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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
CONTROLE DE Gibberella zeae NO TRIGO COM DIFERENTES PONTAS DE
PULVERIZAÇÃO E VAZÕES
PANISSON, Daiane Eva¹
WOIDYLA, Darlan Gerson¹
DAMETTO, Regis Fabricio¹
DALLANORA, Fernandes Luiz¹
PANISSON, Adriana¹
TREVIZAN, Katia²
MEIRELES, Ronaldo Bernardon²
CAMILO, Maristela Fiess²
RIBEIRO, Ticiany Maria Dias²
KRUEL, Izabele Brandão²
BRIANCINI, Valkiria²
WENTZ, Gustavo²
¹Discentes do Curso de agronomia, Nível VIII 2017/2 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
²Docentes do Curso de agronomia, Nível VIII 2017/2 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
E-mail para contato: [email protected]
RESUMO: Avaliou-se o controle de Gibberella zeae na cultura do trigo com diferentes vazões e pontas de
pulverizações. Implantou-se o projeto no Campus III da Faculdade Ideau, Getúlio Vargas/RS. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com 7 tratamentos e 4 repetições. Utilizou-se as pontas JA (cone
vazio), AXI TWIN (leque duplo) e J3D (leque simples) e vazões de 110 L ha-¹ e 220 L ha
-¹. Foi determinado o
molhamento e eficiência das pontas de pulverização com papel hidrossensivel dispostos no chão, na frente e no
verso da espiga. Foi quantificado em m2 a incidência e severidade da giberela nas espigas de trigo. Como
resultado de quantidade de gotas por cm² o T6 obteve melhor resultado no chão, o T5 na frente da espiga e o T2
no verso da espiga. Quanto à cobertura em porcentagem, o T7 e T6 mostraram melhor resultado na frente e no
verso da espiga. Quanto à incidência da doença, os tratamentos T6 e T7 obtiveram menor incidência qndo
comparado aos demais tratamentos e na severidade da doença, todos os tratamentos diferiram da testemunha. Em
função dos resultados obtidos, pode-se concluir que independente da vazão utilizada e das particularidades de
tamanhos de gotas, a ponta de pulverização J3D se sobressaiu em questão de molhamento dos papeis indicadores
e na redução de incidência de giberela.
Palavras-chave: Gibberella zeae, Triticum aestivum L., tecnologia de aplicação.
ABSTRACT: The control of Gibberella zeae in the wheat crop with different flow rates and spray tips was
evaluated. The project was implanted in Campus III of the Faculty IDEAU, Getúlio Vargas/RS. The
experimental design was completely randomized, with 7 treatments and 4 replicates. JA (empty cone),
AXITWIN (double fan) and J3D (single fan) tips were used, and 110 L ha-¹ and 220 L ha-¹ were used. The
wetting and efficiency of spray tips with hydrosensitive paper were determined on the ground, front and back of
the spigot. The incidence and severity of gibberella in wheat ears was quantified in m2. As a result of the number
of drops per cm² the T6 obtained the best result on the floor, the T5 in front of the spike and T2 on the back of
the spike. Regarding the coverage in percentage, the T7 and T6 showed better results in the front and back of the
spike. Regarding the incidence of the disease, the treatments T6 and T7 obtained a lower incidence when
compared to the other treatments and in the severity of the disease, all the treatments differed from the control.
Based on the results obtained, it can be concluded that, regardless of the flow rate used and the particularities of
droplet sizes, the J3D spray tip excelled in wetting the indicator papers and reducing the incidence of gibberella.
Keywords: Gibberella zeae, Triticum aestivum L., application technology.
1 INTRODUÇÃO
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FACULDADES IDEAU
O trigo (Triticum aestivum L.) é uma cultura de grande importância econômica para os
produtores rurais no sul do Brasil, em específico no Rio Grande do Sul onde a espécie é
semeada anualmente em mais de 85 mil hectares.
A sua produção é afetada por diversos fatores climáticos e fitossanitários, e dentro da
questão patológica, uma das principais doenças que causam danos no trigo é a giberela,
causada pelo fungo Gibberella zeae, que afetam as espigas e consequentemente os grãos do
trigo, reduzindo qualidade dos grãos devido à micotoxinas causadas pelo fungo e
produtividade final (peso de grãos). Por ser uma doença de infecção floral afeta a cultura no
período de espigamento, antes de florescer e se mantém até a fase de enchimento de grãos.
Para o seu controle são necessários fungicidas que apresentem boa eficiência, aplicado no
momento correto e que seja distribuído no alvo biológico de maneira eficaz.
Assim como todas as doenças, o controle químico da Giberella zeae está
correlacionada com diversos fatores que desfavorecem o seu controle, além da dificuldade de
aplicar o fungicida no momento correto e de atingir os sítios de infecção, que são as anteras.
Pra o controle da doença sugere-se uma boa cobertura das espigas com a utilização de
tecnologia e equipamentos de pulverizações apropriados e que forneçam a melhor tecnologia
de deposição de produto no alvo para alcançar o objetivo de maior eficiência de controle e por
consequência redução de perdas de produtividade e qualidade do produto final.
Desta forma objetivou-se avaliar o controle de Gibberella zeae na cultura do trigo com
diferentes vazões e pontas de pulverizações.
2 DESENVOLVIMENTO
No desenvolvimento do trabalho, será detalhado o referencial teórico, que permite
verificar o estado do problema a ser pesquisado, sob aspectos teóricos de outros estudos já
realizados. A metodologia empregada abordará a descrição precisa dos materiais, métodos,
técnicas e equipamentos utilizados. Além disso, irá ser apresentado nos resultados e discussão
os dados obtidos apartir das avaliações.
2.1 Referencial Teórico
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O trigo está entre as culturas mais produzidas no mundo, sendo cultivado em 124
países (FAO, 2009). No Brasil, o trigo foi umas das primeiras práticas agrícolas introduzidas
pelos colonizadores. Sua importância é altamente valorizada por ser essencial na dieta
humana. Além de concentrar elevado valor energético, ser rico em carboidratos e proteínas,
supre grande percentual da necessidade de alimentos e gera empregos diretos e indiretos.
Estas são razões que tornam extrema a necessidade de manter e promover a competitividade
desta cadeia produtiva (SILVA et al., 2004).
Nem todos os países têm condições climáticas para o cultivo de trigo, pois é uma
cultura que não se adapta em clima quente, limitando sua produção nos países de altas
latitudes. No Brasil sua produção concentra-se, principalmente na região do Sul do país,
especialmente nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, que apresentam clima ameno e
temperaturas baixas (BAUMGRATZ, 2014).
Por ser uma cultura bastante sensível aos fatores climáticos, o cultivo do trigo
normalmente apresenta grandes variações de produtividade, devido às condições de
precipitações e temperaturas que influenciam positiva ou negativamente na produtividade e
qualidade dos grãos. Aliado as dificuldades de comercialização, muitos produtores optam por
culturas substitutivas ou mesmo deixam de plantar o cereal (CUNHA, 2005). Ainda de acordo
com o mesmo autor, em anos normais, que não há quebra de safra, o Rio Grande do Sul é o
segundo maior produtor de trigo do Brasil, ficando atrás apenas do estado do Paraná.
Na região sul do Brasil, o clima geralmente é instável, principalmente com relação a
precipitação e temperatura. A ocorrência de chuvas frequentes durante o ciclo da cultura,
associada à altas temperaturas, favorecem o aparecimento de várias doenças, resultando em
perda de produtividade. A frequência dos períodos de molhamento e das temperaturas médias
superiores a 15ºC durante os meses de outubro e novembro satisfazem as condições
necessárias para o desenvolvimento de doenças fúngicas (REIS & CASA, 2007).
Dentre as principais doenças do trigo destaca-se a giberela, causada pelo fungo, que na
forma perfeita, teleomórfica ou sexual é denominado de Gibberella zeae, e na imperfeita,
anamórfica ou assexual, denominada de Fusarium graminearum. A Gibberella zeae irá afetar
as espigas e os grãos de trigo, podendo causar danos quantitativos de 18,62% até 39,93%
refletidos na qualidade do trigo e danos qualitativos que se manifestam pela redução do peso
dos grãos e pela contaminação por micotoxinas produzidas pelo fungo agente causal (CASA
& KUHNEN Jr., 2011).
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A giberela é uma doença de infecção floral que afeta a cultura desde o espigamento,
antes de florescer e continua até a fase final de enchimento de grãos (LIMA & MACIEL,
2010), sendo as anteras, o sítio de infecção com pico de suscetibilidade no momento da
extrusão das anteras (ATANASOFF, 1920). Segundo STRANGE & SMITH (1971), as
plantas são resistentes antes da floração e com a remoção precoce das anteras (emasculação)
reduz drasticamente a intensidade da doença. Sua ocorrência é determinada pela precipitação
de chuvas após a floração. Portanto, sua esporadicidade é explicada em função das condições
ambientais predisponentes (BUTRINOWSKI, 2015).
Segundo Lima (2004), a doença é dependente das condições ambientais favoráveis,
sendo que para o desenvolvimento da doença necessita no mínimo 48 horas de precipitação
pluvial que resulte em molhamento das espigas, mantendo a temperatura nesse período entre
20 e 25 ºC. Considerando que a infecção da giberela inicia após o início da floração. Além da
incidência da doença, propicia o aumento do inóculo e sobrevivência do patógeno entre as
estações de cultivo (DEL PONTE, 2004).
Na fase de G. zeae, são produzidos os corpos de frutificação denominados de
peritécios (LIMA, 2004). Com o espigamento e temperaturas entre 11 e 28ºC (ótimo em
16ºC), ocorre à maturação, liberação, disseminação e deposição dos ascósporos entre 9 a 15
dias (REIS, 1998 e SUTY & MAULER-MACHNIK, 1996).
Devido à colonização desta doença ser necrotrófica (alimentação exclusiva de células
mortas) os primeiros sintomas se caracterizam pela descoloração das glumas da espigueta
infectada iniciando no terço superior da espiga no local onde foram extrudadas as primeiras
anteras (WIESE, 1987). A infecção do fungo pode influenciar na formação dos grãos, quando
o fungo se desenvolve rapidamente não permite a formação de grãos, já quando a colonização
é mais lenta ocorre a formação dos chamados grãos giberelados mostrando o sintoma de
enrugados, chochos, ásperos e róseos (DANELLI, 2014).
A giberela é uma doença de difícil controle tanto para melhoramento genético como
pelo emprego de fungicidas (CASA & KUHNEN Jr., 2011). Verifica-se, que para o
patossistema giberela x trigo, não é satisfatório o nível de resistência das cultivares de trigo
disponíveis no mercado, evidenciando que não existem cultivares de trigo dotados de
completa resistência ou imunidade à doença giberela (DEUNER et al., 2015)
Existem hipóteses de que é possível melhorar a eficiência do controle químico e
reduzir os teores de micotoxinas nos grãos colhidos, com a utilização de barras modificada e
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de pontas de pulverizações para a aplicação de fungicidas com jatos direcionados às laterais
da espiga (BUTRINOWSKI, 2015).
O propósito fundamental do uso de tecnologias de pulverizações é molhar a planta
totalmente em sua superfície, fato que incorre em desperdício de calda e atingimento do solo
(ZOLDAN, 2008). Ainda, segundo Osório et al. (1998), a translocação de produtos sistêmicos
para os órgãos florais é limitada, em razão da baixa transpiração dos fungicidas, de modo a
serem prejudicada a sua eficiência.
O controle da giberela deve ser realizado visando o alvo da deposição ou sítios de
infecção onde o jato da calda deve atingir as laterais das espigas para serem protegias.
Contudo para uma boa eficiência, preocupa-se com a penetração pelas anteras, com exposição
ao inóculo (BUTRINOWSKI, 2015).
Vale ressaltar os diferentes tipos de pontas de pulverização, onde são classificadas em
função da energia utilizada para a formação das gotas. As pontas têm funções muito
importantes na determinação da vazão, no tamanho das gotas e no formato do jato de
pulverização. A vazão é função direta do tamanho do orifício, da pressão e das características
do liquido pulverizado. Já o tamanho das gotas e o formato do jato da pulverização dependem
do modelo da ponta, além da pressão e das características do liquido. E importante salientar
também que, para uma mesma ponta, o tamanho das gotas diminui à medida que a pressão
aumenta e que, para uma mesma pressão e tipo de ponta, o tamanho de gotas aumenta com o
diâmetro de abertura da ponta (ANDEF, 2012).
Uma ponta de pulverização pode dispersar tamanho de gota grossa, média ou fina. As
gotas grandes (> 400 μm) são menos arrastadas pela deriva e apresentam menores problemas
com a evaporação no trajeto da ponta ao alvo, por outro lado, proporcionam menor cobertura
da superfície a ser tratada e concentração de gotas por cm2, possuem baixa capacidade de
penetração na cultura e elevam a possibilidade de escorrimento do produto nas folhas. As
gotas médias (200-400 μm) possuem características intermediárias entre as grandes e as
pequenas e caso não houver qualquer indicação na bula do produto fitossanitário, deve-se
utilizar gotas de tamanho médio, com o objetivo de reduzir a probabilidade de erros na
aplicação. E gotas pequenas (<200 μm) são mais arrastadas pela deriva e apresentam grandes
problemas com evaporação durante a aplicação, porém, proporcionam melhor cobertura do
alvo e quantidade de gotas por cm2 normalmente altas (sob condições climáticas adequadas),
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possuem também alta capacidade de penetração na cultura e reduzem a possibilidade de
escorrimento do produto nas folhas (ANDEF, 2010).
Nesse sentido, a aplicação deve ser feita antes da ocorrência de chuvas, no período de
predisposição do trigo à infecção. Quando ocorrer a chuva, as laterais das espigas já devem
estar protegidas e não ocorrendo chuva, não se justifica a aplicação (BUTRINOWSKI, 2015).
2.2 Material e Métodos
Realizou-se a implantação do projeto no Campus III da Faculdade Ideau, Getúlio
Vargas/RS. O solo característico da região é Latossolo Vermelho distrófico (STRECK, 2008).
O clima predominante da região é temperado úmido com verões quentes (Cfa), segundo a
classificação de Köppen-Geiger (1936), com as coordenadas de latitude: 27° 53' 40" S,
longitude: 52° 12’ 26” O e altitude média de 637 metros.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 7 tratamentos e 4
repetições cada (Tabela 1). A área total do experimento é de 1000 m² onde foi subdivida em 28
parcelas de 3x5 m, totalizando 420 m2 de área experimental útil e os 580 m
2 de bordaduras.
Tabela 1 - Tratamentos realizados.
Tratamentos Ponta Tipo Vazão
Tratamento 1 Sem aplicação - -
Tratamento 2 JA-2 Cone Vazio 110 L ha-¹
Tratamento 3 JA-4 Cone Vazio 220 L ha-¹
Tratamento 4 AXI TWIN 11002 Leque Duplo 110 L ha-¹
Tratamento 5 AXI TWIN 11004 Leque Duplo 220 L ha-¹
Tratamento 6 J3D 10002 Leque Simples 110 L ha-¹
Tratamento 7 J3D 10004 Leque Simples 220 L ha-¹
As pontas de pulverização JA e AXI TWIN possuem fabricação em cerâmica e ambas
dispersam gotas finas e um ângulo de aplicação de 80º e 110º respectivamente. Já a ponta J3D
possui fabricação plástica e dispersam gotas finas e médias e é aplicada em uma angulação de
30º em relação à máquina de aplicação e forma um ângulo de 100º com posições intercaladas
para a frente e para traz (Figura 1).
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Figura 1 – Representação dos tipos de jato que cada ponta dispersa. a: Cone vazio; b: Leque
duplo; c: Leque simples. Fonte: Jacto.
Realizou-se o manejo pré-semeadura com dessecação 15 dias antes da semeadura com
2,5 L ha-1
de glifosato potássico, 1,2 L ha-1
de 2,4-D, 0,4 L ha-1
de cletodim e 0,5 L ha-1
de
adjuvante. No dia da semeadura realizou-se a aplicação de 2 L ha-1
de paraquate e 0,5 L ha-1
de adjuvante.
A semeadura ocorreu no dia 15 de julho, com 160 kg ha-1
da cultivar de trigo TBIO
Toruk, tratadas com 2,85 ml kg-1
de imidacloprido associado com beta-ciflutrina, 1 ml kg-1
de
carbendazim, 1 ml kg-1
de iprodiona e 1 ml kg-1
de azoxistrobina, em área de plantio direto
com rotação de cultura em sucessão da cultura da soja, com espaçamento entre linhas de 17
cm e população final de plantas de 320 plantas/m². A adubação utilizada foi de 300 kg ha-1
na
formulação de 05-20-20 (N - P2O5 - K2O).
A aplicação nitrogenada foi realizada com uréia granulada em cobertura, na
formulação de 46-00-00 e dividida em duas vezes. A primeira procedeu-se no inicio do
afilhamento com 150 kg ha-1
e segunda aplicação no final do afilhamento com 150 kg ha-1
.
As aplicações de defensivos foram realizadas com um pulverizador costal,
pressurizado por gás carbônico (CO2) e com velocidade de aplicação de 6,5 km/h.
A primeira aplicação foi realizada no inicio do elongamento do colmo com 1,2 L ha-1
de MCPA, 0,3 L ha-1
de tebuconazole, 0,12 L ha-1
de lufenurom e 0,2 L ha-1
de adjuvante. A
segunda aplicação foi realizada na fase de emborrachamento com 0,6 L ha-1
de epoxiconazole
associado cresoxim-metílico, 0,5 L ha-1
de iprodiona e 0,3 L ha-1
de adjuvante e 0,4 L ha-1
de
trinexapaque-etílico. A terceira no pré-espigamento com 0,7 L ha-1
de pyraclostrobina
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associado com metconazol, 1,5 kg ha-1
de mancozebe, 0,12 L ha-1
de lufenurom, 0,8 L ha-1
de
imidacloprido associado com beta-ciflutrina e 0,2 L ha-1
de adjuvante.
A quarta e quinta aplicação foram especificas para o controle de giberela onde foram
realizadas no inicio do florescimento com 0,5 L ha-1
de azoxistrobina associado com
tebuconazol, 0,5 L ha-1
de iprodiona, 0,12 L ha-1
de lufenurom e 0,3 L ha-1
de adjuvante e
durante o florescimento pleno com 0,7 L ha-1
de pyraclostrobina associado com metconazol,
0,5 L ha-1
de iprodiona, 0,12 L ha-1
de lufenurom e 0,3 L ha-1
de adjuvante.
Para determinar o molhamento e eficiência das pontas de pulverização foram dispostos
no meio da parcela papel hidrossensivel de 10 cm² no chão, na frente e no verso da espiga.
Para o controle de giberela foi quantificado a incidência e severidade nas espigas por m2,
contabilizando o número de espigas e espiguetas infectadas.
Os dados obtidos no experimento foram analisados com pacote estatístico Assistat, após
realizar analise de variância anova onde as médias foram comparadas entre si, com o teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade de erro.
2.3 Resultados e Discussão
Nas avaliações de eficiência de aplicação das diferentes pontas de pulverização foi
possível observar a quantidade de gotas por cm² e cobertura em porcentagem no papel
hidrossensível, no chão, na frente e verso da espiga (Figura 2 e 3).
Figura 2 – Quantidade de gotas/cm² dispersadas nos papeis hidrossensíveis de cada
tratamento.
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Figura 3 – Cobertura de gotas nos papeis hidrossensíveis em cada tratamento.
O tratamento que resultou em maior quantidade de gotas por cm² no chão foi o T6, na
frente da espiga foi o T5 e no verso da espiga o T2. Quanto a cobertura em porcentagem, o
tratamento que teve melhor resultado no chão foi o T7 e o T6 mostrou melhor resultado na
frente e no verso da espiga comparado aos outros tratamentos, isso mostra que a ponta J3D
com as duas vazões experimentadas se sobressaíram de forma significativa comparado às
demais pontas.
Conforme Santana et al. (2014), em dados obtidos em ensaios desde 2011 a 2014,
mostram que a utilização do controle químico ainda é a melhor forma para reduzir perdas em
produtividade ocasionada pela giberela, mas os dados ainda apontam que há gradativa baixa
da eficiência dos fungicidas recomendados em relação ao controle, e isso é um indicativo de
que novas estratégias de manejo e tecnologia de aplicação devem ser adotadas para melhorar
a eficiência de deposição de gotas no entorno da espiga, atingindo efetivamente o alvo para
que o fungicida haja no local da infecção da doença (anteras) e assim propiciar ao fungicida
uma condição favorável para melhor performance.
Ainda sobre as avaliações realizadas no momento da aplicação para diferenciar os
tipos de pontas com suas diferentes particularidades de aplicação, pode-se observar através da
Figura 4 os níveis de molhamento assim como o tipo de gota proporcionada pelas pontas de
pulverização, destacando o bico cone e leque duplo com gotas mais finas à média e o J3D
com gotas médias a grandes.
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Figura 4 – Molhamento dos papeis hidrossensível após as aplicações de cada tratamento. As
letras a, b e c se referem a possição dos papeis hidrossensíveis na planta: a: Frente da espiga;
b: Verso da espiga e c: Chão. Os números de 1 a 6 referem-se aos tratamentos: 1: T2; 2: T3; 3:
T4; 4: T5; 5: T6; 6: T7.
Quanto à incidência da doença, os tratamentos T6 e T7 tiveram maior diferença
estatística quando comparado aos demais tratamentos e testemunha, demonstrando uma alta
eficiência de controle com apenas 4,3% e 3,1% de incidência, enquanto a testemunha
apresentou mais de 33% de incidência de giberela.
Na questão de severidade da doença, todos os tratamentos diferiram da testemunha,
apresentando na média uma redução de 12% de severidade quando comparados a testemunha,
porém os tratamentos entre eles, foram estatisticamente iguais, resultando em uma severidade
média de 13,1% entre os tratamentos T2 e T7, conforme dados apresentados na tabela 2.
2b
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Tabela 2 – Incidência de plantas doentes e severidade de giberela nas espigas de trigo
na safra 2017 em Getulio Vargas/RS.
Tratamento
Incidência de
plantas doentes
(%)
Severidade da
doença por espiga
(%)
T1 33,7 a 24,9 a
T2 7,9 b 13,1 b
T3 8,2 b 13,4 b
T4 7,3 bc 14,5 b
T5 6,5 bc 13,2 b
T6 4,3 cd 11,3 b
T7 3,1 d 13,1 b
Coeficiente de
Variação (%) 3.69 2.89
Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro e as médias seguidas por letras diferentes na coluna
diferem entre si.
Diante dos resultados é possível observar que a incidência da doença foi menor onde
houve maior molhamento na frente e no verso da espiga, e a ponta de pulverização J3D 04,
com volume de 220 L ha-1
teve um resultado significativo devido ao maior cobrimento das
laterais da espiga e maior quantidade de gotas depositadas diretamente no alvo desejado.
3 CONCLUSÃO
Conforme os dados apresentados é possível concluir que, quanto à quantidade de gotas
por cm², cada tipo de ponta teve um resultado positivo em diferentes formas de molhamento
(frente da espiga, verso da espiga e chão), e quanto a cobertura do papel indicador em
porcentagem, as pontas J3D-02 e J3D-04 tiveram a melhor desempenho comparado aos
demais tratamentos.
Quanto à incidência da doença, os melhores resultados em eficiência de controle
foram com a utilização das pontas J3D-02 e J3D-04, tanto com 110 como 220 L ha-1
e em
relação à severidade todos tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha, mas não
entre eles próprios, o que é possível concluir que não há correlação entre incidência e
severidade quando a incidência está abaixo de 10%.
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Os resultados indicaram que, independente da vazão utilizada e das particularidades de
tamanhos de gotas, a ponta de pulverização J3D se sobressaiu em questão de molhamento dos
papeis indicadores e na redução de incidência de giberela.
REFERÊNCIAS
ANDEF. Manual de boas práticas no uso de EPIs. São Paulo/SP, 2014. Disponível em:
<https://www.fmcagricola.com.br/images/manuais/ANDEF_MANUAL_BOAS_PRATICAS
_NO_USO_DE_EPIs_web.pdf> Acesso em: 17 set 2017.
ANDEF. Manual de tecnologia de aplicação. São Paulo/SP, 2012. Disponível em: <
https://www.fmcagricola.com.br/images/manuais/ANDEF_MANUAL_TECNOLOGIA_DE_
APLICACAO_web.pdf >. Acesso em: 11 out 2017.
ANDEF. Manual de tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários. São Paulo/SP,
2010. Disponível em: <http://www.nufarm.com/Assets/15064/1/Manual_Tecnologia.pdf>.
Acesso em: 11 out 2017.
ATANASOFF, D. Fusarium-blight (scab) of wheat and other cereals. v. 20, p.1-4. 1920.
BAUMGRATZ, E. I. Produção de trigo na região da Cotrijal: análise econômico-
financeira. Cruz Alta/RS, 2014. Disponível em: <https://home.unicruz.edu.br/wp-
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REGIAO-DA-COTRIJAL-ANALISE-ECONOMICO-FINANCEIRA.pdf> Acesso em: 25
mar 2017.
BUTRINOWSKI, R. T. Novas tecnologias para o controle da Giberela do trigo na safra
2014 no sudoeste do Paraná. Pato Branco / PR, 2015. Disponível em:
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CALBO, A. G. Irrigás: sistema gasoso de controle de irrigação. In: ___. Estado da água no
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