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701 Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2011-2012 RESUMO Este artigo apresenta uma sistematização da produção acadêmica de Design sobre a temática ambiental e da área de Ciências Ambientais, tendo por objetivo a contextualização do Design com a Sustentabilidade. Para tanto, foi enquadrada uma amostra de artigos científicos das áreas estudadas nas categorias gestão, tecnologia e educação, posteriormente cruzadas com os 12 princípios da engenharia verde de Anastas e Zimmermann (2003). Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo do tipo exploratória descritiva. A análise dos dados coletados permitiu concluir que a principal área de pesquisa no âmbito acadêmico de design é a de Gestão, seguida de Educação e Tecnologia. Também se conclui que nem todas as temáticas suscitadas pelos 12 princípios da engenharia verde são abordadas e trabalhadas, demostrando que as questões ambientais são incorporadas no design de forma parcial. Palavras-chave: Design. Sustentabilidade. Ciências Ambientais. Institucionalização. INSTITUCIONALIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL NO CONTEXTO DO DESIGN Adriano Oliveira* Valdir Fernandes** * Aluno do 4º ano de Desenho Industrial da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected]. ** Pós-Doutor em Saúde Ambiental (USP). Professor do Mestrado Interdisciplinar em Organizações e Desenvolvimento da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL NO CONTEXTO DO DESIGN

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Design. Sustentabilidade. Ciências Ambientais. Institucionalização

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701Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2011-2012

RESUMO

Este artigo apresenta uma sistematização da produção acadêmica de Design sobre a temática ambiental e da área de Ciências Ambientais, tendo por objetivo a contextualização do Design com a Sustentabilidade. Para tanto, foi enquadrada uma amostra de artigos científicos das áreas estudadas nas categorias gestão, tecnologia e educação, posteriormente cruzadas com os 12 princípios da engenharia verde de Anastas e Zimmermann (2003). Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo do tipo exploratória descritiva. A análise dos dados coletados permitiu concluir que a principal área de pesquisa no âmbito acadêmico de design é a de Gestão, seguida de Educação e Tecnologia. Também se conclui que nem todas as temáticas suscitadas pelos 12 princípios da engenharia verde são abordadas e trabalhadas, demostrando que as questões ambientais são incorporadas no design de forma parcial.

Palavras-chave: Design. Sustentabilidade. Ciências Ambientais. Institucionalização.

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL NO CONTEXTO DO DESIGN

Adriano Oliveira*Valdir Fernandes**

* Aluno do 4º ano de Desenho Industrial da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].

** Pós-Doutor em Saúde Ambiental (USP). Professor do Mestrado Interdisciplinar em Organizações e Desenvolvimento da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].

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INTRODUÇÃO

Este artigo insere-se no projeto Análise e caracterização exploratória das Ciências Ambientais no Brasil, do grupo interdisciplinar de pesquisa sobre a Institucionalidade Socioambiental no Brasil. O objetivo deste estudo é o de sistematizar e destacar o papel do Design na problemática ambiental e nas discussões sobre sustentabilidade e desenvolvimento.

Delimitam-se como universo da pesquisa as produções bibliográficas e periódicos nacionais encontrados no portal de periódicos da Capes e Scielo, além de artigos publicados em periódicos disponíveis online, localizados a partir do Google acadêmico. A delimitação da amostra de análise foi definida conforme o número de trabalhos encontrados e relevância para os fins desta pesquisa.

Este estudo justifica-se na necessidade de um olhar crítico sobre a introdução da temática Sustentabilidade na produção científica de Design e no enquadramento das questões suscitadas pelos acadêmicos de Design na área de Ciências Ambientais.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO DESIGN COM A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A institucionalidade da questão ambiental no Brasil se dá em diferentes esferas, tais como: política, econômica, social, educacional etc., cujos estudos teóricos com enfoque em sustentabilidade são objeto de estudo das Ciências Ambientais. Essa área do conhecimento, acreditada pela Capes, difere da Ecologia e Engenharia Ambiental, sendo uma ciência naturalmente interdisciplinar.

No contexto do Design, essa institucionalização pode ser encarada como um desdobramento das questões econômicas, sociais e culturais, visto que o Design é tido como uma área do conhecimento que dialoga com diferentes saberes, como Psicologia, Semiótica, Estética, Ergonomia, Engenharia etc.

A introdução no ensino do Design no Brasil se deu com o surgimento de um curso no Instituto de Arte Contemporânea no Masp (Museu de Arte de São Paulo), em 1951 (DENIS,2000 apud LUCCA,2006). Como ainda não havia especialistas em Design nessa época, o curso foi fortemente influenciado pela Arte e Arquitetura. Somente em 1963 seria fundada a primeira escola de Design no Brasil, a ESDI (Escola de Superior de Desenho Industrial), no Rio de Janeiro.

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O Design é uma disciplina recente se comparada às profissões que a cercam em seus limites de atuação, como a Arquitetura, a Engenharia e as Artes. Mesmo a Publicidade e Propaganda, que efetua importante interface com o Design Gráfico, apresenta uma história mais sólida em termos de fixação profissional, organização de classe e reconhecimento público. (LUCCA, 2006 p. 94)

Vale lembrar que a profissão do designer ainda não é reconhecida e nem regulamentada no Brasil. Conforme lembra Lucca (2006), em decorrência disso, constata-se que o Design, a nível nacional, ainda não possui bases teóricas muito consolidadas e que a própria identidade da atividade não é significativa.

Quando o Design começa a se desenvolver no Brasil, a maioria dos problemas ambientais já estavam esboçados. Em 1968 é publicado um relatório pelo Clube de Roma intitulado Limites do Crescimento, no qual foram apontados que os recursos naturais se esgotariam no caso da continuidade do ritmo de crescimento verificado naquela época. Nos dias de hoje, o relatório é considerado controverso, uma vez que o futuro apresentado no relatório era demasiado catastrófico, e não se realizou. A principal repercussão do relatório se deu na tomada de consciência da emergência de se pensar as questões ambientais e se repensar o modelo de crescimento econômico e de consumo.

Em 1972 é realizada a Conferência de Estocolmo, onde, conforme ressalta Régis (2004), as medidas sugeridas para os problemas ambientais foram mais sensatas do que as sugeridas pelo Clube de Roma. Dentre os conceitos desenvolvidos, temos o de produção limpa, isto é, tomada de decisões de produção que não agridam o meio ambiente com a geração de resíduos.

Na mesma época, em 1971, é publicado o livro Design for the Real World, por Victor Papaneck, tido como um marco para o campo do Design. Papaneck ressalta a importância e o papel do designer no processo de preservação do meio ambiente.

A partir da segunda metade de 1980, surge uma nova corrente relacionando o design com sustentabilidade. Trata-se do Ecodesign:

é a abordagem conceitual e processual da produção que requer que todas as fases do ciclo de vida de um produto ou de um processo devem ser orientados para o objetivo de prevenção ou minimização de riscos, de curto ou longo prazo, à saúde humana e ao meio ambiente (OLIVEIRA apud RÉGIS, 2004, p.10)

Tanto o termo como os princípios tratados por essa abordagem são definidos com algumas variações pelos diversos autores que tratam do assunto, ora aparece com Design for Environment (DfE), ora como Análise do Ciclo de Vida (ACV), mas, em linhas gerais, trata-se do mesmo princípio, conforme esclarece Chaves (2009). A aplicação de tal conceito por empresas nacionais parece ser insipiente, conforme sugere a análise da pesquisa de Alperestedt, Quintella e Souza (2010).

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Em uma pesquisa referente às estratégias de gestão ambiental adotadas por 88 empresas de médio e grande porte, constatou-se que a prática de gestão ambiental mais adotada é a reciclagem, e que o emprego do Ecodesign figura entre as últimas opções, ficando à frente somente do uso da logística reversa e do mercado de créditos de carbono (MCC).

1.1 O SURGIMENTO DA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO DESIGN

Os danos para o meio ambiente, consequência da produção industrial, foram sentidos logo nos primórdios da Revolução Industrial. Mas de início não houve nenhuma iniciativa por parte dos designers de criar projetos para produtos que reduzissem os impactos ambientais.

A primeira manifestação contra o modelo de produção vigente se deu na segunda metade do século XIX, com movimento utópico de William Morris (1834-1896) chamado Arts & Crafts. Esse movimento pretendia resgatar o valor do ofício dos artesãos, buscando eliminar a distinção entre arte e artesanato. Com uma produção artesanal de alta qualidade, norteada por princípios de design, pretendia-se superar a produção mecanizada e de massa.

Na atualidade, uma das principais questões de preocupação do design está no ciclo de vida do produto (CVP). “O ciclo de vida de um produto é um conceito (ou modelo) que descreve a evolução de um produto ou serviço no mercado” (KAZAZIAN, 2005, p.188). Se no surgimento da área o designer apenas se preocupava com a produção e lançamento do produto no mercado, com a introdução do conceito de CVP, é tarefa do designer se preocupar com o produto desde a extração da matéria-prima que o compõe até o descarte do mesmo feito pelo usuário.

Nesse sentido, uma mudança na visão do CVP foi possível conforme uma visão de mundo sistêmica. Conforme critica Capra (1982), essa visão se opõe a um paradigma mecanicista e reducionista sintetizado no cartesianismo. A visão do CVP é linear, racional e previsível. Na nova visão de mundo apontada por Capra, o sistema é apresentado de forma sistêmica, complexa e interdependente.

Mesmo sendo utilizado de forma mercadológica, o ciclo de vida do produto utilizado de forma sistêmica leva muito mais variáveis em consideração, tornando-se uma importante ferramenta de gestão para analisar a utilização de matéria-prima e energia que entram e saem do sistema. Essas medidas se mostram fundamentais, uma vez que tanto energia como matéria-prima estão se tornando escassas e caracterizam alguns dos principais problemas a ser enfrentados pelos designers e pela sociedade.

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Além dessas questões, esse tipo de pensamento tende a levar em consideração as necessidades reais dos consumidores, diferindo de quando se leva em consideração unicamente as necessidades do mercado e da economia, que são de crescimento ilimitado.

No modelo linear, atitudes como a obsolescência programada, a obsolescência percebida pela moda e o incentivo contínuo ao consumismo desenfreado tornam-se compatíveis e até aceitáveis; mas quando se analisa o problema de um ponto de vista sistêmico, pode-se chegar a conclusão de que o mal gerado pelo sistema não compensa seus benefícios. Uma crítica a esse modelo pode ser estabelecido no seguinte enunciado: há privatização dos lucros e socialização dos prejuízos.

Outro aspecto que passa a ser considerado a partir dessa perspectiva é a de que existe outro ciclo de vida do produto, o ciclo de vida natural. Cada produto é feito a partir de uma matéria-prima extraída da natureza e que muitas vezes não é renovável. Sem levar esse fator em consideração, corre-se o risco de cair em uma atitude predatória do meio ambiente, a partir da qual não se respeita a resiliência da natureza, levando ao esgotamento dos recursos naturais.

Algumas das respostas dadas pelos designers à problemática ambiental podem ser ilustradas pela produção do designer Chistian Ullmann e dos irmãos Campana. A produção desses designers se destaca pela escolha de materiais alternativos para compor seus projetos, exemplificadas nas famosas Cadeira Favela e Poltrona Homeless (Figuras 3 e 4).

FIGURA 3: Cadeira Favela FIGURA 4 – Poltrona Homeless de Christian Ulman

FONTE: Flor de Casa (online) FONTE: Delas Casa (online)

Tais produtos nasceram do conceito dos 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. Posteriormente, o conceito evoluiu para 5R’s: repensar, reduzir, reutilizar, reaproveitar e reciclar. Essas medidas nasceram da preocupação com a escassez de matérias-primas, reciclagem e reaproveitamentos das sobras de produção que se tornariam lixo.

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2 METODOLOGIA

Esta pesquisa tem característica exploratória descritiva do tipo qualitativa. Como primeira etapa da coleta de dados, fez-se uma leitura de reconhecimento das obras relacionadas ao tema em estudo com posterior análise crítica desses dados.

A coleta de dados foi realizada via internet, a amostra foi extraída do portal de periódicos Scielo e do portal Scholar Google, por meio de palavras-chave. Após a coleta de dados, foi efetuado o cruzamento das temáticas dos periódicos de design com os periódicos de Ciências Ambientais, disponíveis no Qualis vinculado à Capes na área de Engenharias I.

Como modelo de análise, utilizam-se os 12 princípios da Engenharia Verde de Paul T. Anastas e Julie B. Zimmermann, a saber:

1) Inerente ao invés de circunstancial: garantir que todo material que entra ou sai do processo produtivo seja inerentemente não perigoso.

2) Prevenção ao invés de tratamento: é melhor prevenir o desperdício de materiais e a geração de resíduos do que buscar alternativas para limpar o lixo depois de formado.

3) Design para a separação: considerando-se as propriedades físico-químicas intrínsecas dos materiais, facilita-se e se barateia a separação e purificação deles.

4) Maximizar a eficiência de massa, energia, espaço e tempo: eliminação do desperdício não somente de materiais, mas de espaço, tempo e energia em todo o ciclo de vida de produtos e projetos.

5) “Puxar as saídas” contra “empurrar as entradas”: minimizar a quantidade de recursos, materiais e energéticos, para transformar entradas em saídas desejadas.

6) Conservar a complexidade: seria contraprodutivo reciclar substâncias altamente complexas, enquanto substâncias de complexidade mínima favorecem a reciclagem.

7) Durabilidade ao invés de imortalidade: produtos não devem ter duração além de sua vida útil comercial. O tempo de vida de um produto deve ser projetado de tal forma que evite a imortalidade de materiais indesejados no meio ambiente.

8) Realizar o necessário, minimizar excessos: o design com capacidade desnecessária deve ser considerado como falha de projeto, uma vez que os custos de material e energia de sobredesign e capacidade não usável podem ser altos.

9) Minimizar diversidade de material: reduzir a diversidade de materiais determina a facilidade de desmontagem para reuso e reciclagem.

10) Integrar matéria local e fluxo de energia: ao se aproveitar energia e fluxo de materiais existentes, a necessidade de gerar e/ou adquirir e processar matéria-prima é minimizada. (ANASTAS; ZIMMERMANN, 2003, p. 17).

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11) Design para um fim comercial “após a vida útil”: reduzir o desperdício de componentes que permanecem funcionais a partir de seu reuso.

12) Renovar ao invés de esgotar: entradas de materiais e energia devem ser renováveis ao invés de depredatórios (ANASTAS; ZIMMERMANN, 2003, p. 4).

Os artigos de design foram analisados com base nos princípios listados acima. Buscou-se classificá-los por meio da leitura dos resumos e das palavras-chave nos diferentes princípios propostos pelos autores. Os dados coletados também foram classificados nas categorias Gestão, Tecnologia e Educação e, posteriormente, cruzados para verificação da incidência dos 12 princípios por categoria.

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Da pesquisa preliminar foram consideradas na busca 21 palavras-chave listadas a seguir: Água; Ambiental; Ambiente; Avaliação; Conservação; Consulta; Desenvolvimento Sustentável; Ecodesenvolvimento; Educação; Gestão; Manejo; Meio Ambiente; Natural; Natureza; Poluição; Recursos Naturais; Saneamento Ambiental; Sócio Ambiental; Sustentabilidade.

A partir da análise dos artigos listados na área de Engenharias I do catálogo Qualis da Capes foram encontrados dez periódicos de Ciências Ambientais com as seguintes palavras-chave: Água; Ambiental; Ambiente; Conservação; Desenvolvimento Sustentável; Educação; Gestão; Meio Ambiente; Natureza e Saneamento Ambiental.

Os artigos foram analisados e classificados em três grupos, a saber: Gestão, Tecnologia e Educação, conforme a leitura e análise de palavras-chave e resumos.

Do total de artigos analisados, 95 pertencem à área de Gestão; 26 de Educação; 76 de Tecnologia; e 4 foram classificados como Gestão/Tecnologia. Portanto, houve equilíbrio entre artigos de gestão e tecnologia.

Em relação aos artigos de design pesquisados, do total de 201 artigos foram encontrados 60 relacionados ao design; 35 pertencentes à área de Gestão; 15 de Educação; 9 de Tecnologia; e 1 classificado como Gestão/Educação.

Comparando com o modelo de análise baseado nos 12 princípios do design, que são: 1 – Inerente ao invés de circunstancial; 2 – Prevenção ao invés de tratamento; 3 – Design para a separação; 4 – Maximizar a eficiência de massa, energia, espaço e tempo; 5 – “Puxar as saídas” contra “empurrar as entradas”; 6 – Conservar a complexidade; 7 – Durabilidade ao invés de imortalidade; 8 – Realizar o necessário, minimizar excessos; 9 – Minimizar diversidade de material; 10 – Interar matéria local e fluxo de energia; 11 – Design para um fim comercial “após a vida útil”; 12 – Renovar ao invés de esgotar, infere-

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se que a questão permeia, ainda que de forma tímida, aspectos do design, tais como o reaproveitamento de materiais, a utilização de materiais alternativos, redução do número de componentes e matérias-primas nos produtos, otimização do processo de produção, reinserção de produtos no mercado, inclusão social, e exploração de novas tecnologias.

TABELA 1 – Cruzamento dos 12 princípios por categoriasCategoria P P P P P P P P P P P P

Princípio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

GESTÃO X X X X X X X X X

TECNOLOGIA X X X

EDUCAÇÃO X X X X

FONTE: Elaboração própria

CONCLUSÃO

Com o surgimento da revolução e do design de produtos, surgiram inúmeros problemas causadores de danos ao meio ambiente, como escassez de matérias-primas e de recursos energéticos. A preocupação com o futuro da humanidade e do Planeta nos leva a inúmeras abordagens. Pode-se constatar que no âmbito acadêmico destacam-se os artigos científicos voltados à área de Gestão.

A disciplina de design é relativamente nova no Brasil, não possuindo um arcabouço teórico tão profundo quanto às disciplinas mais tradicionais, como as Engenharias. É possível que esse fator influa diretamente na diversificação das temáticas estudadas e na profundidade com que os assuntos são tratados.

Conforme esclarecem os autores Paul Anastas e Julie Zimmermann (2003), inúmeros artigos e conferências vêm sendo realizadas acerca da temática ambiental com vistas a reduzir os impactos ambientais causados pela ação do homem no meio ambiente. Mesmo com a emergência de uma mudança de mentalidade, tanto de produção quanto de consumo, muitas das medidas estudadas, adotadas por empresas e discutidas no meio acadêmico parecem não dar conta da complexidade da questão. Conclui-se que isso acontece pela falta de integração e consideração da interdependência entre as temáticas abordadas.

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