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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL
PSICOMOTRICIDADE: CAPOEIRA UM SUBSÍDIO PSICOMOTOR À CIDADANIA.
Valdeson Paula Portela
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
JUARA/2012
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL
PSICOMOTRICIDADE: CAPOEIRA UM SUBSÍDIO PSICOMOTOR À CIDADANIA.
Valdeson Paula Portela
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Pós Graduado em Psicopedagogia Clínica e Educacional.”
JUARA/2012
“A educação pode ajudar a nos tornamos melhores, se não mais felizes, e nos ensina assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas.”
(Edgar Morin)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Manoel dos Reis Machado, o Mestre
Bimba, e a Vicente Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha. Pela
marca inconfundível que imprimiram na História da Capoeira, a
todos os capoeiristas de hoje, de ontem e, principalmente, de
amanhã, que comigo deram/darão seus primeiros passos na
capoeira, à minha mãe Lucilene, por acreditar em mim e à minha
avó Conceição (in memorian).
AGRADECIMENTOS
O DEUS, pelo dom da vida, pela fé e perseverança para vencer
os obstáculos;
À minha companheira de Pós-Graduação, Tatiane Mara Ussuna,
por conviver e compartilhar momentos de prazer, de alegria e de
aprendizagem;
Aos professores e colegas, que colaboraram com as diversas
discussões sobre a prática docente do Psicopedagogo,
principalmente, a meu orientador Ilson Fernandes do Carmo, por
me orientar e pegar em minhas mãos e me guiar por onde devo
seguir;
Aos meus alunos de estágio, pelo respeito e carinho que
estiveram e tem por mim sempre que me encontram.
Enfim, sou grato a minha noiva Laylla Fernanda Silva pelo apoio
e todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a
realização deste trabalho.
RESUMO
O motivo que me levou a pesquisa foi à possibilidade da capoeira ser
trabalhada numa visão transdisciplinar, propondo-se a minimizar o preconceito que
a sociedade apresenta em relação a essa manifestação cultural representante de
um povo violentamente oprimido. Utilizamos como método de pesquisa bibliográfica
com intuito de saber se a Capoeira serve como subsídio Psicomotor na Escola e o
Caráter Pedagógico da Capoeira, fundamentado em alguns teóricos como SILVA
(2008), FREITAS (2007), SOARES (1993), entre outros, que abordam a Capoeira
como processo educativo no contexto escolar e familiar.
Os resultados alcançados apontam os benefícios que a capoeira oferece
para a formação integral do ser humano, pois sua prática desenvolve o lado afetivo,
habilidades motoras, psicomotor, emocional e social do sujeito a partir da interação,
amizade, respeito e confiança estabelecidos entre os que a praticam, além de ser
uma das estratégias contra a exclusão social. Nesse sentindo, consideramos que a
capoeira é um instrumento pedagógico que pode ser utilizado para auxiliar no
desenvolvimento físico, cognitivo, psicomotor, afetivo e social. Esta pesquisa
designa-se também a resgatar os princípios fundamentais que norteiam a capoeira
que ao longo dos anos sobreviveu e passou por diversas fases de transformação,
até chegar à atualidade.
Palavras-chave: Educação, Capoeira, Desenvolvimento, Instrumento Pedagógico,
Psicomotrocidade, Inclusão Social.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 8
I. A CAMINHADA HISTÓRICA DA CAPOEIRA NO BRASIL ................................................... 16
1.1. AMANTES DIVULGADORES DA CAPOEIRA ............................................................................................... 23
II. CAPOEIRA COMO ESTRATÉGIA PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO ................................ 25
2.1. CARÁTER PEDAGÓGICO DA CAPOEIRA ................................................................................................... 27
CAP. IV. CAPOEIRA, ESCOLA E FAMÍLIA .................................................................................. 35
INTRODUÇÃO
Quando, de olhos fechados, medito sobre minha existência, passam pela
minha mente as figuras da minha infância vivenciadas na capoeira. Lembranças de
uma convivência harmoniosa com meus amigos, graduados, professores, monitores,
mestrandos e mestres da capoeira, é por estas e outras que me propus a pesquisar
o tema da capoeira movido pela minha paixão de “capoeirista” e “pedagogo”.
Quando penso na capoeira vem à mente a musicalidade, o movimento, o manuseio
de instrumento, associados a um ritual de forte identidade com o público alvo, por
ela ser genuinamente brasileira, poderia ser explorado dentro do ambiente escolar
como forma alternativa de aprendizagem.
Para que possamos ter um melhor entendimento e desenvolvimento desta
pesquisa, descrevo um pouco da minha história de vida, fazendo uma abordagem
sobre a capoeira e os benefícios que ela trouxe à minha vida.
Nasci na capital de Mato Grosso, Cuiabá, sou filho de uma doméstica que
trabalhou, incansavelmente, para sustentar quatro filhos, sendo eu o mais velho.
Meu pai nos abandonou quando eu tinha oito anos e nunca mais tive contato com
ele.
Eu tive uma infância difícil, menino pobre e rejeitado pela sociedade, à
mercê da marginalidade, poderia ter sido terreno fértil à criminalidade. Porém,
sempre pensei diferente dos meus amigos de infância, que só pensavam em
destruir as coisas que não lhes pertenciam, bem como promover vandalismos na
rua.
Na estrutura familiar, o incentivo à educação, tanto básica quanto superior,
praticamente não existia, pois vim de uma família de pouco conhecimento, pois não
tinha ninguém que me orientasse sobre a importância da educação. Minha mãe
trabalhava para garantir o sustento da família, não tendo tempo e nem oportunidade
de continuar seus estudos, pois ela estudou apenas até o quinto ano do ensino
fundamental.
Diante da ausência de meus pais, ou de uma referência a seguir para viver
em sociedade, minha conduta tornou-se talvez, socialmente, indevida e junto com
estas indisciplinas veio a dificuldade de convivência no meu lar, por isso, inúmeras
vezes, eu acabava indo morar com tias e avós, com a finalidade de auxiliar na
formação da minha conduta e isso me deixava chateado, mesmo sabendo que eu
era um menino difícil de conviver.
Acredito que as gozações, discriminações, rejeições na escola, na
sociedade e no convívio entre parentes, por inúmeras vezes, contribuíram para tais
reações e ações impróprias de minha parte para com as pessoas com as quais eu
convivia. Sei que a ausência de atenção, carinho, afeto, respeito, valorização e
dignidade foram fatores que também contribuíram, visto que estes sentimentos eu
só pude encontrar com reciprocidade aos meus 12 de idade, quando passei a
treinar a capoeira.
A partir da minha inclusão na capoeira ocorreu uma grande mudança em
minha vida, minha realidade, meu pensar, meu agir e a forma de ver a vida. Antes,
eu era um menino revoltado com a realidade que me cercava realidade esta,
revertida depois de encontrar a capoeira. Desta forma, não poderia deixar de
abordar o tema psicomotrocidade na capoeira e seu subsidio a cidadania dentro da
instituição escola.
Trato a capoeira com tanta reverência pela proximidade que tenho com ela
há 16 anos. Somente ao longo dos anos, treinando e me dedicando à capoeira é
que obtive a valorização enquanto ser humano e que consegui vislumbrar o respeito
que sempre almejei na infância.
A capoeira na minha infância foi, sem dúvida, a oportunidade que tive para
transformar minha vida social, individual, cultural e profissional, transformações
estas de grande valor cultural, pois não só me identifiquei com a ”filosofia da
capoeira, mas fiz e faço dela a minha filosofia de vida e de trabalho”.
No trabalho busco sempre a melhor metodologia para ministrar as aulas.
Assim, hoje faço o mesmo trabalho que fizeram comigo na infância, deixei de ser
um aluno para ser um instrutor de capoeira. Como instrutor de capoeira passei por
várias provações e muitas batalhas, cheguei a pensar em desistir, mas graças à
persistência e à vontade de querer vencer, isso não ocorreu. Pelo contrário,
transformei os obstáculos em oportunidades para tornar-me um ser humano ainda
08
melhor. Diante desses relatos é possível afirmar que a articulação entre a capoeira e
o ensino aprendizagem na educação dá certo.
Desde 1996, quando comecei a ministrar aulas para crianças penso que a
forma de ensino deveria ser diferenciada da forma de ensino direcionado a adultos,
porém quando iniciei os trabalhos com a capoeira para crianças faltava-me base
científica, além de conhecimento mais elaborado e técnico sobre o assunto. Mesmo
assim, iniciei as aulas. Logo nos primeiros dias me apaixonei e percebi que era
aquele tipo de público que eu buscava atender. As crianças agiam com simplicidade
de movimentos e necessidade de expressão e participação. Aquela inocência e
impaciência me fascinavam. A partir de então, voltei meus esforços e minha
pesquisa para o desenvolvimento de um trabalho, especificamente, voltado às
crianças.
Em 2004, recebi a proposta de ensinar capoeira para as crianças da pré-
escola e do Ensino Fundamental na cidade de Porto dos Gaúchos. Nesta época, eu
já ministrava aulas de capoeira para crianças com faixa etária acima de 12 anos.
Mas, apenas o fato de gostar de crianças não foi suficiente para desenvolver bem o
meu trabalho com crianças de idade pré-escolar. Quando me vi numa sala de aula,
medindo 4 (quatro) metros de comprimento por 3 (três) de largura, com quinze
crianças entre dois e quatro anos de idade, pulando para todos os lados, percebi
que o meu trabalho com elas iria muito além de contê-las durante as aulas.
Eu sabia que o fato de não ter vínculo com elas acabaria prejudicando,
inicialmente, o trabalho, pois para algumas crianças, era a primeira vez que teriam
uma aula de capoeira e para outras a primeira vez que assistiriam tal apresentação,
por estes motivos, fui desenvolvendo a aula sem pressa, respeitando o ritmo de
aprendizagem de cada criança, buscando ganhar a confiança delas, porém eu não
compreendia muito sobre o que seria o ritmo de aprendizagem de cada criança,
então busquei por várias metodologias, tentei colocá-las em fila para iniciar a aula,
contudo, elas não paravam no lugar, comecei bater palmas para chamar a atenção
e poder dar início à aula, propriamente, dita, mas também não deu certo.
Então pensei: “Capoeira! Eu não vou conseguir ensinar mesmo! Vou brincar
um pouco com estas crianças e depois vejo como prossegue a aula!”. Consegui
reunir algumas crianças para participarem da brincadeira de imitar diversos animais.
09
Logo, todas as crianças estavam ao meu redor, prestando atenção nos comandos
que eu dava, até aquelas que a princípio não queriam participar.
Foi neste momento de ludicidade (de faz de conta) que pude compreender
na prática o que já havia lido, superficialmente, em alguns poucos livros sobre o
conceito da palavra “lúdico”, conceito este que passei a conhecer mais
profundamente após ingressar no Curso de Licenciatura em Pedagogia na
UNEMAT.
A partir daquela aula percebi que me faltava capacitação, faltava-me um
conhecimento mais aprofundado sobre as fases do desenvolvimento da criança,
então voltei a estudar e em 2004 conclui o Ensino Médio, mas este ainda não era
suficiente para dar-me o embasamento teórico necessário à minha atuação
profissional. Então, em 2005 fiz o vestibular para o Curso de Licenciatura em
Pedagogia e passei.
É, principalmente, pelas crianças que continuo estudando e desenvolvendo
esta pesquisa, na busca de uma educação humanizadora, que realmente seja
transformadora de opiniões, com o propósito de contribuir para o crescimento
profissional de educadores que se dedicam ao ensino da capoeira às crianças nas
escolas.
Meu maior anseio com esta pesquisa é ver a concretização pedagogia do
movimento na capoeira inserida na instituição escolar, oportunizando às crianças o
brincar de capoeira e por meio dela transmitir mensagens corporais, que quando
traduzidas e interpretadas por educadores conscientes, estas mensagens se
tornem sinais evidentes da importância da capoeira pedagógica para o
desenvolvimento psicomotor,e sócio-afetivo destas crianças.
Hoje percebo, devido aos conhecimentos que adquiri ao longo dos anos,
estudando e pesquisando a respeito do desenvolvimento do ser humano, que me
sinto mais preparado para desenvolver trabalhos em projetos sociais, levando
conhecimentos nobres dessa arte: a Capoeira, que quando desenvolvida com
crianças, adolescentes e pessoas da melhor idade, numa perspectiva educativa,
psicomotora e social, produz cidadãos mais críticos e conscientes de que a
educação não se oferece apenas na escola, mas também em ambientes não
escolares.
10
Este projeto de pesquisa teve como objetivo demonstrar a importância da
Psicomotrocidade: Capoeira Subsidio Psicomotor a Cidadania, ligando ao fato da
criança, de ter negada a oportunidade de transformação para uma vida digna no
contexto social.
Vejo hoje, nos alunos com os quais trabalho em projetos sociais, o
reconhecimento deles perante a sociedade, como sujeitos históricos, capazes de
interagir na sociedade em que estão inseridos. É por isso que a capoeira na
educação precisa ser desenvolvida com uma pedagogia dos movimentos. A
capoeira como um momento interdisciplinar, enquanto recurso de ensino e
aprendizagem, que contempla a importância social, histórica e psicomotora da
criança.
Durante os últimos 10 anos, tenho me dedicado ao ensino da capoeira em
projetos sociais e escolas, com a experiência percebi que a capoeira pode ser vista
e vivida como um poderoso instrumento no processo educacional, interferindo na
vida da escola e influenciando positivamente no cotidiano da educação dos alunos.
Sabemos que cada um educa de acordo com o que acredita. Somos
educados por nossos pais, familiares, amigos, professores e pela vida, mas acima
de tudo, somos educados por nós mesmos.
Tenho a convicção de que a capoeira, em si, é uma grande educadora e
tem um papel muito importante no processo educativo do ser humano, seja com a
criança, adolescente, adulto ou idoso. A capoeira pode nos educar se deixarmos
que ela nos envolva com sua filosofia, seus rituais, movimentos, mestres,
professores e camaradas de roda.
Nessa ótica, acredito que o processo educativo é um processo de auto-
descoberta, no qual o educador auxilia e incentiva o educando a descobrir seus
próprios potenciais e suas próprias habilidades.
Embora a capoeira tenha passado por grandes transformações, ela ainda é
tratada com preconceito por algumas pessoas que a consideram como uma luta
violenta, praticada por negros, pobres e marginais das periferias. Partindo dessa
reflexão, observamos que a inserção da capoeira na escola seria um instrumento
em potencial para fazer a sociedade perceber que ela já não está somente nas
1108
periferias, além de não ser uma luta violenta, mas sim, uma arte componente da
cultura brasileira, considerada como esporte disciplinador e educativo.
Buscarei desenvolver com este tema, a psicomotrocidade na capoeira e seu
subsídio a cidadania dentro da instituição escolar com alunos de 8 aos 14 anos. A
psicomotrocidade caracteriza-se por movimentos simples de exploração do corpo,
através dos sentidos. A criança descobre o prazer de executar as funções que a
evolução da motricidade lhe possibilita e sente necessidade de pôr em ação as
novas aquisições, tais como: os sons, quando ela grita, a exploração dos objetos, o
movimento do seu corpo. Esta atividade lúdica identifica-se com a “lei do efeito”.
Quando a criança percebe os efeitos agradáveis e interessantes obtidos nas suas
ações gestuais, sua tendência é procurar o prazer repetindo suas ações.
Diante disso, pensei na problemática a ser pesquisada, se capoeira pode
proporcionar aos seus participantes inúmeras situações de aprendizagem,
constituindo-se como uma prática educativa. O trabalho coletivo e lúdico que
envolve o aprendizado da capoeira garante mais qualidade de vida para aqueles
que a praticam. Seus benefícios são enormes, tais como: desenvolvimento das
qualidades físicas (resistência, flexibilidade, agilidade, coordenação, ritmo, etc.),
autoconfiança e socialização. Sabemos que a existe nos menores gestos e em
todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando melhorar ao
conhecimento do próprio corpo.
Diante disto, como deve ser trabalhada a psicomotrocidade dentro da
instituição escolar?
De acordo com LE BOULCH (1997, p 108), a psicomotricidade integra várias
técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes),
relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. As
primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações
puramente motoras. Diante desta visão, psicomotrocidade e uma ciência da
educação, que visa à representação e a expressão motora, através da utilização
psíquica e mental do individuo e a capoeira e uma atividade motora que
desempenha na vida da criança um papel importantíssimo que intera a criança a o
meio que vive, dando possibilidade que ela perceba que o mundo que explora faz
também parte dela.
12
A psicomotrocidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da
educação, pois ela auxilia o desenvolvimento motor e intelectual da criança, sendo
que o corpo e a mente são elementos conjuntos da sua formação. Associar idéias
totalmente opostas, como brincar e aprender parece difícil hoje em dia no enquadre
educativo.
No mundo atual da escola, em que as exigências são cada vez mais
precoces, é necessário dizer que estas idéias na verdade um percurso de
maturação psicológica, que os educadores devem descobrir para ajudar a criança a
viver um desenvolvimento mais harmonioso, num mundo de hoje que tão difícil de
viver e compreender.
Então faz-se necessário trabalho como esse valorizando esse dimensão que
estabelecer a importância do tema “Psicomotrocidade: Capoeira um Subsidio
psicomotor a cidadania.
Sabendo que o esquema corporal é definido como elemento básico
indispensável para a formação da personalidade do individuo.
O que nos remete a pensar que a capoeira deva ser objeto de estudo mais
aprofundado, já que pairam muitas dúvidas que merecem serem esclarecidas, que
por certo auxiliará em muito os professores no seu labor.
E a capoeira como entra nisso tudo? Bom ela entra como um subsídio,
auxiliando desenvolvimento geral das crianças, no explorar, manipular, sentir seu
corpo como interação ao meio. Partindo desse passamento, podemos dizer que a
capoeira é um importante instrumento para a psicomotricidades na Educação. Como
nos diz SILVA (2008, p. 41), que desde 1960 a capoeira tem adentrando as portas
da escola, fazendo parte de uma instituição que juntamente com a família, tem um
papel central no processo educativo e o desenvolvimento das crianças e jovens.
No primeiro capítulo deste trabalho, faço uma abordagem sobre a
Caminhada Histórica da Capoeira no Brasil. Além de abordar a trajetória do escravo
no Brasil. É importante lembrar que para que possamos ter melhor entendimento da
origem da capoeira temos que resgatar a história da escravidão no Brasil.
Na seqüência, apresento o segundo capítulo, intitulado A Capoeira como
Estratégia Psicomotora na Escola e o Caráter Pedagógico da Capoeira,
fundamentado em alguns teóricos como SILVA (2008), FREITAS (2007), SOARES
13
(1993), entre outros, que abordam a Capoeira como processo educativo no contexto
escolar e familiar.
No terceiro e último capítulo da pesquisa discuto os relatos dos benefícios
da capoeira, agregando a fundamentação e à luz dos autores que utilizei na
fundamentação. Inicia-se então propriamente a análise das seguintes abordagens:
O que leva as crianças a praticarem capoeira? Capoeira: Para os pais
tranqüilidade, para os filhos dignidade para vida e A visão docente da capoeira na
escola.
E no quarto, e último capitulo, falo sobre a família que vive uma profunda
transformação. A mulher já não é mais a dona de casa, no sentido tradicional e não
exerce apenas o papel de mãe.
Nas considerações finais, falo sobre os resultados que foram alcançados,
comprovando a influência positiva da Capoeira no contexto escolar, familiar e na
convivência harmoniosa com os professores e amigos; divulgando a Capoeira como
instrumento pedagógico de grande valor educacional, uma vez que, propicia às
crianças seu desenvolvimento integral.
14
I. A CAMINHADA HISTÓRICA DA CAPOEIRA NO BRASIL
No intuito de fundamentar a importância deste estudo para a comunidade
científica e esclarecer ao público em geral, faremos uma breve retrospectiva
histórica da Capoeira no Brasil, que servirá como ponto de partida para a justificativa
desta pesquisa. Desta forma, torna-se salutar resgatar, ainda que de modo breve, a
origem histórica e o desenvolvimento da capoeira, a fim de que ela seja
devidamente situada como elemento central e objetivo desta pesquisa.
O termo capoeira, segundo FREITAS (2007), foi citado pela primeira vez em
1712, por Bluteau, em livro publicado em Coimbra, Portugal, com o título
Vocabulário Português e Latino. Desde então, muitas foram as tentativas de
definição do termo e, dentre elas, a mais aceita entre os pesquisadores é de origem
Tupi, apresentada por Soares (1880, p. 61) e tem dois significados: can – mato,
floresta virgem, mais puêra – o que foi, que não existe mais; ou espécie de cesto
para carregar animais ou mantimentos.
Com o passar do tempo, o termo assumiu novos significados. O mais
presente é utilizado para denominar uma luta apresentada por movimentos ágeis
envolvidas por música, ritmo e ginga. REGO (1968, p. 19), diz que a capoeira é uma
invenção africana no Brasil. A Capoeira nasceu da necessidade do escravo, trazido
da África para o Brasil, sobreviver à escravidão e, por não possuir armas suficientes,
descobriu no próprio corpo um meio de defesa, imitando os animais, junto com a
estrutura das manifestações trazidas do continente africano.
Há ainda uma grande controvérsia sobre o surgimento da capoeira, contudo,
convém observar a complexidade do assunto, uma vez que pesquisadores como
PIRES (2001), CARVALHO (1999), SOARES (1993) e FREYRE (2003), que
defendem que a capoeira surgiu em terras brasileiras. Eles usam o argumento de
que os negros aqui escravizados foram trazidos de diversas regiões da África, não
apenas para o Brasil, mas também para outras ex-colônias do continente europeu.
Entretanto, parece não haver registros históricos conhecidos do desenvolvimento da
capoeira nestes locais, somente no Brasil.
Por outro lado, existem aqueles que acreditam na origem africana da
capoeira, como MARINHO (1956), como sendo trazida daquele continente pelos
cativos, uma vez que podem ser encontradas danças e rituais, também
características de luta. A partir dessa concepção, a capoeira seria simplesmente
uma variação dessas danças.
Historicamente, por volta do século XVI, durante o período do tráfico
negreiro, muitos negros foram trazidos de suas pátrias, na maioria, províncias
africanas como: Luanda, Congo, Moçambique, Angola, Cabinda, Benguela, entre
outras. Segundo FREITAS (2007, p. 28), o caminho era longo e podia se tornar
maior ainda, se pensarmos nas condições em que estes negros viajavam presos
aos porões fedidos e abarrotados dos navios, rumo ao cativeiro e ao sofrimento do
trabalho escravo. Foram trazidos da África pelos colonizadores mais de quatro
milhões de negros para se tornarem escravos, principalmente, nas lavouras de
cana-de-açúcar de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.
Tribos inteiras foram obrigadas a cruzar o oceano, sem saber qual era seu
destino, sendo tratados como animais: “[...] os escravos adquiridos pelo negreiro, na
costa africana, eram embarcados em tumbeiros com péssimas condições de
conforto e higiene”, conforme ANDRADE (1989, p. 13), que continua, dizendo que
muitos deles não suportavam a viagem e morriam no caminho.
Ao chegar a solo brasileiro eram separados de seus parentes e
compatriotas, certamente com o objetivo de que não se formassem grupos
uniformes, capazes de se unirem contra a força opressora.
No entanto, mesmo pertencendo a grupos de línguas e tradições diferentes,
ainda que oriundos do mesmo continente, os negros eram obrigados a trabalhar e
conviver juntos nas senzalas. Pode-se dizer que essa experiência os levava a
difundir e a absorver os conhecimentos de ambas as culturas. Essas diferenças
culturais não determinavam na convivência entre eles, no sentido de impossibilitá-
los quanto à comunicação, pelo contrário, tornava a convivência e os conhecimentos
muito maiores, a comunicação era vasta, pois seus conhecimentos eram partilhados
e unificados uns para com os outros.
Os negros escravizados raramente tinham momentos de descanso e
quando gozavam destes momentos aproveitavam para cantar suas canções, cultuar
os Deuses africanos, cultivando suas raízes.
16
Todavia, devido à repressão a qualquer possível manifestação de origem
africana os negros perceberam que necessitavam de uma maneira de não serem
pegos praticando luta, então eles criaram a ginga. A repressão violenta aos negros
por parte dos senhores de engenho foi a marca registrada dos cativeiros brasileiros.
Os senhores preservavam a cultura de que quanto mais o negro fosse subjugado,
humilhado, castigado, amedrontado, mais controle se teria sobre eles. Os
freqüentes castigos aplicados aos negros foram a mola propulsora para que as
rebeliões ocorressem nas senzalas. Os afrodescendentes também eram
sobrepostos a castigos no tronco. No tronco o escravo rebelde era amarrado e
exposto ao público, nele o negro era chicoteado quantas vezes fossem necessárias
para esquecer as idéias contrárias à submissão e à servidão.
RIBEIRO (1996, p. 120), reforça estas questões, dizendo que,
[...] sua rotina era sofrer castigos diários das chicotadas soltas para trabalhar atento e tenso. Semanalmente vinha um castigo preventivo, pedagógico, para não pensar em fugas e, quando chamava a atenção, recaía sobre ele o castigo exemplar, forma de mutilação de dedos, do furo dos seios, de queimaduras de lição, de ter todos os dentes quebrados criteriosamente, ou dos açoites do pelourinho, sobre trezentas chicotadas de uma vez, para matar, ou cinqüenta chicotadas diárias, para sobreviver.
Uma saída encontrada pelo escravo para sair desta situação foi o chamado
Banzo, um suicídio no qual o negro ingeria terra até morrer asfixiado. Para evitar
este tipo de suicídio, era colocada uma máscara de ferro na boca do escravo que
fosse suspeito de querer cometer tal suicídio.
Na busca pela liberdade e diante da inconformidade com a situação de
maus tratos e, principalmente, de clausura, os negros escravos acabavam por
perceber que a única arma contra toda a opressão que sofriam era o seu próprio
corpo. Conforme nos narra SANTOS (1993, p.35):
Para ponderar e adestrar seu corpo à vista dos seus senhores, disfarçava os movimentos da luta numa forma de dança, passando assim uma imagem de simples divertimento, e quando fugia das senzalas e eram encontrados, procurava se defender com seus coices, cabeçadas e rasteiras para não ser pego e reconduzido ao cativeiro.
A partir da percepção de que sua agilidade e destreza corporal poderiam ser
eficazes para empreender fugas, os negros escravos passavam a enfrentar seus
opressores em emboscadas e a refugiar-se em bandos, criando assim, os
quilombos, sendo um dos mais conhecidos, o Quilombo dos Palmares. Os primeiros
registros de quilombos, segundo MARQUES (1989), datam de 1580 e são de
17
pequenos acampamentos formados por escravos fugitivos na Serra da Barriga (hoje
estado de Alagoas).
A capoeira teve um maior desenvolvimento dentro dos Quilombos, que eram
lugares escondidos, de difícil acesso, mas ainda segundo o mesmo autor, o
crescimento começou a acontecer devido à invasão holandesa (1630). Foram
montadas tropas para a defesa da colônia, sendo oferecida a alforria para os
escravos que lutassem contra os holandeses. Entende-se por alforria, a liberdade
concedida ao escravo via documento escrito.
Muitos dos negros alforriados aproveitavam a primeira oportunidade para
fugir em direção a Palmares, onde estava o quilombo considerado uma das maiores
organizações de escravos negros foragidos das fazendas. Ali os escravos tinham
organizado um verdadeiro estado, nos moldes africanos, constituído de povoações
diversas, onde mais de vinte e cinco mil negros viviam em comunidades
organizadas, chamadas de Mocambos, governadas por Aligarça, sob a chefia de um
rei, (FREITAS, 1984).
Segundo BUENO (1997), talvez Palmares tenha sido o maior significativo
simbólico dos quilombos, onde nenhum outro lugar deu resistências aos escravos
fugidos com tanto sucesso em relação à organização.
O Quilombo dos Palmares serviu, durante décadas, de abrigo a todos
aqueles que lutavam contra a condição de escravidão, fossem negros, índios e até
brancos, chegando a uma população de milhares de habitantes e ampliando cada
vez mais sua força. Nele viveu Zumbi dos Palmares, que é uma figura importante no
mundo da capoeira, sendo considerado o primeiro mestre. Contam alguns
pesquisadores como PIRES (2001), CARVALHO (1999), SOARES (1993) e
FREYRE (2003), que Zumbi era um grande lutador, que usando as pernas,
desarmava e vencia facilmente seus adversários. Ao refletir sobre esta citação é
possível deduzir que a capoeira já era praticada na época dos Quilombos, porém, é
claro, com uma conotação diferente da que é praticada atualmente.
SILVA (1993, p. 25), nos conta que “[...] com a fuga no ‘Quilombo’ os negros
passavam a efetivamente utilizar a capoeira como uma necessidade vital para
continuarem lutando pela libertação da vida escrava.”
18
A presença forte de Palmares levou os governantes, pressionados pelos
grandes senhores de engenho, a decidirem pelo seu extermínio. De acordo com
REIS (2000, p. 52), “as comunidades dos Quilombos representavam um desafio ao
poder colonial”, além de serem a prova do surgimento e persistência de uma
consciência escrava que lutava contra hegemonia manipuladora e opressora.
SILVA (1993, p. 13) caracteriza o negro escravo como:
[...] evidentemente superior na luta, pela agilidade, coragem, sangue frio e astúcia, aprendidas afrontando os bichos, as feras mais perigosas, lutando mesmo com elas, saltando valados, trepando em árvores, as mais altas e galhadas, para se acomodar nas suas frondes, pulando de umas às outras como macacos, onde as nuvens batiam. E tiravam proveito disso, tornado-se extraordinariamente ágeis e muito comumente um homem desarmar uma escolta, punha-a em desordem, fazendo-a fugir [...].
Os negros refugiados no Quilombo de Palmares chegaram a vencer vinte e
quatro expedições chefiadas por capitães-do-mato (homens contratados pelos
senhores ou pelo governo). Segundo REGO (1968, p. 20), neste momento já se
ousa afirmar que os negros utilizavam amplamente do que mais tarde viria a chamar
de capoeira, para se defender.
Vários autores, como VIEIRA (1995), REIS (2000) e PINTO (1995), atribuem
à época dos quilombos, como o período de gestação da capoeira. Mas, em 20 de
novembro de 1697, organizou-se uma expedição com sete mil homens, chefiados
por Domingo Jorge Velho, um bandeirante paulista conhecido por sua astúcia e
competência ao capturar e aprisionar escravos. Ele foi convidado pelo governo
alagoano para exterminar por completo o Quilombo de Palmares. Em troca de
terras, depois de dez anos de sangrentas batalhas assim o fez.
Mais tarde, no início de 1970 a data da destruição do quilombo e morte de
Zumbi, seria definida como dia Nacional da Consciência Negra.
Em 1971, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de Novembro fosse considerado como dia Nacional da Consciência Negra, pois era mais significativo para a comunidade negra do que o 13 de Maio. “Treze de Maio, traição, liberdade sem asas, e fome sem pão; assim definia SILVEIRA o dia da abolição da escravatura em um de seus poemas”. Em 1971, o 20 de Novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final daquela década, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado, (VOGT, 2003, p. 44).
Essa mudança foi significativa para a comunidade negra, pois dessa
maneira teria uma simbologia na comemoração do dia da Consciência Negra no
Brasil.
19
Mas, durante a escravidão os negros não fugiam apenas para os quilombos,
iam também para os grandes centros urbanos, como nos mostra SILVA (1993, p.
25), que afirma que:
[...] com a promulgação da lei Áurea, os negros chegaram aos grandes centros urbanos e começaram uma nova luta para a sobrevivência na cidade, na qual eram marginalizados e discriminados, assim sendo, não tinham alternativas senão servirem como jagunços e guarda-costas dos poderosos da época [...].
A chegada às cidades, embora fosse assustadora, a novidade do
desconhecido mostrou a capacidade de socialização do escravo. A própria extensão
da cidade e sua organização social acabavam por propiciar uma forma
independente de viver, onde de certo modo o escravo estava acostumado com as
dificuldades.
Em 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que
segundo a burguesia da época, viria a dar liberdade aos negros, possibilitando uma
vida mais digna a esse povo, mas na verdade, ela deixava desempregados aqueles
que nunca tiveram emprego. Isso acabou por dar início às periferias pobres, onde os
negros literalmente se amontoavam com condições de vida precária, não tendo
alimentação e higiene.
Na marginalidade e sem trabalho nos grandes centros urbanos, os negros
organizavam-se em grupos poderosos, dos quais também faziam parte pessoas da
classe média que se uniam para proteger negócios escusos e fins políticos. Assim, a
formação das maltas, sua utilização em tumultos contribuiu para que a capoeira
fosse marginalizada.
Apesar de perseguida no século XIX, a prática da “capoeiragem” recebeu
um tratamento criminal oficial em todo o território nacional, somente a partir da
República. Segundo REGO (1968, p. 292), o Código Penal da República oficializou
este tratamento:
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação capoeiragem (...) Pena: de prisão celular por dois a seis meses.
Parágrafo Único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a algum bando ou malta.
Art. 404. Se nesses exercícios de capoeiragem perpetrar homicídio, praticar alguma lesão corporal, ultrajar o poder público e particular, perturbar a ordem, a tranqüilidade ou segurança pública ou for encontrado com armas incorrerá cumulativamente nas penas cominadas para tais crimes.
20
A capoeira continuou perseguida, enquadrada como crime no começo do
século passado. Mesmo assim, continuou a ser praticada, já que nasceu de um
sonho de liberdade e tomou conta do coração de um povo que teve toda sua cultura
e que fora excluído de uma sociedade injusta e opressora. Além do mais, era uma
forma de lazer e trabalho, pois embora fosse proibida, políticos e homens
importantes contratavam os ditos capoeiristas para fazerem segurança. Quer dizer,
ela era considerada crime, mas as pessoas influentes usufruíam dela, em nome de
sua defesa. Percebemos aqui que a história do Brasil é repleta de contradições.
A capoeira passa a ser praticada “às escondidas”. Aos poucos vai ganhando
adeptos ilustres e, embora ainda fosse vista como atividade marginal, despertava
algum encantamento, iniciando uma nova fase no seu desenvolvimento histórico. De
acordo com REGO (1968, p. 03):
A capoeira antes pautada pela criminalidade e obscuridade social adentra um novo mundo, o da cultura, “por mais que tentarmos não pensar, estes dois mundos como separados, o dualismo, que tem caracteres e pensamento científico e também o senso comum, possibilita arquitetarmos essa transição.
Nesta medida, o significado social da capoeira transforma-se conforme
muda por lutas sócias, sendo assim, em 1930, com o advento do estado novo, a
capoeira é liberada no Brasil.
Foram séculos de perseguição até as modificações na década de 1930. Em
1937, comenta ARAÚJO (2000), mais precisamente em uma quarta-feira, dia 10 de
Novembro é implantado o chamado Estado Novo, regime criado sob a presidência
de Getúlio Vargas (1937-1945) como se pode perceber a um interesse político
inspirado por Vargas.
Segundo CARVALHO (1999), Getúlio Vargas necessitava de apoio popular
e objetivando interação do país, acabou por liberar várias manifestações e uma
delas, a capoeira. A prática da Capoeira, atualmente, é considerada como um
desporto de criação genuinamente nacional. Essa prática foi reconhecida após uma
apresentação feita pelo mestre Bimba e seus alunos ao presidente Getúlio Vargas.
A partir da apresentação de Capoeira assistida por Vargas, a capoeira
passou a ser vista também pelos seus aspectos positivos, ou seja, era fruto da
mestiçagem ocorrida no Brasil e, portanto, algo genuinamente brasileiro. Este
discurso em favor da mestiçagem começou a ganhar força à medida que as
21
autoridades notaram a inviabilidade de negar o grande contingente negro que o
Brasil possuía.
1.1. AMANTES DIVULGADORES DA CAPOEIRANa ânsia de afastar a visão de atividade marginalizada e delinquente
imposta à capoeira pela sociedade, surgem então os amantes divulgadores da
capoeira. Descendente de africano, Vicente Ferreira Pastinha, o baiano mestre
Pastinha, foi um dos maiores nomes da capoeira no final do século XIX e início do
século XX. Defensor da capoeira tradicional (Angola) insistia na origem africana da
capoeira. Vicente Ferreira Pastinho fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola
na Bahia, mantendo os fundamentos da capoeira e até implantando alguns de sua
própria criação.
Surge também, Manoel dos Reis Machado, mestre Bimba, com uma
proposta inovadora para a capoeira. Ele teria incorporado à capoeira denominada,
posteriormente, de Regional, elementos de outras lutas como a luta Greco-romana,
Jiu-jitsu, Judô, além de golpes do chamado Batuque (luta nordestina, que seu pai foi
lutador), fazendo uma luta com um total de 32 golpes. Na capoeira do mestre
Bimba, era focada a luta. Bimba utilizou nessa criação seus amplos conhecimentos
da Capoeira Angola e Batuque. “Em 1928 eu criei, completa, a Regional” disse
mestre Bimba, “uma verdadeira luta, boa para o físico e para mente.” (REIS, 2000,
p. 97).
A Capoeira Regional, segundo FALCÃO (1996, p. 68), teria sido influenciada
pela Educação Física e pelo militarismo que estavam em ascensão na década de
trinta. A prova da influência militarista é percebida em uma das etapas do “curso” do
mestre Bimba, o treinamento de Guerrilha (emboscada) realizada nas matas.
É assim, como nos conta VIEIRA (1995, p. 138) que:
A primeira academia de capoeira foi fundada por mestre Bimba em 1932, em Salvador no Engenho Velho de Brotas, com o nome de “Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia.” Essa academia foi a primeira a receber a autorização oficial para o ensino da capoeira, em 1937, ano da decretação do Estado Novo. O mesmo documento, expedido pela Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública do Estado da Bahia reconhecia mestre Bimba como professor de educação física.
A capoeira sai então de seu cenário natural a caminho de ambientes fechados.
22
No Estado Novo, mestre Bimba levou o seu estilo de capoeira regional
baiano (nome esse por ser praticada na época somente em Salvador), para classes
mais privilegiadas da sociedade. A capoeira regional de Bimba passou a ser
ensinada até em quartéis, universidades, clubes sociais e outras instituições
públicas, sem interferência dos “moralistas” da época.
SILVA apresenta (1993, p. 23), que em meados de 1972, a capoeira é
registrada como prática desportiva regulamentada pela Federação Brasileira de
pugilismo, a partir daí a modalidade vem sendo valorizada, progressivamente,
conquistando espaço no cenário artístico, esportivo, cultural e educacional do Brasil
Com o tempo, a capoeira resistiu com seus fundamentos e sua Filosofia,
mais tarde, começou a ganhar consistência como braço de uma cultura popular.
Hoje, a capoeira, por sua história e origem, é um potente instrumento de
educação e integração social. Ela nasceu da luta contra a exclusão social,
combatendo desde os primórdios da escravidão e da opressão. Segundo REGO
(1968, p. 359) é uma arte que demonstra ser possível viver em “harmonia,
independente de cor da pele ou origem social.”
23
II. CAPOEIRA COMO ESTRATÉGIA PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO
A capoeira não é somente um esporte, ou um momento de descontração,
mas sim, uma das manifestações mais marcantes de nossas raízes culturais. Por
essa razão está presente, com características próprias, na expressão cultural do
povo brasileiro. E, ao longo dos anos, despertou o interesse de instituições públicas,
privadas e filantrópicas, que passaram a utilizá-la como Estratégia Pedagógica
melhorando Escolar e na Educação Familiar.
Partindo desse ponto de vista, podemos dizer que a capoeira é um
importante instrumento para a Educação. Como nos diz SILVA (2008, p. 41), desde
1960, a capoeira tem adentrando as portas da escola, fazendo parte de uma
instituição que juntamente com a família, tem um papel central no processo
educativo de crianças e jovens. Nos últimos anos, como podemos perceber, a
capoeira na escola tem sido um processo bastante significativo, principalmente, nas
regiões do Brasil onde ela nasceu. E na mesma proporção, nos diversos países em
que a capoeira se faz presente.
Acredito, pela aproximação que tenho com a capoeira há dez anos, e
embasado em alguns pesquisadores como SILVA (2008), VIEIRA (1995) e
CARVALHO (1992), que a capoeira apresenta-se como uma das alternativas para a
construção social, durante todo o desenvolvimento do ser humano. Por esse motivo
deve ser propagada nos meios educacionais de uma maneira significativa e
prazerosa, contribuindo no aprender, isso implica dizer que a capoeira nesse meio
não deve ser algo apenas a ser praticado, mas sim “estudado”. Frente a esse
fenômeno, ao qual chamamos de capoeira escolar, pesquisadores têm defendido
dissertações e teses que abordam diferentes aspectos de relações entre capoeira e
Escola.
Essa inserção da capoeira nos ambientes escolares é um fenômeno
relativamente recente e tem provocado discussões e polêmicas, principalmente, no
meio acadêmico e capoeirista. Sabemos que quando a capoeira passa a adentrar
no contexto escolar incorpoare códigos e valores diferentes daqueles impregnados
em sua origem.
Assim, do ponto de vista de SILVA (2008, p. 42), devemos fazer uma leitura
crítica das transformações ocorridas em relação a essa manifestação cultural,
compreendê-la e exercitá-la a partir de uma visão ampliada, pois isso se constitui
em um grande desafio para essa unidade didática.
A capoeira é uma manifestação da cultura afro-brasileira que durante muitos
anos foi condenada e proibida pelo poder constituído. Desde o seu aparecimento foi
considerada marginalizada “por ser de origem negra”! E não esporte para branco.
Depois de tantas polêmicas, a capoeira a ganhou mais força e, embora o
preconceito ainda exista, tem diminuído consideravelmente nos últimos anos, isso
pode ser atribuído ao fato de que a capoeira tem-se espalhado por todo o mundo,
agregando cada vez mais praticantes.
Sabemos que a prática da capoeira traz inúmeros benefícios à saúde, entre
eles podemos destacar a melhora do condicionamento físico, da respiração, da
postura, dos sistemas respiratório e nervoso, auxilia na coordenação motora-fina,
coordenação motora-ampla, coordenação motora-visiomotora, coordenação motora-
audiomotora e expressão corporal, proporciona mais agilidade, flexibilidade e
equilíbrio, entre outros.
SILVA (2008, p. 04), afirma que:
[...] o Brasil, mesmo ocupando o lugar de 8ª Economia do mundo, concebido como um país em desenvolvimento prepondera pela desigualdade social, pela concentração de riquezas, através de direitos fundamentais como saúde e educação que uma vez inobservados comprometem a segurança de Estado democrático. A população brasileira, desigual em oportunidades de acesso aos bens fundamentais e econômicos por dois tipos de doenças: primeiro, as doenças de subdesenvolvimento, causado pela pobreza e a conseqüente falta de educação e acesso à saúde preventiva; e, segundo, pelas doenças do desenvolvimento, causado pelos excessos do mundo automatizado comumente denominado de estresse.
Neste sentido, vale lembrar que a capoeira, como atividade física, constitui
um meio essencial e privilegiado, para intervir neste processo degenerativo que
vitima a sociedade globalizada, neste contexto a capoeira torna-se um ótimo
instrumento na questão da inclusão social, oportunizando a todas as classes sociais
a sua interação.
Considerando também que a mesma é uma atividade coletiva e, portanto,
estimula a socialização através do respeito, da amizade e da confiança, auxiliando
ainda, no combate ao uso de drogas e repudiando atitudes violentas. Esses
25
atributos da capoeira já a transformam em um excelente Instrumento Pedagógico na
Educação.
2.1. CARÁTER PEDAGÓGICO DA CAPOEIRASILVA (2008, p. 67), nos diz que os materiais pedagógicos têm a função de
enriquecer as aulas, motivar os alunos a criar situações novas e desafiadoras.
Vejamos que todos os materiais que usamos para enriquecer nossas aulas e
contribuir para o aprendizado da capoeira, que não seja o próprio corpo do
capoeirista, são os seguintes: instrumentos da capoeira (berimbaus, atabaque,
pandeiro, reco-reco, agogô, os sacões de mãos maculêlê, cadeiras, cordas, bolas,
garrafas plásticas, entre outros), que são considerados como materiais
pedagógicos.
Podemos imaginar, que desde tempos muito remotos, nas senzalas e nos
quilombos, já eram utilizados elementos para auxiliar na aprendizagem da capoeira,
que poderiam ser chamados de materiais pedagógicos. A utilização dos
instrumentos musicais daquela época como os “tambores”, observando-se do ponto
de vista pedagógico, podem ser encarados como um meio que tornava a prática da
capoeira mais significativa e facilitando sua aprendizagem. Realmente, jogar
capoeira sem o seu atrativo de musicalidade não é a mesma coisa que jogar com
canto, palmas e instrumentos. Ela se torna bem mais prazerosa, quando se joga
com música e os jogadores se envolvem mais com seu exercício.
SILVA (2008, p. 67), diz
[...] elementos naturais, como um tronco de árvore, um cipó, uma fruta, um animal, um instrumento de trabalho, um pedaço de cana-de-açúcar, podem ter tido o seu lugar no aprendizado da capoeira nos seus primórdios no Brasil colônia [...].
Sabemos que ser crítico faz parte do espírito humano, em se tratando,
especificamente, dos sujeitos que trabalha orientando o processo de ensino e
aprendizagem, a busca de elementos que tornem a sua prática mais diversificada e
desafiadora, aos quais chamamos de materiais pedagógicos, essa característica
deve ser ainda mais forte, visto que, se faz necessário, cada vez mais, ser criativo
em sala de aula, principalmente, quando se trata de como ensinar, como nos ensina
26
Paulo Freire “[...] saber o que ensina não é transferir o conhecimento, mas criar as
possibilidades para a própria produção ou sua construção [...].” (1996, p. 47).
Devemos buscar sempre superar os novos desafios na hora de ensinar, por
isso é importante saber o que se ensina, não basta indicar o caminho, mas sim,
mostrar onde devemos caminhar.
É importante ser criativo e inovador, sendo necessário buscar a melhor
técnica de ensinar. Não existem materiais melhores que outros. Pedaços de
madeira podem ser simplesmente pedaços de madeiras ou podem ser
transformados em bastões, que ganham vida nas mãos dos alunos, e assim,
possibilitam a vivência de uma das manifestações culturais mais ricas do patrimônio
do povo brasileiro, o Maculelê (dança afro que faz parte da capoeira).
27
Figura 1 fonte encontro brasileiro de capoeira em Juara/MT preparação para apresentação de Maculelê.
Figura 2 fonte abertura do encontro brasileiro de capoeira em Juara/MT apresentação de Maculelê.
A partir desse simples elemento, chamado bastão de madeira, uma série de
propostas, estratégias e produtos pedagógicos podem ser gerados. Por traz de um
simples bastão de madeira está o passado histórico de uma nação, suas tradições,
seus rituais, seus ancestrais e o rico arcabouço de gestos e de musicalidade.
Percebemos que o bastão de madeira é um material pedagógico privilegiado por
fazer parte de um contexto cultural chamado “Capoeira”.
Na capoeira, temos diversas situações em que se utilizam os instrumentos
musicais já mencionados, como os berimbaus, pandeiros, atabaques, reco-reco e
agogôs, que são considerados como elementos centrais. Assim, eles podem ser
abordados ou utilizados em diferentes estratégias, tanto de maneira tradicional, isto
é, na roda de capoeira, ou como elemento central de uma brincadeira de pega-
pega, por exemplo, quando o Berimbau para de tocar, o pegador entra em ação.
28
Berimbaus 01 Atabaque 02 Pandeiro 03
SILVA (2008, p. 68) nos fala que
De um modo geral, sobretudo quando pensamos no trabalho da capoeira com crianças, acreditamos que, quanto maior variedade de materiais pedagógicos utilizados no contexto de uma aula de capoeira, maior riqueza do aprendizado.
Sabemos que quanto mais se variar o material pedagógico quanto ao seu
peso, tamanho, forma e cor, o trabalho fica mais atraente e motivador para a
criança, que constrói seu conhecimento.
O educador deve ser criativo, dar asas à imaginação e explorar todo o
potencial que um material pode apresentar do ponto de vista das experiências
motoras, sonoras e visuais.
29
Figura 3 fonte alunos de Juara, em aula no projeto capoeira na escola fazendo alongamento com material pedagógico.
Figura 4 fonte alunos de Juara, em aula do projeto capoeira na escola fazendo o aquecimento.
30
CAP. III. A PSICOMOTRICIADADE NA EDUCAÇÃO
A psicomotricidade as hoje, como ciência da educação, visa representação
e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do individuo. Segundo
LEBOUCH, (1997, p.24), “ neurociência que estuda a interação equilibrada dos
aspectos neuromaturacionais: cognitivo-afetivo-motor na otimização corporal”.
Há muita escola que ainda mantém o caráter mecanicista na Educação
Infantil, ignorando a psicomotricidade nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os
professores, preocupam com a leituras e a escrita, muitas vezes não sabem como
resolver as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os como
portadores de distúrbio de aprendizagem. Na realidade, muitas dificuldades
poderiam ser resolvidas na própria escola.
Entendemos hoje a psicomotricidade, dando-lhe condição de desenvolver
capacidade básica, aumentando seu potencial motor, utilizando o movimento para
atingir aquisição mais elaborada, como a intelectual ajudaria sanar esta dificuldade.
Neuropsiquiatria, psicólogos, fonoaudióloga tem sido insisto sobre a importância
capital do desenvolvimento psicomotor durante os primeiros anos de vida.
No período especificamente entre 3 a 7 anos, segundo SILVA (1993), é ao
mesmo tempo o período de aprendizagem essenciais e de integração progressiva
no plano social.
Trata-se do período escolar, onde a psicomotricidade de vê ser
desenvolvida em atividade enriquecedora e onde a criança de aprendizagem lenta
terá do seu lado, adulto que interpretem o significado de seus movimentos,
auxiliando-a na satisfação de suas necessidades motora.
A criança precisa se sentir segura para que possa ter a possibilidade de se
arriscar. Isto, certamente, lhe dará conhecimento acerca de si mesma, dos outros e
do meio em que vive.
Na educação infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma
percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e
limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com
maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras.
A capoeira e sua aprendizagem, segundo SILVA (2008), abrem um espaço
para desenvolver:
• Habilidades motoras além das dimensões cinéticas, que levem a criança a
aprender a conhecer seu próprio corpo e a se movimentar expressivamente;
• Um saber corporal que deve incluir as dimensões do movimento, desde funções
que indiquem estados afetivos até representações de movimentos mais
elaborados de sentidos e idéias;
• Oferecer um caminho para trocas afetivas;
• Facilitar a comunicação e a expressão das idéias;
• Possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço;
• Apropriação da imagem corporal;
• Percepção rítmica, estimulando reações novas, através de jogos corporais e
danças;
Os materiais que colaboram para as experiências motoras na capoeira,
segundo SILVA (2008), podem incluir:
• Berimbau;
• Atabaque;
• Agogô;
• Caxixi
• Corda
• Balão
• Chapéu
Enfim, trazer atividades corporais, para além da sala de aula, propiciando
experiências que favorecerão a motricidade fina, auxiliariam os alunos de ritmo
normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor os desafios da leitura e da
escrita.
32
CAP. IV. CAPOEIRA, ESCOLA E FAMÍLIA
Segundo SILVA (2008), nos últimos anos, a instituição social chamada
família vive uma profunda transformação. A mulher já não é mais a dona de casa,
no sentido tradicional e não exerce apenas o papel de mãe. Ao contrário,
desempenha papel fundamental no mercado de trabalho e contribui tanto quanto o
homem para o orçamento familiar.
Nesse contexto, o tempo de convivência entre pais e filhos tem diminuído
drasticamente e muitos pais mal têm tempo para dialogar com seus filhos, que
passam a maior parte do dia com seus professores ou babás. Isso aumenta
bastante a responsabilidade dos professores da rede educacional, comunidade,
igrejas e mestres de capoeira, que passam a ter papel decisivo na educação dessas
crianças.
Não podemos desconsiderar a complexidade presente na atividade docente,
afinal contribuir para a formação de um ser implica influenciar profundamente com
palavras e ações. O que temos que fazer é explorar a capoeira e todo seu potencial
educacional cabendo aos professores reconhecer a realidade e estabelecer um
contato mais significativo com essa modalidade, como nos diz SILVA (2008, p. 43):A capoeira não precisa nem deve deixar de ser capoeira quando estiver na escola, mas deve dialogar e interagir com toda a riqueza de conhecimento e diversidade de saberes que caracterizam essa instituição. Certamente cabe aos professores e mestres de capoeira instigar, ousar, criar e estabelecer uma dinâmica de trabalho, ser interativo com outra disciplina, para que haja a tal almejada o termo Interdisciplinaridade.
E importante ressaltar que a capoeira e uma grande contribuídora dentro da
instituição escolar, mas com grande desafio. De não só ser praticada como um
projeto dentro da escola, mas fazer com que ela seja inclusa no currículo.
Certamente quando esse desafio for alcançado haverá uma interlocução entre
capoeira na escola e capoeira da escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo GASPARIN (1997), a psicomotricidade precisa ser vista com bons
olhos pelo profissional da educação, pois ela auxilia o desenvolvimento motor e
intelectual da criança, sendo que o corpo e a mente são elementos conjuntos da sua
formação. Associar idéias totalmente opostas, como brincar e aprender parece difícil
hoje em dia no enquadre educativo.
No mundo atual da escola, em que as exigências são cada vez mais
precoces, é necessário dizer que estas idéias na verdade um percurso de
maturação psicológica, que os educadores devem descobrir para ajudar a criança a
viver um desenvolvimento mais harmonioso, num mundo de hoje que tão difícil de
viver e compreender.
Então faz-se necessário trabalho como esse valorizando esse dimensão que
estabelecer a importância do tema “Psicomotrocidade: Capoeira um Subsidio
psicomotor a cidadania.
Sabendo que o esquema corporal é definido como elemento básico
indispensável para a formação da personalidade do individuo.
O que nos remete a pensar que a capoeira deva ser objeto de estudo mais
aprofundado, já que pairam muitas dúvidas que merecem serem esclarecidas, que
por certo auxiliará em muito os professores no seu labor.
Em síntese, podemos dizer que a capoeira traz aos alunos inúmeros
benefícios tanto do ponto de vista físico, quanto social, cognitivo e efetivo. Ela
também pode ser considerada uns dos recursos pedagógico que poderá
contribuir no desenvolvimento educacional do nossos alunos, considerando as
várias formas de ser trabalhada, dentre elas, sendo um aspecto multidisciplinar.
Nunca se esquecendo de ressaltar a sua importância para a História do Brasil, este
país tão injusto, mas que tanto amamos. Sonho um dia ver a capoeira implantada
nas grades curriculares em todas as escolas. Pois, “um sonho que se sonha só é só
um sonho que sonha só, mas sonho que se sonha juntos é realidade.” (Rui
Barbosa).
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