58
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO INPA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR A INFLUÊNCIA DO MANEJO DE LAGOS E DE CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS SOBRE AS ASSEMBLÉIAS DE PEIXES DE LAGOS DE VÁRZEA DO BAIXO RIO PURUS, NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PIAGAÇU- PURUS, AMAZONAS. BRUNO FEREZIM MORALES Manaus, Amazonas Novembro/2011

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO INPA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR

A INFLUÊNCIA DO MANEJO DE LAGOS E DE

CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS SOBRE AS ASSEMBLÉIAS DE

PEIXES DE LAGOS DE VÁRZEA DO BAIXO RIO PURUS, NA

RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PIAGAÇU-

PURUS, AMAZONAS.

BRUNO FEREZIM MORALES

Manaus, Amazonas

Novembro/2011

Page 2: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

BRUNO FEREZIM MORALES

A INFLUÊNCIA DO MANEJO DE LAGOS E DE

CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS SOBRE AS ASSEMBLÉIAS DE

PEIXES DE LAGOS DE VÁRZEA DO BAIXO RIO PURUS, NA

RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PIAGAÇU-

PURUS, AMAZONAS.

Orientador: Dra. Cláudia Pereira de Deus

Co-orientador: Dr. Sidinei Magela Thomaz

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação do INPA, como parte dos

requisitos para obtenção do título de

mestre em Ciências Biológicas, área de

concentração em Biologia de Água Doce e

Pesca Interior.

Manaus, Amazonas

Novembro/2011

Page 3: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

iii

BANCA JULGADORA

Membros

Dr. Eduardo Martins Venticinque

Examinador externo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN

Dra. Lúcia Helena Rapp Py-Daniel

Examinadora interna

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA

Dr. Efrem Jorge Gondim Ferreira

Examinador interno

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA

Manaus, Novembro de 2011

Page 4: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

iv

Sinopse:

Com o intuito de determinar o efeito de duas categorias de manejo, uso e

proteção, assim como as características ambientais que influenciam a

composição das assembléias de peixes em lagos de várzea do Baixo rio

Purus, foram amostrados 20 lagos na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Piagaçu-Purus. Análises multivariadas foram utilizadas para

determinar se o fator categórico “manejo”, assim como as características

físicas e químicas dos lagos influenciam a composição, riqueza,

comprimento padrão e biomassa das assembléias de peixes.

Palavras-chave: Ictiofauna, Manejo, Lagos de várzea, Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus.

M828 Morales, Bruno Ferezim

A influência do manejo de lagos e de características ambientais sobre as

assembleias de peixes de lagos de várzea do Baixo rio Purus, na Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus / Bruno Ferezim Morales. ---

Manaus : [s.n.], 2011.

xii, 46 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2011

Orientador : Cláudia Pereira de Deus

Co-orientador : Sidinei Magela Thomaz

Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior

1. Ictiofauna. 2. Manejo. 3. Lagos de várzea. 4. Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Piagaçu-Purus. I. Título.

CDD 19. ed. 597.5

Page 5: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

v

Dedico este trabalho ao amigo

“Foguinho” (In memorian).

Page 6: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

vi

AGRADECIMENTOS

- Aos Drs. Cláudia Pereira de Deus e Sidinei Magela Thomaz pela combinação exata e

imprescindível de orientação, amizade e confiança.

- Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo apoio financeiro, ao

Instituto Piagaçu (IPi) e a Wildlife Conservation Society (WCS) pelo apoio logístico para a

realização deste trabalho.

- Ao INPA, PPG-BADPI e aos professores do curso de Pós-Graduação em Biologia de Água

Doce e Pesca interior pelas contribuições intelectuais e consolidação dos alicerces que sustentam

este trabalho.

- Aos assistentes de campo, Zed e Zé Chico (Setor Cáua-Cuiuanã); Seu Iraílton (padre) e Manel

(Setor Itapuru), os verdadeiros mestres da várzea do Purus, pela simplicidade e verdadeiro

conhecimento compartilhado.

.

- Ao Dr. Jansen Alfredo Sampaio Zuanon pelo incansável comprometimento na resolução de

dúvidas e identificação das espécies, disposição ímpar em compartilhar conhecimentos sobre a

Amazônica e acima de tudo pela amizade.

-Aos Drs. Michel Jégu e Lúcia Helena Rapp Py-Daniel pelo auxílio na identificação das espécies.

-Aos Drs. Eduardo M. Venticinque, Carlos Edwar de Carvalho Freitas e Maria Gercília Mota

Soares pelas contribuições como banca na aula de qualificação.

-Aos Drs. Eduardo M. Venticinque, Lúcia Helena Rapp Py-Daniel e Efrem Jorge Gondim

Ferreira, pelas contribuições como banca no ato de defesa pública da dissertação de mestrado.

A Carminha, certamente o maior coração da região Norte do Brasil.

- Aos companheiros de república: Ximbinha, Marcelino, Marla e Mariel pelo companheirismo

nos dias de glória e compreensão nos dias de fúria.

- Aos amigos do Tiradentes e agregados: Cabeça, Marina, Renatinha, Jerê, Pimenta, Paca,

Wander Lúcio, Flávio, Lelei, Chinês, Maurício, Cássio e Vanessa, Henrique, Danete, Paca, Júlia,

e Ronna (Fanfis).

- Aos amigos Minhoca, Xuleta, Túlio e Paulo Ingrato pelo acolhimento imediato e irrestrito nos

primeiros meses em Manaus.

- Aos amigos de Tupã, Pinduca, Biri, Pipo e Bota por manterem sempre acesa a chama da

amizade.

- Aos filhos da Bragança, Paulinho, Adriano, Pablo, Sanguino e Quirino pelos bons tempos em

que viver era muito melhor do que sonhar.

Page 7: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

vii

- Aos amigos do Maracatrutas e Sollado por notoriamente celebrarem a vida e a música.

- Aos amigos do BADPI-Turma 2009, pela grande família que representaram nesses dois anos de

convivência.

-Aos amigos Francimário e Bruno Gaúcho pela amizade consolidada pelo tempo.

-Ao amigo Isaias pela disposição e paciência frente às dúvidas e ensinamentos estatísticos e pelas

diversas “Brahmas Fresh” apenas prometidas.

-A Dra Ana Carolina Lacerda pela leitura do manuscrito e pertinentes contribuições para a

estrutura do texto.

- A Rafaela Priscila Ota, por todo amor, paciência, apoio e pela paz que me fez forte aqui no

Norte.

- As minhas avós, Maria (In memorian) e Antonia, pela sabedoria e carinho inerente aos que

passaram pela vida de maneira sublime.

- Aos meus tios e primos, especialmente a tia Lu pelo exemplo acadêmico e carinho manifestado.

- Aos meus irmãos Rafael e Aline, pedaços de mim arrancados pela distância.

- Aos meus pais, Aldemir e Neulizabeth, pelo amor, exemplo e sobretudo por me permitirem dar

asas aos sonhos.

Page 8: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

viii

RESUMO

Os lagos de várzea desempenham uma importante função na produtividade do ecossistema

aquático, contribuindo para alta diversidade de peixes e produtividade pesqueira da bacia

Amazônica. O rio Purus, devido a sua alta produtividade contribui para grande parte do pescado

desembarcado em Manaus, no entanto, os esforços de pesca têm sido concentrados em poucas

espécies com maior valor comercial, resultando em situações de sobrepesca. Nesse sentido, o

manejo dos recursos pesqueiros se faz necessário tanto pela conservação dos ambientes aquáticos

quanto pela manutenção de uma atividade de destacada importância sócio-econômica para a

população tradicional Amazônica. Além do modo de utilização, muitos estudos consideram que a

organização das comunidades é determinada por fatores abióticos e pelas interações biológicas.

Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do manejo de lagos e de

características ambientais sobre atributos das assembléias de peixes de lagos da várzea do rio

Purus. As coletas foram realizadas entre outubro e novembro de 2009 em 20 lagos de várzea

inseridos nos setores Caua-Cuiuanã e Itapuru, região norte da Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Piagaçu-Purus, área de influência do interflúvio Solimões-Purus. Para cada lago foi

utilizada uma bateria de malhadeiras com malhas de 30, 40, 60, 80, 100 e 120 mm (entre nós

opostos) e 10 metros de comprimento cada, exposta por 4 horas e revistada em períodos de 1 hora

no anoitecer. Também foram amostrados nove parâmetros ambientais de cada lago, sendo estes:

área superficial, perímetro, transparência, profundidade, zona eufótica, condutividade elétrica,

concentração de nitrogênio total, concentração de fósforo total e a relação nitrogênio:fósforo.

Foram capturados 2295 indivíduos, pertencentes a 77 espécies, 21 famílias e seis ordens. As

ordens mais representativas em riqueza e abundância foram Characiformes e Siluriformes,

seguindo o padrão encontrado em estudos similares na região Neotropical. Constatou-se que as

assembléias de peixes são influenciadas pelas características ambientais profundidade e

condutividade e pela categoria de uso na qual estão inseridas (uso ou proteção). Portanto, a

implementação do manejo dos lagos nos setores Cáua-Cuiuanã e Itapuru da RDS-PP, está

demonstrando-se efetiva no que diz respeito à conservação e utilização sustentável dos recursos.

A escolha por parte dos comunitários dos lagos destinados a proteção, mesmo que

implicitamente, resguardou o conhecimento tradicional embasado por fatores históricos,

logísticos e culturais e repercutiu na predileção por lagos que apresentam características

ambientais mais favoráveis a ictiofauna.

Page 9: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

ix

ABSTRACT

Floodplain lakes play an important function in the aquatic ecosystem productivity, contributing to

high fish diversity and fishery productivity of the Amazon basin. The Purus river, due to its high

productivity, has a major role on the fish landed in Manaus, although fishing effort has been

concentrated in a few species with high commercial value, resulting in situations of

overexploitation. In this sense, the management of fishing resources is necessary both for the

conservation of aquatic environments and the maintenance of an activity of outstanding social

and economic importance to the traditional Amazon population. Besides the use, many studies

consider that communities organization is determined by abiotic factors and biological

interactions. Therefore, the aim of this study was to evaluate the effect of lakes management and

environmental characteristics on the attributes of fish assemblages of Purus river floodplain lakes.

Samples were taken between October and November 2009 in 20 lakes included in lowland areas

Caua-Cuiuanã and Itapuru, located at northern region of the Piagaçu-Purus Sustainable

Development Reserve (RDS-PP), area influenced by the interfluve of Solimões-Purus rivers. For

each lake we used a gill nets batteries with meshes of 30, 40, 60, 80, 100 and 120 mm (between

opposite knots) and 10 meters long each, exposed for 4 hours and searched in periods of 1 hour at

dusk. Also nine environmental parameters were sampled for each lake: surface area, perimeter,

transparency, depth, euphotic zone, electrical conductivity, total nitrogen, total phosphorus and

the relationship between nitrogen and phosphorus. Were sampled 2295 individuals belonging to

77 species, 21 families and six orders. Characiformes and Siluriformes were the most significant

orders in richness and abundance, following the pattern found in similar studies in the

Neotropics. It was found that fish assemblages are influenced by the kind of use (use or

protection), and by the environmental characteristics conductivity and depth. Therefore, the

management of the lake-sectors Caua Cuiuanã Itapuru at RDS-PP, is proving to be effective with

respect to the resources conservation and sustainable use. The lakes chosen for protection were

based on the traditional knowledge of the community in historical, logistic and cultural factors,

and were shown to be the lakes with the more favorable environmental conditions for the fish

fauna.

Page 10: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

x

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1

1.1. Justificativa .............................................................................................................................. 4

2. OBJETIVOS .................................................................................................................................... 6

2.1. Objetivo geral................................................................................................................................ 6

2.2. Objetivos específicos ..................................................................................................................... 6

3. MÉTODOS ...................................................................................................................................... 6

3.1 Área de estudo................................................................................................................................ 6

3.2. Amostragem .................................................................................................................................. 9

3.2.1 Amostragem de variáveis ambientais ......................................................................................... 10

3.2.2 Amostragem da ictiofauna ......................................................................................................... 12

3.3 Análise dos dados ......................................................................................................................... 13

4. RESULTADOS.............................................................................................................................. 16

4.1. Caracterização dos lagos de uso e proteção em relação às características ambientais .................... 16

4.2. Variáveis ambientais ................................................................................................................... 17

4.3. Ictiofauna .................................................................................................................................... 17

4.4. Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre a biomassa da ictiofauna .......................... 20

4.5. Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre o comprimento padrão da ictiofauna ......... 20

4.6. Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre a riqueza da ictiofauna ............................. 21

4.7. Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre a composição da ictiofauna ...................... 23

4.8. Relação entre a produtividade primária e a produtividade secundária ........................................... 24

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................................. 24

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................. 29

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 30

8. ANEXOS ....................................................................................................................................... 40

Page 11: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Localização, limites e hidrografia da Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Piagaçu-Purus, baixo rio Purus /AM. ........................................................................ 8

Figura 02. Divisão dos Setores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus,

baixo rio Purus /AM... .............................................................................................. 9

Figura 03. Distribuição e identificação do tipo de uso dos locais de coleta nos setores Cáua-

Cuiuanã e Itapuru da RDS Piagaçu-Purus. .............................................................. 10

Figura 04. Valores de média e desvio padrão da profundidade (a) e conduvtividade (b) de lagos

de uso e lagos de proteção da RDS-PP ( = Média; = Média ± Desvio Padrão)...16

Figura 05. Participação das ordens de Ostariophysi em relação à biomassa, riqueza observada e

abundância (dados logartimizados).. ....................................................................... 18

Figura 06. Relação entre o comprimento padrão e a área do lagos de várzea da RDS-PP

(Resultados Parciais da Regressão Múltipla)........................................................... 21

Figura 07. Relação entre a riqueza de espécies e a condutividade elétrica do lagos de várzea da

RDS-PP (Resultados Parciais da Regressão Múltipla)............................................. 22

Page 12: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Participação das ordens de Ostariophysi em relação à abundância total de indivíduos e

a riqueza observada de espécies de lagos de uso e proteção da RDS-PP... ............... 19

Tabela 02. Resultados da Regressão Múltipla para influência de características ambientais sobre

a biomassa de peixes... ........................................................................................... 20

Tabela 03. Resultados da Regressão Múltipla para influência de características ambientais sobre

o comprimento padrão de peixes (*valores significativos)... ................................... 20

Tabela 04. Resultados da Regressão Múltipla Multivariada para influência de características

ambientais na composição de espécies baseada na presença/ausência (*valores

significativos)... ...................................................................................................... 23

Page 13: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

1

1. INTRODUÇÃO

As florestas inundáveis na várzea correspondem a segunda maior formação vegetal da

bacia Amazônica, ocupando uma superfície de 75.880,8 km2 (Araujo-Lima et al., 1986). A

várzea Amazônica é definida como um conjunto áreas adjacentes ao canal principal de rios,

incluindo lagos, que são periodicamente inundadas pelo transbordamento dos rios de águas

brancas na Amazônia (Junk et al., 1989).

Grande parte dos lagos de várzea amazônicos, apesar de receberem essa denominação,

destoam do conceito clássico de lago, na medida que permanecem conectados ao rio principal por

determinados períodos durante as águas altas ou mesmo permanentemente (Henderson e

Crampton, 1997). Segundo Melack (1984), na Amazônia Central, considerando apenas o sistema

Solimões/Amazonas e seus principais tributários, existem cerca de oito mil e quinhentos lagos.

A maioria dos lagos de várzea amazônicos recebe água e nutrientes de duas fontes

distintas: da bacia de drenagem local e de um rio principal. As oscilações sazonais no nível desse

rio resultam em amplas mudanças na área e profundidade dos lagos (Forsberg et al., 1988). Da

mesma maneira, diferenças no tempo de residência, na composição dos elementos do rio e de

contribuições locais podem ocasionar flutuações marcantes na química da água (Schmidt, 1973;

Furch, 1982). Tais mudanças também ocorrem devido à sedimentação de material em suspensão

durante a cheia e ressuspensão do sedimento durante o período de seca (Schmidt, 1973).

A grande concentração de partículas em suspensão e compostos orgânicos dissolvidos, na

forma de substâncias húmicas, atenua a radiação sub-aquática em lagos da planície de inundação

(Schmidt, 1973, Furch e Otto, 1987) limitando assim a produção primária pelo fitoplâncton

(Hutchinson, 1969). A atenuação da radiação sub-aquática em lagos de planície de inundação é

comumente alta devido a grandes concentrações de partículas em suspensão e compostos

orgânicos dissolvidos, na forma de substâncias húmicas (Schmidt, 1973; Furch e Otto, 1987).

Essa diminuição na disponibilidade de luz na coluna de água pode limitar a produção primária

pelo fitoplâncton (Hutchinson, 1969). A distribuição e dinâmica da produção fitoplanctônica

varia dentro e entre lagos, em resposta a variações espaciais e temporais na morfologia,

geoquímica e padrões de inundação dos lagos. Segundo Schmidt (1973), no período de seca

foram observados os maiores valores de biomassa fitoplânctonica por unidade de volume no lago

Page 14: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

2

Castanho. O mesmo padrão foi observado por demais estudos como Fisher (1979) no lago

Janauacá, Melack e Fisher (1990) no lago Calado e Rodrigues (1994) no lago Camaleão.

Os lagos desempenham uma importante função na produtividade do ecossistema aquático

de várzea. A entrada nos lagos de águas ricas em nutrientes dissolvidos e em suspensão durante a

estação das cheias contribui para a produção das macrófitas aquáticas e fitoplâncton (Junk e

Piedade, 1993). A vegetação flutuante, que pode recobrir a maior parte da superfície do lago,

serve como a principal área de alimentação e berçário para vertebrados e invertebrados aquáticos

(Junk, 1984), sendo também observado em bancos de macrófitas um aumento da riqueza de

táxons e densidade de peixes (Dibble et al., 1996; Harrel e Dibble, 2001; Pelicice et al., 2005) e

invertebrados (Lansac-Tôha et al., 2003; Rennie e Jackson, 2005). Na várzea, as taxas de

ciclagem de matéria orgânica e nutrientes são intensas, resultando em uma alta produtividade

deste ambiente, tornando-o favorável para o crescimento de juvenis de diversas espécies de

peixes (Bayley, 1995).

A planície de inundação amazônica é um ambiente altamente dinâmico. A forte

alternância entre fases aquáticas e terrestres produz padrões variados de adaptações,

comportamento, morfologia, anatomia e fisiologia dos organismos que habitam essas áreas (Junk

et al., 1989). Dessa forma, as condições para manter comunidades naturais com riqueza elevada

dependem da grande heterogeneidade espacial desse ecótono móvel (Siqueira-Souza e Freitas,

2004).

As áreas de várzea periodicamente inundadas, assim como os lagos nelas inseridos, têm

importância fundamental no ciclo de vida de muitas espécies de peixes (Cox-Fernandes e Petry,

1991). As áreas florestais sazonalmente inundadas que margeiam os lagos constituem uma

importante área de alimentação, e muitas espécies dependem dos frutos e sementes liberados

durante a estação inundada. Por outro lado, a retração das águas durante o período de seca limita

o espaço disponível, obrigando os peixes a migrarem da várzea para outros locais como o canal

principal dos rios ou para os lagos permanentes (Goulding, 1980).

A bacia amazônica suporta alta diversidade de peixes (Lévêque et al., 2008) e apresenta

grande produtividade pesqueira (Bayley e Petrere, 1989), principalmente devido a produtividade

das planícies de inundação dos rios de água branca da Amazônia (Junk e Piedade, 1993). Apesar

desta alta riqueza e produtividade de peixes na várzea, os esforços de pesca se concentram em

poucas espécies, das quais cerca de uma dezena chega a representar 80% do pescado

Page 15: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

3

desembarcado nos principais portos (Barthem e Fabré, 2003), o que levou algumas destas a

apresentar sinais de sobrepesca (Isaac e Rufinno, 1996).

Além do montante que é comercializado nos centros urbanos, existe outra quantidade

expressiva que é consumida pela população ribeirinha, que tem no pescado a principal fonte de

proteína animal (McGrath et al., 1999) e de renda, principalmente para aquelas que residem em

áreas afastadas dos centros urbanos, onde a criação de animais domésticos é dificultada (Queiroz

e Crampton, 1999). Nesse sentido, o manejo dos recursos pesqueiros se faz necessário tanto pela

conservação dos ambientes aquáticos quanto pela manutenção de uma atividade de destacada

importância sócio-econômica para a população tradicional Amazônica (Barthem e Fabré, 2003)

A efetividade do manejo depende, portanto, do conhecimento integrado da biologia das

espécies exploradas, das características do ambiente onde vivem e das interações biológicas entre

as espécies. Um dos enfoques científicos que busca explicar a diversidade de espécies nas

comunidades biológicas está centrado no papel dos fatores abióticos e das interações biológicas

na organização das comunidades (variação espaço-temporal, competição, predação e

mutualismo), visão contemplada por alguns estudos clássicos como Pianka (1966) e Macarthur e

Levins (1967).

Em lagos da planície de inundação do rio Orinoco, Rodríguez e Lewis (1997),

encontraram estreita relação entre a estrutura da comunidade de peixes e variáveis ambientais

abióticas, como a transparência da água, condutividade, área e profundidade do lago. O modelo

PTM (Piscivoria-Transparência-Morfomeria) proposto pelos autores sugere que as comunidades

de peixes são estruturadas pela piscivoria, sob influência da transparência da água, assim como

são controladas pela morfometria do lago. No modelo proposto exalta-se, portanto, as

características individuais das espécies, em especial seus sentidos e habilidades de

forrageamento.

A retração dos ambientes aquáticos, durante o período de seca, resulta no aumento da

competição por espaço e alimento para as espécies que utilizam as áreas alagáveis para

alimentação e crescimento, causando um efeito inverso para os predadores que habitam o canal

dos rios (Barthem e Fabré, 2003). Nesse sentido, o presente estudo busca entender os fatores

ambientais que influenciam a composição, riqueza e biomassa da ictiofauna dos lagos de várzea

da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS-PP), tentando também avaliar

o reflexo do manejo de lagos na estrutura da assembléia de peixes.

Page 16: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

4

1.1. Justificativa

A fauna de peixes de água doce do rio Amazonas abriga cerca de 2.400 espécies (Levêque

et al., 2008). A distância geográfica e a dinâmica morfológica de áreas alagáveis frente ao pulso

de inundação, aliados à dificuldade de acesso a algumas regiões, resultam em carência de

informações sobre a ictiofauna de muitos rios da bacia Amazônia.

Estudos recentes registraram 86 espécies de peixes para o alto Purus (Anjos et al., 2008) e

180 espécies para o baixo Purus (Rapp Py-Daniel e Deus, 2003). Estudos já realizados,

juntamente com trabalhos ainda em andamento na área de influência da RDS-PP apontam para

cerca de 400 espécies de peixes na região (Rapp Py-Daniel, com. pessoal). O baixo Purus

destaca-se também por possuir um grande estoque pesqueiro, sendo o tributário do rio Amazonas

responsável pela maior parte do pescado que abastece Manaus, o mais importante mercado de

peixes da Amazônia (Goulding et al., 2003).

A alta produtividade pesqueira no rio Purus em relação a outros grandes tributários do rio

Amazonas já era registrada desde 1978. Petrere (1978), avaliando os locais visitados pela frota

pesqueira de Manaus em 1976, identificou 52 sítios de pesca relacionados ao rio Purus, em

comparação aos 16 sítios relacionados ao rio Madeira, 13 ao rio Juruá e três ao rio Jutaí. Apesar

da intensa exploração comercial pesqueira, grande parte destas espécies também é explorada

pelas populações tradicionais amazônicas em muitos locais como na RDS-PP, localizada no

baixo rio Purus.

Acompanhando essa biodiversidade ictiofaunística, está a apropriação e a utilização deste

recurso, principalmente na forma de extrativismo direto dos recursos naturais. Tal atividade

representa uma característica marcante das populações humanas da Amazônia, evidenciando a

altíssima diversidade social oriunda dos diferentes níveis de apropriação, de recursos,

territorialidades e sustentabilidade ecológica (Lima e Pozzobon, 2005).

As Unidades de Conservação (UCs) de uso direto, como a RDS-PP, têm como objetivo

básico promover a conservação da biodiversidade e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e

os meios necessários para a reprodução social, a melhoria dos modos e da qualidade de vida,

aliado à exploração racional e sustentada dos recursos naturais por parte das populações

tradicionais, além de valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo

do ambiente desenvolvido por estas populações. Segundo o Plano de Gestão da UC, A RDS-PP

Page 17: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

5

foi dividida em sete Setores, respeitando-se características de localização de comunidades locais,

rede hidrográfica e fitofisionomias, objetivando-se elencar unidades de manejo para uma

efetivação de discussões considerando as particularidades locais. Para cada setor está previsto um

zoneamento, sendo que para a região Norte da UC esta atividade já foi concluída. O processo de

zoneamento das áreas de uso das comunidades locais da RDS-PP está ocorrendo no sentindo

Norte-Sul, sendo os setores localizados na região Norte, abrangidos pelas regras de uso por um

maior período. Nestas atividades, foram discutidas, de forma participativa, a definição de

medidas de manejo (zoneamento e ordenamento). Estas medidas incluem a categorização dos

lagos em relação ao tipo de uso (Uso ou Proteção) e regras para a exploração dos recursos nas

áreas de uso. Segundo Wilson et al. (2003), a gestão sobre a utilização dos recursos, na medida

que envolve as comunidades no processo de elaboração e implementação das regras de manejo e

áreas de uso, pode ser considerado um tipo de manejo participativo.

Áreas protegidas são de elevada relevância na manutenção dos estoques pesqueiros

explorados, pois se configuram como ambientes propícios ao recrutamento das espécies,

assegurando a sustentabilidade da pesca (Agostinho e Zalewski, 1996). A utilização da ictiofauna

pelas populações tradicionais, assim como a pesca comercial na Amazônia, configuram-se como

pretextos fundamentais e justificáveis para o entendimento da ecologia e biologia das espécies de

peixes. Igualmente, muitas das espécies de peixes capturadas se encontram em níveis de

sobrepesca em algumas áreas da região Amazônica e sua exploração é balizada legalmente por

leis proibitivas e períodos de resguardo (defeso), como é o caso do pirarucu -Arapaima gigas

(Schinz, 1822)- e do tambaqui -Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)-. Outras espécies podem

estar com suas populações comprometidas, entretanto a carência de informações dificulta a

avaliação do seu status atual de exploração e de seu verdadeiro papel ecológico.

Page 18: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

6

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Avaliar o efeito do manejo (categoria de uso do lagos) e de variáveis abióticas sobre a

biomassa, comprimento padrão, riqueza e composição de espécies das assembléias de peixes

de lagos da várzea do rio Purus.

2.2. Objetivos específicos

1. Caracterizar lagos de várzea da RDS-PP de diferentes categorias de uso quanto às

características ambientais.

2. Avaliar a biomassa, comprimento padrão, riqueza e composição de espécies das

assembléias de peixes de lagos de várzea da RDS-PP.

3. Testar a influência da categoria de uso e proteção e de variáveis ambientais sobre a

biomassa, comprimento padrão, riqueza e composição de espécies de peixes dos

lagos de várzea da RDS-PP.

4. Avaliar a relação entre a produtividade primária (dinâmica de nutrientes limitantes) e

a produtividade secundária (abundância e biomassa de peixes) nos lagos de várzea da

RDS-PP.

3. MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O rio Purus serpenteia por aproximadamente 3.200 km, desde a sua nascente, no Peru, e

percorre os estados do Acre e do Amazonas até desembocar no rio Solimões, a cerca de 200 km a

oeste de Manaus. Suas águas representam aproximadamente 5% da descarga anual do rio

Amazonas (Goulding et al., 2003).

Page 19: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

7

O Purus é o último tributário da margem direita do rio Solimões, antes deste encontrar

com o rio Negro, próximo a Manaus, e formar o rio Amazonas. O rio Purus contém a maior área

de várzea (21.000 km2) dentre todos os tributários do sistema Solimões-Amazonas (Junk, 1984).

Caracteriza-se como um rio de água branca, com muitos meandros, resultantes da migração da

sua calha principal, ocasionando a formação de inúmeros lagos, muitos em forma de ferradura e

canais ao longo do seu curso (Goulding et al., 2003).

Os rios de água branca, segundo Barthem (2003), como o Amazonas, Napo, Tigre, Juruá,

Purus e Madeira geralmente nascem nas encostas dos Andes, de onde descem carreando uma

grande quantidade de água e sedimento e materiais em suspensão, tornando-se turvos e com

visibilidade em torno de 20 cm. São relativamente ricas em Ca2+

e HCO3- o que as classificam

como carbonatadas (Sioli, 1968) e apresentam pH entre 6,5 e 7, próximo do neutro devido ao

carbonato diluído na água que atua como tampão (Barthem, 2003). A condutividade elétrica é

mais elevada na águas brancas do rio Solimões (média 98,8 μS cm-1), seguida pelo Purus (49,30

μS cm-1) (Queiroz, 2009).

A RDS-PP está localizada na região do baixo rio Purus, entre as coordenadas geográficas

4°05‟ e 5°35‟ S e 61°73‟ e 63°35‟ W (Figura 01). Foi criada no ano de 2003 pelo Governo do

Estado do Amazonas, por meio do Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas -

IPAAM. Esta Unidade de Conservação possui duas áreas indígenas em seu interior [Terra

Indígena (TI) Lago do Ayapuá e TI Itixi-Mitari] e faz limite com a Reserva Biológica de Abufari,

compondo a área de um novo corredor ecológico na Amazônia Central, no sentido norte-sul,

formando um mosaico de cerca de 1,5 milhões de hectares. Considerando as seis novas Unidades

de Conservação criadas a longo da rodovia BR-319, a Floresta Estadual de Canutama, a Reserva

Extrativista de Canutama, a Floresta Estadual de Tapauá, o Parque Estadual do Matupiri, a

Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Matupiri e a Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Igapó-Açú, amplia-se esse corredor no sentido Leste-Oeste com um área de cerca

de 52 mil Km².

Page 20: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

8

F

i

g

u

r

a

0

1

.

L

o

c

a

l

i

z

Figura 01. Localização, limites e hidrografia da Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Piagaçu-Purus, baixo rio Purus /AM.

A RDS-PP apresenta área de 827.317 km² e abrange quatro municípios: Beruri, Anori,

Tapauá e Coari. Sua fisionomia é composta por 40% de áreas periodicamente alagáveis e o

restante por terra firme (Albernaz e Venticinque, 2003).

Foram definidos sete setores dentro dos limites da RDS-PP (Figura 02). A divisão da área

de unidade de conservação em setores, seguida de seu zoneamento como parte do plano de

gestão, é indicado em regiões onde existe grande heterogeneidade ambiental. Este método

permite uma caracterização mais minuciosa das peculiaridades de cada sistema permitindo que se

adotem formas de manejo mais adequadas e próprias para cada área.

Os critérios estabelecidos para a delimitação dos setores foram a fitofisionomia, a

hidrografia, as áreas tradicionais de uso dos recursos e as rotas de acessos. De uma maneira geral,

a classificação das áreas quanto ao tipo de uso contemplou áreas de proteção, onde não se

permitem a exploração de recursos, e as áreas de uso sendo divididas entre uso para subsistência

e para fins comerciais (Ipi, 2010).

Page 21: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

9

Figura 02. Divisão dos Setores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, baixo rio Purus /AM.

3.2 Amostragem

As coletas foram realizadas em outubro e novembro de 2009 em 20 lagos de várzea

inseridos nos setores Caua-Cuiuanã e Itapuru, região norte da RDS-PP (Figura 03; Anexo 01;

Anexo 5). A região coberta por estes dois setores compreende a maior área de várzea, que

compartilha o extravasamento das águas dos rios Solimões e Purus por se localizar na área de

interflúvio destes.

O período escolhido para as amostragens contemplou a estação das águas baixas na

região, caracterizado pelo final do período de vazante e período de seca. Nessa época do ano, o

recuo das águas para o canal principal do rio promove o restabelecimento da forma e

características intrínsecas dos ambientes, possibilitando amostragens da ictiofauna peculiar de

cada lago, evitando assim uma amostragem deficiente devido à dispersão das espécies durante o

período alagado em planícies de inundação. Durante as águas altas os hábitats de planícies de

inundação são mais homogêneos; em contrapartida, durante as águas baixas, as assembléias

Page 22: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

10

aquáticas seguem trajetórias diferentes em lagos de várzea, tornando importante avaliar o papel

de variáveis limnológicas sobre a estruturação das comunidades durante este período (Thomaz et

al., 2007).

Figura 03. Distribuição e identificação do tipo de uso dos locais de coleta nos setores

Cáua-Cuiuanã e Itapuru da RDS Piagaçu-Purus.

3.2.1 Amostragem de variáveis ambientais

Foram avaliados nove parâmetros ambientais de cada lago, sendo estes: área superficial,

perímetro, transparência, profundidade, zona eufótica, condutividade elétrica, concentração de

nitrogênio total, concentração de fósforo total e a relação nitrogênio:fósforo,

A área superficial e o perímetro de cada lago foram obtidos através da análise de imagem

de satélite correspondente ao período de seca de 2009. Foram obtidas imagens Landsat (5), órbita

32, ponto 63, RGB 543, gratuitamente no site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais). Os lagos foram desenhados com auxílio de um programa de SIG (Sistema de

Page 23: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

11

Informações Geográficas). Foi gerado um polígono de cada lago, e deste foram obtidas as

medidas de área (m²) e perímetro (m) utilizando o programa Global Mapper Versão 10 (© 2009

Global Mappper LLC).

A transparência da água (m) foi determinada através de um disco de Secchi. A

profundidade dos lagos também foi mensurada utilizando-se o disco de Secchi através da leitura

da profundidade total, ou seja, a altura em que o disco encosta o fundo do lago. As medidas de

transparência e profundidade foram tomadas em cinco pontos ao longo de uma transecção que

cruzou totalmente cada lago estudado.

A extensão da zona eufótica (Zeu), que corresponde à profundidade atingida por apenas

1% da radiação incidente na superfície, foi calculada conforme a metodologia sugerida por

Esteves (1988) definida simplificadamente pela equação Zeu = Secchi x 2,7. A zona eufótica

consiste na profundidade máxima na qual a produtividade primária supera a respiração.

Para a determinação da condutividade elétrica e das concentrações do nitrogênio total (N-

total) e fósforo total (P-total), foram coletadas amostras de água em três pontos da superfície de

cada lago (margem, área intermediária e centro do lago). A escolha deste estrato da coluna de

água foi motivada pela homogeneização desta devido à baixa profundidade dos lagos,

características marcantes de lagos de várzea amazônicos em períodos de seca. Misturas completas

da coluna de água diárias são constatadas quando esses lagos têm profundidade inferior a 4-5 m

(Tundisi et al., 1984; Melack e Fisher, 1990). Os resultados dessas variáveis foram representados

pelas médias das três medidas obtidas.

A condutividade elétrica (µS/cm) foi determinada através de um condutivímetro portátil

(Aqua-CheckTM Water Analyzer Operator, O.I. Analytical). Para a análise da concentração de

nutrientes, as amostras de água foram acondicionadas em frascos de polietileno (300 ml),

armazenadas em gelo, permanecendo resfriadas até serem analisadas em laboratório. Em

laboratório, as amostras foram fixadas com solução de ácido sulfúrico 50% até pH 2 (Carmouze,

1994). As análises foram realizadas através de uma cooperação com o Laboratório de Hidrologia

da Coordenação de Pesquisas em Clima e Recursos Hídricos (CPCRH) do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia. Aplicou-se o método descrito por Valderrama (1981), que implicou na

adição de Persulfato de Potássio e ácido Bórico em Hidróxido de Sódio para digestão em auto-

clave a 110ºC durante 30 minutos.

Page 24: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

12

Para determinação do N-total, a amostra já digerida foi passada por uma coluna de

Cádmio para reduzir o Nitrato a Nitrito. Em seguida, foram adicionados sulfanilamida e n-naftil

etilenodiamina diclórico. Durante o processo, a Sulfanilamida reage com o HNO2 formando um

composto que reage com o n-Naftil Etilenodiamina Diclórico, resultando em um composto de cor

violeta que foi lido no espectrofotômetro a 530nm (MacKereth et al., 1978).

Para determinação do P-total, foi adicionado à amostra já digerida um reagente misto,

constituído de Molibdato de Amônio, Ácido Sulfúrico, Ácido Ascórbico, Tartarato de Potássio e

Antimônio (proporção 2:5:2:1). A amostra final foi lida em espectrofotômetro a 882nm

(Golterman et al., 1978).

O fósforo é considerado limitante quando a proporção é maior que 10N:1P; co-limitante

(N e P são limitantes) quando os valores da proporção situarem-se entre 5 e 10, e o nitrogênio é

limitante quando a proporção é inferior a 5N:1P (Vallentyne, 1974; Healey, 1975).

Optou-se, portanto, em utilizar como variáveis preditoras da produtividade primária a

relação em massa de N:P (Relação N:P) e a concentração dos nutrientes nitrogênio e fósforo.

3.2.2 Amostragem da ictiofauna

As pescas foram realizadas utilizando uma bateria de malhadeiras com malhas de 30, 40,

60, 80, 100 e 120 mm (entre nós opostos) 2 metros de altura e 10 metros de comprimento cada.

Para cada lago foi utilizada uma nova bateria de malhadeira, exposta por 4 horas e revistada em

períodos de 1 hora ao anoitecer. O tempo de exposição foi assim definido com o propósito de

minimizar os danos causados por peixes piscívoros, botos e jacarés às malhadeiras e aos peixes

capturados. A situação descrita foi confirmada em amostragens preliminares, com exposição dos

apetrechos de pesca por períodos superiores à quatro horas. Nestas amostragens experimentais,

verificou-se substituição total das espécies capturadas por piranhas ou destruição total do

apetrecho.

Em campo os exemplares coletados foram acondicionados em sacos plásticos, etiquetados

com a identificação do local e data e transportados para o laboratório de apoio onde foram

tomadas medidas biométricas de peso total (Wt) e comprimento padrão (Ls).

As espécies de peixes capturadas foram identificadas através de manuais de identificação

de peixes neotropicais, bem como com auxílio de chaves dicotômicas regionais. O

Page 25: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

13

enquadramento taxonômico e a relação das espécies registradas estão de acordo com Reis et al.

(2003), Buckup et al. (2007) e Ferraris (2007).

Alguns exemplares de cada espécie foram fotografados para compor o banco de imagens e

exemplares-testemunho foram selecionados, fixados em formalina (10%), conservados em álcool

70% e depositados no acervo ictiológico do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - Inpa.

Eventuais confusões taxonômicas foram minimizadas com o auxílio de pesquisadores

especialistas do Inpa na identificação das espécies através da análise dos exemplares-testemunho.

3.3 Análise dos dados

.

Para averiguar se lagos pertencentes às duas categorias de usos diferiram quanto às

variáveis ambientais, empregou-se testes t. Utilizou-se como variáveis respostas a área,

perímetro, profundidade do disco de Secchi, condutividade, zona eufótica, N-total, P-total e a

relação N:P.

A relação entre as variáveis ambientais supracitadas foi verificada através de Correlação

de Pearson. Quando duas ou mais variáveis apresentaram valor de correlação maior que 0,6

(r>0,6), apenas uma delas foi escolhida pra representar as demais nos procedimentos estatíticos

seguintes. Tal procedimento foi realizado para evitar ruídos nas análises devido à colinearidade

entre as variáveis ambientais. O critério utilizado para escolha das variáveis foi balizado por

estudos atuais envolvendo análises similares, tais como Rodriguez e Lewis (1997) e Tejerina-

Garro et al. (1998). A escolha do mesmo pool de variáveis contemplado por estudos anteriores

buscou permitir uma maior robustez na avaliação e comparação dos resultados obtidos.

A categorização dos lagos segundo os tipos de uso seguiu as definições do Plano de

Manejo da RDS-PP (IPi, 2010). No estudo, os lagos foram separados em duas categorias: lagos

de uso (utilizados para subsistência e pesca comercial) e lagos de proteção (lagos protegidos,

onde a pesca comercial e de subsistência são proibidas). Dessa forma, a categoria de uso foi

entendida como uma variável categórica, sendo atribuído para distinção dos lagos sob esse

critério o valor 0 para lagos de uso e 1 para lagos de proteção.

A abundância de cada espécie amostrada foi determinada através da captura de

indivíduos. A biomassa e o comprimento padrão foram representados pelo somatório do peso

total e comprimento padrão de todos os indivíduos por espécie, considerando que o esforço

empregado nas amostragens foi o mesmo por local de coleta.

Page 26: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

14

A riqueza de espécies foi definida pelo número de espécies em uma unidade de

amostragem (riqueza observada). Uma vez que o número de espécies está relacionado ao número

de indivíduos capturados (Gotelli, 2001; Melo et al., 2003; Begon et al., 2006), foi realizada uma

rarefação de espécies para expressar os resultados de riqueza, com o intuito de eliminar o efeito

da abundância. Assim utilizaram-se os valores de riqueza rarefeita para representar a riqueza de

espécies.

Para avaliar o esforço amostral, foram utilizados os estimadores de riqueza: Jackknife 1,

Jackknife 2, Chao e Bootstrap. Ambos os procedimentos foram realizados no programa R®

v.2.11.1 (http://www.R-project.org).

O Jacknife 1 é um estimador de riqueza total que utiliza o número de espécies raras (que

ocorrem em apenas uma amostra). O Jackknife 2 utiliza o número de indivíduos que ocorreram

em uma única amostra e em duas amostras. O método Chao estima a riqueza através do número

de espécies representadas por apenas um indivíduo e o número de espécies representadas por dois

indivíduos. O Bootstrap por sua vez, cria uma estimativa utilizando todas as espécies, incluindo

as raras (Magurran, 1988).

Os lagos amostrados foram ordenados com base nos dados de abundância (quantitativos)

e composição de espécies (presença/ausência) utilizando Escalonamento Multidimensional Não-

Métrico – NMDS (Legendre e Legendre, 1998). As dimensões geradas pelo NMDS revelam o

padrão principal da abundância e composição de espécies. Essa abordagem faz-se necessária

devido ao elevado número de espécies assinaladas pelo estudo. Ordenações com dados

qualitativos (presença e ausência) e quantitativos (abundância) buscam elucidar padrões baseados

nas espécies pouco comuns e mais comuns respectivamente. Para a técnica de ordenação dos

dados de abundância foi construída uma matriz de dissimilaridade utilizando o índice de Bray-

Curtis. Para os dados qualitativos foi utilizada a matriz de dissimilaridade gerada através do

índice de Sorensen.

As relações entre as dimensões do Escalonamento NMDS (variáveis dependentes), e as

variáveis ambientais área, profundidade e condutividade (variáveis independentes) foram

investigadas por meio de Regressão Múltipla Multivariada e Regressão Múltipla. A relação entre

riqueza de espécies, comprimento padrão e biomassa com as variáveis ambientais também foram

avaliadas através de Regressão Multipla (Zar, 1999).

Page 27: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

15

Para avaliar o efeito do estado de proteção do lagos (proteção e uso) no comprimento

padrão da ictiofauna e na composição de espécies baseada na abundância e presença e ausência

de espécies nos lagos representadas pelos escores que compõem os respectivos eixos da NMDS

foram utilizadas Análises de Covariância (ANCOVA) nos dois primeiro casos e Análise de

Covariância Multivariada (MANCOVA) no último, utilizando como co-variável para cada caso

as variáveis ambientais que influenciaram a variável resposta no procedimento de Regressão

Múltipla.

A normalidade dos resíduos da Regressão e ANCOVA foi avaliada através do teste de

Kolmogorov-Smirnov. Este teste é baseado na diferença máxima entre uma distribuição empírica

e uma distribuição hipotética (Massey Jr, 1951).

O teste evidenciou distribuições não-normais apenas para riqueza (Kolmogorov-Smirnov:

P=0,028) e biomassa (Kolmogorov-Smirnov: P=0,015). Para atender aos pressupostos de

normalidade, os valores de biomassa e riqueza foram transformados utilizando Log(x+1). No

entanto, mesmo com a transformação os pressupostos de normalidade não foram atendidos para

ambos os casos (P<0,05). Foi então utilizada a análise de variância não-paramétrica (Kruskal-

Wallis) para avaliar o efeito do tipo de uso sobre os dados não logaritimizados de riqueza e

biomassa.

Buscando ratificar as predições obtidas e aproximar a explicação gerada pelos modelos

aos dados reais, utilizou-se o critério de informação de Akaike (AIC). O AIC procura uma

solução satisfatória entre um bom ajuste e o princípio da parcimônia (Akaike, 1973). O modelo

de regressão, um dos métodos mais utilizados em análises inferenciais, fundamenta-se em um

critério de otimização, resultando em único algorítmo que representa o melhor modelo de ajuste

das variáveis preditoras. Como medida alternativa, utilizou-se o método de seleção de modelos na

análise de caminhos, buscando gerar todos os modelos de regressão possíveis e então avaliá-los

segundo um critério escolhido. Foi realizada uma classificação dos modelos através do critério de

Akaike, na qual as predições que mais se aproximaram dos dados reais (menores scores de AICc

wii) ocuparam as primeiras posições, obtendo assim as variáveis que se comportaram como

melhores preditoras. Foram utilizados como variáveis respostas os escores dos eixos da NMDS

que representam a composição de espécies, riqueza e comprimento padrão, e como variáveis

preditoras a categoria de uso, condutividade, área do lago e profundidade.

Page 28: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

16

A produtividade secundária foi representada pela abundância e biomassa de peixes.

Testou-se, portanto, a relação entre produtividade secundária e as três variáveis preditoras da

produtividade primária (relação N:P, concentração de N e P) através de Regressões Lineares.

A rarefação e o NMDS foram realizados no o programa R® v.2.11.1 (http://www.R-

project.org) e as análises de Regressão Múltipla, Regressão Linear, normalidade de resíduos,

ANCOVA, MANCOVA e Kruskal-Wallis e teste t, foram realizadas no programa SYSTAT®

10.2 (SYSTAT Software Inc). A correlação de Pearson e o AIC foram realizados no programa

SAM® - Spatial Analisys in Macroecology v.4.0 (Rangel et al., 2010).

4. RESULTADOS

4.1 Caracterização dos lagos de uso e proteção em relação às características ambientais

No que diz respeito às características ambientais, lagos de uso e proteção diferenciaram-se

apenas pela profundidade (t=-2,256; df=16.7; P=0,038) e condutividade (t=2,597; df=10.1;

P=0,026), apresentando valores de P>0,05 para as demais variáveis. Constatou-se, portanto, pelos

valores médios que lagos de proteção foram mais profundos (X=1,43m; MÁX=2,90m) enquanto

que lagos de uso apresentaram-se mais condutivos (X=47,95 µS/cm; Máx=69,67µS/cm) (Figura

04).

Lagos de Uso Lagos de Proteção0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

Pro

fun

did

ade

(m)

Lagos de Uso Lagos de Proteção0

20

40

60

80

Conduti

vid

ade

(µS

/cm

)

Figura 04. Valores de média e desvio padrão da profundidade (a) e conduvtividade (b) de

lagos de uso e lagos de proteção da RDS-PP ( = Média; = Média ± Desvio Padrão).

a b

Page 29: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

17

4.2 Variáveis ambientais

Através da correlação de Pearson (Anexo 2), foram identificados três grupos de variáveis:

i) área e perímetro; ii) profundidade, concentração de nitrogênio total, concentração de fósforo

total, relação nitrogênio:fósforo, transparência e zona eufótica e iii) condutividade.

As variáveis área e perímetro foram agrupadas por apresentarem alta correlação (Pearson:

r=0,868), sendo a primeira definida como representante do grupo. As variáveis do segundo grupo

foram relacionadas (Anexo 2) e a variável profundidade foi escolhida para representá-las. A

condutividade elétrica foi colocada em um grupo a parte por não apresentar correlação com

nenhuma outra variável. A categoria de uso foi disposta e tratada separadamente por tratar-se de

um fator categórico.

4.3 Ictiofauna

Foram capturados 2295 indivíduos. A ictiofauna foi composta por 77 espécies

pertencentes a 21 famílias e seis ordens (Anexo 3). Observou-se uma tendência de suficiência

amostral, ressaltada pelos estimadores não-paramétricos, com captura de 72% das espécies

esperadas para os lagos pela estimativa Jacknife 1 (Jack1 = 107,4), 60% pelo estimador Jacknife 2

(Jack2 = 12,5), 57,5% pelo estimador Chao (Chao = 133,89) e 85,75% segundo o estimador

Bootstrap.

Characiformes apresentou maior riqueza, representada por 54,5% das espécies capturadas,

seguida por Siluriformes (29,9%), Perciformes (9,1%), Clupeiformes e Gymnotiformes (2,6%) e

Osteoglossiformes (1,3%). Maiores abundâncias foram também observadas para Characiformes e

Siluriformes com 1888 e 279 indivíduos respectivamente. Osteoglossiformes contribuiu com uma

única espécie, no entanto, foi a terceira ordem mais abundante quanto aos indivíduos e a segunda

maior contribuição em biomassa. Evidencia-se, portanto, a importância de Characiformes nos três

quesitos avaliados, todavia a discrepância na participação de Osteoglossiformes nestes, deve ser

ressaltada (Figura 05).

Page 30: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

18

Figura 05. Participação das ordens de Ostariophysi em relação a biomassa, riqueza observada e abundância (dados logartimizados).

Pygocentrus nattereri foi a espécie mais constante, sendo capturada em 90% dos lagos,

seguida por Serrasalmus aff. rhombeus e Triportheus angulatus (80%), Osteoglossum

bicirrhosum e Serrasalmus maculatus (65%), e Pterygoplichthys pardalis (60%). As demais

espécies foram encontradas em menos de 45% dos lagos.

Sete espécies apresentaram altos valores de biomassa, representando 79,5% do total de

359,536 kg. Destas, destacaram-se P. nattereri com 32,3%, O. bicirrhosum (20,7%), Colossoma

macropomum (11,7%) e P. pardalis (6,9%). Apesar da grande contribuição de C. macropomum

em biomassa, tal espécie ocorreu em apenas 20% dos locais amostrados, diferindo das demais

que ocorreram em no mínimo 60% dos lagos.

Maior abundância foi verificada para P. nattereri com 880 indivíduos, seguida por T.

angulatus com 276, Serrasalmus aff. robertsoni com 157, P. pardalis com 93 e O. bicirhosum

com 76 indivíduos. Espécies raras, representadas por apenas um indivíduo, representaram 28,5%

do total capturado e 2% da biomassa.

A convergência de altos valores de biomassa, abundância e ocorrência indicam uma

tendência de dominância das espécies P. nattereri, O. bicirrhosum e P. pardalis nos locais

amostrados(Anexo 4).

Page 31: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

19

Lagos de proteção apresentaram dominância das ordens Characiformes, seguida por

Siluriformes (Tabela 01). Perciformes foi pouco expressiva, apresentando apenas uma espécie

neste tipo de lago. Em lagos de uso, além da dominância das duas ordens acima citadas,

salientou-se uma maior participação dos Perciformes, com a presença de sete espécies, além da

discrepância entre a alta abundância de Characiformes em relação às demais ordens.

Tabela 01. Participação das ordens de Ostariophysi em relação à abundância total

de indivíduos e a riqueza observada de espécies de lagos de uso e proteção da RDS-

PP.

Ordem Lagos de uso Lagos de Proteção

Abundância Riqueza Abundância Riqueza

Characiformes 1045 27 843 38

Siluriformes 63 11 216 21

Perciformes 13 7 8 1

Clupeiformes 5 2 22 1

Osteoglossiformes 27 1 49 1

Gymnotiformes 1 1 3 2

Do total de espécies capturadas, menos da metade (46,76%) destas ocorreu nas duas

categorias de lago. Lagos de proteção apresentaram composição mais específica com 28 espécies

exclusivas (36,36%), comparados aos lagos de uso que tiveram apenas 13 espécies, as quais só

foram encontradas neste tipo de ambiente .

Entre as espécies que ocorreram apenas em ambientes protegidos destaca-se o tambaqui

(C. macropomum), espécie de maior importância para a pesca na região amazônica com

participação entre 26 a 45% da produção total no mercado de Manaus nos períodos de seca e

cheia respectivamente (Santos et al., 2006). É considerada uma espécie com grande preferência

para o consumo (Isaac e Ruffino, 1996) e desde a década de 80 foi evidenciado declínio das

populações e suspeitas de sobrepesca do tambaqui (Merona e Bittencourt, 1988). Atualmente a

exploração do tambaqui é regulamentada por leis proibitivas e períodos de resguardo.

O aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), espécie também bastante expressiva

comercialmente, esteve presente nas duas categorias de lago, no entanto, apresentou maior

abundância em ambientes protegidos (n=49) do que ambientes não protegidos (n=27).

Page 32: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

20

4.4 Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre a biomassa da ictiofauna

Não foi verificada relação significativa da biomassa de peixes dos lagos com as variáveis

ambientais (Tabela 02). Assim como não houve influência da variável categoria de uso sobre a

biomassa de peixes (Kruskal-Wallis: P=0,190). Portanto não há distinção entre lagos de uso e

proteção sob esse aspecto.

Tabela 02. Resultados da Regressão Múltipla para influência de

características ambientais sobre a biomassa de peixes.

Variável R2 df P

Área 0,134 3,16 0,255

Profundidade 0,134 3,16 0,268

Condutividade 0,134 3,16 0,568

Diante da inexistência de relação entre as variáveis profundidade, condutividade, área e

categoria de uso e a variável dependente (biomassa), foi descartada a utilização do método de

seleção de modelos, evitando uma interpretação enviesada a partir de resultados induzidos.

4.5 Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre o comprimento padrão da

ictiofauna

Constatou-se, através dos resultados obtidos pela regressão múltipla que o tamanho dos

peixes é influenciado negativamente pela área dos lagos (Comprimento padrão=22.181-

0.00001Área; r²=0,417; df=3,16; P=0,021; Tabela 03; Figura 06). Observou-se que as varáveis

área e a categoria de uso não foram relacionados (P=0,286), assim como não foi observada

distinção entre lagos de uso e proteção quanto ao comprimento padrão médio dos indivíduos

(ANCOVA: r2=0,360; df=1; P=0,198).

Tabela 03. Resultados da Regressão Múltipla para influência de

características ambientais sobre o comprimento padrão de peixes

(*valores significativos).

Variável R2 df P

Área 0,417 3,16 0,021*

Profundidade 0,417 3,16 0,403

Condutividade 0,417 3,16 0,087

Page 33: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

21

Figura 06. Relação entre o comprimento padrão das

espécies de peixes e a área do lagos de várzea da RDS-PP

(Resultados Parciais da Regressão Múltipla).

O melhor modelo obtido através do critério de informação de Akaike corroborou os

resultados acima descritos, tendo em vista que a melhor explicação para os dados de

comprimento contemplou apenas a variável área do lago (AICc=98,003, ∆AIC=0, r²=0,293 AICc

wi=0,271).

4.6 Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre a riqueza da ictiofauna

A Regressão Múltipla mostrou não haver influência da área (P=0,639) e profundidade

(P=0,925) sobre a riqueza de espécies, sendo esta relacionada negativamente com a

condutividade (Riqueza=82,639-0,680 Condutividade; r²= 0,515; df=3,16; P=0,001; Figura 07).

Verificou-se que as variáveis condutividade e categoria de uso foram relacionadas (P=0,030)

-200000

-100000 0

100000

200000

300000

Área (Parcial)

-5

0

5

10

Co

mp

rim

en

to P

ad

rão

(P

arc

ial)

Page 34: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

22

assim como foi constatado que, ao avaliar o efeito da categoria de uso sobre a riqueza, lagos de

uso e proteção são distintos quanto ao número de espécies de peixes (Kruskal-Wallis:

F=;df=1;P=0,007). Isso é confirmado pela maior riqueza de espécies observada em lagos de

proteção (S=64) em comparação a lagos de uso (S=49).

-30 -20 -10 0 10 20 30 40

Condutividade (Parcial)

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

Riq

ue

za

(P

arc

ial)

Figura 07. Relação entre a riqueza de espécies e a

condutividade elétrica do lagos de várzea da RDS-PP

(Resultados Parciais da Regressão Múltipla).

Através do AIC, testou-se também a relação entre a riqueza de espécies e as variáveis

profundidade, condutividade e área. O resultado obtido foi congruente ao evidenciado pela

regressão múltipla, ressaltando como melhor modelo o representado apenas pela variável

condutividade (AICc=162,67; ∆AIC=0, r²=0,507, AICc wi=0,672). Ao adicionar a variável

categórica na análise de seleção de modelos, foi evidenciado pelo AIC que o melhor modelo que

explica a riqueza de espécies é composto pela combinação das variáveis condutividade e

categoria de uso (AICc=160,756, ∆AIC=0, r²=0,618, AICc wi=0,440), seguido pelo modelo que

agrega apenas a variável condutividade(AICc=162,67, ∆AIC=1,914, r²=0,507, AICc wi=0,169).

Page 35: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

23

Assim, os resultados ressaltam a influência agregada da condutividade com o tipo de uso do lago

para buscar explicar os padrões de riqueza de espécies nos lagos.

4.7 Influência do manejo e das variáveis ambientais sobre a composição da ictiofauna

A configuração obtida pelo NMDS sugeriu uma solução uni-dimensional para representar

a composição de espécies com dados de abundância, explicada por 68,50% da variância das

distâncias originais. Para dados qualitativos a configuração produzida por dois eixos da NMDS

foi suficiente para explicar 69,82% da variância. A escolha do uma única dimensão, no primeiro

caso, foi induzida por um baixo incremento na porcentagem de variação dos dados com a adição

uma nova dimensão no modelo.

Constatou-se, para os dados qualitativos, que a composição de espécies é influenciada

apenas pela profundidade (Pillai Trace=0,42; F2,15=5,433; P=0,017; Tabela 04), não variando

com a forma de manejo dos lagos (MANCOVA: Pillai-Trace= 0.293; F2,16=3,311 P=0,063).

Entretanto, pôde ser verificado um efeito marginal, devido à obtenção de probabilidade próxima a

0,05.

Tabela 04. Resultados da Regressão Múltipla Multivariada para

influência de características ambientais na composição de espécies

baseada na presença/ausência (*valores significativos).

Variável Pillai Trace F2,15 P

Área 0,156 1,385 0,281

Profundidade 0,420 5,433 0,017*

Condutividade 0,063 0,508 0,612

Com o método de seleção de modelos, verificou-se para a composição baseada em dados

de presença/ausência uma melhor configuração gerada pelo modelo que agrega a categoria de uso

do lago juntamente com a profundidade (AICc=24,014, ∆AIC=0, r²=0,333, AICc wi=0,296). O

critério de Akaike conseguiu captar a influência sinérgica das variáveis, confirmando a influência

apenas sinalizada pelo procedimento estatístico anterior.

Para dados de abundância os resultados indicaram que a composição de espécies,

representada pelos escores do primeiro eixo da NMDS é influenciada pela área

(Composição=0,456+0,00001Área; r²=0,447; df=3,16; P=0,015) e pela profundidade dos lagos

(Composição=0,456-0,608Profundidade; r²=0,447; df=3,16; P=0,010). Lagos de diferentes

Page 36: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

24

categorias de uso foram distintos em relação à composição (ANCOVA: r2=0,573; df=1;

P=0,032).

O critério de informação de Akaike evidenciou, para os escores obtidos a partir de dados

de abundância, um melhor ajuste para o modelo que contempla a combinação das variáveis:

categoria de uso, área e profundidade (AICc=41,174, ∆AIC=0, r²=0,573, AICc wi=0,580). Assim

o AIC demonstrou que a configuração mais plausível que explica a composição de espécies é

pautada na combinação dos fatores evidenciados pelos procedimentos anteriores. Dessa maneira,

ressaltou-se a influência dos fatores, todavia houve um refinamento da análise ao inferir que os

fatores estão intrinsecamente ligados e a influência de cada um deles não deve ser tratada

separadamente.

4.8 Relação entre a produtividade primária e a produtividade secundária

Em relação aos nutrientes avaliados e a participação destes na limitação da produtividade

primária nos lagos de várzea da RDS-PP observou-se que 80% do lagos de uso e 75% dos lagos

de proteção apresentaram N e P como co-limitantes (valores da relação N:P entre 5,68 e 9,75).

Nos demais lagos, em ambos os casos, o fósforo agiu como nutriente limitante, não sendo

observada a limitação por nitrogênio nos ambientes amostrados.

Os resultados das Regressões Lineares não evidenciaram relação entre a biomassa e

produtividade primária, no sentido de que não foi observada influência da relação N:P (P=0,598),

concentração de P (P=0,345) e concentração de N (P=0,483). No que diz respeito à abundância,

observou-se através dos resultados que esta também não foi influenciada pela concentração dos

nutrientes N (P=0,122), e P, assim como pela relação N:P (P=0,922).

5. DISCUSSÃO

As maiores abundâncias e riquezas de Characiformes e Siluriformes observadas para os

lagos de várzea da RDS-PP foram consistentes com o padrão encontrado na maioria dos estudos

em rios, lagos e riachos neotropicais (Tejerina-Garro et al., 1998; Lowe-McConnell, 1999;

Mendonça et al., 2005), sendo estas duas ordens, segundo Reis et al. (2003), dominantes na

região Neotropical. A maior diversidade de Characiformes observada concordou com Siqueira-

Souza e Freitas (2004) e Freitas e Garcez (2004), ambos estudando a fauna de peixes de

ambientes de várzea do baixo Solimões.

Page 37: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

25

Ambientes de várzea apresentam como característica ecológica marcante a alta

produtividade biológica, gerando elevada biomassa de peixes (Batista, 1998). No entanto,

segundo Fabré e Barthem (2005) as contribuições da ictiofauna em número e biomassa são

determinadas pelo tamanho das populações e do ambiente em que vivem. Lagos de uso e

proteção não diferiram em relação à área superficial, assim, as contribuições em biomassa nos

lagos de várzea da RDS-PP estão possivelmente condicionadas às variações populacionais das

espécies de peixes que compõem a ictiofauna.

Dessa forma, com relação à biomassa, a ausência de relação entre esta e as variáveis

ambientais área, profundidade e condutividade, assim como a não distinção de lagos de uso e

proteção, revelam que a quantidade de biomassa desses ambientes foi balanceada pelo maior

número de indivíduos amostrados em lagos de uso em contraposição ao maior número de

espécies verificado para lagos de proteção. Não obstante estes ambientes serem mais ricos em

número de espécies, maior abundância de O. bicirrhosum, maior participação dos Siluriformes,

como por exemplo alguns pimelodídeos que atingem grande porte, a exclusividade de captura do

tambaqui “C. macropomum” (maior espécie dentre os Characiformes amostrados) em ambientes

protegidos, equalizou o déficit ocasionado pela menor abundância observada nestes ambientes. A

maior probabilidade de captura de tambaquis em lagos protegidos já havia sido verificada por

Silvano et al. (2009), em estudo sobre os peixes de lagos de uso e proteção na Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que verificaram maior abundância desta espécie em

lagos de proteção.

A maior abundância e riqueza de Siluriformes nos lagos de proteção pode estar

relacionada às adaptações sensoriais e morfológicas das espécies desta ordem à ambientes mais

profundos, visto que Characiformes são normalmente peixes com olhos grandes, diurnos e

visualmente orientados, que habitam águas superficiais bem iluminadas (Lowe-McConnell, 1975;

Fink e Fink, 1979; Moyle e Cech, 1996) ao passo que os Siluriformes possuem adaptações

sensoriais para a baixa visibilidade, sendo primariamente noturnos e bentônicos (Hara, 1971;

Fink e Fink, 1979).

Ainda no que diz respeito à morfologia dos peixes, não foi observada, distinção entre

lagos de uso e proteção referentes ao comprimento padrão médio das assembléias de peixes e a

área, o que é confirmado pela ausência de relação entre as variáveis área e categoria de uso dos

lagos. Assim, a relação negativa entre o comprimento padrão médio e a área dos lagos, apesar de

Page 38: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

26

existente, pode ter sido tendenciada pela alta variação dos valores de área dos lagos, que

contribuiu para que lagos de uso e proteção não fossem considerados estatisticamente diferentes

em relação a esta variável.

Foi observado também que lagos de uso e proteção diferiram quanto à riqueza de

espécies. A relação negativa entre a riqueza e a condutividade foi representada pela menor

riqueza encontrada em ambientes com maior condutividade, os lagos de uso, e está pautada na

interação verificada entre as variáveis condutividade e categoria de uso. Os diferentes valores de

condutividade elétrica dos lagos de várzea amazônicos estão associados às diferenças na

composição das águas dos principais rios, que drenam regiões com propriedades geológicas

distintas (Furch, 1984; Sioli, 1984; Junk e Furch, 1993). Os dois setores da RDS-PP

compreendidos pelo estudo contemplam a dinâmica do interflúvio de várzea Solimões-Purus,

regido pela influência lateral marcante dos dois rios sobre essas áreas de várzea no período de

águas altas.

Não obstante, Queiroz et al. (2009) verificaram variações geomorfológicas e físico-

químicas que indicaram que tanto o Solimões como o Purus, e os respectivos afluentes, estão

submetidos a condições geológicas/ambientais distintas. Diante disso, apesar da distribuição

aleatória de lagos de uso e proteção na área de estudo, os mesmos apresentaram diferentes

valores de condutividade, possivelmente devido às características geológicas que os

diferenciaram e permitiram-lhes agregar separadamente a influência dos dois rios no período da

vazante, permanecendo com estas características durante o período de seca, visto que segundo

Devol et al. (1984) e Forsberg et al. (1988), a condutividade elétrica pode ser considerada

conservativa e pode ser utilizada com sucesso para traçar a origem da água.

Outros trabalhos testaram a influência da condutividade elétrica na riqueza de espécies.

No sistema Solimões-Amazonas, Zuanon et al. (2004) não verificaram essa relação em praias e

bancos de macrófitas no trecho Tabatinga (AM) e Santana (AP). Na Amazônia Central Pazin et

al. (2006), estudando igarapés de terra firme e poças temporárias adjacentes, verificaram relação

entre a riqueza e a condutividade apenas nas poças, reafirmando a natureza conservativa da

condutividade. A relação negativa evidenciada pelos autores foi congruente com a relação

observada nos lagos de várzea da RDS-PP. Portanto, em alguns ambientes lênticos Amazônicos,

a condutividade elétrica pode ser utilizada para inferir acerca da riqueza de espécies de peixes,

Page 39: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

27

sendo preferível, no processo de escolha da categoria dos lagos em ações de manejo, optar pela

proteção de ambientes com menor condutividade.

Por sua vez, a variação da composição de espécies com a profundidade verificada nos

lagos de várzea da RDS-PP foi congruente com o que foi verificado em estudos nas planícies de

inundação dos rios Orinoco (Rodriguez e Lewis, 1997) e Araguaia (Tejerina-Garro et al., 1998).

A influência desta característica do ambiente na composição de espécies pode ser evidenciada

pela participação das ordens nos dois tipos de lagos analisados. Como destacado nos resultados,

lagos de uso e proteção apresentaram características distintas e dessa forma grupos de espécies

com adaptações morfológicas para utilizar tal ambiente. Essa relação está pautada pelo aumento

do número da abundância e riqueza de Siluriformes e maior número de espécies exclusivas em

lagos de proteção. Assim, a variação da profundidade influenciou a composição de espécies no

sentido que refletiu a preferência das espécies por locais que disponibilizem condições mais

favoráveis e congruentes à morfologia, fisiologia e comportamento das espécies.

Observou-se também que a composição de espécies variou de acordo com a área do lago.

Tal variação é esperada, pois assim como a profundidade, o aumento de área implica em um

aumento da área de uso disponível (e.g. heterogeneidade ambiental) para algumas espécies e suas

populações, que encontram em ambientes maiores condições mais favoráveis ao “input” de um

maior número de indivíduos utilizando-se dos mesmos recursos, sem resultar em competição

intraespecífica

No que diz respeito à relação produtividade primária versus produtividade secundária, a

ausência de relação entre a concentração de N, P e relação N:P e a abundância e biomassa é

corroborada pela não distinção dos lagos de uso e proteção no que diz respeito à disponibilidade

de nutrientes. A diferença de profundidade entre estes lagos não foi suficiente para influenciar a

dinâmica dos nutrientes, visto que todos os lagos apresentaram profundidade inferior a três

metros e foram igualmente influenciados pelos eventos diários de mistura da coluna de

água(Tundisi et al., 1984; Melack e Fisher, 1990). A limitação da produtividade primária

constatada para os ambos nutrientes (N e P) na maioria dos lagos e pelo fósforo nos demais está

possivelmente relacionada com a química dos ambientes aquáticos de água branca, como

observado por Schmidt (1973) em relação à química do rio Solimões, de que a maior parte do

nitrogênio disponível se encontra nas suas formas dissolvidas (NOD – Nitrogênio orgânico

dissolvido e NID – Nitrogênio inorgânico dissolvido) e o P na forma particulada (PP – Fósforo

Page 40: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

28

particulado), associado a compostos orgânicos em suspensão. Assim, a grande quantidade destes

compostos em suspensão na coluna de água devido à alta decomposição de macrófitas aquáticas e

a lixiviação das margens aliadas a eventos diários de ressuspensão dos sedimentos pelo vento,

aliado a uma grande quantidade de matéria orgânica passível de agregar os nutrientes,

possivelmente prejudicou a disponibilidade destes e uniformizaram os lagos segundo esse

aspecto.

Em concordância aos resultados obtidos, estudos anteriores sinalizaram que a abundância

das espécies de peixes nas planícies de inundação deve ser influenciada pela condutividade, além

de outras variáveis como transparência, profundidade, concentração de oxigênio, temperatura e

pH (Junk et al., 1983; Welcomme, 1985; Rodríguez e Lewis, 1997; Tejerina-Garro et al., 1998),

e não apenas pela disponibilidade de nutrientes.

Dessa maneira, apesar da alta correspondência de características ambientais entre os lagos

de uso e proteção da RDS-PP, infere-se a partir do presente estudo que a proteção de lagos de

várzea, considerando fatores ambientais como profundidade e condutividade que influenciam as

interações ecológicas nos lagos, determinam os atributos das assembléias de peixes e refletem

positivamente na preservação das assembléias de peixes. Assim, enfatiza-se a ampliação da

utilização do lago como uma unidade de manejo efetivo de peixes na planície de inundação

amazônica.

No caso específico dos recursos pesqueiros em uma Reserva de Desenvolvimento

Sustentável, a utilização condicionada por regras das áreas de pesca, discutidas de forma

participativa, além de garantir a manutenção e preservação dos recursos naturais, implicitamente

catalisa o processo de devolução da autonomia de tomada de decisões em relação à utilização de

recursos naturais pelos comunitários.

Portanto, a implementação do manejo dos lagos nos setores Cáua-Cuiuanã e Itapuru da

RDS-PP, está demonstrando-se efetiva no que diz respeito à conservação e utilização sustentável

dos recursos. A escolha por parte dos comunitários dos lagos destinados a proteção, mesmo que

implicitamente, resguardou o conhecimento tradicional embasado por fatores históricos,

logísticos e culturais e repercutiu na predileção, pelos comunitários, por lagos que apresentam

características ambientais que se mostraram mais favoráveis a ictiofauna, tais como a

profundidade e a condutividade.

Page 41: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

29

6. CONCLUSÕES

No contexto da RDS-PP, a gestão de recursos naturais pode intermediar a proteção das

sociedades tradicionais – segurança alimentar, perpetuação de modos de vida tradicional, bem

estar social, etc. - contra a pressão de práticas insustentáveis de uso dos recursos. Tal necessidade

é estabelecida pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei n° 9985, de 2000) que

ratifica a necessidade da participação das comunidades locais nas tomadas de decisão, assim

como da legitimação das práticas tradicionais de manejo dos recursos.

Tais ações se refletem em melhorias e se tornam efetivas quando os grupos sociais

interessados participam de forma realmente justa dos processos de formulação e implementação

das decisões, aliando aspectos técnicos às necessidades das realidades locais. A forma como se dá

a implementação do sistema de gestão compartilhada na pesca diferencia-se, e depende do grau

de participação efetiva das comunidades e do grau de envolvimento do poder público nas

questões de governança neste processo de tomada de decisão (Kalikoski et al., 2009). Nesse

sentido, a utilização sustentável dos recursos, através de ações medidas de manejo participativo,

desempenhará um papel catalisador para esse complexo processo.

Assim, restrições à utilização de ambientes dentro de uma Unidade de Conservação de

Uso, mesmo que tendenciada por interesses econômicos e culturais, refletiram positivamente na

conservação dos recursos naturais, uma vez que restrições à utilização de lagos viabilizaram a

proteção de várias espécies de peixes, além da proteção da espécie de maior interesse do ponto de

vista do pescador (o pirarucu). Essa relação sinaliza a potencial utilização do pirarucu como uma

espécie guarda-chuva na preservação de ambientes de várzea amazônicos, podendo-se

compartilhar o uso criterioso de uma espécie e a preservação do sistema como um todo.

Desta forma, concluímos que, para os lagos de várzea da RDS-PP, a variável ambiental

que influencia a riqueza de espécies é a condutividade elétrica. A composição de espécies e o

comprimento padrão dos peixes varia de acordo com a profundidade. Infere-se, portanto, que em

ambientes altamente dinâmicos como as várzeas, características ambientais mais conservativas

como a profundidade e condutividade são mais importantes como indicadores de locais

apropriados para a proteção das espécies de peixes do que a fatores diretamente relacionados à

produtividade primária, como por exemplo, as concentrações de nutrientes. Nesse sentido, o

caráter conservativo das variáveis ambientais profundidade e condutividade no período de seca,

frente ao processo sazonal de homogeneização das características ambientais com as águas altas,

Page 42: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

30

possibilita a estruturação das assembléias de peixes em função dos ambientes disponíveis e de

suas características intrínsecas.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agostinho, A.A.; Zalewski, M. 1996. A planície inundável do alto rio Paraná: Importância e

preservação. Maringá, Paraná, EDUEM. 122pp.

Akaike, H. 1973. Information theory and an extension of the maximum likelihood principle. In:

Petrov B.N.; Csaki F. (Eds). 2nd International Symposium on Information Theory. Akademiai

Kiado, Budapest, Hungry. p. 267-281.

Albernaz, A.; Venticinque, E.M. 2003. Reserva de Desenvolvimento Piagaçu-Purus:

Características e Limites Geográficos. In: Deus, C.P.; Da Silveira, R.; Rapp Py-Daniel, L. (Eds)

Piagaçu-Purus: Bases científicas para a Criação de uma Reserva de Desevolvimento

Sustentável. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Manaus, Amazonas, Brasil. p.

3-12.

Anjos, H.D.B.; Zuanon, J.; Braga, T.M.P.; Sousa, K.N.S. 2008. Fish, upper Purus River, state of

Acre, Brazil. Check List, 4(2): 198-213.

Araujo-Lima, C.R.M.; Forsberg, B.R.; Victoria, R.; Martinelli, L. 1986. Energy sources for

detritivorous fishes in the Amazon. Science, 234: 1256-1258.

Barthem, R.B. 2003. O desembarque na região de Belém e a pesca na foz amazônica. In: Ruffino,

M.L. (Ed). Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia. ProVárzea, Manaus,

Amazonas, Brasil. p. 137-167.

Barthem, R.B.; Fabré, N.N. 2003. Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia.

In: Ruffino, M.L. (Ed). A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira. Ibama/Pró

Várzea, Manaus, Amazonas, Brasil. p. 11-55.

Page 43: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

31

Batista, V.S. 1998. Distribuição, dinâmica da frota e dos recursos pesqueiros da Amazônia

Central. Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Fundação

Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas. 291pp.

Bayley, P.B. 1995. Understanding large river-floodplains ecosystems. Bioscience, 45(3): 153-

158.

Bayley, P.B.; Petrere Jr, M. 1989. Amazon Fisheries: Assessment Methods, Current Status, and

Management Options. In: Dodge, D.P. Proceedings of the International Large River Symposium.

Canadian Special Publication of Fisheries and Aquatic Sciences. V. 106. Ottawa, p. 385-398.

Begon, M.; Townsend, C.R.; Harper, J.L. 2006. Ecology: From individuals to ecosystems.

Blackwell Scientific Publications, Oxford, 4 ed. 728pp.

Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. (Eds). 2007. Catálogo das espécies de peixes de

água doce do Brasil. Museu Nacional, Rio de Janeiro, Brasil. 195pp.

Carmouze, J.P. 1994. O metabolismo dos ecossistemas aquáticos: fundamentos teóricos, métodos

de estudo e análises químicas. Edgard Blucher, FAPESP, São Paulo, Brasil. 253pp.

Cox-Fernandes, C.; Petry, P. 1991. A importância da várzea no ciclo de vida dos peixes

migradores da Amazônia Central. In: Val, A.L.; Fligliuolo, R.; Feldberg, E. (Eds). Bases

científicas para estratégias de preservação e desenvolvimento da Amazônia: Fatos e

Perspectivas. V. 1, Inpa, Manaus, Amazonas, Brasil. p. 315-320.

Devol, A.H.; dos Santos, A.; Forsberg, B.R.; Zaret, T.M. 1984. Nutrient addition experiments in

Lago Jacaretinga, central Amazon Brazil: 2. The effect of humic and fulvic acids. Hydrobiologia,

109: 97-103.

Dibble, E.D.; Killgore, K.J.; Dick, G.O. 1996. Measurement of plant architecture in seven aquatic

plants. Journal of. Freshwater Ecology, 11(3): 311-318.

Page 44: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

32

Esteves, F.A. 1988. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro, Interciência/FINEP. 575p.

Fabré, N.N.; Barthem, R.B. 2005. O manejo da pesca dos grandes bagres migradores;

piramutaba e dourada no eixo Solimões-Amazonas. Manaus, AM (Brazil). Edições IBAMA,

Manaus, Amazonas, Brasil. 112 pp.

Ferraris Jr, C.J. 2007. Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes: Siluriformes), and

catalogue of Siluriform primary types. Zootaxa, 1418: 1-628.

Fink, W.L.; Fink, S.V. 1979. Central Amazonia and its fishes. Comparative Biochemistry and

Physyology - Part A, 62: 13-29.

Fisher, T.R. 1979. Plankton and primary production in aquatic systems of the central Amazon

Basin. Comparative. Biochemistry and Physiology, 62A: 31-38.

Forsberg, B.R.; Devol, A.H.; Richey, J.E.; Martinelli, L.A.; Santos, H. 1988. Factors controlling

nutrient concentrations in Amazon floodplain lakes. Limnology and Oceanography, 33: 31-56.

Freitas, C.E.C.; Garcez, R.C.S. 2004. Fish communities of natural channels between floodplain

lakes and Solimões-Amazonas river (Amazon-Brasil). Acta Limnológica Brasileira, 16(3): 273-

280.

Furch, K. 1982. Jahreszeitliche chemische Veranderungem in einem Várzea-See des mittleren

Amazonas (Lago Calado, Brasilien). Archiv für Hydrobiologie, 95: 47-67.

Furch, K. 1984. Water chemistry of the Amazon Basin: The distribution of chemical elements

among freshwaters. In: Sioli, H. The Amazon: Limnology and landscape ecology of a might

tropical river and its basin. Dordrecht: Dr. W. Junk Publishers, Netherlands. Cap 6, p. 167-197.

Page 45: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

33

Furch, K.; Otto, B. 1987. Characterization of light regime changes (PAR) by irradiance

reflectance in two Amazonian water bodies with different physico-chemical properties. Archiv

für Hydrobiologie, 110: 579-587.

Golterman, H.L.; Clymo, R.S.; Ohnstad, M.A.M. 1978. Methods for physical and chemical

analysis of fresh waters. IBP Handbook n.8, 2 ed. Blackwell Publications, Oxford, USA, 213pp.

Gotelli, N.J.; Colwell, R.K. 2001. Quantifying biodiversity: procedures and pitfalls in the

measurement and comparison of species richness. Ecology Letters, 4(4): 379-391.

Goulding, M. 1980. The fishes and the forest. Los Angeles: University of California Press,

Berkeley, USA. 280pp.

Goulding, M.; Barthem, R.; Ferreira, E.J.G. 2003. The Smithsonian Atlas of the Amazon.

Smithsonian Institution Press, Washington D.C., USA, 256pp.

Hara, T.J. 1971. Chemoreception. In: Hoar, W.S.; Randall, D.J. (Ed). Fish Physiology. V. 5.

Academic Press, New York, USA. p. 79-120.

Harrel, S.L.; Dibble, E.D. 2001. Foraging efficiency of juvenile bluegill, Lepomismacrochirus,

among different vegetated habitats. Environmental Biology of Fishes, 62: 441-453.

Healey, F.P. 1975. Phisiological indicators of nutrient deficiency in algae. Canadian Technical

Report of Fisheries and Aquatic Sciences, 585: 1-30.

Hederson, P.A.; Crampton, W.G.R. 1997. A comparison of fish diversity and abundance between

nutrient-rich and nutrient poor lakes in Upper Amazon. Journal of Tropical Ecology, 13: 173-

198.

Page 46: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

34

Hutchinson, G.E. 1969. Eutrophication, past and presente, In: Eutrophication: Causes,

consequences, correctives. Proceedings of the International Symposium on Eutrophication.

National Academy of Sciences, Washington, D. C. p. 17-26.

IPi. 2010. Plano de Gestão Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus. Volume 2.

(http://www.ceuc.sds.am.gov.br/downloads/category/9-planosdegestao.html).

Isaac, V.J.; Ruffino, M.L. 1996. Population dynamics of the tambaqui, Colossoma macropomum

Cuvier, in the Lower Amazon, Brazil. Fisheries Management and Ecology, (3): 315-333.

Junk, W.J. 1984. Ecology, fisheries and fish culture in Amazonia. In: Sioli, H. (Ed). The Amazon:

limnology and landscape ecology of mighty tropical river and its basin. W. Junk Publications,

Netherlands. pp. 443-476.

Junk, W.J.; Soares, M.G., Carvalho, F.M. 1983. Distribution of fish species in a lake of the

Amazon river floodplain near Manaus (Lago Camaleão), with special reference to extreme

oxygen conditions. Amazoniana, 7: 397-431.

Junk, W.J.; Bayley, P.B.; Sparks, R.E. 1989. The flood pulse concept in river floodplain systems.

In: Dodge, D.P. (Ed). Proceedings of the international large river symposium. Canadian Special

Publication of Fisheries and Aquatic Sciences, p. 110-127.

Junk, W.J.; Furch, K. 1993. A general review of tropical South American floodplains. Wetlands

Ecology and Management, 2: 231-238.

Junk, W.J.; Piedade, M.T. 1993. Biomass and primary-production of herbaceous plant

communities in the Amazon floodplain. Hydrobiologia, 263: 155-162.

Kalikoski, D.C.; Seixas, C.S.; Almudi, T. 2009. Gestão compartilhada e comunitária da pesca no

Brasil: avanços e desafios Ambiente & Sociedade. Campinas, São Paulo, Brasil, v. 12, n. 1 p.

151-172.

Page 47: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

35

Lansac-Tôha, F.M.; Velho, L.F.M.; Bonecker, C.C. 2003. Influência de macrófitas aquáticas

sobre a estrutura da comunidade zooplanctônica. In: Thomaz, S.M.; Bini, L.M. (Eds). Ecologia e

Manejo de Macrófitas Aquáticas. Eduem, Maringá, Paraná, Brasil. p. 231-242.

Legendre, P.; Legendre, L. 1998. Numerical Ecology: Developments in Environmental

Modelling. Elsevier, Amsterdam, Holand. 851pp.

Lévêque, C.; Oberdorff, T.; Paugy, D.; Stiassny, M.L.J.; Tedesco, P.A. 2008. Global diversity of

fish (Pisces) in freshwater. Hydrobiologia, 595: 545-567.

Lima, D.; Pozzobon, J. 2005. Amazônia socioambiental: sustentabilidade ecológica e diversidade

social. Estududos Avançados, 19(54): 45-76.

Lowe-McConnell, R.H. 1975. Fish communities in tropical freshwaters. London, Longman,

Inglaterra, 337pp.

Lowe McConnell, R.H. 1999. Estudos ecológicos de comunidades de peixes neotropicais.

Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. 535pp.

Macarthur, R.; Levins, R. 1967. The Limiting Similarity, Convergence, and Divergence of

Coexisting Species. The American Naturalist, 101(921): 377.

MacKereth, F.J.H.; Heron, J.; Talling, J.F. 1978. Water analysis: some revised methods for

limnologists. Freshwater Biological Association, Special Publication, 36. 120pp.

Magurran A.E., 1988. Ecological diversity and its measurement. Croom Helm, London. 179pp.

Massey Jr., F.J. 1951. The Kolmogorov-Smirnov Test for Goodness of Fit. Journal of the

American Statistical Association, 46(253): 68-78.

Page 48: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

36

McGrath, D.G., Castro, F. de; Câmara, E. 1999. Community management of floodplain lakes and

their role in the sustainable development of Amazonian fisheries. In Padoch, C.; Ayres, M.;

Pinedo-Vasquez, M.; Henderson, A. (Eds). Varzea: Diversity, Development, and Conservation of

Amazonia's Whitewater Floodplains (Advances in Economic Botany Vol. 13). New York

Botanical Garden, New York, NY, USA. p. 59-82.

Melack, J.M. 1984. Amazon floodplain lakes: shape, fetch and stratification. Verhandlungen des

Internationalen Verein Limnologie, 22: 1278-1282.

Melack, J.M.; Fisher, T.R. 1990. Comparative limnology of tropical floodplain lakes with an

empashis on the Central Amazon. Acta Limnologica Brasiliensia, 3: 1-48.

Melo, A.S.; Pereira, R.A.S.; Santos, A.J.; Shepherd, G.J.; Machado, G.; Medeiros, H.F.; Sawaya,

R.J. 2003. Comparing species richness among assemblages using sample units: Why not

use extrapolation methods to standardize different sample sizes? Oikos, 101: 398-410.

Mendonça, F.P.; Magnusson,W.E.; Zuanon, J.A.S. 2005. Relationships between Habitat

Characteristics and Fish Assemblages in Small Streams of Central Amazonia. Copeia, 4: 751-

764.

Merona, B.; Bittencourt, M.M. 1988. A pesca na Amazônia através dos desembarques no

mercado de Manaus: resultados preliminares. Memória Sociedad Ciencias Naturales La Salle,

48(Suplemento 2): 433-453.

Moyle, P.B.; Cech, J.J. 1996. Fishes: an introduction to ichthyology. Prentice Hall, 2ed.,

Englewood Cliffs, New Jersey, USA. 590pp.

Pazin, V.F.V.; Magnusson,W.E.; Zuanon, J.; Mendonça, F.P. 2006. Fish assemblages in

temporary ponds adjacent to „terra-firme‟ streams in Central Amazonia. Freshwater Biology, 51:

1025-1037.

Page 49: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

37

Pelicice, F.M.; Agostinho, A.A.; Thomaz, S.M. 2005. Fish assemblages associated with Egeria in

a tropical reservoir: investigating the effects of plant biomass and diel period. Acta Oecologica

27: 9-16.

Petrere, M.J.R. 1978. Pesca e esforço de pesca no estado do Amazonas. II. Locais, aparelhos de

captura e estatística de desembarque. Acta Amazônica, 8(supl. 2): 1-54.

Pianka, E.R. 1966, Latitudinal Gradients in Species Diversity: A Review of Concepts. The

American Naturalist, 100: 33.

Queiroz, H.L.; Crampton, W.G.R. 1999. Estratégias para manejo de recursos pesqueiros em

Mamirauá. Sociedade Civil Mamirauá, CNPq, Brasília, Brasil. 208pp.

Queiroz, M.M.A.; Horbe, A.M.C.; Seyler, P.; Moura, C.A.V. 2009. Hidroquímica do rio

Solimões na região entre Manacapuru e Alvarães – Amazonas – Brasil. Acta Amazônica, 39(4):

943-952.

R Development Core Team. 2005. R: A language and environment for statistical computing.

[2.2.0]. R Foundation for Statistical Computing, Vienna.

Rangel, T.F.; Diniz-Filho, J.A.F.; Bini, L.M. 2010. SAM: a comprehensive application for

Spatial Analysis in Macroecology. Ecography, 33: 46-50.

Rapp-Py-Daniel, L.; Deus, C.P. 2003. Avaliação preliminar da ictiofauna e comentários sobre a

pesca no baixo Rio Purus. In: Deus, C.P.; Silveira, R.; Rapp-Py-Daniel, L. (Eds). Piagaçu-Purus:

Bases científicas para a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Instituto de

Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Tefé, Amazonas, Brasil. p. 31-47.

Rennie M.D.; Jackson L.J. 2005. The influence of habitat complexity on littoral invertebrate

distributions: patterns differ in shallow prairie lakes with and without fish. Canadian Journal of

Fisheries and Aquatic Sciences, 62: 2088-2099.

Page 50: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

38

Reis R.E.; Kullander, O.; Ferraris Jr., C.J. (Eds). 2003. Check List of the Freshwater Fishes of

South and Central America. EDIPUCRS Porto Alegre, Rio Grande do Sul,Brasil, 729 pp.

Rodrigues, M.S. 1994. Biomassa e produção fitoplanctônica do Lago Camaleão (Ilha de

Marchantaria, Amazonas). Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

/Fundação Universidade do Amazonas, Manaus, Amazonas. 200pp.

Rodríguez, M.A.; Lewis, W.M. 1997. Structure of fish assemblages along environmental

gradients in floodplain lakes of the Orinoco river. Ecological Monographs, 67: 109-128.

Santos, G.M.; Ferreira, E.J.G.; Zuanon, J.A.S. 2006. Peixes comerciais de Manaus. Ibama/AM,

ProVárzea, Manaus, Amazonas, Brasil. 144 pp.

Schmidt, G.W. 1973. Primary production of phytoplankton in three types of Amazonian waters.

Amazoniana, 4: 139-203.

Silvano, R.A.M.; Ramires, M.; Zuanon, J. 2009. Effects of fisheries management on fish

communities in the floodplain lakes of a Brazilian Amazonian Reserve. Ecology of Freshwater

Fish, 18: 156-166.

Sioli, H. 1968. Hidrochemistry and Geology in the Brazilian Amazon Region. Amazonian, 3:

267-277.

Sioli, H. 1984. The Amazon: Limnology and landscape ecology of a might tropical river and its

basin. Dr. W. Junk Publishers, Dordrecht. 763pp.

Siqueira-Souza, F.K.; Freitas, C.E.C. 2004. Fish diversity of floodplain lakes on the lower stretch

of the Solimões river. Brazilian Journal of Biology, 64(3A): 501-510.

SYSTAT Software Inc. 2002. SYSTAT version 10.2.

Page 51: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

39

Tejerina-Garro, F.L.; Fortin, R.; Rodríguez, M.A. 1998. Fish community structure in relation to

environmental variation in floodplain lakes of the Araguaia River, Amazon Basin. Environmental

Biology of Fishes, 51(4): 399-410.

Thomaz, S.M.; Bini, L.M.; Bozelli, R.L. 2007. Floods increase similarity among aquatic habitats

in rivers-floodplain systems. Hydrobiologia, 579: 1-13.

Tundisi, J.G.; Forsberg, B.R.; Devol, A.H.; Zaret, T. M.; Tundisi, T.M.; Santos, A.; Ribeiro, J.S.;

Hardy E.R. 1984. Mixing patterns in Amazon Lakes. Hydrobiologia, 108: 3-15.

Valderrama, R.A 1981. The simultaneous analysis of total nitrogen and total phosphorus in

natural waters. Marine Chemestry, 10: 109-122.

Vallentyne, J.R. 1974. The algal bowl-lakes and man. Fish. Mar. Serv. Misc. Spec. Publ. 22: 1-

186.

Welcomme, R.L. 1985. River fisheries. FAO Fisheries Technical Paper, 262. 330pp.

Wilson, D.C.; Nielsen, J.R.; Dengbol, P. (Eds). 2003. The fisheries co-management experience:

accomplishments, challenges and prospects. Kluwer Academic Publishers, London, Engalnd.

348pp.

Zar, J.H. 1999. Biostatistical Analysis. Prentice Hall, New Jersey. 663pp.

Zuanon, J. Rapp Py-Daniel, L. H. Ferreira, E. J. G., Claro-Júnior, L. H., Mendonça, F. P.2004.

Padrões de distribuição da ictiofauna na várzea do sistema Solimões-Amazonas, entre Tabatinga

(AM) e Santana (AP). . Relátorio Final , Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea –

Provarzea. 52pp.

Page 52: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

40

8. ANEXOS

Anexo 1. Descrição dos lagos de várzea amostrados na RDS-PP em relação a localização, setor e categoria de uso.

Nome Lago Coordenada S Coordenada W Setor Categoria

Cobra 04° 13' 24,5'' 61° 47' 56,6'' Cáua-Cuiuanã Uso

Pepu Grande 04° 12' 49,1'' 61° 48' 18,6'' Cáua-Cuiuanã Uso

Adão 04° 14' 23.1'' 61° 49' 19,1'' Cáua-Cuiuanã Uso

Panela 04° 12' 11,5'' 61° 57' 30'' Cáua-Cuiuanã Uso

Macacão 04° 13' 20,2'' 61° 53' 53,3'' Cáua-Cuiuanã Uso

Macaco 04° 13' 48'' 61° 53' 55,2'' Cáua-Cuiuanã Uso

Marajá 04° 13' 52,8'' 61° 50' 48'' Cáua-Cuiuanã Preservação

Fortuna 04° 07' 22,5'' 61° 50' 0,8'' Cáua-Cuiuanã Uso

Cedro 04° 15' 45,9'' 61° 53' 56,9'' Itapuru Preservação

Caverna 04° 15' 25'' 61° 53' 33,7'' Itapuru Preservação

Caverninha 04° 15' 08,8'' 61° 53' 18,2'' Itapuru Preservação

Tucuxi 04° 16' 14,8'' 61° 50' 3,9'' Itapuru Preservação

Redondo 1 04° 15' 50,5'' 61° 52' 30,7'' Itapuru Preservação

Redondo 2 04° 15' 35,6'' 61° 52' 31,1'' Itapuru Preservação

Redondo 3 04° 15' 28,6'' 61° 52' 28,5'' Itapuru Preservação

Redondo do Caverna 1 04º 15' 48,2'' 61º 53' 17'' Itapuru Preservação

Redondo do Caverna 2 04º 15' 50,3'' 61º 53' 25,4'' Itapuru Preservação

Henrique 04° 16' 5,4'' 61° 51' 29,3'' Itapuru Preservação

Mureruzinho 04° 16' 12'' 61° 51' 23,5'' Itapuru Preservação

Igarapé do Açu 04º 16' 40,7'' 61º 52' 20,7'' Itapuru Uso

Page 53: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

41

Anexo 2 . Resultados da Correlação de Pearson (r) e escores da matriz de

probabilidades de bonferroni para as variáveis ambientais (*valores

significativos de correlação entre variáveis).

Variáveis r Bonferroni

Área Perimetro 0,868* <,001

Área Profundidade 0,072 0,763

Área Zona eufótica -0,093 0,697

Área Condutividade 0,096 0,688

Área Transparência 0,038 0,874

Área Fósforo total 0,03 0,901

Área Nitrogênio total 0,132 0,579

Área Relação N:P 0,145 0,541

Perímetro Profundidade -0,038 0,875

Perímetro Zona eufótica -0,018 0,939

Perímetro Condutividade 0,173 0,467

Perímetro Transparência 0,026 0,912

Perímetro Fósforo total -0,006 0,981

Perímetro Nitrogênio total 0,105 0,658

Perímetro Relação N:P 0,146 0,539

Profundidade Zona eufótica -0,196 0,407

Profundidade Condutividade -0,308 0,186

Profundidade Transparência 0,636* 0,003

Profundidade Fósforo total -0,511 0,021

Profundidade Nitrogênio total -0,42 0,065

Profundidade Relação N:P 0,619* 0,004

Zona eufótica Condutividade 0,469 0,037

Zona eufótica Transparência 0,606* 0,005

Zona eufótica Fósforo total -0,538 0,015

Zona eufótica Nitrogênio total -0,49 0,028

Zona eufótica Relação N:P 0,398 0,082

Condutividade Transparência 0,19 0,422

Condutividade Fósforo total -0,296 0,205

Condutividade Nitrogênio total -0,228 0,333

Condutividade Relação N:P 0,125 0,599

Transparência Fósforo total -0,867* <,001

Transparência Nitrogênio total -0,745* <,001

Transparência Relação N:P 0,812* <,001

Fósforo total Nitrogênio total 0,867* <,001

Fósforo total Relação N:P -0,742* <,001

Nitrogênio total Relação N:P -0,388 0,091

Page 54: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

42

Anexo 3. Lista das espécies de peixes capturadas nos lagos de várzea da RDS-PP no

período de seca de 2009 (Valores de biomassa em gramas).

Ordem/Família/Subfamília/Espécie Descritor da espécie Biomassa(g)

Osteoglossiformes

Osteoglossidae

Osteoglossum bicirrhosum (Cuvier, 1829) 74681

Clupeiformes

Pristigasteridae

Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 180

Pellona flavipinnis (Valenciennes, 1837) 2108

Characiformes

Curimatidae

Curimata knerii (Steindachner, 1876) 10

Curimatella alburna (Müller & Troschel, 1844) 370

Potamorhina latior (Spix & Agassiz, 1829) 6470

Psectrogaster amazonica Eigenmann & Eigenmann, 1889 4020

Psectrogaster rutiloides (Kner, 1858) 80

Steindachnerina cf. bimaculata 9140

Prochilodontidae

Prochilodus nigricans Spix & Agassiz, 1829 2280

Semaprochilodus insignis (Jardine, 1841) 2800

Semaprochilodus taeniurus (Valenciennes, 1821) 140

Anostomidae

Leporinus agassizii Steindachner, 1876 1320

Leporinus friderici (Bloch, 1794) 920

Rhytiodus microlepis Kner, 1858 60

Schizodon fasciatus Spix & Agassiz, 1829 2620

Hemiodontidae

Hemiodus unimaculatus (Bloch, 1794) 320

Characidae

Incertae Sedis

Bryconops melanurus (Bloch, 1794) 20

Chalceus erythrurus (Cope, 1870) 2669

Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829) 9649

Triportheus brachipomus (Valenciennes, 1850) 160

Triportheus elongatus (Günther, 1864) 2400

Bryconinae

Brycon amazonicus (Spix & Agassiz, 1829) 400

Brycon melanopterus (Cope, 1872) 120

Serrasalminae

Page 55: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

43

Colossoma macropomum (Cuvier, 1816) 42370

Metynnis fasciatus Ahl, 1931 920

Myleus asterias (Müller & Troschel, 1844) 220

Myleus torquatus (Kner, 1858) 40

Mylossoma aureum (Spix & Agassiz, 1829) 40

Mylossoma duriventre (Cuvier, 1818) 1780

Pristobrycon striolatus (Steindachner, 1908) 640

Pygocentrus nattereri Kner, 1858 116381

Serrasalmus aff. rhombeus 9010

Serrasalmus elongatus Kner, 1858 4110

Serrasalmus maculatus Kner, 1858 4250

Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) 540

Characinae

Roeboides myersii Gill, 1870 175

Tetragonopterinae

Tetragonopterus argenteus Cuvier, 1816 40

Tetragonopterus chalceus Spix & Agassiz, 1829 10

Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus falcirostris (Cuvier, 1819) 1790

Acestrorhynchus lacustris (Lütken, 1875) 200

Cynodontidae

Cynodon gibbus (Agassiz, 1829) 1000

Rhaphiodon vulpinus Agassiz, 1829 3100

Erythrinidae

Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) 3620

Ctenoluciidae

Boulengerella maculata (Valenciennes, 1850) 60

Siluriformes

Callichthyidae

Dianema urostriatum (Miranda Ribeiro, 1912) 100

Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) 4200

Loricariidae

Loricariinae

Loricariichthys acutus (Valenciennes, 1840) 260

Loricariichthys nudirostris (Kner, 1853) 20

Hypostominae

Pseudorinelepis genibarbis (Valenciennes, 1840) 1280

Pterygoplichthys gr. gibbiceps 2880

Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) 24910

Ancistrinae

Page 56: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

44

Dekeyseria amazonica Rapp Py-Daniel, 1985 40

Heptapteridae

Pimelodella gr. cristata (Müller & Troschel, 1849) 220

Pimelodidae

Calophysus macropterus (Lichtenstein, 1819) 323

Hypophthalmus edentatus Spix & Agassiz, 1829 1080

Hypophthalmus fimbriatus Kner, 1858 160

Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 420

Pinirampus pirinampu (Spix & Agassiz, 1829) 100

Pseudoplatystoma tigrinum (Valenciennes, 1840) 400

Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) 410

Doradidae

Anadoras grypus (Cope, 1872) 60

Anadoras weddellii (Castelnau, 1855) 1720

Oxydoras niger (Valenciennes, 1821) 820

Auchenipteridae

Ageneiosus brevifilis Valenciennes, 1840 1140

Ageneiosus inermis (Linnaeus, 1766) 220

Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766) 340

Trachycorystes porosus Eigenmann & Eigenmann, 1888 280

Gymnotiformes

Sternopygidae

Eigenmannia limbata (Schreiner & Miranda Ribeiro, 1903) 30

Rhamphichthyidae

Rhamphichthys marmoratus Castelnau, 1855 440

Perciformes

Sciaenidae

Plagioscion squamosissimus (Castelnau, 1855) 2520

Cichlidae

Acarichthys heckelii (Müller & Troschel, 1849) 20

Astronotus crassipinnis (Heckel, 1840) 180

Cichla monoculus Spix & Agassiz, 1831 1040

Cichla ocellaris Bloch & Schneider, 1801 540

Pterophyllum scalare (Schultze, 1823) 10

Uaru amphiacanthoides Heckel, 1840 140

Page 57: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

45

Anexo 4. Na parte superior: dominância de Pygocentrus nattereri nas amostragens. Na parte inferior, da esquerda para direita:

indivíduos de Colossom macropoum, Osteoglossum bicirrhosum e Pterygoplichthys pardalis, espécies de elevado interesse

para comercialização e subsistência

Page 58: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPAbdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1434/1/Dissertacao_Bruno_Morales.pdf · - Aos amigos Minhoca, Xuleta, ... características ambientais

46

Anexo 5. Lagos de várzea da RDS-PP. Em sentido horário os lagos: Caverninha, Panela, Mureruzinho, Fortuna, Henrique e

Redondo 1.