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INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM TECNOLOGIAS AMBIENTAIS KARLA CRISTINA HONÓRIO DOS SANTOS AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÀGUA QUE ABASTECE O DISTRITO DE OURICURI, ATALAIA-AL. Marechal Deodoro 2019

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INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS

MESTRADO EM TECNOLOGIAS AMBIENTAIS

KARLA CRISTINA HONÓRIO DOS SANTOS

AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÀGUA QUE ABASTECE O DISTRITO DE OURICURI, ATALAIA-AL.

Marechal Deodoro

2019

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KARLA CRISTINA HONÓRIO DOS SANTOS

AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÀGUA QUE ABASTECE O DISTRITO DE OURICURI, ATALAIA-AL.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Tecnologias Ambientais

(Modalidade Mestrado Profissional) como

requisito para a obtenção do título de

Mestre em Tecnologias Ambientais.

Orientador: Prof. Dr. Johnnatan Duarte

de Freitas

Coorientador: Prof. Dr. Alan John

Duarte de Freitas

Marechal Deodoro

2019

Page 3: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Instituto Federal de Alagoas Campus Marechal Deodoro Biblioteca Lúcio Soley Lomônaco ___________________________________________________________

S237a Santos, Karla Cristina Honório dos.

Avaliação e caracterização da qualidade da água que abastece o distrito de Ouricuri, Atalaia-AL / Karla Cristina Honório dos Santos. – 2019.

73 f. : il., col. 1 CD-ROM : 9,40 megabytes (PDF) ; 4 ¾ pol. ; caixa acrílica (12,5 cm x 14 cm).

Inclui tabelas. Dissertação (Mestrado Profissional em Tecnologias Ambientais) – Instituto Federal de

Alagoas, Campus Marechal Deodoro, Marechal Deodoro, 2019. Orientação: Prof. Dr. Johnnatan Duarte de Freitas.

1. Qualidade da água. 2. Monitoramento. 3. Doenças de veiculação hídrica. I. Título.

II. Freitas, Johnnatan Duarte de. _________________________________________________CDD: 628.16

Maria Jôse Nascimento Leite Machado

Maria Jôse Nascimento Leite Machado

Bibliotecária – CRB-4/2125

Page 4: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

_________________________________________ Prof. Dr. Alan John Duarte de

Freitas - IFAL / Campus Maceió (Co-orientador)

__________________________________________ Prof. Dr. Daniel de Magalhães

Araújo – IFAL / Campus Satuba (Avaliador Interno)

__________________________________________ Prof. Dr. Ticiano Gomes do

Nascimento – UFAL / Campus Maceió (Avaliador Externo)

Marechal Deodoro, AL

2019

Page 5: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Dedico este trabalho a minha família, em

especial a meus filhos Mickael e Miguel

que são minhas forças para prosseguir,

no desejo que eles enxerguem em mim

um exemplo na busca pelo conhecimento.

Page 6: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me ajudar durante todas as dificuldades encontradas durante o

mestrado, e me permitir chegar até aqui.

Ao Professor Dr. Johnnatan Duarte de Freitas do Instituto Federal de Alagoas – IFAL

por toda transferência de conhecimento, dedicação e empenho transmitido durante a

orientação desse trabalho.

Ao Professor Dr. Alan John Duarte de Freitas por sua orientação ajuda e disposição

durante todo o desenvolvimento do trabalho, bem como seu incentivo ao meu

crescimento acadêmico e profissional junto ao professor Johnnatan Duarte.

Ao profissional Francisco Tenório técnico laboratorial do Instituto Federal de Alagoas

por contribuir com seu vasto conhecimento nas análises químicas do trabalho.

A Fundação Amadeu Inácio, atuante na localidade, por todo empenho em nos ajudar

no desenvolvimento do projeto.

A minha grande amiga Me. Mayrane Carla, por ter contribuído com seu

conhecimento para a construção desse trabalho e ainda total apoio sempre nos

momentos mais críticos de uma mestranda.

A meus pais, por me ensinarem que os estudos são escadas que nos levam ao

crescimento profissional e pessoal, em especial a minha mãe que sempre me

incentivou a lutar pelos meus sonhos, mesmo em meio a dificuldades.

Ao Meu esposo Janeson por ser presente na vida dos nossos filhos Mickael e Miguel

nos instantes em que tive necessidade de me ausentar, por toda compreensão nos

meus momentos de reclusão para o desenvolvimento desse trabalho.

Page 7: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

“Mas como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido

não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que

Deus preparou para os que o amam.”

(1coríntios 2:9)

Page 8: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

SANTOS, Karla Cristina Honório. Avaliação e caracterização da qualidade da água que abastece o distrito de Ouricuri, Atalaia-Al. 74f. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Mestrado em Tecnologias Ambientais) – Campus Marechal Deodoro, Instituto Federal de Alagoas, Marechal Deodoro, 2019.

RESUMO

A essencialidade da água no planeta é designada para várias finalidades,

domésticas, cultivo, industrial, dentre outras, dessa forma sua promoção é aspecto

indispensável ao desenvolvimento humano. Diante da relevância desse recurso é

necessário saber a qualidade da água que abastece uma população, visto que a

água é um vetor de doenças infecciosas e também pode indicar fatores de

contaminação ambiental. Este trabalho tem como objetivo analisar a qualidade da

água que abastece o distrito de Ouricuri, situado no munícipio de Atalaia em Alagoas.

O estudo analisou as características físicas, químicas e microbiológicas da água,

tendo-se como parâmetros os valores estabelecidos pelo Ministério da Saúde- MS e

Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Durante a realização do trabalho

foram feitas quatro coletas, duas em período seco e duas em período chuvoso, entre

abril de 2018 e junho de 2019. Para tal, foram selecionados 10 pontos de coleta de

acordo com sua influência sob a qualidade da água captada. Nesses pontos foram

determinadas as variáveis físicas pH, turbidez, condutividade elétrica, cor, oxigênio

dissolvido e temperatura. Nas análises químicas foram verificados dureza total,

cálcio, magnésio, alcalinidade, cloreto, acidez, fósforo assimilável e metais como

elementos traço, visto que são contaminantes aquáticos e causadores de doenças

aos seres humanos. Os dados de fósforo e metais foram analisados por

espectrofotometria UV-VIS e absorção atômica em chamas, respectivamente. Os

resultados obtidos nas análises informaram que a água consumida pela população

dispõe de altos níveis de fósforo, metais e contaminação por coliformes totais e

termotolerantes. A realização deste trabalho possibilitou o esclarecimento à

comunidade sobre a qualidade da água distribuída à população, bem como, sinaliza

aos órgãos responsáveis, a necessidade de elaboração de políticas públicas que

garantam a segurança de carências básicas a partir da oferta de água tratada para a

população, de tal forma, que permita o monitoramento e prevenção de doenças de

veiculação hídrica local.

Palavras Chave: Qualidade da água. Monitoramento. Doenças de veiculação hídrica.

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SANTOS, Karla Cristina Honório. Evaluation and characterization of the water quality that supplies the district of Ouricuri, Atalaia-Al. 74 f. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Mestrado em Tecnologias Ambientais) – Campus Marechal Deodoro, Instituto Federal de Alagoas, Marechal Deodoro, 2019.

ABSTRACT

The essentiality of water on the planet is designed for various purposes, domestic,

cultivation, industrial, among others, so its promotion is an indispensable aspect for

human development. Given the relevance of this resource is necessary to know the

quality of water that supplies a population, since water is a vector of infectious

diseases and can also indicate factors of environmental contamination. This work

aims to analyze the quality of the water that supplies the district of Ouricuri, located in

the municipality of Atalaia in Alagoas. The study analyzed the physical, chemical and

microbiological characteristics of water, having as parameters the values established

by the Ministry of Health-MS and National Council of Environment-CONAMA. During

the work, four collections were made, two in the dry and two in the rainy season,

between April 2018 and June 2019. For this, 10 collection points were selected

according to their influence on the quality of the water collected. At these points the

physical variables pH, turbidity, electrical conductivity, color, dissolved oxygen and

temperature were determined. In the chemical analyzes were verified total hardness,

calcium, magnesium, alkalinity, chloride, acidity, assimilable phosphorus and metals

as trace elements, since they are aquatic contaminants and cause diseases to

humans. Phosphorus and metal data were analyzed by UV-VIS spectrophotometry

and flame absorption, respectively. The results obtained from the analysis indicated

that the water consumed by the population has high levels of phosphorus, metals and

contamination by total and thermotolerant coliforms. This work enabled the

community to be informed about the quality of the water distributed to the population,

as well as, it signals to the responsible agencies, the necessity of elaboration of

public politics that guarantee the security of basic necessities from the supply of

treated water for the population, in such a way as to permit the monitoring and

prevention of local water-borne diseases.

Keywords: Water quality. Monitoring. Waterborne diseases.

Page 10: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Localização do Distrito de Ouricuri, Atalaia-AL, e Área de coleta 17

FIGURA 2: Distribuição dos pontos de coleta distrito de Ouricuri .......................... 32

FIGURA 3: Ponto 1- Nascente .............................................................................................. 33

FIGURA 4: Ponto 2 - Riacho da mata ................................................................................ 34

FIGURA 5: Ponto 3 - Rela Bucho ........................................................................................ 34

FIGURA 6: Ponto 4 - Estação de Tratamento de Água (ETA) ................................. 35

FIGURA 7: Ponto 5 - Prainha ................................................................................................ 35

FIGURA 8: Ponto 6 - Mangueira .......................................................................................... 36

FIGURA 9: Ponto 7- Palmeira ............................................................................................... 36

FIGURA 10: Ponto 8 - Vertedouro ......................................................................................... 37

FIGURA 11: Pontos 9 - Barragem ......................................................................................... 37

FIGURA 12: Pontos 10 - Fonte mineral ............................................................................... 38

FIGURA 13: Sonda Multiparâmetros AK 88 ....................................................................... 40

FIGURA 14: Calorímetro Aqua Nessler ............................................................................... 41

FIGURA 15: Turbidímetro AP2000 ……………………………………………. 41

FIGURA 16: pHmetro NiPHM .................................................................................................. 42

FIGURA 17: Espectrofotômetro UV-VIS Shimadzu ........................................................ 45

FIGURA 18: Shimadzu AA-7000 Elemental Analysis………………………… 47

FIGURA 19: Eutrofização da Barragem Milton Santos .................................................. 61

FIGURA 20: Análise de oxigênio dissolvido no ponto da Prainha ............................ 72

FIGURA 21: Entrada para o ponto Riacho da Mata ....................................................... 72

FIGURA 22: Entrada de acesso aos pontos da Nascente e Riacho da

Mata 73

FIGURA 23: Texto de entrevista sobre o distrito de Ouricuri, Atalaia -AL 74

Page 11: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

ÍNDICES DE TABELAS

TABELA 1: Valores máximos permitidos para parâmetros físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos pela resolução

n°357 de 2005 do CONAMA, para água de classe II. 28

TABELA 2: Valores máximos permitidos para parâmetros físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos pela Portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da saúde, para consumo

humano 29

TABELA 3: Índices pluviométricos nas coletas das amostras no distrito de Ouricuri, Atalaia-AL. 39

TABELA 4: Concentrações de cor, turbidez, salinidade, condutividade,

temperatura e pH das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia – 51

AL………………………………………….. .......................

TABELA 5: Concentração de oxigênio dissolvido das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia –AL

………………………… .................................... … 52

TABELA 6: Concentrações de alcalinidade, dureza total, cálcio, magnésio, acidez e cloreto das amostras de água do distrito de Ouricuri,

Atalaia –AL……………………………………………………. 55

TABELA 7: Concentrações dos metais Cu, Fe, Al e Cd das amostras de

água distrito de Ouricuri, Atalaia –AL ………………………........

TABELA 8: Concentrações de fósforo das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia – AL………………………………….………….....

TABELA 9: Análises microbiológicas das amostras de água, de diferentes pontos, do distrito de Ouricuri, Atalaia-AL………………………..

58

60

62

Page 12: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 16

2.1 Distrito de Ouricuri – AL .................................................................................................... 16 2.2 Água e seu controle de qualidade para consumo humano ................................. 18

2.3 Principais parâmetros de qualidade da água ............................................................ 20 2.3.1 Parâmetros físicos ............................................................................................................... 20

2.3.1.1 Temperatura........................................................................................................................... 20 2.3.1.2 Turbidez ................................................................................................................................... 20

2.3.1.3 Condutividade elétrica........................................................................................................ 21 2.3.2 Parâmetros químicos .......................................................................................................... 21

2.3.2.1 pH (Potencial Hidrogeniônico) ........................................................................................ 21 2.3.2.2 Oxigênio Dissolvido ............................................................................................................. 22

2.3.2.3 Dureza ...................................................................................................................................... 22 2.3.2.4 Alcalinidade ............................................................................................................................ 23

2.3.2.5 Cloreto……………………………………………………………… ......................... 23 2.3.2.6 Acidez……………………………………………………………… .......................... 24

2.3.2.7 Fósforo Total………………………………………………………. ......................... 24 2.2.3.8 Elementos traços ................................................................................................................. 25

2.3.3 Parâmetros microbiológicos ............................................................................................ 25 2.3.3.1 Coliformes totais ................................................................................................................... 25

2.3.3.2 Coliformes Termotolerantes ............................................................................................ 26

3 LEGISLAÇAO VIGENTE PARA QUALIDADE DA ÁGUA .................................... 26

4 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 31

4.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 31 4.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 31

5. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................ 32

5.1 Definição dos pontos de amostragem ......................................................................... 32 5.2 Descontaminação do Material para amostragem.................................................... 38

5.3 Coletas das amostras ......................................................................................................... 39

5.4 Análises Físicas .................................................................................................................... 39 5.4.1 Determinação de Oxigênio dissolvido (OD)……………………. ......................... 40

5.4.2 Análise de Cor ……………………………………………………........................... 40 5.4.3 Turbidez …………………………………………………………… ......................... 41

5.5 Análises químicas ................................................................................................................ 42 5.5.1 Determinação de pH………………………………………………......................... 42

5.5.2 Alcalinidade…………………………………………………………........................ 42

5.5.3 Dureza total…………………………………………………………........................ 43 5.5.4 Cálcio e Magnésio………………………………………………….. ...................... 43

5.5.5 Cloreto……………………………………………………………….. ...................... 44 5.5.6 Acidez………………………………………………………………... ...................... 44

5.6 Análises Espectrofotométrica .......................................................................................... 44

Page 13: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

5.6.1 Analise de fósforo…………………………………………………... ...................... 44

5.6.2 Preparo da solução mista………………………………………….. ...................... 45

5.6.3 Preparo da solução de ácido ascórbico………………………….. ...................... 46 5.6.4 Preparo da solução catalisadora de antimonium………………. ........................ 46

5.7 Análise de Metais ................................................................................................................. 46 5.8 Análise Microbiológica ……………………………………............ ....................... 47

5.8.1 Teste presuntivo…………………………………………………… ........................ 47 5.8.2 Teste confirmativo de coliformes totais e termotolerantes…….. ....................... 48

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 49

6.1 Análises físicas…………………………………………………….. ........................ 49 6.2 Análises química…………………………………………………… ....................... 53

6.3 Análise microbiológicas…………………………………………… ........................ 61 7. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 64

8. PERSPECTIVAS…………………………………………………… ....................... 65

9. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 66

10. ANEXOS .................................................................................................................................. 72

Page 14: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

1. INTRODUÇÃO

As preocupações com as condições ambientais alcançam segmentos da

esfera social, política e econômica. Os problemas ambientais exigem reflexões sobre

a utilização dos recursos da natureza em todos os países, sejam eles

industrializados ou em desenvolvimento. Estes recursos naturais são utilizados em

todo o mundo para diferentes finalidades. Dentre eles, temos a água, na qual possui

fundamental importância para a manutenção da vida no planeta.

O Brasil é o país mais rico do mundo em recursos hídricos, contando com

13,7% da água doce disponível do planeta, além de abrigar ambientes úmidos que

são, reconhecidamente, ricos em biodiversidade, como o Pantanal – a maior área

úmida continental do mundo – é a Várzea Amazônica - a mais extensa floresta

alagada da Terra. Apesar da privilegiada situação quanto à quantidade e à qualidade

de suas águas, nossos recursos hídricos não vêm sendo utilizados de forma correta

e responsável (VIEIRA, 2006).

Apesar da água potável de boa qualidade ser fundamental para a saúde e o

bem-estar humano, a maioria da população mundial ainda não tem acesso a este

bem essencial (GESSI, 2001; RIBEIRO & ROLIM, 2017). Segundo o Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, interações da água com substâncias

distintas podem conferir a ela, características capazes de causar efeitos letais ou

alterações fisiológicas a quem a consome. Para tanto, critérios são estabelecidos

pelo órgão ambiental competente, ou na sua ausência, por instituições nacionais

renomadas (BRASIL, 2005).

De acordo com a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério

da Saúde (MS), a potabilidade é o conjunto de valores permitidos como parâmetro

da qualidade da água para consumo humano. Essa portaria estabelece parâmetros

referentes à cor, pH, condutividade, turbidez, entre outros aspectos físico-químicos,

como também os padrões microbiológicos (BRASIL, 2011).

De acordo com Santos, Paiva e Silva (2016) em regiões em que a agricultura

familiar é predominante, intensificam-se os processos de contaminação do solo e da

água devido ao acúmulo de sais, excesso de nutrientes, uso indevido da água para

atividades diárias, entre outros. Geralmente, tais famílias fazem uso de diferentes

tipos de compartimentos hídricos, tais como as barragens subterrâneas, que

possibilitam as práticas de agricultura familiar irrigada, e a criação de animais com

finalidade de subsistência. Com isso, esta água, após constantes períodos de

14

Page 15: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

estiagem, pode apresentar elevada concentração de sais, reduzindo a produtividade

das culturas, e conter diferentes tipos de impurezas tornando-se imprópria para

irrigação ou consumo animal.

A realidade descrita acima é a mesma de uma série de povoados e distritos

do estado de Alagoas, a exemplo do distrito de Ouricuri, o qual é o local de

desenvolvimento deste estudo. Com a ocupação desordenada do solo, o distrito que

é uma localidade totalmente desprovida de saneamento básico e infraestrutura, todo

esgoto doméstico é encaminhado aos corpos hídricos por lixiviação e carreamento.

Na região do distrito de Ouricuri, há uma carência de água de qualidade,

decorrente, também, da crescente poluição dos recursos hídricos e lixos jogados a

céu aberto. A partir desses fatos, entendeu-se a necessidade de avaliar a qualidade

da água utilizada na recreação e consumo pelos indivíduos, a fim de se obter uma

série de parâmetros que viabilizem a elaboração de um diagnóstico da qualidade da

água utilizada pela população do distrito de Ouricuri, assim como disponibilizar os

dados aos diferentes órgão públicos e a população, para que dessa forma, possam

promover ações que possibilitem a oferta de água dentro dos parâmetros exigidos

pelas legislações vigentes.

Os dados científicos aqui obtidos sinalizarão para a elaboração de políticas

públicas que garantam investimentos em carências básicas vivenciadas pela

população de Ouricuri, como a oferta de água tratada.

15

Page 16: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. DISTRITO DE OURICURI, ATALAIA-AL.

O distrito de Ouricuri, situado no município de Atalaia no estado de Alagoas,

conforme demonstra a Figura 1, foi erguido a partir da construção de uma usina de

cana-de- açúcar intitulada Usina Ouricuri. A usina teve como fundador Manoel

Tenório de Albuquerque em 1913, no qual iniciou seus trabalhos industriais a partir

dos primeiros plantios de cana-de açúcar. Posteriormente, foi dada continuidade as

atividades da usina a partir da produção de açúcar centrifugado. O momento de

desenvolvimento do cultivo e produção de cana proporcionou a região um acentuado

desenvolvimento econômico e social. Com o passar dos anos, a Usina Ouricuri de

açúcar e álcool S/A teve sua produção acrescida, ganhando uma nova estrutura em

1920 através da aquisição de máquinas de produção nacional que promoveram o

aumento de produção (Alves Filho, 2006).

Almeida (2019) diz que, pensando-se no crescimento da produção, os

dirigentes da usina proporcionaram uma modernização na produtividade e

aperfeiçoamento nos produtos açúcar demerara, açúcar cristal e melaço. Junto à

modernização, vieram em conjunto, as oportunidades de exportação para diversas

partes do mundo, através da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar de

Alagoas.

Na década de 80 a usina sofreu seu primeiro processo de falência e precisou

ser submetida a uma nova administração, que teve como presidente Aldemir Lira. No

início dos anos 90, sofreu sua segunda falência, a partir daí ocorreram processos de

ocupação pelo movimento dos trabalhadores rurais sem terra - MST, as terras da

usina foram arrematadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria -

INCRA e desde então o distrito é composto por assentamentos e acampamentos ao

seu redor (Almeida, 2019).

De acordo com Albuquerque (2007), a usina teve sua falência decorrentes de

fatores físicos, pequena extensão territorial para expansão do cultivo da cana de

açúcar e terrenos impróprios para a plantação mecanizada, e econômicos, falta de

tecnologias modernas.

A falência da antiga fábrica desencadeou uma ocupação desordenada do

local, que passou a ser denominado, Povoado de Ouricuri. Localizado a cerca de 56

km da cidade de Maceió, com uma população média de 8 (oito) mil habitantes, em

16

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2016, devido ao crescimento populacional, o antigo povoado foi elevado à condição

de distrito do Município de Atalaia – AL, conforme Lei Municipal Nº 1.077/2016.

O distrito possui diversos poços e nascentes, sua topografia é ondulada e

dispõe de uma vegetação típica de Mata Atlântica, assim como, o restante do

município e outros circunvizinhos, que fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica - RBMA. Os corpos d’água que irrigam o distrito são o rio Porangaba e o

riacho Breião. Entretanto, Ouricuri dispõe, efetivamente, de duas barragens sendo

uma maior, com cerca de 32 ha de área inundada, a barragem Milton Santos, e uma

menor, com cerca de 9 ha.

Dessa forma, é a partir da água oriunda da barragem Milton Santos que a

população do distrito tem sua demanda de água atendida, porém com grandes e

sérias limitações e de maneira bastante precária. Atualmente, essa água que

abastece o distrito de Ouricuri é utilizada pela população para consumo, pesca,

recreação, agricultura e Dessedentação de Animais.

Figura 1: Localização do Distrito de Ouricuri, Atalaia -AL e área de Coleta.

Fonte: Autora, 2019, Plataforma Qgis.

17

Page 18: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

2.2. ÁGUA E SEU CONTROLE DE QUALIDADE PARA CONSUMO

HUMANO

A água é um dos recursos naturais mais importantes no planeta, e até bem

pouco tempo era considerada como um bem infinito. Ela é considerada fundamental

para a manutenção da vida no planeta, sendo indispensável para o animal, planta, e

conforto humano. Portanto, reportar sobre ela em suas diversas dimensões, é falar

da sobrevivência da espécie humana e das relações de dependência entre seres

vivos e ambientes naturais (BACCI & PATACA, 2006, p. 211; RIBEIRO et al., 2017;

OKOKPUJIE et al., 2019)

De acordo com Fachin e Silva (2011) a quantidade de água existente no

Planeta cobre 70% da superfície terrestre, distribuída em mares, lagos e rios. Ainda

que 70% da superfície do planeta Terra sejam constituídos de água,

aproximadamente 97% dessa água não são propícios para o consumo e dos 3%

restantes, grande parte encontra-se retida no solo, no subsolo e em massas de gelo.

Apenas 0,0082% da água doce e potável é de fácil acesso, como em rios, lagos e

pântanos (BRANCO, 2010; ONU, 2006).

Ela é a constituinte mais abundante da matéria viva, com um percentual

médio de aproximadamente 75%, sendo considerada solvente universal,

indispensável para reações orgânicas, inorgânicas e bioquímicas (SANTOS &

MORHR, 2013; SOARES; 1997). Ademais, é considerada como componente

essencial para a vida humana em seus múltiplos usos, bem como para a dinâmica

de todos os sistemas ambientais. Com isso, ela exerce papel na saúde, economia e

qualidade de vida, permitindo ao homem seu uso em necessidades pessoais diárias

a exemplo, alimentação e higiene pessoal (SOUZA et al., 2014).

Diante da natureza e fontes disponíveis de água (superficial ou subterrânea),

a mesma está frequentemente exposta à predominância de impurezas, de tal forma

que pode torná-la imprópria para consumo humano (BADEJO; OMOLE; NDAMBUKI,

2018; OMOLE, D.O et al, 2018; CUNHA et al.,2012).

Nesse sentido, no Brasil, o lançamento de esgotos domésticos e industriais,

de resíduos sólidos e ocupação do solo são fatores que estão diretamente

relacionados à predominância de impurezas nas águas supracitadas anteriormente

(BRASIL, 2013). Além disso, outro fator que pode tornar a água imprópria para

consumo é a falta de hábitos higiênicos, os quais podem desencadear doenças de

origem parasitária, bacteriana e viral. Nesse contexto, melhores condições de

18

Page 19: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

higiene podem evitar a incidências de doenças diarréicas causadas pelos patógenos

mais comuns, como Salmonella spp., Shigella spp., Escherichia coli e

Campylobacter presentes na água contaminada (MACEDO; REMPEL; MACIEL,

2018). Portanto, no que diz respeito à saúde pública, especialmente nos países em

desenvolvimento, é essencial o fornecimento às comunidades de uma água potável

e segura. Nesse sentido, o estudo da água é constante e necessário (OKOKPUJIE

et al., 2019).

De acordo com Rigobelo et al. (2009), o tratamento de água convencional

inclui várias etapas, tais como: coagulação, floculação, decantação, filtração,

desinfecção e fluoretação. As etapas supracitadas necessitam fazer uso de produtos

químicos, podendo permanecer resíduos na água final de tratamento e gerar

problemas para a saúde do consumidor.

Geralmente, a água para consumo apresenta-se constante em sua

composição, embora algumas variáveis microbiológicas e físico-químicas possam

interferir na qualidade (COLTRO; DEGÁSPARI & STOCCO, 2016). Nesse contexto,

segundo Alves et al. (2012, p. 01) “monitorar a qualidade da água por meio de

análises físico-químicas e microbiológicas fornece subsídio às políticas de proteção

ambiental e decisão nas ações de gestão ambiental”.

No que diz respeito a qualidade da água, a presença de diferentes

componentes presentes em sua composição modifica o que denominamos como

seu grau de pureza. Este grau de pureza pode ser mensurado a partir das

características físicas, químicas e biológicas da água (BORTOLI, 2016; JUNIOR,

2018; ROSA, 2019; SCHNEIDER, 2017).

Os principais parâmetros físico-químicos de qualidade das águas são: cor,

turbidez, temperatura, sabor, pH, alcalinidade, dureza, cloretos, ferro, manganês,

nitrogênio, fósforo, fluoretos, oxigênio dissolvido, matéria orgânica e micropoluentes

orgânicos e inorgânicos. Já os microbiológicos são verificados a partir da existência

de coliformes totais, termotolerantes, coeficiente de desoxigenação, coeficiente de

decomposição, sulfato, carbonato, potássio, salinidade, cloretos (MACÊDO, 2001;

SPERLING, 2005; ALVES, 2010; LIBÂNIO, 2010). Nesse contexto, existem

legislações como exemplo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA do

Ministério da Saúde, criado para normatizar os valores que devem ser considerados

aceitáveis, valores de referência, para os principais parâmetros citados

anteriormente.

19

Page 20: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

A resolução CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 dispões sobre as

classificações dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,

bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes,

analisando a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa

de seus níveis de qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de

modo a assegurar seus usos preponderantes.

De acordo com a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério

da Saúde (BRASIL, 2011), a potabilidade é o conjunto de valores permitidos como

parâmetro da qualidade da água para consumo humano. Essa portaria estabelece

parâmetros referentes à cor, temperatura, pH, condutividade, turbidez, entre outros

aspectos físico-químicos, como também os padrões microbiológicos.

2.3. PRINCIPAIS PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA

2.3.1. Parâmetros físicos

2.3.1.1. Temperatura

A Temperatura é a medida da intensidade de calor expressa em uma

determinada escala, sendo uma das escalas mais usadas o grau centígrado ou grau

Celsius (ºC) (NOGUEIRA; COSTA; PEREIRA, 2015, p. 19). Este parâmetro está

relacionado a diferentes processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem na

água.

Ainda segundo os autores, no regime climático normal ocorrem as variações

de temperatura de tal forma que os corpos de águas naturais apresentam variações

sazonais e diurnas, assim como estratificação vertical, além disso, fatores como

latitude, altitude, estação do ano, período do dia, vazão e profundidade podem

influenciar diretamente nos valores de temperatura.

2.3.1.2. Turbidez

A turbidez é definida como o grau de interferência à passagem da luz através

do líquido. A alteração à penetração da luz na água decorre na suspensão, sendo

expressa por meio de unidades de turbidez (também denominadas unidades de

Jackson ou nefelométricas) (BRASL, 2014).

20

Page 21: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

A presença de matéria orgânica, assim como, altas concentrações de

microrganismos promovem a formação de matéria em suspensão nas águas

naturais, deixando-as turvas. Os períodos de chuva favorecem o aumento do

carreamento de solo para lagos e rios, aumentando a turbidez (BORTOLI, 2016). O

Ministério da Saúde estabelece valores

2.3.1.3. Condutividade elétrica

A condutividade elétrica da água é uma medida da capacidade desta em

conduzir corrente elétrica, sendo proporcional à concentração de íons dissociados

em um sistema aquoso, ou seja, em função da presença de substâncias dissolvidas,

que se dissociam em ânions e cátions (BRASIL, 2014; ZUIN, IORIATTI, MATHEUS,

2009).

Quanto maior a concentração iônica da solução, maior é a oportunidade para

ação eletrolítica e, portanto, maior a capacidade em conduzir corrente elétrica.

Atualmente a condutividade elétrica da água pode ser expressa em, S (Siemens) por

unidade de comprimento (geralmente cm) (S/cm). As águas naturais apresentam

teores de condutividade na faixa de 10 a 100 µS/cm, em ambientes poluídos por

esgotos domésticos ou industriais os valores podem chegar a 1.000 µS/cm (BRASI,

2014).

2.3.1 Parâmetros Químicos

2.3.2.1. pH (Potencial Hidrogeniônico)

O pH, potencial hidrogeniônico, é uma grandeza que varia de 0 a 14, indica a

intensidade de acidez (pH < 7,0), neutralidade (pH = 7,0) ou alcalinidade (pH > 7,0)

de uma solução aquosa e é determinada pela concentração de íons hidrônio

presentes nessa solução (SANTOS; MOHR, 2013; GOMES; TEIXEIRA;

MARTENDAL, 2015).

As etapas de tratamento da água, tais como os processos de neutralização,

precipitação, coagulação, desinfecção e controle à corrosão dependem dos valores

de pH. Nesse sentido, os corpos d’água encontrados na natureza possuem o pH na

faixa de 4 a 9, sendo, em sua maioria, ligeiramente básicos (CLESCERI;

GREENGER; EATON, 1998).

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Page 22: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Segundo Meio Ambiente (2013, citado por Mohr; Gomes; Martendal, 2015, p

.1) “isto acontece pelo fato destas águas [...] possuírem características próprias que

refletem o meio por onde percolam, se relacionando com o contexto geológico da

região e com os produtos das atividades humanas que ali são realizadas”. O

ministério da Saúde determina que a água para consumo humano deve ter sua

turbidez na faixa de 5NTU, já a resolução CONAMA, determina 100NTU como valor

de referência.

2.3.2.2. Oxigênio Dissolvido

O oxigênio dissolvido, de acordo com Brasil (2014), trata-se de um dos

parâmetros mais significativos para expressar a qualidade da água. A dissolução de

gases na água sofre a influência de distintos fatores ambientais (temperatura,

pressão, salinidade). As variações nos teores de oxigênio dissolvido estão

associadas aos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem nos corpos

d’água. Para a manutenção da vida aquática aeróbica são necessários teores

mínimos de oxigênio dissolvido de 2 mg/L a 5 mg/L, exigência de cada organismo

(CETESB, 2019; BRASIL, 2014).

O processo metabólico de conversão de matéria orgânica feito pelas bactérias

aumenta a demanda por oxigênio dissolvido. Ou seja, enquanto houver matéria

orgânica proveniente de fontes de poluição, o meio necessitará de mais oxigênio

dissolvido, dessa forma, a ausência de OD implica em mau odor na água (ALVES et

al., 2008; LIMA, 2018; BATISTA et al, 2017).

2.3.2.3. Dureza

A dureza, segundo Martins (2001), corresponde à presença de íons metálicos

dissolvidos na água, sendo os mais frequentemente associados à dureza os cátions

cálcio e magnésio (Ca2+, Mg2+) e, em menor escala, ferro (Fe2+), manganês (Mn2+),

estrôncio (Sr2+) e alumínio (Al3+).

De acordo com os íons dissolvidos, a dureza pode ser classificada como

dureza temporária e permanente. Segundo Abdalla et al (2009) as durezas

temporárias e permanentes são definidas como:

1)Temporária, também chamada de dureza de carbonatos é causada pela presença de bicarbonatos de cálcio e magnésio, esta resiste aos sabões e provoca incrustações. A designação temporária é porque os bicarbonatos,

22

Page 23: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

pela ação do calor, se decompõem em gás carbônico, água e carbonatos insolúveis, os quais precipitam; 2) Permanente, chamada de dureza de não carbonatos é devida à presença de sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio. Esta também resiste à ação dos sabões, mas não produz incrustações por serem seus sais muito solúveis na água, não se decompondo sob ação do calor. (ABDALLA et al., 2010, p. 3)

A origem da dureza das águas pode ser natural (por exemplo, dissolução de

rochas calcáreas, ricas em cálcio e magnésio) ou antropogênica (lançamento de

efluentes industriais). A dureza da água segundo MS e CONAMA estabelece valor

máximo de 500mg/L de CaCO3.

2.3.2.4. Alcalinidade

A alcalinidade está associada com a existência de íons de bicarbonatos,

carbonatos e hidróxidos. É uma medida que reflete a capacidade da água de

neutralizar ácidos. A distribuição das três formas na água é papel do pH: pH > 9,4,

hidróxidos e carbonatos; pH entre 8,3 e 9,4, carbonatos e bicarbonatos e; pH entre

4,4 e 8,3, somente bicarbonatos (SILVA, 2013, p.40).Tais íons que correspondem à

alcalinidade tem caráter básico, por isso são capazes de neutralizar a acidez

presente em soluções (Santos, 2010).

A respeito do teor de alcalinidade, FUNASA verifica que:

Na maior parte dos ambientes aquáticos a alcalinidade é devida exclusivamente à presença de bicarbonatos. Valores elevados de alcalinidade estão associados a processos de decomposição da matéria orgânica e à alta taxa respiratória de micro-organismos, com liberação e dissolução do gás carbônico (CO2) na água. A maioria das águas apresenta valores de alcalinidade na faixa de 30 a 500 mg/L de CaCO3. (FUNASA, 2014, p.22).

Para MOUSINHO (2014, p.97), a importância do conhecimento das

concentrações destes íons permite a definição de dosagens de agentes floculantes e

fornece informações sobre as características corrosivas ou incrustantes da água

analisada.

2.3.2.5. Cloreto

Segundo a FUNASA (2014, p. 22) cloretos correspondem aos ânions de

origem inorgânica, que podem ser encontrados dissolvidos em recursos hídricos. Os

cloretos, geralmente, provêm da dissolução de minerais ou da intrusão de águas do

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Page 24: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

mar, e ainda podem advir dos esgotos domésticos ou industriais. Em altas

concentrações, conferem sabor salgado à água ou propriedades laxativas. A portaria

2.914/2011 do Ministério da Saúde-MS e a legislação n°357 do Conselho Nacional

do Meio Ambiente-CONAMA, ambas, estabelece limites até 250 mg/L de cloretos em

água, sendo o ministério da saúde padrões para água consumo humano e o

CONAMA para águas superficiais.

2.3.2.6. Acidez

A acidez, em contraposição à alcalinidade, mede a capacidade da água em

resistir às mudanças de pH causadas pelas bases. Sua origem é correspondente a

fontes naturais, devido à dissolução de CO2 atmosférico e proveniente de matéria

orgânica, ou antropogênicas, correspondentes a despejos industriais. Apesar de

pouco significado sanitário, águas ácidas possuem gosto desagradável, como

também, ocasionam corrosões em tubulações e utensílios domésticos (SPERLING,

2005).

Há uma correlação da alcalinidade e Acidez, segundo a FUNASA:

De maneira semelhante à alcalinidade, a distribuição das formas de acidez também é função do pH da água: pH > 8.2 – CO2 livre ausente; pH entre 4,5 e 8,2 – acidez carbônica; pH < 4,5 – acidez por ácidos minerais fortes, geralmente resultantes de despejos industriais. Águas com acidez mineral são desagradáveis ao paladar, sendo desaconselhadas para abastecimento doméstico. (FUNASA, 2014, p.21)

A acidez está relacionada à presença de gás carbônico (CO2) livre na água,

que pode decorrer de origem natural, absorvido pela atmosfera, ou antropogênica, a

partir de lançamentos industriais (FUNASA, 2014).

2.3.2.7. Fósforo total

O fósforo, elemento de ciclo sedimentar, é, em razão da sua baixa

disponibilidade em regiões de clima tropical, o nutriente mais importante para o

crescimento das plantas. Em cursos d’água esse crescimento pode ocorrer em

excesso prejudicando os usos da água, esse fenômeno é conhecido como

eutrofização. Segundo Brasil (2006), no ambiente aquático o fósforo pode ser

encontrado sob várias formas:

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Page 25: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

a) Orgânico: solúvel (matéria orgânica dissolvida) ou particulado

(biomassa de microrganismos)

b) Inorgânico: solúvel (sais de fósforo) ou particulado (compostos

minerais, como apatita)

A presença do fósforo na água está relacionada a processos naturais, como

dissolução de rochas, carreamento de solo, decomposição de matéria orgânica, bem

como a processos antropogênicos, a exemplo o lançamento de esgotos (PARRON;

MUNIZ; PEREIRA, 2011).

2.3.8. Elementos Traços

Determinados compostos químicos, mesmo em baixas concentrações,

conferem à água características de toxicidade, tornando-a, assim, imprópria para

grande parte dos usos. Tais substâncias são denominadas micropoluentes, os quais

se destacam os elementos traços Al, Fe, Cd, Cr, Cu, Ni, Mn, Pb e Zn (BRASIL, 2006;

SANTOS; JESUS, 2014).

A toxicidade dos elementos-traço em água varia em função do pH e da

concentração de carbono (dissolvido e em suspensão). Alguns elementos interagem

com compostos de carbono, formando complexos orgânicos. A presença de

elementos-traço dissolvidos em água utilizada para abastecimento tem sido motivo

de crescente preocupação, pois íons destes elementos possuem elevada toxicidade

e são passíveis de acumulação biológica e de disseminação via cadeia alimentar,

atingindo maiores concentrações nos organismos que ocupam os últimos níveis

tróficos, posição na qual está a espécie humana (MAIA, 2017).

2.3.3. Parâmetros Microbiológicos

2.3.3.1. Coliformes Totais

Os coliformes totais (bactérias do grupo coliforme) são bacilos gram-

negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-

negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou agentes

tensoativos que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ±

0,5oC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima - galactosidase.

A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos gêneros

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Page 26: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vários outros gêneros e

espécies pertençam ao grupo (BRASIL, 2013).

2.3.3.2. Coliformes termotolerantes

Os coliformes termotolerantes são um subgrupo das bactérias do grupo

coliforme, nas quais fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas e tem como

principal representante a Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal. A

Escherichia coli é uma bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e manitol,

com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas produz indol a partir do

triptofano, oxidase negativa, não hidrolisa a ureia e apresenta atividade das enzimas

-galactosidase e -glucoronidase, sendo considerado o mais específico indicador de

contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos

(BRASIL, 2013).

“As bactérias coliformes termotolerantes ocorrem no trato intestinal de animais

de sangue quente e são indicadoras de poluição por esgotos domésticos” (ANA,

2019). Os coliformes termotolerantes em águas e alimentos são um indicador da

presença dos microrganismos patogênicos, Escherichia coli, Salmonella e Sighella.

Apesar de nem todos os coliformes fecais serem patogênicos, sua existência é um

informe de contaminação de origem fecal e poluição.

Nesse sentido, segundo Oliveira et al. (2015, p. 27) “no Brasil, 19% dos

domicílios são abastecidos com águas subterrâneas, essas fontes de água são

geralmente contaminadas por despejos domiciliares, industriais e por chorumes

oriundos de aterros sanitários”.

3. LEGISLAÇÕES VIGENTE PARA QUALIDADE DA ÁGUA

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e

deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA foi instituído pela Lei

6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada

pelo Decreto 99.274/90.

O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores, a saber: órgãos

federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. Desta forma,

existe um representante legal para cada setor, a exemplo: um representante a

Agência Nacional de Águas – ANA. Criada pela lei nº 9.984 de 2000, a Agência

Nacional de Águas-ANA é a agência reguladora dedicada a fazer cumprir os

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Page 27: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

objetivos e as diretrizes da Lei das Águas do Brasil, a lei nº 9.433 de 1997. Para

isso, ela segue basicamente quatro linhas de ação: regulação, monitoramento,

aplicação da lei e planejamento.

A resolução do CONAMA nº 20 de 1986, alterada pela resolução nº 274, de

2000 e revogada pela resolução nº 357, de 2005. 357 de 2005, é aquela que faz a

regulamentação referente a classificação e enquadramento de Corpos de Água e

Padrão de Lançamento de Efluente, assegurando a qualidade destas águas e

diminuição nos custos de combate à poluição das mesmas a partir de ações

preventivas (BORTOLI, 2016).

Ainda de acordo com Bortoli (2016), no Brasil, o padrão de qualidade para

águas está estabelecido na Resolução CONAMA nº 357 de 2005, que “dispõe sobre

a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água

superficiais”. Assim, de acordo com Conama (2005, p.5) “os padrões de qualidade

das águas estabelecem limites individuais para cada substância em cada classe,

interações entre substâncias especificadas ou não, na qual poderão conferir às

águas características capazes de causar efeitos letais ou alteração de

comportamento, reprodução ou fisiologia da vida”.

De acordo com a classificação das águas quanto a sua natureza: doces,

salobras e salinas, serão abaixo descritas as condições e os padrões de qualidade,

de acordo com a Tabela 1, referentes às águas doces que reportam o perfil de

águas subterrâneas obtidas a partir de barragens a exemplo.

Segundo consta no Art.15 a sessão II da CONAMA (2005), as águas doces de

classe dois observarão as seguintes condições e padrões

I - Condições de qualidade de água:

I - Não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes

antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e

filtração convencionais;

II - Coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário

deverá ser obedecida a Resolução CONAMA n° 274, de 2000. Para os demais usos,

não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100

mililitros em 80% ou mais de pelo menos seis amostras coletadas durante o período

de um ano, com frequência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em

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Page 28: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

substituição ao parâmetro coliforme termotolerantes de acordo com limites

estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

III - Cor verdadeira: até 75 mg

Pt/L; IV - Turbidez: até 100 UNT;

V - DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2;

VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2;

VII - Clorofila a: até 30 μg/L;

VIII - Densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3 /L; e,

10 IX - Fósforo total:

a) Até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e,

b) Até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência

entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico.

II - Padrões de qualidade de água:

Tabela 1: Valores máximos permitidos para parâmetros físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos pela resolução n°357 de 2005 do CONAMA, para água de classe II.

Parâmetros Físicos Unidade de Medida Valor Máximo Permitido (VMP)

Cor mg Pt/L 75 Turbidez NTU 100 Salinidade % ≤ 0,5 Condutividade µs/cm 450,0 Temperatura °C --- Parâmetros Químicos Unidade de Medida Valor Máximo Permitido (VMP) pH -- 6,0- 9,0 Oxigênio Dissolvido mg/L >5 mg/L Alcalinidade mg/L CaCO3 250 Dureza Total mg/L CaCO3 500 Magnésio mg/L Mg 150 Cloreto mg/L Cl 250 Manganês (Mn) mg/L Mn 0,1 Ferro (Fe) mg/L Fe 0,3 Alumínio (Al) mg/L Al 0,1 Zinco (Zn) mg/L Zn 0,18 Cromo (Cr) mg /L Cr 0,05 Níquel (Ni) mg /L Ni 0,025 Cobre (Cu) mg /L Cu 0,009 Cádmio (Cd) mg /L Cd 0,001 Fósfóro(P) mg /L de P 0,020 Parâmetros Microbiológicos Unidade de Medida Valor Máximo Permitido (VMP) Coliformes totais NMP/100mL - Coliformes termotolerantes NMP/100mL 2500 em 100mL

Fonte: Elaborado a partir dos parâmetros da Resolução CONAMA n° 357 de 2005.

O interesse em estabelecer normas sobre o padrão de potabilidade no Brasil

se deu a partir de março de 1977, com a Portaria BSB n°56, sendo o Ministério da

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Page 29: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Saúde- MS o órgão representativo responsável por estabelecer um padrão de

potabilidade da água para consumo humano. A mesma portaria passou por

sucessivas revisões em 1990, 2000 e 2004, até ser substituída pela portaria vigente

n° 2914 de 2011 (BRASIL,2011).

Segundo o Ministério da Saúde, água potável é toda água que os valores dos

parâmetros de potabilidade estejam de acordo com a Portaria n°2914 de 2011. Já a

água para consumo humano corresponde a água potável destinada a produção de

alimentos, ingestão e higiene pessoal (Brasil,2011). O MS estabelece valores

máximos permitidos para os parâmetros físicos, químicos e microbiológicos para

água potável e destinada ao consumo humano (Tabela 2).

Tabela 2: Valores máximos permitidos para parâmetros físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos pela Portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da saúde, para consumo humano.

Parâmetros Físicos Unidade de Valor Máximo Permitido

Medida (VMP) Cor mg Pt/L 15 Turbidez NTU 5 Salinidade % ≤ 0,5 Condutividade µs/cm 450,0 Temperatura °C --- Parâmetros Químicos Unidade de Valor Máximo Permitido

Medida (VMP) pH -- 6,0- 9,5 Oxigênio Dissolvido mg/L >5 mg/L

Alcalinidade ( mg/L CaCO3 250 Dureza Total ( mg/L CaCO3 500

Magnésio mg/L Mg 150 Cloreto mg/L Cl 250

Manganês (Mn) mg/L Mn 0,1 Ferro (Fe) mg/L Fe 0,3

Alumínio (Al) mg/L Al 0,2 Zinco (Zn) mg/L Zn 5

Cromo (Cr) mg /L Cr 0,05 Níquel (Ni) mg /L Ni 0,07

Cobre (Cu) mg /L Cu 0,009 Cádmio (Cd) mg /L Cd 0,005

Fósfóro (P) mg /L de P 0,020 Parâmetros Unidade de Valor Máximo Permitido Microbiológicos Medida (VMP) Coliformes totais NMP/100mL * Ausente em 100mL Coliformes termotolerantes NMP/100mL *Ausente em 100mL

Fonte: Elaborado a partir dos parâmetros da portaria n° 2.914 de 2011, Ministério da Saúde.

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É importante destacar que tanto a qualidade da água quanto a sua

quantidade e regularidade de fornecimento são fatores determinantes para o

acometimento de doenças no homem (Brasil, 2006. p.23). Diante disso, é importante

controlar a qualidade da água para consumo humano, através dos parâmetros

determinados pelo órgão público vigente, para que haja uma garantia da proteção à

saúde dos consumidores.

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Page 31: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

4. OBJETIVOS

4.1. GERAL

Avaliar e caracterizar a qualidade da água de corpos d’água utilizados para

abastecimento humano, tais como recreação, consumo e irrigação no distrito de

Ouricuri, Atalaia - AL.

4.2. ESPECÍFICOS

a) Determinar os parâmetros físico-químicos: pH, turbidez, cor, oxigênio

dissolvido, condutividade elétrica, fósforo total, metais; bem como parâmetros

microbiológicos: coliformes totais e termotolerantes das águas dos corpos hídricos.

b) Caracterizar a qualidade da água consumida pela população local

através do uso de técnicas analíticas

c) Comparar os resultados obtidos com os valores exigidos pela

legislação vigente.

d) Informar a população a respeito dos resultados obtidos durante a

investigação.

e) Gerar informação para os órgãos responsáveis pelo Distrito de

Ouricuri, Atalaia-AL.

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Page 32: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1. Definição dos Pontos de amostragem.

A Barragem Milton Santos Ouricuri, localizada no município de Atalaia, distrito

de Ouricuri, foi a zona central usada para coleta analisada durante esta pesquisa,

sendo todos os pontos de amostragem distribuídos entre esta barragem, a estação

de tratamento de água local e as nascentes que têm seu curso d’água na barragem

local.

No total foram amostrados 10 pontos de coleta escolhidos, de acordo com

importância e influência na barragem, e mapeados com Sistema de Posicionamento

Global de C7GPS, de acordo com as diferentes explorações urbanas da barragem,

visto que a barragem consiste no local onde há captação de água, por parte do

sistema de abastecimento e da comunidade, para consumo e recreação. Tais pontos

foram distribuídos junto com os pontos da nascente, para fins de análises físico-

químicas e microbiológicas conforme a Figura 2.

Figura 2: Distribuição dos pontos de coletas no distrito de Ouricuri - AL

Fonte: autora, 2019, pontos adicionados Google Earth.

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Page 33: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

P1- Nascente Shuita.

Coordenadas UTM: N 9940666,161 / E 805734,7337-altitude 336m.

A nascente Shuita (Figura 3) faz parte dos corpos d’água que desaguam na

barragem Milton Santos, o local apresenta-se na área rural do distrito, aos seus

arredores há presença de poucas residências rurais, e tem a agricultura como

atividade principal nessa região. Atualmente, apresenta-se totalmente desprotegida,

desprovida de mata ciliar, local utilizado principalmente para banhar animais.

Figura 3: Ponto 1 - Nascente Shuita.

Fonte: Autora, 2019.

P2- Riacho da Mata.

Coordenadas UTM: N 8941253,862 / E 806521, 349- altitude 277,9m.

Também conhecida como Reserva Shuita (Figura 4), o local é protegido por

mata ciliar que dificulta o acesso e a intervenção humana, permite assim a

preservação do local.

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Page 34: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Figura 4: Ponto 2 - Riacho da Mata.

Fonte: Autora, 2019. P3- Lago Rela Bucho

Coordenadas UTM: N 8942651,739 / E 808959,513- altitude 115,6m.

O lago Rela Bucho (Figura 5) é um ponto de fácil acesso, muito utilizado para

atividades domésticas como lavagem de roupas, pratos e pescaria. O ponto também

é usado, frequentemente, para banhar animais de pequeno e grande porte, como

cavalos e cachorros dos moradores da região.

Figura 5: Ponto 3 - Rela Bucho

Fonte: Autora, 2019.

P4- Estação de Tratamento com Cloro/ Estação de Tratamento Sulfato

Coordenadas UTM: N 894321,669 / E 809506,507- altitude 142,9m.

A estação de Tratamento de Águas - ETAs (Figura 6), está situada às

margens da barragem Milton Santos, esse é o local onde se dá a captação de água

para distribuição às residências. O local de captação do recurso hídrico está nas

proximidades de residências, estabelecimentos comerciais e ponto de recreação da

população local.

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Page 35: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Figura 6: Ponto 4 - ETA

Fonte: Autora, 2019. P5- Prainha

Coordenadas UTM: N 8943083,878 / E 803856,30 - altitude 110,2m.

Prainha (Figura 7) é como é chamado um dos Locais situado às margens da

Barragem, sendo utilizado como ponto turístico da região. Assim, um grande número

de pessoas, que levam seus cães e cavalos para banharem é comum.

Figura 7: Ponto 5- Prainha

Fonte: Autora, 2019.

P6- Mangueira

Coordenadas UTM: N 8942919,782 / E 809668,407 - altitude 112,4m.

Mangueira (Figura 8) é o nome de um dos pontos, estando posicionado no

meio da barragem, o acesso a esta localidade só é possível com o uso de canoas ou

barco, sendo muito utilizado como área de pesca.

35

Page 36: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Figura 8: Pontos 6 - Mangueira

Fonte: Autora, 2019.

P7- Palmeira

Coordenadas UTM: N 8942886,147/ E 809527,085- altitude 112,4m.

Assim como o ponto Mangueira (Figura 9), esse ponto está posicionado no

meio da barragem e seu acesso só é possível com o uso de canoas ou barco,

também sendo utilizado como área de pesca.

Figura 9: Ponto 7 - Palmeira.

Fonte: Autora, 2019.

P8-Vertedouro

Coordenadas UTM: N 8943228,024 / E 810236,79- altitude 113,9m.

36

Page 37: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

O vertedouro (Figura 10) é um local utilizado como área de lazer pela

população, assim, há larga presença de lixo, além de ter sido identificada a

proliferação de baronesas, que se espalham ao longo da barragem.

Figura 10: Ponto 8 - Vertedouro

Fonte: Autora, 2019. P9- Barragem

Coordenadas UTM: N8942911, 927 / E810023, 434 - altitude113, 7m.

A Barragem (Figura 11) é um ponto de fácil acesso, sendo em seus arredores

uma área rural, foi identificado presença de bovinos nas proximidades, o lugar

também é utilizado como passagem para a fonte mineral.

Figura 11: ponto 9 - Barragem.

Fonte: Autora, 2019.

37

Page 38: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

P10- Fonte Mineral

Coordenadas UTM: N8942911,927 / E810023,434 - altitude113,7m.

Fonte mineral (Figura 12) é o local onde a população recolhe água para

beber, o lugar possui fácil acesso e essa água é de origem desconhecida, sendo

utilizada pela população como fonte mineral. É cercada por uma área rural e pela

barragem, ao local de saída da água foi colocado uma encanação, para melhor

captação do recurso, e construída uma cisterna de alvenaria sem funcionalidade.

Figura 12: Ponto10 - Fonte Mineral.

Fonte: Autora, 2019.

5.2. Descontaminação do material para amostragem.

A descontaminação de todo o material consistiu inicialmente na lavagem com

detergente e enxague com água corrente, seguido da purificação com água

destilada. A etapa seguinte envolveu a imersão em banho de ácido nítrico (HNO3)

10% por 24h, sendo este banho ácido usado para remoção de substâncias

estranhas que venham interferir nos resultados das análises.

Posteriormente, foi feito o enxágue com água ultrapura e o material seco à

temperatura local, em ambiente livre de contaminação. Todos os recipientes de

coleta foram acondicionados em sacos plásticos e caixas de isopor com gelo para

transporte até o local de amostragem.

Para as análises microbiológicas, a preparação do material de coleta requer

cuidados específicos, sendo assim, os frascos com tampas esmerilhadas foram

envolvidos com papel alumínio para impedir a contaminação dos recipientes e da

amostra.

38

Page 39: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

5.3. Coleta das amostras.

As amostram foram coletadas em períodos sazonais, quatro amostragens

foram realizadas entre os meses de abril/2018 e junho/2019 nos 10 pontos descritos,

contemplando, assim, os períodos seco e chuvoso da região, sendo duas coletas em

época seca e duas em chuvosa. Segundo dados da Secretaria de Estado do Meio

Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH/AL (2019), os períodos de coleta

corresponderam índices pluviométricos, referenciados na tabela 3.

Tabela 3: Índices pluviométricos nas coletas das amostras no distrito de Ouricuri,

Atalaia-AL.

Data de coleta das amostras Indices Pluviométricos (mm)

26/04/2018 0,2 11/06/2018 12,4 15/04/2019 0,2 17/06/2019 80,0

Fonte: Adaptado de SEMARH/AL, 2019.

Para as amostragens, foram utilizados frascos de polietileno e vidro para

acondicionar as amostras empregadas nas análises físico-químicas e

microbiológicas, respectivamente. Todas as análises foram realizadas com o intuito

de verificar a potabilidade das amostras conforme as normativas legais. Os frascos

foram ambientados em triplicata, preenchidos com 1L de água dos pontos de

amostragem, vedados com saco plástico, identificados com o ponto de coleta e,

posteriormente, armazenados em caixas de isopor contendo gelo. Em seguida,

foram transportadas até o laboratório para realização das análises físicas, químicas

e microbiológicas.

5.4. Análises físicas

As análises primárias foram realizadas diretamente no local de coleta, sendo

elas: pH, oxigênio dissolvido (OD), temperatura e condutividade, tais análises foram

feitas com auxílio da sonda multiparâmetros marca AKSO, modelo AK88. Já as

análises de cor e turbidez foram realizadas no laboratório de química do Instituto

Federal de Alagoas-Campus Maceió, com auxílio do equipamento Aqua Nessler,

modelo NA-1000, para medição de cor por comparação visual. A turbidez foi

verificada utilizando o turbidímetro marca Policontrol, modelo AP-2000, sendo esse

constituído de um nefelômetro, com o resultado expresso em unidades

nefelométricas de turbidez (NTU).

39

Page 40: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

5.4.1. Determinação de Oxigênio dissolvido (OD).

As determinações dos parâmetros oxigênio dissolvido (OD), pH, apesar de

serem parâmetros químicos, foram realizadas junto à temperatura e condutividade

elétrica com o auxílio de uma sonda multiparâmetros AKSO, modelo AK88 (Figura

13).

Para análise, conectou-se a sonda de oxigênio dissolvido, pH e condutividade

elétrica ao aparelho e esperou-se a identificação dos parâmetros, lavou-se as

sondas e mergulhou-as na amostra. Por fim foi aguardada a estabilização das

leituras nas amostras e anotado os valores encontrados.

Figura 13: Sonda Multiparâmetros AK88

Fonte: Autora, 2019.

5.4.2. Análise de Cor.

A cor das amostras foi verificada com o auxílio do equipamento Aqua Nessler,

modelo AN-1000, e Tubo de Nessler com plug (Figura 14). Em um tubo de Nessler

encheu-se a amostra até a marca, em outro tubo foi vertido água destilada com

amostra de referência .Colocou-se o Tubo com a amostra na posição A e o outo na

posição B do aparelho, encaixou-se o prisma e acoplou-se o disco, em seguida

pressionou a tecla de luz girando o disco até verificar-se proximidade entre as cores,

fez-se a leitura e anotou-se os resultados.

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Page 41: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Figura 14: Calorímetro Aqua Nessler

Fonte: Autora, 2019.

5.4.3 Análise de Turbidez

A análise de turbidez foi feita com o auxílio de um turbidímetro modelo AP

2000 policontrol (Figura 15). No frasco de amostragem adicionou-se a amostra e

selecionou-se o padrão para a escala de turbidez. Introduziu-se o lote padrão na

abertura apropriada para a calibração do aparelho, em seguida introduziu-se o

frasco de amostragem, realizou-se a leitura e anotou-se os resultados.

Figura 15: Turbidímetro AP 2000 Policontrol.

Fonte: Autora, 2019.

41

Page 42: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

5.5. Análises químicas

As análises químicas titulométricas reportadas a seguir, correspondentes aos

testes de alcalinidade, dureza total, cálcio, magnésio, cloretos e acidez foram

realizadas em triplicata de acordo com (FUNASA, 2013) a partir do Manual prático

de análise de água, bem como do compêndio Standard Methods of the Examination

of Water and Wastewater (1998).

5.5.1 Determinação de pH

A análise de pH das amostras foi feita com o auxílio do aparelho pH-metro

modelo NI PHM da Nova Instruments (Figura 16). A análise foi iniciada ligando o

aparelho peagâmetro pelo menos 20 minutos antes de iniciar os trabalhos. Esse

procedimento é feito para que ocorra a estabilização do equipamento.

Após o tempo de estabilização, lavou-se o eletrodo com jatos de água

destilada e enxugou-se cuidadosamente com papel absorvente macio. Por fim, foi

colocado um volume suficiente da amostra em um béquer, o eletrodo foi mergulhado

por cerca de três centímetros, apertou-se o botão medir inserido no visor do

aparelho, esperou-se estabilizar e anotou-se o valor de pH especificado pelo

aparelho.

Figura 16: pH-metro NI PHM Nova instruments

Fonte: Autora, 2019.

5.5.2 Alcalinidade

Para iniciar as análises de alcalinidade, separou-se 50 mL da amostra de

água a ser analisada em um erlenmeyer de 250 mL, em constante agitação, e

42

Page 43: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

adicionaram-se quatro gotas de fenolftaleína. Com aparecimento da coloração rósea

deu-se início a titulação com acréscimo de quatro gotas de metilorange à amostra.

Posteriormente, foi iniciada a titulação da alíquota com uma solução padrão

de ácido sulfúrico 0,02 N, até que a coloração passou de alaranjado ao róseo

alaranjado. Após a titulação, foi anotado o volume gasto da amostra e determinado o

valor da alcalinidade em mg /L.

5.5.3 Dureza total

A análise de dureza foi iniciada com a agitação de todas as amostras.

Adicionou-se 50 mL da amostra agitada em um erlenmeyer de 250mL. Logo após

acrescentou-se 2,0 mL da solução tampão de dureza pH 10, solução usada para

impedir a variação brusca de pH, e posteriormente foi inserido cinco gotas da

solução indicadora de Eriochromo Black T para iniciar a titulação.

Uma solução padronizada de EDTA 0,01M foi vertida na bureta de 25 mL.

Durante a titulação das amostras, observou-se a formação da coloração azul

brilhante indicando o ponto de viragem da amostra, o volume gasto foi anotado e

encontrados os valores de dureza total em mg /L de CaCO3.

5.5.4 Cálcio e Magnésio

Para quantificar cálcio e magnésio nas amostras, as mesmas foram agitadas,

com o auxílio de uma proveta e despejado 50 mL em um erlenmeyer de 250 mL.

Com a alíquota da amostra no erlenmeyer, 1,0 mL da solução de hidróxido de sódio

(NaOH 1N) foi adicionado na amostra e agitada. Esta solução de NaOH é usada

como corretor de pH. Acrescentou-se 0,2g de indicador murexida à mistura e

aguardou-se o aparecimento da coloração rósea.

Em seguida a amostra, previamente preparada com NaOH e o indicador, foi

titulada com solução padronizada de EDTA 0,01M. Por fim, titulou-se gota a gota até

o ponto final da titulação, determinado quando a coloração rósea passa à violeta. O

volume gasto identificado na bureta é anotado e utilizado na determinação do valor

de cálcio, em mg/L de cálcio.

A presença de cálcio e magnésio determina a dureza na água, nesse caso

dureza de carbonatos. Portanto, a quantificação de magnésio foi determinada

fazendo-se a diminuição dos valores detectados de dureza total e cálcio,

respectivamente.

43

Page 44: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

5.5.5. Cloretos

Separou-se 50 mL da amostra de água a ser analisada, em seguida foram

adicionadas duas gotas de fenolftaleína e verificou-se se o pH da amostra está

próprio para a titulação, indicado entre 7 a 10, com auxílio do peagâmetro.

Sucessivamente, observou-se a coloração da amostra e, quando a amostra se

revelou incolor, adicionou-se gotas da solução de NaOH 0,05N até ficar levemente

rósea. Quando a coloração foi rósea intenso acrescentou-se gotas da solução H2SO4

0,02N até ficar levemente rósea, tal procedimento foi feito a fim de obter o pH na

faixa entre 7 e 10.

A partir desse momento foi iniciada a titulação, onde, na amostra foram

adicionados 1,0 mL do indicador cromato de potássio, posteriormente procedeu-se a

titulação com a solução padrão AgNO3 0,014N até que a coloração amarela

mudasse para vermelho tijolo. Anotou-se o volume do titulante gasto na amostra e

determinou-se os valores de cloreto, em mg/L, na amostra.

5.5.6. Acidez

Agitou-se a amostra coletada e transferiu-se 50 mL dessa amostra para um

Erlenmeyer de 250 mL, adicionou-se 3gotas do indicador fenolftaleína, observou-se

a coloração rósea, quando ocorrido não foi necessário continuar a análise, pois foi

uma indicação da ausência de acidez. As amostras que permaneceram incolor

titulou-se com solução padronizada de NaOH 0,02N até o aparecimento de uma

coloração rósea persistente, anotou-se o volume gasto e determinou-se a acidez da

amostra.

5.6. Análise Espectrofotométrica.

5.6.1 Análise de Fósforo.

Os valores de fósforo foram determinados a partir do aparelho

Espectrofotômetro UV-VIS modelo Uvmini1240 da Shimadzu, o método utilizado

para análise de fósforo foi o azul de molibdênio. Para Iniciar a análise foram

preparadas as soluções padrões de concentrações 0,4; 0,6; 0,8; 1,0; 1,5; 2,0 e 4,0

ppm, que fizeram parte da construção da curva de calibração.

As amostras utilizadas foram diluídas cinco vezes com água ultrapura e

filtradas com membrana de acetato de celulose. Em tubos de ensaio adicionaram-se

44

Page 45: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

1,0mL da amostra, 1,5 mL da solução mista e 1,0 mL de água ultrapura.

Acrescentou-se 1,0 mL de ácido ascórbico e 0,5mL da solução catalisadora de

antimônio.

Foram aguardados 15min, observou-se se houve ocorrência do aparecimento

e intensificação da cor azul, que é indício da presença de fósforo na amostra.

Durante o procedimento ocorreu a reação química abaixo mencionada onde o

aparecimento e intensificação da coloração azul provocada pela substância azul de

molibdênio nos deram indícios da presença de fósforo.

PO4-3+ 12 MoO4

-2+ 27 H+ → H3PO4 (MoO3)12 + 12H2O

H3PO4 (MoO3)12 + C6H8O6 → Azul de Molibdênio + C6H6O6

Iniciou-se à leitura no Espectrofotômetro de absorção (Figura 17) utilizando

comprimento de onda de 749 nm. Por fim todos os dados obtidos na leitura foram

guardados, concluindo assim a análise.

Figura 17: Espectrofotômetro UV-VIS Shimadzu

Fonte: Autora, 2019.

5.6.2. Preparo da solução mista

Na preparação da solução mista, composta por molibdato de amônio, ácido

oxálico e ácido nítrico. Com auxílio de uma balança analítica foram pesados 0,6185

g de molibdato de amônio, 0,250 g de ácido oxálico, ambos pesados

separadamente, e medido 1400µL de ácido nítrico, com ajuda de uma pipeta

automática. Todas as substâncias, previamente pesadas foram adicionadas a um

Becker e misturadas e dissolvidas em 10 mL de água ultrapura. A mistura foi

45

Page 46: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

transferida para um balão volumétrico de 100 mL, completou-se com água ultrapura

até o menisco e homogeneizada até a total dissolução.

5.6.3. Preparo da solução de ácido ascórbico

Foram pesados 0,6000 g de ácido ascórbico, com auxílio de uma balança

analítica, e transferido para um béquer de 50 mL, diluiu-se a substância em 10 mL

de água ultrapura. A solução foi vertida para um balão volumétrico de 50 mL, o

volume foi completado com água ultra até o menisco de aferição, homogeneizado e

transferido para um frasco reagente devidamente rotulado.

5.6.4. Preparo da solução catalisadora de Antimônio

Para preparação da solução catalisadora, pesou-se 0,0705 g de tartarato de

óxido de antimônio e potássio trihidratado, diluído em 10 mL de água ultrapura e

homogeneizada. A solução foi transferida para um balão volumétrico de 50 mL e

completou-se com água ultrapura até o menisco, por fim armazenado e rotulado.

5.7. Análise de Metais

A análise de Espectrometria de Absorção Atômica foi iniciada com o

procedimento de digestão das amostras em ácido nítrico fazendo-se uso da placa de

aquecimento, técnica usada para preparação da amostra, como também para

transforma-la em uma alíquota mais apropriada para a análise. Sendo toda amostra

inicialmente conservada em geladeira e acidificada com 2% de ácido nítrico, a

conservação em geladeira foi feita desde sua chegada ao laboratório, até o

momento da análise.

A digestão foi realizada em chapa aquecedora, para isto, em uma amostra de

500 mL de volume adicionou-se 5% de ácido nítrico, a mesma foi digerida cinco

vezes, deixou-se sob aquecimento, com consequente evaporação, até que a

amostra veio a atingir 50 mL. O material resultante foi colocado em tubos de pvc e

aguardou-se o momento das análises. Em seguida, foi construída a curva de

calibração utilizando-se de soluções de concentrações conhecidas previamente

preparadas.

Para a análise dos metais nas amostras, foi usado o Espectrômetro de

Absorção Atômica com Atomização em chama (FAAS) modelo AA-7000 da

46

Page 47: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Shimadzu (Figura 18), as amostras e soluções padrão foram colocadas no aparelho

e verificadas possíveis interferências a partir de padrões internos do aparelho.

Adicionou-se as amostras e soluções em uma placa de acrílico e encaixadas

adequadamente no atomizador. Posteriormente, 1,0 mL da amostra foi absorvida por

um nebulizador e levada até o conjunto monocromador e o detector, que

correspondem as regiões de detecção dos metais. As concentrações dos metais

foram determinadas em triplicata.

Figura 18: Shimadzu AA-7000 Elemental Analysis

Fonte: Shimadzu,2019

5.8. Análise Microbiológica

Para a análise microbiológica foi utilizada na etapa de amostragem, a técnica

por tubos múltiplos que corresponde a um método qualitativo que identifica os

resultados por número mais provável (NMP) na qual tem como referência os

procedimentos descritos pelo Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater (1998).

Apenas 5 pontos foram utilizados para realização dessa análise, foram eles:

Riacho da mata, Rela Bucho, Estação de tratamento com Cloro (ETAc), Barragem,

Fonte Mineral devido a quantidade de material disponibilizado no laboratório.

Nas amostras coletadas no ponto da estação de tratamento foram

adicionados 0,1 mL de tiossulfato de sódio a 10% para eliminar o cloro residual livre

presente

5.8.1. Teste Presuntivo

Os testes foram iniciados inoculando no total nove tubos de ensaio contendo

10 mL de caldo lactosado, feito com extrato de carne, peptona e lactose, esterilizado

47

Page 48: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

em autoclave à 121 ºC durante 15 minutos para cada amostra, utilizou-se três tubos

para cada diluição de 10, 1 e 0,1 mL. Assim, nos três primeiros tubos de ensaio

acrescentou-se 10 mL da amostra de água, fazendo o mesmo para as demais

diluições. Em seguida, incubou em estufa a 35 ºC durante 24 a 48 horas.

Após a incubação, foi verificado se houve ocorrência de gás carbônico nos

tubos de Durham, onde ocorreu apresentação do gás foi evidenciado presença de

coliformes totais e/ou termotolerantes. Decorrido o período de incubação, os tubos

que apresentaram resultado positivo, fez-se o teste confirmativo.

5.8.2. Teste Confirmativo de coliformes totais e termotolerantes

O meio utilizado na quantificação de coliformes totais foi o Verde brilhante, já

para termotolerantes foi o EC-MUG. As amostras que apresentaram resultado

positivo fizeram-se a inoculação com auxílio da alça de platina, cada amostra foi feita

em triplicata. Os tubos contendo as amostras para identificação de coliformes totais

foram incubados a 35 ºC durante 24-48 horas, e os tubos de coliformes

termotolerantes foram encaminhados à estufa com temperatura de 44,5ºC durante

24-48 horas.

Após o período de incubação foi realizado a quantificação de tubos com

resultado positivo e feita a interpretação em N.M.P (Número Mais Provável) /100 ml

de amostra.

48

Page 49: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos a respeito das análises físicas, químicas e

microbiológicas das águas que alimentam o Distrito de Ouricuri, de classificação

estão estabelecidos nas Tabelas 4,5,6,7,8 e 9 junto aos valores máximos permitidos

pela CONAMA Nº357/2005 e PORTARIA Nº 2.914/2011 do MINISTÉRIO DA

SAÚDE.

As escolhas dos parâmetros de qualidade seguem ainda, as indicações da

Agência Nacional de Águas-ANA que segundo a instituição os parâmetros de pH,

turbidez, temperatura, oxigênio dissolvido, coliformes fecais, termotolerantes e

fósforo total são parâmetros que indicam o índice de qualidade da água.

Algumas amostragens para os pontos Palmeira e Mangueira não foram

realizadas devido a indisponibilidade dos barcos em chegar aos locais de coleta. A

dificuldade em acessar os pontos de coleta, também, estiveram relacionadas as

fortes chuvas ocorridas nos locais, segundo a SEMARH/AL (2019) foi 80,0mm, dessa

forma, para o mês de junho de 2019 há ausência de dados, por não ter ocorrido a

etapa de amostragem.

6.1. Análises físicas.

Os dados dispostos na Tabela 4, mostra que, no que se refere à cor da água,

houve grande discrepância nos valores encontrados nas amostras, porém, isto pode

ser justificado pelas características dos locais de amostragem, uma vez que esse

parâmetro é alterado devido à dissolução de materiais na água e os pontos de coleta

possuem características bastante diferentes.

A água da Estação de tratamento e da Fonte mineral corresponde aos

pontos em que a água é utilizada para o consumo da população. Na Estação de

tratamento, nos meses de junho/2018 e abril/2019, os resultados para cor foram

encontrados fora do permitido, o que de acordo com o CONAMA é 75 mg Pt/L. Para

a Fonte Mineral esses valores foram excedidos em junho/2019, detectado 100 mg

Pt/L, nesse ponto a água é bruta e não há adição de cloro e sulfato, como na

estação. Segundo Piratoba et al (2017) esses resultados, também podem ser

relacionados as atividades antrópicas que são realizadas às margens dos recursos

hídricos superficiais.

Com exceção da cor, todos os outros parâmetros físicos foram encontrados

dentro dos valores exigidos, foram eles: turbidez, salinidade, condutividade elétrica,

49

Page 50: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

temperatura e pH. Na verificação da salinidade, foram encontrados valores abaixo

de 0,5% em todos os pontos, sendo assim as águas são denominadas doces de

classe dois.

Em relação ao parâmetro da temperatura, apesar de não ter valores exigidos

pela legislação CONAMA e MS, seus resultados influenciam em outros parâmetros.

Por isso, deve ser analisada junto com parâmetros, tal como o oxigênio dissolvido

que, quando saturado em meio aquático são volatilizados para a atmosfera, e podem

influenciar as reações desse meio (NOGUEIRA; COSTA; PEREIRA, 2015, p.19)

Para as análises de pH, estavam todas de acordo com os valores máximos

permitidos, não sendo encontradas anormalidades em nenhuma das amostras, visto

que o pH está entre 6,5 e 9,5. No entanto, em junho de 2019 houve um aumento

significativo nos valores de pH para as amostras de todos os pontos. Apesar de não

excederem os limites, aumentaram acentuadamente com variação de 7,0 a 9,1,

ficando o ponto Rela Bucho com o valor máximo, 9,1. Os valores elevados de pH

podem estar correlacionados aos despejos domésticos lançados aos corpos

hídricos, como também, aos níveis elevados de chuva que ocorreram na região

nesse período. Vasconcelos e Souza (2011, p. 311) determina que o pH é

importante nas diversas etapas de tratamento da água, principalmente, nas etapas

de coagulação, filtração, desinfecção e controle de corrosão.

50

Page 51: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Tabela 4: Concentrações de cor, turbidez, salinidade, condutividade, temperatura e pH das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia –AL.

Cor Turbidez Salinidade Condutividade Temperatura pH

(mg Pt /L) (NTU) (%) (µs/cm) (°C)

2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019

Pontos Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr jun Abr Jun Abr Jun Abr jun Abr Jun

Nascente 80

60

100 - 13,5 12,60

2,0

- 0,00

0,0284

0,0390 - 0,04 76,4

102,1

- 26,4

24,1 28,0 - 6,65

7,06 6,7

-

Riacho da mata 80 80 80 - 47,2 14,50 5,6 - 0,0241 0,0232 0,0326 - 65,7 63,4 86,6 - 29,7 23,4 30,8 - 7,34 7,74 7,1 -

Rela Bucho 80

80

100 >100 111 63,80

1,8

21,2 0,0344

0,031

0,0417 0,0332 91,1 83,4

108,7

88,2 26,8

23,9 30,6 24,3 6,86

6,74 7,0

9,1

Eta Sulfato 20

80

25 2,5 11,1 41,90

1,2

1,2 0,0409

0,036

0,045 0,0519 106,7 97,1

118,4

132,8 28,7

27,9 31,0 26,8 6,34

6,6 6,6

8,0

Eta Cloro 20

80

10 3,0 10,8 41,10

1,3

1,1 0,0406

0,036

0,0479 0,0519 106,1 97,1

123,4

132,8 28,7

24,5 33,8 26,8 6,3

6,7 7,0

8,0

Prainha 100

100

20 35,0 12,7 57,90

1,9

9,1 0,0343

0,0295

0,0432 0,0434 90,8 78,9

112,3

112,8 30,7

27,3 32,0 27,2 6,79

6,5 7,0

8,9

Mangueira 80

-

- - 12,6 -

-

- 0,0343

-

- - 90,8 -

-

- 31,9

- - - 6,79

- -

-

Palmeira 100

-

- - 12,3 -

-

- 0,0344

-

- - 91,0 -

-

- 30,8

- - - 6,69

- -

-

Vertedouro 80

80

80 70,0 45,3 59,60

16,0

19,9 0,0345

0,0294

0,000 0,0321 91,2 78,80

0,1

85,4 29,0

27,1 31,4 27,2 6,76

6,5 6,9

8,4

Barragem 80

100

75 - 12,3 47,20

1,8

- 0,0042

0,0352

0,0441 - 13,3 93,0

114,3

- 29,6

28,1 32,9 - 6,69

6,5 6,1

-

Fonte 5,0

5,0

2,5 >100 9,49 10,0

1,3

60,4 0,0532

0,0494

0,0510 0,0529 135,9 127,0

130,7

135,2 -

26,4 30,7 24,7 6,38

6,2 6,4

8,7

Mineral

*VMP 75 100 ≤ 0,5 450,0 --- 6,0- 9,5 Nota: * VMP: Valores Máximos Permitidos. Os itens com tracejados (-) não foi feita a coleta. Os itens com tracejados (---) não são sugeridos pela Portaria do MS e Legislação CONAMA. Fonte: Autora, 2019.

51

Page 52: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Os teores de oxigênio dissolvido observados em abril de 2018 no Vertedouro,

ponto 8 (5,13 mg/L) e na Nascente, ponto 9 (15,30 mg/L) representam o menor e o

maior valores obtidos como mostra a Tabela 5. Em junho/2018 houve uma variação

de 1,83 mg/L nos resultados do ponto Nascente a 17,20 mg/L no ponto Rela Bucho.

A concentração encontrada no ponto Nascente está relacionada a poluição do local,

uma vez que a água é aproveitada pela comunidade para banhar animais.

Em abril de 2019 não foi possível a realização da análise desse parâmetro

tendo em vista a quebra do aparelho de verificação. Já em junho de 2019, os

resultados de Oxigênio dissolvido tiveram seus valores consideravelmente

diminuídos, a coleta correspondeu a um período com maior volume de chuva

diminuindo a temperatura e aumentando a dissolução dos nutrientes presentes nas

águas superficiais.

Tabela 5: Concentração de oxigênio dissolvido das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia –AL.

Oxigênio dissolvido (OD) 20180120188 2019

Pontos de Coleta Abril Junho Abril Junho

Nascente 15,3 - 1,83 --- -

Riacho da Mata 14,2 16,0 --- -

Rela Bucho 14,0 17,20 --- 5,7

Eta Sulfato 14,5 15,0 --- 5,5

Eta cloro 14,0 15,1 --- 5,5

Prainha 10,3 13,70 --- 5,5

Mangueira 10,3 - --- -

Palmeira 7,20 - --- -

Vertedouro 5,13 15,30 --- 6,5

Barragem 7,20 14,10 --- -

Fonte Mineral 7,10 14,90 --- 6,2

*VMP >5mg Nota: * VMP: Valores Máximos Permitidos. Os itens com tracejados (---) indicam que não foram feitas análises. Fonte: Autora, 2019.

Os resultados de Oxigênio dissolvido podem ter sido influenciados pela

temperatura, visto que, entre os pontos de coleta ocorreu uma variação nos

resultados. Vieira (2015, p.81) diz que este comportamento já era previsto levando-

se em consideração que a solubilidade desse gás diminui com o aumento da

temperatura. Nesse sentido, segundo Neto et al. (2012) como o oxigênio dissolvido

corresponde à concentração de Oxigênio (O2) na água, ele é considerado como

sinalizador de sua qualidade. Além disso, ele está envolvido nos processos químicos

52

Page 53: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

e biológicos ambientais, o que o torna fundamental para toda vida aquática pois

promove o equilíbrio ao ambiente.

6.2. Análises químicas.

Conforme a Tabela 6, as análises de dureza total, alcalinidade, acidez, cálcio,

magnésio e cloreto encontram-se todas dentro dos valores permitidos pela CONAMA

e MS, em todos os pontos e coletas. A dureza é um parâmetro utilizado na

investigação da qualidade da água destinada ao consumo humano, e corresponde a

concentração de íons metálicos, sendo frequentemente encontrados, os cátions

Ca+2 e Mg+2 (Sperling,1996).

Os resultados para dureza total variaram entre 14,6 e 33,3 mg/L CaCO3,

podendo essa água ser caracterizada como água mole ou branda, segundo os

valores determinados pela Legislação da CONAMA para água Potável, visto que

seus valores não excederam a 50 mg/L. As concentrações mais altas de dureza total

foram encontradas no período onde ocorreram os maiores níveis de chuva, neste

caso, junho de 2019, no entanto os resultados não excederam os limites máximos

impostos pela Portaria 2914/2011 do MS, onde o limite é 500mg/L de CaCO3.Nesse

sentindo, Sperling (1996) diz que não existem comprovações de que a dureza

influencie em problemas sanitários, entretanto em altas concentrações promovem

sabor desagradável e pode ter efeitos laxativos. Pode ainda, causar problemas de

incrustações nas tubulações, como também, a diminuição na formação de espumas

acarretando no maior uso de sabão.

As concentrações de cloreto nas águas destinadas ao consumo humano, no

distrito de Ouricuri, variaram entre 6,0 e 11,0 mg/ L, os resultados, estão, portanto,

de acordo com a legislação. O íon cloreto (Cl-), é proveniente da dissolução de sais

com presença desses ânions. Podem ser encontrados em águas superficiais a partir

de origem antropogênica, despejos domésticos, excrementos de animais e

fertilizantes, ou naturais, dissolução de minerais, sua concentração pode oferecer a

água um sabor salgado.

A alcalinidade é um parâmetro que não representa riscos sanitários, seus

estudos possibilitam o controle dos processos a serem utilizados na estação de

tratamento de água residuária. Nas análises de alcalinidade, suas concentrações

foram encontradas com mínima de 18,4 mg/L CaCO3, na estação de tratamento, e

máxima 46,4 mg/L CaCO3 na fonte mineral, em abril de 2018, os resultados obtidos

53

Page 54: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

respeitam os valores exigidos pela legislação CONAMA e MS, que é 250 mg/L

CaCO3.

54

Page 55: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Tabela 6: Concentrações de alcalinidade, dureza total, cálcio, magnésio, acidez e cloreto das amostras de água do distrito de

Ouricuri, Atalaia –AL.

Alcalinidade Dureza Total Cálcio Magnésio Acidez Cloreto

(mg/L CaCO3) (mg/L CaCO3) (mg/L Mg) (mg/L Cl )

2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019

Pontos Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr jun Abr jun Abr Jun Abr jun Abr Jun

Nascente 29,2 29,2 37,3 - 17,2 16,0 20,0 - 4,00 12,0 10,4 - 13,2 4,0 4,0 - 4,0 32,0 - - 32,0 9,0 10,0 -

Riacho da 29,2

22,4 30,6 - 17,2

17,2 14,6

- 4,00 8.0 9,2 - 13,2 9,2 9,2 - 4,0 24,0 - - 30,4

6,0 8,6 -

mata

Rela Bucho 28,0 26,4 38,6 24,0 17,2 20,0 21,3 22,4 5,20 8,0 10,4 10,4 12,0 12,0 12,0 12,0 4,0 28,0 - 38,5 32,0 9,0 10,0 10,0 Eta Sulfato 22,4 26,4 37,3 24,0 16,0 20,0 33,3 37,2 5,20 8,0 14,6 9,2 10,8 12,0 12,0 28,0 4,0 32,0 - 30,2 26,4 11,0 10,3 10,3

Eta Cloro 18,4 20,0 37,3 24,0 20,0 22.4 33,3 29,2 8,00 4,0 10,6 14,4 12,0 18,4 18,4 14,8 4,0 30,4 - 21,6 32,0 10,0 6,3 6,3

Prainha 30,4 24,0 34,6 28,0 18,4 22,4 21,3 30,4 4,00 4,0 13,3 14,4 14,4 18,4 18,4 16,0 5,2 36,0 - 28,8 26,4 9,0 8,6 8,6

Mangueira 28,0 - 34,6 - 20,0 - 25,3 - 6,40 - 14,6 - 13,6 - - - 4,0 - - - 37,2 - 9,0 -

Palmeira 28,0 - - - 18,4 - - - 5,20 - - - 13,2 - - - 4,0 - - - 41,1 - - -

Vertedouro 30,4 29,2 41,2 20,0 16,0 22,4 20,0 38,4 6,40 4,0 13,3 9,2 9,60 18,4 18,4 29,2 4,0 28,0 - 20,5 37,2 7,0 7,3 7,3

Barragem 30,4 29,2 38,6 - 20,0 29,2 32,0 - 5,20 4,0 12,0 - 14,8 16,0 16,0 - 4,0 24,0 - - 44,0 6,0 10,3 -

Fonte Mineral 46,4 34,4 32,0 36,0 16,0 17,2 22,6 20,0 9,20 4,0 9,3 10,4 6,80 1,20 13,2 9,6 8,0 36,0 - 36,0 29,2 9,0 6,0 6,0

*VMP 250 500 --- 150 --- 250

Nota: * VMP: Valores Máximos Permitidos. Os itens com tracejados (-) não foi feita a coleta. Os itens com tracejados (---) não são sugeridos pela Portaria do MS e Legislação CONAMA. Fonte: Autora, 2019.

55

Page 56: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Os metais analisados foram ferro (Fe), alumínio (Al), cádmio (Cd), cobre (Cu)

nos dez pontos de monitoramento, conforme mostra a Tabela 7. Seus resultados foram

verificados a partir da Resolução CONAMA 357/2005, para águas doces de classe

dois, e Legislação do MS Portaria 2914/2011, para água potável.

Em relação ao Al analisado, apenas nos meses de abril e junho de 2018, foram

encontrados com níveis elevados em todos os pontos. Em abril, entre os pontos onde

foram encontrados os maiores níveis de alumínio, estão os pontos da estação de

tratamento, ETA cloro e ETA sulfato. Nestes pontos, após a aquisição do recurso

hídrico obtida na barragem Milton Santos, a água passa por adição de sulfato de

alumínio e cloro para posterior distribuição. Os níveis elevados desse metal

podem ter sido acarretados em decorrência de alguma falha na adição do sulfato de

alumínio utilizado pelo operador.

Freitas et al. (2001, p.658) diz que a constatação da presença de alumínio em

água de rede de tratamento pode ocorrer em função de fatores como: falhas no

sistema de tratamento da água quando se usa coagulantes a base de alumínio ou

mistura de águas que não sofreram um tratamento completo. A contaminação por

alumínio, diante de estudos crescentes a respeitos desse metal, é associada a

problemas de saúde como cólicas abdominais, anorexia, raquitismo e agravação do

mal de Alzheimer.

O Fe teve seus valores excedidos em todas as coletas, e suas concentrações

variaram entre 0,01 e 4,42 mg/L Fe nos anos de 2018 e 2019, aumentando

consideravelmente em 2019. Esse mineral apesar de não ter efeitos tóxicos, seus

níveis elevados promovem diversos problemas ao abastecimento público, provoca

alterações na cor e no sabor da água, bem como ocasiona a deterioração de utensílios

sanitários e roupas (CETESB, 2016). Os níveis elevados de Fe nessa região podem

estar relacionados ao uso da agricultura na região, visto que, entre os pontos de

concentrações mais elevada estão os pontos Rela Bucho (abril/2018) e Riacho da Mata

(abril/2019), região onde o uso da agricultura é maior. Segundo Menezes et al (2009) o ferro faz parte da composição de diversos defensivos agrícolas, sendo estes,

importantes fonte de ferro.

Durante o mês de junho de 2018 o Fe não foi analisado devido a um problema

técnico operacional, a lâmpada de Fe do espectrômetro quebrou, impossibilitando a

análise.

56

Al2(SO4)3

Page 57: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Segundo Tonietto (2006) os elementos traço têm ação persistente, tóxica e

bioacumulativa e têm apresentado um aumento gradual de disponibilidade em corpos

aquáticos, sendo essa ocorrência oriunda de atividades antrópicas. Os elementos traço

são metais encontrados em baixa concentração no ambiente, são ainda participantes

de processos biológicos que ocorrem no organismo.

A contaminação dos corpos hídricos pode se dar através de vários aspectos.

Para Lima (2013, p.99) vários fatores podem contribuir para esses resultados, como

ação antropogênica, geologia local, estações climáticas e variáveis ambientais da

água. Sodré (2005, p.18) diz que, o esgoto bruto pode provocar a deterioração desses

ambientes aquáticos urbanos por meio do aporte de compostos antropogênicos que,

por sua vez, podem afetar a concentração e distribuição de metais na coluna de água.

57

Page 58: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Tabela 7: Concentrações dos metais Cu, Fe, Al e Cd das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia –AL.

Cobre (Cu) Ferro (Fe) Alumínio (Al) Cádmio (Cd)

( mg /LCu) (mg/L Fe) (mg/L Al) (mg /L Cd)

2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019

Pontos Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun

Nascente -- -- 0,13 - 0,97 -- 1,65 - 0,25 1,20 -- -- -- -- 0,16 - Riacho da mata -- -- 1,21 - 1,28 -- 4,42 - 0,54 1,22 -- -- -- -- <0,05 -

Rela Bucho -- -- 0,122 0,11 1,81 -- 0,15 3,07 0,30 1,27 -- -- -- -- 0,16 0,14 Eta Sulfato -- -- 0,12 0,13 0,60 -- 0,65 0,05 0,85 1,23 -- -- -- -- 0,16 0,16 Eta Cloro -- -- 0,10 0,09 0,87 -- 0,10 0,24 1,23 1,23 -- -- -- -- 0,16 0,09 Prainha -- -- 0,03 0,11 0,80 -- 0,54 0,30 0,51 1,26 -- -- -- -- 0,16 0,08

Mangueira -- -- -- - 0,75 -- - - 0,23 - -- -- -- -- 0,16 - Palmeira -- -- 0,10 - 1,05 -- 0,55 - 0,22 - -- -- -- -- 0,16 -

Vertedouro -- -- 0,59 0,06 1,11 -- 0,14 2,14 0,48 1,25 -- -- -- -- 0,15 0,15 Barragem -- -- 0,19 1,53 -- 0,35 - 0,62 1,23 -- -- -- -- 0,13 -

Fonte Mineral -- -- 0,13 0,05 0,25 -- 0,01 4,17 0,83 1,18 -- -- -- -- 0,16 0,16

*VMP 0,009 0,3 0,1 0,001

Nota: * VMP: Valores Máximos Permitidos. Os itens com tracejados (-) não foi feita a coleta. (--) não foi feita a Análise Fonte: Autora, 2019.

58

Page 59: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Os metais Cd e Cu foram analisados, apenas, nos meses de abril e junho de

2019, tal fato ocorreu em virtude da indisponibilidade de lâmpadas de verificação no

espectrofotômetro utilizado. Diante disso, em 2019, esses metais foram quantificados

pela empresa de análises químicas do estado de Alagoas, Central analítica, a partir do

aparelho espectrômetro de absorção atômica novAA300, AnalitikJena.

O Cd e Cu ultrapassaram os limites indicados em todos os pontos, com exceção

do riacho da mata em junho de 2019 para Cd. Os valores encontrados para Cu

variaram entre 0,03 e 1,21mg/L Cu e 0,05 a 0,16mg/L para Cd. Em abril de 2019 foi

encontrado 1,21 mg/L Cu no ponto Riacho da Mata, sendo esse, o ponto com maior

concentração desse metal.

O Cd no mês de abril de 2019 não obteve variações em suas concentrações, a

maioria dos pontos foi encontrado com 0,16mg/L Cd, com exceção dos pontos

Barragem (0,13 mg/L), Vertedouro (0,15 mg/L) e Riacho da Mata (<0,05 mg/L). Em

junho de 2019, período com maior índice de chuvas, foi encontrado uma diminuição da

concentração desses metais no período chuvoso, o que demonstra o efeito da diluição

das chuvas nesses metais.

As práticas agrícolas no entorno desses pontos podem contribuir

significativamente para os níveis elevados encontrados, visto que, o Cu, assim como o

Cd, é um elemento traço que está presente na composição química de pesticidas e

fungicidas, largamente utilizados na atividade agrícola. Os valores permitidos, segundo

a legislação em vigor, para água de consumo humano são 0,005 mg/L Cd e 0,009 mg/L

Cu. Os autos valores desses elementos encontrados na água de consumo humano,

principalmente nos pontos da Estação de Tratamento e Fonte mineral, podem causar

danos à saúde dos indivíduos, o excesso desses metais podem causar diarreia, vômito,

dores abdominais e problemas renais.

Os estudos de Demori (2008) mostram que os efluentes industriais, defensivos

agrícolas, emissões atmosféricas e a geologia local são possíveis geradores de

cádmio, podendo este metal está associado aos metais zinco e cobre.

Conforme Tabela 8, as concentrações de fósforo (P) apresentaram em todos os

pontos de coleta, níveis acima do padrão permitido pela Legislação que é de 0,020

mg/L P. No mês de Abril de 2018, o ponto da Fonte mineral foi a região que apresentou

o grau mais elevado de fósforo (3,223 mg/L P), já os pontos da Estação de tratamento

Cloro e Vertedouro foram detectadas concentrações mais baixas. Assim como em

2018, no período de junho de 2019, as concentrações de fósforo excederam em todos

59

Page 60: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

os pontos, além disso, novamente a Fonte mineral apresentou concentrações mais

elevadas (4,148 mg/L P) o que qualifica esse ponto como uma fonte de fósforo.

Tabela 8: Concentrações de fósforo das amostras de água do distrito de Ouricuri, Atalaia –AL.

Fósforo (mg /L de P) 80120188 2019

Pontos de Coleta Abril Abril Junho

Junho

Nascente 1,246 1,843 2,964 -

Riacho da Mata 1,478 2,262 3,279 -

Rela Bucho 1,564 2,514 2,594 2,761

Eta Sulfato 1,068 3,448 2,479 2,466

Eta cloro 0,940 1,131 2,119 2,273

Prainha 1,029 1,131 2,627 2,518

Mangueira 1,217 - 2,608 -

Palmeira 1,053 - - -

Vertedouro 0,933 1,294 2,525 1,800

Barragem 1,265 1,144 2,621 -

Fonte Mineral. 3,223 2,345 4,14 3,526

*VMP 0,020 Nota: * VMP: Valores Máximos Permitidos. Os itens com tracejados (-) não foi feita a coleta.

Fonte: Autora, 2019.

As altas concentrações de fósforo nos pontos estão relacionadas a ações

antrópicas, visto que o distrito analisado é uma região isenta de saneamento básico,

sendo assim seus esgotos são lançados de forma inadequada promovendo a poluição

dos recursos hídricos locais. Adicionalmente para o ponto da Fonte mineral, o caso

deve-se ao fato de a água ser extraída de uma rocha, pois para Vieira (2015, p.35) as

fontes naturais de fosfato são o intemperismo químico das rochas, bem como a

decomposição da matéria orgânica, e os esgotos são considerados os grandes

contribuintes para o aumento da concentração de fósforo nas águas.

Desta forma, o excesso de fósforo nos recursos hídricos promove o processo de

eutrofização do ambiente. Os níveis elevados dessa substância, geram a proliferação

de algas, efeito na qual é observado nas águas da barragem Milton Santos (Figura 19),

assim como, interfere na dinâmica do ambiente, causa uma diminuição no teor de

oxigênio e consequentemente a mortandade dos seres aquáticos trazendo assim

prejuízos a comunidade.

60

Page 61: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Figura 19: Eutrofização da barragem Milton Santos.

Fonte: Autora da dissertação, 2019.

6.3. Análise microbiológica.

Para os resultados obtidos nas análises microbiológicas, no que diz respeito a

coliformes totais e termotolerantes, os coliformes totais foram excedidos na maioria das

amostras coletadas em 2018 e 2019, conforme observado na Tabela 9, estando assim

em desconformidade com padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde - MS

Portaria 2914/2011 e Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA portaria nº

357/2005. Observou-se ainda, que no mês de junho de 2018 os pontos da Estação de

tratamento e Fonte mineral, foram os únicos pontos que não apresentaram coliformes

totais nas amostras analisadas.

Já as análises de coliformes termotolerantes (Escherichia coli), foram

identificadas presença na maioria das amostras, com exceção do ponto 10, Fonte

mineral, em junho de 2018 que se determinou ausência dos microrganismos. De

acordo com as legislações do MS e CONAMA, para as águas superficiais o limite é de

2500 por 100 mililitros, e para as águas destinadas a consumo humano que é o caso

do ponto 4, Estação de Tratamento, e ponto 10, Fonte Mineral, devem ser ausentes de

coliformes totais e termotolerantes.

61

Page 62: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Tabela 9: Análises microbiológicas das amostras de água, de diferentes pontos, do distrito de Ouricuri, Atalaia-AL.

Coliformes totais Coliformes termotolerantes

(NMP/100mL) (NMP/100mL)

2018 2019 2018 2019 Pontos Abr Jun Abr Jun Abr Jun Abr Jun

Riacho da 2,4 x101 1,1x101 2,4 x101 - 4,6x 102 4,6x100 2,4x101 -

mata _

Rela Bucho 2,4 x101 4,6x 10 0 2,4 x102 >8,0 1,1x 101 2,4x101 2,4x101

>8,0

Estação de 2,4 x101 Ausência 1,5 x101

< 1,1 7,5x 10 -1 2,3x10-2 2,4x103 < 1,1

tratamento

Barragem 2,4 x101 2,4x101 2,1 x102 >8,0 2,4x101 4,6x100 1,1x101

>8,0

Fonte 2,4 x101 Ausência Ausência >8,0 1,1x101

Ausência 1,5x101 >8,0

Mineral

*VMP Ausente Ausente

Nota: * VMP: Valores Máximos Permitidos. Os itens com tracejados (-) não foi feita a coleta. Fonte: Autora, 2019.

As amostras de água da estação de tratamento que obtiveram resultados de

microrganismos excedidos julgam-se ao fato de que o dosador de cloro, que já é

precário, apresentou problemas em seu funcionamento fazendo com que não houvesse

o tratamento adequado na água distribuída durante um determinado período. Já a fonte

mineral, ponto em que se obteve resultado negativo em relação à presença de E.coli,

essa ocorrência é devido à mesma ser oriunda de um minador, não entrando em

contato direto com a microbiota intestinal de aves e mamíferos.

Com relação às análises microbiológicas realizadas no mês de junho de 2019,

em todos os pontos analisados os valores de coliformes totais e termotolerantes

estiveram em desacordo com o recomendado pela Portaria 2.914 do MS. Presume-se

que esta ocorrência se deve ao fato das coletas terem ocorrido em um período de

maior volume de chuvas.

Silva e Veno (2008) encontraram presença de coliformes termotolerantes nas

amostras do Rio Una o qual foi relacionado a presença de ocupação urbana

desordenada ao longo do rio, essa ocorrência evidencia presença de contaminação

fecal promovendo doenças de veiculação hídrica, comprometendo assim a utilização

do rio para a comunidade local.

62

Page 63: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Diante disso, os valores de quantificação de coliformes apresentaram-se fora

dos valores permitidos pela legislação vigente. Acredita-se que diante das condições

sócio ambientais do distrito, a presença de coliforme é dada por meio de fezes de

animal de sangue quente, inclusive seres humanos, visto que a localidade não provém

de rede de saneamento de esgoto, fazendo com que todos os seus dejetos domésticos

sejam desaguados nos corpos d´água ao redor do distrito.

63

Page 64: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

7. CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, constatou-se que o recurso hídrico que abastece

o distrito está sofrendo considerável desgaste ambiental. Identificou-se que o ambiente

aquático sofre degradações naturais, como dissolução de rochas, e antrópicas,

principalmente, resultantes de lançamentos de esgotos domésticos, como também

devido ao uso de substâncias nocivas ao homem nas atividades agrícolas da região.

Em geral, no período de chuvas há um aumento do nível de poluição da água nos

pontos de coleta, principalmente por metais pesados, fósforo, coliformes fecais e

termotolerantes.

Além disso, foi também averiguado que a água que abastece a comunidade do

distrito de Ouricuri-AL não apresenta parâmetros de qualidade compatíveis com os

reportados na legislação vigente, Portaria n°2.914 de 2011 do Ministério da Saúde.

Dessa forma, pode ser afirmado que esta água não é de qualidade e torna-se

imprópria para uso humano. Ainda que o Sistema de Água e Esgoto – SAE do

município de Atalaia realize tratamento da água para abastecimento da população, os

mesmos parecem insuficientes para que a água ofertada seja potável. Assim, sugere-

se que haja melhor análise e adequação dos tratamentos realizados, bem como o

monitoramento periódico da água de abastecimento ofertada para a comunidade.

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8. Perspectivas • Divulgar o diagnóstico à população do distrito de Ouricuri e aos representantes locais

com ajuda da Fundação Amadeu Inácio (FAMIC), com vista em alerta-los aos riscos

que o distrito de Ouricuri corre pelo uso de água má qualidade. • Mostrar a necessidade de cuidados específicos com a Barragem Milton santos e os

demais cursos d’água que abastecem a cidade. • Informar das condições físicas, químicas e microbiológicas da água consumida pela

população, de forma a buscarem meios de suficiente para gerar uma água de qualidade

para o consumo humano. • Utilizar os resultados obtidos para escrita de um artigo cientifico e submetê-lo a uma

revista de alto fator de impacto.

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Page 66: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

9. REFERÊNCIAS

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10. ANEXO

Figura 20: Análise de Oxigênio dissolvido no ponto prainha.

Fonte: Autor dessa dissertação, 2019.

Figura 21: Entrada para o ponto Riacho da mata.

Fonte: Autora desta dissertação. 2019.

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Figura 22: Estrada de acesso aos pontos da nascente e riacho da mata na coleta de junho2019.

Fonte: Autora desta dissertação. 2019.

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Page 74: INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS MESTRADO EM …

Figura 23: Texto da entrevista sobre o Distrito de Ouricuri-AL.

Fonte: Autora desta dissertação, 2019.

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