12

Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios
Page 2: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Nº 1 Setembro 1983

Editores: Ondemar Dias Jr.

Eliana Carvalho

Versão para o inglês: Eva Sellei

Datilografia: Maria C. Fernandez

Fotografia: Juber De Decco

Letras e capa: Ondemar Dias

Colaboração: Carmem Salvador

Este texto também foi publicado em “História em Cadernos” nº 2 - Orgão do Curso de

Mestrado em História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal

do Rio de Janeiro em setembro de 1983.

O Boletim Série Ensaios é publicado no Setor de Reprografia do Departamento de Pesquisas do IAB e foi

preparado em máquina reprodutora de stêncil eletrônico - marca Superfax 2100.

Responsável pelo setor: Divino de Oliveira

Tiragem: 300 exemplares

Page 3: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Apresentação

O Instituto de Arqueologia Brasileira vem divulgando seus trabalhos através de uma

linha própria de publicação. Nosso primeiro Boletim data de 1963, sendo seguido de mais oito, o

último dos quais, referente ao ano de 1983. Nele são noticiados artigos variados, desde aspectos

preliminares de pesquisas até resultados de análises e procedimentos técnicos, objetivando

fornecer ao leitor elementos de atualização sobre trabalhos em andamento. Paralelamente o IAB

mantém uma “Série Especial” cujo terceiro número encontra-se em vias de publicação e, por

seu intermédio, os primeiros resultados de pesquisas recentes, incluindo aspectos técnicos e

metodológicos vem sendo apresentados. Catálogos referentes às exposições organizadas na

Casa do Capão do Bispo, onde o IAB mantém com o Governo do Estado do Rio de Janeiro um

Centro de Estudos Arqueológicos, tem sido também publicados. A par do roteiro do material

exposto, são abordados temas referentes ao mesmo, incluindo autores especialmente convidados.

Iniciamos agora a publicação da Série “Ensaios” que se propõe a divulgar textos

sumarizados sobre temas capazes de suscitar discussões amplas, além dos limites exclusivos da

arqueologia regional e passíveis de reconsiderações ou debates. Neste sentido propugna por

uma linguagem clara e incisiva, bibliografia atualizada e texto bilíngue, que significativamente

ampliará sua pretendida capacidade de penetração.

Nesta Série serão utilizados integralmente os equipamentos doados pelo Latin American

Archeologial Fund, da Smithsonian Institution e pela Wenner Gren Foundation for

Anthropological Research, a quem, de público, agradecemos.

A Comissão.

Page 4: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Um Possível Foco de Domesticação de Plantas no Estado do Rio de Janeiro

- RJ-JC-64 (Sítio Corondó) -

Ondemar Dias

Eliana Carvalho

A pesquisa sobre o processo de domesticação de plantas durante a Pré-História vem

ganhando realce nos últimos anos em todo o mundo, muito especialmente na América, dado à

importância que o tema desperta mesmo além das fronteiras dos estudos das “ciências

antropológicas”, ou históricas. No nosso país uma série de dificuldades ainda há pouco estudada

por nós (Dias Jr. & Carvalho: no prelo), tem impedido o desenvolvimento desta linha de

pesquisa, destacando-se, entre elas, as limitações impostas pelo ambiente, que quase impedem a

preservação dos restos, até às poucas verbas empenhadas no cômputo geral da arqueologia,

passando pela inexistência de especialistas no setor. Malgrado tudo isto, alguma coisa vem sendo

feita em partes diversas do Brasil.

Neste resumo pretendemos notificar os resultados mais recentes de um destes trabalhos,

que vem sendo desenvolvido pelos autores, juntamente com a equipe do Instituto de Arqueologia

Brasileira, no sítio RJ-JC-64 (do Corondó) e localizado em São Pedro da Aldeia, no Estado do

Rio de Janeiro.

O sítio arqueológico – trata-se de um pequeno cômoro, medindo cerca de 70 por 60

metros, situado em suave encosta colinar e à beira de uma antiga lagoa colmatada, hoje drenada e

transformada em pasto. Constitui-se de dois pequenos topos, com pequeno desnível entre si e

com cerca de dois metros de altura em relação ao nível anteriormente inundável. Foi outrora

recoberto de mata e teve parte do seu solo revirado por lâmina de arado que, felizmente, pouco

perturbou as camadas arqueológicas. Tem cerca de 4 metros de altitude em relação ao nível do

mar, deste distando cerca de quatro quilômetros em linha reta.

O ambiente – As lagoas que hoje orlam o litoral central do Estado do Rio de Janeiro

foram formadas pelo afastamento gradual do mar, seja pelo assoreamento da costa, seja pelo

rebaixamento do nível do oceano, movimento este que vem ocorrendo a partir dos últimos

milênios, mais precisamente após o período denominado “Ótimo climático”, durante o qual as

praias adentraram em alguns quilômetros a linha do atual litoral.

Este tipo de ambiente lagunar, circundado de florestas, como na área em questão, é

extremamente propício para a localização de comunidades pré-históricas de caçadores-coletores,

não só pela diversificação das suas bases econômicas ou adaptativas, como pela proximidade do

oceano, ainda hoje farto em pescado. Seja pela área lagunar com sua fauna própria, seja pela

cobertura vegetal, florestada, rica em espécies, o lugar atraiu outrora inúmeras comunidades que

ali deixaram seus vestígios em forma de sambaquis ou acampamentos do tipo daquele que é o

motivo de nosso trabalho.

A pesquisa – O sítio foi abordado em diversas jornadas de escavações, entre julho de

1974 e maio de 1978. Inicialmente, objetivando um conhecimento extensivo, foi ele escavado

através da abertura de setores isolados, medindo cada um 4 metros quadrados, totalizando dezoito

destes. Outros 34 setores foram abertos em conjunto, formando o maior deles uma escavação de

oito por quatro metros (maio de 1978), já então visando o conhecimento específico das estruturas

habitacionais.

Page 5: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Como de praxe nas escavações arqueológicas, todo o sítio foi topografado e todas as

etapas da pesquisa documentadas através de fotografias, desenhos e fichas relativas a cada nível

de cada setor, além daquelas específicas para enterramentos e outros tipos de estruturas

horizontais e verticais.

Os resultados – Em conseqüência desses trabalhos, um avultadíssimo número de

artefatos de pedra (líticos), de osso e de concha, além de um número suficientemente grande de

restos esqueletais capazes de diagnosticar, pela primeira vez na região, as características físicas

das populações locais, foram encontrados.

Pode-se definir a ocorrência de quatro horizontes ocupacionais e padrões de utilização do

espaço, diagnosticados através de evidências de cabanas, fogões, covas funerárias e de

alimentação, além de restos dos animais abatidos para consumo e dos diversos tipos de matéria

prima empregada na produção tecnológica.

As datações obtidas através da análise do C-14 elaboradas nos Laboratórios da

Smithsonian Institution, permitiram estabelecer os limites da ocupação do sítio entre 4.000 e

3.000 anos passados, com uma margem de mais de 500 anos em cada direção.

Todo o material recolhido foi estudado nos laboratórios do IAB, e já parcialmente

divulgados os primeiros resultados (ver bibliografia anexa), sendo que as caracterizações dos

padrões morfológicos das populações e da “indústria” de concha, serviram de base para teses em

nível de Doutoramento e Mestrado (1).

A reconstituição – A partir da exaustiva análise do material citado, trabalho este que

ocupou toda a equipe do IAB no período entre 1973 e 1983, foi possível delinear alguns traços

caracterizadores daquela comunidade.

Sem embargo, trata-se de uma população geneticamente homogênea, somente

medianamente robusta, hábil no trabalho de artefatos de pedra, onde o quartzo foi

abundantemente empregado na confecção de facas e raspadores pequenos, excelentes para o trato

de carne e madeira. Moedores, lâminas de machado, batedores e afiadores de outras rochas,

destacando-se o gneiss e o diabásio, além de almofarizes, demonstram que a ação de triturar,

pulverizar e moer foi cotidiana, pois são comuns em todo o sítio ao longo de toda a sua história.

Artefatos de produção, elaborados em osso, tais como pontas, agulhas e sovelas, ou sobre

conchas, como raspadores e facas, completam a bagagem da utensilagem local, onde a cerâmica

surge em horizonte cronolo-antigo (cerca de 3000 anos) apesar de muito pouco utilizada.

Os estudos dos restos alimentares diretamente preservados no sítio apontam uma

atividade sistemática de abate de animais de portes diversos, muito diversificados, incluindo

desde mamíferos, até quelônios, peixes e moluscos, havendo épocas em que estes últimos eram

especialmente consumidos e apreciados. Alguns restos carbonizados de sementes reforçam a

idéia, até então sugerida exclusivamente por artefatos especializados de pedra, de que a coleta de

vegetais teria sido igualmente praticada, em todas as épocas e áreas do sítio.

A descoberta e estudo de restos arqueológicos de caráter econômico e tecnológico,

somados às peculiaridades do meio ambiente, indicaram a viabilidade de se esboçar um quadro

favorável à hipótese de que o grupo local poderia ter, ele próprio, efetuado experiências de

domesticação de plantas, hipótese que se enquadraria no padrão proposto por Flannery (1968). O

crescimento de população notado no período abrangido pelo sítio, se comparado com os dados

disponíveis para os sítios imediatamente mais antigos, como os sambaquis da região estudados

por Kneip (1976) e Kneip et Kneip et alii (1981) também permitiria estudá-lo à luz da proposta

de Binford (1968), que caracteriza tal crescimento não apenas como conseqüência, mas sobretudo

como uma das causas que induziram os “bandos” à necessidade de interferir na reprodução das

plantas.

Page 6: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Contudo, provas diretas da produção de alimentos vegetais faziam-se necessárias tendo

em vista o fato de que sementes calcinadas poderiam ser não mais que o resultado de atividades

coletoras, assim como os artefatos citados poderiam ter sido tão somente utilizados no preparo

dos alimentos vegetais, independentemente de sua origem. Tais evidências apesar de

circunstanciais e indiretas demonstraram ter havido, inquestionavelmente, um consumo

permanente de plantas, mas não sua domesticação ou produção culturalmente orientada.

Não obstante, a análise de características esqueletais (Turner e Machado: no prelo; 1983)

terminaram por fornecer novos dados, que de maneira irrefutável, comprovaram o fato de que a

população do sítio Corondó consumia, em grau mais elevado do que a maioria das antigas

populações arqueológicas sabidamente agricultoras de diversas partes das Américas, alimentos

ricos em carboidratos. Evidências de tal prática alimentar foram encontradas, sobretudo na

dentição destes antigos habitantes do Estado do Rio de Janeiro, cujos caracteres - não

transmitidos por herança biológica, mas adquiridos individualmente – se manifestaram em toda a

coleção estudada, indiferentemente das faixas etárias. Este aspecto conferiu à comunidade pré-

histórica em estudo, uma surpreendente continuidade cultural, facilitando nossa compreensão

quanto a sua permanência no sítio durante quase dois mil anos, traço que não se ajusta ao que se

conhece sobre padrões gerais de assentamento de grupos caçadores-coletores.

Quanto ao tipo de carboidrato consumido em tão alta escala, este sem dúvida não teria

sido um vegetal ainda hoje não domesticado, tendo em vista sua inerente incapacidade de

fornecer tal quantidade sistemática de alimento durante tanto tempo; mas, ao contrário, algum

tipo de planta ecologicamente adaptável ao local e sobre a qual o homem pode atuar o tempo

suficiente para interferir no seu processo de reprodução.

A partir dos informes de inúmeros cronistas a área na qual se enquadra o sítio, já na época

do descobrimento era considerada rica produtora da espécie doce de mandioca, o nosso tão

comum “aipim”, ou “macacheira”. Ainda hoje ela é a base da alimentação local (ao lado do

peixe) e para o seu beneficiamento não requer instrumental específico, o que não acontece com a

variedade amarga. Os artefatos encontrados no sítio Corondó demonstraram sua extrema

eficiência para o preparo dessa raiz, seja para descascá-la, cortá-la pulverizá-la, etc. A explicação

para a ausência de restos diretos da mandioca no acervo arqueológico do sítio pode residir no fato

de que ela não se conserva, nem mesmo como carvão, em terrenos úmidos.

Se por um lado é razoável supor que o problema da domesticação da mandioca no Estado

do Rio será sempre discutível, na medida em que provas complementares se fizerem necessárias,

por outro é lícito considerá-la como um dos, senão o alimento preponderante da comunidade pré-

histórica agora reconstituída, tendo em vista ter sido o alimento – comprovado historicamente –

básico das populações indígenas locais na época da colonização européia.

Conclusão – A recente descoberta de outro sítio tipologicamente semelhante ao Corondó,

contendo igual densidade demográfica e informações tão preciosas quanto aquele, revelou-se

como fundamental no processo de investigação arqueológica, que, no estágio atual, não pode

prescindir de fortes e concludentes argumentos que tornem cientificamente valia qualquer nova

tentativa de reconstrução pré-histórica, mesmo que restrita ao âmbito regional.

Desta forma, esperamos que nossa tarefa neste sentido venha a ser em grande parte

apoiada pelas pesquisas que iniciamos no sítio RJ-JC-15 (Malhada I), e cujos resultados em

muito poderão esclarecer as lacunas ainda existentes e que se manifestam em campo tão

controvertido como aquele da domesticação de plantas.

Page 7: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios
Page 8: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

Introduction

The Instituto de Arqueologia Brasileira has been publishing issues at its own expenses. Our first

release occurred in 1963 and was followed bay eight more, the last dating 1983. These issues

contain different topics, from preliminary aspects of research to final results of analysis and

technical procedures, in order to facilitate the reader to follow up with problems under study. At

the same time, IAB is releasing a “Special Issue” – The Nº 3 appearing in a short time. The issue

shall deal with very recent researches including the methodology applied. Catalogues explaining

exhibitions organized en the “Capão do Bispo”, where de IAB together with State Administration

maintain a Center of Archaeological Studies, have also been edited. Besides guidance given in

these catalogues, concerning the exposed items, topics referring to them, their authors are also

mentioned and specially invited for the event.

Now, the “Essays” Serie is beginning, disclosing summarized texts capable of arising

ample discussions that should surpass the narrow limits of regional archaeology, and further,

contain items to be reconsidered or discussed anew. Thus we call for a clear and exact language,

up-to-date bibliography and bi-lingual text, that, no doubt will strengthen pentrating capacity of

the “Essays”.

The edition of this Serie will be possible due to donations of the equipment from the

Wenner-Gren Foundation for Anthropological Research and the Latin American Archaeological

Fund from the Smithsonian Institution. Thus to each of them, we publicly express our gratitude.

The Comission

Page 9: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

One Possible Focus of Plant – Domestication in the State of Rio de Janeiro

RJ-JC-64 (Corondó Site)

Ondemar Dias

Eliana Carvalho

All over the world, research on plant-domestication processes during prehistory is getting

enhancement in the last years specially in America, given its arosen importance, even beyond the

limits of “anthropological sciences” or the historical ones. In our country an array of difficulties

recently analised by us (Dias Jr. & Carvalho: under elaboration), has impeded development of

that sort of study, mostly because of ambiental limitations conditioning plant-preservation,

further due to very low tuition expenses in archaeology and also because of shortage in

specialized researchers. In spite of this, something is being done at different parts of Brazil.

In the following summary we intend the disclosure of the results in a very recent research,

developed by the authors, together with the staff of the IAB, on site RJ-JC-64 (Corondó), located

in São Pedro da Aldeia, State of Rio de Janeiro.

The archaeological site – It is a small hillock, about 70 per 80 meters. Located on a

slope, near an old swampy lagoon, drained today and used as pasture. It has two small tops about

2m high in relation to the formerly inundable water level and a depression between them. Once

convered with forests, the soil has been turned over by plow-blades, fortunately without much

harm to archaeological levels. The site is located as high as 4m above sea level and at a distance

of 4Km in straight line from it.

The environment – The formation of lagoons existent today in the central coast of the

State of Rio de Janeiro is the result of retreating sea, the sedimentation of the coast-line and the

lowering ocean-level, occurring in these last millennium, precisely just after the so call ed

“Ótimo Climático”, when beaches advanced on the land for some kilometers of the actual coast

line.

Such lagunars environments, surrounded by forests like the area in question, were

extremely adequate to exploration by hunting and gathering prehistoric groups not only because

of the diversity of their economic or adaptative resources, but also for the proximity to the sea.

The lagoon-area and its peculiar fauna, the vegetation-covered forest rich in species, that left

behind their shell mounds or open sites such as the one purpose of our work.

The research – The site was on for different occasions, excavations done between July

1974 and May 1978. Aiming an extensive knowledge of the site, isolated of them. Later 34 more

sectors were opened in connection the biggest measuring 8x4m (May 1978) already having in

mind the outline of habitational structures.

The site was all mapped, as normal archaeological procedure, topography done and each

phase documented by means of photography, drawing and ticketing for each level of each sector,

besides procedures specially recommended for burials and different kinds of horizontal and

vertical structures.

The results – In consequence of these works, an enormous quantity of lithic, shell and

bone artifacts were found, moreover quite a big amount of skeletal remains came to daylight,

enough to allow – for the first time in this area – a diagnosis of physical characteristics of the

local population.

Four occupation-horizons and the respective use of space were detected through hut-

evidences, hearths, burial pits, food pits further faunal remains taken for food consumption and

Page 10: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

different raw material used in manufaction techniques were unearthed. The C14 datation, done by

the Smithsonian Institution, made possible to establish a time span of sent, with a margin of 500

years in both directions.

Exhaustive study of all that material occupied the staff of the IAB between 1978 and 1983

and on these first results, already parcially published (see annex bibliography), industry, thesis of

Phd’s and Master’s degrees are fundamented.

Reconstitution – No doubt, this was a genetically homogeneous human population,

medium robustness, skill working lithic artifacts of quartz used as scrapers and small knives, very

hand for meat or wood. Grinders, axblades, choppers and sharpeners of other kinds of stones,

mostly gnaisse and diabase were found besides implements that show grinding and milling as

normal activities on the whole site alongaall its existence. Tools made of bone and shell, like

arrows, needles, pierces, scrapers and knives complete local implements, also pottery-making,

seemingly very little used appear in old times (about 3.000 years).

The study of the faunal remains, very well preserved on this site, indicate systematic

slaughtering of all sizes, either of mammals and quelloniae, as of fish and me carbonized seeds

reinforce the idea that plant collection might have been practiced all the time and all over the site.

Technological and economical character of the archaeological data then recorded and

environmental peculiarities suggest that the group might have tried plant-domestication,

hypothesis that can be adjusted to Flannery’s reconstructed model in this regard (1968).

Population growth during the occupational period of the site if compared with the sites

immediately preceding – referred as “shell mounds” and described by Kneip (1976) and Kneip et

alii (1981) allow us to examine those data under Binford’s statements about the origins of

agriculture (1968; 1983), then considering this growth not only as consequence but as one of the

causes leading band’s attempts for plant domestication.

However, direct proofs of a intensive production system were still needed, because

finding calcinated seeds might be indicating only the results of gathering, as well as the above

mentioned artifacts might have served just to prepare plants for dietary purposes. These

evidences made clear the permanent consumption of plants, even if in a circunstancial and

indirect way, but no its domestication or planned cultivation.

Human skeletal analysis (Turner & Machado: in press;1983) brought new arguments to

conclude, without mistake, that Corondó population consumed much more carbohydrates than

many other archaeological populations from different sites of the American continent, all of them

taken fir agriculturalists. Evidences of such dietary custom were mostly found on dental

characteristic of this site of our State, being individually acquired and independing of age. This

conferred to that studied prehistoric group an unexpected cultural continuity that in a certain way

explains why they remained on the same place for almost 2.000 years a quite rare fact, hunting-

gathering settlement patterns, as far as we know.

As for the sort of carbohydrate eaten in so higher amount, it could not have been a plant

not domesticated up to as systematic food producer for such a long time; on the contrary, it must

have been a plant ecologically adapted to the place, so that men could have acted on it for enough

time and interfered in its reproduction process.

Based on accounts given by many chroniclers at times of our European conquest, the area

of the site was already considered a strong “sweet manioc”, our popular “aipim” or “macacheira”,

producer center. It is up to present, considered as the basic dietary item (besides fish), with no

need for special implements for it’s processing, in opposition to its bitter variety. Artifacts found

on Corondó site testify their efficacy in preparing the roots, be it for peeling, cutting, crushing

into powder, etc. The lack of direct proofs or absence of effective evidences are due to the fact

that “sweet manioc” does not keep, even in form of charcoal, when is humid land.

Page 11: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

If we assume the problem of sweet manioc domestication in the State of Rio de Janeiro, as

questionable, being still necessary complementary proofs, on the other hand, there is the fact

almost certain that in might be considered as one of the outstanding – if not the most important –

eating resource of the prehistoric community under examination having in mind that it has been

the main staple food of our local population at the time of European colonization.

Conclusion – A similar site recently discovered during researches we held in this same

area is providing new and abundant data, among them a demographic density’s high as the one

demonstrated at the Corondó site, meaning fundamental support to the present stage of the

archaeological process, that cannot discard strong and conclusive arguments even if trying a

regional reconstruction of prehistoric settlement patterns.

With the study of the site RJ-JC-15 (Malhada I) we hope to be able to fill up the still

existing gaps on the field as questionable as that plant domestication process.

BIBLIOGRAFIA

1- Azevedo, J.A.A – Notícias Preliminares sobre a Arqueofauna do Sítio RJ-JC-64

(Corondó), RJ. Iª Reunião Científica da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB).

1981–Rio.

2- Binford, L. R. – Post Pleistocene Adaptations in: New Perspectives in: Archaeology Sally

R. & Lewis Binford, ed. pp. 313-341. Aldine – Chicago. 1968.

3- 1983 – On the Pursuit of the Past-Decoding the Archaeological record. Thames and

Hudson Inc., New York.

4- Dias Jr., Ondemar F. – A Evolução da Cultura nos estados de Minas Gerais e Rio de

Janeiro. Anuário de Divulgação científica – nº 6. Inst. Goiano de Pré-História e

Antropologia. U.C.Go – Goiânia. 1976/77.

5- 1981 – Pesquisas arqueológicas no Sudeste do Brasil. Boletim Série Especial nº 2 do

Instituto de Arqueologia Brasileira – Rio de Janeiro.

6- Dias Jr., O. F. – Temas de arqueologia Brasileira Tomo 3 – Arcaico do Litoral. Anuário

de Divulgação Científica nº 7. Inst. Goiano de P. História e Ant. UCGo – Goiânia.

1978/80.

7- Dias Jr., O. F. & Carvalho, Eliana – Os Inícios da Agricultura no Brasil. Iª Reunião

Científica da SAB 1981 – RJ.

8- Flannery, K. – Social and Economic System Informative Meso-America. In: New

Perspectives in Archaeology. Sally R. & Lewis binford, ed pag 267/284. Aldine –

Chicago. 1968.

Page 12: Instituto de Arqueologia Brasileira - Boletim Série Ensaios

9- Kneip, Lina M. – Sambaqui do Forte – Identificação Espacial de Atividades Humanas e

suas Implicações (Cabo Frio – RJ – Brasil). Col. Mus. Paulista – Série Arqueologia – Vol.

2 – SP. 1976.

10- Kneip, L. M. et alii – Pesquisas Arqueológicas no Litoral de Itaipu, Niterói – RJ – Rio de

Janeiro. 1981.

11- Turner, C.G. & Machado, Lília – Um novo padrão de Desgaste Dentário e Evidência de

Alto Consumo de Carboidratos numa População Esqueletal Arcaica do Brasil. Iª Reunião

Científica da SAB – 1981 – RJ. No prelo.

12- 1983 – A New Dental ware Pattern and Evidence for High Carbohidrate Consumption in

a Brazilian Arcaic Skeletal Population. In: Am J. Phy. Anthropol. Nº 61:125130. A

Wistar Institute Press Journal. N. York.