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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL PSICOMOTRICIDADE: CAPOEIRA UM SUBSÍDIO PSICOMOTOR À CIDADANIA. Valdeson Paula Portela [email protected] Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20120123112342.pdf · parcial para obtenção do título de Pós Graduado em Psicopedagogia

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL

PSICOMOTRICIDADE: CAPOEIRA UM SUBSÍDIO PSICOMOTOR À CIDADANIA.

Valdeson Paula Portela

[email protected]

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

JUARA/2012

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL

PSICOMOTRICIDADE: CAPOEIRA UM SUBSÍDIO PSICOMOTOR À CIDADANIA.

Valdeson Paula Portela

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Pós Graduado em Psicopedagogia Clínica e Educacional.”

JUARA/2012

“A educação pode ajudar a nos tornamos melhores, se não mais felizes, e nos ensina assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas.”

(Edgar Morin)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Manoel dos Reis Machado, o Mestre

Bimba, e a Vicente Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha. Pela

marca inconfundível que imprimiram na História da Capoeira, a

todos os capoeiristas de hoje, de ontem e, principalmente, de

amanhã, que comigo deram/darão seus primeiros passos na

capoeira, à minha mãe Lucilene, por acreditar em mim e à minha

avó Conceição (in memorian).

AGRADECIMENTOS

O DEUS, pelo dom da vida, pela fé e perseverança para vencer

os obstáculos;

À minha companheira de Pós-Graduação, Tatiane Mara Ussuna,

por conviver e compartilhar momentos de prazer, de alegria e de

aprendizagem;

Aos professores e colegas, que colaboraram com as diversas

discussões sobre a prática docente do Psicopedagogo,

principalmente, a meu orientador Ilson Fernandes do Carmo, por

me orientar e pegar em minhas mãos e me guiar por onde devo

seguir;

Aos meus alunos de estágio, pelo respeito e carinho que

estiveram e tem por mim sempre que me encontram.

Enfim, sou grato a minha noiva Laylla Fernanda Silva pelo apoio

e todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a

realização deste trabalho.

RESUMO

O motivo que me levou a pesquisa foi à possibilidade da capoeira ser

trabalhada numa visão transdisciplinar, propondo-se a minimizar o preconceito que

a sociedade apresenta em relação a essa manifestação cultural representante de

um povo violentamente oprimido. Utilizamos como método de pesquisa bibliográfica

com intuito de saber se a Capoeira serve como subsídio Psicomotor na Escola e o

Caráter Pedagógico da Capoeira, fundamentado em alguns teóricos como SILVA

(2008), FREITAS (2007), SOARES (1993), entre outros, que abordam a Capoeira

como processo educativo no contexto escolar e familiar.

Os resultados alcançados apontam os benefícios que a capoeira oferece

para a formação integral do ser humano, pois sua prática desenvolve o lado afetivo,

habilidades motoras, psicomotor, emocional e social do sujeito a partir da interação,

amizade, respeito e confiança estabelecidos entre os que a praticam, além de ser

uma das estratégias contra a exclusão social. Nesse sentindo, consideramos que a

capoeira é um instrumento pedagógico que pode ser utilizado para auxiliar no

desenvolvimento físico, cognitivo, psicomotor, afetivo e social. Esta pesquisa

designa-se também a resgatar os princípios fundamentais que norteiam a capoeira

que ao longo dos anos sobreviveu e passou por diversas fases de transformação,

até chegar à atualidade.

Palavras-chave: Educação, Capoeira, Desenvolvimento, Instrumento Pedagógico,

Psicomotrocidade, Inclusão Social.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 8

I. A CAMINHADA HISTÓRICA DA CAPOEIRA NO BRASIL ................................................... 16

1.1. AMANTES DIVULGADORES DA CAPOEIRA ............................................................................................... 23

II. CAPOEIRA COMO ESTRATÉGIA PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO ................................ 25

2.1. CARÁTER PEDAGÓGICO DA CAPOEIRA ................................................................................................... 27

CAP. IV. CAPOEIRA, ESCOLA E FAMÍLIA .................................................................................. 35

INTRODUÇÃO

Quando, de olhos fechados, medito sobre minha existência, passam pela

minha mente as figuras da minha infância vivenciadas na capoeira. Lembranças de

uma convivência harmoniosa com meus amigos, graduados, professores, monitores,

mestrandos e mestres da capoeira, é por estas e outras que me propus a pesquisar

o tema da capoeira movido pela minha paixão de “capoeirista” e “pedagogo”.

Quando penso na capoeira vem à mente a musicalidade, o movimento, o manuseio

de instrumento, associados a um ritual de forte identidade com o público alvo, por

ela ser genuinamente brasileira, poderia ser explorado dentro do ambiente escolar

como forma alternativa de aprendizagem.

Para que possamos ter um melhor entendimento e desenvolvimento desta

pesquisa, descrevo um pouco da minha história de vida, fazendo uma abordagem

sobre a capoeira e os benefícios que ela trouxe à minha vida.

Nasci na capital de Mato Grosso, Cuiabá, sou filho de uma doméstica que

trabalhou, incansavelmente, para sustentar quatro filhos, sendo eu o mais velho.

Meu pai nos abandonou quando eu tinha oito anos e nunca mais tive contato com

ele.

Eu tive uma infância difícil, menino pobre e rejeitado pela sociedade, à

mercê da marginalidade, poderia ter sido terreno fértil à criminalidade. Porém,

sempre pensei diferente dos meus amigos de infância, que só pensavam em

destruir as coisas que não lhes pertenciam, bem como promover vandalismos na

rua.

Na estrutura familiar, o incentivo à educação, tanto básica quanto superior,

praticamente não existia, pois vim de uma família de pouco conhecimento, pois não

tinha ninguém que me orientasse sobre a importância da educação. Minha mãe

trabalhava para garantir o sustento da família, não tendo tempo e nem oportunidade

de continuar seus estudos, pois ela estudou apenas até o quinto ano do ensino

fundamental.

Diante da ausência de meus pais, ou de uma referência a seguir para viver

em sociedade, minha conduta tornou-se talvez, socialmente, indevida e junto com

estas indisciplinas veio a dificuldade de convivência no meu lar, por isso, inúmeras

vezes, eu acabava indo morar com tias e avós, com a finalidade de auxiliar na

formação da minha conduta e isso me deixava chateado, mesmo sabendo que eu

era um menino difícil de conviver.

Acredito que as gozações, discriminações, rejeições na escola, na

sociedade e no convívio entre parentes, por inúmeras vezes, contribuíram para tais

reações e ações impróprias de minha parte para com as pessoas com as quais eu

convivia. Sei que a ausência de atenção, carinho, afeto, respeito, valorização e

dignidade foram fatores que também contribuíram, visto que estes sentimentos eu

só pude encontrar com reciprocidade aos meus 12 de idade, quando passei a

treinar a capoeira.

A partir da minha inclusão na capoeira ocorreu uma grande mudança em

minha vida, minha realidade, meu pensar, meu agir e a forma de ver a vida. Antes,

eu era um menino revoltado com a realidade que me cercava realidade esta,

revertida depois de encontrar a capoeira. Desta forma, não poderia deixar de

abordar o tema psicomotrocidade na capoeira e seu subsidio a cidadania dentro da

instituição escola.

Trato a capoeira com tanta reverência pela proximidade que tenho com ela

há 16 anos. Somente ao longo dos anos, treinando e me dedicando à capoeira é

que obtive a valorização enquanto ser humano e que consegui vislumbrar o respeito

que sempre almejei na infância.

A capoeira na minha infância foi, sem dúvida, a oportunidade que tive para

transformar minha vida social, individual, cultural e profissional, transformações

estas de grande valor cultural, pois não só me identifiquei com a ”filosofia da

capoeira, mas fiz e faço dela a minha filosofia de vida e de trabalho”.

No trabalho busco sempre a melhor metodologia para ministrar as aulas.

Assim, hoje faço o mesmo trabalho que fizeram comigo na infância, deixei de ser

um aluno para ser um instrutor de capoeira. Como instrutor de capoeira passei por

várias provações e muitas batalhas, cheguei a pensar em desistir, mas graças à

persistência e à vontade de querer vencer, isso não ocorreu. Pelo contrário,

transformei os obstáculos em oportunidades para tornar-me um ser humano ainda

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melhor. Diante desses relatos é possível afirmar que a articulação entre a capoeira e

o ensino aprendizagem na educação dá certo.

Desde 1996, quando comecei a ministrar aulas para crianças penso que a

forma de ensino deveria ser diferenciada da forma de ensino direcionado a adultos,

porém quando iniciei os trabalhos com a capoeira para crianças faltava-me base

científica, além de conhecimento mais elaborado e técnico sobre o assunto. Mesmo

assim, iniciei as aulas. Logo nos primeiros dias me apaixonei e percebi que era

aquele tipo de público que eu buscava atender. As crianças agiam com simplicidade

de movimentos e necessidade de expressão e participação. Aquela inocência e

impaciência me fascinavam. A partir de então, voltei meus esforços e minha

pesquisa para o desenvolvimento de um trabalho, especificamente, voltado às

crianças.

Em 2004, recebi a proposta de ensinar capoeira para as crianças da pré-

escola e do Ensino Fundamental na cidade de Porto dos Gaúchos. Nesta época, eu

já ministrava aulas de capoeira para crianças com faixa etária acima de 12 anos.

Mas, apenas o fato de gostar de crianças não foi suficiente para desenvolver bem o

meu trabalho com crianças de idade pré-escolar. Quando me vi numa sala de aula,

medindo 4 (quatro) metros de comprimento por 3 (três) de largura, com quinze

crianças entre dois e quatro anos de idade, pulando para todos os lados, percebi

que o meu trabalho com elas iria muito além de contê-las durante as aulas.

Eu sabia que o fato de não ter vínculo com elas acabaria prejudicando,

inicialmente, o trabalho, pois para algumas crianças, era a primeira vez que teriam

uma aula de capoeira e para outras a primeira vez que assistiriam tal apresentação,

por estes motivos, fui desenvolvendo a aula sem pressa, respeitando o ritmo de

aprendizagem de cada criança, buscando ganhar a confiança delas, porém eu não

compreendia muito sobre o que seria o ritmo de aprendizagem de cada criança,

então busquei por várias metodologias, tentei colocá-las em fila para iniciar a aula,

contudo, elas não paravam no lugar, comecei bater palmas para chamar a atenção

e poder dar início à aula, propriamente, dita, mas também não deu certo.

Então pensei: “Capoeira! Eu não vou conseguir ensinar mesmo! Vou brincar

um pouco com estas crianças e depois vejo como prossegue a aula!”. Consegui

reunir algumas crianças para participarem da brincadeira de imitar diversos animais.

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Logo, todas as crianças estavam ao meu redor, prestando atenção nos comandos

que eu dava, até aquelas que a princípio não queriam participar.

Foi neste momento de ludicidade (de faz de conta) que pude compreender

na prática o que já havia lido, superficialmente, em alguns poucos livros sobre o

conceito da palavra “lúdico”, conceito este que passei a conhecer mais

profundamente após ingressar no Curso de Licenciatura em Pedagogia na

UNEMAT.

A partir daquela aula percebi que me faltava capacitação, faltava-me um

conhecimento mais aprofundado sobre as fases do desenvolvimento da criança,

então voltei a estudar e em 2004 conclui o Ensino Médio, mas este ainda não era

suficiente para dar-me o embasamento teórico necessário à minha atuação

profissional. Então, em 2005 fiz o vestibular para o Curso de Licenciatura em

Pedagogia e passei.

É, principalmente, pelas crianças que continuo estudando e desenvolvendo

esta pesquisa, na busca de uma educação humanizadora, que realmente seja

transformadora de opiniões, com o propósito de contribuir para o crescimento

profissional de educadores que se dedicam ao ensino da capoeira às crianças nas

escolas.

Meu maior anseio com esta pesquisa é ver a concretização pedagogia do

movimento na capoeira inserida na instituição escolar, oportunizando às crianças o

brincar de capoeira e por meio dela transmitir mensagens corporais, que quando

traduzidas e interpretadas por educadores conscientes, estas mensagens se

tornem sinais evidentes da importância da capoeira pedagógica para o

desenvolvimento psicomotor,e sócio-afetivo destas crianças.

Hoje percebo, devido aos conhecimentos que adquiri ao longo dos anos,

estudando e pesquisando a respeito do desenvolvimento do ser humano, que me

sinto mais preparado para desenvolver trabalhos em projetos sociais, levando

conhecimentos nobres dessa arte: a Capoeira, que quando desenvolvida com

crianças, adolescentes e pessoas da melhor idade, numa perspectiva educativa,

psicomotora e social, produz cidadãos mais críticos e conscientes de que a

educação não se oferece apenas na escola, mas também em ambientes não

escolares.

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Este projeto de pesquisa teve como objetivo demonstrar a importância da

Psicomotrocidade: Capoeira Subsidio Psicomotor a Cidadania, ligando ao fato da

criança, de ter negada a oportunidade de transformação para uma vida digna no

contexto social.

Vejo hoje, nos alunos com os quais trabalho em projetos sociais, o

reconhecimento deles perante a sociedade, como sujeitos históricos, capazes de

interagir na sociedade em que estão inseridos. É por isso que a capoeira na

educação precisa ser desenvolvida com uma pedagogia dos movimentos. A

capoeira como um momento interdisciplinar, enquanto recurso de ensino e

aprendizagem, que contempla a importância social, histórica e psicomotora da

criança.

Durante os últimos 10 anos, tenho me dedicado ao ensino da capoeira em

projetos sociais e escolas, com a experiência percebi que a capoeira pode ser vista

e vivida como um poderoso instrumento no processo educacional, interferindo na

vida da escola e influenciando positivamente no cotidiano da educação dos alunos.

Sabemos que cada um educa de acordo com o que acredita. Somos

educados por nossos pais, familiares, amigos, professores e pela vida, mas acima

de tudo, somos educados por nós mesmos.

Tenho a convicção de que a capoeira, em si, é uma grande educadora e

tem um papel muito importante no processo educativo do ser humano, seja com a

criança, adolescente, adulto ou idoso. A capoeira pode nos educar se deixarmos

que ela nos envolva com sua filosofia, seus rituais, movimentos, mestres,

professores e camaradas de roda.

Nessa ótica, acredito que o processo educativo é um processo de auto-

descoberta, no qual o educador auxilia e incentiva o educando a descobrir seus

próprios potenciais e suas próprias habilidades.

Embora a capoeira tenha passado por grandes transformações, ela ainda é

tratada com preconceito por algumas pessoas que a consideram como uma luta

violenta, praticada por negros, pobres e marginais das periferias. Partindo dessa

reflexão, observamos que a inserção da capoeira na escola seria um instrumento

em potencial para fazer a sociedade perceber que ela já não está somente nas

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periferias, além de não ser uma luta violenta, mas sim, uma arte componente da

cultura brasileira, considerada como esporte disciplinador e educativo.

Buscarei desenvolver com este tema, a psicomotrocidade na capoeira e seu

subsídio a cidadania dentro da instituição escolar com alunos de 8 aos 14 anos. A

psicomotrocidade caracteriza-se por movimentos simples de exploração do corpo,

através dos sentidos. A criança descobre o prazer de executar as funções que a

evolução da motricidade lhe possibilita e sente necessidade de pôr em ação as

novas aquisições, tais como: os sons, quando ela grita, a exploração dos objetos, o

movimento do seu corpo. Esta atividade lúdica identifica-se com a “lei do efeito”.

Quando a criança percebe os efeitos agradáveis e interessantes obtidos nas suas

ações gestuais, sua tendência é procurar o prazer repetindo suas ações.

Diante disso, pensei na problemática a ser pesquisada, se capoeira pode

proporcionar aos seus participantes inúmeras situações de aprendizagem,

constituindo-se como uma prática educativa. O trabalho coletivo e lúdico que

envolve o aprendizado da capoeira garante mais qualidade de vida para aqueles

que a praticam. Seus benefícios são enormes, tais como: desenvolvimento das

qualidades físicas (resistência, flexibilidade, agilidade, coordenação, ritmo, etc.),

autoconfiança e socialização. Sabemos que a existe nos menores gestos e em

todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando melhorar ao

conhecimento do próprio corpo.

Diante disto, como deve ser trabalhada a psicomotrocidade dentro da

instituição escolar?

De acordo com LE BOULCH (1997, p 108), a psicomotricidade integra várias

técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes),

relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. As

primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações

puramente motoras. Diante desta visão, psicomotrocidade e uma ciência da

educação, que visa à representação e a expressão motora, através da utilização

psíquica e mental do individuo e a capoeira e uma atividade motora que

desempenha na vida da criança um papel importantíssimo que intera a criança a o

meio que vive, dando possibilidade que ela perceba que o mundo que explora faz

também parte dela.

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A psicomotrocidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da

educação, pois ela auxilia o desenvolvimento motor e intelectual da criança, sendo

que o corpo e a mente são elementos conjuntos da sua formação. Associar idéias

totalmente opostas, como brincar e aprender parece difícil hoje em dia no enquadre

educativo.

No mundo atual da escola, em que as exigências são cada vez mais

precoces, é necessário dizer que estas idéias na verdade um percurso de

maturação psicológica, que os educadores devem descobrir para ajudar a criança a

viver um desenvolvimento mais harmonioso, num mundo de hoje que tão difícil de

viver e compreender.

Então faz-se necessário trabalho como esse valorizando esse dimensão que

estabelecer a importância do tema “Psicomotrocidade: Capoeira um Subsidio

psicomotor a cidadania.

Sabendo que o esquema corporal é definido como elemento básico

indispensável para a formação da personalidade do individuo.

O que nos remete a pensar que a capoeira deva ser objeto de estudo mais

aprofundado, já que pairam muitas dúvidas que merecem serem esclarecidas, que

por certo auxiliará em muito os professores no seu labor.

E a capoeira como entra nisso tudo? Bom ela entra como um subsídio,

auxiliando desenvolvimento geral das crianças, no explorar, manipular, sentir seu

corpo como interação ao meio. Partindo desse passamento, podemos dizer que a

capoeira é um importante instrumento para a psicomotricidades na Educação. Como

nos diz SILVA (2008, p. 41), que desde 1960 a capoeira tem adentrando as portas

da escola, fazendo parte de uma instituição que juntamente com a família, tem um

papel central no processo educativo e o desenvolvimento das crianças e jovens.

No primeiro capítulo deste trabalho, faço uma abordagem sobre a

Caminhada Histórica da Capoeira no Brasil. Além de abordar a trajetória do escravo

no Brasil. É importante lembrar que para que possamos ter melhor entendimento da

origem da capoeira temos que resgatar a história da escravidão no Brasil.

Na seqüência, apresento o segundo capítulo, intitulado A Capoeira como

Estratégia Psicomotora na Escola e o Caráter Pedagógico da Capoeira,

fundamentado em alguns teóricos como SILVA (2008), FREITAS (2007), SOARES

13

(1993), entre outros, que abordam a Capoeira como processo educativo no contexto

escolar e familiar.

No terceiro e último capítulo da pesquisa discuto os relatos dos benefícios

da capoeira, agregando a fundamentação e à luz dos autores que utilizei na

fundamentação. Inicia-se então propriamente a análise das seguintes abordagens:

O que leva as crianças a praticarem capoeira? Capoeira: Para os pais

tranqüilidade, para os filhos dignidade para vida e A visão docente da capoeira na

escola.

E no quarto, e último capitulo, falo sobre a família que vive uma profunda

transformação. A mulher já não é mais a dona de casa, no sentido tradicional e não

exerce apenas o papel de mãe.

Nas considerações finais, falo sobre os resultados que foram alcançados,

comprovando a influência positiva da Capoeira no contexto escolar, familiar e na

convivência harmoniosa com os professores e amigos; divulgando a Capoeira como

instrumento pedagógico de grande valor educacional, uma vez que, propicia às

crianças seu desenvolvimento integral.

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I. A CAMINHADA HISTÓRICA DA CAPOEIRA NO BRASIL

No intuito de fundamentar a importância deste estudo para a comunidade

científica e esclarecer ao público em geral, faremos uma breve retrospectiva

histórica da Capoeira no Brasil, que servirá como ponto de partida para a justificativa

desta pesquisa. Desta forma, torna-se salutar resgatar, ainda que de modo breve, a

origem histórica e o desenvolvimento da capoeira, a fim de que ela seja

devidamente situada como elemento central e objetivo desta pesquisa.

O termo capoeira, segundo FREITAS (2007), foi citado pela primeira vez em

1712, por Bluteau, em livro publicado em Coimbra, Portugal, com o título

Vocabulário Português e Latino. Desde então, muitas foram as tentativas de

definição do termo e, dentre elas, a mais aceita entre os pesquisadores é de origem

Tupi, apresentada por Soares (1880, p. 61) e tem dois significados: can – mato,

floresta virgem, mais puêra – o que foi, que não existe mais; ou espécie de cesto

para carregar animais ou mantimentos.

Com o passar do tempo, o termo assumiu novos significados. O mais

presente é utilizado para denominar uma luta apresentada por movimentos ágeis

envolvidas por música, ritmo e ginga. REGO (1968, p. 19), diz que a capoeira é uma

invenção africana no Brasil. A Capoeira nasceu da necessidade do escravo, trazido

da África para o Brasil, sobreviver à escravidão e, por não possuir armas suficientes,

descobriu no próprio corpo um meio de defesa, imitando os animais, junto com a

estrutura das manifestações trazidas do continente africano.

Há ainda uma grande controvérsia sobre o surgimento da capoeira, contudo,

convém observar a complexidade do assunto, uma vez que pesquisadores como

PIRES (2001), CARVALHO (1999), SOARES (1993) e FREYRE (2003), que

defendem que a capoeira surgiu em terras brasileiras. Eles usam o argumento de

que os negros aqui escravizados foram trazidos de diversas regiões da África, não

apenas para o Brasil, mas também para outras ex-colônias do continente europeu.

Entretanto, parece não haver registros históricos conhecidos do desenvolvimento da

capoeira nestes locais, somente no Brasil.

Por outro lado, existem aqueles que acreditam na origem africana da

capoeira, como MARINHO (1956), como sendo trazida daquele continente pelos

cativos, uma vez que podem ser encontradas danças e rituais, também

características de luta. A partir dessa concepção, a capoeira seria simplesmente

uma variação dessas danças.

Historicamente, por volta do século XVI, durante o período do tráfico

negreiro, muitos negros foram trazidos de suas pátrias, na maioria, províncias

africanas como: Luanda, Congo, Moçambique, Angola, Cabinda, Benguela, entre

outras. Segundo FREITAS (2007, p. 28), o caminho era longo e podia se tornar

maior ainda, se pensarmos nas condições em que estes negros viajavam presos

aos porões fedidos e abarrotados dos navios, rumo ao cativeiro e ao sofrimento do

trabalho escravo. Foram trazidos da África pelos colonizadores mais de quatro

milhões de negros para se tornarem escravos, principalmente, nas lavouras de

cana-de-açúcar de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.

Tribos inteiras foram obrigadas a cruzar o oceano, sem saber qual era seu

destino, sendo tratados como animais: “[...] os escravos adquiridos pelo negreiro, na

costa africana, eram embarcados em tumbeiros com péssimas condições de

conforto e higiene”, conforme ANDRADE (1989, p. 13), que continua, dizendo que

muitos deles não suportavam a viagem e morriam no caminho.

Ao chegar a solo brasileiro eram separados de seus parentes e

compatriotas, certamente com o objetivo de que não se formassem grupos

uniformes, capazes de se unirem contra a força opressora.

No entanto, mesmo pertencendo a grupos de línguas e tradições diferentes,

ainda que oriundos do mesmo continente, os negros eram obrigados a trabalhar e

conviver juntos nas senzalas. Pode-se dizer que essa experiência os levava a

difundir e a absorver os conhecimentos de ambas as culturas. Essas diferenças

culturais não determinavam na convivência entre eles, no sentido de impossibilitá-

los quanto à comunicação, pelo contrário, tornava a convivência e os conhecimentos

muito maiores, a comunicação era vasta, pois seus conhecimentos eram partilhados

e unificados uns para com os outros.

Os negros escravizados raramente tinham momentos de descanso e

quando gozavam destes momentos aproveitavam para cantar suas canções, cultuar

os Deuses africanos, cultivando suas raízes.

16

Todavia, devido à repressão a qualquer possível manifestação de origem

africana os negros perceberam que necessitavam de uma maneira de não serem

pegos praticando luta, então eles criaram a ginga. A repressão violenta aos negros

por parte dos senhores de engenho foi a marca registrada dos cativeiros brasileiros.

Os senhores preservavam a cultura de que quanto mais o negro fosse subjugado,

humilhado, castigado, amedrontado, mais controle se teria sobre eles. Os

freqüentes castigos aplicados aos negros foram a mola propulsora para que as

rebeliões ocorressem nas senzalas. Os afrodescendentes também eram

sobrepostos a castigos no tronco. No tronco o escravo rebelde era amarrado e

exposto ao público, nele o negro era chicoteado quantas vezes fossem necessárias

para esquecer as idéias contrárias à submissão e à servidão.

RIBEIRO (1996, p. 120), reforça estas questões, dizendo que,

[...] sua rotina era sofrer castigos diários das chicotadas soltas para trabalhar atento e tenso. Semanalmente vinha um castigo preventivo, pedagógico, para não pensar em fugas e, quando chamava a atenção, recaía sobre ele o castigo exemplar, forma de mutilação de dedos, do furo dos seios, de queimaduras de lição, de ter todos os dentes quebrados criteriosamente, ou dos açoites do pelourinho, sobre trezentas chicotadas de uma vez, para matar, ou cinqüenta chicotadas diárias, para sobreviver.

Uma saída encontrada pelo escravo para sair desta situação foi o chamado

Banzo, um suicídio no qual o negro ingeria terra até morrer asfixiado. Para evitar

este tipo de suicídio, era colocada uma máscara de ferro na boca do escravo que

fosse suspeito de querer cometer tal suicídio.

Na busca pela liberdade e diante da inconformidade com a situação de

maus tratos e, principalmente, de clausura, os negros escravos acabavam por

perceber que a única arma contra toda a opressão que sofriam era o seu próprio

corpo. Conforme nos narra SANTOS (1993, p.35):

Para ponderar e adestrar seu corpo à vista dos seus senhores, disfarçava os movimentos da luta numa forma de dança, passando assim uma imagem de simples divertimento, e quando fugia das senzalas e eram encontrados, procurava se defender com seus coices, cabeçadas e rasteiras para não ser pego e reconduzido ao cativeiro.

A partir da percepção de que sua agilidade e destreza corporal poderiam ser

eficazes para empreender fugas, os negros escravos passavam a enfrentar seus

opressores em emboscadas e a refugiar-se em bandos, criando assim, os

quilombos, sendo um dos mais conhecidos, o Quilombo dos Palmares. Os primeiros

registros de quilombos, segundo MARQUES (1989), datam de 1580 e são de

17

pequenos acampamentos formados por escravos fugitivos na Serra da Barriga (hoje

estado de Alagoas).

A capoeira teve um maior desenvolvimento dentro dos Quilombos, que eram

lugares escondidos, de difícil acesso, mas ainda segundo o mesmo autor, o

crescimento começou a acontecer devido à invasão holandesa (1630). Foram

montadas tropas para a defesa da colônia, sendo oferecida a alforria para os

escravos que lutassem contra os holandeses. Entende-se por alforria, a liberdade

concedida ao escravo via documento escrito.

Muitos dos negros alforriados aproveitavam a primeira oportunidade para

fugir em direção a Palmares, onde estava o quilombo considerado uma das maiores

organizações de escravos negros foragidos das fazendas. Ali os escravos tinham

organizado um verdadeiro estado, nos moldes africanos, constituído de povoações

diversas, onde mais de vinte e cinco mil negros viviam em comunidades

organizadas, chamadas de Mocambos, governadas por Aligarça, sob a chefia de um

rei, (FREITAS, 1984).

Segundo BUENO (1997), talvez Palmares tenha sido o maior significativo

simbólico dos quilombos, onde nenhum outro lugar deu resistências aos escravos

fugidos com tanto sucesso em relação à organização.

O Quilombo dos Palmares serviu, durante décadas, de abrigo a todos

aqueles que lutavam contra a condição de escravidão, fossem negros, índios e até

brancos, chegando a uma população de milhares de habitantes e ampliando cada

vez mais sua força. Nele viveu Zumbi dos Palmares, que é uma figura importante no

mundo da capoeira, sendo considerado o primeiro mestre. Contam alguns

pesquisadores como PIRES (2001), CARVALHO (1999), SOARES (1993) e

FREYRE (2003), que Zumbi era um grande lutador, que usando as pernas,

desarmava e vencia facilmente seus adversários. Ao refletir sobre esta citação é

possível deduzir que a capoeira já era praticada na época dos Quilombos, porém, é

claro, com uma conotação diferente da que é praticada atualmente.

SILVA (1993, p. 25), nos conta que “[...] com a fuga no ‘Quilombo’ os negros

passavam a efetivamente utilizar a capoeira como uma necessidade vital para

continuarem lutando pela libertação da vida escrava.”

18

A presença forte de Palmares levou os governantes, pressionados pelos

grandes senhores de engenho, a decidirem pelo seu extermínio. De acordo com

REIS (2000, p. 52), “as comunidades dos Quilombos representavam um desafio ao

poder colonial”, além de serem a prova do surgimento e persistência de uma

consciência escrava que lutava contra hegemonia manipuladora e opressora.

SILVA (1993, p. 13) caracteriza o negro escravo como:

[...] evidentemente superior na luta, pela agilidade, coragem, sangue frio e astúcia, aprendidas afrontando os bichos, as feras mais perigosas, lutando mesmo com elas, saltando valados, trepando em árvores, as mais altas e galhadas, para se acomodar nas suas frondes, pulando de umas às outras como macacos, onde as nuvens batiam. E tiravam proveito disso, tornado-se extraordinariamente ágeis e muito comumente um homem desarmar uma escolta, punha-a em desordem, fazendo-a fugir [...].

Os negros refugiados no Quilombo de Palmares chegaram a vencer vinte e

quatro expedições chefiadas por capitães-do-mato (homens contratados pelos

senhores ou pelo governo). Segundo REGO (1968, p. 20), neste momento já se

ousa afirmar que os negros utilizavam amplamente do que mais tarde viria a chamar

de capoeira, para se defender.

Vários autores, como VIEIRA (1995), REIS (2000) e PINTO (1995), atribuem

à época dos quilombos, como o período de gestação da capoeira. Mas, em 20 de

novembro de 1697, organizou-se uma expedição com sete mil homens, chefiados

por Domingo Jorge Velho, um bandeirante paulista conhecido por sua astúcia e

competência ao capturar e aprisionar escravos. Ele foi convidado pelo governo

alagoano para exterminar por completo o Quilombo de Palmares. Em troca de

terras, depois de dez anos de sangrentas batalhas assim o fez.

Mais tarde, no início de 1970 a data da destruição do quilombo e morte de

Zumbi, seria definida como dia Nacional da Consciência Negra.

Em 1971, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de Novembro fosse considerado como dia Nacional da Consciência Negra, pois era mais significativo para a comunidade negra do que o 13 de Maio. “Treze de Maio, traição, liberdade sem asas, e fome sem pão; assim definia SILVEIRA o dia da abolição da escravatura em um de seus poemas”. Em 1971, o 20 de Novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final daquela década, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado, (VOGT, 2003, p. 44).

Essa mudança foi significativa para a comunidade negra, pois dessa

maneira teria uma simbologia na comemoração do dia da Consciência Negra no

Brasil.

19

Mas, durante a escravidão os negros não fugiam apenas para os quilombos,

iam também para os grandes centros urbanos, como nos mostra SILVA (1993, p.

25), que afirma que:

[...] com a promulgação da lei Áurea, os negros chegaram aos grandes centros urbanos e começaram uma nova luta para a sobrevivência na cidade, na qual eram marginalizados e discriminados, assim sendo, não tinham alternativas senão servirem como jagunços e guarda-costas dos poderosos da época [...].

A chegada às cidades, embora fosse assustadora, a novidade do

desconhecido mostrou a capacidade de socialização do escravo. A própria extensão

da cidade e sua organização social acabavam por propiciar uma forma

independente de viver, onde de certo modo o escravo estava acostumado com as

dificuldades.

Em 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que

segundo a burguesia da época, viria a dar liberdade aos negros, possibilitando uma

vida mais digna a esse povo, mas na verdade, ela deixava desempregados aqueles

que nunca tiveram emprego. Isso acabou por dar início às periferias pobres, onde os

negros literalmente se amontoavam com condições de vida precária, não tendo

alimentação e higiene.

Na marginalidade e sem trabalho nos grandes centros urbanos, os negros

organizavam-se em grupos poderosos, dos quais também faziam parte pessoas da

classe média que se uniam para proteger negócios escusos e fins políticos. Assim, a

formação das maltas, sua utilização em tumultos contribuiu para que a capoeira

fosse marginalizada.

Apesar de perseguida no século XIX, a prática da “capoeiragem” recebeu

um tratamento criminal oficial em todo o território nacional, somente a partir da

República. Segundo REGO (1968, p. 292), o Código Penal da República oficializou

este tratamento:

Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas, exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação capoeiragem (...) Pena: de prisão celular por dois a seis meses.

Parágrafo Único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a algum bando ou malta.

Art. 404. Se nesses exercícios de capoeiragem perpetrar homicídio, praticar alguma lesão corporal, ultrajar o poder público e particular, perturbar a ordem, a tranqüilidade ou segurança pública ou for encontrado com armas incorrerá cumulativamente nas penas cominadas para tais crimes.

20

A capoeira continuou perseguida, enquadrada como crime no começo do

século passado. Mesmo assim, continuou a ser praticada, já que nasceu de um

sonho de liberdade e tomou conta do coração de um povo que teve toda sua cultura

e que fora excluído de uma sociedade injusta e opressora. Além do mais, era uma

forma de lazer e trabalho, pois embora fosse proibida, políticos e homens

importantes contratavam os ditos capoeiristas para fazerem segurança. Quer dizer,

ela era considerada crime, mas as pessoas influentes usufruíam dela, em nome de

sua defesa. Percebemos aqui que a história do Brasil é repleta de contradições.

A capoeira passa a ser praticada “às escondidas”. Aos poucos vai ganhando

adeptos ilustres e, embora ainda fosse vista como atividade marginal, despertava

algum encantamento, iniciando uma nova fase no seu desenvolvimento histórico. De

acordo com REGO (1968, p. 03):

A capoeira antes pautada pela criminalidade e obscuridade social adentra um novo mundo, o da cultura, “por mais que tentarmos não pensar, estes dois mundos como separados, o dualismo, que tem caracteres e pensamento científico e também o senso comum, possibilita arquitetarmos essa transição.

Nesta medida, o significado social da capoeira transforma-se conforme

muda por lutas sócias, sendo assim, em 1930, com o advento do estado novo, a

capoeira é liberada no Brasil.

Foram séculos de perseguição até as modificações na década de 1930. Em

1937, comenta ARAÚJO (2000), mais precisamente em uma quarta-feira, dia 10 de

Novembro é implantado o chamado Estado Novo, regime criado sob a presidência

de Getúlio Vargas (1937-1945) como se pode perceber a um interesse político

inspirado por Vargas.

Segundo CARVALHO (1999), Getúlio Vargas necessitava de apoio popular

e objetivando interação do país, acabou por liberar várias manifestações e uma

delas, a capoeira. A prática da Capoeira, atualmente, é considerada como um

desporto de criação genuinamente nacional. Essa prática foi reconhecida após uma

apresentação feita pelo mestre Bimba e seus alunos ao presidente Getúlio Vargas.

A partir da apresentação de Capoeira assistida por Vargas, a capoeira

passou a ser vista também pelos seus aspectos positivos, ou seja, era fruto da

mestiçagem ocorrida no Brasil e, portanto, algo genuinamente brasileiro. Este

discurso em favor da mestiçagem começou a ganhar força à medida que as

21

autoridades notaram a inviabilidade de negar o grande contingente negro que o

Brasil possuía.

1.1. AMANTES DIVULGADORES DA CAPOEIRANa ânsia de afastar a visão de atividade marginalizada e delinquente

imposta à capoeira pela sociedade, surgem então os amantes divulgadores da

capoeira. Descendente de africano, Vicente Ferreira Pastinha, o baiano mestre

Pastinha, foi um dos maiores nomes da capoeira no final do século XIX e início do

século XX. Defensor da capoeira tradicional (Angola) insistia na origem africana da

capoeira. Vicente Ferreira Pastinho fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola

na Bahia, mantendo os fundamentos da capoeira e até implantando alguns de sua

própria criação.

Surge também, Manoel dos Reis Machado, mestre Bimba, com uma

proposta inovadora para a capoeira. Ele teria incorporado à capoeira denominada,

posteriormente, de Regional, elementos de outras lutas como a luta Greco-romana,

Jiu-jitsu, Judô, além de golpes do chamado Batuque (luta nordestina, que seu pai foi

lutador), fazendo uma luta com um total de 32 golpes. Na capoeira do mestre

Bimba, era focada a luta. Bimba utilizou nessa criação seus amplos conhecimentos

da Capoeira Angola e Batuque. “Em 1928 eu criei, completa, a Regional” disse

mestre Bimba, “uma verdadeira luta, boa para o físico e para mente.” (REIS, 2000,

p. 97).

A Capoeira Regional, segundo FALCÃO (1996, p. 68), teria sido influenciada

pela Educação Física e pelo militarismo que estavam em ascensão na década de

trinta. A prova da influência militarista é percebida em uma das etapas do “curso” do

mestre Bimba, o treinamento de Guerrilha (emboscada) realizada nas matas.

É assim, como nos conta VIEIRA (1995, p. 138) que:

A primeira academia de capoeira foi fundada por mestre Bimba em 1932, em Salvador no Engenho Velho de Brotas, com o nome de “Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia.” Essa academia foi a primeira a receber a autorização oficial para o ensino da capoeira, em 1937, ano da decretação do Estado Novo. O mesmo documento, expedido pela Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública do Estado da Bahia reconhecia mestre Bimba como professor de educação física.

A capoeira sai então de seu cenário natural a caminho de ambientes fechados.

22

No Estado Novo, mestre Bimba levou o seu estilo de capoeira regional

baiano (nome esse por ser praticada na época somente em Salvador), para classes

mais privilegiadas da sociedade. A capoeira regional de Bimba passou a ser

ensinada até em quartéis, universidades, clubes sociais e outras instituições

públicas, sem interferência dos “moralistas” da época.

SILVA apresenta (1993, p. 23), que em meados de 1972, a capoeira é

registrada como prática desportiva regulamentada pela Federação Brasileira de

pugilismo, a partir daí a modalidade vem sendo valorizada, progressivamente,

conquistando espaço no cenário artístico, esportivo, cultural e educacional do Brasil

Com o tempo, a capoeira resistiu com seus fundamentos e sua Filosofia,

mais tarde, começou a ganhar consistência como braço de uma cultura popular.

Hoje, a capoeira, por sua história e origem, é um potente instrumento de

educação e integração social. Ela nasceu da luta contra a exclusão social,

combatendo desde os primórdios da escravidão e da opressão. Segundo REGO

(1968, p. 359) é uma arte que demonstra ser possível viver em “harmonia,

independente de cor da pele ou origem social.”

23

II. CAPOEIRA COMO ESTRATÉGIA PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO

A capoeira não é somente um esporte, ou um momento de descontração,

mas sim, uma das manifestações mais marcantes de nossas raízes culturais. Por

essa razão está presente, com características próprias, na expressão cultural do

povo brasileiro. E, ao longo dos anos, despertou o interesse de instituições públicas,

privadas e filantrópicas, que passaram a utilizá-la como Estratégia Pedagógica

melhorando Escolar e na Educação Familiar.

Partindo desse ponto de vista, podemos dizer que a capoeira é um

importante instrumento para a Educação. Como nos diz SILVA (2008, p. 41), desde

1960, a capoeira tem adentrando as portas da escola, fazendo parte de uma

instituição que juntamente com a família, tem um papel central no processo

educativo de crianças e jovens. Nos últimos anos, como podemos perceber, a

capoeira na escola tem sido um processo bastante significativo, principalmente, nas

regiões do Brasil onde ela nasceu. E na mesma proporção, nos diversos países em

que a capoeira se faz presente.

Acredito, pela aproximação que tenho com a capoeira há dez anos, e

embasado em alguns pesquisadores como SILVA (2008), VIEIRA (1995) e

CARVALHO (1992), que a capoeira apresenta-se como uma das alternativas para a

construção social, durante todo o desenvolvimento do ser humano. Por esse motivo

deve ser propagada nos meios educacionais de uma maneira significativa e

prazerosa, contribuindo no aprender, isso implica dizer que a capoeira nesse meio

não deve ser algo apenas a ser praticado, mas sim “estudado”. Frente a esse

fenômeno, ao qual chamamos de capoeira escolar, pesquisadores têm defendido

dissertações e teses que abordam diferentes aspectos de relações entre capoeira e

Escola.

Essa inserção da capoeira nos ambientes escolares é um fenômeno

relativamente recente e tem provocado discussões e polêmicas, principalmente, no

meio acadêmico e capoeirista. Sabemos que quando a capoeira passa a adentrar

no contexto escolar incorpoare códigos e valores diferentes daqueles impregnados

em sua origem.

Assim, do ponto de vista de SILVA (2008, p. 42), devemos fazer uma leitura

crítica das transformações ocorridas em relação a essa manifestação cultural,

compreendê-la e exercitá-la a partir de uma visão ampliada, pois isso se constitui

em um grande desafio para essa unidade didática.

A capoeira é uma manifestação da cultura afro-brasileira que durante muitos

anos foi condenada e proibida pelo poder constituído. Desde o seu aparecimento foi

considerada marginalizada “por ser de origem negra”! E não esporte para branco.

Depois de tantas polêmicas, a capoeira a ganhou mais força e, embora o

preconceito ainda exista, tem diminuído consideravelmente nos últimos anos, isso

pode ser atribuído ao fato de que a capoeira tem-se espalhado por todo o mundo,

agregando cada vez mais praticantes.

Sabemos que a prática da capoeira traz inúmeros benefícios à saúde, entre

eles podemos destacar a melhora do condicionamento físico, da respiração, da

postura, dos sistemas respiratório e nervoso, auxilia na coordenação motora-fina,

coordenação motora-ampla, coordenação motora-visiomotora, coordenação motora-

audiomotora e expressão corporal, proporciona mais agilidade, flexibilidade e

equilíbrio, entre outros.

SILVA (2008, p. 04), afirma que:

[...] o Brasil, mesmo ocupando o lugar de 8ª Economia do mundo, concebido como um país em desenvolvimento prepondera pela desigualdade social, pela concentração de riquezas, através de direitos fundamentais como saúde e educação que uma vez inobservados comprometem a segurança de Estado democrático. A população brasileira, desigual em oportunidades de acesso aos bens fundamentais e econômicos por dois tipos de doenças: primeiro, as doenças de subdesenvolvimento, causado pela pobreza e a conseqüente falta de educação e acesso à saúde preventiva; e, segundo, pelas doenças do desenvolvimento, causado pelos excessos do mundo automatizado comumente denominado de estresse.

Neste sentido, vale lembrar que a capoeira, como atividade física, constitui

um meio essencial e privilegiado, para intervir neste processo degenerativo que

vitima a sociedade globalizada, neste contexto a capoeira torna-se um ótimo

instrumento na questão da inclusão social, oportunizando a todas as classes sociais

a sua interação.

Considerando também que a mesma é uma atividade coletiva e, portanto,

estimula a socialização através do respeito, da amizade e da confiança, auxiliando

ainda, no combate ao uso de drogas e repudiando atitudes violentas. Esses

25

atributos da capoeira já a transformam em um excelente Instrumento Pedagógico na

Educação.

2.1. CARÁTER PEDAGÓGICO DA CAPOEIRASILVA (2008, p. 67), nos diz que os materiais pedagógicos têm a função de

enriquecer as aulas, motivar os alunos a criar situações novas e desafiadoras.

Vejamos que todos os materiais que usamos para enriquecer nossas aulas e

contribuir para o aprendizado da capoeira, que não seja o próprio corpo do

capoeirista, são os seguintes: instrumentos da capoeira (berimbaus, atabaque,

pandeiro, reco-reco, agogô, os sacões de mãos maculêlê, cadeiras, cordas, bolas,

garrafas plásticas, entre outros), que são considerados como materiais

pedagógicos.

Podemos imaginar, que desde tempos muito remotos, nas senzalas e nos

quilombos, já eram utilizados elementos para auxiliar na aprendizagem da capoeira,

que poderiam ser chamados de materiais pedagógicos. A utilização dos

instrumentos musicais daquela época como os “tambores”, observando-se do ponto

de vista pedagógico, podem ser encarados como um meio que tornava a prática da

capoeira mais significativa e facilitando sua aprendizagem. Realmente, jogar

capoeira sem o seu atrativo de musicalidade não é a mesma coisa que jogar com

canto, palmas e instrumentos. Ela se torna bem mais prazerosa, quando se joga

com música e os jogadores se envolvem mais com seu exercício.

SILVA (2008, p. 67), diz

[...] elementos naturais, como um tronco de árvore, um cipó, uma fruta, um animal, um instrumento de trabalho, um pedaço de cana-de-açúcar, podem ter tido o seu lugar no aprendizado da capoeira nos seus primórdios no Brasil colônia [...].

Sabemos que ser crítico faz parte do espírito humano, em se tratando,

especificamente, dos sujeitos que trabalha orientando o processo de ensino e

aprendizagem, a busca de elementos que tornem a sua prática mais diversificada e

desafiadora, aos quais chamamos de materiais pedagógicos, essa característica

deve ser ainda mais forte, visto que, se faz necessário, cada vez mais, ser criativo

em sala de aula, principalmente, quando se trata de como ensinar, como nos ensina

26

Paulo Freire “[...] saber o que ensina não é transferir o conhecimento, mas criar as

possibilidades para a própria produção ou sua construção [...].” (1996, p. 47).

Devemos buscar sempre superar os novos desafios na hora de ensinar, por

isso é importante saber o que se ensina, não basta indicar o caminho, mas sim,

mostrar onde devemos caminhar.

É importante ser criativo e inovador, sendo necessário buscar a melhor

técnica de ensinar. Não existem materiais melhores que outros. Pedaços de

madeira podem ser simplesmente pedaços de madeiras ou podem ser

transformados em bastões, que ganham vida nas mãos dos alunos, e assim,

possibilitam a vivência de uma das manifestações culturais mais ricas do patrimônio

do povo brasileiro, o Maculelê (dança afro que faz parte da capoeira).

27

Figura 1 fonte encontro brasileiro de capoeira em Juara/MT preparação para apresentação de Maculelê.

Figura 2 fonte abertura do encontro brasileiro de capoeira em Juara/MT apresentação de Maculelê.

A partir desse simples elemento, chamado bastão de madeira, uma série de

propostas, estratégias e produtos pedagógicos podem ser gerados. Por traz de um

simples bastão de madeira está o passado histórico de uma nação, suas tradições,

seus rituais, seus ancestrais e o rico arcabouço de gestos e de musicalidade.

Percebemos que o bastão de madeira é um material pedagógico privilegiado por

fazer parte de um contexto cultural chamado “Capoeira”.

Na capoeira, temos diversas situações em que se utilizam os instrumentos

musicais já mencionados, como os berimbaus, pandeiros, atabaques, reco-reco e

agogôs, que são considerados como elementos centrais. Assim, eles podem ser

abordados ou utilizados em diferentes estratégias, tanto de maneira tradicional, isto

é, na roda de capoeira, ou como elemento central de uma brincadeira de pega-

pega, por exemplo, quando o Berimbau para de tocar, o pegador entra em ação.

28

Berimbaus 01 Atabaque 02 Pandeiro 03

SILVA (2008, p. 68) nos fala que

De um modo geral, sobretudo quando pensamos no trabalho da capoeira com crianças, acreditamos que, quanto maior variedade de materiais pedagógicos utilizados no contexto de uma aula de capoeira, maior riqueza do aprendizado.

Sabemos que quanto mais se variar o material pedagógico quanto ao seu

peso, tamanho, forma e cor, o trabalho fica mais atraente e motivador para a

criança, que constrói seu conhecimento.

O educador deve ser criativo, dar asas à imaginação e explorar todo o

potencial que um material pode apresentar do ponto de vista das experiências

motoras, sonoras e visuais.

29

Figura 3 fonte alunos de Juara, em aula no projeto capoeira na escola fazendo alongamento com material pedagógico.

Figura 4 fonte alunos de Juara, em aula do projeto capoeira na escola fazendo o aquecimento.

30

CAP. III. A PSICOMOTRICIADADE NA EDUCAÇÃO

A psicomotricidade as hoje, como ciência da educação, visa representação

e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do individuo. Segundo

LEBOUCH, (1997, p.24), “ neurociência que estuda a interação equilibrada dos

aspectos neuromaturacionais: cognitivo-afetivo-motor na otimização corporal”.

Há muita escola que ainda mantém o caráter mecanicista na Educação

Infantil, ignorando a psicomotricidade nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os

professores, preocupam com a leituras e a escrita, muitas vezes não sabem como

resolver as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os como

portadores de distúrbio de aprendizagem. Na realidade, muitas dificuldades

poderiam ser resolvidas na própria escola.

Entendemos hoje a psicomotricidade, dando-lhe condição de desenvolver

capacidade básica, aumentando seu potencial motor, utilizando o movimento para

atingir aquisição mais elaborada, como a intelectual ajudaria sanar esta dificuldade.

Neuropsiquiatria, psicólogos, fonoaudióloga tem sido insisto sobre a importância

capital do desenvolvimento psicomotor durante os primeiros anos de vida.

No período especificamente entre 3 a 7 anos, segundo SILVA (1993), é ao

mesmo tempo o período de aprendizagem essenciais e de integração progressiva

no plano social.

Trata-se do período escolar, onde a psicomotricidade de vê ser

desenvolvida em atividade enriquecedora e onde a criança de aprendizagem lenta

terá do seu lado, adulto que interpretem o significado de seus movimentos,

auxiliando-a na satisfação de suas necessidades motora.

A criança precisa se sentir segura para que possa ter a possibilidade de se

arriscar. Isto, certamente, lhe dará conhecimento acerca de si mesma, dos outros e

do meio em que vive.

Na educação infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma

percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e

limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com

maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras.

A capoeira e sua aprendizagem, segundo SILVA (2008), abrem um espaço

para desenvolver:

• Habilidades motoras além das dimensões cinéticas, que levem a criança a

aprender a conhecer seu próprio corpo e a se movimentar expressivamente;

• Um saber corporal que deve incluir as dimensões do movimento, desde funções

que indiquem estados afetivos até representações de movimentos mais

elaborados de sentidos e idéias;

• Oferecer um caminho para trocas afetivas;

• Facilitar a comunicação e a expressão das idéias;

• Possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço;

• Apropriação da imagem corporal;

• Percepção rítmica, estimulando reações novas, através de jogos corporais e

danças;

Os materiais que colaboram para as experiências motoras na capoeira,

segundo SILVA (2008), podem incluir:

• Berimbau;

• Atabaque;

• Agogô;

• Caxixi

• Corda

• Balão

• Chapéu

Enfim, trazer atividades corporais, para além da sala de aula, propiciando

experiências que favorecerão a motricidade fina, auxiliariam os alunos de ritmo

normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor os desafios da leitura e da

escrita.

32

CAP. IV. CAPOEIRA, ESCOLA E FAMÍLIA

Segundo SILVA (2008), nos últimos anos, a instituição social chamada

família vive uma profunda transformação. A mulher já não é mais a dona de casa,

no sentido tradicional e não exerce apenas o papel de mãe. Ao contrário,

desempenha papel fundamental no mercado de trabalho e contribui tanto quanto o

homem para o orçamento familiar.

Nesse contexto, o tempo de convivência entre pais e filhos tem diminuído

drasticamente e muitos pais mal têm tempo para dialogar com seus filhos, que

passam a maior parte do dia com seus professores ou babás. Isso aumenta

bastante a responsabilidade dos professores da rede educacional, comunidade,

igrejas e mestres de capoeira, que passam a ter papel decisivo na educação dessas

crianças.

Não podemos desconsiderar a complexidade presente na atividade docente,

afinal contribuir para a formação de um ser implica influenciar profundamente com

palavras e ações. O que temos que fazer é explorar a capoeira e todo seu potencial

educacional cabendo aos professores reconhecer a realidade e estabelecer um

contato mais significativo com essa modalidade, como nos diz SILVA (2008, p. 43):A capoeira não precisa nem deve deixar de ser capoeira quando estiver na escola, mas deve dialogar e interagir com toda a riqueza de conhecimento e diversidade de saberes que caracterizam essa instituição. Certamente cabe aos professores e mestres de capoeira instigar, ousar, criar e estabelecer uma dinâmica de trabalho, ser interativo com outra disciplina, para que haja a tal almejada o termo Interdisciplinaridade.

E importante ressaltar que a capoeira e uma grande contribuídora dentro da

instituição escolar, mas com grande desafio. De não só ser praticada como um

projeto dentro da escola, mas fazer com que ela seja inclusa no currículo.

Certamente quando esse desafio for alcançado haverá uma interlocução entre

capoeira na escola e capoeira da escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo GASPARIN (1997), a psicomotricidade precisa ser vista com bons

olhos pelo profissional da educação, pois ela auxilia o desenvolvimento motor e

intelectual da criança, sendo que o corpo e a mente são elementos conjuntos da sua

formação. Associar idéias totalmente opostas, como brincar e aprender parece difícil

hoje em dia no enquadre educativo.

No mundo atual da escola, em que as exigências são cada vez mais

precoces, é necessário dizer que estas idéias na verdade um percurso de

maturação psicológica, que os educadores devem descobrir para ajudar a criança a

viver um desenvolvimento mais harmonioso, num mundo de hoje que tão difícil de

viver e compreender.

Então faz-se necessário trabalho como esse valorizando esse dimensão que

estabelecer a importância do tema “Psicomotrocidade: Capoeira um Subsidio

psicomotor a cidadania.

Sabendo que o esquema corporal é definido como elemento básico

indispensável para a formação da personalidade do individuo.

O que nos remete a pensar que a capoeira deva ser objeto de estudo mais

aprofundado, já que pairam muitas dúvidas que merecem serem esclarecidas, que

por certo auxiliará em muito os professores no seu labor.

Em síntese, podemos dizer que a capoeira traz aos alunos inúmeros

benefícios tanto do ponto de vista físico, quanto social, cognitivo e efetivo. Ela

também pode ser considerada uns dos recursos pedagógico que poderá

contribuir no desenvolvimento educacional do nossos alunos, considerando as

várias formas de ser trabalhada, dentre elas, sendo um aspecto multidisciplinar.

Nunca se esquecendo de ressaltar a sua importância para a História do Brasil, este

país tão injusto, mas que tanto amamos. Sonho um dia ver a capoeira implantada

nas grades curriculares em todas as escolas. Pois, “um sonho que se sonha só é só

um sonho que sonha só, mas sonho que se sonha juntos é realidade.” (Rui

Barbosa).

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