62
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS CURSO DE QUÍMICA LICENCIATURA INSTRUMENTAÇÃO PARA LABORATÓRIO DE QUÍMICA O uso de medicamentos como estratégia para o ensino de Química Orgânica Trabalho de Graduação Bruna Luiza Kuhn

Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS

CURSO DE QUÍMICA LICENCIATURAINSTRUMENTAÇÃO PARA LABORATÓRIO DE QUÍMICA

O uso de medicamentos como estratégia para o ensino de Química Orgânica

Trabalho de Graduação

Bruna Luiza Kuhn

Santa Maria, RS, Brasil2011

Page 2: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

O USO DE MEDICAMENTOS COMO ESTRATÉGIA PARA O

ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA

por

Bruna Luiza Kuhn

Trabalho apresentado à disciplina do Curso de Química Licenciatura,

da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito

para obtenção de nota final na disciplina de Instrumentação para

Laboratório de Química.

Prof. Dr. Alex Fabiani Claro Flores

Santa Maria, RS, Brasil.2011

2

Page 3: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

“A principal meta da educação é criar

homens que sejam capazes de fazer

coisas novas, não simplesmente repetir

o que outras gerações já fizeram.

Homens que sejam criadores,

inventores, descobridores. A segunda

meta da educação é formar mentes que

estejam em condições de criticar,

verificar e não aceitar tudo que a elas se

propõe.”

Piaget

i

Page 4: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJETIVOS 3

2.1 Por que estudar química? Motivando o aprendizado do aluno 4

3. REFERENCIAL TEÓRICO 7

3.1 Química Orgânica 7

3.2 Química Orgânica no Ensino Médio 8

3.3 Funções Orgânicas 8

3.4 Conceitos de Oxidação-Redução 17

3.5 Química Medicinal 19

4. METODOLOGIA 22

4.1 Plano de aula 22

4.2 Parte experimental 23

4.3 Materiais e Métodos 29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

6 REFERÊNCIAS 33

ANEXOS 34

ii

Page 5: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

1. INTRODUÇÃO

Há muito tempo o homem começou a estudar os fenômenos químicos, buscando

em maneira geral encontrar a cura de doenças através de misturas e substâncias

extraídas de animais, plantas e minerais. Os alquimistas podiam estar buscando a

transmutação de metais. Outros buscavam o elixir da longa vida. O certo que é desde

tempos remotos, os primeiros químicos já investigavam a natureza de tudo que existe.

Podemos definir a Química como sendo a Ciência que estuda as substâncias,

suas composições e transformações. A Química possui um campo vasto de aplicações

e está relacionada diretamente com o nosso dia-a-dia. Tudo que nos rodeia é formado

por átomos e moléculas, inclusive nós. Se não houvesse as ligações e forças inter e

intramoleculares, seria impossível existir o mundo como o conhecemos hoje.

Com o passar dos tempos, e o desenvolvimento de novas tecnologias, a

Química chegou a um patamar que não havia sido imaginado antes. O homem

aprendeu a sintetizar moléculas, manusear estruturas químicas, desenvolver novas

tecnologias, transformando em fármacos e medicamentos a essência de plantas, que

há muito tempo já eram usadas por nossos ancestrais no tratamento de doenças e

enfermidades.

Hoje nossos químicos já estão muito à frente daqueles de séculos atrás. Já

conhecemos no mínimo 109 elementos químicos (entre naturais e artificiais), temos

uma vasta gama de fármacos utilizados no tratamento de várias enfermidades, o

desevolvimento da química tecnológica ganha espaço a cada dia, entre tantas coisas

mais.

Sendo assim, não podemos deixar passar em branco, que as noções básicas da

Química nos são apresentadas já no Ensino Médio. Não se pode deixar uma Ciência

com aplicação pura e direta, passar batida entre os estudantes. Ensinar conceitos

através do método “decoreba” ou através de simples “regrinhas” não prepara pessoa

alguma para o mundo que espera fora da sala de aula. O aluno deve saber usar seu

conhecimento dentro e fora da sala de aula, fazendo as devidas aproximações tanto da

Química, como de qualquer outra disciplina, com o seu cotidiano. Segundo os

1

Page 6: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio “O aprendizado de Química

pelos alunos de Ensino Médio implica que eles compreendam as transformações

químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada e assim

possam julgar com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da mídia

e da própria escola e tomar decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos.

Esse aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos

químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação

com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e

econômicas. Tal a importância da presença da Química em um Ensino Médio

compreendido na perspectiva de uma Educação Básica.” (PCNEM 2000)

Cabe ao professor, tornar o aprendizado do aluno significativo, e tendo em vista

que a disciplina de Química é uma das mais “odiadas” pelos alunos do Ensino Médio, o

professor deve atuar não só como um simples transmissor de conhecimento, e sim,

como uma fonte instigadora e incentivadora do conhecimento, para que seus alunos se

interessem em aprender o “por que” das coisas, e conhecer a fundo o mundo que os

rodeia.

Tendo em vista desenvolver um trabalho que desperte o interesse dos alunos, e

que tenha relação direta com o seu dia-a-dia, um tema que se torna interessante para

estudos em sala de aula é o de medicamentos e fármacos. Este tema pode ser

interessante e motivador para o ensino da química orgânica nas escolas do ensino

médio, podendo propiciar ao aluno a construção do conhecimento, interpretação dos

acontecimentos diários, ter responsabilidade ao consumir estes medicamentos que na

verdade são constituídos de princípios ativos inorgânicos e principalmente orgânicos.

Os medicamentos podem propiciar também a interdisciplinaridade e a contextualização

tanto do conteúdo de química-orgânica, como também biologia, português, matemática,

física.

2

Page 7: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é relacionar o dia-a-dia do aluno com o conteúdo

abordado em sala de aula sobre o Ensino de Química. Para isso o tema Medicamentos

foi abordado, tendo em vista que podemos trabalha-lo não só apenas na química, mas

também pode-se trabalha-lo como tema interdisciplinar com as matérias de biologia,

matemática, física e português.

Analisando os PCNEM (Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino

Médio), também tem-se como objetivo que ao final da exposição sobre o trabalho, o

aluno seja capaz de tomar suas próprias decisões frente a situações problemáticas, que

seja capaz de relacionar o conteúdo aprendido em sala de aula com seu cotidiano,

formando cidadãos capacitados para a vida.

Fazer com que os alunos tragam situações do cotidiano para a sala de aula,

podendo reconstruir o conhecimento empírico através do conhecimento científico,

contruindo junto com o aluno conceitos.

Através do tema Medicamentos, abordar com os alunos o conteúdo de funções

orgânicas, reações orgânicas, e também fazer uma relação interdisciplinar mostrando

quais são os riscos de uma automedicação. Através dos medicamentos mais

“populares”, demonstrar que todos os fármacos são compostos orgânicos, possuindo

em sua estrutura átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio, entre outros. A

nomenclatura desses compostos também pode ser trabalhada, após a identificação dos

grupos funcionais presentes na molécula.

Montar um Plano de Aula, usando os Três Momentos Pedagógicos, de modo que

este possa abranger todos os objetivos citados até aqui, e que sirva como um roteiro

para o professor em aula.

3

Page 8: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

2.1 Porque estudar Química? Motivando o aprendizado do aluno

A motivação dos alunos vem sendo tratada como um tema de ponta na

educação. Assim, afeta diretamente o ensino, visto que um dos objetivos de quem

ensina, é motivar seus observadores ao tema que está sendo ensinado.

Na prática docente, é comum o questionamento por parte dos alunos acerca do

motivo pelo qual estudam química, visto que nem sempre este conhecimento será

necessário na futura profissão.

Não é raro escutarmos dos nossos alunos, questões como: “para que aprender

isso? Não vou ser químico” ou ainda “isso aí não me interessa, não tem nada a ver com

meus interesses e com meu dia-a-dia”. É aí que entra o trabalho do professor, que

deixa de ser apenas um transmissor do conhecimento, para ser um motivador do

conteúdo. Mas para isso, o professor deve enaltecer as qualidades de sua disciplina,

como se ela fosse a melhor do mundo, e trazer para a sala de aula, questionamentos

que despertem a curiosidade dos alunos. Uma das formas mais eficazes de “ensinar a

aprender” é incentivar nos alunos a curiosidade.

Geralmente quando os conteúdos são trabalhados isolados, longe da realidade

do estudante, este cria um bloqueio quanto ao aprendizado, não entendem e se tornam

cada vez mais distantes da matéria, e o trabalho do professor torna-se cada vez mais

árduo.

Quando os conteúdos não são contextualizados adequadamente, estes se

tornam distantes, assépticos e difíceis, não despertando o interesse e a motivação dos

alunos (ZANON & PALHARIN). O conhecimento de Química é parte essencial na

formação do cidadão. A forma como é abordado na maioria das instituições de ensino,

distancia-o do seu real propósito, tornando o aprendizado maçante e desmotivado.

O estudo da química deve-se especialmente ao fato de possibilitar ao homem o

desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo analisar,

compreender e utilizar este conhecimento no cotidiano. De acordo com o PCNEM, após

essa compreensão, “o aprendizado deve contribuir não só para o conhecimento técnico,

mas também para uma cultura mais ampla, desenvolvendo meios para a interpretação

4

Page 9: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

de fatos naturais, a compreensão de procedimentos e equipamentos do cotidiano social

e profissional, assim como para a articulação de uma visão do mundo natural e social.”

Cabe assinalar que o entendimento das razões e objetivos que justificam e motivam o

ensino da Química, pode ser adquirido abandonando-se as aulas baseadas na simples

memorização de nomes e fórmulas, tornando-as conectadas aos conhecimentos e

conceitos do dia-a-dia do aluno.

Mas para que isso ocorra, sabemos muito bem que não apenas o aluno deve

estar motivado, mas o professor também. Quem de nós, enquanto alunos de Ensino

Médio, já não ouvimos nossos professores falar que não poderiam fazer nenhuma

atividade diferente, justificando isso através da carga horária pequena, ou da falta de

um laboratório, falta de materiais adequados para realizar experimentos.

Sabemos hoje que não é necessário dispormos de um laboratório de ultima

geração, ou de equipamentos sofisticados e caros para levar algo diferente para a sala

de aula. Nos últimos anos, a Educação em Química vem desenvolvendo muitas

ferramentas de auxílio no ensino e aprendizagem de adolescentes. Materiais

alternativos, como garrafas PET, caixinhas de leite, latas de alumínio e até mesmo o

desenvolvimento de jogos lúdicos vem contribuindo para o ensino. Cabe ao professor,

reinventar a cada dia sua aula, ensinar de maneira diferente, através do prático, do

experimental, do lúdico.

Segundo Chassot (pg 32, 1990),

“É inadmissível que a Química do 2º Grau (atual Ensino Médio) não ajude a aperfeiçoar um

soldador mecânico, um frentista de posto de combustível, um controlador de alimentos perecíveis de um

supermercado, um agricultor, um operário de uma cervejaria, um encanador, um empregado de uma

lavanderia.”

Dessa maneira, isso seria, verdadeiramente, educar para a vida e para o

trabalho, valendo-se dos conhecimentos de Química.

Para tornar o ensino da química simples e agradável, deve-se abandonar

metodologias ultrapassadas, que já foram muito utilizadas no ensino tradicional, e

investir nos procedimentos didáticos alternativos, onde os alunos poderão adquirir

conhecimentos mais significativos.

5

Page 10: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Encantar para ensinar, prender a atenção dos alunos, chama-los para a

realidade que os cerca. Esse é o dever do professor-motivador. A cada aula dada com

entusiasmo, com alegria, mostrando que a Química não é um bicho de sete cabeças e

que aprendê-la pode ser feita de um modo diferente, aproximado do real, talvez

consigamos fazer com que nossos alunos se interessem e aprendam com mais

facilidade o que lhes é exposto.

Assim como a Física, a Química necessita dessa aproximação do conteúdo

trabalhado em sala de aula, com o contexto social em que o aluno está inserido, desde

a Escola que frequenta, os lugares onde vai e sua classe social. Partindo deste

princípio, buscamos estimular a construção de conceitos de Química, em especial os

fundamentos básicos, ressaltando situações cotidianas.

Sendo assim, essa proposta está de acordo com o PCNEM, onde o conjunto de

conteúdos está articulado com o processo de ensino e aprendizagem através dos três

eixos norteadores: produzir, experimentar e contextualizar.

6

Page 11: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Para o desenvolvimento deste trabalho, faz-se necessário que alguns tópicos em

Química Orgânica sejam abordados.

Abordaremos uma breve introdução sobre o que é a Química Orgânica, em

especial o tema grupos funcionais, e também um pouco de Química Medicinal, e a

diferença entre medicamentos e fármacos, que muitas vezes pensa-se que é a mesma

coisa.

3.1 Química Orgânica

 A química orgânica é definida como o estudo das substâncias que constituem a

matéria viva e dos compostos resultantes das suas transformações.

Inicialmente pensava-se que as substâncias orgânicas provinham apenas de

organismos vivos (animais, vegetais, bactérias, etc.), teoria proposta em 1807 por Jöns

Jacob Berzelius. Ela baseava-se na idéia de que os compostos orgânicos precisavam

de uma força maior (a vida) para serem sintetizados, esta teoria ficou conhecida com

“Teoria da Força Vital”. Nesse mesmo século, Lavoisier percebeu que todos os

compostos orgânicos descobertos até então, continham um átomo de carbono.

Porém em 1828, Friedrich Wöhler criou uréia em laboratório, somente

aquecendo o cianato de amônio (CH4CNO):

CH4CNO (NH2)2CO

A partir de então, mais compostos orgânicos começaram a ser sintetizados,

derrubando definitivamente a Teoria da Força Vital, e com isso, a designação “orgânico”

perdeu o sentido. Atualmente, prefere-se a designação de compostos de carbono a

compostos orgânicos, visto que este elemento é comum a todos eles e é, em parte,

responsável pelas suas propriedades. Contudo, nem todos os compostos que possuem

o elemento carbono são incluídos no grupo dos compostos orgânicos.

7

Page 12: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

A versatilidade das ligações do átomo de carbono, explica o fato deste elemento

se ligar com uma grande variedade de elementos, e dar origem a vários compostos.

3.2 Química Orgânica no Ensino Médio

A Química Orgânica do Ensino Médio abrange os seguintes tópicos:

Compostos orgânicos;

Hidrocarbonetos: características e nomenclatura;

Funções orgânicas contendo oxigênio;

Funções orgânicas contendo haletos e nitrogênio;

Sinopse das principais funções e algumas propriedades físicas;

Isomeria;

Reações de hidrocarbonetos;

Reações orgânicas de outras funções;

Polímeros.

3.3 Funções Orgânicas

Por definição, temos que função orgânica é um conjunto de substâncias

orgânicas com propriedades químicas semelhantes (propriedades funcionais).

Os compostos são agrupados de acordo com seus grupos funcionais, e a

nomenclatura segue essa regra.

Vemos a seguir as principais funções orgânicas e suas nomenclaturas.

8

Page 13: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

3.3.1 Hidrocarbonetos

São os compostos formados apenas por carbono (C) e hidrogênio (H). Entre os

hidrocarbonetos mais importantes, estão os alcanos, alcenos, alcinos, cicloalcanos e os

hidrocarbonetos aromáticos.

Figura 1: Compostos hidrocarbonetos: alcano, alceno, alcino, cicloalcano e hidrocarboneto aromático,

respectivamente.

3.3.2 Álcoois

São compostos orgânicos contendo um ou mais grupos hidroxila (OH) ligados

diretamente a átomos de carbono saturados.

Figura 2: Álcool aromático, álcool alifático, álcool cíclico, respectivamente.

9

Page 14: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

3.3.3 Enóis

São compostos caracterizados pela presença da hidroxila (-OH) ligada a um

carbono não-aromático, insaturado por dupla ligação de um hidrocarboneto.

Devido à sua alta instabilidade, o enol é representado da seguinte maneira:

Figura 3: Etenol e ciclopentenol.

3.3.4 Fenóis

São compostos orgânicos que possuem uma ou mais hidroxilas ligadas

diretamente ao anel aromático.

Figura 4: Monofenol, difenol e trifenol.

10

Page 15: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

3.3.4 Compostos carbonílicos

Compostos orgânicos que apresentam o grupo carbonila são chamados de

compostos carbonílicos.

Figura 5: Representação de uma carbonila.

a) Aldeídos

São todos os compostos orgânicos que apresentam a carbonila ligada a um

hidrogênio. O radical , recebe o nome de aldoxila, metanoíla ou formila.

Figura 6: Exemplos de aldeídos.

b) Cetonas

São todos os compostos orgânicos que apresentam a carbonila ligada pelos dois

lados a carbonos.

11

Page 16: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 7: Exemplos de cetonas.

c) Ácidos Carboxílicos

São todos os compostos que possuem o grupo em sua estrutura.

Esse grupo é denominado carboxila (carbonila + hidroxila).

Figura 8: Exemplos de ácidos carboxílicos.

d) Ésteres

São compostos resultantes da reação de um ácido carboxílico com um

álcool. Possuem a fórmula geral .

12

Page 17: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 9: Obtenção de um éster.

e) Éteres

São todos os compostos onde o oxigênio está ligado diretamente a dois

grupos alquila ou arila.

Figura 10: Exemplos de éteres.

f) Haletos orgânicos

São todos os compostos que apresentam um ou mais halogênios (F, Cl,

Br, I), substituindo um ou mais hidrogânios de um hidrocarboneto.

Figura 11: Substituição de um átomo de hidrogênio por um átomo de cloro.

13

Page 18: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

g) Haletos ácidos

São todos os compostos que apresentam um halogênio (F, Cl, Br, I),

substituindo a hidroxila de um ácido.

Figura 12: Haletos ácidos.

h) Amidas

São todos os compostos derivados do NH3 pela substituição de um ou

mais hidrogênios por igual número de radicais derivados de um ácido carboxílico, pela

retirada do grupo –OH da carboxila.

Figura 13: Exemplo de amida.

3.3.5 Aminas

São todos os compostos derivados do NH3 pela substituição de um ou mais

hidrogênios por igual número de radicais formando aminas primárias, secundárias ou

terciárias.

14

Page 19: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 14: Exemplo de amina primária, amina secundária e amina terciária, respectivamente.

3.3.6 Nitrocompostos

São todos os compostos que apresentam o grupo NO2, proveniente do

ácido nítrico.

Figura 15: Exemplo de nitrocompostos.

3.3.7 Nitrilos

São todos os compostos que apresentam o grupo -CN, proveniente do

ácido cianídrico.

Figura 16: Exemplo de nitrilos.

15

Page 20: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

3.3.8 Organometálicos

São compostos orgânicos que apresentam um ou mais átomos de metal

ligados diretamente a átomos de carbono.

Os organometálicos mais importantes são os compostos de Grignard, que

são compostos do magnésio. O magnésio liga-se a uma cadeia carbônica e a um

halogênio.

Figura 17: Exemplo de composto organometálico.

Figura 18: Exemplo de composto de Grignard.

3.3.9 Ácidos Sulfônicos

São compostos orgânicos caracterizados pela presença do grupo –SO3H,

proveniente do ácido sulfúrico.

16

Page 21: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 19: Exemplos de ácidos sulfônicos.

3.3.10 Tiocompostos

São derivados de compostos nos quais o oxigênio é substituído por

enxofre.

Figura 20: Exemplos de tiocompostos.

3. 4 Conceitos de Oxidação-Redução

Na química orgânica, a oxidação corresponde normalmente à entrada de

oxigênio (ou outro elemento eletronegativo) na molécula orgânica ou, ainda, à saída de

hidrogênio (ou outro elemento eletropositivo). A redução será, evidentemente, o

caminho contrário.

3.4.1 Níveis de oxidação

Os níveis de oxidação, como o próprio nome já diz, são níveis que levam em

conta o(s) grupo(s) funcional(is) presente(s) na molécula orgânica. São eles:

Alcanos Alcoóis Aldeídos Ácidos Dióxido de

17

Page 22: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

carboxílicos Carbono

Tabela 1: Níveis de oxidação para os compostos orgânicos.

A tabela funciona da seguinte maneira: cada heteroátomo (grupo funcional) e

dupla ligação tem valor fixo de -1;

O nível zero (dos alcanos) não apresenta nenhum heteroátomo e nenhuma dupla

ligação, por isso seu nível de oxidação é zero;

As moléculas do primeiro nível (representado pelos alcoóis) apresentam um

heteroátomo ou uma dupla ligação, por isso tem seu nível de oxidação -1;

O segundo nível (representado pelos aldeídos) tem suas moléculas

apresentando dois heteroátomos ou um heteroátomo e uma dupla ligação, ou

ainda uma tripa ligação (duas duplas ligações), tendo seu nível de oxidação -2;

As moléculas do terceiro nível (representado pelos ácidos carboxílicos)

apresentam nível de oxidação igual a -3;

As moléculas do quarto nível (representado pelo dióxido de carbono), tem nível

de oxidação -4.

3.5 Química Medicinal

18

Page 23: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

"Química Medicinal é uma disciplina baseada na química, também envolvendo aspectos

biológicos, médicos e das ciências farmacêuticas. Comporta a invenção, descoberta, o planejamento,

identificação e preparação de substâncias biologicamente ativas, a interpretação de seu modo de ação a

nível molecular, estudo de seu metabolismo, e o estabelecimento das relações estrutura-

atividade.” ( C.G. Wermuth, C.R. Ganellin, P. Lindberg and L.A. Mitscher, GLOSSARY OF TERMS USED

IN MEDICINAL CHEMISTRY (IUPAC Reccomendations 1998))(SBQ online).

E então nos perguntamos: O que a Química tem a ver? Tudo! A afinidade de um

fármaco por seu receptor no organismo e sua atividade farmacológica é dependente da

estrutura química. Desta forma, modificações relativamente pequenas na molécula do

fármaco podem resultar em alterações importantes nas propriedades farmacológicas.

Como as alterações na configuração molecular não precisam modificar todas as

ações e efeitos de um fármaco, algumas vezes é possível criar uma nova molécula com

maior efeito terapêutico, menores efeitos colaterais, maior seletividade entre diferentes

células ou tecidos e características secundárias mais aceitáveis do que o fármaco

original (ARROIO & HONÓRIO, online).

A química está presente em todos os medicamentos. Sem ela, os cientistas não

poderiam sintetizar novas moléculas, que curam doenças e fortalecem a saúde

humana. Mas a aplicação da química vai além dos medicamentos. Ela cerca o homem

de outros cuidados que prolongam e protegem para a vida.

Em diversos laboratórios, todos os dias, novas substâncias são pesquisadas. As

vezes parte-se da idéia de sintetizar substâncias análogas aos fármacos já existentes

no mercado, com algumas diferenças. Estudos são feitos sobre o provável mecanismo

de ação desse novo composto no organismo, e depois de muitas pesquisas, estudos,

ele é testado.

Mas a contribuição da Química não restringe-se apenas ao “simples” sintetizar e

testar moléculas. Ela vai além. Novas tecnologias no campo da medicina, o uso das tão

faladas nanotecnologias, nanocápsulas. Equipamentos auxiliares no tratamento de

doenças, quimioterapia, radioterapia. A Química ultrapassa as barreiras do laboratório,

e toma um campo muito maior na área da Medicina. Claro que não podemos nos

19

Page 24: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

restringir apenas aos avanços nessa área. A Química contribui para diversos outros

campos, porém aqui, nos fixaremos apenas à Química Medicinal.

Todas as interações entre fármaco-receptor, se dão através de propriedades

químicas e biológicas, através da solubilidade do fármaco no meio em que se encontra,

da sua permeabilidade pelas membranas biológica. Um mundo fascinante invisível a

olho-nu, porém que nos acompanha cada vez que estamos com dor de cabeça, e

ingerimos um medicamento.

Como as alterações na configuração molecular não precisam alterar todas as

ações e efeitos de um fármaco, algumas vezes é possível criar uma nova molécula com

maior efeito terapêutico, menores efeitos colaterais, maior seletividade entre diferentes

células ou tecidos e características secundárias mais aceitáveis do que o fármaco

original. (ARROIO & HONÓRIO, online).

Com essa característica de uma disciplina que engloba inovações e que vem se

destacando cada vez mais e mais, a Química Medicinal tornou-se uma disciplina de

caráter essencialmente colaborativo, onde um esforço múltiplo entre químicos, biólogos,

espectroscopístas, geneticistas e biotecnológos faz-se algo de grande importância.

A seguir, traz-se um breve conceito sobre medicamentos e fármacos. Para que

nenhuma confusão seja feita durante nossos estudos.

3.5.1 Medicamentos e Fármacos

Segundo a Farmacopéia Brasileira, define-se medicamento como um produto

farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa,

paliativa ou para fins de diagnóstico. É uma forma farmacêutica terminada que contém

o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos. (Resolução

RDC – n.° 84/02).

Muitas vezes, o termo medicamento vem sobreposto pelo termo fármaco, o que

é uma adesão errônea, já que o medicamento é o que vende na fármacia, a fórmula

farmacêutica pronta pra consumo, e o fármaco é o principio ativo do medicamento.

20

Page 25: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Já fármaco designa uma substância química conhecida e de estrutura quimica

definida dotada de propriedade farmacológica. Pode significar tanto veneno, quanto

remédio (do grego, phárn). Podemos dizer que fármaco é uma substância com ação

farmacológica.

Há uma grande confusão também feita em relação ao termo droga. Droga vem

do inglês, “drug”, e quando for usada na língua inglesa, deve ser traduzida como

fármaco, que é a sua real aplicação. Aqui no Brasil, o termo droga ficou conhecido

como sendo utilizado para substâncias ilícitas, como haxixe e maconha.

4. METODOLOGIA

21

Page 26: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

A aula foi baseada nos três momentos pedagógicos, e após a realização dos

experimentos, foi realizado um questionário investigativo para saber qual a opinião dos

alunos sobre as aulas práticas.

As fichas encontram-se nos anexos.

4.1. Plano de aula

O plano de aula para esta técnica segue os três momentos pedagógicos. A aula

inicia com questões que visam despertar a curiosidade dos alunos, como por exemplo

“Como que sabemos quando ocorre uma reação química?”. Após as questões iniciais, o

tema é organizado de forma didática (podendo ser distribuído na forma de material para

os alunos, com o auxílio do quadro) e por fim a realização do experimento.

1° Momento: Problematização

Num primeiro momento, uma questão é lançada, e abre-se a discussão em sala

de aula. O objetivo é fazer a ligação do conteúdo dado em sala de aula com o cotidiano

do aluno. O professor irá questionar até o ponto em que os alunos irão perceber que as

informações que eles sabiam sobre determinado tema, não são suficientes, sendo

necessária a busca de mais informação.

2° Momento: Organização do conhecimento.

Neste momento, haverá a sistematização do conhecimento, necessário para a

compreensão do tema e da problematização inicial, sob a orientação do professor.

Dessa forma, o aluno irá comparar seu conhecimento com o conhecimento cientifico,

para, a partir daí melhor interpretar aqueles fenômenos e situações.

3º Momento: Aplicação do conhecimento.

Este momento destina-se a abordar sistematicamente o conhecimento que vem

sendo incorporado pelo aluno, para analisar e interpretar tanto as situações iniciais que

22

Page 27: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

determinam o seu estudo, como outras situações que não estejam diretamente ligadas

ao motivo inicial, mas que são explicadas pelo mesmo conhecimento.

4.2. Parte Experimental

Para determinar os grupos funcionais presentes nos medicamentos, usaremos

os conhecimentos prévios sobre reações de oxidação.

Usaremos os seguintes medicamentos: Vitasay®, Energil C®, Tylenol® e

Coristina D®.

4.2.1 Identificação de alcenos: Vitasay®

Figura 21: Embalagem comercial do medicamento Vitasay ®.

Vitasay® é um medicamento indicado para ser usado como produto dietético,

proteção nutricional das pessoas idosas, grávidas e no período de crescimento. É um

composto vitamínico, e dentre as vitaminas que o constituem, está a vitamina A, ou o

retinol.

23

Page 28: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 22: Fórmula estrutural do retinol (Vitamina A).

Uma das reações características dos alcenos é a oxidação com o permanganato

de potássio (KMnO4). Observa-se a ocorrência da reação pelo descoramento da

solução violeta de permanganato de potássio que reage com a dupla ligação do alceno,

originando um precipitado castanho devido a formação do óxido de manganês IV

(MnO2). Esta reação é conhecida como Teste de Bayer.

Figura 23: Esquema da reação de identificação de alcenos, com um possível produto da reação de

oxidação do retinol.

4.2.2 Identificação de álcoois: Energil C®

24

Page 29: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 24: Embalagem comercial do medicamento Energil C®.

Energil C® é uma marca do grupo EMS. Nada mais é do que a Vitamina C, ou

ácido ascórbico. Ele é usado na prevenção de gripes e resfriados, infecção prolongada

e febre, no tratamento do escorbuto, é importante para o funcionamento adequado

das células brancas do sangue. É eficaz contra doenças infecciosas e um importante

suplemento no caso de câncer e também é essencial na formação de ossos e dentes.

As principais fontes de ácido ascórbico são as frutas cítricas, e o encontramos

também em alimentos como couve, pimentão, ervilha, tomate e brócolis.

Figura 25: Molécula do ácido ascórbico.

A identificação dos alcoóis é feita com o reagente de Jones, uma solução de

ácido crômico e ácido sulfúrico. Nesta reação, alcoóis primários e secundários são

oxidados a ácidos carboxílicos e cetonas, respectivamente, formando um precipitado

verde de sulfato crômico (Cr2(SO4)3). A reação de identificação do grupo funcional álcool

segue abaixo, indicando uma das possibilidades de produtos da oxidação.

25

Page 30: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 26: Esquema da reação de identificação de álcoois.

4.2.3 Identificação de fenol: Tylenol®

Figura 27: Embalagem comercial do medicamento Tylenol AP®.

Tylenol ® é indicado em adultos para o alívio sintomático de dores de cabeça,

sendo também útil para a redução da febre e para o alívio temporário de dores leves a

moderadas.

O Paracetamol, um dos princípios ativos do Tylenol ®, é um analgésico e

antitérmico clinicamente comprovado, que promove analgesia pela elevação do limiar

da dor e antipirese através do centro hipotalâmico que regula a temperatura. Ele atua

por inibição da síntese das prostaglandinas, mediadores celulares responsáveis pelo

aparecimento da dor.

26

Page 31: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Figura 28: Molécula do paracetamol.

Os fenóis ao reagirem com cloreto férrico (FeCl3) formam complexos

coloridos, sendo esta uma das reações que identificam estes compostos. A coloração

do complexo formado varia do azul ao vermelho, dependendo do solvente. Esta reação

pode ocorrer em água, metanol ou diclorometano.

Figura 29: Esquema da reação de identificação de fenóis.

4.2.4 Identificação de ácido carboxílico: Coristina D®

Figura 30: Embalagem comercial do medicamento Coristina d®.

27

Page 32: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

É um analgésico, antitérmico, descongestionante nasal e antialérgico para o

tratamento dos sintomas das gripes e resfriados comuns. Dentre os seus componentes,

destaca-se o ácido acetilsalicílico, que também é principio ativo da Aspirina ®

Figura 31: Molécula de ácido acetilsalisílico.

Uma das maneiras de identificar os ácidos carboxílicos é pela reação com o

bicarbonato de sódio. Nesta reação ocorre a formação de um sal, água e o

desprendimento de gás carbônico, este último permite a visualização da ocorrência da

reação.

Figura 32: Reação de identificação de ácidos carboxílicos.

4.3 Materiais e métodos

28

Page 33: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Materiais necessários:

Pipetas

Vidros de relógio

Frascos incolores pequenos

Pistilo e almofariz

Água destilada

Reagentes utilizados

Permanganato de potássio 1M

Reagente de Jones

Solução de cloreto férrico 3%

Bicarbonato de potássio 1M

Medicamentos

Energil C®

Tylenol®

Coristina D®

Vitasay®

Para a identificação de alcenos, pingou-se 3 gotas de permanganato de potássio

numa solução aquosa do medicamento Vitasay®, observando-se a mudança de

cor de púrpura para castanho.

Para a identificação de álcoois, pingou-se 3 gotas do reagente de Jones numa

solução aquosa do medicamento Energil C®, observando-se que a solução ficou

azulada.

29

Page 34: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Para a identificação de fenóis, pingou-se 5 gotas de cloreto férrico numa solução

aquosa do medicamento Tylenol®, observando-se que a solução ficou azul.

Para a identificação de ácidos carboxílicox, colocou-se aproximadamente 1mL

de bicarbonato de sódio diretamente no medicamento macerado Coristina D®,

observando o desprendimento de gás.

30

Page 35: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que o aluno consegue fixar o conteúdo de maneira mais prática e

eficiente, quando o seu objeto de estudo está relacionado diretamente com o seu

cotidiano. As aulas práticas além de serem mais agradáveis, e menos maçantes, tanto

para o professor, quanto para o aluno, tornam-se um recurso que quando utilizado de

maneira correta, traz resultados positivos e eficientes. Para o ensino de Química, este

recurso torna-se praticamente indispensável, já que trata-se de um conteúdo que

geralmente encontra muitas dificuldades no aprendizado.

Através de um questionário aplicado ao fim da aula prática, pude perceber como

é importante para os alunos que essas atividades sejam realizadas.

Este trabalho foi aplicado em uma turma de 3º ano do Colégio Técnico Industrial

de Santa Maria (CTISM). Eram 17 alunos nessa turma, e atráves do questionário, todos

responderam que através de aulas experimentais, que sejam relacionadas com o seu

cotidiano, o aprendizado se torna mais fácil, por que o conteúdo sai da sala de aula, e

vai direto de encontro às suas necessidades.

Alguns também responderam que apresentam dificuldades com a matéria (13

alunos), seja pela falta de interesse no estudo ou pela dificuldade de assimilar o

conteúdo que é exposto.

As questões iniciais, do tipo, como se observa a ocorrência de uma reação? O

que ocorreu para ocasionar essas mudanças? Foram eixos norteadores para que o

trabalho pudesse ser realizado de forma eficiente, e atender os objetivos iniciais. O uso

de medicamentos como material de ensino, trazendo a realidade dos alunos para

dentro da sala de aula, também foi um ponto forte do trabalho.

Encontrei dificuldades para aplicar a técnica, já que eles estavam arrecém

começando o estudo dos grupos funcionais. Mas a experiência foi bem aceita, e apesar

das dificuldades, eles conseguiram visualizar a ocorrência das reações, justificando

através da mudança de cor e desprendimento de gás, que houve uma reação química

ali, transformando o produto em outro. Com o auxilio do conceito de oxidação-redução,

foi mais fácil explicar para a turma o que havia ocorrido.

31

Page 36: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Com isso, verificou-se que a técnica atende os padrões do PCNEM,

relacionando o dia-a-dia com o conteúdo de sala de aula, dando a oportunidade de uma

interdisciplinariedade, e trazendo uma técnica de baixo custo, que não necessita de

laboratórios sofisticados.

32

Page 37: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

6. REFERÊNCIAS

ARROIO, Agnaldo; HONÓRIO, Khátia Maria. Química Medicinal? É Química?

Disponível em http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_27/quimica.html. Acesso em

11/05/2011.

BARREIRO, E. J. Sobre a Química dos Remédios, dos Fármacos e dos Medicamentos.

Química Nova na Escola. n.3. Maio-2001.

BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnologia, Ministério da Educação.

Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. In: Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 1999.

CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar Química.

Química Nova na Escola. V.23, n.2, p. 401-404, 2000.

CHASSOT, A. I. A Educação no Ensino de Química. Ijuí: Livraria Unijuí Editora, 1990.

Medicina Net. Bula de medicamentos. Disponível em http://www.medicinanet.com.br.

Acessado em 08/06/2011 às 11:30.

MOLINA, Eliane Maria Galuch. Aprendendo química orgânica através do tema

‘medicamento genérico’. 2008. 44 folhas. Monografia apresentada ao curso de

Especialização em Química no Cotidiano na Escola – Universidade Estadual de

Londrina-UEL.

USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química – volume único. 5. ed. reformada. São Paulo.

Saraiva, 2002.

ZANON, L. B. e PALHARINI, E. M. A química no ensino fundamental de

ciências. Química Nova na Escola. n.2, p. 15 – 18, 1995.

33

Page 38: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

ANEXOS

34

Page 39: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS

CURSO DE QUÍMICA LICENCIATURAINSTRUMENTAÇÃO PARA LABORATÓRIO DE QUÍMICA

QUESTIONÁRIO INVESTIGATIVO

Na sua opinião, você acha interessante que existam aulas experimentais para ajudar na compreensão da matéria dada?

( ) Sim. ( ) Não

Porque?_____________________________________________________________________________________________________________________________________

Você acha mais fácil aprender quando a matéria é relacionada com algo do seu cotidiano?

( ) Sim( ) Não

Porque?_____________________________________________________________________________________________________________________________________

Quanto à importância de aulas experimentais e diversificadas, você as considera:

( ) Muito Importantes( ) Importantes( ) Não faz diferença

Você acha a matéria de Química de fácil compreensão?

( ) Sim( ) Não

35

Page 40: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Se você respondeu sim à questão anterior, diga qual é o motivo que a torna fácil. Se você respondeu não, explique o motivo que você julga ser o problema.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

IDENTIFICANDO GRUPOS FUNCIONAIS EM MEDICAMENTOS

Identificação de alcenos: Vitasay®

Vitasay® é um medicamento indicado para ser usado como produto dietético,

proteção nutricional das pessoas idosas, grávidas e no período de crescimento. É um

composto vitamínico, e dentre as vitaminas que o constituem, está a vitamina A, ou o

retinol.

Uma das reações características dos alcenos é a oxidação com o permanganato

de potássio (KMnO4). Observa-se a ocorrência da reação devido a formação do óxido

de manganês IV (MnO2). Esta reação é conhecida como Teste de Bayer.

Esquema da reação de identificação de alcenos, com um possível produto da reação de

oxidação do retinol.

Cabe ressaltar que este composto por ser um polivitamínico, apresenta várias

moléculas, entre as quais podemos encontrar mais alguma que possua dupla ligação.

Aqui citamos o exemplo da vitamina A só afim de ilustrar o que ocorre na reação, e

aonde iremos observar a formação de um novo composto.

36

Page 41: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Identificação de fenol: Tylenol®

Tylenol ® é indicado em adultos para o alívio sintomático de dores de cabeça,

sendo também útil para a redução da febre e para o alívio temporário de dores leves a

moderadas.

O Paracetamol, um dos princípios ativos do Tylenol ®, é um analgésico e

antitérmico clinicamente comprovado, que promove analgesia pela elevação do limiar

da dor e antipirese através do centro hipotalâmico que regula a temperatura. Ele atua

por inibição da síntese das prostaglandinas, mediadores celulares responsáveis pelo

aparecimento da dor.

Os fenóis ao reagirem com cloreto férrico (FeCl3) formam complexos coloridos,

sendo esta uma das reações que identificam estes compostos. Esta reação pode

ocorrer em água, metanol ou diclorometano.

Esquema da reação de identificação de fenóis.

Identificação de ácido carboxílico: Coristina d®

É um analgésico, antitérmico, descongestionante nasal e antialérgico para o

tratamento dos sintomas das gripes e resfriados comuns.

Uma das maneiras de identificar os ácidos carboxílicos é pela reação com o

bicarbonato de sódio. Nesta reação ocorre a formação de um sal, água e gás

carbônico, este último permite a visualização da ocorrência da reação.

37

Page 42: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Reação de identificação de ácidos carboxílicos.

Identificação de álcoois: Energil C®

Energil C® é uma marca do grupo EMS. Nada mais é do que a Vitamina C, ou

ácido ascórbico. Ele é usado na prevenção de gripes e resfriados, infecção prolongada

e febre, no tratamento do escorbuto, é importante para o funcionamento adequado

das células brancas do sangue. É eficaz contra doenças infecciosas e um importante

suplemento no caso de câncer e também é essencial na formação de ossos e dentes.

As principais fontes de ácido ascórbico são as frutas cítricas, e o encontramos

também em alimentos como couve, pimentão, ervilha, tomate e brócolis.

Molécula do ácido ascórbico.

A identificação dos alcoóis é feita com o reagente de Jones, uma solução de

ácido crômico e ácido sulfúrico. Nesta reação, alcoóis primários e secundários são

oxidados a ácidos carboxílicos e cetonas, respectivamente, formando um precipitado de

sulfato crômico (Cr2(SO4)3). A reação de identificação do grupo funcional álcool segue

abaixo, indicando uma das possibilidades de produtos da oxidação.

Esquema da reação de identificação de álcoois.

38

Page 43: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Conceitos de Oxidação-Redução

Na química orgânica, a oxidação corresponde normalmente à entrada de

oxigênio (ou outro elemento eletronegativo) na molécula orgânica ou, ainda, à saída de

hidrogênio (ou outro elemento eletropositivo). A redução será, evidentemente, o

caminho contrário.

Níveis de oxidação

Os níveis de oxidação, como o próprio nome já diz, são níveis que levam em

conta o(s) grupo(s) funcional(is) presente(s) na molécula orgânica. São eles:

Zero

ligação

Heteroátom

os

Uma ligação

Heteroátomos

Duas ligações

Heteroátomos

Três ligações

Heteroátomos

Quatro

ligações

Heteroátomos

Alcanos Alcoóis Aldeídos Ácidos

carboxílicos

Dióxido de

Carbono

39

Page 44: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

A tabela funciona da seguinte maneira: cada heteroátomo (grupo funcional) e

dupla ligação tem valor fixo de -1;

O nível zero (dos alcanos) não apresenta nenhum heteroátomo e nenhuma dupla

ligação, por isso seu nível de oxidação é zero;

As moléculas do primeiro nível (representado pelos alcoóis) apresentam um

heteroátomo ou uma dupla ligação, por isso tem seu nível de oxidação -1;

O segundo nível (representado pelos aldeídos) tem suas moléculas

apresentando dois heteroátomos ou um heteroátomo e uma dupla ligação, ou

ainda uma tripa ligação (duas duplas ligações), tendo seu nível de oxidação -2;

As moléculas do terceiro nível (representado pelos ácidos carboxílicos)

apresentam nível de oxidação igual a -3;

As moléculas do quarto nível (representado pelo dióxido de carbono), tem nível

de oxidação -4.

Parte Experimental

O que vamos usar nesse experimento:

Medicamentos: Vitasay®, Tylenol®, Energil C ® e Coristina D®.

Soluções: Permanganato de Potássio 1M (KMnO4), Cloreto Férrico 3% (FeCl3),

Bicarbonato de Sódio 1M (NaHCO3), Solução de Reagente de Jones.

Materiais: 3 tubos de ensaio, 3 pipetas de Pasteur, água destilada, proveta.

Diluir cada medicamento, em água destilada, e acrescentar 5 gotas de cada solução.

Observar a mudança de cor nas reações com Permanganato de Potássio e Cloreto de

Ferro, e na reação com Bicarbonato de Sódio, observar o desprendimento de gás.

40

Page 45: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

Aplicação do conhecimento:

1. Identifique os grupos funcionais presentes nos medicamentos: Vitasay®, Energil

C ®, Tylenol® e Coristina D®.

2. O que você observou ao adicionarmos os reagentes nos medicamentos? Houve

formação de precipitados? Despreendimento de gases? Mudança de cor? Em

quais experimentos?

3. Qual o conceito de oxidação? E o de redução?

4. A quais outros grupos funcionais essa reação levou?

41

Page 46: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

FOTOS

42

Page 47: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

43

Page 48: Instrumentação Para Laboratório de Química_bruna Luiza Kuhn

44