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Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo Paulo Sérgio Lanzarotto Estudo de impactos ambientais diretos no entorno de obras da construção civil São Paulo 2010

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Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

Paulo Sérgio Lanzarotto

Estudo de impactos ambientais diretos no entorno de obras da construção civil

São Paulo 2010

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Paulo Sérgio Lanzarotto

Estudo de impactos ambientais diretos no entorno de obras da construção civil

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental Data da aprovação ____/_____/_______ _________________________________ Prof.: Dra. Mirian Cruxen. B. de Oliveira (Orientadora) IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

Membros da Banca Examinadora: Profa. Dra. Mirian Cruxên Barros de Oliveira (Orientador) IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo Prof. Dr. Fulvio Vittorino (Membro) Faculdade Oswaldo Cruz Prof. Dr. Saverio Andrea Felice Orlandi (Membro) USP – Universidade de São Paulo Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar (Suplente) IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

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Paulo Sérgio Lanzarotto

Estudo de impactos ambientais diretos no entorno de obras da construção civil

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia Ambiental. Área de Concentração: Gestão Ambiental Orientador: Profa. Dra. Mirian Cruxên Barros de Oliveira

São Paulo Abril / 2010

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Ficha Catalográfica Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informação Tecnológica – DAIT

do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT

FICHA CATALOGRÁFICA

T649b Lanzarotto, Paulo Sérgio Estudo de impactos ambientais diretos no entorno de obras da construção civil. / Paulo Sérgio Lanzarotto. São Paulo, 2010. 169p.

Dissertação (Mestrado em Tecnologia Ambiental) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Área de concentração: Gestão Ambiental.

Orientadora: Profa. Dra. Mirian Cruxên Barros de Oliveira

1. Construção civil 2. Canteiro de obra 3. Ambiente urbano 4. Ruído ambiental 5. Poluição sonora 6. Política ambiental 7. Controle de ruído 8. Tese I. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Coordenadoria de Ensino Tecnológico II. Título

10-55 CDU 628.517.2(043)

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer às muitas pessoas que fizeram parte direta ou

indiretamente desta fase de formação de minha vida. Tive grandes colaboradores no

percurso desta pesquisa e a todos sou muito grato.

A todos meus colegas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, pelas

numerosas horas de estudo e dedicação que passamos juntos. Aos corpos docente,

administrativo e funcionários do IPT, pelo respeito e dedicação, por dividir seus

conhecimentos e experiências, pelo compromisso e seriedade, pela formação e

aprendizado proporcionado. Em especial, minha orientadora, Professora Mirian

Cruxên Barros de Oliveira, que ofereceu seu conhecimento, compreensão e apoio.

Aos meus amigos queridos, que me apoiaram e incentivaram; colegas de

trabalho, pessoas que de alguma forma contribuíram para que eu alcançasse esta

realização.

A minha esposa, que sempre entendeu meus exílios de estudo e que sempre

me incentivou quando esse apoio era o mais necessário.

Às pessoas que não estão aqui citadas, mas que fizeram parte deste

processo, muito obrigado!

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“Que o meio ambiente não seja visto como mais uma

camada de dificuldade para o desenvolvimento, mas como a

única forma do desenvolvimento ser de fato sustentável para

todos os segmentos da sociedade.”

(Ministra Marina Silva / 2006)

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RESUMO

Com o crescimento acelerado em nossos dias, da tecnologia que varre

praticamente todas as atividades humanas, junto com as vantagens dela decorrente,

aparecem vários subprodutos ou efeitos nocivos à qualidade de vida, à segurança

individual e coletiva. Surgem também, doenças e incômodos que influenciam não só

os ambientes de lazer e familiar, mas também as atividades e os locais de trabalho,

ou seja, na qualidade de vida da sociedade. Neste trabalho, será enfatizada uma

visão técnica sobre as conseqüências ambientais diretas dos processos

construtivos, dos materiais utilizados, da mão-de-obra empregada e das técnicas

utilizadas. A partir de um questionário, elaborado pelo autor deste trabalho, foram

constatados inúmeros incômodos gerados por obras civis e propostas, com base em

leis e normas municipais e federais; e diretrizes de procedimentos para minimizar

estes impactos negativos. Um dos subprodutos da tecnologia é o ruído que tem

importância não só porque está presente na quase totalidade das atividades

humanas, mas pelos danos que imputa ao homem. Com efeito, são muitos os

problemas decorrentes do ruído, que vão desde a dificuldade na comunicação, o

estresse, a falta de concentração no trabalho, até as desordens físicas, dificuldades

mentais e emocionais. Dentre as características do agente, destacam-se a

intensidade, o tipo (contínuo, intermitente, ou de impacto), a duração (tempo de

exposição) e a qualidade (freqüência dos sons que compõem o ruído em análise).

Na construção civil, mesmo nos países em desenvolvimento, o uso de máquinas

cada vez mais velozes, tem tornado as tarefas dos trabalhadores deste ramo

industrial mais ruidosas, e em conseqüência, gerado incômodos nos arredores das

obras. O objetivo desta pesquisa é demonstrar que podemos desenvolver condições

e características que resultem numa melhora considerável dos impactos causados

pela construção em seus arredores, sem nenhuma necessidade da importação de

processos, padrões ou procedimentos.

Palavras-Chave: Meio Ambiente Urbano; Construção Civil; Impactos Ambientais;

Desenvolvimento Sustentável; Políticas Ambientais; Ruído .

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ABSTRACT

Study of direct environmental impacts around civil construction sites

With the accelerated growth in our days, the technology that scans almost all

human activities, with the resulting benefits, appear more harmful by-products or the

quality of life, individual and collective safety. There also, diseases and disturbances

that affect not only the environments of leisure and family, but also the activities and

places of work, that means quality of life of society. This research will be an

emphasis on technical vision direct environmental consequences of constructive

processes, materials used, the labor employed and the techniques used. From a

questionnaire, developed by the author of this work, were found numerous

disturbances generated by civil works and proposals, based on law and municipal

and federal, procedures and guidelines to minimize these negative impacts. One of

the byproducts of technology is the noise that is important not only because it is

present in almost all the human activities, but the damage that they attributed to man.

Indeed, many problems arising from noise, ranging from the difficulty in

communication, stress, lack of concentration at work, even the physical disorders,

mental and emotional difficulties. Among the characteristics of the agent, it is the

intensity, type (continuous, intermittent, or impact), duration (time of exposure) and

quality (frequency of the sounds that make noise in the analysis). In construction,

even in developing countries, the use of ever faster machines has made the tasks of

workers in this industry more noisy, and in consequence, created disturbances in the

vicinity of the works. The objective of this research is to demonstrate that we can

develop conditions and characteristics that result in considerable improvement of the

impacts caused by construction in its surroundings, without any need for import

procedures, standards or procedures.

Key Words: Urban Environment; Construction; Environmental Impacts; Sustainable

Development; Environmental Policies; Noise.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ficha 01: Decibelímetro. ............................................................................... 102

Ficha 02: Betoneira ....................................................................................... 103

Ficha 03: Caminhão basculante ................................................................... 104

Ficha 04: Caminhão betoneira ...................................................................... 105

Ficha 05: Caminhão bomba .......................................................................... 106

Ficha 06: Furadeira ....................................................................................... 107

Ficha 07: Policorte ........................................................................................ 108

Ficha 08: Serra Circular ................................................................................ 109

Ficha 09: Vibrador ........................................................................................ 110

Ficha 10: Pistola finca pinos ......................................................................... 111

Ficha 11: Martelete ....................................................................................... 112

Ficha 12: Serra Mármore .............................................................................. 113

Figura 01: Área urbanizada na cidade de São Paulo em 1881 ....................... 24

Figura 02: Área urbanizada na cidade de São Paulo em 1930 ....................... 25

Figura 03: Área urbanizada na cidade de São Paulo em 1954. ...................... 25

Figura 04: Limites da cidade de São Paulo (Município) .................................. 29

Figura 05: Direcionamento do desenvolvimento da cidade. ........................... 30

Figura 06: Ocupação pretendida para a cidade. ............................................. 31

Figura 07: Crescimento real da cidade ........................................................... 32

Figura 09: A propagação do som influencia no dia-a-dia da população. ........ 46

Figura 10: Como diminuir o impacto dos ruídos ambientais. .......................... 47

Figura 11: Nossa audição ............................................................................... 48

Figura 12: Níveis de percepção do som, em decibéis. ................................... 49

Figura 13: Reverberação ............................................................................... 53

Figura 14: Efeitos da refração na trajetória dos raios sonoros. ....................... 59

Figura 15: Diagramas polares. ........................................................................ 63

Figura 16: Espectro de fonte típica ................................................................. 65

Figura 17: Mecanismos mais significativos da atenuação. ............................. 65

Figura 18: Principais interações entre os mecanismos de atenuação ............ 67

Figura 19: Bairros onde foram distribuídos os questionários .......................... 88

Figura 20: Índices de poluição sonora ............................................................ 99

Figura 21: Planta baixa ................................................................................. 163

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Figura 22: Planta da Cobertura e Corte BB .................................................. 163

Figura 23: Elevação lateral e Layout de equipamentos ............................... 164

Figura 24: Vista do ambiente ........................................................................ 165

Figura 25: Vista Frontal................................................................................. 165

Figura 26: Instalações de Atividades Não Residenciais ............................... 174

Gráfico 01: Total de dados coletados da pesquisa ......................................... 90

Gráfico 02: Média dos dados coletados da pesquisa ..................................... 91

Gráfico 03: Desvio Médio dos dados coletados da pesquisa .......................... 92

Gráfico 04: Desvio Padrão dos dados coletados da Pesquisa ....................... 93

Gráfico 05: Variância dos dados coletados da pesquisa ................................ 94

Gráfico 06: Moda estatística dos dados coletados da pesquisa ..................... 95

Gráfico 07: Total e variação por bairro – Geral ............................................... 96

Gráfico 08: Distribuição por gênero ................................................................ 96

Gráfico 09: Problemas causados por obras nos seus arredores .................... 97

Gráfico 10: Total e variação – Bairro Moema ............................................... 155

Gráfico 11: Total e variação – Bairro Pompéia ............................................. 156

Gráfico 12: Total e variação – Bairro Perdizes ............................................. 157

Gráfico 13: Total e variação – Bairro Vila Mariana ....................................... 158

Gráfico 14: Total e variação – Bairro Ipiranga .............................................. 159

Gráfico 15: Total e variação – Bairro Moema Baixo ..................................... 160

Gráfico 16: Total e variação – Bairro Vila Mariana Baixa ............................. 161

Gráfico 17: Total de distribuição por gênero ................................................. 162

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Fases da obra ............................................................................... 39

Tabela 02: O impacto dos decibéis ................................................................. 51

Tabela 03: Limites de tolerância para ruído ou intermitente ........................... 52

Tabela 04: Níveis aceitáveis de poluição sonora. ........................................... 72

Tabela 05: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - total ................. 89

Tabela 06: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Moema .......... 148

Tabela 07: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Pompéia ....... 149

Tabela 08: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Vila Mariana .. 150

Tabela 09: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Perdizes ........ 151

Tabela 10: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Ipiranga ......... 152

Tabela 11: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Moema Baixo 153

Tabela 12: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados – V. M. Baixa .. 154

Tabela 13: NBR 10152/1987 ........................................................................ 168

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 16

1.1 Contexto ................................................................................................ 18

1.2 Estrutura do Trabalho ............................................................................ 18

1.3 Objetivo do trabalho .............................................................................. 19

1.4 Objetivo específico do trabalho ............................................................. 20

1.5 Métodos de trabalho .............................................................................. 20

1.6 Produtos esperados deste trabalho ...................................................... 20

2 O MEIO AMBIENTE URBANO ................................................................... 22 2.1 O desenvolvimento das cidades ........................................................... 23

2.2 Urbanismo ............................................................................................. 25

2.3 Preocupações ....................................................................................... 27

2.4 Campo de trabalho ................................................................................ 28

2.5 Como a cidade foi pensada ................................................................... 29

2.6 A visão ambiental .................................................................................. 30

2.7 A realidade ............................................................................................ 31

2.8 Condição atual da cidade ...................................................................... 32

3 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO ............................................................. 34 3.1 A construção civil .................................................................................. 34

3.2. Importância da Construção Civil .......................................................... 35

3.3 Características da Construção Civil ...................................................... 36

3.4 Os processos construtivos .................................................................... 36

3.5 Fases de uma obra ............................................................................... 39

4 RUÍDO E O URBANISMO ........................................................................... 40 4.1 O ruído e o homem ............................................................................... 43

4.2 Proteção contra o ruído ambiental ........................................................ 45

4.3 Níveis de ruído típicos ........................................................................... 47

4.4 Percepção do Som ................................................................................ 49

4.5 Tipos de ruído ....................................................................................... 49

4.6 Propagação do ruído ambiental ............................................................ 51

4.7 A reverberação ...................................................................................... 53

4.7.1 Primeira Propriedade: Reflexão ...................................................... 53

4.7.2 Reverberação ................................................................................. 54

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4.8 Poluição difusa: ruído ambiental ........................................................... 54

4.9 Ruído Ambiental .................................................................................... 55

4.10 Isolamento acústico ............................................................................. 56

4.11 Protetores auditivos ............................................................................. 57

4.12 O que fazer quando os níveis de ruído são muito altos ...................... 58

4.13 Efeitos da refração .............................................................................. 59

4.14 Fontes sonoras.................................................................................... 60

4.15 Fontes sonoras omnidirecinais e direcionais ....................................... 61

4.16 Propagação sonora ao ar livre e ruído ambiental ................................ 64

5 REGULAMENTOS E POLÍTICAS ............................................................... 68 5.1 Princípios Fundamentais – Autoridades Competentes .......................... 69

5.2 Medidas gerais de prevenção e controle da poluição sonora ............... 70

5.3 Legislação acústica ............................................................................... 71

5.4 Regulamentações na cidade de São Paulo .......................................... 72

5.4.1 Parâmetros de incomodidade na cidade de São Paulo .................. 73

5.4.2 Plano Diretor ................................................................................... 74

5.5 Condições e Meio Ambiente de trabalho na indústria da construção .... 74

5.6 Estudo de Impacto de Vizinhança ......................................................... 77

5.7 Comentário ............................................................................................ 80

6 ESTUDO DE CASO..................................................................................... 81 6.1 A escolha do tipo de obra e local .......................................................... 81

6.2 O foco da obra ...................................................................................... 82

6.3 O critério adotado .................................................................................. 83

6.4. A hipótese gerada ................................................................................ 85

7 A PESQUISA ............................................................................................... 86 7.1 Apresentação da pesquisa .................................................................... 86

7.2 Pesquisa ............................................................................................... 86

7.3 Condições de aplicação da pesquisa .................................................... 87

7.4 Resultado da Tabulação ....................................................................... 89

7.5 Análise Estatística ................................................................................. 89

7.6 Resultados ............................................................................................ 97

7.7 Análise dos resultados .......................................................................... 98

7.8 Impactos ambientais e seus agentes .................................................... 98

7.9 O padrão de incômodo ........................................................................ 100

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7.10 A busca pelos incômodos na obra .................................................... 100

7.11 Medidor de Pressão Sonora (Decibelímetro) ................................... 102

7.12 Análise de ferramentas utilizadas na construção civil ....................... 103

7.12.1 Betoneira .................................................................................... 103

7.12.2 Basculante .................................................................................. 104

7.12.3 Caminhão Betoneira ................................................................... 105

7.12.4 Caminhão Bomba ....................................................................... 106

7.12.5 Furadeira .................................................................................... 107

7.12.6 Policorte ...................................................................................... 108

7.12.7 Serra Circular .............................................................................. 109

7.12.8 Vibrador ...................................................................................... 110

7.12.9 Pistola Finca Pinos ..................................................................... 111

7.12.10 Martelete ................................................................................... 112

7.12.11 Serra Mármore .......................................................................... 113

7.13 Padrão de incômodo encontrado na obra ......................................... 114

8 FERRAMENTAS PROPOSTAS PARA A DIMINUIÇÃO DOS IMPACTOS CAUSADOS ................................................................................................. 115

8.1 Controle da exposição ao ruído em canteiros de obras ...................... 116

8.1.1 Controle na esfera da engenharia ................................................ 116

8.2 Medidas prévias de controle de ruído para instalação do canteiro de

obras ........................................................................................................ 117

8.3 Medidas gerais de controle de ruído para canteiros de obras

implantados .............................................................................................. 119

8.4 Propostas gerais de controle de ruído para os principais equipamentos

utilizados nos canteiros de obras implantados ........................................... 121

9 BARREIRAS À IMPLANTAÇÃO DE PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................. 130

9.1 Investimentos ...................................................................................... 130

9.1.1 O custo dos investimentos ............................................................... 130

9.1.1 O ganho dos investimentos .............................................................. 132

9.2 Legislação ........................................................................................... 133

9.3 Comprometimento da produção .......................................................... 133

9.4 Disponibilidade de tempo e capacitação técnica ................................. 133

10 CONCLUSÃO .......................................................................................... 136

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11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 137 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 139 APÊNDICE ................................................................................................... 145

Apêndice A - Questionário ........................................................................ 146

Apêndice B – Tabulação dos dados da pesquisa por bairro ..................... 148

Apêndice C - Resultado dos Incômodos por Bairros e Gênero ................. 155

Apêndice D – Ilustrações da proposta de sistema de enclausuramento. .. 163

ANEXO ......................................................................................................... 166 Anexo A – NR-15 (anexo nº 2), Limites de tolerância para ruídos de

impacto .....................................................................................................167

Anexo B – Transcrição Parcial da Lei 6.514 ............................................. 168

Anexo C – Transcrição Parcial da Lei Federal nº 1.065 ............................ 170

Anexo D - Quadro nº 02/b anexo à parte III da Lei nº 13.855 ................... 174

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo de sua vida profissional, o autor desenvolveu diversas atividades

ligadas à engenharia civil, arquitetura e urbanismo, tendo realizado vários projetos e

obras nestas áreas. Passou a inserir as obras no contexto social e ambiental e

verificou que a necessidade de evolução das cidades será sempre ativa, ou seja,

expansão urbana, construções diversas e o desenvolvimento da sociedade.

O presente trabalho surge como conseqüência da observação e do interesse

em compreender os processos construtivos existentes e necessários para o

desenvolvimento da sociedade. Os problemas ambientais ocasionados pela

construção civil afetam os cidadãos e lhes causam incômodos que afetam sua

qualidade de vida. Elaborou-se um questionário, cujas respostas indicaram ser o

ruído um dos principais incômodos.

Atualmente, diversos setores da sociedade têm concentrado seus esforços

em buscar meios de tornar compatíveis os níveis de crescimento econômico e de

produção com a manutenção da qualidade ambiental.

Em decorrência do modelo de desenvolvimento adotado desde a época da

Revolução Industrial, a indústria e seus condutores sempre trataram a questão dos

resíduos e da poluição como uma conseqüência inevitável do avanço econômico.

Esta relação de causa e efeito mostrou-se, ao longo de décadas, perigosa e não

verdadeira. O paradigma de que “desenvolvimento” significa necessariamente sujar,

consumir e deteriorar não se mostra mais verdadeiro. Hoje, sabemos, é possível

compatibilizar o crescimento econômico e a conservação ambiental por meio da

produção sustentável que integra às atividades econômicas das empresas

preocupações de longo prazo com o meio ambiente e com a saúde e a segurança

do trabalhador e da comunidade.

As práticas de prevenção à poluição e produção mais limpa se apresentam

como estratégias norteadoras para que as empresas alcancem a eco-eficiência.

Entretanto, existe um longo caminho a ser percorrido entre a teoria e a prática. A

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internalização de práticas de gestão ambiental baseada no conceito de prevenção à

poluição requer a superação de uma série de barreiras. A principal delas é, sem

dúvida, a conscientização para os benefícios a longo prazo, que modificações nos

processos e nas práticas operacionais podem trazer, tanto para o meio ambiente,

quanto para a qualidade de vida da sociedade.

A adoção de ferramentas para minimizar os impactos ambientais diretos nos

arredores da construção civil requer um planejamento criterioso, no qual são

apontadas e analisadas as origens e causas destes impactos para que sejam

encontradas, avaliadas e implantadas soluções alternativas de prevenção de

impactos.

Nosso processo construtivo é demasiadamente conflitante com o ambiente.

Ele gera, numa quantidade excessiva, ruídos provenientes de máquinas e

equipamentos utilizados nos processos de construção, emissão de pó e partículas

sólidas devido ao emprego de técnicas e aparelhagens, lama nas vias públicas e

vizinhanças, vibrações e recalques associados às construções, infestações de

insetos e outros seres pouco quistos (ratos, baratas e pernilongos), ao

gerenciamento das atividades no canteiro, criando incômodos e riscos aos

operários, vizinhos e à sociedade como um todo, aumentando o impacto direto no

ambiente urbano vizinho à obra, tendo e sendo, portanto, um impacto significativo

na região.

A inserção da questão ambiental no âmbito da indústria da construção civil

deve ocorrer como resposta às pressões mundiais para que sejam adotadas práticas

ambientais coerentes e, em um segundo momento, em decorrência da

conscientização do próprio setor que deve passar a enxergar o meio ambiente como

uma oportunidade de expandir seus negócios, reduzir custos de produção e

melhorar sua imagem perante a opinião pública.

Essa resposta sustentável está situada em um patamar superior àquele no

qual se encontram as empresas mais avançadas no tratamento da questão

ambiental. Empreendimentos sustentáveis são aqueles capazes de antecipar e

encontrar as necessidades das gerações presentes e futuras, adotando como base:

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• Prosperidade econômica e manutenção do empreendimento;

• Bem-estar e qualidade social para seus empregados, consumidores e

comunidade;

• Proteção ambiental e conservação dos recursos, em nível local e

global.

1.1 Contexto

A cidade cresce constantemente e o nível de exigência do aumento da

qualidade de vida no meio urbano também, neste contexto a existência de obras

para o crescimento da cidade é inegavelmente necessário gerando conflitos entre os

moradores já estabelecidos nas áreas e os serviços necessários a ampliação da

cidade. O presente trabalho vem contribuir para se compreender este processo e

sugerir algumas mudanças para a melhoria da qualidade de vida na cidade tentando

minimizar os problemas surgidos nesta coexistência.

1.2 Estrutura do Trabalho

Neste trabalho, será enfatizada uma visão técnica sobre os processos

produtivos, os materiais utilizados, a mão-de-obra empregada, as técnicas utilizadas

e as conseqüências ambientais diretas destes processos nos arredores das

construções.

No primeiro capítulo, define-se o meio ambiente urbano e como arquitetos e

urbanistas podem utilizar o planejamento urbano para a diminuição dos impactos

ambientais nas grandes cidades, que sofreram um processo de desenvolvimento e

crescimento desordenados.

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No segundo capítulo deste trabalho. A importância da construção civil para o

crescimento físico e financeiro é destacada, bem como suas fases e seus principais

equipamentos, que causam incômodos nos arredores de uma obra.

No terceiro capítulo, demonstra-se como o ruído ambiental é prejudicial à

saúde da população e como desvaloriza as áreas centrais das cidades. São

apresentados os tipos de ruídos existentes e os limites de exposição aos ruídos.

No quarto capítulo são enumeradas quais as políticas ambientais vigentes no

Brasil, e na cidade de São Paulo, para demonstrar as medidas adotadas pelas

autoridades para a prevenção da poluição sonora.

Toda esta pesquisa serviu de base para a elaboração de um questionário que

foi entregue aos moradores da cidade de São Paulo para analise e preenchimento,

com o intuito de se verificar quais os principais incômodos gerados pelas obras

civis. O quinto e o sexto capítulos apresentam os critérios adotados, o tipo de obra

escolhida, a hipótese gerada e os resultados obtidos, além de uma análise das

ferramentas utilizadas na construção.

Para concluir, discorre-se sobre o processo construtivo nacional que já é

extremamente difundido, além de muito similar, à grande maioria dos processos

construtivos utilizados em boa parte do mundo. No sétimo capítulo propõe-se a

aplicação de alguns procedimentos para minimizar o impacto ambiental direto nos

arredores da construção, e, no oitavo, são enumeradas algumas das barreiras à

implantação de prevenção do meio ambiente na indústria da construção civil.

1.3 Objetivo do trabalho

O presente trabalho tem por objetivo constatar os incômodos causados no

sítio da obra, priorizá-los e verificar sua existência “in loco” e chegar nas fontes

emissoras.

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1.4 Objetivo específico do trabalho O objetivo principal desta pesquisa é o de estudar os incômodos gerados por

obras de construção civil, encontrar suas origens através de pesquisa de campo,

inspecionar a necessidade da sua existência para o desenvolvimento da obra,

desenvolver e sugerir propostas para sua diminuição significativa com o

conseqüente ganho de qualidade de vida para toda a sociedade.

1.5 Métodos de trabalho O presente estudo desenvolve-se em fases distintas e seqüenciais, na

primeira, trata a avaliação dos incômodos gerados por sítios de construções civis,

por meio da análise de dados de uma pesquisa estatística aplicada a uma população

amostral. Após a tabulação dos dados da pesquisa e dos resultados obtidos,

procede-se à segunda fase elegendo-se o primeiro incomodo constatado em

pesquisa, o ruído como foco do estudo. Por meio da realização de visitas técnicas

de campo e da aplicação de instrumentos de medição apropriados, corrobora-se a

existência do incômodos levantado na primeira fase deste estudo, referendando a

importância deste trabalho pela constatação da veracidade dos dados levantados e

determinando uma linha nexo-causal entre os incômodos e os equipamentos

utilizados para a execução do empreendimento, ou seja, da “obra”.

1.6 Produtos esperados deste trabalho Pretende-se atingir os seguintes objetivos com este trabalho:

• Tabulação dos dados da pesquisa estatística sobre incômodos causados pela

indústria da construção civil na cidade de São Paulo;

• Identificar os maiores incômodos causados pela indústria da construção;

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• Elaboração de fichas das fontes geradoras dos incômodos com análise dos

níveis de ruído emitidos pelos equipamentos da construção civil a uma

distância de 10 metros que foi adotada como uma distancia onde se começa

a haver interferência nos vizinhos;

• Análise de leis e normas municipais e federais;

• Elaboração de diretrizes e procedimentos para minimizar os impactos

negativos nos arredores da construção civil e aumentar a qualidade de vida

da população.

Espera-se, com este trabalho, demonstrar que o processo construtivo

utilizado atualmente apresenta a geração de incômodos diretos ao ambiente

circunvizinho a uma construção, que podem impactar o ambiente urbano, causando

transtornos. Também se deseja apresentar e sugerir algumas soluções de simples

implantação durante a execução dos serviços, que podem diminuir

consideravelmente o impacto negativo ao ambiente próximo.

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2 O MEIO AMBIENTE URBANO

A chamada “questão ambiental” tem despertado bastante interesse nas

últimas décadas, servindo como temática a uma vastíssima literatura que busca

discutir a degradação do ambiente terrestre e a “crise ecológica” sob os mais

diversos enfoques: político, sociológico, histórico e econômico.

Na Arquitetura e no Urbanismo, algumas questões de cunho “ambiental”

surgem imediatamente como indagações e chamados à reflexão. No ambiente

citadino, ou na paisagem do campo, se percebe a apropriação do espaço em função

de necessidades humanas e sociais; e a própria cidade é a materialização desse

processo de urbanização, em sua relação com os chamados “recursos naturais”. A

essas duas questões, soma-se também a reflexão sobre a função do Urbanismo e

do Planejamento Urbano, em sua busca pela incorporação da temática ambiental

como objeto de reflexão ou como base nas discussões com relação ao processo de

planejamento e gestão territorial.

Em relação às primeiras questões, certamente os arquitetos e urbanistas que

se dedicam profissionalmente à questão ambiental já se depararam em algum

momento com uma espécie de antagonismo criado entre cidade e natureza, entre

urbanização e preservação ambiental. O arquiteto, com alguma freqüência, é

obrigado a justificar-se perante a “comunidade ambientalista” como um dos

responsáveis pela destruição de florestas, pela poluição, enfim, pela degradação

ambiental imposta pelas cidades – que ajudam a construir – promovendo assim a

destruição da natureza.

A condenação pura e simples da urbanização por conta de seus “impactos

ambientais” mal disfarça um preconceito para com a vida urbana que precisa ser

avaliado em profundidade. Se considerarmos que, neste século, a maior parte da

humanidade tendeu a se concentrar em cidades, perceberemos a necessidade de

observação bem mais cuidadosa dessa realidade urbana. Nesse sentido, algumas

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tentativas recentes têm buscado estabelecer esse diálogo com bases mais sólidas

em pesquisas que tratam a relação entre meio ambiente e urbanização.

O problema que se coloca, portanto, é se esse diálogo corresponde a um

intercâmbio de fato ou se a incorporação temática ambiental não traz consigo o risco

de reiterar preconceitos arraigados com respeito ao urbano. A consideração desse

problema requer, necessariamente, uma reconstituição histórica das diversas

contribuições ao urbanismo que permitiram o surgimento da idéia de “meio ambiente

urbano”.

2.1 O desenvolvimento das cidades A cidade é composta por um emanharado de complexidades. Milhares de

pessoas movimentam o mecanismo de um gigantesco carrossel formado por

transportes, semáforos, trânsito, trabalhos, polícias, compras, vendas, construções,

alimentação, filas, crimes, hospitais, escolas, crianças e idosos.

Diante dessas palavras, constata-se que a cidade não é formada

simplesmente por elementos visuais e tangíveis, mas por um grande sistema de

relações humanas e não humanas que formam um complexo encadeamento no

cotidiano.

Com a revolução industrial, entre os séculos XVIII e XIX a população

predominantemente rural se deslocou em direção às indústrias e, durante muito

tempo, em condições precárias, disputou os espaços da cidade. As pessoas viviam

em estado de calamidade, as ruas eram imundas, não havia rede de esgoto e havia

lixo por toda parte.

O processo de urbanização das cidades brasileiras ocorreu de forma diferente

daquele encontrado em países desenvolvidos. Os países que passaram pela

Revolução Industrial tiveram seu processo de urbanização decorrendo entre cem e

duzentos anos. No Brasil, o processo durou cerca de cinqüenta anos, ocorrendo

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concomitantemente com seu processo de industrialização, e não como uma espécie

de conseqüência dele, como podemos facilmente ver nos países de primeiro mundo.

Figura 01: Área urbanizada na cidade de São Paulo em 1881 Fonte: NOBRE, E. A. C. (2000).

Segundo FERRARI (1986) a urbanização vem, em nível mundial, aumentando

gradativamente. No início da Revolução Industrial, havia no mundo apenas 20

cidades com mais de 100 mil habitantes e nenhuma delas atingia um milhão de

habitantes, sendo que destes, apenas 1,7% da população mundial era urbana. Em

1850, já havia quatro cidades com mais de um milhão de habitantes e, em 1900,

esse número chegava a 19. Na década de 50, constatou-se a existência de 141

cidades com mais de um milhão de habitantes; três cidades com população acima

de 10 milhões e 13% da população mundial era urbana. No Brasil, entre 1940 e

1991, a população total teve um aumento de 355% e a urbana algo em torno de

750%.

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Figura 02: Área urbanizada na cidade de São Paulo em 1930 Fonte: NOBRE, E. A. C. (2000).

Esse crescimento demográfico é atribuído a uma natalidade elevada e a uma

queda na taxa de mortalidade, como conseqüência de melhorias sanitárias, aumento

nos padrões de vida e o aumento da urbanização.

Figura 03: Área urbanizada na cidade de São Paulo em 1954. Fonte: NOBRE, E. A. C. (2000).

2.2 Urbanismo

Com a necessidade de se realizar algo diante do caos, o urbanismo nasce

como um campo complexo do conhecimento, no qual se estuda toda a problemática

da cidade. O termo teria surgido em 1910 no “Bulletin de La Societé Geographique

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de Neuf-Chatel” (GONÇALVES JUNIOR: 1991, 15), derivado do latim (urbe –

cidade), que etimologicamente significa “o estudo ou compreensão da cidade”.

Roma espelhava uma cidade totalmente planejada, por isso, era a única que

poderia ser chamada de “urbe” durante o Império Romano. A partir da Revolução

Industrial, com amparo no método científico, iniciou-se um policiamento sanitário que

obrigou as cidades a solucionar os problemas decorrentes da aglomeração

desenfreada de pessoas. Em Paris, o prefeito Haussmann empreendeu a abertura

de largas avenidas que cortaram a cidade e permitiram um melhor fluxo de pessoas,

animais e meios de transporte.

Dentre os primeiros urbanistas, Le Corbisier foi um dos que mais se destacou

por sua visão global do problema da cidade. Ele propôs que a cidade deveria

funcionar com a lógica de uma máquina, ou seja, de forma eficiente e precisa, com

racionalidade e sincronismo, ao contrário daqueles que o atacavam de maneira

isolada. Essas idéias foram divulgadas na “Carta de Atenas”, que apresentava a

cidade dividida em quatro funções básicas: recreação, trabalho, habitação e

circulação. Para os urbanistas que encabeçavam tal idéia, essa proposta seria a

fórmula para a criação de leis simples e precisas, visando o planejamento das

cidades e, conseqüentemente, buscando evitar o caos até então instalado.

Para estes estudiosos, diante do número de habitantes, três passos deveriam

ser respeitados: em primeiro lugar, dever-se-ia estimar o tamanho ideal de setores

de trabalho, habitação e circulação; o segundo passo seria a separação das

atividades em “zonas funcionais”, divididas em residenciais, industriais e de lazer; e

por fim, as construções deveriam ser projetadas em cada uma das zonas de

maneira a permitir uma adequada ventilação e exposição ao sol, garantindo espaços

livres entre uma construção e outra.

O urbanismo, em sua essência, constitui as relações entre o espaço da

cidade e a sociedade que nela vive. Os elementos do espaço e da sociedade

estarão sempre presentes, qualquer que seja a questão apresentada: desde a

abertura de uma rua até a elaboração de um plano diretor. A título de informação, no

Brasil, Lúcio Costa, inspirado nas idéias inovadoras do conceito de cidade

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planejada, realizou todo o projeto arquitetônico de Brasília, o qual tinha como base o

desenho de um avião.

Com a necessidade de ditar regras acerca da ordenação dos espaços

habitáveis, surge o direito urbanístico que se manifesta como “o conjunto de normas

jurídicas ordenadoras da atividade do Poder Público com a finalidade de regular os

espaços habitáveis” (SILVA: 2008, 31).

É de grande relevância para a sociedade que se desenvolvam novos

processos tecnológicos e culturais para que a ocupação dos espaços físicos se dê

da forma mais harmoniosa possível, para a garantia e conservação das espécies,

inclusive da própria espécie humana. Mas isso só ocorrerá se forem ampliados os

horizontes e os conhecimentos no entendimento dos processos para a

implementação de novas diretrizes de evolução e crescimento.

2.3 Preocupações

A preocupação com o meio ambiente global e com o efeito das atividades do

desenvolvimento humano sobre o planeta e suas conseqüências, têm gerado cada

vez mais interesse, estudos e pesquisas. A ocupação de áreas para a ampliação

das atividades humanas torna-se cada vez mais abrangente e necessária, por isso o

estudo dos impactos e efeitos destas ocupações no ambiente torna-se cada vez

mais imprescindível para que haja uma harmonia na ocupação dos espaços

disponíveis para a espécie humana.

Surge, a partir disso, um interesse específico na indústria da construção civil,

uma nova preocupação com os impactos negativos no meio ambiente causados pela

construção. Nasce assim, o que se designa atualmente como Green Building, ou

seja, o “prédio verde” ou ainda a “construção verde”, que trata da realização de

projetos de construção integrados ao meio ambiente no qual estão implantados,

tema no qual este trabalho está inserido. Green Building é um conceito amplo que

consiste na preocupação com a realização de uma construção, desde a execução

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do projeto, considerando sua inserção no meio, sua eficiência energética e seu

comportamento ambiental, até a finalização da obra e a utilização do mesmo.

A preocupação com o tema específico está no montante que toda a pesquisa

que direcione seu estudo a este tema, é mais uma somatória de esforços para a

melhoria do meio ambiente urbano, como o conhecemos sem contudo desprezar o

ambiente anterior no qual se realizou a intervenção.

O conceito de construção verde engloba, como dito anteriormente a

preocupação com o projeto desde sua realização, o que se pretende portanto, é

somar esforços a fim de incrementar este desenvolvimento do conceito.

O projeto, a obra e seu posterior funcionamento são o maior foco deste

prisma de visão. Este trabalho foca então especificamente o período de execução do

empreendimento, fase esta que dura aproximadamente 24 meses e os

acontecimentos de obra que causam impactos nos arredores das construções.

2.4 Campo de trabalho

A cidade de São Paulo foi escolhida como o universo de trabalho por ser a

cidade onde estamos inseridos e por apresentar uma densidade demográfica alta e

ser uma amostra significativa e representativa das grandes cidades em

desenvolvimento e expansão. A Figura 4 mostra os limites físicos legais do

município de São Paulo que podem ser analisadas em 5 regiões significativas:

centro, zona norte, sul, leste e oeste.

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Figura 04: Limites da cidade de São Paulo (Município) Fonte: Elaborado pelo autor, 2010.

2.5 Como a cidade foi pensada

Os dirigentes visionários do município desenvolveram planos diretores que

davam as diretrizes para o crescimento organizado do município de São Paulo,

vislumbrando uma cidade que evoluísse em harmonia com as condições geofísicas

disponíveis. Assim, foi direcionado um crescimento para o eixo leste, que dispunha

de uma área rural e poderia desenvolver-se sem grandes impactos para o ambiente

urbano. Assim, foi criado um eixo de desenvolvimento para esta região (avenidas,

trens, infraestrutura urbana).

Os eixos norte e sul não tiveram incentivos à sua ampliação e

desenvolvimento, pois possuíam mananciais. O eixo oeste também foi incrementado

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com possibilidades de expansão, mas devido a sua menor área não foi seriamente

considerado.

Figura 05: Direcionamento do desenvolvimento da cidade. Fonte: Elaborado pelo autor, 2010.

2.6 A visão ambiental

Quando da elaboração dos planos diretores, não era prioridade o pensamento

de preservação do meio ambiente, apesar disso, percebe-se claramente que os

autores de tais planos eram esclarecidos e visionários, pois a determinação do

direcionamento do crescimento da cidade para o eixo leste faz com que seja evitada

a ocupação de áreas de manancial, hoje tidas como essenciais para a sobrevivência

da cidade. Ao norte da cidade, na Serra da Cantareira, existe uma área de

manancial e fonte histórica de abastecimento de água da cidade (Sistema

Cantareira, maior manancial de água do município). Assim como ao sul, com a

presença de dois reservatórios: as represas Billings e Guarapiranga, o primeiro para

fornecimento de energia e o segundo para abastecimento de água, esta área

também deveria ser preservada, o que não aconteceu.

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Os ambientes da cidade deveriam ser bem definidos em áreas comerciais,

residenciais, industriais, institucionais, etc. Distribuídas pelo centro, leste e oeste,

como podemos observar na Figura 6.

A taxa de ocupação seria maior nas áreas centrais e menores nas áreas mais

afastadas; estes preceitos se traduziriam na lei de zoneamento da cidade, para sua

aplicabilidade.

Figura 06: Ocupação pretendida para a cidade. Fonte: Elaborado pelo autor, 2010.

2.7 A realidade

A realidade é bem diferente do que foi planejado, devido a diversas questões,

dentre as quais podemos citar o grande fluxo migratório para a cidade, o incremento

da economia, o processo de urbanização emergente, a crise no campo, dentre

outros fatores. A cidade cresceu além da expectativas em todas as regiões nas

quais foi subdivida, a Figura 7 mostra os fluxos ocupacionais ocorridos na cidade.

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Figura 07: Crescimento real da cidade Fonte: Elaborado pelo autor, 2010.

2.8 Condição atual da cidade

Assim, uma vez constituído o crescimento desordenado da cidade,

atualmente temos uma verdadeira colcha de retalhos, com realidades e condições

se sobrepondo em qualquer parte da mesma, seja na zona sul, na zona leste, na

zona oeste, na zona norte ou no centro, com vários empreendimentos comerciais

mesclados a residências; com pessoas de origens e condições sociais diferentes

dividindo o mesmo meio, em áreas cada vez mais difíceis de se delimitar. Isto causa

múltiplos incômodos, dentre os quais o ruído urbano, que é o tema principal deste

trabalho.

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Figura 08: Ocupação atual da cidade. Fonte: Elaborado pelo autor, 2010.

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3 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

3.1 A construção civil

A Construção Civil é um conjunto de atividades humanas voltadas a dar ao

homem moradia, vias de transportes terrestres, auxílios fluviais através de pontes e

plataformas e conforto através de construções de barragens e hidroelétricas, entre

outros; e abrange, cada dia mais, os meios urbanos, desertos, florestas, campos e

até os mares. Segundo SENFF & PANTAROLLI (1997) esse ramo industrial

classifica-se em setores: construção pesada, montagem industrial, edificações e o

setor de serviços especiais (e/ou auxiliares) que possuem atividades diferenciadas,

destacando seu relacionamento com os outros três segmentos abaixo discriminados.

Construção pesada:

Obras viárias (rodovias, ferrovias, hidrovias, serviços portuários);

Obras hidráulicas (barragens, sistema de saneamento, irrigação e

drenagem);

Obras de urbanização (logradouros públicos, paisagismo);

Obras diversas (terraplanagem, minas, poços, galerias).

Montagem industrial:

Implantação de indústrias de transformação (montagem de estruturas,

mecânicas, elétricas e eletrônicas);

Sistema de exploração e transporte de recursos minerais;

Sistema de geração e transmissão de energia;

Sistema de comunicação.

Edificação:

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Construção de edifícios residenciais;

Construção de edifícios comerciais;

Construção de edificações modulares verticais e horizontais (conjuntos

habitacionais);

Edificações industriais.

3.2 Importância da Construção Civil A Indústria da Construção Civil marca a sua importância, não só como meio

de absorção de mão de obra, mas também pela execução de obras de infra-

estrutura que permitem escoar a produção (tanto de insumos como de bens finais)

através de rodovias, ferrovias, linhas de transmissão de energia elétrica, entre

outros. Ela não só concede o crescimento industrial (expansão da capacidade

instalada) e permite a distribuição de bens a menores custos, como também tem um

papel relevante na canalização dos benefícios decorrentes de maior industrialização

da sociedade como um todo via maior oferta de infra-estrutura social - escolas,

hospitais, moradias e rede de água e esgotos.

A maior oferta de bens e serviços tem incentivado o crescimento urbano

através da migração. Essa transferência da população do campo para a cidade, por

sua vez, realimenta a Construção Civil através da demanda por novas moradias e

serviços. Esse processo contínuo tem contribuído para a diminuição da população

do campo, trazendo sérios problemas aos centros urbanos, especialmente nas

relações de trabalho onde encontramos um número crescente de desempregados,

empregados sem os vínculos trabalhistas legais, e/ou expostos a condições

insalubres e perigosas. Estas condições resultam em sérios prejuízos na saúde do

trabalhador que se revelam através dos acidentes de trabalho e doenças

ocupacionais. Estas vão desde os problemas decorrentes da incompatibilidade entre

a tarefa a ser executada e o homem que a executa, passam pelas perdas auditivas

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decorrentes do ruído, e geram, até mesmo, câncer por exposição a agentes como o

amianto, às radiações ionizantes e ao benzeno.

3.3 Características da Construção Civil O ritmo das obras segue as imposições mercadológicas e financeiras, de tal

maneira que o lançamento das mesmas, freqüentemente, é feito antes mesmo dos

projetos básicos estarem concluídos. Os cronogramas são, muitas vezes,

prorrogados em razão da viabilidade financeira, dos problemas com fornecedores de

produtos, da variação da mão de obra ou rotatividade e de problemas técnicos não

previstos no planejamento.

A alta rotatividade da mão de obra empregada na Construção Civil é um dos

fenômenos mais marcantes deste ramo de indústria. Em geral, atribui-se o elevado

índice de rotatividade do setor a uma manifestação intrínseca à dinâmica do

processo produtivo. No entanto, ainda que a natureza do produto e as

características do processo produtivo (realização de etapas bem definidas com a

participação de diversas equipes de trabalho) influenciem e condicionem a

rotatividade da mão de obra, não se constituem em seus determinantes exclusivos.

No processo de contratação, por exemplo, a capacidade do trabalho do operário é

avaliada após a sua inserção no processo produtivo e, desta maneira, sua

permanência na empresa dependerá de um período de experiência onde deverá

comprovar as suas habilidades.

3.4 Os processos construtivos

O desenvolvimento da engenharia, particularmente a engenharia de

construção civil após a revolução industrial, apresentou um progresso inimaginável

com o advento das máquinas produzidas por esta revolução. Trazendo um

verdadeiro incremento aos processos construtivos.

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As máquinas permitiam a execução de trabalhos com maiores capacidades

de transporte, demolição, concretagem, etc. O que anteriormente baseava-se na

força humana, ou mesmo na força de tração animal (especialmente dos cavalos),

agora poderia ser executado com a força disponível pelos cavalos mecânicos

fornecidos pelas grandes máquinas criadas neste período.

Ainda nesta época, os tratores, caminhões, rolos compactadores, britadeiras

e guindastes, entre outros, movidos pela força dos cavalos a vapor e dos motores a

combustão interna, propiciaram grandes incrementos nas quantidades de materiais

manipulados na construção.

Daí em diante, a evolução não parou mais: grandes caminhões e

equipamentos, máquinas cada vez maiores, implantação de dispositivos hidráulicos,

pneumáticos, volumes e capacidades cada vez maiores. Automação de vários

serviços de carga e descarga de materiais.

Esta engenharia cada vez maior e com capacidade de realizar serviços cada

vez mais imponentes, gerou como conseqüência uma maior quantidade de impactos

tanto nos níveis sociais quanto nos níveis ambientais, maior quantidade de

acidentes de trabalho envolvendo conseqüências aos trabalhadores; maior

quantidade de mão de obra dispensada e um impacto muito maior no meio ambiente

devido às grandes dimensões das realizações de engenharia.

Os impactos que as obras de engenharia civil podem causar nos arredores do

seu sítio de construção são inúmeros: desmatamento da vegetação existente no

terreno de implantação da construção, rebaixamento do lençol freático da região,

contaminação do lençol freático, erosão dos terrenos trabalhados e dos arredores,

escorregamentos de terrenos, assoreamento de rios e córregos, destruição de mata

ciliar e consequente extinção de nascentes de água e uma variedade enorme de

diversos outros fatores que apenas são percebidos depois que ocorrem acidentes

sociais e ambientais de proporções consideráveis.

Dentre os diversos fatores citados anteriormente de cunho catastrófico para a

sociedade e para o meio ambiente urbano, que são regulados por legislação e

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fiscalização, existem outros que ocorrem durante a realização de um

empreendimento de construção. Estes incômodos gerados pela e durante a

realização do empreendimento, são decorrentes dos métodos construtivos

empregados que criam alguns desconfortos à população das regiões circunvizinhas

ao sítio da construção.

Os processos construtivos empregados pela construção civil baseiam-se em

princípios tradicionais e clássicos de construção que partem da conformação e

modelagem de peças, formas e espaços. O impacto é utilizado em diversos e

variados procedimentos construtivos, podendo ser empregado em demolições,

instalações elétricas e hidráulicas e acertos de imperfeições construtivas, entre

outros.

Na verdade, o princípio gerador dos impactos é que foi modernizado.

Inicialmente fazia-se uso da força humana aplicada por meio de uma massa que

impactava um ponteiro. Com a evolução industrial muda-se para força mecânica,

força hidráulica, pneumática e elétrica. Entretanto as consequências destes

impactos continuam as mesmas: o ruído e a vibração.

Outro processo construtivo, historicamente empregado e que também sofreu

evolução, diz respeito à escavação que ainda gera as consequências do seu

modelo: geração de pó, ruído e vibração.

A execução das fundações, da infraestrutura, da estrutura dos fechamentos e

os mais variados serviços necessários nas diversas fases de uma obra para a

realização de empreendimentos da construção civil, geram incômodos na região e

nas redondezas da construção.

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3.5 Fases de uma obra A tabela abaixo foi criada com o intuito de descrever as fases de construção,

os diversos equipamentos envolvidos em cada fase e o nível médio de ruído emitido

por eles.

Tabela 01: Fases da obra

FASES DA CONSTRUÇÃO EQUIPAMENTO NÍVEL MÉDIO DE RUÍDO EMITIDO a

10m DE DISTÂNCIA DA FONTE (dB)

Demolição Escavadeira hidráulica --- Caminhão basculante 78 Policorte 89 Martelete 98 Serra mármore 81

Escavação para execução de fundações

Escavadeira hidráulica --- Caminhão basculante 78

Concretagem das fundações Betoneira 68 Caminhão betoneira 88 Caminhão bomba 92 Vibrador 89

Concretagem da estrutura Betoneira 68 Caminhão betoneira 88 Caminhão bomba 92 Vibrador 89

Fechamento das paredes Betoneira 68 Serra mármore 81

Instalações elétricas e hidráulicas Betoneira 68 Serra mármore 81

Fechamentos de caixilhos e portas Furadeira 72 Serra circular 95 Policorte 89

Pinturas e arremates Furadeira 72 Serra mármore 81

Jardinagem Caminhão basculante 78 Limpeza final Hidrojateadora ---

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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4 RUÍDO E O URBANISMO

As notícias relacionadas aos problemas de ruído ambiental vêm aumentando

consideravelmente. Algumas histórias são dramáticas, a maioria nem tanto, mas

esforços enormes e grandes somas em dinheiro são investidos em conflitos que

envolvem, muitas vezes, o ruído ambiental.

O ruído ambiental é um problema mundial. Contudo, a forma como este

problema vem sendo tratado varia de país para país, de acordo com sua cultura,

economia e política. Mas o problema persiste até mesmo em áreas que utilizaram

recursos para a regulamentação, avaliação e diminuição de fontes de ruído ou para

a criação de barreiras acústicas. Por exemplo, enormes esforços têm sido feitos

para reduzir o ruído do tráfego: os carros são muito mais silenciosos do que os

fabricados há dez anos, mas o volume de tráfego tem aumentado de tal modo, que o

efeito deste esforço foi dizimado e os incômodos só aumentaram. A manufatura

tentou tornar os automóveis mais silenciosos e atenuou este problema por um

pequeno período, mas o ruído não foi removido.

Não existem estimativas sobre o impacto mundial e o custo do ruído

ambiental. No entanto, existe um documento na Europa que estima que 20% da

população (ou seja, 80 milhões de pessoas) sofre de inaceitáveis níveis de ruído que

causam distúrbios do sono, aborrecimento e prejudicam a saúde. (BRUEL: 2001, 05)

A maioria dos cidadãos da Europa vive em zonas onde o ruído provoca níveis

graves de incômodos durante o dia.

Sendo o ruído uma consequência do progresso da era da máquina, é natural

que, à medida que nossas cidades vão crescendo, a sua ação aumente de modo

proporcional. Em todos os países desenvolvidos, muitas pessoas estão preocupadas

com o problema do ruído, e igualmente predispostas a atuar em seu combate.

Segundo o professor Lothar Goetz, de Stuttgart, “o ruído é uma das causas

da desvalorização das residências situadas em zonas centrais da cidade” (SILVA:

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2005, 4). De modo que os proprietários mais abastados acabam mudando-se para

zonas mais afastadas, concorrendo, deste modo, ainda mais para o crescimento

urbano.

Em seu livro: Acústica arquitetônica e condicionamento de ar, Pérides Silva

diz que: nos EUA, França, Itália, Inglaterra e em vários outros países do mundo, o

cuidado com o ruído chega às raias do impossível. Certa vez, uma comunidade na

Inglaterra recebeu um grande financiamento governamental para que os seus

moradores pudessem colocar aparelhos de ar-condicionado em suas casas, a fim de

confiná-las para diminuir o nível de ruído originado em um aeroporto da vizinhança.

As dificuldades no equacionamento do problema e no estabelecimento de

normas destinadas a combater o ruído são o resultado da extrema complexidade da

matéria que se apresenta sob os mais variados aspectos.

É necessário que haja um esforço das associações técnico-científicas ou

profissionais que, permanentemente, estudem o problema, discutindo-o em

reuniões, seminários, congressos ou simpósios. O interesse pelo assunto também

vem crescendo entre legisladores municipais, estaduais ou mesmo federais,

enquadrando-se nas suas pautas a fim de que se torne lei, bem como a atenção das

autoridades incumbidas do seu cumprimento.

Desse modo, conclui-se que o problema deva ser equacionado em dois

sentidos: 1) da coletividade para o homem e 2) do homem para a coletividade. Ou

seja, de cima para baixo e de baixo para cima, de modo que os movimentos se

completem. Há situações em que o problema é puramente uma questão da

educação do homem e há ocasiões em que envolve o comportamento de toda a

coletividade. Há situações em que o sociólogo, o advogado, o arquiteto, o jornalista,

o urbanista, o engenheiro consultor, o administrador, ou seja, cada um

individualmente ou em conjunto, deverá tomar conhecimento do problema e

contribuir, assim, para ajudar a resolvê-lo.

A tendência do planejamento das cidades modernas, polinucleares, com

zoneamento apropriado, distribuindo as áreas por função das atividades, bem como

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a sistematização dos transportes, é a solução mais avançada e definitiva do

problema do ruído.

Conforme a posição do arquiteto Rino Levi, sobre este tema:

“Planejar não é utopia. É a maneira mais correta de enfrentar

efetivamente a realidade, com economia e sem desperdícios. Trata-se de trabalho complexo, que deverá ser atualizado constantemente e que exige a cooperação de vários especialistas e a compreensão do poder público e da coletividade...” (SILVA: 2005, 6)

Este problema torna-se sempre mais premente no Brasil, não só pelo rápido

crescimento de nossas cidades, como pelo surgimento de novas, em conseqüência

do nosso progresso.

O grande passo inicial no Brasil foi dado com o aparecimento da lei municipal

nº 4.805, de 29.09.1955, que trata dos ruídos urbanos, localização e funcionamento

das indústrias, visando proteção, bem estar e sossego público, na cidade de São

Paulo (SILVA: 2005, 6). Essa lei foi uma decorrência do estabelecimento da Carta

Acústica, da mesma cidade, e recomenda quais são os limites de ruído

considerados toleráveis para as suas diversas zonas.

Com a criação do IBA (Instituto Brasileiro de Acústica), uma sociedade civil-

científica de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída por pessoas físicas e

jurídicas que se interessam pelo estudo, pesquisa, desenvolvimento e aplicação

acústico, fundado em 10 de dezembro de 1956 com sede e foro na cidade de São

Paulo, foi dado mais um importantíssimo passo em direção ao combate aos ruídos

incômodos no Brasil.

Muitas cidades têm aprovado sua própria lei do silêncio. Contudo, um fato

chama-nos a atenção: há leis suficientes, mas que não são cumpridas. As razões

são as mais variadas: desconhecimento do problema, contradições normativas, falta

de regulamentação, falta de educação cívica e desorganização, entre outras.

As condições críticas das cidades modernas devem se contrapor às

sugestões do urbanismo, com as aplicações de todos os meios que a técnica nos

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possa oferecer para atenuar as consequências da invasão da máquina no campo da

personalidade humana.

4.1 O ruído e o homem O ruído e o barulho são sons incômodos ao homem, e seus efeitos podem

aparecer das seguintes maneiras:

repercutindo sobre o aparelho auditivo;

repercutindo sobre a atividade do cérebro;

repercutindo sobre vários órgãos;

repercutindo sobre a atividade física e mental.

A avaliação do nível de som, pelo ouvido humano, é completamente diferente,

por exemplo, de como nosso olho avalia uma distância ou de como nosso braço

avalia um peso. Não devemos, pois, confiar na avaliação do nosso ouvido porque:

existem diferenças acentuadas na percepção de indivíduo para indivíduo;

uma mesma pessoa, em diferentes ocasiões, pode julgar de modo diferente

os sons percebidos;

o nosso ouvido é incapaz de traduzir em números, em medida absoluta,

qualquer grandeza acústica;

ele também não possui memória acurada e fiel, capaz de registrar e recuperar

valores anteriormente percebidos;

mesmo um observador experimentado, muitas vezes, pode ser contestado

por outro observador paralelo.

Conclui-se portanto, ser fundamental substituirmos o ouvido humano por

algum instrumento ou aparelho adequado para exercer a medição de nível de som,

de modo que:

Um fenômeno sonoro, igualmente repetido, possa apresentar sempre o

mesmo resultado;

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possa, também, traduzir as avaliações em números, os quais possam

ser registrados e recuperados, quando necessário for;

Apresentem, sempre, os registros dos fenômenos sonoros com uma

grandeza próxima da média obtida pelo resultado de experiência feita

por um grande número de observadores.

O som é um componente tão comum na nossa vida diária que raramente se

nota sua ação. Apesar disso, freqüentemente, na sociedade moderna, ele nos

incomoda. Muitos sons serão desagradáveis e/ou indesejáveis, os quais

denominamos barulho.

Entretanto, para saber o quanto um som incomoda (isso) não depende só da

sua qualidade, mas também de nossa atitude em relação ao mesmo. Mas o som não

precisa ser muito alto para incomodar, (podendo) danificar ou destruir o ouvido

humano.

Assim, os benefícios de medir o som são bastante variados. As medições

sonoras resultaram no desenvolvimento da acústica arquitetônica e da sonorização,

aperfeiçoando a técnica de ouvir música, por exemplo. Devido a diferenças

fisiológicas e psicológicas, entre os indivíduos, o grau de incômodo não pode ser

medido de modo científico para uma determinada pessoa. Mas a medida certa

fornece um meio objetivo de comparação dos sons danosos, sob condições

diversas. Apesar de ser o som profundamente psicológico, a medição sonora

fornece uma indicação precisa de quando um som se torna prejudicial à audição e

faculta a escolha das medidas corretivas. Medições e análises sonoras são os

instrumentos que mais contribuem para o desenvolvimento da qualidade de vida.

Quando se planeja a avaliação para controle de nível de ruído ou a formação

de uma base para julgar o provável ruído em um projeto ou em uma futura

edificação, as medições são o mais importante ponto de partida. Sem as medições

existentes ou, algumas vezes, futuras previsões baseadas nessas medições

conhecidas de uma situação ruidosa qualquer, decisões objetivas acerca da

necessidade do controle do ruído não podem ser feitas e também, as suas

aplicações eficazes, após a obra acabada, não podem ser julgadas.

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A intensidade da pressão sonora medida em um aparelho de medição de

nível de som nem sempre fornece informações suficientes que permitam avaliar os

danos prováveis do ruído ou passam ser utilizadas como base para um programa de

controle do mesmo.

4.2 Proteção contra o ruído ambiental

A proteção contra o ruído ambiental gerou programas distintos nos diferentes

países. Os requisitos legais não são idênticos, as técnicas e métodos também

diferem e o foco político varia. Contudo, existem aspectos comuns ao trabalho de

todos que se previnem do ruído ambiental:

Planejar novos desenvolvimentos das zonas residenciais, industriais, rodovias

e aeroportos, entre outros;

tratar as queixas dos cidadãos, durante o processo de planejamento, ou

posteriormente;

avaliar a conformidade ou não das fontes de ruído (plantas industriais, feiras,

aeroportos, rodovias e ferrovias, entre outros), de acordo com a legislação.

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Figura 09: A propagação do som influencia no dia-a-dia da população. Fonte: BRÜEL; KJAER. (2001)

Dentro de qualquer uma destas áreas principais de trabalho, o fiscal

ambiental pode desenvolver muitas tarefas, incluindo:

Efetuar medições de campo;

avaliar o ruído proveniente de fontes específicas;

calcular os níveis de ruído esperados;

mapear os níveis de ruído;

preparar relatórios para os cidadãos ou representantes;

arquivar e recuperar dados;

agir como uma testemunha especializada.

Estas tarefas são exigentes e, considerando a amplitude e a gravidade da

poluição sonora, um bom nível de compreensão dos problemas é exigido não só por

parte dos profissionais que trabalham no campo, mas também dos políticos e

cidadãos.

Este trabalho apresenta os problemas que surgem quando se trabalha com o

ruído ambiental e as soluções atuais. Não excluindo-se, por exemplo, a legislação

nacional e regional.

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Figura 10: Como diminuir o impacto dos ruídos ambientais.

Fonte: BRÜEL; KJAER. (2001)

4.3 Níveis de ruído típicos Comparado com a pressão atmosférica ao nível do mar (105 Pa), as variações

de pressão sonora audíveis são muito pequenas variando a cerca de 20 Pa (20 × 10-

6 Pa) a 100 Pa (BRÜEL; KJAER: 2001, 7).

O limiar da audição corresponde a 20 µPa que representa a média tolerável

da audição de uma pessoa. A pressão sonora de aproximadamente 100 Pa é tão

alta que causa dor e, portanto, é chamado o limiar de dor. A relação entre estes dois

extremos é mais de um milhão para um (BRÜEL; KJAER: 2001, 7).

A aplicação direta das escalas lineares (em Pa) para a medição de pressão

sonora leva a grandes números. E, como o ouvido responde logaritimamente e não

linearmente aos estímulos, é mais adequado expressar parâmetros acústicos como

uma razão logarítmica do valor medido para um valor de referência. Este logarítmico

quociente é chamado de um decibel ou dB. A vantagem de se utilizar dB pode ser

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visto claramente na ilustração abaixo. Aqui, a escala linear com os seus grandes

números é convertida em uma escala de 0 dB gerenciáveis no limiar de audição (20

µPa) a 130 dB no limiar de dor (~ 100 Pa) (BRÜEL; KJAER: 2001, 7). A figura abaixo

ilustra que nossa audição surpreendentemente abrange uma ampla gama de

pressões: som – uma relação de mais de um milhão para um. A escala dB faz com

que o número seja gerenciável.

Figura 11: Nossa audição Fonte: BRÜEL; KJAER. (2001)

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4.4 Percepção do Som O número de variações das pressões por segundo denomina-se frequência

de som e é medida em hertz (Hz). A audição normal para um jovem saudável varia

de aproximadamente 20 Hz a 20.000 Hz (20 kHz) (BRÜEL; KJAER: 2001, 9). Em

termos de níveis de pressão sonora, sons audíveis variam entre o limiar de audição

em 0 dB até o limiar da dor a 130 dB ou mais.

Figura 12: Níveis de percepção do som, em decibéis. Fonte: BRÜEL; KJAER. (2001)

4.5 Tipos de ruído Em casa e no trabalho, ouvimos freqüentemente o ruído de ventilação ou

sistemas de aquecimento, que são dificilmente perceptíveis. O ruído nunca pára,

mas se o ventilador é desligado de repente, a mudança poderá perturbar ou mesmo

nos incomodar. Esses são os ruídos, que nossa audição reconhece, mas com

características de mudanças no nível sonoro.

Para fazer medição do ruído é necessário sabermos qual sua categoria para

escolhermos os parâmetros nos quais nos fundamentaremos: como os

equipamentos a serem utilizados, bem como a duração da medição. Muitas vezes,

precisamos utilizar nossos ouvidos para identificar as características do ruído,

analisá-lo e documentá-lo, antes de fazer as medições.

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Em geral, podemos distinguir entre sons periódicos e aperiódicos. Os

periódicos originam-se de vibrações ou ondas regulares no tempo, e os aperiódicos

são oriundos de vibrações aleatórias. Para esse tipo de som, é muito difícil e quase

impossível prever a forma de onda em determinado instante. Os ruídos gerados por

automóveis, cachoeiras e alguns sons da fala, sobretudo os sibilantes, são exemplos

de sons aperiódicos. Chamamos de tom puro, o som periódico formado por uma

única freqüência, como o som de um diapasão. No entanto, na natureza é difícil

encontrarmos tons puros; geralmente ouvimos sons complexos. Esses podem ser

definidos como ondas sonoras compostas de uma série de senóides simples que

podem diferir em amplitude, freqüência e fase.

A voz humana e o som produzido por instrumentos musicais ou por explosões

são alguns exemplos de sons complexos. Neste trabalho, entende-se por ruído o

som indesejável como aqueles gerados por máquinas, trânsito, explosões e outros.

Bruel, em sua obra Environmental noise, divide o som em diferentes

categorias:

Contínuo: ruído com variações de níveis desprezíveis (±3 dB) durante o

período de observação;

Não continuo: ruído cujo nível varia significativamente no período de

observação;

Flutuante: cujo nível varia continuamente de um valor apreciável durante o

período de observação;

Intermitente: ruído cujo nível cai rapidamente ao nível do ambiente várias

vezes no período de observação; a duração na qual o nível permanece em

valores constantes diferentes do ambiental é da ordem de um segundo ou

mais;

De impacto ou impulsivo: o que apresenta picos de energia acústica de

duração inferior a um segundo em intervalos superiores a um segundo.

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4.6 Propagação do ruído ambiental A propagação das ondas sonoras não ocorre sem que elas encontrem em sua

trajetória forças friccionais, que fazem com que a amplitude do som produzido

diminua com o tempo e com a distância da fonte sonora. Quando não há nenhum

obstáculo no caminho da onda sonora que se interponha à sua passagem

bloqueando-a, tem-se uma condição denominada transmissão em campo livre.

Nepomuceno explica a propagação do som no ar da seguinte forma:

"Ao aplicar pressão às moléculas próximas ao gerador (fonte

sonora), estas se deslocam, transmitindo, por meio de forças elásticas, o seu movimento para as moléculas mais próximas, e voltam à posição de equilíbrio. Então, se admitirmos as moléculas como fixas no espaço, teremos que as mais próximas da fonte executam movimento de vaivém, transmitem tais movimentos para as moléculas seguintes que, por sua vez, os transmitem às seguintes e assim, sucessivamente, até que o som atinja grandes distâncias, sendo atenuado por absorção e sua transformação em calor” (NEPOMUCENO: 1977, 188.)

O nível de potência sonora pode ser considerado o mais preciso dos dois. A

potência sonora terá sempre um valor mais alto do que o nível de pressão sonora,

mas não se deixe enganar por isso.

Tabela 02: O impacto dos decibéis

Lp dB(A) Sonoridade Perceptível Som 0 Limiar de audição - 20 Extremamente suave Folhas caídas, sala em

silêncio 40 Muito suave Barulho do frigorífico 60 Moderadamente alta Conversa normal,

restaurante 80 Muito alta Trânsito duma cidade,

caminhão 100 Extremamente alta Orquestra sinfônica, trator

agrícola 120 Limiar da sensação Avião a decolar

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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A Norma Regulamentadora nº 15, port. 3214 do Ministério de Trabalho e

Emprego, estabelece os procedimentos obrigatórios, nas atividades ou operações

insalubres que são executadas acima dos limites de tolerância previstos,

comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho.

A tabela abaixo demonstra os limites de tolerâncias para ruído contínuo ou

intermitente, que são entendidos, para fins de aplicação de Limites de Tolerância, o

ruído que não seja ruído de impacto. Apresenta o nível de ruído dB(A) x máxima

exposição diária permissível.

Tabela 03: Limites de tolerância para ruído ou intermitente

Nível de potência sonora Tempo de exposição permitido

85 8 horas

86 7 horas

87 6 horas

88 5 horas

89 4 horas e 30 minutos

90 4 horas

91 3 horas e 30 minutos

92 3 horas

93 2 horas e 40 minutos

94 2 horas e 15 minutos

95 2 horas

96 1 hora e 45 minutos

98 1 hora e 15 minutos

100 1 hora

102 45 minutos

104 35 minutos

105 30 minutos

106 25 minutos

108 20 minutos

110 15 minutos

112 10 minutos

114 8 minutos

115 7 minutos

Fonte: NR 15, anexo I

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Para medição dos limites de tolerância para ruídos de impacto, os dados

estão apresentados no anexo A neste trabalho.

4.7 A reverberação

4.7.1 Primeira Propriedade: Reflexão

Quando ondas sonoras AB, A’B’, A”B”, provenientes de um ponto P

encontram um obstáculo plano, rígido, MN, produz-se reflexão das ondas sobre o

obstáculo.

Na volta, produz-se uma série de ondas refletidas CD, C’D’, que se propagam

em sentido inverso ao das ondas incidentes e se comportam como se emanassem

de uma fonte P’, simétrica à fonte P, em relação ao ponto refletor.

A reflexão do som pode ocasionar os fenômenos eco e reverberação.

Figura 13: Reverberação Fonte: Universitá degli Studi Messina

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4.7.2 Reverberação

Em grandes sala fechadas ocorre o encontro do som com as paredes. Esse

encontro produz reflexões múltiplas que, além de reforçar o som, prolongam-no

durante algum tempo depois de cessada a emissão.

É esse prolongamento que constitui a reverberação.

A reverberação ocorre quando o som refletido atinge o observador no instante

em que o som direto está se extinguindo, ocasionando o prolongamento da

sensação auditiva.

4.8 Poluição difusa: ruído ambiental

Carga de poluição difusa é toda carga de poluição depositada sobre as

superfícies e presente na atmosfera, que é carregada para os corpos d’água durante

os eventos chuvosos. Devido à intensa urbanização ocorrida nas últimas décadas,

houve uma crescente impermeabilização do solo nas cidades, levando a um

significativo aumento do escoamento superficial, bem como a uma grande liberação

de poluentes para o meio ambiente urbano. Estes fatores potencializam os efeitos

da degradação da qualidade da água pelas cargas difusas em corpos hídricos de

áreas urbanas.

As cargas difusas são transportadas de longas distâncias, não sendo possível

dizer exatamente qual sua origem. Seu lançamento é intermitente, dependente da

duração e da intensidade da chuva e também da área produtora.

Devido às suas características, a poluição difusa é considerada um fenômeno

aleatório, da mesma maneira que o evento de precipitação responsável por sua

ocorrência. Assim, torna-se extremamente difícil determinar a distribuição temporal

das concentrações dos poluentes.

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4.9 Ruído Ambiental

Quando uma fonte sonora vibra, provoca variações de pressão no ar

ambiente, que se sobrepõem à pressão do ar.

Nos tempos modernos, o ruído é uma das principais causas de degradação

da qualidade do ambiente urbano. Os transportes são os principais responsáveis,

mas existem outras fontes perturbadoras, como a indústria, o comércio, o ruído da

vizinhança, etc.

É muito difícil quantificar o incômodo, porque, muitas vezes, o ruído é

desagradável para praticamente todas as pessoas. Geralmente, os efeitos na saúde

do ser humano, quando expostos a níveis de ruído elevados, traduzem-se em

stress, cansaço, perturbações no sono, capacidade de concentração e hipertensão

arterial.

Com o intuito de fazer frente a este problema foi publicado no Diário da

República o novo regime legal sobre poluição sonora, na forma do Decreto-Lei

nº292/2000, de 14 de novembro de 2000, que entrou em vigor em 15 de maio de

2001. Este Decreto-Lei reforça o controle preventivo e repressivo do ruído para a

salvaguarda da saúde e bem-estar da população.

As principais inovações da legislação são:

- A integração da prevenção do ruído na política de ordenamento urbano;

- A fiscalização do ruído da vizinhança;

- As restrições às atividades ruidosas temporárias baseadas em regras de

fácil verificação;

- Os planos de redução de ruído para as situações mais graves;

- Os planos de monitoração para as principais fontes de ruído ambiente;

- Mapas de ruído.

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4.10 Isolamento acústico

O isolamento acústico refere-se à capacidade de certos materiais formarem

uma barreira, impedindo que a onda sonora (ou ruído) passe de um recinto a outro.

Nestes casos se deseja impedir que o ruído alcance o homem. Normalmente são

utilizados materiais densos (pesados) como por exemplo: concreto, vidro, chumbo,

etc.

A absorção acústica trata do fenômeno que minimiza a reflexão das ondas

sonoras num mesmo ambiente. Ou seja, diminui ou elimina o nível de reverberação

(que é uma variação do eco) num mesmo ambiente. Nestes casos se deseja, além

de diminuir os níveis de pressão sonora do recinto, melhorar o nível de

inteligibilidade. Contrariamente aos materiais de isolamento, estes são materiais

leves (baixa densidade), fibrosos ou de poros abertos, como por exemplo: espumas

poliéster de células abertas, fibras cerâmicas e de vidro, tecidos, carpetes, etc.

Praticamente todos os materiais existentes no mercado ou isolam ou

absorvem ondas sonoras. O material que tem grande poder de absorção acústica

quase não tem poder isolamento acústico. Outros têm baixo poder absorção e baixo

poder de isolamento (plásticos e impermeáveis); a cortiça foi muito utilizada no

passado, mas hoje quase não se utiliza mais por ser um material orgânico de fácil

decomposição e baixa durabilidade.

Novos materiais têm sido estudados e desenvolvidos pela indústria visando

um maior poder de isolamento ou absorção, por meio de variações na composições

dos materiais.

É necessário estudar a finalidade do recinto, para que se aplique o

isolamento/absorção acústico adequado, de modo a preservar a saúde dos

ocupantes e também evitar que se obtenha um ambiente cansativo e monótono.

Assim, há que se levar em conta o desempenho acústico dos materiais a serem

utilizados, sua fixação, posição relativa a fonte de ruído e facilidade de manutenção,

sem restringir a funcionalidade do recinto.

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4.11 Protetores auditivos

A organização de um programa de conservação auditiva (PCA) é o primeiro

passo para solucionar o problema de ruído ocupacional, envolvendo uma equipe

multidisciplinar, e tal programa é composto de uma série de medidas que visam a

preservação da saúde do trabalhador.

As propostas básicas do programa são:

1. Avaliação e controle ambiental.

2. Avaliação e monitoramento audiológico.

3. Proteção individual – Protetor auricular.

4. Educação e treinamento.

5. Eficácia.

O protetor auricular não é o único recurso a ser utilizado na prevenção mas é,

sem dúvida, o mais difundido. A legislação brasileira, por meio da NR-6, da Portaria

nº 3.214, de 08 de junho de 1978 do TEM, trata dos equipamentos de proteção

individual – EPI, em seu artigo 47, itens 6.2 e 6.3:

47, item 6.2. a empresa é obrigada a fornecer aos empregados,

gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e

funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

a) Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis

ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do

trabalho e/ou doenças profissionais;

b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;

c) Para atender as situações de emergência.

Item 6.3. atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional,

e respeitando-se o disposto no item 6.2, o empregador deve fornecer aos

trabalhadores os seguintes EPI: V – proteção auditiva: protetor auricular,

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para trabalhos realizados em locais em que o nível de ruído seja superior

ao estabelecido na NR-15, anexos 1 e 2.

Melnick (1989) afirma que, para um protetor aurícula ser eficiente, ele deve

agir como uma barreira entre o ruído e o ouvido interno, onde se produzem os

danos, ou seja, ele deve constituir uma barreira acústica que deve proteger o ouvido

interno dos níveis elevados de ruído.

Contudo, a energia sonora pode também chegar ao indivíduo que usa

protetores auriculares e atingir o ouvido interno por caminhos distintos, tais como:

1 – passando diretamente pela cóclea, através da vibração dos ossos e

tecidos do cérebro (condução óssea).

2 – por meio da vibração do próprio protetor, o qual produz som no canal

auditivo interno.

3 – passando por vazamentos dentro do protetor ou à sua volta, por causa de

mau ajuste e/ou contato entre protetor e orelha.

4 – através do material do protetor.

4.12 O que fazer quando os níveis de ruído são muito altos

Quando as medições comprovarem que os níveis de pressão sonora são

muito altos, devem ser tomadas medidas a fim de reduzi-los. Embora os detalhes do

Programa de Redução de Ruído sejam um tanto complexos, há algumas linhas

gerais para se encaminhar as soluções:

Redução de ruído na fonte, através de tratamento acústico das superfícies da

máquina ou substituição de parte da máquina, ou o equipamento como um todo, de

maneira que se reduza a geração de som.

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Reduzindo a transmissão do som, isolando-se a fonte sonora ou através de

tratamento do ambiente, por meio da inclusão de superfícies absorventes no teto, na

parede e no piso.

Fornecer protetor auricular para as pessoas expostas, esta medida deve a

última a se considerar como solução definitiva, e somente ser usada na fase de

implantação das soluções técnicas. A prioridade deve ser sempre a eliminação do

ruído na fonte.

Excluir as fontes mais ruidosas, livrando-se dos equipamentos antigos e

providenciando novo maquinário, ou remoção para área mais isolada, se nada disso

for possível, deve-se reduzir a exposição do pessoal que trabalha no local.

4.13 Efeitos da refração

Figura 14: Efeitos da refração na trajetória dos raios sonoros.

Fonte: Anderson e Kurze (1992)

A Figura acima ilustra os efeitos da refração na trajetória dos raios sonoros.

Nos dois quadros à esquerda, a refração altera a altura aparente da barreira acima

da linha de visão. Nos dois quadros à direita, a refração produz regiões de sombra e

de concentração de raios sonoros. Em geral, quando o gradiente de temperatura é

negativo ou quando a propagação sonora se dá a barlavento, ocorre aumento da

atenuação, enquanto que, quando o gradiente de temperatura é positivo ou quando

a propagação sonora se dá a sotavento, ocorre redução da atenuação de barreiras,

solos macios, e de áreas cobertas com vegetação.

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Propagação sonora a sotavento elimina a sombra acústica gerada pelo

gradiente de temperatura negativo. Em direções ortogonais à da velocidade do vento

não ocorre refração devido ao vento e, nessa direções, a sombra acústica gerada

pelo gradiente de temperatura negativo não é neutralizada.

A realização de medições acústicas confiáveis demanda o entendimento dos

efeitos da refração na propagação sonora. Se o objetivo é medir níveis sonoros mais

baixos, as medições devem ser realizadas ao cair da tarde de um dia ensolarado e

quente, ou a barlavento. Para uma medição mais representativa do nível sonoro

equivalente, deve-se efetuá-las em dia nublado e sem ventos.

4.14 Fontes sonoras

Estimativas de níveis de pressão sonora exigem conhecimento da potência

das fontes em questão. Quando se pretende determinar o nível de uma máquina

operando em ambiente industrial.

Idealmente, tais dados deveriam constar dos dados das máquinas e

equipamentos industriais, no entanto, não é o que acontece nos dias de hoje; para

que volte a ocorrer, os usuários devem exigir tal inclusão quando adquirirem um

equipamento.

Os fabricantes não informam tais níveis, pois sua obtenção demanda testes,

ensaios, instrumentação e pessoal especializado, geralmente não disponíveis. Sem

contar que a redução dos níveis de potência sonora leva, de modo geral, ao re-

projeto do equipamento gerando custos e processos de fabricação.

Assim, os fabricantes só disponibilizam as informações sobre a potência

sonora de seus equipamentos quando são pressionados pelos consumidores ou por

alguma legislação específica. No entanto, para se lidar com grande volume de

problemas de ruído, faz-se necessário o conhecimento do nível de potência sonora

gerada pela máquina ou equipamento. Por enquanto não existem procedimentos

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teóricos que nos permita quantificar a potência sonora de qualquer máquina,

equipamento ou processo industrial, normalmente a potência sonora é obtida

através de ensaios especializados em laboratório ou por meio de medidas de

intensidade sonora em qualquer ambiente.

No entanto, existem métodos, de modo geral baseados em dados empíricos,

para estimativa da potência sonora de algumas máquinas e equipamentos,

comumente utilizados em instalações industriais e de serviços.

4.15 Fontes sonoras omnidirecinais e direcionais

Quando o cumprimento de onda é muito maior que a dimensão da fonte, as

ondas geradas são esféricas; quando o comprimento de onda é da ordem da

dimensão da fonte ou menor, a radiação sonora da fonte tende a ser direcional. Isso

significa que, nas altas freqüências (pequenos comprimentos de onda), a fonte

apresentará direções preferenciais de radiação sonora. Os tweeters, alto-falantes

que irradiam som em altas freqüências, são altamente direcionais, ou seja, as

direções preferenciais de radiação sonora estão no semi-espaço frontal do tweeter,

próximas ao eixo que passa pelo seu centro, Assim, tweeters devem ser apontados,

em campo livre, na direção dos ouvintes.

Quando uma fonte sonora não apresenta direções preferenciais de radiação,

caso da esfera pulsante, diz-se que se trata de uma fonte omnidirecional.

Fontes sonoras perdem a omnidirecionalidade por apresentarem forma não-

esférica, ou porque a amplitude e fase das vibrações desuas diferentes superfícies

não são uniformes, ou ambas. O resultado é mais som irradiado em determinadas

direções do que de outras. Em outras palavras, diferentemente da esfera pulsante a

uma mesma distância da fonte, a pressão sonora gerada por fontes direcionais da

fonte, será diferente em direções diferentes.

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Quando lidamos com uma fonte sonora direcionada, constatamos que o som

é mais forte na direção principal, enquanto nas adjacências diminui. Agora, quando

lidamos com fontes omnidirecionais em campo livre, longe de superfícies refletoras,

a relação entre a potência sonora e a pressão sonora à distância r da fonte dada

pela equação:

Lp=Lw° - 20 log r -11 dB,

Sendo Lw° a potência sonora da omnidirecional.

Ao passo que, para uma fonte sonora omnidirecional , o nível de pressão

sonora, a uma mesma distância r da fonte, é o mesmo em qualquer direção. Já a

fonte direcional depende também da direção do receptor em relação à fonte sonora,

e é dado por:

LpƟ = Lwd +DIƟ – 20 log r – 11dB

Em que LpƟ é o nível de pressão sonora na direção Ɵ; Lwd é o nível de

potência sonora da fonte direcional; e DIƟ é o índice de diretividade da fonte na

direção Ɵ, em decibéis.

Para fontes sonoras direcionais, a potência sonora não é suficiente para

caracterizar acusticamente a fonte. Há necessidade de se conhecer o índice de

diretividade em todas as direções para uma descrição completa de fontes

direcionais.

Diagramas polares são utilizados para apresentar índices de diretividade,

como exemplifica a figura seguinte, que exemplifica a diretividade de um alto-falante

no plano horizontal em função de Ɵ, nas bandas de oitava de 125 Hz a 16 kHz, e

podemos observar que o alto-falante é mais direcional em altas que em baixas

freqüências, esta é uma característica comum a fontes sonoras.

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Figura 15: Diagramas polares. Fonte: BISTAFA, Sylvio R. (2006)

Tal índice de diretividade pode ser obtido em um ensaio de campo, através de

medidas de níveis de pressão sonora, e pela aplicação da fórmula:

DIƟ = LpƟ - Lpesf’

Em que LpƟ é o nível de pressão sonora medido à distância r, na direção de

Ɵ; e Lpesf’ o nível de pressão sonora médio espacial, calculado através da média dos

quadrados dos valores eficazes de pressão sonora, medidos em diversos pontos

numa superfície esférica hipotética de raio r envolvendo a fonte sonora.

Costuma-se especificar acusticamente fontes sonoras em termos do nível de

pressão sonora a uma certa distância da fonte, sendo de 1 metro usualmente e,

neste caso, temos a seguinte equação para especificar o nível de pressão sonora e

o nível de potência sonora de uma fonte direcional:

LpƟ = Lwd+DIƟ – 11dB, para r = 1m.

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Em caso de fonte omnidirecional, temos, para r = 1m, a seguinte equação:

Lp=Lw° - 11 dB, para r = 1m.

4.16 Propagação sonora ao ar livre e ruído ambiental

Três são os componentes para estudo de propagação sonora ao ar livre: a

fonte sonora, a trajetória de transmissão e o receptor. A fonte emite certa potência

sonora, gerando um nível sonoro que pode ser medido nas imediações da fonte. A

partir daí, o nível sonoro é atenuado à medida que se propaga entre a fonte e o

receptor, ao longo de determinada trajetória. O nível sonoro se reduz com a

distância, à medida que o som diverge da fonte, que poderá ser direcional. O ar

atmosférico atenua o som durante sua trajetória; reflexos do solo interferem com o

som direto, atenuando-o ou, o que é menos freqüente, amplificando-o. Áreas

arborizadas, relevo acentuado e construções conferem atenuação adicional ao som.

O espalhamento do som na copa das árvores pode reduzir a eficácia das barreiras.

Gradientes verticais de vento e de temperatura refratam (curvam) as trajetórias

sonoras para cima e para baixo, gerando regiões de “sombra” acústica, alterando a

interferência com o solo e modificando a efetividade das barreiras.

A atenuação é focalizada no nível sonoro total A-ponderado, no qual se

pressupõe que o espectro sonoro associado não contenha tons puros evidentes. A

incerteza na estimativa do nível sonoro total A-ponderado é de ±5 dB, para

distâncias fonte-receptor de até 500m.

A medida que o som se propaga, a atenuação depende da freqüência, assim,

a redução do nível sonoro total A-ponderado depende da composição do espectro

sonoro. Apresentarei equações que se aplicam a fontes cujo espectro seja similar à

tolerância de ±5dB; o que é típico para motores a diesel com silenciador, tráfego

rodoviário, ferroviário e aéreo, sons impulsivos como os de arma de fogo, e de

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muitas fontes externas de ruído industrial. No quadro que se segue isto é

denominado espectro de fonte típica.

Figura 16: Espectro de fonte típica Fonte: BISTAFA, Sylvio R. (2006)

Equação básica da propagação sonora ao ar livre

Lp (r, Ɵ ) = Lw – 20 log r = DIƟ – 10 log Ω - Acombinada – 11

Onde Ω é o ângulo sólido disponibilizado para a fonte para livre propagação,

e Acombinada, é a combinação de todos os mecanismos significativos de atenuação

sonora entre a fonte e o receptor.

Figura 17: Mecanismos mais significativos da atenuação.

Fonte: Sylvio R Bistafa (2006)

Em caso de fonte sonora de tráfego rodoviário (e muitas outras) costuma-se

omitir DIƟ por duas razões. A primeira é que a diretividade de tais fontes é

minimizada por: a) múltiplas reflexões e espalhamento sonoro provocado por

superfície e obstáculos próximos;

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b) espalhamento sonoro devido a turbulências atmosféricas;

c) múltiplas fontes que assumem diferentes posições angulares em dado

instante – por exemplo, quando os veículos estão enfileirados em uma via de

tráfego.

A segunda razão é que um índice de diretividade positivo numa determinada

banda de freqüências pode ser compensado por um índice negativo em outra banda,

quando essas bandas são combinadas na determinação do nível sonoro total A-

ponderado.

No caso de aviões a jato e a interação de rodantes de trens com as linhas

férreas, não se pode ignorar a diretividade. O ruído das turbinas dos aviões é

altamente direcional, para o espaço interior, nas altas freqüências, e, para o espaço

posterior, nas baixas freqüências. O ruído provocado pela interação dos rodantes

dos trens com a linha férrea é altamente direcional perpendicularmente à linha, nas

altas freqüências. A determinação dos níveis sonoros nessas condições deve incluir

o índice de diretividade da fonte na direção do receptor e nas freqüências de

interesse.

Em se tratando de edifícios, devemos levar em consideração o ângulo sólido

para livre propagação [-10log (Ω/4π)] é uma aproximação de banda larga, para os

efeitos de uma complexa interação entre o som direto e o refletido pelas superfícies.

Tal aproximação baseia-se, essencialmente, no fato de grandes superfícies

impedirem a propagação sonora nas direções por elas afetadas e, assim, a energia

sonora se concentra nas direções de propagação não obstruídas.

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Figura 18: Principais interações entre os mecanismos de atenuação

Fonte: BISTAFA, Sylvio R. (2006)

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5 REGULAMENTOS E POLÍTICAS

As políticas ambientais são aquelas que apresentam uma preocupação

explícita quanto à proteção, conservação e uso dos recursos naturais e do meio

ambiente. Essas políticas expressas na legislação e na organização institucional

correspondente definem os instrumentos de intervenção do Estado na administração

dos recursos e da qualidade do meio ambiente.

A gestão ambiental no Brasil tem se pautado exclusivamente pelo uso de

regulação, isto é, por instrumentos de comando e controle. Na Política Nacional do

Meio Ambiente esses instrumentos são classificados em quatro categorias: 1)

padrões ambientais (de qualidade e emissão); 2) controle e uso do solo

(zoneamento e unidades de conservação); 3) licenciamento (estudo de impacto

ambiental, plano de manejo); e 4) penalidades (multas, compensações, etc.).

A Lei Federal nº. 6938 de 31/08/81, que instituiu a Política Nacional do Meio

Ambiente, foi na realidade a primeira a abordar o meio ambiente como um todo,

abrangendo os diversos aspectos envolvidos e alcançando as várias formas de

degradação ambiental, e não apenas a poluição causada pelas atividades industriais

ou o uso dos recursos naturais. De acordo com esta Lei, a poluição constitui-se

como sendo a degradação da qualidade ambiental resultante das atividades que

direta ou indiretamente:

Prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população;

criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

afetem adversamente a biota;

afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais.

A legislação ambiental atual é sustentada pela Constituição Federal,

promulgada em 05 de outubro de 1988, tendo sido esta a primeira constituição

brasileira a abordar amplamente a questão do meio ambiente, dedicando um

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capítulo inteiro à proteção ambiental. O artigo 255, que trata especificamente do

Meio Ambiente ressalta o seguinte texto:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (SANTOS: 2005,39)

A grande maioria dos estados brasileiros abriga dentro de suas constituições

locais uma ampla legislação ambiental que segue basicamente os mesmos preceitos

da legislação federal. Da mesma maneira, a maioria dos municípios introduziu, em

suas Leis Orgânicas reformuladas após a promulgação da Constituição Federal de

1988, artigos voltados para a preservação do meio ambiente.

Os efeitos a longo prazo, entretanto, são relegados a um segundo plano,

mesmo sendo irreversíveis ou de grandes dimensões. Do mesmo modo, as regiões

menos povoadas são excluídas do campo de intervenção. A incorporação dos

conceitos de “ciclo de vida” e de “prevenção à poluição” nas políticas ambientais

representaria um grande avanço, pois só assim os agentes poluidores seriam

forçados a adotar tecnologias mais limpas e quem sabe chegar ao patamar real da

conscientização ambiental, diminuindo deste modo o encargo do Estado em

fiscalizar as instalações.

5.1 Princípios Fundamentais – Autoridades Competentes

O Decreto Lei nº 292/2000 esclarece quais autoridades são competentes e o

seu campo de atuação, no controle do ruído.

O princípio genérico é que cabe às autoridades responsáveis pelo

licenciamento ou autorização de uma determinada atividade, a fiscalização do ruído

provocado por essa atividade. Assim, por exemplo, devem encaminhar-se para as

Direções Regionais da Economia ou para as Direções Regionais da Agricultura as

queixas relativas ao ruído produzido por estabelecimentos industriais. Reclamações

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sobre estabelecimentos comerciais ou de restauração devem ser dirigidas às

respectivas Câmaras Municipais.

As autoridades policiais fiscalizam ruído de vizinhança e ruído de atividades

ruidosas temporárias, para além de suas competências de fiscalização de ruído de

tráfego rodoviário nos termos do Código da Estrada. Cabe às entidades

responsáveis pelas infra-estrututuras de transporte e controle do ruído a elas

associado.

Subsidiariamente, as autoridades ambientais, nomeadamente as Direções

Regionais do Ambiente e do Ordenamento do Território e a Inspeção Geral do

Ambiente, podem também ser chamadas a atuar na fiscalização do ruído.

5.2 Medidas gerais de prevenção e controle da poluição sonora

A qualidade do ambiente sonoro deve ser obtido, conforme o especificado

pelo Artigo 4º do RGR:

a) As zonas sensíveis não podem ficar expostas a um nível sonoro contínuo

equivalente, ponderado A, Laeq, do ruído ambiente exterior, superior a 55 dB

no período diurno e 45 dB no período noturno.

b) As zonas mistas não podem ficar expostas a um nível sonoro contínuo

equivalente, ponderado A, Laeq, do ruído ambiente exterior, superior a 65 dB

no período diurno e 55 dB no período noturno.

O Artigo 3º especifica as zonas sensíveis definidas em instrumentos de

planejamento territorial como voltadas ao uso habitacional, existentes ou previstos,

bem como para escolas, hospitais, espaços de recreação e lazer e outros

equipamentos coletivos prioritariamente utilizados pela população local; e por zonas

mistas, as zonas existentes ou previstas, para utilização de por comércio e serviços.

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De acordo com o § 3º do artigo 8º do RGR, o valor da diferença entre o LAeq

do ruído ambiente particular corrigido (LAr), e o LAeq do ruído residual, não poderá

exceder os 5 dB(A) no período diurno e 3 dB(A) no período noturno.

5.3 Legislação acústica

Com relação ao conforto acústico no trabalho, no anexo B encontra-se uma

transcrição parcial da Lei 6.514 de 22/11/77, relativa ao Capítulo V do Título II, da

Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho,

dado pela Portaria nº 3.751 de 23/11/90; Norma Reguladora nº 17 – Ergonomia, na

qual encontramos os parâmetros que permitem a adaptação das condições de

trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar conforto acústico, desempenho e segurança.

No Brasil existe a Lei Federal nº 1.065 (anexo C), que foi decretada em 06 de

maio de 1996, que dispõe sobre as normas de preservação ambiental quanto a

poluição sonora.

Os índices de poluição sonora aceitáveis que são estabelecidos por esta lei

são determinadas de acordo com a zona e o horário, segundo as normas da ABNT

NBR nº. 10.151/2000. Conforme as zonas, os níveis de decibéis nos períodos

diurnos e noturnos são os seguintes:

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Tabela 04: Níveis aceitáveis de poluição sonora.

ÁREA PERÍODO DECIBÉLS Zonas de hospitais

Diurno

Noturno

45

40

Zona residencial urbana Diurno

Noturno

55

50

Área predominantemente industrial Diurno

Noturno

70

65

Centro da cidade (negócios, comércio,

administração)

Diurno

Noturno

65

60

Fonte: ALMEIDA, J. R.; MELLO, C. S., CAVALCANTI, Y. (2004)

5.4 Regulamentações na cidade de São Paulo Todo esse cuidado com os impactos vem pautado por fundamentos

científicos. Quando exposta a ruídos muito altos (acima de 50 decibéis) durante um

período prolongado, a audição humana pode sofrer danos, resultando certas vezes

em deficiência auditiva permanente. Além disso, a poluição sonora prejudica a

tranqüilidade de quem deseja adormecer ou mesmo apenas descansar. O barulho

constante impede o relaxamento, e à medida que vai aumentando crescem também

os sintomas de estresse – nós entramos em estado de alerta, o organismo tenta se

adequar ao ambiente, liberando endorfina, minando as defesas e aumentando ainda

mais a agitação. A continuidade dessas ocorrências pode gerar problemas

cardíacos, infecções e outros problemas de saúde.

Criada em 6 de outubro de 1994 e reestruturada em 6 de março de 1996, a lei

do “Silêncio Urbano” (mais conhecida como PSIU), foi instaurada com o intuito de

limitar sons e ruídos “gritantes”, que provocavam incômodos e interferiam na saúde

e no bem-estar das pessoas. O PSIU era uma lei dirigida exclusivamente a locais

públicos1, podendo ser acionado apenas em casos onde estabelecimentos

1 Entende-se aqui por público todo local pertencente ou destinado ao povo.

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comerciais ou logradouros públicos (nunca para ruídos produzidos no interior dos

domicílios, estando estes enquadrados nos moldes de outra lei – Lei do silêncio)

realizassem ruídos que gerassem incômodo na circunvizinhança. Seu trabalho

fundamenta-se em duas leis: a 11.501, que regula a emissão de ruído e a 12.879,

que prevê o fechamento de bares, sem isolamento acústico, segurança e

fiscalização.

Segundo dados da Prefeitura de São Paulo, 30% das reclamações que

acionaram o PSIU foram originárias do centro da cidade e da região de Pinheiros,

que inclui os bairros de Vila Madalena e Vila Olímpia, bastante conhecidos por seu

intenso movimento noturno por ocasião de seus inúmeros bares, com o crescimento

também dos chamados sobre bares e lanchonetes da avenida Luis Dumont Villares,

na Parada Inglesa. Esses são os bairros mais freqüentados às quintas-feiras,

sextas-feiras e sábados.

A atuação do programa está limitada pela legislação que pode notificar o

estabelecimento na primeira vez e atuar na segunda com a aplicação de uma multa

que equivale a aproximadamente R$ 16 mil, iniciando ainda um processo

administrativo que propicia o lacre do estabelecimento. Mas este lacre é

representado por um papel, documento que pode ser rompido.

Os limites de ruído são definidos pela Lei de Zoneamento. Nas zonas

residenciais, é de 50 decibéis, entre 7 e 22 horas. Das 22 às 7 horas, cai para 45

decibéis. Nas zonas mistas, das 7 às 22 horas fica entre 55 e 65 decibéis

(dependendo da região). Das 22 às 7 horas, varia entre 45 e 55 decibéis. Nas zonas

industriais, entre 7 e 22 horas fica entre 65 e 70 decibéis; Das 22 às 7 horas, entre

55 e 60.

5.4.1 Parâmetros de incomodidade na cidade de São Paulo

Segundo a prefeitura de São Paulo os parâmetros de incomodidade

existentes no município são os dados considerados no quadro nº 02/b anexo à parte

III da Lei nº 13.855, de 25 de agosto de 2004, no qual apresenta-se no anexo D.

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Dos parâmetros de incomodidade considerados na cidade de São Paulo

expostos acima podemos claramente fazer uma análise e verificação dos possíveis

incômodos gerados pelas obras de construção civil na malha urbana da cidade.

5.4.2 Plano Diretor

No Capítulo III, referente ao Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, do

Plano Diretor de São Paulo, “a Política Ambiental no Município se articula às

diversas políticas públicas de gestão e proteção ambiental, de áreas verdes, de

recursos hídricos, de saneamento básico, de drenagem urbana e de coleta e

destinação de resíduos sólidos”.

Dentre os seus objetivos e ações estratégicas, temos:

Proteger e recuperar o meio ambiente e a paisagem urbana;

controlar e reduzir os níveis de poluição e de degradação em quaisquer de

suas formas;

pesquisar, desenvolver e fomentar a aplicação de tecnologias orientadas ao

uso racional e a proteção dos recursos naturais;

controle da poluição da água, do ar e a contaminação do solo e subsolo;

definição de metas de redução da poluição;

controlar as fontes de poluição sonora;

criar instrumentos para controlar o ruído difuso;

desenvolver campanhas para esclarecer a população quanto à emissão de

ruídos.

5.5 Condições e Meio Ambiente de trabalho na indústria da

construção

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A NR 18 estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de

organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas

preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de

trabalho na Indústria da Construção (serviços especializados em engenharia de

segurança e em medicina do trabalho, e as atividades e serviços de demolição,

reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de

pavimentos ou tipo de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e

paisagismo).

A lei obriga que os trabalhadores ingressem ou permaneçam no canteiro de

obras assegurados pelas seguintes medidas:

Os canteiros de obra devem ter áreas de vivência em perfeito estado de

conservação, higiene e limpeza;

o entulho e quaisquer sobras de materiais devem ser regulamente coletados

e removidos. Por ocasião de sua remoção, devem ser tomados cuidados

especiais, de forma a evitar poeira excessiva e eventuais riscos;

quando houver diferença de nível, a remoção de entulhos ou sobras de

materiais deve ser realizada por meio de equipamentos mecânicos ou calhas

fechadas;

é proibida a queima de lixo ou qualquer outro material no interior do canteiro

de obras;

é proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais

inadequados do canteiro de obras;

as demolições devem ser programadas e dirigidas por um profissional

legalmente habilitado que verifique todas as redes existentes na região e

examine as construções vizinhas para preservar a estabilidade e integração

física de terceiros;

a área de trabalho deve ser previamente limpa, devendo ser retirados ou

escorados solidamente árvores, rochas, equipamentos, materiais e objetos de

qualquer natureza, quando houver risco de comprometimento de sua

estabilidade durante a execução de serviços;

é obrigatória a instalação de proteção coletiva onde houver risco de queda de

trabalhadores ou de projeção de materiais;

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os equipamentos de transporte vertical de materiais e de pessoas devem ser

dimensionados por profissional legalmente habilitado;

a operação de máquinas e equipamentos que exponham o operador ou

terceiros a riscos só pode ser feita por um trabalhador qualificado e

identificado por crachá;

a empresa é obrigada a fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, EPI

(Equipamento de Proteção Individual) adequado ao risco e em perfeito estado

de conservação e funcionamento;

os materiais devem ser armazenados e estocados de modo a não prejudicar

o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais ou o

acesso aos equipamentos de combate a incêndio, não obstruir portas ou

saídas de emergência e não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes,

lajes ou estruturas de sustentação, além do previsto em seu

dimensionamento;

é obrigatória a adoção de medidas que atendam, de forma eficaz, às

necessidades de prevenção e combate a incêndio para os diversos setores,

atividades, máquinas e equipamentos do canteiro de obras;

o canteiro de obras deve ser sinalizado com o objetivo de:

Identificar os locais de apoio que compõem o canteiro de obras;

indicar as saídas por meio de dizeres ou setas;

manter comunicação através de avisos, cartazes ou similares;

advertir contra perigo de contato ou acionamento acidental com partes

móveis das máquinas e equipamentos;

advertir quanto a risco de queda;

alertar quanto à obrigatoriedade do uso de EPI, específico para a

atividade executada, com a devida sinalização e advertência próximas

ao posto de trabalho;

alertar quanto ao isolamento das áreas de transporte e circulação de

materiais por grua, guincho e guindaste;

identificar acessos, circulação de veículos e equipamentos na obra;

identificar locais com substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis,

explosivas e radioativas.

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A sinalização de segurança em vias públicas deve ser dirigida para alertar os

motoristas, pedestres e em conformidade com as determinações do órgão

competente;

é obrigatória a colocação de tapumes ou barreiras sempre que se executarem

atividades da indústria da construção, de forma a impedir o acesso de

pessoas estranhas aos serviços.

5.6 Estudo de Impacto de Vizinhança Nos termos do Estatuto da Cidade, o “Estudo de Impacto da Vizinhança” foi

criado como forma de evitar que os empreendimentos ou atividades com efeitos

potencialmente negativos sobre o meio urbano fossem construídos de forma a

causarem impactos significativos que comprometessem o equilíbrio da ordem

urbanística das cidades (PIRES: 2006:49).

Percebe-se, nitidamente, que o exercício do direito de propriedade imóvel é

limitado por interesses privados, titularizados pelos donos dos imóveis confinantes.

Cada qual não pode exercer seu interesse de forma ilimitada e absoluta, sob pena

de aniquilar o direito de propriedade do outro. Para que exista um convívio

harmônico entre os confinantes, de modo a respeitar o direito de propriedade de

cada um, cada proprietário deverá submeter-se a incômodos toleráveis causados

por esta convivência que naturalmente gera conflitos.

Em outras palavras, todos os habitantes da cidade, sem qualquer tipo de

distinção, inclusive de renda, tem direito à manutenção da ordem urbanística, nos

termos da definição citada. Ocorre que diversos fatores atuam no meio ambiente

urbano que podem comprometer a manutenção do equilíbrio da ordem urbanística.

Nesse sentido, a inserção de uma grande estrutura urbana provoca impactos

na vizinhança local, tais como a sobrecarga no sistema viário, saturação da infra-

estrutura, drenagem, esgoto, energia elétrica, telefonia, sombreamento e poluição

sonora, gerando interferências diretas e indiretas na vida dos habitantes locais.

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Como forma de adequar as construções e empreendimentos de grande porte

à estrutura de uma cidade sustentável, o Estatuto da Cidade instituiu o “Estudo de

Impactos de Vizinhança” (EIV), com o propósito de fazer um estudo da construção

que pretende ser dirigida de forma que ela possa se adequar aos interesses

ambientais e urbanos da cidade.

Não será mais possível a um empreendedor construir uma grande estrutura

urbana, de modo a satisfazer estritamente seus interesses privados. Pelo fato de

seu empreendimento estar inserido em um meio diferenciado, que envolve uma

relação com este espaço e outros seres humanos habitantes da cidade, o mesmo

precisará obedecer às funções sociais do espaço onde está situado.

O “Estudo de Impacto de Vizinhança” deverá contemplar os efeitos positivos e

negativos que sua construção proporcionará à cidade, procurando alcançar a melhor

forma de introduzir o empreendimento, de modo que este atente para função social

da cidade. Dessa forma, é possível afirmar que o fundamento deste estudo é o

princípio da função social da propriedade.

No âmbito urbano, a construção de empreendimentos de grande impacto

deverá atentar para este princípio ao ser instalada na cidade. A construção deverá

ser planejada, pautada em estudos técnicos que contemplam os aspectos positivos

e negativos da estrutura a ser inserida, de forma a não prejudicar a ordem

urbanística.

O “Estudo de Impacto de Vizinhança” decorreu da necessidade de instituir um

controle mais efetivo sobre o uso do imóvel urbano, exercido de forma insuficiente

pelo Zoneamento. O imóvel urbano não gera interferências apenas nas relações

entre o proprietário do lote ou empreendimento e o Poder Público. Na realidade,

existem efeitos diretos na dinâmica urbana causados pelos impactos ao redor do

imóvel produzidos pela utilização ou ocupação de certo lote urbano.

O Zoneamento concebido para orientar o uso e a ocupação do solo, por si só

deve proteger a população em relação aos usos incômodos, por meio do

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estabelecimento de zonas homogêneas, as quais permitem em seu interior apenas

certos usos.

A incapacidade atribuída ao Zoneamento de regular todos os usos

conflituosos de vizinhança, passou a ser resolvida pelo “Estudo de Impacto de

Vizinhança”. Isto porque os empreendimentos muitas vezes poderão comportar,

mesmo atendendo aos requisitos urbanísticos que propiciam a expedição de licença

de construir e a localização adequada nos termos da Lei de Zoneamento, profundos

impactos nas regiões ao redor de onde estão localizados, sobrecarregando o

sistema viário, saturando a infra-estrutura, drenagem, esgoto, energia elétrica e

outros.

O “Estudo de Impacto de Vizinhança” consiste em um instrumento que

permite a tomada de medidas preventivas pelo ente estatal com o propósito de evitar

o desequilíbrio no crescimento urbano e garantir condições mínimas de ocupação

dos espaços habitáveis, especialmente, os grandes centros.

Como forma de alcançar o planejamento urbano, o EIV é capaz de prever as

repercussões que determinados empreendimentos gerarão na região em que será

implementado para que o Poder Público, no momento necessário, adote medidas

que procurem amenizar efeitos e manter o equilíbrio da vida da população ao seu

redor. Trata-se de adequar a construção ao meio no qual será inserida ou vice-

versa.

É importante ressaltar que não importa se o empreendimento estará

localizado na área urbana. Na verdade, o importante para análise da região que

abrangerá o EIV será a localização do impacto gerado pelos empreendimentos e

não a localização geográfica do mesmo.

O EIV deverá demonstrar de forma clara a repercussão que a implementação

do empreendimento trará à vida e às atividades das pessoas que vivem ao seu

redor, bem como estimar seus efeitos sobre a infra-estrutura pública local.

Dessa forma, é possível definir o “Estudo de Impacto de Vizinhança” como

sendo um instrumento de controle jurídico do processo de desenvolvimento urbano

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por meio da formulação de um estudo de possíveis modificações nas diversas

características socioeconômicas e biofísicas sofridas pelo meio ambiente urbano

que podem resultar de qualquer projeto proposto, consistente na construção,

ampliação e funcionamento de empreendimentos. O Estudo é uma forma de

compatibilizar os interesses individuais dos proprietários, consistentes na construção

de grandes empreendimentos com os interesses sociais, culturais e ambientais de

outros grupos e da cidade como um todo.

Caberá ao Poder Executivo Municipal, por meio do Estudo, a incumbência de

determinar a medida do equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos no

sentido da melhor utilização do solo urbano, um bem necessário para o

desenvolvimento sustentável da vida nas cidades.

5.7 Comentário

A pesquisa das legislações pertinentes ao tema evidencia um universo

extremamente amplo e abrangente a respeito das atitudes que deve-se ter quanto a

emissão de ruídos em todos os níveis e aspectos.

Os legisladores federais, estaduais e municipais preocupados com suas

instâncias determinaram diversos parâmetros de atuação. Preocupam-se com o

meio ambiente da construção, das relações com os trabalhadores que nele

desenvolvem as suas atividades e alcançam seus ganhos salariais para sua

manutenção e sobrevivência. Mostra também uma preocupação com as

normatizações a respeito da segurança e saúde dos trabalhadores e uma crescente

preocupação com os entorno da urbe propriamente dita, há também uma

preocupação com os impactos nos arredores gerados pelas fontes existentes nas

obras numa visão mais geral, uma preocupação com o ruído gerado na cidade e sua

relação de incomodamento com a vizinhança. Neste aspecto o desenvolvimento do

presente trabalho vem de encontro as aspirações dos legisladores que representam

um anseio de população quanto ao tema abordado.

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6 ESTUDO DE CASO

6.1 A escolha do tipo de obra e local A experiência profissional do autor possibilitou que ele verificasse que há

realmente uma relação de incômodos nos arredores dos sítios de construção, já que

ele mesmo, como responsável pela implantação de diversos projetos, atendeu

vizinhos das obras que se sentiam perturbados com a realização dos

empreendimentos. Presenciando estas situações, surgiu o interesse no

desenvolvimento do presente trabalho, com a finalidade de se estudar melhor os

incômodos e seus níveis de ruído com a possibilidade de oferecer novos

procedimentos nas obras para minimização dos mesmos.

Para o desenvolvimento deste projeto seria necessário escolher uma obra

com características específicas que pudessem ser relacionadas em uma pesquisa

fiel aos níveis de incômodo emitidos pelos elementos que a compõem.

Edifícios residenciais ou comerciais em locais de alta densidade populacional,

em bairros de classe média alta, por sua característica própria, apresentam uma

população estritamente exigente quanto aos níveis de qualidade de vida e

extremamente mobilizada quanto ao seu espaço e condições de “habitação” do

ambiente urbano. Este tipo de população é altamente sensível aos níveis de

incômodo gerados ao seu redor. A obra de um edifício de 12 a 16 pavimentos nestas

áreas tem um prazo de execução razoavelmente extenso, durando de 24 a 36

meses, desde seu início até sua finalização. Sendo assim, este foi o tipo de obra

escolhido, pois durante sua execução relacionam-se todos os serviços de mão de

obra e equipamentos disponíveis nas atividades construtivas da engenharia civil,

que demonstram o comportamento e os incômodos causados pela mesma.

O objetivo é demonstrar quais incômodos são percebidos em maior ou menor

dimensão. Isso depende do entorno no qual está situada a obra. Para isso foram

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pesquisadas obras nos bairros de classe média alta de São Paulo, como Moema

(onde o autor foi responsável por diversas construções), Pompéia, Perdizes, Vila

Mariana e Ipiranga. Estes bairros apresentam características similares de ocupação

e densidade populacional, porque ainda apresentam grande quantidade de terrenos

e construções ao lado de edifícios residenciais e comerciais. A demanda imobiliária

está fortemente em expansão e perturba grande parte da população.

6.2 O foco da obra Do amplo universo da construção civil, tem-se uma gama extremamente rica

de atividades peculiares que se desenvolvem ao longo do tempo de uma obra. Cada

tipo de obra apresenta um desenvolvimento de serviços voltado ao enfoque do que

se pretende realizar como, por exemplo, obras de grande porte de barragens,

portos, aeroportos e estradas, entre outras.

Nestes casos são utilizadas diversas técnicas de execução que apresentam

uma maior atividade inicial na modelagem topográfica do terreno, com enfoque

principal na utilização de maquinário de grande porte para trabalhar a terra:

escavadeiras hidráulicas, caminhões de grande porte fora da estrada, pás

carregadeiras, scraipers, moto niveladoras, tratores tipo lâmina e outros, realizam os

serviços necessários à implantação de uma obra.

Também há a aplicação de maquinário específico para a execução de

pavimentação, tais como mesas vibroacabadoras para a execução de pisos

asfálticos, betoneiras, vibradores e réguas acabadoras para a execução de pisos

rígidos. Aplicam-se em diversos casos marteletes e furadeiras para a realização de

serviços de acabamentos, furações e diversos outros. Por vezes há a utilização de

bate-estacas para obras de infra-estrutura necessárias na realização do

empreendimento.

Nas obras de pequeno porte, tais como reformas diversas em apartamentos,

casas e escritórios situados dentro da cidade, em regiões altamente adensadas,

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qualquer atividade que se realiza gera um grande impacto (incômodo) no entorno

por menor que seja. Pequenos furos realizados para a fixação de uma simples

bucha que irá instalar um suporte de toalha geram diversas reclamações nos mais

diversos níveis.

Estas reclamações feitas pelos condôminos, por exemplo, ou até mesmo

reclamações em nível institucional das organizações governamentais (prefeitura, por

intermédio das regionais ou subprefeituras) e policiais, podem resultar em processos

por perturbação, quando não há níveis de agressões.

Desta observação do micro e do macro universo da construção civil, verifica-

se que nas atividades desenvolvidas ao longo da realização e implementação de

qualquer obra de quaisquer dimensões, existem serviços que geram impactos nos

arredores. Percebe-se também com a realização de uma pesquisa sobre os

impactos causados pela construção no público da cidade, que estes incômodos são

similares para todas e quaisquer atividades realizadas, em maior ou menor

proporção.

O trabalho baseou-se no conceito romano virtus in médium est (a virtude está

na média) que apresenta extrema coerência com a proposta deste mestrado

tecnológico, pois o mesmo é baseado em trabalhos de observação dos fatos com

vista técnica, constatação destes fatos, análise dos acontecimentos, tabulação das

pesquisas, verificação dos nexos e descrição de propostas e conclusões para

ganhos ambientais, sociais e econômicos além dos ganhos indiretos.

6.3 O critério adotado Critério (do latim criteriae) significa classificação segundo uma ordem de

valores e prioridades de um fator e torna-se imprescindível na elaboração da análise

de qualquer pesquisa cientifica que se pretenda realizar. Assim a elaboração de um

critério-padrão para a definição da análise de classificação dos elementos de uma

pesquisa é notadamente importante para a qualificação dos níveis de uma pesquisa.

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No presente trabalho, (onde) o método utilizado baseou-se na aplicação de

um questionário que, devidamente analisado, resultou na percepção de que o

problema das emissões sonoras (ruídos) era o de maior significância para a

população entrevistada nos arredores dos sítios de construção escolhidos (edifícios

de 12 até 16 pavimentos - residenciais ou comercias), sendo o maior padrão de

incômodo gerado nos arredores dos canteiros de obras. O questionário aplicado

encontra-se no apêndice A.

Da pesquisa do nexo causal realizada em campo destes incômodos no sítio

de obra, e seguindo o método desenvolvido para a elaboração das fichas dos

equipamentos presentes no canteiro das obras responsáveis pelos ruídos que

causavam os incômodos (a busca pelas fontes geradoras dos ruídos) foram feitas

diversas medições que demonstraram os vários níveis de pressão sonora emitidos

pelas fontes. Esses níveis de emissão sonora em decibéis foram classificados em:

INSUPORTAVEL - acima de 100 dB a 10 metros de distância;

ALTÍSSIMO - de 95 A 100 dB a 10 metros de distância;

ALTO - de 90 A 95 dB a 10 metros de distancia;

MEDIO - de 80 A 90 dB a 10 metros de distância;

BAIXO - de 70 A 80 dB a 10 metros de distância;

NENHUM – abaixo de 70 dB a 10 metros de distância.

Estes níveis de classificação de incômodos por emissões sonoras estão

baseados nos padrões de suportabilidade sem dano para o trabalhador da NR-18 do

Ministério do Trabalho.

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6.4. A hipótese gerada Com o campo de trabalho definido em obras de construção de edifícios

residenciais ou comerciais de médio porte (de doze a dezesseis pavimentos) gerou-

se uma pesquisa que foi aplicada a um universo amostral de moradores do

município de São Paulo.

Nesta pesquisa, com a vivência do autor e com os parâmetros de

incomodidade da cidade de São Paulo, foi aceitável estimar os possíveis impactos

(incômodos) gerados pelos sítios de construção civil dentro da malha urbana da

cidade.

Sendo assim, o questionário foi estruturado estimando os seguintes itens:

ruído;

pó;

lama;

vibrações;

impactos;

recalques;

quedas de objetos;

trânsito;

estacionamento irregular para carga e descarga;

infestação de insetos e outros seres (ratos, baratas, pernilongos);

vapores e odores;

outros.

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7 A PESQUISA

7.1 Apresentação da pesquisa

A seqüente pesquisa estatística elaborada focou-se na obtenção de conjunto

de elementos respeitantes a um fato social, representativo e que pudesse explicar a

sistemática do comportamento de um fenômeno baseado numa quantidade

representativa da massa que pudesse ser investigada, organizada e analisada a

ponto de se tirar conclusões sobre o comportamento da amostra e expandi-las à

população. O conjunto de dados obtidos com a amostra tem por fim representar a

tendência de comportamento de uma forma gráfica e possivelmente propor

conclusões de comportamento de uma população a respeito de um tema.

7.2 Pesquisa

Com o escopo do trabalho definido, o universo de atuação delimitado, aplicou-

se um questionário (apêndice A) a uma amostra de 510 moradores de bairros

específicos da cidade de São Paulo para a verificação em campo das hipóteses

levantadas. Este questionário foi elaborado com uma abrangência mais ampla

possível dos incômodos gerados pelas obras de construção civil. Há a preocupação

de isenção quanto à elaboração das questões para evitar o direcionamento das

respostas.

Deste total obteve-se o preenchimento e resposta de 210 questionários.

Os questionários foram entregues na portaria dos edifícios aos quais teve-se

acesso e a pesquisa foi explicada aos funcionários que trabalhavam no momento no

prédio. Após o período de uma semana retornou-se para o recolhimento.

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7.3 Condições de aplicação da pesquisa

Universo amostral – Município de São Paulo.

População: Habitantes do município de São Paulo.

Amostra: (n) 210 , 30 por Bairro.

A escolha de 30 pesquisados por bairro se dá para que não haja maior

contribuição de um bairro em relação aos outros, desta forma temos uma maior e

melhor idéia do comportamento da região amostrada como um todo, evitando uma

tendência de regionalização da pesquisa.

Conforme podemos constatar no mapa de localização dos bairros onde se

aplicou o questionário, estes se distribuem localizados concentricamente a Sé,

praticamente eqüidistantes do ponto referencial central do município, o marco zero

na praça da Sé, numa região denominada de centro expandido da cidade

Bairros amostrados por apresentarem as mesmas características de

população, densidade, nível econômico, nível educacional, quantidade de

lançamentos imobiliários são:

- Perdizes;

- Pompéia;

- Vila Mariana;

- Moema;

- Ipiranga;

- Moema Baixo;

- Vila Mariana Baixa.

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Figura 19: Bairros onde foram distribuídos os questionários Fonte: Elaborado pelo autor ( 2010)

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7.4 Resultado da Tabulação

A tabulação dos dados da pesquisa apresenta-se por bairro no apêndice B,

mas abaixo na tabela 5 é possível visualizar o resultado geral encontrado por meio

da aplicação do questionário.

Tabela 05: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - total

Bairros A B C D E F G H I J K L Moema 116 94 40 63 39 42 46 50 49 24 23 7 Pompéia 86 45 18 29 32 30 37 54 48 20 13 16 Perdizes 100 60 25 39 45 19 26 59 40 38 36 16

Vila Mariana 99 59 42 43 27 36 37 42 48 22 24 11 Ipiranga 89 52 27 40 28 37 45 27 42 39 23 7 Moema B 94 75 31 32 25 25 38 31 42 24 15 7

V. Mariana B 76 73 33 32 30 27 33 37 26 28 14 6 Total 660 458 216 278 226 216 262 300 295 195 148 70 Média 94,29 65,43 30,86 39,71 32,29 30,86 37,43 42,86 42,14 27,86 21,14 10

D. Médio 9,18 13,06 6,45 7,67 5,55 6,41 4,78 9,84 5,31 6,12 6,12 3,71 Variância 159,57 272,29 71,14 131,24 51,9 63,14 46,95 143,81 63,48 58,81 65,14 19,33D. Padrão 12,63 16,5 8,43 11,46 7,2 7,95 6,85 11,99 7,97 7,67 8,07 4,4 Incerteza 0,87 1,14 0,58 0,79 0,50 0,55 0,47 0,83 0,55 0,53 0,56 0,30

Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

7.5 Análise Estatística

Da visualização dos dados obtidos na amostra pode-se já verificar

numericamente, o que será demonstrado a seguir graficamente, que existe uma

disposição sobre os problemas levantados que se apresenta da seguinte forma

demonstrada em porcentuais.

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Gráfico 01: Total de dados coletados da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Como demonstra a distribuição percentual, esta visualização apresenta os

incômodos constatados pela pesquisa do maior para o menor.

Para uma melhor análise da distribuição de dados, a seguir serão expostos

outros padrões de análise estatística.

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Gráfico 02: Média dos dados coletados da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

A média como era de se esperar apresenta um comportamento proporcional a

distribuição percentual, indicando que os incômodos constatados se comportam

desta mesma forma.

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Gráfico 03: Desvio Médio dos dados coletados da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Verificando o indicador do desvio médio pode-se também constatar que os

desvios encontrados, aqui demonstrados são proporcionais e coerentes, não

apresentando nenhuma variação significativa.

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Gráfico 04: Desvio Padrão dos dados coletados da Pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

O desvio padrão acima demonstrado fornece um parâmetro de o quanto a

pesquisa pode ter se desviada. Mesmo se subtrair o maior desvio do maior

incômodo e somarmos o maior desvio no segundo maior incômodo, ainda assim as

duas posições não serão alteradas, o que resulta num indicativo muito bom de que a

classificação é válida.

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Gráfico 05: Variância dos dados coletados da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Considerando o indicador da variância, a conclusão é a mesma.

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Gráfico 06: Moda estatística dos dados coletados da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Verificando a Moda tiramos a mesma conclusão.

No apêndice C, é possível visualizar a análise dos incômodos por bairro e por

gênero (masculino/feminino). Na figura abaixo visualiza-se o total de incômodo de

todos os bairros pesquisados e conclui-se que se subtrair de 660 a variação de

12,63 obtém 647,37 e se somar a 458 a variação de 16,50 obtém 474,50 o que

certifica que o ruído, mesmo que considerando as variações estatísticas existentes,

é sem dúvida o maior incômodo gerado por sites de obras de construção civil.

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Gráfico 07: Total e variação por bairro – Geral Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

O gráfico abaixo demonstra ainda que os percentuais por gênero dos

entrevistados, não demonstram nenhum fator significativo, distribuindo-se quase que

igualitariamente entre homens e mulheres.

Gráfico 08: Distribuição por gênero Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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97

7.6 Resultados

Constatou-se que de um universo amostral de aproximadamente 210

entrevistados, obtivemos uma classificação porcentual dos problemas causados por

obras nos seus arredores, que se distribui da seguinte forma:

Gráfico 09: Problemas causados por obras nos seus arredores Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Da verificação dos parâmetros estatísticos de posição e variação, verifica-se

que por maiores que sejam as variações obtidas nesta amostra, existe uma

significativa tendência dos incômodos gerados nas obras se apresentem da forma

acima exposta.

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98

7.7 Análise dos resultados

Na análise dos dados fornecidos pela pesquisa, o resultado tem conformidade

com o problema levantado. Todos os itens avaliados pelos entrevistados, em menor

ou maior escala, estão sempre presentes em sítios de construções, e seguem a

seguinte ordem de incômodo do maior para o menor:

ruído;

pó;

vibrações;

impactos;

estacionamento irregular para carga e descarga;

infestações de insetos (ratos, baratas, pernilongos);

vapores e odores;

lama;

recalques;

quedas de objetos;

trânsito;

outros.

7.8 Impactos ambientais e seus agentes

Abaixo, os equipamentos, máquinas e diversos processos construtivos que

geram os principais impactos e incômodos causados pela construção civil:

Ruído:

serras circulares (bancada

ou portáteis);

policorte;

serra mármore;

furadeiras;

perfuratrizes;

marteletes;

vibradores;

compressores;

betoneiras;

bombas;

veículos em geral.

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99

Os índices de poluição sonora são demonstrados na figura a seguir, que

exemplifica, de acordo com as cores verde, amarelo e vermelho, quais situações do

nosso dia-a-dia emitem sons aceitáveis ou não. O martelo pneumático, utilizado nos

sítios de construção, está entre os maiores poluidores sonoros, perdendo apenas

para aviões.

Figura 20: Índices de poluição sonora Fonte: Ministério do Meio Ambiente

Pó:

demolições;

entulhos;

descarga de alguns tipos de materiais;

movimentação de equipamentos;

processamento de materiais.

Vibrações e impactos:

estaqueamentos;

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100

tráfego de equipamentos pesados;

aplicação de equipamentos do tipo rolo compressor vibratório.

Estacionamento irregular para carga e descarga:

tráfego de equipamentos pesados.

Infestações de insetos e outros seres (ratos, baratas, pernilongos):

acúmulo inadequado de materiais de construção.

7.9 O padrão de incômodo

Para que haja um padrão dos incômodos gerados, será empregada a

seguinte classificação:

Incômodo alto: nível de ruído acima de 90 decibéis a 10 metros da fonte

emissora;

Incômodo médio: nível de ruído entre 60 e 90 decibéis a 10 metros da fonte

emissora;

Incômodo baixo: nível de ruído abaixo de 60 decibéis a 10 metros da fonte

emissora.

Cabe destacar que a determinação da distância de 10 metros é recomendada

para esta análise, pois é a partir desta distância que pode haver a presença de

vizinhos , portanto de incômodos para o entorno.

7.10 A busca pelos incômodos na obra

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Na busca pelo principal incômodo gerado no canteiro de obra que foi indicado

pela pesquisa realizada, foi-se a campo para executar o levantamento e verificação

das fontes geradoras existentes, executando medições exploratórias para assim

poder verificar-se os dados obtidos na pesquisa. Para demonstrar que o ruído é um

dos principais incômodos diretos causado pela construção civil, foram criadas fichas

de análise dos equipamentos para que o mesmo fosse avaliado em relação a seu

nível de emissão de ruídos :

Ficha 01: Medidor de pressão sonora (Decibelímetro);

Ficha 02: Betoneira;

Ficha 03: Caminhão Basculante;

Ficha 04: Caminhão Betoneira;

Ficha 05: Caminhão Bomba;

Ficha 06: Furadeira;

Ficha 07: Policorte;

Ficha 08: Serra Circular;

Ficha 09: Vibrador.

Ficha 10: Pistola Finca Pinos;

Ficha 11: Martelete;

Ficha 12: Serra Mármore.

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102

7.11 Medidor de Pressão Sonora (Decibelímetro)

O decibelímetro foi o instrumento de medição utilizado para a verificação dos

ruídos emitidos.

Ficha 01: Decibelímetro. Nome do Equipamento: Decibelímetro

Especificações Técnicas

Utilização do equipamento Medições realizadas com o aparelho a altura de 1,50m em relação ao piso com o microfone direcionado para a fonte emissora. As medições foram realizadas as distâncias de 2, 5, 10 metros em relação a fonte emissora dos ruídos para se verificar o decaimento da onda de energia sonora com o aumento da distância conforme gráfico ao lado. As medições foram realizadas durante a execução dos serviços no canteiro de obras sem interferência no andamento dos serviços. A condição da medição feita em obra foi realizada na situação de trabalho

Emissão de Ruído – Em escala de Distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

dB

dB

dB

Faixa 35 dB a 130 dB Precisão ±1,5dB (94dB/1kHz) Resolução 0,1 dB F. de Frequência 31,5 Hz a 8k Hz Microfone Eletreto de ½” IEC – 561 tipo 2 ANSI – S1.4 Tipo 2 Operação 0ºC - 40ºC UR – 90%

10 m

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103

7.12 Análise de ferramentas utilizadas na construção civil

7.12.1 Betoneira

Ficha 02: Betoneira Nome do Equipamento: Betoneira

Especificações Técnicas

Frequência de utilização diária; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclos de 35

minutos a 4 horas; Nível de incômodo: nenhum.

Utilização do equipamento: Mistura de matérias (areia, pedra, cimento e cal) para execução de diversos serviços: concretos, argamassas e grautes. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde a betoneira elétrica se encontrava em um ambiente especifico, isolada do canteiro e acessada unicamente por funcionário habilitado para sua manipulação, o local era isolado do canteiro por paredes de alvenaria e porta . Era utilizada para mistura de argamassas e grautes.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

68 dB

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V Corrente 10 A Rotações 35 Rpm Frequência 60 Hertz

10 m

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7.12.2 Basculante

Ficha 03: Caminhão basculante Nome do Equipamento: Caminhão Basculante

Especificações Técnicas

Frequência de utilização semanal; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclos de 5 a

30 minutos; Nível de incômodo baixo.

Utilização do equipamento: Aplicação em serviços diversos durante as fases da obra. Transporte de terra para bota fora, descarga de materiais pesados (areia, pedra). Fases de utilizações na obra: Constante desde a fundação até o acabamento com maior intensidade nas fases iniciais da obra. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde se encontrava a céu aberto (ambiente não confinado), não existindo nenhum tipo de interferência na emissão de ruído gerada pelos equipamentos.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

78 dB

Alimentação Motor diesel

Bomba Hidráulica Acionamento Motor do caminhão Rotações 500 a 3500 Rpm

10 m

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7.12.3 Caminhão Betoneira

Ficha 04: Caminhão betoneira Nome do Equipamento: Caminhão Betoneira

Especificações Técnicas

Freqüência de utilização semanal; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclo de 4 a

12 horas; Nível de incômodo médio.

Utilização do equipamento: Aplicação em serviços de concretagens diversas para o transporte da massa de concreto até o local da aplicação. Fases de utilizações na obra: Constante desde a fundação até a cobertura. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde se encontrava a céu aberto (ambiente não confinado), não existindo nenhum tipo de interferência na emissão de ruído gerada pelos equipamentos.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

88 dB

Alimentação Motor diesel

Bomba Hidráulica Acionamento Motor do caminhão Rotações 500 a 3500 Rpm

10 m

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106

7.12.4 Caminhão Bomba

Ficha 05: Caminhão bomba Nome do Equipamento: Caminhão Bomba

Especificações Técnicas

Freqüência de utilização semanal; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclo de 4 a

12 horas; Nível de incômodo alto.

Utilização do equipamento: Aplicação em serviços de concretagens diversas para o transporte da massa de concreto até o local da aplicação. Fases de utilizações na obra: Constante desde a fundação até a cobertura. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde se encontrava a céu aberto (ambiente não confinado), não existindo nenhum tipo de interferência na emissão de ruído gerada pelos equipamentos.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

92 dB

Alimentação Motor diesel

Bomba Hidráulica Acionamento Motor do caminhão Rotações 500 a 3500 Rpm

10 m

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7.12.5 Furadeira

Ficha 06: Furadeira Nome do Equipamento: Furadeira

Especificações Técnicas

Frequência de utilização diária; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclos de 5 a

10 minutos durante o dia; Nível de incômodo baixo.

Utilização do equipamento: Furações diversas em variados materiais, tais como madeiras, metais, concreto e gesso. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde a furadeira de bancada se encontrava em um ambiente especifico, isolada do canteiro e acessada unicamente por funcionário habilitado para sua manipulação, o local era isolado do canteiro por paredes de alvenaria e porta . Era utilizada para usinagem de peças de caixilharia. A furadeira móvel que percorria a mesma obra era utilizada em serviços diversos nos locais fechados para a instalação de diversos sistemas.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

72 dB

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V Corrente 5,3 A Rotações 2500 Rpm Frequência 60 Hertz

10 m

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108

7.12.6 Policorte

Ficha 07: Policorte

Nome do Equipamento: Policorte

Especificações Técnicas

Frequência de utilização de uma a

duas vezes por semana;

Intensidade de utilização;

Duração da utilização: ciclos de 25

minutos;

Nível de incômodo médio.

Utilização do equipamento:

Cortes de barras de aço e metais em geral, tais como: aço de obra CA 50, aço de obra CA 60, perfis de alumínio e barras de cobre. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra na sua fase estrutural. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde a policorte se encontrava em um ambiente especifico, isolada do canteiro e acessada unicamente por funcionário habilitado para sua manipulação, o local era isolado do canteiro por paredes de alvenaria e porta.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

89dB

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V Corrente 8,3 A Rotações 12.000 Rpm Frequência 60 Hertz

10 m

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7.12.7 Serra Circular

Ficha 08: Serra Circular

Nome do Equipamento: Serra Circular

Especificações Técnicas

Frequência de utilização diária;

Intensidade de utilização;

Duração da utilização: ciclos de 30

minutos a 1 hora;

Nível de incômodo altíssimo.

Utilização do equipamento: Cortes de madeiras e chapas compensadas, tais como: tábuas, caibros e sarrafos.

Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra na sua fase estrutural. A condição da medição feita na obra em questão foi realizada na situação de trabalho onde a serra circular se encontrava em um ambiente especifico, isolada do canteiro e acessada unicamente por funcionário habilitado para sua manipulação, o local era isolado do canteiro por paredes de alvenaria e porta. Era utilizada para o corte e usinagem de diversas peças de madeira.

Emissão de ruído – Em escala de

distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

95 dB

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V

Corrente 5,3 A

Rotações 1.950 Rpm

Frequência 60 Hertz

10 m

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7.12.8 Vibrador

Ficha 09: Vibrador

Nome do Equipamento: Vibrador

Especificações Técnicas

Frequência de utilização de uma a

duas vezes por semana;

Intensidade de utilização;

Duração da utilização: durante todo o

dia de concretagem com paradas de

20 minutos;

Nível de incômodo médio.

Utilização do equipamento: Adensamento do concreto lançado nas peças estruturais. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra na sua fase estrutural.

A medição executada na obra foi realizada na condição de trabalho durante a vibração de peças de concreto basicamente ao ar livre sem nenhuma barreira para impedir a dissipação do som.

Emissão de ruído – Em escala de

distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

5m

89dB

2m

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V

Corrente 5,3 A

Rotações 3.000 Rpm

Frequência 60 Hertz

10 m

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7.12.9 Pistola Finca Pinos

Ficha 10: Pistola finca pinos Nome do Equipamento: Pistola Finca Pinos

Especificações Técnicas

Freqüência de utilização diária; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclos de 5 a

10 minutos durante o dia; Nível de incômodo médio.

Utilização do equipamento: Fixação de pinos por impacto gerado por percussão a tiro para instalação dos mais diversos tipos de materiais: placas de madeira, placas de gesso, caixilhos, batentes, arranques e telas. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra. Foi feita a medição durante a execução dos trabalhos em ambientes já acabados com paredes e caixilharia.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

82 dB

Alimentação Cartuchos de pólvora

Freqüência Impacto de tiros

10 m

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112

7.12.10 Martelete

Ficha 11: Martelete Nome do Equipamento: Martelete

Especificações Técnicas

Freqüência de utilização diária; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclos

de 5 a 10 minutos durante o dia; Nível de incômodo altíssimo.

Utilização do equipamento: Furações e demolições diversas de arestas e peças de concreto. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra. A medição executada na obra foi realizada na condição de trabalho durante o rompimento de peças de concreto basicamente ao ar livre sem nenhuma barreira para impedir a dissipação do som.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

98dB

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V Corrente 10 A Rotações 5.500 Rpm Freqüência 60 Hertz

10 m

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7.12.11 Serra Mármore

Ficha 12: Serra Mármore Nome do Equipamento: Serra Mármore

Especificações Técnicas

Freqüência de utilização

diária; Intensidade de utilização; Duração da utilização: ciclo de

2 a 4 horas; Nível de incômodo médio.

Utilização do equipamento: Cortes de peças de acabamento diversas, tais como madeira, metais, tijolos, concreto, plásticos, azulejos, cerâmicas, mármores, granitos e granilites. Fases de utilizações na obra: Durante todo o andamento da obra, com maior intensidade na fase de acabamento. Foi feita a medição durante a execução dos trabalhos em ambientes já acabados com paredes e sem caixilharia.

Emissão de ruído – Em escala de distância

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Fonte

2 m

5 m

81dB

Alimentação Elétrica

Tensão 220 V Corrente 7,5 A Rotações 12.500 Rpm Freqüência 60 Hertz

10 m

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7.13 Padrão de incômodo encontrado na obra

Com a aplicação do decibelímetro e a metodologia de medição aplicada

verificou-se que os potenciais de incômodos encontrados nas obras pesquisadas na

questão de emissão de ruídos foram os seguintes níveis captados a dez metros das

fontes de emissão sonora:

Betoneira - 68 dB a 10m;

Caminhão Basculante - 78 dB a 10m;

Caminhão Betoneira - 88 dB a 10m;

Caminhão Bomba - 92 dB a 10m;

Furadeira - 72 dB a 10m;

Policorte - 89 dB a 10m;

Serra Circular - 95 dB a 10m;

Vibrador - 89 dB a 10m.

Pistola Finca Pinos - 82 dB a 10m;

Martelete - 98 dB a 10m;

Serra Mármore - 81 dB a 10m;

Dessa maneira, a classificação foi a seguinte:

1. Martelete - 98 dB;

2. Serra Circular - 95 dB;

3. Caminhão Bomba - 92 db;

4. Policorte - 89 dB;

5. Vibrador - 89 dB;

6. Caminhão Betoneira - 88 dB;

7. Pistola Finca Pinos - 82 dB;

8. Serra Mármore - 81 dB;

9. Caminhão Basculante - 78 dB;

10. Furadeira - 72 dB;

11. Betoneira - 68 dB.

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8 FERRAMENTAS PROPOSTAS PARA A DIMINUIÇÃO DOS IMPACTOS CAUSADOS

O ideal seria repensar-se os processos e métodos construtivos empregados

na indústria da construção civil, talvez a exemplo dos métodos e processos

empregados em outros países como os Estados Unidos da América (estruturas de

aço, fechamentos em painéis pré-fabricados, aplicação de madeira, painéis tipo dry

wall – o que é extremamente questionável do ponto de vista ambiental devido ao

grande desmatamento causado e a contaminação pelo ciclo de vida dos materiais

empregados). Apenas e simplesmente a importação dos processos construtivos

não é a solução para o problema constatado.

A capacidade operacional da engenharia nacional é invejada por diversos

países, fato de orgulho nacional e por vezes produto de exportação de tecnologia e

know-how. Neste aspecto, deve-se e pode-se desenvolver condições e

características para se melhorar os impactos causados pela construção nos seus

arredores sem nenhuma necessidade de se importar processos, padrões ou

procedimentos de outros países. Deve-se sim, a exemplo do que acontece em

outras localidades exigir, desenvolver, analisar e implantar dispositivos que

incrementem a melhoria da qualidade de vida num aspecto mais amplo e irrestrito

da sociedade como um todo.

Assim, mantendo o padrão produtivo nacional já extremamente difundido e

arraigado em na cultura, além de muito similar a grande maioria dos processos

construtivos utilizados em boa parte do mundo, propõe-se por meio deste trabalho

a aplicação de alguns procedimentos para se minimizar o impacto ambiental direto

nos arredores da construção.

Listados os principais inconvenientes causados por obras nos arredores, e

constatados os agentes causadores destes fatores, incorre-se agora numa análise

das possíveis soluções de procedimentos, treinamentos e utilização dos

equipamentos, substituições, adequações, formas de aplicação e outras para se

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incrementar o ganho que se espera, a diminuição dos incômodos causados pelas

obras.

8.1 Controle da exposição ao ruído em canteiros de obras Com o objetivo de oferecer medidas para diminuição do ruído no canteiro de

obras, o presente trabalho reserva este capítulo para sugerir medidas gerais e

específicas de controle da exposição ao ruído, onde sistematicamente apresenta

algumas medidas de implantação na engenharia.

8.1.1 Controle na esfera da engenharia

Uma grande parte do ruído nos canteiros de obras pode ser atenuada ou

eliminada com medidas preventivas eficazes. Além disso, tais medidas podem ser

encaradas como um investimento, pois delas deriva um retorno financeiro graças à

melhoria de produtividade dos trabalhadores e uma melhor performance das

máquinas. Há, no entanto, muitos casos nos quais somente com a substituição da

máquina ou do processo ruidoso podem-se alcançar níveis aceitáveis nos

ambientes de trabalho.

O custo de diversas medidas de atenuação sonora depende do tipo de

medida adotada e do momento em que isso ocorre. Geralmente, adotar medidas

de controle depois da compra de máquinas ruidosas onera mais as empresas do

que quando elas optam por adquirir máquinas mais caras, em geral mais modernas

e silenciosas.

O controle da exposição ao ruído é um conjunto de medidas técnicas que

visa à atenuação ou a eliminação do ruído e de seus efeitos em determinado

ambiente. Essas medidas são aplicadas em um sistema formado pela fonte

geradora, pela trajetória do som e pelo receptor. Fonte é a parte do sistema que

produz a energia acústica. Pode ser um motor, o ar que flui através de uma

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tubulação ou os dentes de uma engrenagem. A trajetória compreende todos os

meios por onde o som pode propagar-se, como estruturas sólidas, meios líquidos e

gasosos. O terceiro componente do sistema, o receptor, é o próprio trabalhador ou

no caso do presente estudo o vizinho incomodado.

As medidas sobre a fonte sonora e sobre a trajetória do som são geralmente

mais eficientes, porém na maioria das vezes mais complexas e onerosas para a

empresa. Com freqüência são denominadas medidas de controle de engenharia e

consistem em ações baseadas em projeto que intervêm diretamente na máquina

ou no ambiente entre a fonte e o trabalhador ou vizinho.

8.2 Medidas prévias de controle de ruído para instalação do

canteiro de obras

As medidas prévias de controle de ruído são aquelas que, na instalação do

canteiro de obras, visam conseguir os menores níveis possíveis de ruído em todos

os ambientes de trabalho, bem como minimizar a exposição dos trabalhadores e

conseqüentemente diminuir o incomodo aos vizinhos do site da obra.

A construção civil caracteriza-se por uma dinâmica de instalação e

desinstalação de canteiros de obras com suas respectivas máquinas. Geralmente

essa prática não leva em conta o aumento do ruído gerado pela escolha, má

fixação e falta de manutenção de máquinas; pela seleção de métodos alternativos

de trabalho e pelo arranjo físico dos canteiros de obras.

Assim, antes mesmo da instalação do canteiro de obras, faz-se necessário

um estudo prévio dos fatores intervenientes no processo de geração de ruído, que

poderá ser realizado pelos projetistas ou engenheiros responsáveis pela obra, que

deverão adotar o princípio de máxima redução dos níveis sonoros gerados pelo

processo produtivo da Construção Civil considerando, pelo menos, os seguintes

itens:

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Especificação de máquinas e ferramentas: na compra de máquinas e

ferramentas, deve-se levar em conta os níveis de ruído por elas gerado. Por

isso, os responsáveis pela especificação e aquisição devem ser treinados e

compromissados para adquirir as que atendam não só às necessidades

técnicas e financeiras, como as que gerem os menores níveis sonoros;

Seleção de métodos: a diminuição do ruído também pode ser alcançada

com a seleção de novos métodos operacionais e materiais empregados. Um

trabalho ruidoso pode ocasionalmente ser substituído por outro mais

silencioso. Pode-se, por exemplo, utilizar concreto usinado em vez prepará-

lo no canteiro de obras;

Fixação das máquinas: as vibrações de uma máquina se transmitem para

sua base, o que aumenta o ruído gerado. Pode-se reduzir

consideravelmente esse ruído por sua instalação sobre amortecedores de

vibração fixados em base de inércia assentada sobre areia ou cortiça;

Manutenção das máquinas: as máquinas usadas e mal conservadas em

geral produzem ruído mais intenso que as novas ou bem conservadas;

conseqüentemente, as empresas deverão elaborar um programa de

manutenção de suas máquinas que adote princípios preventivos e/ou

preditivos, cuidando para que sejam realizadas as revisões diárias e

periódicas, bem como efetue os necessários reparos, lubrificações e

substituições de peças de máquinas desgastadas ou danificadas;

Arranjo físico: o arranjo físico no canteiro de obras é muito importante para

limitar o número de trabalhadores expostos ao ruído ou, pelo menos,

diminuir a dose diária de exposição de vários deles. Assim o posicionamento

de máquinas como betoneiras e policorte, a demarcação e limitação de

acesso às áreas onde se realizam tarefas ruidosas e o estabelecimento de

locais de armazenamento e outros, são alguns exemplos que podem fazer

parte de um arranjo físico adequado.

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8.3 Medidas gerais de controle de ruído para canteiros de obras

implantados

Medidas gerais de controle de ruído são as que ajudam o engenheiro na

tomada de decisão em relação às máquinas ou aos processos ruidosos cuja

solução não é óbvia ou conhecida. A redução do ruído na fonte ou na sua trajetória

são meios mais racionais de controle do que os aplicados sobre o trabalhador, mas

requerem projetos adequados de barreiras acústicas e modificações de máquinas e

processos. Como já citado, abrangem medidas tecnicamente complicadas e de

custo elevado, o que explica a dificuldade de empresários e fabricantes de

máquinas em implantá-las. Algumas medidas de caráter geral são:

Redução da intensidade da vibração por meio da manutenção do equilíbrio

dinâmico, da diminuição das forças que atuam na peça que vibra, da

redução do número de rotações por minuto e do aumento da duração do

ciclo de funcionamento;

redução da turbulência e velocidade dos fluidos em dutos;

substituição de equipamentos que causem impactos por outros que utilizem

forças progressivas;

transformação de movimentos alternativos em rotativos;

substituição de parada repentina por frenagem progressiva;

substituição de engrenagens de dentes retos por outras de dentes

helicoidais e substituição, quando possível, de metal por plástico ou outros

materiais;

instalação de elementos amortecedores nos pontos de contato entre a

máquina e a base;

elaboração de projeto, ou substituição de hélices apropriadas para

ventiladores.

É importante ressaltar que na existência de mais de uma fonte de ruído em

determinada área, deve-se controlar primeiro a fonte mais ruidosa para conseguir

uma redução eficaz do nível de ruído geral, daí a necessidade de se conhecer cada

fonte sonora presente nos ambientes de trabalho.

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O controle do ruído mediante a intervenção na trajetória, na Construção

Civil, é conseguido basicamente pelo enclausuramento parcial ou total da fonte e

consiste em criar uma barreira acústica para a trajetória de propagação do som,

sendo uma solução prática e viável para a redução de ruído de uma máquina já

instalada e em funcionamento. O enclausuramento total é feito criando um

invólucro em tomo da fonte, com somente pequenas aberturas para permitir a sua

ventilação, enquanto o parcial consiste na instalação de barreiras acústicas

revestidas ou não com materiais de absorção sonora. O material da estrutura do

invólucro e das barreiras deve ser de alta densidade e ter dimensões apropriadas

para dissipar as ondas sonoras através de suas reflexões nas paredes internas do

invólucro, ou evitar a transmissão do som pelas barreiras.

Por outro lado, o material de revestimento tem de ser leve e de poros

fechados para proporcionar uma boa absorção acústica. A eficiência de um

enclausuramento depende de quatro fatores principais: o volume do invólucro, o

número de aberturas necessárias para entrada de ar de refrigeração e inspeção, o

tipo de parede (simples, dupla, composta etc.) que determina a perda de

transmissão das paredes e o revestimento interno responsável pela energia sonora

absorvida dentro do invólucro. Além disso, é necessária uma parede de medidas

suplementares, como vedação do invólucro, isolamento da fonte por meio de

materiais resilientes ou coxins e montagem adequada do equipamento.

O apêndice D apresenta algumas figuras para o ambiente de

enclausuramento, demonstrando possíveis soluções para mitigação dos ruídos.

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8.4 Propostas gerais de controle de ruído para os principais

equipamentos utilizados nos canteiros de obras implantados

1 Martelete - 98 dB

O Martelete tem uma emissão de 98 dB a dez metros de distância. Este

material é um equipamento de desmonte de partes sólidas (concreto basicamente

mas podendo ser aplicado para pavimentos asfálticos, além de outras aplicações

esporádicas). O princípio de seu funcionamento está baseado na projeção com

certa força gerada por ar ou motor elétrico de uma massa para impactar a peça a

ser desmontada.

O ruído gerado por este equipamento trata-se de um ruído de impacto

gerado pela ponteira metálica e o concreto impactado, outro fator interveniente

quando acionado por compressor de ar gera a emissão de ruído ocasionado pela

utilização do compressor que hoje encontra-se resolvida pela aplicação de

abafadores nos motores dos compressores; quando acionados por motores

elétricos as emissões destes motores não atingem valores maiores que 55 dB.

Então o ruído é efetivamente gerado pelo impacto de partes duras entre

ponteira da máquina e peça a ser demolida o que não pode ser modificado no

processo.

A solução proposta para a diminuição do ruído emitido para os arredores é a

aplicação de uma campânula de trabalho que se trata de uma cabine de dimensões

apropriadas para a realização dos trabalhos fabricada com material específico para

a contenção e absorção do ruído emitido em seu interior, esta cabine deve ser de

fácil montagem e desmontagem com armação tubular em sua estrutura e revestida

com material resistente fisicamente e acusticamente para o bom desenvolvimento

dos trabalhos.

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2 Serra Circular - 95 dB

Trata-se de um equipamento presente em cem por cento dos canteiros de

obras de construção civil no Brasil e apresenta um uso constante para a usinagem

dos mais diversos tipos de madeiras presentes nas fôrmas para a execução de

concretagens e permanece na obra de seu início a seu final sendo utilizado

continuamente e responsável pela maioria das reclamações sobre ruídos emitidos

nas obras, seu uso é praticamente continuo em maior ou menor intensidade ao

longo do desenvolvimento dos serviços da obra.

Trata-se de um equipamento que funciona acionado por um motor elétrico

fixado em uma bancada e transmite seu movimento de rotação por meio de uma

correia para um mancal onde é fixada uma lâmina de serra de aço de forma circular

composta por dentes endurecidos termicamente. A alta rotação do motor

transmitida para a serra e seu movimento circular permite o corte das madeiras pro

impacto e velocidade funcionando verdadeiramente como uma lâmina.

Também existem equipamentos portáteis que são utilizados mais raramente

nos canteiros, mas na maioria deles o setor de serragem é centralizado e poucos

funcionários tem acesso devido ao perigo na utilização deste equipamento. É um

ambiente restrito pela própria engenharia de segurança do trabalho e somente

funcionários habilitados podem acessar o local.

Como já existe a restrição de acesso e utilização deste equipamento seria

muito proveitoso em todos os aspectos que a serra circular se encontra-se em um

ambiente fechado o que já é exigido pela NR-18, por motivo de segurança dos

operários da construção.

Assim já fica mais fácil a implantação de uma área acusticamente tratada ao

redor da serra circular central, esta área deverá ser fechada com portas e janelas

que propiciem uma ventilação e iluminação apropriadas ao desenvolvimento dos

trabalhos a serem realizados, a porta deve apresentar dispositivo de fechamento

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automático (mola) para que os ruídos gerados no interior deste setor não se

dispersem pela obra e seus arredores.

A implantação de coxins devidamente dimensionados no motor e no mancal

do equipamento também auxiliaria na emissão de ruídos por vibração.

3 Caminhão Bomba - 92 db

Trata-se de um caminhão comum de mercado equipado com motor diesel e

munido de uma bomba hidráulica de pistão que é acionada pelo motor do próprio

caminhão. Em alguns modelos o motor da bomba que também é diesel é separado

do propulsor do caminhão, a bomba hidráulica aciona êmbolos (pistões hidráulicos)

que empurram o concreto, devidamente dosado por uma tubulação metálica até o

local de aplicação.

Este equipamento é utilizado na obra nas concretagens dos pavimentos

(lajes, vigas e pilares) e seu uso varia de semanal a quinzenal.

Dois ruídos são originados por este equipamento, o primeiro e mais contínuo

é originado na aceleração do motor diesel que impulsiona a bomba e funciona a

rotações elevadas e o segundo vem do tranco que o pistão faz com o concreto,

este não tão elevado quanto o do motor.

A solução prioritária consiste no tratamento do ruído gerado pelo motor

diesel e reside basicamente no tratamento por meio da implantação de

absorvedores acústicos no habitáculo do motor assim como a disposição de novos

e maiores silenciadores de ruído no cano de escapamento dos gases do motor;

estas disposições estão mais ligadas a indústria automobilística do que a própria

obra em sí.

A nível de canteiro de obras caberá ao administrador do canteiro gerenciar

nas datas de concretagem, a correta disposição dos caminhões, de preferência

internamente ao canteiro, seu correto estacionamento e orientar os motoristas a

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manterem seus motores em marcha lenta para diminuir a emissão de incômodos

(ruído, fumaça).

4 Policorte - 89 dB;

Este equipamento é muito similar a serra circular, parte do mesmo princípio

de corte por alta rotação tendo seu acionamento feito por meio de um motor

elétrico que transmite sua rotação para um mancal que está equipado com um

rebolo de corte para executar cortes em metais, basicamente o aço utilizado nas

armações do concreto armado.

É empregado no canteiro de obra durante toda a fase de estrutura.

Também deve estar disposto em ambiente separado por motivos de

engenharia de segurança do trabalho e tem seu acesso restrito aos funcionários

habilitados para seu uso.

Sendo assim, a solução para minimizar o impacto nos arredores da obra

neste equipamento será a implantação de uma área acusticamente tratada ao

redor da policorte, esta área deverá ser fechada com portas e janelas que

propiciem uma ventilação e iluminação apropriadas ao desenvolvimento dos

trabalhos a serem realizados, a porta deve apresentar dispositivo de fechamento

automático (mola) para que os ruídos gerados no interior deste setor não se

dispersem pela obra e seus arredores.

A implantação de coxins devidamente dimensionados no motor e no mancal

do equipamento também auxiliaria na emissão de ruídos por vibração.

5 Vibrador - 89 dB

Equipamento acionado por um motor elétrico que transfere o movimento de

rotação originado no motor a um mangote de aço flexível e excêntrico em sua

ponta, criando um movimento de vibração no mangote.

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Este equipamento é utilizado em toda a fase estrutural da construção nos

eventos de concretagem e pelo ruído de vibração que causa cria o incômodo.

A solução está no desenvolvimento e adoção de novos equipamentos que

funcionariam em freqüências diferentes, emitindo menos ruídos no seu uso, isto

deve ser feito em parceria com os fabricantes e fornecedores destes

equipamentos.

6 Caminhão Betoneira - 88 dB

Utilizado nas concretagens realizadas durante todo período de obra, trata-se

de um caminhão comum de mercado equipado com motor diesel e munido de um

cilindro de aço na sua parte posterior, onde o concreto é misturado sendo acionado

pelo motor do próprio caminhão, o concreto devidamente dosado gira neste cilindro

e é misturado pela existência de espirais dentro do cilindro.

Este equipamento é utilizado na obra nas concretagens dos pavimentos

(lajes, vigas e pilares) e seu uso varia de semanal a quinzenal.

Os ruídos originados por este equipamento são, a aceleração do motor

diesel que impulsiona o veículo e sua bomba hidráulica funcionando a rotações

elevadas e o movimento da massa de concreto dentro do cilindro.

A solução prioritária consiste no tratamento do ruído gerado pelo motor

diesel e reside basicamente no tratamento por meio da implantação de

absorvedores acústicos no habitáculo do motor assim como a disposição de novos

e maiores silenciadores de ruído no cano de escapamento dos gases do motor;

estas disposições estão mais ligadas a indústria automobilística do que a própria

obra em sí.

A nível de canteiro de obras caberá ao administrador do canteiro gerenciar

nas datas de concretagem, a correta disposição dos caminhões, de preferência

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internamente ao canteiro, seu correto estacionamento e orientar os motoristas a

manterem seus motores em marcha lenta para diminuir a emissão de incômodos

(ruído, fumaça).

7 Pistola Finca Pinos - 82 dB

Equipamento acionado a fogo, trata-se basicamente de um revólver que tem

espoletas de pólvora e serve para fixar pinos de aço na estrutura de concreto para

a amarração de tubulações das mais diversas instalações que são feitas nas

construções.

Utiliza-se tal equipamento na fase de instalações da obra, é um equipamento

de uso restrito a funcionários habilitados e causa ruído de impacto.

A solução para a minimização do ruído causado por este equipamento está

na obrigatoriedade da adoção de equipamentos de baixa emissão de ruídos, que já

dispõe de um abafador para o acionamento da espoleta (pistola finca pinos HILT),

ou da adoção de novas formas de fixação tipo feitas por furadeiras que já

apresentam uma emissão menor de ruídos (10 dB menor)

8 Serra Mármore - 81 dB

Equipamento empregado nos acabamentos para a execução de cortes em

cerâmicas diversas (tijolos, pisos, azulejos, telhas), trata-se de um equipamento

portátil que corta as peças por atrito realizando movimento de alta rotação por meio

de um disco diamantado, gerando um ruído de alta rotação e também muito pó.

O problema em questão é o ruído que na fase em que se emprega este

equipamento pode ser evitado confinando-se o trabalhador ao ambiente no qual

está desenvolvendo seus serviços, mas a grande quantidade de pó que este

equipamento gera faz com que os operários abram portas e janelas para a

ventilação do ambiente, daí ocasionando a dispersão do ruído.

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A solução que se propõe para este problema é o confinamento do

trabalhador junto com o equipamento no local de trabalho, mantendo as portas e

janelas fechadas e a execução dos serviços com corte a água que evitará o

surgimento de pó, aumentará a vida útil do disco de corte e evitará a propagação

do ruído.

9 Caminhão Basculante - 78 dB

Utilizado principalmente durante os serviços de terraplanagem para retirada

de terra do terreno no qual se implantará a obra. Trata-se de um caminhão comum

de mercado equipado com motor diesel e munido de uma bomba hidráulica de

pistão que é acionada pelo motor do próprio caminhão para a elevação da

caçamba de aço que carrega a terra.

Dois ruídos são originados por este equipamento, o primeiro e mais contínuo

é originado na aceleração do motor diesel que impulsiona a bomba e funciona a

rotações elevadas e o segundo vem do tranco que a tampa da caçamba faz

quando descarrega a carga de terra do caminhão, este último não tão elevado

quanto o do motor.

A solução prioritária consiste no tratamento do ruído gerado pelo motor

diesel e reside basicamente no tratamento por meio da implantação de

absorvedores acústicos no habitáculo do motor assim como a disposição de novos

e maiores silenciadores de ruído no cano de escapamento dos gases do motor;

estas disposições estão mais ligadas a indústria automobilística do que a própria

obra em sí.

A nível de canteiro de obras caberá ao administrador do canteiro gerenciar

nas datas de concretagem, a correta disposição dos caminhões, de preferência

internamente ao canteiro, seu correto estacionamento e orientar os motoristas a

manterem seus motores em marcha lenta para diminuir a emissão de incômodos

(ruído, fumaça).

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10 Furadeira - 72 dB

Equipamento elétrico rotativo e axial, podendo funcionar simplesmente a

rotação no caso de se estar trabalhando com materiais (madeira e metal) ou com

rotação associada a impactos quando se está trabalhando a execução de furos no

concreto.

Utilizado em todo decorrer da execução da obra (montagem de formas) até a

fase do acabamento (furos em concreto). Quando a emissão foi medida, os ruídos

foram causados por rotação mais impacto.

A proposta para a solução do problema consiste no treinamento e

qualificação dos operadores para que na realização dos trabalhos, os façam com

os ambientes fechados para evitar a dispersão dos ruídos causados para os

arredores ou executem os serviços dentro de uma campânula de trabalho que se

trata de uma cabine de dimensões apropriadas para a realização dos trabalhos.

Fabricada com material específico para a contenção e absorção do ruído emitido

em seu interior, esta cabine deve ser de fácil montagem e desmontagem com

armação tubular em sua estrutura e revestida com material resistente fisicamente e

acusticamente para o bom desenvolvimento dos trabalhos.

11 Betoneira - 68 dB

Utilizada durante toda a obra para a mistura de massas, argamassas e

concretos, é um equipamento movido a motor elétrico que roda um cilindro cônico

disposto de pás internas.

Seu maior ruído é devido a transferência do torque do motor para uma

engrenagem cremalheira de dentes retos e sem lubrificação de passo variável,

para que não haja segregação do material misturado.

A solução consiste na implementação de um novo sistema de transferência

de torque por meio da instalação de uma caixa de câmbio com lubrificação

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permanente ou até a implantação de um sistema com engrenagens de dentes

cônicos e lubrificação permanente.

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9 BARREIRAS À IMPLANTAÇÃO DE PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

9.1 Investimentos

A implementação de um programa de sustentabilidade do meio ambiente ou

de estratégias isoladas, normalmente requer algum investimento financeiro. Este

tipo de projeto precisa ser justificado economicamente e está sujeito à

disponibilidade de capital. No entanto, muitas vezes os relatórios de justificativa dos

projetos envolvendo as práticas de preservação do meio ambiente podem não

reconhecer ganhos embutidos que o projeto pode conceder à companhia e as

reduções orçamentárias futuras.

9.1.1 O custo dos investimentos

Neste tópico será estimado um custo monetário para o desenvolvimento e

implantação das ferramentas propostas para a diminuição do impacto causado pelo

ruído nos arredores de obras de construção civil.

Assim para:

Martelete

Desenvolvimento de uma campânula acústica de contenção de ruídos.

1. Contratação de um consultor especializado em acústica para estudar o

problema, as freqüências geradas e que devem ser atenuadas.

Estimativa de 120 horas para o estudo e desenvolvimento de proposta a

R$ 500,00 a hora tem-se o valor total de R$ 60.000,00

2. Contratação de um consultor especializado em estruturas leves e

desmontáveis para desenvolver uma cabana leve e fácil de ser montada

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e transportada. Estimativa de 40 horas a R$ 500,00 a hora, tem-se o

valor de R$ 20.000,00 .

3. Construção de um protótipo, testes e adaptações, material e Mão de

obra, R$ 20.000,00

Total para o desenvolvimento da campânula : R$ 100.000,00

Serra circular, Policorte, Betoneira

Análise para estudo e desenvolvimento de sala especial com tratamento

acústico e ventilação para a disposição e utilização destes equipamentos em obra.

1. Contratação de um consultor especializado em acústica para estudar o

problema, as freqüências geradas e que devem ser atenuadas. Estimativa

de 80 horas para o estudo e desenvolvimento de proposta a R$ 500,00 a

hora tem-se o valor total de R$ 40.000,00

2. Contratação de um consultor especializado em ventilação para estudar o

problema, as quantidades de ar que devem ser trocadas para propiciar

conforto acústico aos operários que manipulam as maquinas.Estimativa de

20 horas para o estudo e desenvolvimento de proposta a R$ 500,00 a hora

tem-se o valor total de R$ 10.000,00

3. Construção de um protótipo, testes e adaptações, material e Mão de obra,R$

20.000,00

Total para a execução destes espaços : R$ 70.000,00

Caminhão Basculante, Caminhão Bomba e Caminhão Betoneira

1. Desenvolvimento na área industrial automobilística a nível de montadoras de

implantação e execução de abafadores acústicos a serem instalados nos

compartimentos dos motores dos caminhões. Estimativa de custo R$

200.000,00

2. Desenvolvimento na área industrial automobilística a nível de montadoras de

implantação e execução de abafadores acústicos a serem instalados nos

escapamentos dos motores dos caminhões. Estimativa de custo R$

100.000,00

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Total para a implementação destes dispositivos R$ 300.000,00

Furadeira, Serra Mármore, Pistola Finca Pinos, Vibrador

Desenvolvimento com equipe multidisciplinar de profissionais de treinamento

específico para cada equipamento e funcionário, qualificando e conscientizando a

equipe para a utilização devida dos equipamentos com a menor emissão de ruído

possível. Estimativa de custos.

1. Contratação de profissional consultor acústico, estimativa de trabalho 100

horas a R$ 500,00 a hora Total de R$ 50.000,00

2. Contratação de profissional consultor em pedagogia, estimativa de

trabalho 100 horas a R$ 500,00 a hora Total de R$ 50.000,00

3. Contratação de profissional consultor de treinamento (professor),

estimativa de trabalho 100 horas a R$ 500,00 reais a hora Total de R$

50.000,00

4. Total para o desenvolvimento e treinamento destes funcionários

R$150.000,00

9.1.1 O ganho dos investimentos

Os custos acima apresentados parecem em um primeiro momento

proibitivos para sua implantação, mas o ganho que se terá da imagem institucional

das empresas, a não suscetibilidade de autuação e multas por parte dos órgãos

competentes e o bem estar geral conseguido com a implantação destes

dispositivos incrementarão um ganho significativo na qualidade de vida do canteiro

de obra como um todo e nos arredores da construção, evitando a dissipação de

energia com correrias e adaptações de última hora.

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9.2 Legislação A mudança de um processo, a substituição de um método construtivo ou a

modificação de um material pode requerer a obtenção de uma nova licença

ambiental ou outro tipo de aprovação por parte dos órgãos ambientais. Tais

procedimentos levam tempo e são onerosos, o que acaba por inibir iniciativas de

prevenção aos impactos sobre o meio ambiente.

9.3 Comprometimento da produção

A implementação de qualquer medida visando à melhoria ambiental é

frequentemente vista pela indústria como uma medida que lhes roubará tempo,

dinheiro e mão-de-obra. As metas precisam ser alcançadas e são para eles

prioridade. Deste modo, para que um projeto de redução da poluição seja

implementado, é preciso que todos os funcionários sejam esclarecidos sobre os

objetivos e benefícios que o programa irá obter, não só para o meio ambiente, mas

também para os resultados da produção. Normalmente, os preconceitos acabam

quando todos os funcionários (em todos os níveis) estão envolvidos no projeto e

têm a oportunidade de participar ativamente nos processos de tomada de decisão.

9.4 Disponibilidade de tempo e capacitação técnica De maneira geral, as fases de planejamento, avaliação e implementação de

práticas de prevenção aos impactos ambientais implicam na paralisação da

produção (ou parte dela) ou na mobilização de funcionários para a execução das

tarefas relacionadas a este novo projeto, e isto demanda um tempo que nem

sempre existe. Também é necessário um corpo de funcionários tecnicamente

capacitados (ou treinados especialmente para executar as tarefas relacionadas a

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estes projetos), o que significa retirar funcionários de suas funções originais no

processo produtivo, o que nem sempre é possível.

Uma série de estudos conduzidos no Departamento de Meio Ambiente do

Ministério do Trabalho avalia a transferência de riscos para os trabalhadores ao se

implantar estratégias de produção mais limpa e prevenção dos impactos ao meio

ambiente.

A transferência de riscos para o ambiente de trabalho ocorre porque em

alguns casos são feitas modificações nos processos produtivos, rotinas

operacionais ou substituição das matérias-primas considerando-se apenas os

aspectos de melhoria da qualidade ambiental, de forma pontual, e sem considerar

o ambiente do trabalhador; este fato ocorre principalmente porque, de maneira

geral, o controle da poluição ambiental está dissociado do controle de riscos no

ambiente de trabalho.

É necessário fazer uma avaliação dos impactos no ambiente de trabalho.

Segundo o método proposto pelo Departamento de Meio Ambiente do Trabalho,

antes de se modificar, substituir ou mesmo banir um processo construtivo, devem

ser examinados os seguintes aspectos:

função e propósito do processo em questão;

identificação de alternativas disponíveis;

avaliação dos efeitos das alternativas na saúde dos trabalhadores:

efeitos respiratórios, reprodutivos, cardíacos, hepáticos e dérmicos,

entre outros;

riscos físicos: calor, ruído e vibração, entre outros;

riscos ergonômicos e psicológicos: esforço repetitivo, postura, stress

e limitação social, entre outros.

efeitos nas habilidades (estimulantes ou “estupidificantes”);

efeitos na comunidade e na saúde pública;

efeitos econômicos;

efeitos internacionais.

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Existem algumas barreiras à integração do meio ambiente e da saúde e

segurança ocupacional, tais como:

falta de treinamento adequado dos fornecedores de assistência técnica em

saúde e segurança no trabalho;

o fato de os equipamentos de proteção individual continuarem sendo vistos

como a melhor solução para a proteção do trabalhador;

a pressuposição de que as novas substâncias e tecnologias (pelo fato de

serem novas) são seguras para os trabalhadores;

a falta de informações sobre os impactos dos novos substitutos e

tecnologias na saúde do trabalhador;

o foco na conformidade ambiental, que não considera explicitamente o

ambiente de trabalho; e,

a coordenação e comunicação insatisfatórias entre as agências ambientais e

de saúde e segurança do trabalho.

Para que haja uma harmonização das estratégias de proteção da qualidade

ambiental e de proteção da saúde humana, deve haver o diálogo e a ação

concentrada por parte de todos os envolvidos no gerenciamento de riscos

ambientais e de riscos à saúde, e em todos os níveis de atividade.

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10 CONCLUSÃO

No decorrer da elaboração do presente trabalho, constatou-se que o ruído

gerado pelas obras de construção civil é um dos principais incômodos, implicando

em um impacto ambiental direto no entorno destes sítios, de acordo com a

pesquisa aplicada em pessoas residentes de alguns bairros de classe média da

cidade.

Com as doze fichas técnicas elaboradas verificou-se que alguns

equipamentos utilizados nas obras são os potenciais e principais emissores de

ruído e que afetam a saúde e o bem estar de todos que os cercam.

Com a verificação deste potencial de incômodo, propõe-se ferramentas para

a diminuição dos impactos, como forma de ganho ambiental para a indústria da

construção. Levantaram-se as barreiras a serem enfrentadas para a implantação

dos ganhos propostos e melhoria da qualidade de vida na cidade, mesmo com o

crescimento contínuo e desordenado desta.

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11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A concepção de que a indústria da construção civil se resume à execução da

obra, limitando essa indústria ao interior dos tapumes, e de que os impactos

ambientais gerados por ela se resumem na geração de entulho, não garantem o

sucesso dos empreendimentos.

Há que se buscar meios de se executar construções enxutas, capazes de

promover a redução global dos desperdícios, por meio de uma série de operações

e fluxos para a conversão dos insumos em produto acabado de forma contínua,

otimizando a cadeia de suprimentos da construção civil.

As construções devem ser sustentáveis, ou seja, devem ter uma série de

estratégias de utilização do solo, projeto arquitetônico e construção em si, que

reduzam o impacto ambiental, tendo como benefício o menor consumo de energia,

a proteção dos ecossistemas e mais saúde para os ocupantes.

Esse tipo de produção deverá se preocupar com o âmbito ecológico da

sustentabilidade, podendo-se admitir que na prática seja possível aplicar as

técnicas nos limites da obra e ao mesmo tempo favorecer o desperdício e a

degradação do meio ambiente fora dos limites do empreendimento. Por outro lado,

será possível construir de maneira ecológica, e, ao mesmo tempo, gerar enormes

desperdícios ocasionados pela falta de consciência de que as filosofias de

produção agem sobre os processos e não sobre os produtos.

Tal paradoxo revela a ação de diferentes níveis de realidade sobre a

construção civil, ou seja, faz-se necessário extrapolar o mero conceito de

multidisciplinaridade, bem como buscar a transferência de métodos de uma

disciplina a outra, como prega a interdisciplinaridade, de modo a formular uma nova

realidade de construção que seja simultaneamente enxuta e sustentável. A

apropriação desses conceitos gera uma extensão na cadeia de valor da

Construção Civil, associando a cada fase, a sua responsabilidade com os impactos

ambientais.

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Sendo assim, algumas atitudes de estruturação e organização podem ser

aplicadas, inicialmente, em um canteiro de obras a fim de diminuir estes impactos:

Execução de levantamento topográfico planialtimétrico detalhado do terreno

com cadastramento do patrimônio arbóreo;

inserção urbana do terreno na malha viária, considerando os vetores de

tráfego, fluxo de trânsito, horários de pico, áreas de estacionamento, carga e

descarga;

verificação da malha urbana ao redor do sítio da construção e tipos de

ocupação (residencial, comercial, industrial, mista) e distâncias concêntricas

ao local;

disposição das instalações do canteiro de modo a propiciar menor impacto

na disposição da vegetação existente e de forma a interferir o mínimo

possível na malha urbana dos arredores;

implantação de uma logística no canteiro por meio de treinamentos para se

racionalizar o uso e aplicação dos materiais e instalações;

fracionamento das entregas de produtos em veículos menores e em fases

próximas a aplicação nos locais;

evitar entregas centralizadas e em grandes volumes;

acertar com os fornecedores a alocação de menor número de funcionários

ao longo de toda execução da obra;

prever criteriosamente as ampliações necessárias nas diversas fases da

obra a serem implantadas.

É certo que para haver uma harmonização das estratégias de proteção da

qualidade ambiental e de proteção da saúde humana, deve haver o diálogo e a

ação concentrada por parte de todos os envolvidos no gerenciamento de riscos

ambientais e de riscos à saúde, e em todos os níveis de atividade. Porém, por

menor que seja a estratégia, muitos impactos serão minimizados. Além de todos os

parâmetros de engenharia para a execução do empreendimento devem ser

observados os novos parâmetros de eficiência ambiental no desenvolvimento do

projeto.

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APÊNDICE

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Apêndice A - Questionário

Pesquisa dos incômodos gerados pelas obras

NOME :__________________________________ IDADE:__________

BAIRRO:_________________________________

NO DECORRER DO NOSSO DIA A DIA, DESENVOLVEMOS DIVERSAS ATIVIDADES

QUE POR VEZES SOFREM INTERFERÊNCIAS TRANSFORMANDO-SE EM INCÔMODOS.

DESTES INCÔMODOS, VÁRIOS SÃO GERADOS POR OBRAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

ESTA PESQUISA PRETENDE LISTAR QUAIS SÃO OS INCÔMODOS GERADOS PELA

CONSTRUÇÃO PARA PROPOR SOLUÇÕES QUE MINIMIZEM OS TRANSTORNOS GERADOS.

PARA ISTO LISTAMOS UMA SÉRIE DE INCÔMODOS DECORRENTES DA

CONSTRUÇÃO CIVIL. SOLICITAMOS O PREENCHIMENTO DESTA PESQUISA DA SEGUINTE

FORMA:

SE O ITEM LISTADO NÃO CAUSA INCÔMODO DAR NOTA 0 (ZERO)

SE O ITEM CAUSA BAIXO INCÔMODO NOTA 1 (UM)

SE O ITEM CAUSA MÉDIO INCÔMODO NOTA 2 (DOIS)

SE O ITEM CAUSA ALTO INCÔMODO NOTA 3 (TRÊS)

SE O ITEM CAUSA ALTÍSSIMO INCÔMODO NOTA 4 (QUATRO)

SE O ITEM É INSUPORTÁVEL NOTA 5 (CINCO)

RUÍDO

LAMA

VIBRAÇÕES

IMPACTOS

RECALQUES

QUEDAS DE OBJETOS

TRÂNSITO

ESTACIONAMENTO IRREGULAR

INFESTAÇÃO DE INSETOS

ODORES E VAPORES

OUTROS_____________

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Apêndice B – Tabulação dos dados da pesquisa por bairro

Apresentação dos dados da pesquisa por bairro, revelando os incômodos

relatados pelos pesquisados.

Tabela 06: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Moema

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 3 2 0 3 1 0 1 1 2 0 0 2 4 3 1 2 0 0 2 2 2 1 1 1 3 2 2 1 4 0 1 2 0 3 1 1 4 5 4 1 3 0 2 2 0 2 0 0 5 3 2 2 3 1 3 2 1 2 0 1 0 6 4 3 3 3 2 3 2 2 0 2 0 7 2 4 2 3 3 4 3 3 1 0 8 5 4 2 3 1 2 2 3 1 1 9 4 5 2 2 2 2 1 2 2 0 10 5 3 0 2 2 3 1 2 3 2 1 2 11 3 2 0 2 1 1 2 2 2 1 0 0 12 4 3 0 2 1 2 2 1 2 1 2 0 13 4 4 0 3 3 1 2 0 1 0 14 5 3 1 1 2 1 3 3 1 0 15 3 3 2 1 1 1 2 2 2 1 0 16 4 3 1 1 0 0 1 1 2 1 1 17 2 4 1 1 0 0 2 2 3 2 2 0 18 3 2 1 0 0 0 2 3 2 2 1 19 4 5 2 0 1 0 3 2 1 2 0 20 5 4 3 0 2 0 2 1 0 1 21 5 3 2 3 3 1 1 2 0 22 5 3 2 2 2 2 2 1 0 0 1 23 4 4 2 3 3 2 1 2 2 0 24 3 4 2 4 2 2 1 1 2 1 25 4 3 1 3 1 1 1 2 2 1 3 26 5 3 1 3 1 1 2 1 0 1 27 4 2 1 2 1 1 2 1 3 0 28 4 2 1 2 1 1 2 3 1 4 2 29 4 2 1 1 2 2 2 2 1 1 30 4 3 2 1 3 2 1 2 2 0 1

Média 3,87 3,13 1,33 2,10 1,34 1,40 1,77 1,79 1,81 0,96 0,96 0,50 D. Padrão 0,94 0,90 0,84 1,12 0,97 1,10 0,59 0,83 0,74 1,06 0,81 0,76 Moema 116 94 40 63 39 42 46 50 49 24 23 7

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros. Tabela 07: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Pompéia

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 2 3 1 1 2 0 2 3 2 0 0 2 3 1 1 2 1 1 3 2 1 1 0 3 2 0 0 1 0 2 1 3 2 1 4 1 0 2 2 1 1 3 2 0 1 1 5 3 3 1 2 0 2 1 2 0 1 6 2 4 1 0 1 2 0 0 3 0 2 7 1 2 0 0 2 0 2 0 1 0 8 2 1 1 0 0 0 1 1 0 0 9 3 0 2 1 0 0 2 0 2 0 0

10 4 2 0 1 3 1 1 0 0 11 5 1 1 2 0 1 1 2 1 0 2 12 5 2 0 0 1 0 2 2 1 0 1 13 5 3 0 1 2 2 3 3 3 0 1 14 5 1 0 2 1 1 0 2 0 1 1 15 4 4 0 2 2 1 2 1 1 2 16 2 2 1 3 3 2 3 1 1 1 0 2 17 3 2 1 1 2 2 1 0 0 18 1 1 1 1 3 1 3 0 0 19 3 1 0 2 3 1 0 0 20 4 2 0 3 2 2 2 0 0 1 21 3 4 0 2 2 1 2 3 1 0 1 22 2 2 2 1 1 1 0 1 1 2 0 1 23 3 3 1 0 0 2 1 0 1 24 4 1 1 1 1 0 0 1 1 0 2 25 3 2 2 1 0 1 2 2 2 1 1 26 3 3 0 2 3 2 2 2 27 2 2 0 1 1 2 3 2 1 28 1 1 0 1 0 2 1 4 2 1 0 29 2 2 1 1 3 1 3 1 0 1 30 3 3 1 2 0 2 2 3 0 0

Média 2,87 1,96 0,86 1,16 1,39 1,03 1,32 1,86 1,60 0,80 0,52 0,80 D. Padrão 1,22 1,26 0,73 0,90 0,78 1,05 0,98 1,09 0,81 0,91 0,71 0,70 Pompéia 86 48 18 29 32 30 37 54 48 20 13 16

Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

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Tabela 08: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Vila Mariana

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 3 2 2 3 1 1 0 2 0 1 1 2 5 3 3 2 0 0 0 1 0 0 1 3 4 4 2 1 0 1 0 1 2 1 0 1 4 3 2 1 0 3 3 3 2 2 2 5 3 1 0 4 2 4 3 3 0 1 0 6 4 0 0 2 0 2 3 2 2 1 7 5 2 2 3 1 1 1 2 1 1 0 8 4 3 3 3 0 2 0 2 1 1 1 9 4 4 1 3 3 2 2 0 1 2 10 4 4 2 1 1 1 2 1 11 3 4 1 3 2 3 2 2 12 5 4 2 4 0 1 1 2 13 3 2 2 2 2 1 0 1 2 1 14 2 3 2 2 2 3 1 1 0 0 15 1 2 3 2 3 3 1 3 1 0 16 4 1 4 1 1 1 2 1 0 17 4 3 2 2 2 0 1 0 18 4 2 2 1 0 1 0 3 1 2 0 19 4 2 3 0 0 1 1 3 2 2 2 0 20 1 3 1 0 0 1 3 2 3 2 1 0 21 3 1 2 3 0 2 2 2 0 1 0 22 2 4 1 4 1 0 0 2 2 0 23 4 1 1 2 1 1 1 2 0 2 24 3 2 1 1 2 1 2 2 1 0 0 2 25 4 1 0 0 1 0 3 1 1 0 26 1 1 0 1 2 1 1 0 27 2 1 3 0 0 1 3 2 1 28 2 0 2 0 0 1 1 2 2 1 1 29 5 0 2 2 2 0 1 0 1 30 3 1 1 3 1 1 2 1 1 1

Média 3,30 2,03 1,83 1,79 1,17 1,29 1,48 1,62 1,66 0,88 0,92 0,73 D. Padrão 1,18 1,27 1,03 1,32 1,15 1,15 1,12 0,90 0,86 0,78 0,80 0,70

Vila Mariana 99 59 42 43 27 36 37 42 48 22 24 11 Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

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Tabela 09: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Perdizes

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 3 3 1 2 2 1 2 3 3 1 0 2 2 2 2 2 2 1 2 2 1 2 0 3 3 1 1 1 0 1 2 1 2 1 0 4 1 2 1 0 1 2 0 2 3 0 5 5 1 3 0 1 2 1 1 2 6 4 2 2 0 1 0 2 1 2 1 1 7 5 3 1 0 1 0 2 3 1 3 1 8 3 2 0 1 1 1 1 3 2 1 2 9 2 1 0 3 2 4 2 10 5 2 0 2 2 1 11 1 2 0 1 0 0 5 1 12 4 3 1 1 0 4 1 0 1 1 13 3 1 2 2 0 1 2 4 0 0 2 2 14 4 3 0 3 2 2 1 4 1 1 2 1 15 2 2 2 1 1 2 1 3 2 2 1 2 16 3 4 1 2 1 2 3 1 1 1 17 5 3 1 0 2 1 1 2 2 3 3 1 18 4 2 3 0 1 2 1 2 2 2 1 19 3 3 0 4 0 1 2 1 3 20 3 1 1 1 3 0 2 1 2 2 21 4 1 0 2 5 0 1 1 3 1 1 0 22 5 1 0 3 0 0 2 0 2 23 4 2 2 2 0 1 1 0 24 4 3 2 1 1 1 1 1 2 2 2 25 4 2 1 4 2 0 2 1 1 1 1 26 3 3 1 0 1 2 3 27 5 1 1 2 2 2 0 2 1 2 1 28 3 2 2 3 2 1 0 0 1 2 29 2 3 1 2 1 2 1 1 1 30 1 2 1 0 1 1 1 3 1 1 1

Média 3,33 2,07 1,09 1,39 1,67 0,90 1,08 2,27 1,38 1,52 1,57 0,89 D. Padrão 1,24 0,84 0,85 1,07 1,30 0,77 0,72 1,28 0,82 0,92 0,66 0,76 Perdizes 100 60 25 39 45 19 26 59 40 38 36 16

Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

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Tabela 10: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Ipiranga

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 5 2 1 2 3 0 1 1 1 0 2 4 2 2 4 2 1 0 3 1 1 3 4 2 0 2 2 3 2 0 0 4 1 0 4 4 3 0 3 2 1 3 0 0 2 0 5 3 2 0 1 3 2 1 0 2 1 6 5 1 0 4 1 1 2 0 3 3 2 7 3 4 0 3 2 1 3 1 4 1 8 2 3 0 3 1 1 2 2 2 2 2 9 1 2 2 1 0 1 1 2 1 1 1 10 1 1 1 1 0 3 3 1 11 2 3 0 2 1 1 1 12 3 2 3 0 0 1 1 0 2 0 1 13 2 2 2 0 4 0 1 0 2 0 14 3 2 2 0 1 1 2 0 1 15 1 1 1 0 1 3 2 1 1 2 16 5 3 1 2 3 2 0 3 2 17 4 2 1 1 1 3 0 2 1 18 5 1 2 3 1 2 3 2 2 1 19 3 0 1 0 3 1 3 1 2 0 1 20 2 0 1 2 0 4 1 2 1 1 1 21 5 1 1 1 0 2 1 2 1 1 1 22 1 2 0 1 2 0 2 2 2 1 23 4 1 0 1 3 0 1 3 2 0 24 3 2 1 2 1 1 2 3 1 2 25 2 1 1 1 2 1 2 2 2 0 26 1 1 1 1 1 1 0 2 0 0 27 2 2 1 1 2 1 2 0 2 2 0 0 28 3 1 1 2 1 1 1 0 1 0 0 29 4 1 2 3 0 0 2 0 0 30 2 2 3 0 0 1

Média 2,97 1,73 1,04 1,60 1,22 1,42 1,61 1,08 1,56 1,63 1,00 0,54 D. Padrão 1,35 0,91 0,92 1,12 1,13 1,10 0,96 1,08 1,09 1,06 0,74 0,66 Ipiranga 89 52 27 40 28 37 45 27 42 39 23 7

Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

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Tabela 11: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados - Moema Baixo

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 3 2 1 0 1 0 0 2 5 1 2 2 1 2 2 1 0 0 3 4 2 2 1 1 3 2 3 1 4 4 1 2 2 1 2 1 1 1 5 4 2 1 2 2 2 1 1 2 2 0 6 3 3 1 2 1 1 1 0 1 3 1 7 5 2 3 3 2 1 1 1 1 2 8 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 9 2 2 1 0 0 0 1 0 0 10 1 2 0 0 0 0 1 2 0 1 1 11 1 3 0 0 0 0 1 2 0 2 1 0 12 2 1 0 0 0 1 2 0 2 1 13 3 3 1 2 0 2 2 2 14 2 2 2 2 0 3 3 2 15 3 4 1 2 2 1 2 0 2 1 2 16 1 5 2 2 0 0 2 2 0 2 17 5 5 3 1 0 1 0 2 1 0 1 18 3 5 1 1 0 1 0 1 1 0 19 2 4 2 1 1 1 20 5 2 1 3 1 2 1 2 2 0 0 21 1 3 1 2 2 3 2 3 2 0 0 22 4 1 0 1 1 1 3 3 3 0 0 23 4 5 0 1 1 2 1 2 3 0 24 4 4 0 1 1 1 2 2 2 25 3 3 2 2 1 3 2 2 26 2 2 1 0 3 1 2 1 2 27 3 2 1 0 2 0 1 2 1 1 28 4 1 1 0 1 0 3 2 2 29 5 1 1 0 1 2 1 30 3 1 2 0 0 1 1

Média 3,13 2,50 1,19 1,19 1,04 1,04 1,36 1,41 1,62 1,20 0,88 0,64 D. Padrão 1,28 1,36 0,90 0,96 0,86 0,91 0,87 0,91 0,94 0,95 0,78 0,81 Moema B 94 75 31 32 25 25 38 31 42 24 15 7

Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

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Tabela 12: Grau de incômodo relatado pelos entrevistados – V. M. Baixa

Pesquisado A B C D E F G H I J K L 1 1 2 1 1 1 2 2 2 3 1 1 2 3 3 2 2 1 0 1 2 1 2 4 3 2 1 1 2 2 3 1 3 2 5 2 2 3 2 3 3 0 2 1 1 6 5 4 0 3 1 2 1 2 1 7 1 4 0 2 1 2 1 2 0 8 4 4 0 0 1 2 2 1 1 1 9 3 3 0 0 1 2 3 1 2 1 10 1 2 0 1 3 1 2 2 2 1 0 11 0 2 3 0 1 2 2 2 12 5 1 1 3 0 2 1 0 2 2 0 13 4 2 2 3 0 1 1 0 3 2 0 14 4 1 3 2 0 1 1 0 1 0 15 4 2 4 2 3 1 0 2 0 16 3 3 3 1 2 0 0 2 1 0 1 17 5 2 2 2 2 0 0 3 2 1 1 18 3 1 2 1 0 2 3 1 2 19 2 2 0 2 1 1 2 1 0 20 1 2 0 1 1 1 2 2 0 21 1 3 0 1 2 1 1 0 22 2 1 0 1 3 1 0 1 23 3 3 1 1 2 1 24 2 2 1 0 0 2 2 0 25 3 4 1 0 2 1 3 0 0 26 1 1 1 0 1 2 2 3 0 0 27 2 2 1 0 1 1 0 0 0 28 3 3 3 3 1 1 0 29 1 5 2 2 1 2 2 1 30 2 4 3 1 0 1 1 2 1 1

Média 2,53 2,43 1,38 1,33 1,15 1,29 1,43 2,06 1,00 1,17 1,00 0,60 D. Padrão 1,36 1,07 1,28 1,09 0,97 0,72 0,99 0,64 0,85 0,96 0,78 0,70

V. Mariana B 76 73 33 32 30 27 33 37 26 28 14 6 Fonte: Elaborado pelo autor (2010) Legenda: A-Ruído, B-Pó, C-Lama, D-Vibrações, E-Impactos, F-Requalques, G-Queda de objetos, H-Trânsito, I-Estacionamento irregular, J-Infestação de insetos, K-Odores e vapores, L-Outros.

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Apêndice C - Resultado dos Incômodos por Bairros e Gênero

Da análise dos incômodos por bairro e sua variação, obtemos o gráfico que

revela que o ruído é o principal incômodo constatado em todos os bairros

abragentes da pesquisa.

Gráfico 10: Total e variação – Bairro Moema Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Gráfico 11: Total e variação – Bairro Pompéia Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Gráfico 12: Total e variação – Bairro Perdizes Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Gráfico 13: Total e variação – Bairro Vila Mariana Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Gráfico 14: Total e variação – Bairro Ipiranga Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Gráfico 15: Total e variação – Bairro Moema Baixo Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Gráfico 16: Total e variação – Bairro Vila Mariana Baixa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Na análise por gênero que se demonstra no gráfico abaixo não demonstra nenhuma variação significativa de diferença do incomodamento encontrado.

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Gráfico 17: Total de distribuição por gênero Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Apêndice D – Ilustrações da proposta de sistema de

enclausuramento.

Figura 21: Planta baixa Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Figura 22: Planta da Cobertura e Corte BB Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Figura 23: Elevação lateral e Layout de equipamentos Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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Figura 24: Vista do ambiente Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Figura 25: Vista Frontal Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

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ANEXO

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Anexo A – NR-15 (anexo nº 2), Limites de tolerância para ruídos

de impacto

1. Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia

acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1

(um) segundo.

2. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor

de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta

para impacto. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do

trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB

(linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado

como ruído contínuo (115.004-9/I4).

3. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com

circuito de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de

respostas rápida (FAST) e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite

de tolerância será de 120 dB(C) (115.005-7/I4).

4. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção

adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (linear),

medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C),

medidos no circuito de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e

iminente.

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Anexo B – Transcrição Parcial da Lei 6.514

17.5.2 – Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exigem

solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,

laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre

outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto:

a) Níveis de ruído de acordo com o estabelecido pela NBR 10152,

registrada no INMETRO.

b) Índice de temperatura efetiva entre 20 e 23 graus.

c) Velocidade do ar não superior a 0,75 m/s.

d) Umidade relativa do ar não inferior a 40%.

17.5.2.1 – Para as atividades que possuam as características definidas no

sub-item 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas

relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será

de até 65 dB(A) e a curva avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60.

17.5.2.2 – Os parâmetros previstos no sub-item 17.5.2 devem ser medidos

nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona

auditiva e às demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.

Tabela 13: NBR 10152/1987 NB-95 NBR 10152/1987 – Tabela 1 dB(A) NC

Hospitais 35-45 30-40

Apartamentos, Enfermarias, Berçários, C. Cirúrgicos 40-50 35-45

Laboratórios, Áreas para uso do público 40-50 35-45

Serviços 45-55 40-50

Escolas

Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35-45 30-40

Salas de aula, Laboratórios 40-50 35-45

Circulação 45-55 40-50

Hotéis

Apartamentos 35-45 30-40

Restaurantes, Salas de estar 40-50 35-45

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Portaria, Recepção, Circulação 45-55 40-50

Residências

Dormitórios 35-45 30-40

Salas de estar 40-50 35-45

Auditórios

Salas de concerto, Teatros 30-40 25-30

Salas de Conferência, Cinemas, Salas de Múltiplo Uso 35-45 30-35

Restaurantes

Restaurantes 40-50 35-45

Escritórios

Salas de Reuniões 30-40 25-35

Salas de Gerência, Projetos e Administração 35-45 30-40

Salas de Computadores 45-65 40-60

Salas de Mecanografia 50-60 45-55

Igrejas e Templos

Cultos Meditativos 40-50 35-45

Locais para esporte

Pavilhões fechados para espetáculos e atividades 45-60 40-55

Fonte: NBR 10152/1987

Nota: O valor da faixa representa o nível sonoro para conforto, ao passo que

o valor superior representa o nível sonoro máximo aceitável para a respectiva

finalidade.

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Anexo C – Transcrição Parcial da Lei Federal nº 1.065

Art. 1º - Esta Lei estabelece as normas de preservação ambiental quanto à

poluição sonora, fixando níveis máximos de emissão de sons e ruídos, de

acordo com o local e a duração da fonte.

§ 1º - Considera-se poluição sonora qualquer som indesejável,

principalmente quando interfere em atividades humanas ou ecossistemas

a serem preservados.

§ 2º - Considera-se som o fenômeno acústico que consiste na propagação

de ondas sonoras produzidas por um corpo que vibra em meio material

elástico.

§ 3º - Considera-se ruído o som constituído por grande número de

vibrações acústicas com relações de amplitude e fase distribuídas ao

acaso.

Art. 2º - É proibido perturbar o sossego e o bem-estar público e da

vizinhança pela emissão de sons de qualquer natureza que ultrapassem

os níveis máximos de intensidade fixados nesta Lei.

Art. 3º - Os níveis sonoros máximos permitidos em ambientes externos e

internos são os fixados pelas Normas 10.151, Avaliação do Ruído em

Áreas Habitadas Visando o Conforto da Comunidade, e 10.152, Níveis de

Ruído para Conforto Acústico, da Associação Brasileira de Normas

Técnicas - ABNT.

Parágrafo único - A concessão ou a renovação de licença ambientar ou

alvará de funcionamento estão condicionadas a vistoria prévia que

comprove tratamento acústico compatível com os níveis sonoros

permitidos nas áreas em que estiverem situados.

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Art. 4º - As atividades relacionadas com construção civil, reformas,

consertos, operações de carga e descarga não passíveis de confinamento

ou que, apesar de confinadas, ultrapassem o nível sonoro máximo para

elas admitido, somente podem ser realizadas no horário de 7 horas às 16

horas, se contínuas, e no de 7 horas às 19 horas, se descontínuas.

Parágrafo único - As atividades mencionadas no caput somente podem

funcionar aos domingos e feriados mediante licença especial, com

discriminação de horários e tipos de serviços passíveis de serem

executados.

Art. 5º - A emissão de ruídos por veículos automotores obedecerá aos

limites fixados pelas Resoluções nº 1, de 17 de setembro de 1992. e nº 2,

de 11 de fevereiro de 1993, do Conselho Nacional de Meio Ambiente -

CONAMA.

Art. 6º - É proibida a utilização, por veículos automotores, de buzinas,

sinais de alarme e outros equipamentos similares, nas proximidades de

hospitais, prontos-socorros, sanatórios, clínicas e escolas.

Art. 7º - A sinalização de silêncio nas proximidades de clínicas, hospitais,

prontos-socorros, sanatórios e escolas será implantada pelo Departamento

de Trânsito do Distrito Federal - DETRAN, levando em conta as condições

de propagação de som, com o fim de proteger as referidas instituições.

Art. 8º - Todos os equipamentos, máquinas e motores que produzam sons

excessivos ou ruídos incômodos devem utilizar dispositivos para controle

da poluição sonora.

Art. 9º - Não estão sujeitos às proibições desta Lei os sons produzidos

pelas seguintes fontes:

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I - sirenes ou aparelhos sonoros de viaturas quando em serviços de

socorro ou de policiamento;

II - detonações de explosivos empregados em demolições, desde que em

horário previamente aprovado pelo setor competente.

Art. 10 - Não se admitem sons provocados por criação, tratamento ou

comércio de animais que incomodem a vizinhança.

Art. 11 - As fontes de som de área determinada não podem transmitir para

outra área mais restritiva níveis de som que ultrapassem os máximos

fixados para esta última.

Art. 12 - Para efeito desta Lei, as medições de nível de som devem ser

realizadas por instrumento adequado, em decibel, e seguir a metodologia

estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Art. 13 - A Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia -

SEMATEC, no que concerte ao controle da poluição sonora, fica

incumbida de:

I - estabelecer normas de controle e redução da poluição sonora no

Distrito Federal;

II - exercer a fiscalização e o poder de polícia quando necessário;

III - exigir o cumprimento desta Lei quando da concessão ou renovação

das licenças ambientais;

IV - executar programa de monitoramento da poluição sonora.

V - executar programa de educação e conscientização da população.

Art. 14 - Incumbe à Secretaria de Saúde a implantação de programa de

monitoramento de níveis de audição da população e, em colaboração com

a Secretaria de Educação, a realização de exames auditivos em escolares.

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Art. 15 - Os padrões adotados devem ser revistos a cada dois anos e

incorporar os novos conhecimentos nacionais e internacionais e os

resultados do monitoramento realizado no Distrito Federal.

Art. 16 - Os infratores do disposto nesta Lei sujeitam-se às penalidades

previstas na Lei nº 41, de 13 de setembro de 1989, Lei da Política

Ambiental do Distrito Federal.

Art. 17 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 18 - Revogam-se as disposições em contrário.2

2 Fonte: ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE BRASÍLIA. Apresenta leis e normas do distrito

federal. <http://www.brasilia.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=5950>. Acesso em 17 de jul. de 2008.

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Anexo D - Quadro nº 02/b anexo à parte III da Lei nº 13.855

Figura 26: Instalações de Atividades Não Residenciais Fonte: Lei nº 13.855