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Instituição Beneficente “A Luz Divina” (1956-2013) Palestras em comemoração aos 57 anos de fundação GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER O Apóstolo do Cristo Infância – O cachorro e o jatobá A vida de Chico Xavier, desde a infância, foi assinalada por abençoados fatos e fenômenos que denotam a incisiva presença do Mundo Espiritual, previdente e zeloso de sua vida missionária. Assim é que, aos tenros cinco anos de idade, órfão de mãe, foi levado pelo pai, a residir com a madrinha, uma senhora perturbada, que o espancava com frequência e, por vezes, o deixava passar fome. Sofrendo, então, as agruras da falta de alimento, Chico, brincando no quintal, onde era sempre deixado, passou, de maneira até muito natural para a compreensão infantil, a receber a visita de um cão que trazia para ele um jatobá!

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Instituição Beneficente “A Luz Divina” (1956-2013) Palestras em comemoração aos 57 anos de fundação

GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

O Apóstolo do Cristo

Infância – O cachorro e o jatobá

A vida de Chico Xavier, desde a infância, foi assinalada por abençoados fatos e fenômenos que denotam a incisiva presença do Mundo Espiritual, previdente e zeloso de sua vida missionária. Assim é que, aos tenros cinco anos de idade, órfão de mãe, foi levado pelo pai, a residir com a madrinha, uma senhora perturbada, que o espancava com frequência e, por vezes, o deixava passar fome.

Sofrendo, então, as agruras da falta de alimento, Chico, brincando no quintal, onde era sempre deixado, passou, de maneira até muito natural para a compreensão infantil, a receber a visita de um cão que trazia para ele um jatobá!

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Intrigante episódio repetido faz-nos lembrar o profeta Elias, refugiado em lugar ermo, a quem, conforme está na Bíblia, no livro de I Reis, 17:4 e 6, Jeová ordenou a alguns corvos o alimentassem diariamente de pão e carne, e assim aconteceu.

Conta o médium que o citado cachorro chegava sempre no mesmo horário, trazendo o jatobá, fruta brasileira formada de vagem grossa e longa, contendo arilos farináceos comestíveis, de sabor não muito agradável, mas de alto valor nutritivo. Trazia-o entre os dentes e depositava-o a seus pés. Todavia, menino de pouco mais de cinco anos de idade, que poderia fazer para romper a dura casca, semelhante a uma couraça?

Emocionado, Chico explica, então, que o dócil animal, o qual ele não saberia dizer se se tratava de um cão da Terra ou do Além, notando Sua incapacidade de quebrar o jatobá, partia-lhe a casca, com a força das mandíbulas, e só se retirava quando Chico começava a comê-lo!

Foto da família, em 1930, Pedro Leopoldo, MG.

Alguns integrantes da família. Da esquerda para a direita: Nélson Pena (cunhado), Carmozina Xavier Pena (irmã), Chico Xavier, João Cândido Xavier (pai), no colo João Cândido Filho (irmão), Cidália Batista Xavier (madrasta), no colo Doralice Xavier (irmã), Geralda Xavier (irmã), Jacy Pena (cunhado), Maria da Conceição Xavier Pena (irmã). Da esquerda para a direita: Neuza Xavier (irmã);Mauro Pena (sobrinho), filho de Nélson e Carmozina, Dorita

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(ajudante da casa da família Xavier, no colo criança não identificada), Nelma Pena (sobrinha), filha de Nélson e Carmozina), Lucília Xavier (irmã), Cidália Xavier (irmã), André Luiz Xavier (irmão). Acervo da Casa de Chico Xavier, Pedro Leopoldo. MG. Foto está inserida na página 62, do livro O Vôo da Garça. O jovem – O Catolicismo - As aulas de Catecismo

Na juventude, durante o tempo em que se vinculou à Igreja Católica, Chico dava aulas de Catecismo às crianças. Quando se tomou Espírita, o jovem, então, procura o Padre Sebastião e diz-lhe que, doravante, seria espírita. O próprio sacerdote, de quem Chico se recorda com imenso carinho, o aconselha a deixar de ministrar aulas de Catecismo.

Porém aquele grupo infantil tinha se afeiçoado muito ao tio Chico, sentindo saudades do professor e das histórias que ele lhes contava. Sendo assim, procuraram elas o médium em seu lar, explicando-lhes que estimariam dar prosseguimento às aulas de Catecismo, desde que fosse o professor.

Chico expôs o problema a sua segunda mãezinha, D. Cidália, mas ela revelou uma preocupação, pois como acolher todas aquelas crianças em casa, se a sua família já era enorme e lutava com dificuldades financeiras? Porque a garotada, refletia Cidália, após as aulas necessitavam de um lanche, ainda que simples.

No entanto a inspiração dos Amigos Espirituais norteou aqui decisão e o médium atendeu o apelo dos pequeninos.

As aulas de Catecismo prosseguiram no fundo do quintal da casa de Chico, debaixo de frondosa mangueira, onde a meninada acomoda em pedaços de tijolos, lascas de madeira, à guisa de bancos.

Naquele ambiente de muita simplicidade, tendo por cenário a natureza, ele fazia reviver aos puros de coração as lições edificantes vida de Jesus, explicando-lhes necessidade do amor com os animais, às plantas.

Apesar de trabalhar, Chico atravessava muitas dificuldades materiais, não possuindo recursos pessoais para oferecer um lanche aos seus e isso o entristecia, de vez que muitas crianças passavam fome.

Um fenômeno estranho começou, então, a ocorrer nos momentos das aulas: os galhos da mangueira balançavam-se com muita força de um lado para o outro, como se estivessem querendo chamar alguém...

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Os vizinhos perceberam logo, porque não havia nenhuma corrente de

vento forte e somente aquela árvore se agitava...

O fato repetia-se sempre: bastava Chico reunir-se com as crianças. As vizinhas observavam o que ocorria naquele local e começaram a levar bolos e biscoitos para que ele repartisse com as suas crianças. A alegria era geral. Chico exultava, pois agora a tarefa se completava com a meninada recebendo também o socorro material!

A majestosa árvore parecia, continuando a balançar os seus galhos, erguer os braços aos Céus, agradecendo em prece ao Criador.

O fato, que era contado pelo próprio Chico, denota a sua excepcional faculdade mediúnica de efeitos físicos que os espíritos utilizavam, em situações ao longo de sua existência, inclusive para se materializarem corpo inteiro, nas chamadas “materializações luminosas”, no início da década de 50.

A aparência de Chico

A descrição feita pelo repórter Clementino de Alencar, de “O Globo”, quando, em 1935, pela primeira vez, ele foi apresentado a Chico Xavier, que contava 25 anos de idade. Essa descrição está contida no livro “Notáveis Reportagens com Chico Xavier”.

Não traz chapéu nem gravata e todo o seu traje é um atestado de pobreza. É moreno, de um moreno carregado, e tem cabelos muito negros, compridos, crespos. Baixo, compleição forte. Caboclo. Mas no físico, não na expressão. Esta é de estranha humildade e doçura. Com o sorriso leve que mostra agora, seu rosto tem até um ar de ingenuidade.

Lá longe, na cidade grande, diriam dele: — Um bobo!

Seu embaraço se acentua quando lhe pomos o olhar no casaco surrado, na camisa aberta, nas calças de brim remendadas, nos sapatos cambaios.

Com a mesma timidez da entrada, ele observa-nos: — Desculpem eu ter vindo nestes trajes. Estava trabalhando. A vida tem

que ser assim. Trabalhar...

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Justificamos nossa presença ali: as suas mensagens foram divulgadas no Rio.

Na confusão em que está, seu sorriso e suas frases se desdobram, com intermitências bruscas, reticências sem malícia:

—Ah! Sim... Foi um senhor do Rio... Mas eu sou um pobre rapaz do mato... Não convém tanta notícia... Por favor..., deixem-me assim mesmo, na obscuridade...

Observamos-lhe que a notícia, o assunto, já está lançado no Rio. As mensagens estão sendo muito comentadas e discutidas. Os esclarecimentos e impressões que vimos colher não lhe farão mal.

— Mas eu tenho receio... Os jornais falam, depois toda a gente por aí se

põe a discutir não me deixam mais tranquilo no meu canto... Além disto, depois, quererão de certo que eu faça coisas que não poderei fazer... o impossível... O Livro “Parnaso de Além Túmulo”

A vida de Chico mudou radicalmente. Antes do livro “Parnaso” os poetas não se identificavam. A partir da publicação do livro, Chico Xavier ganhou notoriedade. Todos queriam conhecê-lo. Cientistas, parapsicólogos, jornalistas. Chico Xavier foi estudado pela NASA. Ocorreu uma tentativa de suborno. Tentativa de suborno

No início da mediunidade, quando contava 21 anos de idade, logo após o êxito do “Parnaso”, recebeu uma proposta de algumas pessoas de Belo Horizonte, através de um emissário.

O “Parnaso” estava incomodando muita gente... Não se comentava outro assunto nos jornais. Movimentando literatos influentes, certa autoridade religiosa na capital mineira, entre muitos outros representantes das letras de Minas Gerais, enviou alguém a Pedro Leopoldo. Aquela época, a família do Chico enfrentava sérias dificuldades econômicas; por vezes chegava a faltar-lhes o necessário... Reunindo a família, o enviado da autoridade referida fez a proposta. Se Chico se interessasse, deveria passar alguns dias numa chácara, onde havendo acordo, um alto negócio se efetuaria. Grande soma de dinheiro estava

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envolvida. Não sabendo nem ao menos do que se tratava, Chico hesita. Mas o seu pai argumenta com “eloquência”, forçando-o a aceitar. Consultando Emmanuel, que já lhe dirigia as atividades mediúnicas o Benfeitor aconselha: “Não lhe custa ir; você colherá alguma experiência...”.

E assim, por obediência ao pai, Chico, recém-saído da adolescência segue para a capital do Estado, sem saber muito bem o que o aguardava.

Ali chegando, foi logo apresentado a cultos literatos como o autor do “Parnaso”... A sua figura simples causa grande admiração...

Confortavelmente instalado, com um guarda-roupa repleto de ternos finos, dinheiro no bolso das calças, Chico esperava uma definição. Esperava a tão falada proposta para adquirir trabalho profissional, com melhores condições.

O tempo passa; 10,20, 30, 60... 90 dias...

Já na véspera de vencer a data combinada anteriormente, ele se aproxima do responsável por aquela trama e expõe:

“Os senhores ainda não me falaram nada de concreto; amanhã vence o prazo que combinamos e preciso retornar... Tenho trabalho em Pedro Leopoldo...”.

Eis que surge no seu caminho, talvez a primeira tentação para que recuasse ante a tarefa que o Alto lhe depositara nas mãos.

Disse-lhe aquele homem: “Você está aqui conosco há vários dias com as maiores regalias. Não lhe

falta nada! Roupas, dinheiro e muitas outras coisas estão à sua disposição...”.

— “‘Mas eu não toquei em nada — retruca o Chico, pois nada me pertence”.

— “Mas você poderá ter tudo isso e muito mais. Se desejar, se aceitar o que vamos lhe propor, a situação financeira de toda a sua família estará praticamente resolvida”.

— “E o que terei que fazer?” — pergunta ingenuamente.

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Buscando seduzi-lo ao máximo, o homem revela, por fim, a parte mais importante do plano:

— “É simples. Você deverá proferir duas palestras: uma no auditório da Escola Normal e outra no Teatro Municipal. Divulgaremos o evento e você deverá dizer que é o autor do “Parnaso” e não os espíritos... Como é que pode um rapaz inteligente andar envolvido em coisas assim! Os espíritas é que colocaram essas coisas em sua cabeça... Há muito tempo deveria estar vivendo nos meios literários, frequentando altas rodas!”

Agora ele compreendia tudo. Amparado por uma grande força responde: — “Eu não posso mentir para mim mesmo... Eu ouço a voz de minha mãe; como posso renegar tudo isso? Ainda agora, ela me fala que, antes ser pobre, mas ser livre com a Verdade... O senhor me desculpe, mas não posso aceitar... Vim aqui mais por medo de meu pai. Partirei logo que possível...” EMMANUEL

Chico contou sobre seu primeiro contato com o mentor Espiritual. “Lembro-me de que, em 1931, numa de nossas reuniões habituais, vi a meu lado, pela primeira vez, o bondoso espírito Emmanuel”.

Emmanuel, nos primórdios da mediunidade de nosso Chico, deu-lhe duas orientações básicas para o trabalho que deveria desempenhar. Fora de qualquer uma delas, tudo seria malogrado. Chico as seguiu à risca. Eis a primeira:

— Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus? — Sim, se os bons espíritos não me abandonarem... — respondeu o

médium. — Você não será desamparado — disse-lhe Emmanuel —, mas é preciso

que você trabalhe, estude e se esforce no bem. — E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? — tornou o Chico. — Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos para o serviço... Porque o protetor se calasse o rapaz perguntou: — Qual é o primeiro? —Disciplina. — E os segundo?

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— Disciplina. — E o terceiro? —Disciplina. Eis a segunda:

Se um dia ele (Emmanuel) algo aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, Chico deveria abandoná-lo, permanecer com Jesus e Kardec e esquecê-lo.

A mediunidade de Chico

Efeitos físicos, materializações, perfume. Vidência. Audiência. Psicofonia com transfiguração. Intuição. Inspiração. Psicometria. Psicografia. Chico fala de sua mediunidade

“A sensação que sempre senti, ao escrevê-las (referindo-se às poesias recebidas mediunicamente), era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial, onde eu as lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço, ao psicografá-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis. Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos, as menores impressões físicas. É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno que se produz frequentemente comigo”. As Reuniões Públicas

O número de pessoas que, em média, aparecia a cada sessão pública variava muito, mas, principalmente, no final de semana, eram muitas centenas, de toda parte do Brasil!

A rua Prof. Eurípedes Barsanulfo, no Parque das Américas, onde se situa o prédio da “CEC” e arredores ficava repleta de veículos, com os muitos terrenos baldios se transformando em estacionamento gratuito!

Os hotéis de Uberaba ficavam todos lotados, e os peregrinos não raro, tinham que se hospedar nas cidades mais próximas como Uberlândia e Araxá!

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Quando iam para a cozinha, o relógio estava marcando duas, três horas

da manhã! Aos sábados com reduzido grupo de amigos, Chico costumava descer até ao centro da cidade, para tomar café no Bar “1.001 “!

As receitas aconteciam somente às segundas e às sextas-feiras, sendo que, às sextas, o número delas era bem maior, por volta de duzentas, trezentas, talvez entre receitas e orientações!

As orientações, quase sempre, o consulente deveria se submeter a um tratamento de passes num centro espírita. Mas, por vezes, vinha um rápido bilhete de um ente querido desencarnado ou algumas palavras de incentivo do Dr. Bezerra de Menezes, senão do próprio Emmanuel!

Chico psicografava “cartas consoladoras”, por reunião, em média, mais de dez! Eram muitas e extensas, todas ricas de impressionantes detalhes de identificação!

A Psicografia – A Parceria com EMMANUEL

Foram divididas em quatro fases; Fase de “Parnaso de Além Túmulo” – os poetas. Fase de crônicas do além túmulo” – os prosadores. Fase dos doutrinadores: Emmanuel, André Luiz e outros. Fase dos habitantes comuns do mundo Espiritual: consoladora e reveladora. Nesta fase, dividia-se em três partes: - O atendimento prévio de Chico aos interessados em mensagens, receitas homeopáticas e orientações; - A tarefa da psicografia, das receitas e orientações a qual era feita numa salinha anexa à salão de reuniões; - A psicografia em público, com a recepção da chamada “mensagem da noite” – quase sempre de Emmanuel – e as ditas “cartas consoladoras”.

Em seguida, Chico passava a autografar os livros e, descontraidamente, conversar com as pessoas, e se dirigia à cozinha para um café com os “remanescentes da madrugada”! Com Waldo Vieira – Livros a Quatro Mãos

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Foram os seguintes livros psicografados em parceria com o médium Waldo Vieira: ▪ Sexo e destino ▪ Evolução em dois mundos ▪ Desobsessão

Waldo Vieira e Chico Xavier se separaram e Waldo Vieira, em 1981, tornou-se co-fundador do Centro da Consciência Contínua para pesquisar as experiências fora-do-corpo e os estados alterados de consciência, em bases mais universalistas. Os livros psicografados por Chico Xavier

Durante sua existência, Chico psicografou 453 livros. Entre tantos Espíritos que enviaram, através do médium, destacam-se alguns autores: 1 – Emmanuel 2 – André Luiz 3 – Bezerra de Menezes 4 – Neio Lucio 5 – Meimei 6 – Auta de Souza 7 – Maria Dolores 8 – Jésus Gonçalves 9 – Humberto de Campos 10 – João de Deus A VIDA DE UM HOMEM DE BEM À Sombra do Abacateiro

À sombra do abacateiro na década de 80, aos sábados, a partir das 14 horas, realizava-se reuniões ao ar livre, em plena natureza, em chão de terra batida, na periferia da cidade.

Chico lia um trecho do Evangelho segundo o Espiritismo, depois cada participante fazia um comentário de dois a três minutos e depois Chico falava por dez a quinze minutos.

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No tempo de seca, poeira, com a chuva, lama.

Ao término da reunião havia distribuição de alimentos, brinquedos e roupas. Para os mais pobres, Chico ainda dava uns trocados, chamando todos pelos nomes, perguntando pelos parentes.

À noite, já estava no “Grupo Espírita da Prece“, psicografando! Era engraçado ver os repórteres, correndo de um lado para outro com as suas câmeras. O cachorro no abacateiro

Em uma das vezes, alguém falava com eloquência sobre o tema do Evangelho. De repente, surge um vira-lata, de porte médio, abrindo caminho entre as pernas do povo... Forte mau cheiro rescende no ambiente! O pobre cão havia rolado na carniça de um cavalo ou mesmo de um bezerro que morrera nas imediações. “Caridosamente“, o pessoal ia chutando o animal, com o intuito de afastá-lo... Eram chutes fraternos e discretos, acompanhados de certas vibrações inamistosas. O cão, assim rejeitado, só encontrou guarida em Chico. Caminhou na direção dele que, para surpresa geral, se abaixou, pegou-o e o colocou no colo!

— Colocou no colo o cachorro fedendo a carniça?!

E ficou com ele no colo até o término da reunião! Porém aconteceu um fenômeno: quando Chico colocou o vira-lata no colo, de imediato, todo o mundo passou a sorrir para ele... Duas lições de Emmanuel Na defesa do verme

Um confrade entusiasta elogiava o Chico, a queima-roupa, ao fim de movimentada sessão pública, e o médium desapontado clamou:

— Não me elogie desta maneira. Isso é desconcertante. Não passo de um verme neste mundo.

Emmanuel, junto dele, ouvindo a afirmação, falou-lhe paternal:

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— O verme é um excelente funcionário da Lei, preparando o êxito da sementeira pelo trabalho constante no solo e funciona ativo na transmutação dos detritos da terra, com extrema fidelidade ao papel de humilde e valioso servidor da natureza... Não insulte o verme, pois, comparando-se a ele, porquanto muito nos cabe ainda aprendermos para sermos fiéis a Deus, na posição evolutiva que já conseguimos alcançar.

O médium transmitiu aos circunstantes o ensinamento que recebeu, ensinamento esse que tem sido igualmente assunto de interesse em nossas meditações.

Orgulho ou distração?

Defronte a um hotel, ali estava um irmão alcoolizado. Por ali, de manhã e na hora do almoço, passa o médium a caminho do seu serviço.

O Chico, de longe, notou que o rapaz estava num de seus piores dias. Não se contentava em cantar e fazer esgares: provocava também, apelidando, com jocosos nomes, quantos lhe passavam à frente.

De leve e bem ao longe, passou sem ser visto, pelo irmão embriagado e já se achava distante, quando Emmanuel, delicadamente lhe diz:

— Chico, nosso amigo o viu passar e esconder-se dele. Está falando muito mal de você e admirado de seu gesto. Volte e retifique sua ação. O Chico voltou:

Como vai, meu irmão? Desculpe-me, foi distração... — É... já estava admirado de você fazer isto. Que os outros façam pouco caso de mim, não me incomodo, mas você, não. Estava dizendo bem alto: como o Chico está orgulhoso! Já nem lembra dos pobres irmãos como eu. Pensa que estou embriagado e foge de mim como se eu tivesse moléstia contagiosa... — Não, meu caro; foi apenas distração, desculpe-me. — Pensava que era orgulho. Está desculpado. Vá com Deus. Que Deus ajude e lhe dê um dia feliz, pelo abraço consolador que você me deu.

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E Chico partiu. Ganhara uma lição e dava, aos que o observavam, outra bem mais expressiva... Receber um Apóstolo

Chico contou que, numa ocasião, Emmanuel recomendou que se preparasse para receber um Apóstolo. Para tanto, ele deveria se abster de certos alimentos, jejuar e não se dar a outros excessos. Deveria ficar sem conversar alguns dias, entregue à meditação. Chico, então, respondeu ao Mentor que se sentiria muito honrado em receber um Apóstolo do Cristo, mas que, sinceramente, ele agradecia, mas estava satisfeito em psicografar os Amigos Espirituais que, habitualmente, por ele se comunicavam!

Telegrama para Jesus

Chico estava muito doente e precisava de um remédio importado! Pensou: “Tanta gente escreve a Jesus e me entrega as suas solicitações... Eu também vou escrever um telegrama a Ele, pedindo socorro!”

Ele escreveu o telegrama e colocou-o junto às demais solicitações que ficavam sobre a sua mesa de trabalho, em casa, quando ele chegava e esvaziava os bolsos do paletó com as dezenas de petições das pessoas... No outro dia, alguém, que foi recebido pela Governanta, deixou uma encomenda em sua casa. “Seu” Chico — disse ela —, apareceu um moço aí no portão e deixou este embrulho para o senhor. — Eram os medicamentos importados! — Chico contava o caso e chorava...

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Representantes da “A LUZ DIVINA”, em Uberaba:

Rubens Rigon (presidente), à esquerda, José De Martino (diretor tesoureiro), à direita, em visita a Chico Xavier, na década de 70.

Como caminhará a Doutrina Espírita?

Perguntaram a Chico Xavier como caminharia a Doutrina Espírita...

Em síntese, respondeu:

“O que dela fizermos hoje. A Doutrina Espírita que aprendemos com Kardec é aquela que, nos centros espíritas, aprendemos com seus estudos e vivências e onde os dirigentes e colaboradores devem sentar-se com seus frequentadores para ouvi-los, sentir suas dificuldades, muitas vezes bem maiores que as nossas; é falar-lhes da fé, da esperança que nunca morre, é mostrar-lhes a fraternidade que pregamos; que a solução dos problemas virá a seu tempo e que o trabalho interior gera a reforma íntima; é servir; é ter o Evangelho dentro do coração... A Doutrina Espírita é tomar a criança no colo, afagar-lhe a cabeça com amor e respeito, porque o gesto espontâneo se gravará em seu espírito... Doutrina Espírita é falar com palavras simples que falam ao coração, é renovar esperanças, é providenciar o estudo, a educação religiosa e, quanto possível, suprir aqueles que necessitam do alimento, do remédio, do agasalho, do emprego; é fazer, enfim, o que Jesus fez, na

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simplicidade e na humildade. A Doutrina Espírita é servir sem o menor interesse de qualquer espécie. É a graça de Deus! Segundo consta da tradição cristã, o Excelso Senhor Jesus Cristo nunca deixou de atender uma pessoa, principalmente o carente.

A imagem de Chico Xavier

Cada um manterá a imagem do Chico como ela estiver guardada no coração. Uns conheceram-no pessoalmente, outros, não. Porém, nenhum espírita poderá alegar que nunca ouviu falar dele.

Cleide Morsoleto Tagliaferri

Palestra proferida em 09 de outubro de 2013, na Instituição Beneficente “A Luz Divina”.