxílio-doença) e h (auxílio-acidente) do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo.

III. Média Aritmética (M) – Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a 80% de todo o período contributivo.

Antes da escolha dos 80% maiores salários-de-contribuição para o cálculo da Média Aritmética, deve-se reajustar todos os salários-de-contribuição do segurado pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE.

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Exemplo:

Um segurado recolheu contribuições de 08/1983 até 08/2018, totalizando 35 anos de contribuição e, assim, pode se aposentar por tempo de contribuição. Nesse caso, o cálculo da RMI é igual a 100% do SB. Para fins de cálculo do SB, só serão considerados os salários-de-contribuição de julho/1994 em diante (Lei Nº 9.876/1999). Logo, de 07/1994 até 08/2018, tem-se 290 contribuições mensais, que resultam em 290 salários-de-contribuição. Em seguida, deve-se pegar os 290 salários-de-contribuição e reajustar cada um usando o INPC do IBGE. Feito isso, escolhe-se os 80% maiores salários-de-contribuição (80% de 290 é igual a 232), e faz-se uma média aritmética.

IV. O segurado pode optar pela Aposentadoria por Tempo de Contribuição sem incidência do FP, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:

OPÇÃO PELA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO SEM INCIDÊNCIA DO FP

Data do RequerimentoIdade + TC TC Mínimo

Homem Mulher Homem Mulher

Até 30/12/2018 95 85

35 30

De 31/01/2018 a 30/12/2020 96 86

De 31/01/2020 a 30/12/2022 97 87

De 31/01/2022 a 30/12/2024 98 88

De 31/01/2024 a 30/12/2026 99 89

A partir de 31/01/2026 100 90

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Exemplo 1:

Para o ano de 2019, a soma do tempo de contribuição com a idade, considerando as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade, é igual a 96 pontos para o segurado João. Logo, ele poderá ainda optar pela não incidência do FP no cálculo da sua Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

Exemplo 2:

Para o ano de 2019, a soma do tempo de contribuição, idade e mais cinco pontos (Fato de ser professor de educação básica), resulta em 86 pontos para a segurada Helena. Então, ela poderá ainda optar pela não incidência do FP no cálculo da sua Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

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Lei Nº 8.213/1991, Art. 29-C (...)Art. 29-C O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: (Incluído pela Lei Nº 13.183, de 2015)I – igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ouII – igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade.§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em:I – 31 de dezembro de 2018;II – 31 de dezembro de 2020;III – 31 de dezembro de 2022;IV – 31 de dezembro de 2024; eV – 31 de dezembro de 2026.§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição.

V. Fator Previdenciário (FP) – É calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, mediante a fórmula:

f = (Tc × a)/Es × [1 + (Id + Tc × a)/100]f = Fator Previdenciário;Tc = Tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;a = Alíquota de contribuição correspondente a 0,31;Es = Expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; eId = Idade no momento da aposentadoria.

Lei Nº 8.213/1991, Art. 29, § 7º (...)§ 7º O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, segundo a fórmula constante do Anexo desta Lei.

Expectativa de Sobrevida – Todo ano o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a tábua de expectativa de sobrevida dos brasileiros. Abaixo, segue a tábua do IBGE de 2017, para ambos os sexos:

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TÁBUA DE EXPECTATIVA DE VIDA – IBGE 2017 – (ambos os sexos)

Idade Exata (em anos) Expectativa de sobrevida (em anos)

45 34,8

46 34,0

47 33,1

48 32,2

49 31,4

50 30,5

51 29,7

52 28,8

53 28,0

54 27,2

55 26,4

56 25,6

57 24,8

58 24,0

59 23,2

60 22,4

61 21,6

62 20,9

63 20,1

64 19,4

65 18,7

66 18,0

No cálculo do FP, quando for um segurado do sexo feminino, deve-se aumentar o Tempo de Contribuição (Tc) em 5 anos, pois o Tc da mulher é de 30 anos, enquanto que o Tc do homem é de 35 anos.

Por lei, o professor da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio tem tempo de contribuição de 30 anos, se for homem, e de 25 anos, se for mulher. Nesse caso, para cálculo do FP, o professor do sexo masculino tem aumento de 5 anos no Tc, e o professor do sexo feminino tem aumento de 10 anos no Tc.

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Lei Nº 8.213/1991, Art. 29, § 9º, Incisos I, II e III (...)§ 9º Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado serão adicionados:I – cinco anos, quando se tratar de mulher;II – cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio;III – dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

Exemplo I de cálculo do FP: Joaquim José, 66 anos de idade, após completar 34 anos de contribuição, requereu aposentadoria por idade. Sua expectativa de sobrevida, de acordo com a tabela do IBGE, é de 18 anos. Qual é o valor do fator previdenciário?

Resolução:

f = (Tc × a)/Es × [1 + (Id + Tc × a)/100]

f = (34 × 0,31)/(18) × [1 + (66 + 34 × 0,31)/100]

f = 1,034.

Nesse caso, o FP foi vantajoso, porque ficou acima de 1.

Exemplo II de cálculo do FP: Maria Marta, 47 anos de idade, contribui para a previdência desde os 17 anos de idade, contando com 30 anos de contribuição. Sua expectativa de sobrevida, de acordo com a tabela do IBGE, é de 33,1 anos. Qual é o valor do fator previdenciário?

Resolução:

f = (Tc × a)/Es × [1 + (Id + Tc × a)/100]

f = (35 × 0,31)/(33,1) × [1 + (47 + 35 × 0,31)/100]

f = 0,517.

Nesse caso, o FP não foi vantajoso, visto que ficou bem abaixo de 1. Esse FP provocará uma redução do valor do benefício Aposentadoria por Tempo de Contribuição quase pela metade.

Para o ano de 2019, a soma da idade e do tempo de contribuição de Maria Marta deverá ser de 86 pontos para ela optar pela não incidência do FP no cálculo da sua Aposentadoria por Tempo de Contribuição. A idade, 47 anos, e o tempo de contribuição, 30 anos, resultam em 77 pontos. Desse modo, ela não poderá optar pela não incidência do FP no cálculo da sua Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

VI. Aplicação do FP no cálculo do SB:

a) Em regra, obrigatório na aposentadoria por tempo de contribuição;

b) Facultativo na aposentadoria por idade; e

c) Facultativo na aposentadoria da pessoa com deficiência, seja na aposentadoria por idade da pessoa com deficiência, seja na aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência.

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Nos casos facultativos, o FP só será aplicado se resultar em renda mensal de valor mais elevado.

Lei Nº 9.876/1999, Art. 7º (...)Art. 7º É garantido ao segurado com direito a aposentadoria por idade a opção pela não aplicação do fator previdenciário a que se refere o art. 29 da Lei nº 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

Lei Complementar Nº 142/2013, Art. 9º, Inciso I (...)Art. 9º Aplicam-se à pessoa com deficiência de que trata esta Lei Complementar: I – o fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em renda mensal de valor mais elevado;