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Geografia Aldo Dantas Edseisy Silva Barbalho Jane Roberta de Assis Barbosa Instrumentação para o Ensino de Geografia IV

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Geografi a

Aldo DantasEdseisy Silva BarbalhoJane Roberta de Assis Barbosa

Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV

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Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV

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2ª Edição

Natal – RN, 2011

Geografi a

Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV

Aldo DantasEdseisy S. Barbalho

Jane Roberta de Assis Barbosa

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COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOSMarcos Aurélio Felipe

GESTÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAISLuciana Melo de LacerdaRosilene Alves de Paiva

PROJETO GRÁFICOIvana Lima

REVISÃO DE MATERIAISRevisão de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJanio Gustavo BarbosaJeremias Alves de AraújoJosé Correia Torres NetoKaline Sampaio de AraújoLuciane Almeida Mascarenhas de AndradeThalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisão de Língua PortuguesaCamila Maria GomesCristinara Ferreira dos SantosEmanuelle Pereira de Lima DinizJanaina Tomaz CapistranoPriscila Xavier de MacedoRhena Raize Peixoto de Lima

Revisão das Normas da ABNTVerônica Pinheiro da Silva

EDITORAÇÃO DE MATERIAISCriação e edição de imagensAdauto HarleyAnderson Gomes do NascimentoAndrew Anderson Chagas CâmaraCarolina Costa de OliveiraDickson de Oliveira TavaresLeonardo dos Santos FeitozaRoberto Luiz Batista de LimaRommel Figueiredo

DiagramaçãoAna Paula ResendeCarolina Aires MayerDavi Jose di Giacomo KoshiyamaElizabeth da Silva FerreiraIvana LimaJosé Antonio Bezerra JuniorRafael Marques Garcia

Módulo matemáticoJoacy Guilherme de A. F. Filho

IMAGENS UTILIZADASAcervo da UFRNwww.depositphotos.comwww.morguefi le.comwww.sxc.huEncyclopædia Britannica, Inc.

FICHA TÉCNICA

Catalogação da publicação na fonte. Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva.

Governo FederalPresidenta da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Vice-Presidente da RepúblicaMichel Miguel Elias Temer Lulia

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRNReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Vice-ReitoraMaria de Fátima Freire Melo Ximenes

Secretaria de Educação a Distância (SEDIS)

Secretária de Educação a DistânciaMaria Carmem Freire Diógenes Rêgo

Secretária Adjunta de Educação a DistânciaEugênia Maria Dantas

© Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EDUFRN.Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão – MEC

Barbosa, Jane Roberta de Assis.

Instrumentação para o ensino de geografi a IV / Jane Roberta de Assis Barbosa, Edseisy S. Barbalho e Aldo Dantas. – 2. ed. – Natal: EDUFRN, 2011.

212 p.: il.

ISBN 978-85-7273-821-7

Conteúdo: Aula 1 – Orientações gerais. Aula 2 – Geografi a e cidade. Aula 3 – Geografi a e espaço agrário. Aula 4 – Relação campo/cidade (roteiro). Aula 5 – Globalização. Aula 6 – Blocos internacionais de poder. Aula 7 – América Latina. Aula 8 – As regiões brasileiras. Aula 9 – Educação Ambiental e Pedagogia Cidadã. Aula 10 – Agenda 21 Escolar (objeto de aprendizagem). Aula 11 – Resíduos sólidos e reciclagem. Aula 12 – Aprendendo a confeccionar maquetes. Contém CD-ROM com as aulas interativas: Aula 4 – Relação campo/cidade. Aula 10 – Agenda 21 Escolar.

1. Geografi a do Brasil. 2. Relação campo/cidade. 3. Agenda 21. 4. Educação Ambiental. 5. Blocos econômicos. I. Barbalho, Edseisy S. II. Dantas, Aldo. III. Título.

CDU 91(81) B238i

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Sumário

Apresentação Institucional 5

Aula1 Orientações gerais 7

Aula2 Geografi a e cidade 19

Aula3 Geografi a e espaço agrário 35

Aula4 Relação campo/cidade (roteiro) 55

Aula5 Globalização 69

Aula6 Blocos internacionais de poder 85

Aula7 América Latina 101

Aula8 As regiões brasileiras 121

Aula9 Educação Ambiental e Pedagogia Cidadã 141

Aula10 Agenda 21 Escolar (objeto de aprendizagem) 155

Aula11 Resíduos sólidos e reciclagem 157

Aula12 Aprendendo a confeccionar maquetes 179

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Apresentação Institucional

A Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação

a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil – UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações em Administração Pública e Administração Pública Municipal.

Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto de meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfi co para atender às necessidades de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profi ssionais qualifi cados e que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas, livros, textos, fi lmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.

Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram o desafi o de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como moda-lidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto o acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando cursos de graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.

Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLE-TE O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SEDIS/UFRN

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Orientações gerais

1Aula

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 9

ApresentaçãoDe maneira geral, você, aluno do Ensino Superior nas áreas de licenciaturas, costuma

considerar o curso muito teórico. Muitos dos estudantes dos cursos de licenciatura terminam o curso sem saber interagir com os alunos na prática de sala de aula. Então, como elaborar uma disciplina de instrumentação de ensino sem cair nas repetições conceituais em vez de propor práticas e orientações que auxiliem no trabalho diário do professor?

Nossa proposta para esta disciplina que está iniciando hoje é de, a partir de uma base conceitual e contextualização de conteúdos ensinados no ensino fundamental e médio na disciplina de Geografi a, apresentar sugestões de atividades, ofi cinas e dinâmicas para ajudá-lo a trabalhar de maneira criativa e estimulante assuntos muitas vezes considerados cansativos porque são mal explorados.

Aproveitamos também para nesta primeira aula oferecer algumas sugestões de organização para o bom desempenho dos seus estudos. Dessa forma, especifi camente nesta aula, você não encontrará a estrutura padrão de aulas da SEDIS, haja vista nosso principal objetivo ser a apresentação do material e não a discussão de práticas e conteúdos de ensino. Então, aproveite o material preparado para a disciplina, leia-o atentamente, cumpra as atividades indicadas e procure avançar na produção do conhecimento.

Bons estudos!

ObjetivosEntender o funcionamento da disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV.

Reconhecer a metodologia de construção das aulas da disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV.

Compreender as possibilidades de uso do material didático preparado para a disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV.

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV10

O que precisamos fazer para nos sair bem nos estudos? Organizando-se para estudar

Algumas vezes nos preocupamos por que não conseguimos entender bem uma matéria, temos difi culdade de concentração etc. Mas, o que será que leva a essa situação, que desaponta tantos alunos?

Para que seus estudos sejam sempre mais produtivos, o aluno deve procurar buscar estratégias que venha contribuir para isso. Assim, sugerimos para você o cumprimento dos seguintes passos com base em (FRY, 2009):

� Defi na na sua casa um local para o estudo: organize e deixe à disposição todo material necessário para o cumprimento das suas atividades de estudo.

� Determine uma rotina: defi na onde e quando seus estudos deverão ser realizados. Monte seus horários em uma tabela, delimitando tempo para todas as atividades que deverá desenvolver durante o dia, isso irá facilitar para que você arranje tempo para estudar.

� Estabeleça prioridades: a programação defi nida para realização de seus estudos deve ser cumprida sem interrupções.

� Faça da leitura um hábito: leia sempre! O gosto pela leitura vem com a prática. Certamente, ela será uma ótima aliada para fazê-lo avançar em seus estudos.

� Desligue a TV: no momento em que for estudar, nada de televisão ligada. Caso não seja possível desligar, peça ao menos que fi que em baixo volume. Evite distrações!

� Seja realista: o ritmo de trabalho e assimilação no tocante a aprendizagem é diferente para cada pessoa. Muitas vezes a rotina cansativa (trabalho, fi lhos etc.) é desgastante. Conheça os seus limites e possibilidades para avançar.

� Fique antenado: a internet é uma ferramenta de grande importância na atualidade, além de ser uma fonte rica de informações. Faça acessos aos sites de pesquisas, jornais e revistas para estar sempre atualizado a respeito de sua área de estudo.

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Atividade

Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 11

Figura 1 – Estudante

Fonte: <http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/Jornal87/Imagens/estudar.JPG>. Acesso em: 25 ago. 2010.

A organização é um elemento importante para tudo o que vamos fazer, sobretudo no que se refere ao processo de ensino/aprendizagem, pois diariamente surgem atividades e afazeres que podem retirar nossa atenção do foco do estudo. Sendo assim, procure seguir as sugestões desse material a fi m de otimizar seu tempo e destacar-se na apreensão do conhecimento.

Que tal começar a organizar sua rotina de estudos para a disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV? Pare um pouco a leitura do material e registre em seu caderno, folha ou bloco de anotações a rotina que irá seguir para ter bons êxitos em seus estudos. Para isso, observe o quadro a seguir e, de acordo com o exemplo, organize sua rotina de estudos.

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV12

HorárioLocal Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo

07:00 as 8:00h Salade jantar da minha casa

Leitura da primeiraaula e organização

de rotina de estudos.

Quadro 1 – Organização da rotina de estudos

O quadro proposto trata-se apenas de um modelo que poder ser devidamente modifi cado por você para que sua rotina de estudos e atividades diárias seja devidamente organizada, de maneira que possa aproveitar melhor o seu tempo.

Proposta da disciplinaO material elaborado para esta disciplina foi pensado com interesse de proporcionar uma

maior interação entre você, enquanto professor, e seu aluno, visando sempre a formação crítica, criando sugestões de atividades e maneiras de trabalhar os conteúdos em sala de aula, para que você e seu aluno vivenciem diferentes situações do conhecimento.

Cada caderno impresso que você irá receber, ao todo serão dez (10) aulas impressas e dois materiais multimídia (que virá em formato cd-rom), é composto basicamente por seções de apresentação, objetivos, teóricas (conteúdos), atividades, sugestão de leitura complementar e/ou vídeo, resumo e uma autoavaliação. Essa última constitui-se num momento importante para o seu aprendizado, uma vez que é a sua oportunidade de se autoavaliar, buscando perceber seu avanço no que se refere aos objetivos propostos.

No que se refere aos CDs ROM, a proposta foi a produção de um material diferenciado onde houvesse a possibilidade de uma interação virtual com o mesmo.

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 13

Figura 2 – Estudando material virtual

Fonte: <http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=893839>. Acesso em: 25 ago. 2010.

Assim, adotamos os Objetos de Aprendizagem para proporcionar a você esse diferencial. Na verdade, um O.A. nada mais é do que um recurso educacional digital que pode ser acessado por meio de um computador em qualquer horário, pode apresentar tamanhos e formatos de mídia variados, dependendo apenas dos objetivos do educador. É usado para ajudar os alunos na compreensão de conceitos e conteúdos mais complexos por meio de animações e simulações.

Metodologia deconstrução das aulas e os possíveis usos do material

As aulas foram estruturadas com base na aplicação de temas que julgamos importantes no exercício do professor em sala de aula, bem como voltado às principais preocupações da atualidade.

Todas as aulas foram construídas pensando na maior possibilidade de interação com o material didático, e com seus alunos no cotidiano escolar. Assim, as atividades proposta no material impresso ou CD-ROM podem ser aplicadas seguindo as orientações básicas, mas também podem e devem ser adaptadas à realidade do local em que esteja sendo executada.

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV14

Aula 01 – Orientações gerais: a primeira aula da disciplina tem como objetivo principal apresentar o material didático da disciplina e suas possibilidades de uso.

Aula 02 – Geografi a e cidade: você vai encontrar uma discussão teórica a respeito do processo de constituição das cidades ao longo da história. Verá também o conceito de cidade e os principais elementos que a caracterizam.

Aula 03 – Geografi a e espaço agrário: a proposta foi de discutir a respeito do espaço agrário e suas principais características, para isso fi zemos uso de enquetes, fi guras e charges, para tornar o momento da aula mais dinâmico, com diferentes possibilidades de dinâmicas.

Aula 04 – Relação campo/cidade: após ter concluído as aulas 01 e 02, você terá acesso ao primeiro Objeto de Aprendizagem (O.A.) desta disciplina, o qual tem por base a discussão apresentada nas referidas aulas. Nesse O.A., terá a possibilidade de revisar conceitos e conteúdos trabalhados em aulas anteriores por meio de simulações gráfi cas. Trata-se de um material com possibilidades de interação através de jogos, ilustrações, atividades e uma representação digital de um município, na qual, ao passar o mouse sobre o mapa do município, observará a possibilidade de obter informações mais detalhadas por meio do click em determinados elementos representados (propriedade rural, por exemplo) e de ter acesso a infográfi cos contendo dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE).

Aula 05 – Globalização: a aula foi estruturada a partir da sugestão de leituras reflexivas a respeito da temática que ajudem a reconhecer o conceito de globalização e identifi car a relação existente com a desigualdade. Nas aulas impressas, correspondentes ao formato padrão utilizado pela Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) você terá a sua disposição um item abordando como trabalhar o tema em sala de aula, no qual terá acesso a sugestões de práticas para aplicação com os alunos.

Aula 06 – Blocos internacionais de poder: você aprenderá por meio da utilização de jogos, atividades e leituras a identifi car os blocos internacionais de poder existentes e sua importância no mundo atual, bem como as possibilidades de exploração dos blocos internacionais de poder com seus alunos.

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 15

Aula 07 – América latina: as diferenças entre os países que compõem a América Latina e sua importância no contexto mundial foram abordados nesta aula por meio da utilização de mapas, quadros, gráfi cos e jogos voltados a estimular e facilitar o processo de ensino/aprendizagem.

Aula 08 – As regiões brasileiras: nesta aula tratamos a respeito do processo de formação territorial das regiões brasileiras e suas diferenças, fazendo uso de recursos didáticos bastante diversifi cados, como demonstrado nas aulas anteriores.

Aula 09 – Educação ambiental ou Geografi a cidadã?: o propósito desta aula é de trazer uma discussão que contribua para a compreensão do papel da Geografi a para a formação de cidadãos, fazendo uso de atividades e práticas educacionais que ajudem a pensar de maneira crítica os problemas socioambientais da realidade atual. Você irá encontrar sugestões de roteiro de diagnóstico ambiental e de como trabalhar o tema em sala de aula. Verá também que, semelhante a todas as aulas, exceto os O.A., há sempre uma sugestão de livro ou vídeo a respeito do conteúdo tratado na aula.

Aula 10 – Agenda 21 escolar: trata-se do nosso segundo O.A., o qual, conceitualmente, está apoiado na aula 09. Nele, você verá quais os elementos necessários para implantar uma agenda 21 escolar, bem como, por meio de simulações gráfi cas, reforçará conceitos e conteúdos discutidos anteriormente. Mais uma vez os jogos e o nosso município hipotético voltam a aparecer a fi m de favorecer a aprendizagem. No CD ROM referente aos O.A., você terá acesso ao menu de cada aula com possibilidades diversas de interação gráfi ca.

Aula 11 – Resíduos sólidos e reciclagem: a aula foi pensada em torno de uma discussão sobre resíduos sólidos e a reciclagem e organização de uma ofi cina de reciclagem. Assim, a partir das orientações contidas no material, você poderá realizar em sala de aula uma pequena ofi cina cujo objetivo é demonstrar as diferentes possibilidades de uso e reaproveitamento de materiais. Tem ainda a possibilidade de correlacionar com outros conteúdos, como, por exemplo, o consumo.

Aula 12 – Aprendendo a confeccionar maquetes: você aprenderá a representar através da confecção de maquetes situações cotidianas provenientes do uso do território. Você terá acesso a um roteiro contendo todos os passos e materiais necessários para a confecção de maquetes. A partir do roteiro básico contido nesta aula, você poderá adaptar materiais e criar outras possibilidades de representação da realidade.

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Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV16

Leitura complementar OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino et al. Para onde vai o ensino de Geografi a? 3. ed. São Paulo: Contexto, 1991.

ResumoNesta aula, você viu a maneira como a disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV foi elaborada, bem como os caminhos metodológicos para formulação das aulas. Também consideramos importante contribuir com orientações acerca da relevância no estabelecimento e organização de sua rotina de estudos.

Livro escrito por importantes geógrafos nacionais e

internacionais. Apresenta uma discussão acerca da

importância do ensino da Geografia, considerando

que esse vem passando por uma crise, a qual deve ser

vista de maneira crítica. Os autores comungam a ideia

de se reformular conceitos científi cos com objetivo de

contribuir para uma renovação nas práticas de ensino.

AutoavaliaçãoFaça um breve relato acerca da metodologia adotada para elaboração do material didático e as possibilidades de seu uso.

Em seguida, escreva algumas considerações a respeito de suas impressões iniciais no que se refere à disciplina.

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Anotações

Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 17

Referências FRY, Ron. Melhore sua memória. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. 104p.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografi a. São Paulo: Cortez, 2007. 383p.

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Anotações

Aula 1 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV18

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Geografi a e cidade

2Aula

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 21

ApresentaçãoPensar a respeito das coisas que são comuns ao nosso cotidiano é fundamental para

despertar a curiosidade e para aprender um pouco mais a respeito da Geografi a.

Diariamente, caminhamos pela cidade e nem sequer nos questionamos a respeito do que é uma cidade – quais os elementos que a constituem, por que há tantas pessoas vivendo nas cidades e por que há nelas tanta desigualdade?

A disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV possibilitará o estímulo ao conhecimento geográfi co de maneira dinâmica e criativa por meio da utilização de vários recursos, como jogos, atividades e orientações metodológicas para auxiliar o seu trabalho enquanto professor.

Uma novidade para esta disciplina é a utilização de Objetos de Aprendizagem – O.A., que dizem respeito à utilização de ferramentas que possibilitem a interação do professor e do aluno de maneira diferenciada com o material didático em formato digital (CD-ROM). Sendo assim, as Aulas 2 (Geografi a e cidade) e 3 (Geografi a e espaço agrário) são estruturadoras para a Aula 4 – Relação campo/cidade. Trata-se, portanto, de uma espécie de interação entre os conteúdos vistos nas aulas anteriores, e que nos O.A. serão aprofundados.

O tema proposto para esta aula é de grande importância para a Geografi a Urbana, e certamente servirá de base para conhecer um pouco mais sobre sua cidade através da aplicação do roteiro desta aula no lugar em que você reside.

Nesta aula trabalharemos o entendimento do conceito de cidade, além de apresentar o seu processo de constituição e os principais elementos que a caracterizam.

Bons estudos!

ObjetivosConhecer o processo de constituição das cidades ao longo da história.

Compreender o conceito de cidade.

Identifi car os principais elementos que caracterizam uma cidade.

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV22

A cidade ao longo da históriaAntes de darmos início a nossa trajetória geográfi ca para compreender a cidade ao longo

da história, é necessário dizer que a cidade é, antes de qualquer coisa, um produto da ação humana, gerada a partir da realização do seu trabalho. Sendo assim, é também fruto de um dinâmico processo de transformação social que lhe confere características peculiares a cada período histórico. Desta maneira, ela assume características materiais (prédios, estradas, fl uxo de pessoas etc.), políticas, culturais e sociais diferenciadas.

Segundo Carlos (2007, p. 57),

A cidade, em cada uma das diferentes etapas do processo histórico, assume formas, características e funções distintas. Ela seria, assim, em cada época, o produto da divisão, do tipo e dos objetos de trabalho, bem como do poder nela centralizado. Por outro lado, é necessário considerar que a cidade só pode ser pensada na sua articulação com a sociedade global, levando-se em conta a organização política e a estrutura do poder da sociedade, a natureza e a repartição das atividades econômicas, as classes sociais.

As primeiras cidades surgiram a partir de um intenso processo de transformação social que envolve dimensões políticas, econômicas, culturais e técnicas. A primeira cidade de que temos notícia foi Jericó (veja o Quadro 1), um assentamento humano associado a relatos bíblicos no livro de Josué (SOUZA, 2005, p. 42). Outra cidade de grande relevância foi a de Ur (veja a Figura 1), situada próxima aos vales do rio Tigres.

Figura 1 – Cidade de Ur

Fonte: <http://www.biblioteca.templodeapolo.net/imagens/imagens/

Cidades-0013-www.templodeapolo.net.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 23

Aliás, uma característica marcante das primeiras cidades era o fato de estarem localizadas próximas a grandes rios, os quais proporcionavam terras férteis e irrigação, facilitando, assim, a produção de alimentos.

Cidade País antigo País atual Época de origem

Jericó Canaã Jordânia 5.000 a.C.

Ur Babilônia Iraque V Milênio

Uruk Babilônia Iraque V Milênio

Susa Elam Pérsia 4.000 a.C

Hierakompolis Egito Egito 4.000 a.C

Kich Babilônia Iraque Início do IV Milênio

Quadro 1 – As cidades mais antigas

1) As cidades eram normalmente muradas, e além de seus muros servirem à defesa, demarcavam a separação campo e cidade.

2) A elite concentrava-se no centro ou próximo a ele, e os menos privilegiados viviam nas orlas das cidades ou fora de seus muros.

3) Para a maioria das pessoas, a casa e o local de trabalho situavam-se no mesmo edifício.

4) Pequena parte da população vivia nas cidades.

5) Em alguns estados tradicionais existiam sistemas rodoviários sofi sticados ligando cidades, tendo estes fi ns principalmente militares.

6) A comunicação em sua maioria era lenta e limitada.

Fonte: Adaptado de Carlos (2007, p. 61 apud SCHENEIDER, s/d.).

Anthony Giddens, no livro Sociologia, publicado em 2000, apresenta algumas características das cidades antigas que são importantes para o propósito dessa aula. Segundo Giddens (2000, p. 560), “apesar da diversidade das suas civilizações, há certos aspectos comuns à maioria das cidades do mundo antigo”. São elas:

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Atividade 1

Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV24

É importante destacar que a cidade sofreu, ao longo da história, vários processos de transformação, passando pela Antiguidade (surgimento das primeiras cidades), Período medieval (os feudos assumem lugar de destaque, e as cidades começam a renascer apenas no século XI, primeiramente em torno dos burgos), até tomarem uma dimensão mais parecida com as cidades atuais.

Neste sentido, a cidade torna-se um marco, demarcando a transição do modelo de produção feudal para o modo de produção capitalista.

A Revolução Industrial é outro elemento marcante para história da cidade, pois há um intenso processo de transformação viabilizado pela inovação técnica e científi ca, apoiado na política e no mercado. Acentuam-se as desigualdades socioespaciais em virtude do intenso processo de migração da população do campo para cidade em busca de uma vida melhor.

Assim, surge a imagem da cidade como fábrica de ilusão e perversidade.

Período medieval

Lembrar que neste período encontramos um

sistema econômico-social denominado Feudalismo.

Até agora vimos quais as primeiras cidades que se formaram ao longo da história. Vimos, também, as características gerais das cidades na Antiguidade.

Mas você sabe como se deu o processo de formação da sua cidade?

Quais os prédios mais antigos?

Como está o seu estado de conservação? Qual(ais) o(s) fundador(es)?

Faça uma pesquisa no jornal da sua cidade, revista ou no site da prefeitura procurando reconstituir a história do lugar. Para isto, você precisará construir um roteiro de entrevista, ou seja, anotar previamente perguntas que irão lhe auxiliar no processo de pesquisa. A partir do exemplo a seguir, você poderá elaborar outras perguntas.

a) Como se deu o processo de formação territorial (veja a Aula 11 da disciplina Instrumentação para o Ensino de Geografi a III) da sua cidade?

b) Qual(ais) seu(s) fundador(es)?

c) Qual a materialidade existente no período da fundação (prédios, pontes, estradas etc.)?

d) O que diferencia sua cidade no período atual do período da sua fundação? Trace um panorama do antes e do depois.

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 25

e) Como estava organizada a política, economia e cultura da época?

Após obter as informações, escreva um texto a respeito dos principais resultados da sua pesquisa. Refl ita a respeito das mudanças que ocorreram ao longo do tempo.

O conceito de cidadeHá uma extensa bibliografi a para discutir a cidade e o processo de urbanização. É

consenso geral que chegar a uma defi nição acerca da cidade não é fácil, pois se trata de um fenômeno dinâmico e complexo, haja vista ser resultado de relações sociais inseridas em contextos históricos característicos. Em outras palavras, a cidade é uma manifestação das transformações do espaço geográfi co. Segundo Santos (1992, p. 241 apud SOUZA, 2009, p. 2), “a cidade é o concreto, o conjunto de redes, enfi m, a materialidade visível do urbano enquanto que este é abstrato, porém o que dá sentido à natureza da cidade”.

Destacamos alguns aspectos que caracterizam uma cidade.

1) Apresenta uma natureza transformada pelas ações humanas (relevo, vegetação, solo etc.);

2) É uma expressão concreta da dinâmica econômica, social, política e cultural;

3) É manifestação da Divisão Territorial do Trabalho;

4) Aglomeração de pessoas;

5) Desenvolvimento de tecnologias;

6) Aceleração do cotidiano.

Internamente as cidades se organizam por meio da defi nição de bairros residenciais, áreas comerciais e de serviços, áreas industriais, bem como presença de favelas e bairros antigos.

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV26

Em síntese, a cidade é uma grande e complexa obra humana. De acordo com Souza (2009, p. 4), “ela é um mundo de objetos, produzidos segundo procedimentos, determinados por materialidades e regidos por intencionalidades precisas. A cidade é uma intencionalidade”. Afi rmar que a cidade é uma intencionalidade implica em dizer que todos os objetos e ações nela presentes têm um sentido específi co para existir; este sentido é dado pela política e por interesses capitalistas carregados de intenções, os quais são geradores de desigualdades socioespaciais. Essa desigualdade pode ser vista na letra da música A Cidade, do compositor Chico Science, e interpretada pela banda Nação Zumbi. Trata-se de uma espécie de denúncia aos grandes contrastes sociais da capital pernambucana.

A CidadeNação Zumbi

Composição: Chico Science

O Sol nasce e ilumina as pedras evoluídasQue cresceram com a força de pedreiros suicidas

Cavaleiros circulam vigiando as pessoasNão importa se são ruins, nem importa se são boas

E a cidade se apresenta centro das ambiçõesPara mendigos ou ricos e outras armações

Coletivos, automóveis, motos e metrôsTrabalhadores, patrões, policiais, camelôs

A cidade não para, a cidade só cresceO de cima sobe e o de baixo desce

A cidade não para, a cidade só cresceO de cima sobe e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituídaPor aqueles que a usaram em busca de saída

Ilusora de pessoas de outros lugaresA cidade e sua fama vai além dos mares

No meio da esperteza internacionalA cidade até que não está tão mal

E a situação sempre mais ou menosSempre uns com mais e outros com menos

A cidade não para, a cidade só cresceO de cima sobe e o de baixo desce

A cidade não para, a cidade só cresceO de cima sobe e o de baixo desce

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 27

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatuTudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu

Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatuTudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu

Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu

Num dia de Sol Recife acordouCom a mesma fedentina do dia anterior

A cidade não para, a cidade só cresceO de cima sobe e o de baixo desce

A cidade não para, a cidade só cresceO de cima sobe e o de baixo desce

Fonte: <http://farm4.static.fl ickr.com/3360/3492904394_b4d8b49e4a_b.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Os contrastes sociais fi cam evidentes por meio da observação atenta da paisagem urbana, que revela o uso desigual dos serviços públicos e privados, moradia, emprego e paisagem urbana, por exemplo.

Agora que você já possui um embasamento teórico a respeito da cidade, que tal colocar em prática o que aprendeu?

Figura 2 – Morro da cidade de Recife - PE

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Atividade 2

Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV28

Em junho de 2010 os estados nordestinos de Pernambuco e Alagoas foram fortemente afetados por enchentes, as quais ocasionaram destruição de cidades, mortes e desabrigo de seus habitantes. Observe a notícia a seguir, e depois produza um texto crítico dos motivos que levam situações como esta a acontecer.

Chega a 54 o número de mortes em decorrência

das enchentes no Nordeste

As enchentes provocaram até agora 54 mortes nos estados de Alagoas e Pernambuco. Mais de 50 mil pessoas estão desabrigadas e aproximadamente 100 mil fi caram desalojadas nos dois estados.

A Defesa Civil de Pernambuco confi rmou mais três mortes, uma sábado (26) e outras duas hoje (28), totalizando 20 óbitos no estado. Até agora, 14.136 casas foram danifi cadas ou destruídas e 80.609 pessoas estão desabrigados ou desalojadas. O número de municípios em estado de calamidade pública subiu de nove para 12, com a inclusão das cidades de Primavera, Catende e Maraial. Mais 27 municípios estão em situação de emergência.

Foto: Antônio Cruz /Abr

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 29

Em Alagoas, o número de mortos permanece em 34 e 76 pessoas estão desaparecidas, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil no início da tarde. Há 26.618 desabrigados e 47.897 desalojados. Ao todo, 15 cidades decretaram estado de calamidade pública e quatro, situação de emergência.

Fonte: Agência Brasil 28 de Junho de 2010.

Fonte: <http://tribunadonorte.com.br/noticia/chega-a-54-numero-de-mortes-em-decorrencia-das-enchentes-no-nordeste/152736>.

Acesso em: 26 jul. 2010.

Como trabalhar o tema cidade em sala de aula?

A discussão do tema cidade em sala pode ser muito estimulante, se soubermos aproveitar a criatividade e potencial de observação dos alunos. Neste sentido, sugerimos como primeiro recurso metodológico identifi car o conhecimento prévio dos alunos por meio de uma técnica defi nida por Libaneo (1994) como Tempestade Mental.

Você pode começar perguntando quais as imagens e palavras que vêm à mente dos alunos quando falamos em cidade. Em seguida, liste no quadro negro, em cartolina ou folha de papel madeira as palavras e ideias relatadas por eles.

Figura 3 – Professora usando o quadro negro

Fonte: <http://carlosbusko.fi les.wordpress.com/2009/12/professora_quadro_negro.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Entregue uma folha ou peça para escrever em seu caderno o que eles entendem por cidade a partir das palavras listadas por eles no quadro negro, cartolina ou folha de papel madeira. Passe em cada carteira para acompanhar o trabalho deles, e aproveite o momento para sugerir correções, fazer elogios e incentivá-los a participar da atividade.

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV30

Figura 4 – Mapa das Rodovias Federais da região Nordeste

Fonte: <http://www.postocastelo.com.br/images/mapas/rodfedNordeste.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Após a conclusão desta etapa da atividade, trabalhe o conteúdo planejado para aula. Em seguida, peça-lhes para que lhe ajudem na formulação de uma defi nição da turma sobre o que é uma cidade. Você pode começar escrevendo uma palavra inicial e depois lançar o desafi o para que a turma lhe ajude a completar a defi nição.

Que tal trabalhar com mapas?Utilize um mapa do Nordeste brasileiro ou do seu estado. Abra-o em sala de aula e

apresente-o aos seus alunos. Aproveite a ocasião para revisar noções básicas que são fundamentais para leitura do mapa, como legenda, uso das cores, coordenadas geográfi cas, por exemplo. Você também pode usar o mapa a seguir, mostrando a imagem para cada aluno, com o objetivo de que possam visualizá-lo melhor, por se tratar de uma imagem pequena.

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 31

1) Capitais dos estados nordestinos

2) Nome de três cidades com rodovias pavimentadas

3) Nome de uma cidade por onde passa uma Rodovia Federal duplicada.

4) Que importância tem a construção de estradas e rodovias para uma cidade?

5) Depois, peça para que pesquisem em jornal, internet ou revista qual a cidade do Nordeste com maior número de habitantes. Esse grande número de habitantes é bom ou ruim para uma cidade? Comente.

Leituras complementaresSOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 192p.

O autor apresenta uma discussão a respeito da cidade e do urbano, bem como os problemas vivenciados pelos citadinos, de maneira clara e com linguagem bastante didática. Por meio desta leitura também é possível aprender a importância de uma reforma urbana e seus instrumentos (IPTU, Zoneamento de uso do solo etc.) para o uso territorialmente mais justo da cidade. No fi nal do livro você encontrará uma sessão explicativa de termos técnicos (conurbação, défi cit habitacional, cidades globais, modo de produção, favelas, entre outros).

Depois de deixar os alunos explorarem o mapa, peça para identifi carem os seguintes elementos:

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Resumo

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV32

Cidade de Deus é uma excelente sugestão para

trabalhar a temática da cidade com os seus alunos. É

um fi lme de Walter Salles e Daniel Filho, dirigido por

Fernando Meirelles, baseado no romance de Paulo

Lins. Nele são discutidos problemas marcantes,

como processo de favelização da cidade, crime,

drogas, desemprego. Por outro lado, solidariedade,

determinação e amizade são lições que se pode

aprender por meio do vídeo. São 135 minutos de pura

emoção e crítica social aos problemas inerentes ao

modo de vida urbano das grandes cidades brasileiras.

Nesta aula você aprendeu o conceito de cidade e seu processo de constituição e transformação. Você viu que a cidade é resultado de relações sociais, econômicas, culturais e políticas que se processam ao longo da história. Caracterizada por objetos concretos (relevo, vegetação, prédios, estradas), ações e pessoas, a cidade é uma diversidade em constante e rápida mutação, provocada por intenções do mercado, que por sua vez se apoiam no papel exercido pelo Estado, pela técnica e pela ciência. É lugar de contradições: sonho, desilusão, emprego, desemprego, tecnologia, perversidade, oportunidade e desigualdade.

AutoavaliaçãoCom base nos conhecimentos adquiridos nessa aula, responda:

O que é uma cidade?

Quais os elementos que a caracterizam?

Como as cidades se constituíram ao longo da história?

Figura 5 – Cartaz do fi lme Cidade de Deus

Fonte: <http://nohaybanda.fi les.wordpress.com/2009/05/cidade.jpg>.

Acesso em: 26 ju. 2010.

Sugestão de vídeo

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 33

Referências CARLOS, Ana Fani A. A cidade. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2007. 98p. Coleção Repensando a Geografi a.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 2. ed. Lisboa: Fundação Caloute Golbenkian, 2000.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 261p.

SCIENCE, Chico. A Cidade. In: NAÇÃO ZUMBI. Da lama ao caos. Rio de Janeiro: Sony, 1994.

SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 192p.

SOUZA, Maria Adelia A. de. Cidade: lugar e geografi a da existência. Disponível em: <http://www.territorial.org.br/ins_biblioteca.htm>. Acesso em: 10 dez. 2009.

Anotações

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Aula 2 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV34

Anotações

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Geografi a e espaço agrário

3Aula

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 37

ApresentaçãoA história do Brasil revela que o nosso processo de formação territorial ocorreu pautado na

exploração de matérias primas e agricultura, resultado, sobretudo, da colonização portuguesa. Isso contribuiu para uma desigualdade social em todas as regiões brasileiras.

A desigual distribuição e acesso a terras, inicialmente através das capitanias hereditárias, pelas sesmarias e pela criação da Lei de Terras teve consequências sociais e econômicas para o nosso país, em especial para o espaço agrário.

Nesta aula você vai compreender o que é o espaço agrário e suas características, além de discutir temas tão importantes da atualidade, a saber: Reforma Agrária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). No entanto, lembre-se de que você já teve a oportunidade de estudar vários conceitos e conteúdos aqui utilizados na disciplina de Geografi a Agrária. Então, antes de proceder a leitura e estudo do material contido nesta aula, que tal revisar um pouco o que estudou na referida disciplina?

Bons estudos!

ObjetivosCompreender o que é o espaço agrário.

Identifi car as principais características do espaço agrário.

Analisar a reforma agrária no Brasil e ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST.

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Fonte: Adapatado de Lucci, Branco, Mendonça (2005).

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 38

Entende-se por espaço agrário ou rural a área ocupada com a produção agrícola – vegetal, pastagens, fl orestas, habitações dos agricultores –, além de infraestruturas e equipamentos relacionados à atividade agrícola. Portanto, diferencia-se do urbano por suas atividades produtivas. Segundo Dollfus (1991, p. 70),

O espaço rural constitui, [...] em primeiro lugar, o domínio das atividades agrícolas e pastoris. Todavia, as atividades agrícolas e a pecuária que, em escala mundial, ocupam a maior parte do espaço rural, não excluem outras formas de utilização das superfícies. Nas regiões rurais dos países industriais, o espaço também é utilizado para atividades recreativas e para o repouso.

É importante destacar que, pela diversidade de atividades e modernização do espaço agrário, sua interação com o urbano torna-se cada vez mais complexa, especialmente quando pensamos no caso brasileiro, através das diferentes formas de estruturação do trabalho, desigualdade e confl itos, como veremos no tópico a seguir.

O espaço agrárioA agricultura, criação de animais e a pesca, por exemplo, são atividades fundamentais para

a população, uma vez que proporcionam a realização de uma importante necessidade básica, a alimentação. Uma das mais antigas formas de apropriação e organização dos territórios se dá pela agricultura.

A agricultura surgiu no Período Neolítico, quando, por meio da domesticação de animais e cultivo de plantas, o homem torna-se sedentário. Foi inicialmente praticada às margens de grandes rios, onde se desenvolveram grandes civilizações (DOLLFUS, 1991).

Rio País

Tigre Antiga Mesopotâmia (Iraque)

Eufrates Antiga Mesopotâmia (Iraque)

Nilo Egito

Yang-tse-Kiang China

Ganges Índia

Indo Índia

Quadro 1 – Rios e seus respectivos países onde agricultura se desenvolveu

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Atividade 1

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 39

Estabeleça uma relação entre a letra da música e a importância do conhecimento vivencial do homem do campo para a produção de alimentos.

Comente as transformações ocorridas no espaço em virtude da prática agrícola.

Pesquise e complete a letra da música abaixo. Em seguida, responda as questões.

Cio da terra

Milton Nascimento e Chico Buarque

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar do trigo o milagre do pão…

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Espaço agrário brasileiroO Brasil é um país com alta concentração fundiária. A origem dessa concentração está

na forma de distribuição e acesso à terra, a qual desde o início da colonização foi desigual. De acordo com Morandi (2003, p. 166),

A formação econômica e social brasileira, a partir do século XVI, deu-se num contexto de expansão comercial européia, em que as colônias da América (particularmente da América Latina) passaram a ter a função de abastecer as metrópoles com gêneros extrativos (madeira, minérios, raízes, cascas, mel etc.) e agrários (açúcar, algodão, aguardente, farinha de mandioca, cacau, látex, café etc.).

O processo de ocupação e apropriação das terras brasileiras teve início com as capitanias hereditárias e depois com as sesmarias. Sem dinheiro para colonizar o Brasil devido a uma crise econômica, D. João III (veja o destaque a seguir) dividiu as terras da colônia em capitanias hereditárias.

Dom João III foi um rei português, também conhecido como “o Piedoso”, que governou Portugal de 1521 a 1557. Uma de suas contribuições mais importantes foi proteger as ciências e as artes, além de fundar, em Coimbra, o Colégio das Artes. Este contou com a presença de importantes humanistas até ser entregue aos jesuítas.

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 40

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Todavia, o sistema agrícola brasileiro foi caracterizado historicamente como monoexportador (cana-de-açúcar, cacau, café etc.), dependendo de grandes extensões de terra, disponibilidade de mão de obra e investimentos de capital. Sendo assim, a organização do espaço brasileiro se fez pela apropriação privada da terra. Tal situação fi ca evidente com a criação, em 1850, da Lei de Terras, transformando a terra em mercadoria, só obtida pela compra e venda com pagamento em dinheiro.

É importante perceber que o processo de industrialização no Brasil a partir de 1950 foi um marco para a formulação das bases do que é o espaço agrário brasileiro na atualidade. É claro que tudo isso contribuiu para uma enorme concentração de terras nas mãos de poucas pessoas e aumento da desigualdade social brasileira, agravando o quadro de pobreza vivido por muitas famílias residentes no campo, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.

Fonte: <http://www.brasilescola.com/upload/e/Reforma%20Agraria%20-%20

CANAL%20DO%20EDUCADOR.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 41

Figura 1 – Concentração de terras

Esse processo trouxe como consequências a instalação de empresas multinacionais e o deslocamento da população, que até esse período estava concentrada no campo, para a cidade. Segundo Santos e Silveira (2006, p. 211),

[...] a mecanização e, depois, a cientifi cização do mundo rural contribuíram, certamente, para a queda da participação da população rural na população total do Brasil, que passou de 68,76% em 1940 para 54,93% em 1960, 32,30% em 1980 e 21,64% em 1996.

Neste sentido, o espaço agrário teve que se adequar às exigências do mercado por meio de máquinas mais velozes para dinamizar o plantio e colheita dos cultivos.

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Atividade 2

Fonte: <http://kmspagu.fi les.wordpress.com/2008/07/reforma1.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 42

Observe a Figura 2 a seguir e escreva um texto relacionando as transformações no espaço agrário brasileiro com os problemas sociais da população rural.

Figura 2 – Trabalhadores rurais

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 43

Modernização da agriculturaA atividade agrícola brasileira passou por intensas transformações nos últimos anos

devido à mecanização da agricultura como exigência da produção industrial.

Cada vez mais cresce no espaço agrário brasileiro a utilização de novas tecnologias, insumos agrícolas, emprego de fertilizantes, práticas de conservação dos solos, irrigação em áreas de baixo índice pluviométrico, maior número de estabelecimentos rurais que possuem tratores. Entretanto, esse alto padrão tecnológico ainda está concentrado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.

Como consequência desse processo, observamos, de acordo com Morandi (2003, p. 168), que

As pequenas propriedades policultoras passaram a ser “engolidas” pelas grandes monoculturas mecanizadas de cana-de-açúcar, soja, seringueira, laranja, algodão etc. A mão-de-obra familiar foi sendo substituída pelo assalariamento do trabalhador rural, surgindo, então, o “bóia-fria”. O campo foi se esvaziando, enquanto proliferaram e proliferam, nas cidades, os bairros periféricos, os subempregados, os desempregados e, consequentemente, a marginalidade e todos os demais problemas comumente chamados de problemas urbanos.

Sendo assim, o processo de modernização do espaço agrário brasileiro tem seu preço social, econômico e para o meio ambiente, uma vez que acirra as desigualdades sociais e contribui, por meio da mecanização e utilização de herbicidas (produtos químicos utilizados na agricultura para controle de ervas daninhas) para a degradação da natureza e para problemas relacionados à saúde humana.

Figura 3 – Modernização da produção agrícola brasileira

Fonte: <http://www.camponews.com.br/midia/noticias/maquina-080210.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

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Figura 5 – Posseiros

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 44

Devemos ainda destacar as distintas formas que caracterizam o trabalho no campo brasileiro. De maneira sintética, podemos caracterizar como:

Pequenos proprietários

Agricultores que trabalham em propriedades familiares sem remuneração. De maneira geral, são constituídos por posseiros.

Fonte: <http://oblogdopresidente.fi les.wordpress.com/2009/07/agricultura-familiar.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/_qCzmNOvxSkw/RmlTZeKH-1I/AAAAAAAAAcA/lK-LjxbZmQw/s400/

Imagem9.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

Parceiros

Trabalham em terras de um proprietário, a quem pagam com a metade da produção ou com uma quantia previamente combinada (Morandi 2003 p. 172).

Arrendatários

Arrendam ou alugam a terra e pagam em dinheiro ao proprietário.

Posseiros

São agricultores que, com suas famílias, ocupam um pedaço de terra, sem títulos de propriedade, no qual desenvolvam uma agricultura de subsistência (Rua, et all 1993, p. 138).

Figura 4 – Agricultura familiar

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 45

Fonte: <http://ribalmeida33.fi les.wordpress.com/2010/06/boias-frias.jpg>.

Acesso em: 26 jul. 2010.

Figura 6 – Boias-frias

De acordo com o que estudamos até o momento, é possível afi rmar que o espaço agrário brasileiro, ainda hoje, apresenta as seguintes características:

� Desigualdade no acesso ao crédito e a maquinários para dinamizar a produção;

� Atuação de movimentos como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), organização nacional criada em 1984 com intuito de protestar contra a má distribuição de terras e reivindicar melhores condições de vida no campo, bem como uma distribuição de terra socialmente justa;

� Modernização do campo através da atuação de grandes empresas;

� Menor número de habitantes no campo;

� Grande concentração de terras, a qual nos últimos anos gerou movimentos de defesa à realização de uma reforma agrária para o Brasil.

Assalariados permanentes

Trabalham em grandes propriedades e recebem salários.

Assalariados temporários

Correspondem aos “boias-frias”. São pequenos proprietários, posseiros ou parceiros que se empregam fora de suas terras por alguns períodos do ano.

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 46

Reforma agrária

A reforma agrária constitui-se, portanto, em um conjunto de ações governamentais realizadas pelos países capitalistas visando modifi car a estrutura fundiária de uma região ou de um país todo. Ela é feita através de mudanças na distribuição da propriedade e/ou posse da terra e da renda com o objetivo de assegurar melhorias nos ganhos sociais, políticos, culturais, técnicos, econômicos (crescimento da produção agrícola) e de reordenação do território. Este conjunto de atos de governo deriva de ações coordenadas, resultantes de um programa mais ou menos elaborado, e que geralmente exprime um conjunto de decisões governamentais ou a doutrina de um texto legal. Parte-se, portanto, nesta interpretação, do estabelecimento de uma diferença conceitual entre reforma e revolução agrária.

A reforma agrária provoca alterações na estrutura fundiária sem alterar o modo capitalista de produção existente em diferentes sociedades. A revolução agrária implica, necessariamente, na transformação da estrutura fundiária realizada de forma simultânea com toda a estrutura social existente, visando à construção de outra sociedade.

Do ponto de vista etimológico, a palavra reforma deriva do prefi xo re e da palavra formare. A palavra formare é a forma de existência de uma coisa ou de um sentido. Por sua vez, o prefi xo re contém o signifi cado de mudança, de renovação. Logo, a palavra reforma contém o signifi cado de mudança de uma estrutura preexistente em um outro sentido determinado.

A reforma agrária implica, portanto, na ideia de renovação da estrutura fundiária vigente. Por conseguinte, as leis de reforma agrária constituem-se em instrumentos opostos à estrutura agrária existente, a qual ela objetiva modifi car. Nas sociedades capitalistas a reforma agrária tem sido feita com o objetivo de mudar a propriedade privada da terra concentrada nas mãos dos latifundiários, dividindo-a e distribuindo-a para os camponeses e demais trabalhadores (OLIVEIRA, 2007, p. 68).

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 47

Como trabalhar o tema espaço agrário em sala de aula?

Para dar início à aula, é interessante identifi car o que os alunos conhecem a respeito do espaço agrário. Sendo assim, você pode estimular a turma através do levantamento de algumas questões a respeito do tema. Sugerimos a realização de uma enquete que adaptamos de Morandi (2003, p. 164).

Todavia, você pode criar novas perguntas e possibilidades de discussão para tornar sua aula dinâmica e envolvente para os alunos. Tenha cuidado apenas para elaborar perguntas que gerem respostas claras e objetivas, pois se trata de um momento introdutório ao conteúdo, e não o cerne da aula.

Enquete

1) Você sabe o que é espaço agrário?

( ) Sim ( ) Não

2) Você já ouviu falar em reforma agrária?

( ) Sim ( ) Não

3) Sabe o que é uma reforma agrária?

( ) Sim ( ) Não

4) Você já ouviu falar do MST?

( ) Sim ( ) Não

5) Sabe quem compõe o MST, o que fazem, o que pretendem?

( ) Sim ( ) Não

6) Caso já tenha ouvido falar em reforma agrária e MST, onde obteve as informações?

( ) com seus pais ( ) jornais, revistas, TV

( ) com amigos ( ) na escola ( ) outros

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 48

Orientações

Você pode entregar a enquete para o aluno de maneira impressa, numa folha A4 (digitada, xerox, mimiografada) ou pedir para que os alunos copiem as perguntas do quadro. Determine um tempo para que a turma responda as perguntas, dedicando a eles um momento de discussão após responderem a enquete. Este momento é fundamental, pois os alunos passam a socializar os conhecimentos prévios a respeito do tema e também a levantar questões a respeito do assunto.

Após este momento, proceda a exposição do conteúdo trabalhado nesta aula, procurando sempre ilustrar o assunto por meio da utilização de mapas, jornais, revistas etc. Sugerimos que depois de sua exposição utilize as charges a seguir para discutir assuntos atuais referentes ao espaço agrário brasileiro, como por exemplo reforma agrária e MST. Por meio da observação e leitura das charges, estimule os alunos a refl etir sobre o tema, debater o assunto em grupos e compartilhar seus pontos de vistas a turma.

Fonte: Jean. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/images/charge_mst.jpg>.

Acesso em: 28 jul. 2010.

Figura 7 – Charge envolvendo o MST

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 49

Figura 8 – Charge a respeito da reforma agrária

Fonte: Charges Baraldi – culpa do latifúndio (2006). Disponível em: <http://www.diaadia.pr.gov.br/

tvpendrive/modules/mylinks/singlelink.php?cid=17&lid=11931>. Acesso em: 29 jul. 2010.

Elaborando uma visitaa um assentamento rural com seus alunos

Antes de qualquer coisa, devemos deixar claro que o sucesso para a realização dessa atividade depende do seu planejamento e organização. Sendo assim, além da defi nição de objetivos claros relacionados ao conteúdo da aula os alunos devem ter um conhecimento prévio do que vão encontrar. Então, o primeiro passo é a defi nição dos objetivos da atividade, sua importância, o roteiro a ser percorrido, o material necessário para realização da visita e a importância participação de todos para o bom andamento do trabalho.

Devemos atentar para o fato de que a realização de uma visita a um assentamento rural pode e deve envolver outros professores da escola, pois se trata de uma “espécie” de laboratório extra sala de aula, onde é possível abordar vários elementos que estão articulados a distintos conteúdos que compõem o currículo escolar. Por exemplo: O professor de Biologia pode fi car encarregado de catalogar e descrever as espécies vegetais cultivadas no local. Já o professor de Matemática pode trabalhar ideias como tamanho do terreno e proporcionalidade da terra destinada à produção de alimentos, criação de animais, residências e áreas coletivas.

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 50

Para realização de uma visita a um assentamento rural, é necessário seguir os passos abaixo:

1) Escolha do assentamento a ser visitado

Esta etapa deve ser defi nida observando-se a facilidade de acesso ao local, disponibilidade de um representante do assentamento para recepcionar o grupo e explicar o seu funcionamento, além da relevância do assentamento escolhido para o município e para a sua atividade.

2) Defi nição de objetos que os alunos e professores devem levar para a visita

� Caderneta de anotações (objetivando o registro das observações feitas no decorrer do trajeto e na visita in loco ao assentamento). Deve-se orientar os alunos que estas anotações servirão de base para a confecção de um relatório com vistas a consolidar o aprendizado obtido com a visita.

� Caneta ou lápis (utilizados para fazer as anotações na caderneta).

� Máquina fotográfi ca (registrar todos os momentos importantes da visita ao assentamento).

� Boné (protege da radiação solar).

� Protetor solar (protege da radiação solar).

� Água e frutas (todos devem estar hidratados e devidamente alimentados para evitar um possível mal-estar).

� Autorização escrita dos pais, caso sejam menores de idade, liberando-os para sair da escola.

3) Elaboração de perguntas que devem ser compartilhadas com os alunos para que eles possam refl etir no decorrer da realização da visita ao assentamento, bem como a elaboração de perguntas que devem ser entregues a eles em sala de aula, após o retorno (veja algumas sugestões no quadro a seguir).

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Questões

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 51

Perguntas preliminares à realização da visita:

Qual é o papel do município onde o assentamento está situado na produção de alimentos?

Que características naturais e socioeconômicas interferiram na produção econômica e na vocação agrícola do município?

Qual o reflexo disso na vida urbana?

Podem-se produzir alimentos na cidade?

E qual é o papel da cidade no espaço agrícola?

Perguntas posteriores à realização da visita

De todas as pa isagens observadas no trajeto da visita, quais lhe chamaram mais atenção? Por qual motivo?

Quais as diferenças que você conseguiu observar com relação à maneira como se vive no assentamento rural e no bairro em que você mora?

Por que a Geografi a é importante no estudo do espaço agrário?

Qual a principal lição que você aprendeu por meio da realização dessa atividade?

Leitura complementar VEIGA, José Eli da. O que é reforma agrária. 14. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Coleção Primeiros Passos.

O autor trabalha o tema da reforma agrária de maneira didática, buscando situar o leitor nos fundamentos da discussão. Por meio dessa leitura você aprenderá um pouco mais sobre o que é latifúndio, Estatuto da Terra, as modalidades de desapropriação, reformas agrárias em países como o México e a União Soviética e sobre as perspectivas da reforma agrária brasileira.

Fonte: <http://www.zeeli.pro.br/Imagens/ze_o_

que_e_ra.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2010.

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Resumo

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Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 52

Nesta aula você teve aprendeu o que é o espaço agrário e os elementos que implicaram no seu processo de formação e transformação. Aprendeu, também, como este espaço se caracteriza e quais os elementos que o constituem. Além disso, teve a oportunidade de discutir o tema da reforma agrária e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Foram apresentadas, nesta aula, orientações e sugestões de atividades práticas possíveis de serem realizadas com seus alunos.

AutoavaliaçãoO que é o espaço agrário?

Quais as principais características do espaço agrário?

De que maneira se deu o processo de reforma agrária no Brasil?

Qual a infl uência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST no processo de reforma agrária no Brasil?

Com base nos conhecimentos adquiridos nessa aula, escreva um texto sobre o espaço agrário, procurando identifi car suas características. Também é importante discutir a respeito da reforma agrária no Brasil e a respeito da ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST.

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Anotações

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 53

ReferênciasDOLLFUS, Olivier. O espaço geográfi co. 5. ed.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991. 121p.

MORANDI, Sonia. Espaço e técnica. São Paulo: Copidart/CEETEPS, 2001. 316p.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Modo de produção capitalista, agricultura e reforma agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007, 184p.

RUA, João et al. Para ensinar geografi a: contribuições para o trabalho com 1º e 2º graus. Rio de Janeiro: ACCESS, 1993. 310p.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no século XXI. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. 473p.

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Anotações

Aula 3 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 54

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Relação campo/cidade (roteiro)

4Aula

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Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 57

ApresentaçãoEste é um roteiro para esta aula, que será um Objeto de Aprendizagem. Nosso Objeto de

Aprendizagem destina-se à compreensão das relações que se estabelecem entre o campo e a cidade.

É importante que você retome as seguintes aulas para relembrar os conceitos trabalhados:

� A Aula 2 – Geografi a e cidade, na qual você estudou o processo de constituição das cidades ao longo da história, o conceito de cidade e suas características.

� A Aula 3 – Geografi a e espaço agrário, na qual você estudou o que é o espaço agrário e suas principais características.

Preste atenção em cada aspecto do O.A. e lembre que este é apenas um roteiro da aula que se realizará virtualmente, portanto, todas as Atividades, Autoavaliação e demais estruturas devem ser feitas no seu objeto virtual. Aqui, você verá o conteúdo presente lá e algumas dicas adicionais para lhe auxiliar na aula virtual.

Objetivos Identifi car os principais elementos que caracterizam a relação campo/cidade.

Relacionar os problemas mais marcantes encontrados no campo e na cidade.

Analisar, por meio de simulações gráfi cas, conceitos estudados na Aula 2 (Geografi a e cidade) e na Aula 3 (Geografi a e espaço agrário).

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Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV58

Relação campo/cidade – introdução

Caro aluno, este é o nosso primeiro Objeto de Aprendizagem. Você sabe o que é isso?

O Objeto de Aprendizagem (O.A.) é um recurso educacional digital usado de forma fl exível, uma vez que pode ser acessado por meio de um computador a qualquer horário. O Objeto de Aprendizagem pode apresentar tamanhos e formatos de mídia variados, dependendo apenas dos objetivos do educador.

Geralmente usamos um O.A. quando precisamos de um recurso para ajudar os alunos na compreensão de conceitos e conteúdos mais complexos. Assim, a utilização de animações e simulações permite que os alunos manipulem elementos e observem relações de causa e efeito dos fenômenos, acelerando o tempo de aprendizagem. Além disso, esse recurso pode tornar as aulas mais interessantes, mais diversifi cadas e adaptadas às características específi cas dos alunos.

Bem, agora que você já sabe o que é um O.A. e como ele pode lhe ajudar quando você for professor, vamos demonstrar de que maneira trabalhar com seus alunos e que ideias podem lhe ser úteis para desenvolver um ensino sólido.

É claro que nem sempre temos acesso a recursos gráfi cos para montagem de uma aula como essa nas escolas. Desse modo, use sua criatividade, substituindo o computador por cartolinas, recortes de jornais e revistas etc.

Dinâmica da relação campo-cidade

Caro aluno, agora vamos nos deparar com o desenvolvimento do homem e a transformação de seu espaço. Perceba que as modifi cações no ambiente para adequação às necessidades humanas acabaram, ao longo do tempo, por transformar a lógica do uso do espaço, e o aparecimento das cidades marcou uma nova etapa na relação com o campo, entendido como espaço não urbano.

Volte aos objetivos da aula para entender o que observar e de que maneira pensar na dinâmica da relação campo-cidade.

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Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 59

Lembre-se de que é necessário:

Veja a imagem de um espaço que compõe campo, cidade e as demais estruturas que os ligam e os diferem. É importante lembrar de que se trata da construção de uma imagem de uma cidade qualquer, todavia, ao trabalhar a temática em sala de aula com seus alunos você pode contextualizar chamando atenção para os elementos característicos da cidade onde a escola está situada.

1) Identifi car os principais elementos que caracterizam a relação campo/cidade.

2) Relacionar os problemas mais marcantes encontrados no campo e na cidade.

3) Analisar, por meio de simulações gráfi cas, conceitos estudados na Aula 2 (Geografi a e cidade) e na Aula 3 (Geografi a e espaço agrário).

Figura 1 – Campo-cidade

Agora que você já entende a dinâmica de aparecimento da cidade, vamos fazer um exercício para testar o nosso conhecimento e para que você, enquanto professor, também possa aplicá-lo a seus alunos.

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Atividade 1

1

Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV60

No seu objeto virtual, temos um jogo de trilha em que você avança as casas à medida que acerta as questões. É interessante que você pense em estruturas dinâmicas, como um jogo para motivar seus alunos a aprenderem. Essa é uma boa dica para ensinar ou revisar determinado assunto, pois o objetivo, além de acertar, é chegar ao fi m sem errar nenhuma questão.

Responda às questões a seguir:

Perguntas do jogo:

De acordo com a Aula 2 (Geografi a e cidade), quais as três primeiras cidades que surgiram com o desenvolvimento da humanidade?

a) Jericó, Ur, Uruk

b) Kich, Jericó, Uruk

c) Susa, Ur, Kich

d) Uruk, Krush, Susha

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2

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Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 61

Ainda de acordo com a Aula 2, quais as características materiais da cidade?

a) Prédios, cultura, estrada

b) Estrada, política, violência

c) Política, cultura, fl uxo de mercadorias

d) Prédios, estradas, fl uxo de pessoas.

Com base na Aula 3 (Geografi a e espaço agrário), aponte três condições do produtor rural.

a) Parceiro, proprietário, citadino

b) Arrendatário, posseiro, parceiro

c) Comerciante, posseiro, arrendatário

d) Ourives, proprietário, parceiro

A reforma agrária consiste em:

a) Melhor distribuição de terra, criando melhores condições de vida para o trabalhador rural.

b) Incentivo da monocultura para acelerar a produção de alimentos no campo.

c) Distribuição de terra para os moradores da cidade.

d) Arrendamento de terras para trabalhadores rurais.1

Parabéns, você concluiu o nosso jogo. Pense em isopor, cartolina, papel e monte essas atividades com os seus alunos. O trabalho em grupo e coletivo ajuda muito no desenvolvimento das questões.

Bem, agora que você já respondeu a nossa atividade e teve sucesso no jogo, vamos para uma próxima etapa. Você está vendo a nossa cidade, chamada Geópolis. Nela você observa uma multiplicidade de espaços, pessoas, lugares e formas de interação social. Em cada um desses espaços você tem um gráfi co estatístico sobre determinado aspecto. Navegue pela cidade e anote cada dado encontrado. Pense como você abordaria esse conhecimento com seus alunos e

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1980 1991 1996 2000

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1 Inclui galos, frangas e pintos

Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV62

Figura 2 – População por situação de domicílio: 1980-2000

Fonte: IBGE, Censo Demográfi co 1980, 1991 e 2000 e Contagem da População 1996

Figura 3 – Pecuária e pequenos animais - 2006 Fonte: IBGE. Produção Pecuária Municipal (2006).

No Objeto de Aprendizagem você verá que em cada parte da cidade que você clicar terá alguns dados:

relacione cada estatística com a relação campo-cidade. Sempre tenha em mente os objetivos desta aula e, todas as vezes em que achar necessário, retome as aulas sugeridas para acompanhamento.

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Rua (1993)

Atividade adaptada de RUA, João. Para ensinar geografi a: contribuição para o trabalho com 1º e 2º graus. Rio de Janeiro: ACCESS,1993. 310p.

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3500

3000

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2000

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Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante

Milh

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Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2005 2006 2007

Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 63

Figura 4 – Número de estabelecimentos por condição do produtor - 1996

Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 1995/1996.

Figura 5 – Percentual de domicílios atendidos por rede de abastecimento de água - 2005-2007

Fonte: dados do IBGE (gráfi cos): <http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/IBGE>. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2007).

Pronto! Agora vamos a uma nova etapa da nossa aula, que é propor uma atividade para entender melhor as transformações no meio rural por meio da ação humana. Você deve ter a possibilidade de interagir com a fi gura proposta para este momento. Esta atividade foi adaptada de Rua (1993) e sugiro que você a reproduza futuramente.

As transformações ocorridas no campo por meio da modernização do espaço agrário são bastante signifi cativas no Brasil e no mundo nos últimos anos, e trazem consequências ao meio rural. Veremos as consequências dessas transformações a partir da visualização e interação gráfi ca de três situações (para maior aprofundamento conceitual, retome a Aula 3 – Geografi a e espaço agrário).

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Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV64

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Atividade 2

1

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Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 65

Qual o percentual de habitantes no urbano e no rural de acordo com o gráfi co do IBGE apresentado nesta aula?

a) Urbano 89%, Rural 11%

b) Urbano 81%, Rural 19%

c) Urbano 85%, Rural 15%3

Bem, chegamos ao fi nal de nosso O.A. Esperamos que todas as particularidades da relação campo-cidade estejam claras, desde a alteração dos espaços até o uso deles pelo homem.

Pense nesta aula como proposta de atividade para seus futuros alunos, usando ferramentas do cotidiano e pensando na realidade local de cada um deles.

Vamos avaliar o que aprendemos?

Ordene a coluna da direita de acordo com a coluna da esquerda.

a) Cidade

b) Arrendatário

c) Ocupação desordenada

( ) trabalhador rural que paga uma quantia prefi xada em dinheiro ou produtos ao dono da terra.

( ) forma de ocupação de terrenos urbanos sem conformidade com as leis defi nidoras das áreas a serem construídas.

( ) é o concreto, o conjunto de redes, enfi m, a materialidade visível do urbano.

E aí, o que achou do exercício proposto anteriormente? Vamos, agora, organizar o conteúdo aprendido e a metodologia utilizada na atividade a seguir.

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Resumo

Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV66

Nesta aula, você aprendeu a identifi car os principais elementos que caracterizam a relação campo-cidade, bem como os seus problemas mais marcantes. Além disso, a visualização por meio de simulações gráfi cas dos conceitos estudados na Aula 2 (Geografi a e cidade) e na Aula 3 (Geografi a e espaço agrário) foi um ganho importante para dirimir dúvidas e aprofundar conteúdos. Um aspecto importante desse Objeto de Aprendizagem (O.A.) foi a possibilidade de trabalhar o conteúdo geralmente exposto de forma tradicional de uma maneira diferenciada. Por isso, apostamos nos recursos visuais, jogos e animações para tornar o processo de ensino/aprendizagem mais interessante.

AutoavaliaçãoAgora que você já conhece um pouco mais a respeito da relação campo-cidade, escreva em uma folha ou caderno um texto onde identifi que os principais elementos que caracterizam essa relação e seus problemas mais marcantes. Procure ilustrar seu texto com exemplos de situações reais, com base em notícias de jornal, revista, internet ou do seu cotidiano.

ReferênciaRUA, João. Para ensinar geografi a: contribuição para o trabalho com 1º e 2º graus. Rio de Janeiro: ACCESS, 1993. 310p.

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Anotações

Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 67

Gabarito

Atividade 1

a, d, b, a

Atividade 2

1. b, c, a

2. b

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Anotações

Aula 4 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV68

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Globalização

5Aula

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 71

ApresentaçãoÉ comum ouvir de nossos pais e avós que o mundo mudou.

– “Ah, no meu tempo as pessoas não andavam com tanta pressa.”

– “As notícias de outras partes do mundo demoravam dias para chegar até nós”.

Essas são frases comumente proferidas por pessoas mais velhas. De fato o mundo mudou e continua mudando. Se antes para conseguir uma vaga de trabalho bem remunerada era preciso apenas a infl uência de um tio ou padrinho bem sucedido, hoje em dia o mercado de trabalho formal exige pelo menos: domínio da língua inglesa, noções básicas de informática e uma pós-graduação.

É preciso lembrar que a língua inglesa e a informática são consideradas os grandes símbolos da globalização, tema da nossa aula de hoje. Por isso, ela foi estruturada para lhe proporcionar o reconhecimento do conceito de globalização e a identifi cação da relação existente entre globalização e desigualdade.

Mas, além de um suporte conceitual básico, esse material traz um conjunto de orientações para desenvolver o tema da globalização com os seus alunos de maneira criativa, favorecendo, assim, o aprendizado.

Bons estudos!

ObjetivosConceituar globalização.

Trabalhar o conceito de globalização.

Identifi car os efeitos da globalização no mundo atual.

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV72

A globalização e seus efeitosTodos os dias os programas de rádio e televisão nos “bombardeiam” com inúmeras

palavras, expressões e conceitos que muitas vezes não conhecemos seu signifi cado. A globalização se encaixa perfeitamente nesta situação. Quem nunca ouviu falar em globalização nos jornais, novelas e programas de entrevistas na nossa TV brasileira?

Mas, o que é globalização?

Quais os seus efeitos no mundo atual?

Uma característica marcante da globalização é o papel exercido, hoje, pela tecnologia na sociedade. Cada dia mais a tecnologia está presente em nosso cotidiano (celulares, máquinas de fotografi a digital, forno de microondas, parabólicas etc.) tornando-nos dependentes do consumo de produtos divulgados pela mídia como objetos verdadeiramente necessários no nosso dia a dia.

Fonte: <http://www.biinternational.com.br/aluno/fabiocarmo/fi les/2009/04/iphone2.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2010.Fonte: <http://www.meunovocelular.com/wp-content/uploads/2008/09/img_62591_zn5.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2010.

Fonte: <http://a.img-dpreview.com/news/0510/casio_S600frontback.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2010.Fonte: <http://www.lojasmm.com/Imagens/produtos/91/3-07491/3-07491_Ampliada.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2010.

Fonte: <http://www.obravip.com/upload/referenceAttribute/GE%201093_detail.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2010.

Figura 1 – Inovações tecnológicas

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a b

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 73

Sendo assim, podemos dizer que a globalização é, segundo Silveira (2003, p. 24), “um período histórico no qual a ciência, a técnica e a informação vêm comandar a produção e o uso dos objetos, ao mesmo tempo que impregnam as ações e determinam as normas”.

A tecnologia atual possibilita a ampliação dos fl uxos de informação através, sobretudo, do avanço das telecomunicações (imagens de satélite, centrais telefônicas, cabos de fi bra óptica, telefonia celular); avanços na informática; e internet interligando milhares de usuários no mundo. Pessoas localizadas em continentes diferentes podem conversar e trocar informações quase instantaneamente. E mesmo com diferenças de fusos-horários, conseguimos saber de maneira extremamente rápida a movimentação de bolsas de valores.

Figura 2 – a) Internet b) Evolução dos meios de transporte e encurtamento de distâncias

Fonte: a) <http://www.webquestbrasil.org/criador/user_image/uazsaz341747.jpg>;

b) <http://2.bp.blogspot.com/_tTujnh71pd4/SnX16yO7jHI/AAAAAAAAAE8/SD7KK3rRCYw/s400/globaliza%C3%A7%C3%A3o.gif>. Acesso em: 6 ago. 2010.

Atualmente, o correio eletrônico substituiu o correio convencional em se tratando do envio de correspondências. Sendo assim, devido à rapidez ao acesso de informações e comunicação, a internet tornou-se uma das mais legítimas representantes da globalização.

Toda essa confi guração do mundo atual proporcionada pela difusão, acesso e confi guração da tecnologia proporciona a todos uma sensação de encurtamento de distâncias, uma vez que a rapidez com que os fatos ocorrem, a propagação de notícias em curto espaço de tempo e a rapidez dos meios de transporte são cada diz mais signifi cativos.

Outro elemento que representa muito bem a globalização é o papel exercido pela presença de empresas multinacionais no mundo inteiro, contribuindo para grande difusão dos hábitos de consumo e do modo de vida dos países desenvolvidos.

As multinacionais ampliam seus mercados, vendem produtos em praticamente todos os países, principalmente nos países subdesenvolvidos, mas os lucros, grandes decisões

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV74

de investimentos, corte de custos e centros de pesquisa para desenvolvimento de tecnologia permanecem concentrado nas sedes, situadas em países desenvolvidos.

Podemos destacar a empresa McDonald’s, que de acordo com o site da empresa no Brasil acessado em 19.07.10 <http://www.mcdonalds.com.br/#/NPC%253AInstitutional%25231List1> está presente em 118 países, com mais de 31 mil restaurantes, onde trabalham 1,6 milhões de funcionários para atender 48 milhões de clientes no mundo.

Figura 3 – McDonald’s

Fonte: <http://whataversity.fi les.wordpress.com/2009/08/mc-donalds.jpg>.

Acesso em: 6 ago. 2010.

No livro “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal”, Milton Santos diz que a globalização é a “cara” do atual período histórico, sendo ela caracterizada pela existência de três mundo num só.

1) Mundo tal como nos fazem vê-lo (globalização como fábula) – tem como característica principal o papel do mercado, o qual é capaz de homogeneizar o planeta a partir da lógica do consumo, por outro lado, aprofundam-se as diferenças locais, devido a movimentos de resistência às imposições do mercado.

2) Mundo como ele é (globalização como perversidade) - desemprego crescente; aumento da pobreza; fome e desabrigo presente em todos os continentes. Além disso, segundo Santos, ocorre a permanência da mortalidade infantil a despeito dos progressos médicos e da informação.

3) Mundo como pode ser (uma outra globalização) – um mundo socialmente mais justo e solidário, com distribuição de riquezas mais equânime.

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 75

Agora que você já leu sobre a caracterização de Milton Santos a respeito da globalização, leia o texto a seguir, dele mesmo, para responder a atividade 1.

SANTOS, Milton. Por uma globalização mais humana. In: RIBEIRO, Wagner Costa; GONÇALVES, Carlos Walter Porto (Org). O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002. p. 79-80.

A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos XVII e XVIII, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fi ns do século XIX, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, fi nanceira, cultural.

Vivemos um novo período da história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científi co e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.

Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo em suas novas formas.

Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.

A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro em escala mundial, buscado pelas fi rmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica.

Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos – a competitividade.

Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o que acontece em todos os demais.

Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados e grandes organizações internacionais.

Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.

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Atividade 1

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV76

A droga em sua enorme difusão constitui um dos grandes fl agelos desta época.

O mundo parece, agora, gritar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa por que as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científi cas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.

Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fi m de século XX, se usados de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.

Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífi co entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização”.

30 nov. 1995.

Leia o texto abaixo, em seguida, faça um resumo das principais ideias do autor a respeito da globalização.

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 77

Como trabalhar o tema da globalização em sala de aula?

Inicialmente, você pode introduzir a temática com seus alunos fazendo uma exposição acerca da globalização, tendo como referencial nossa aula. Sendo assim, você deve ter como foco tratar de maneira clara e com linguagem simples, o que é a globalização, quais os efeitos que ela traz para a sociedade, como ela afeta nossa vida diária.

Tente obter informações com seus alunos sobre o que eles já conhecem acerca da temática da aula, onde obtiveram as informações etc.

Lembra-se da enquete sugerida na aula 3, Geografi a e Espaço Agrário? Pois bem, você pode, se desejar, adaptá-lo para a globalização, que tal?

Em seguida, peça para seus alunos observarem uma fi gura relacionada à globalização, para este exemplo sugerimos a Figura 4, mas você pode usar sua criatividade e trabalhar com outras imagens (jornal, revista ou mesmo desenhar em uma cartolina e fi xar no quadro negro).

Figura 4 – Globalização

Fonte: Fito. Disponível em: <http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/fi losofi a/fi losofi a_trabalhos/compreendglobaliz3.jpg>.

Acesso em: 6 ago. 2010.

Para auxiliar nas observações e debates dos alunos, sugerimos algumas questões, tomando como referência Morandi (2001, p. 199), que servirão de apoio para a realização desta atividade.

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV78

Sugestão de atividade

Atividade 1

1) Qual o tema ou assunto tratado na fi gura?

2) Identifi que o maior número possível de informações que a fi gura pode fornecer.

3) Quais os objetos que mais lhe chamaram atenção? Por quê?

ComentárioDepois de fazerem as devidas observações sobre a Figura 4, anote no quadro negro

algumas observações e respostas feitas pelos alunos. Depois, solicite que em grupo escrevam um texto expressando sua compreensão acerca da mensagem passada na fi gura. Este momento da atividade é muito importante, pois os alunos terão a oportunidade de materializar seu pensamento e discussão por meio da escrita.

Outra sugestão para trabalhar globalização em sala de aula é a realização de jogos, os quais auxiliam o aluno na formulação e reformulação de conceitos, no uso de seus conhecimentos prévios e articulação desses conhecimentos a uma nova informação que lhe seja apresentada (POZO, 1998).

Para esta aula, sugerimos o Jogo das Palavras. Esse jogo ajudará na compreensão de ideias e conceitos sobre a globalização por meio da visualização de palavras e exercícios de raciocínio lógico, com o objetivo de que a partir da articulação das palavras formule-se um pensamento.

Você pode escrever uma frase, conceito ou citação de um autor em papel madeira ou cartolina. Em seguida, recorte as palavras e fi xe-as no quadro de modo aleatório. Peça para que os alunos formem grupos e refl itam sobre qual seria a ordem correta das palavras para que o texto, frase ou pensamento a respeito da globalização faça sentido. Faça um sorteio para defi nir a ordem de participação dos grupos na atividade. Depois é só jogar!!!

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GLOBALIZAÇÃO DIVERSOS ENQUANTOOS SUGEREA

SUA SOCIAIS ORDEMIDENTIDADE PERANTEA

BUSCAM PALAVRA NOVA“UNIFICAÇÃO” GRUPOS

MODOOS VARIADODA OS

ESPAÇOS EM PORÉMNACIONAIS DE TODOS

SE EFEITOS GLOBALIZAÇÃOFAZEM SENTIR

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 79

Sugestão de atividade

Atividade 2

Pensamento embaralhado

1) Coloque as palavras na ordem correta de maneira a fazer uma frase sobre globalização. Recorte e cole de maneira correta

a)

Pensamento correto

“Enquanto a palavra globalização sugere ‘unifi cação’, os diversos grupos sociais buscam sua identidade perante a nova ordem” (VALENÇA, 2002, p. 315).

Pensamento embaralhadob)

Pensamento correto

“Os efeitos da globalização se fazem sentir em todos os espaços nacionais, porém, de modo variado” (VALENÇA, 2002, p. 314).

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Atividade 2

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV80

Comentário

É importante destacar que você pode e deve usar sua criatividade procurando outras citações ou adaptando a atividade para outra temática.

O importante é buscar formas diferentes de envolver os alunos no conteúdo discutido em sala de aula a fi m de estimular sua curiosidade e interesse pela Geografi a.

Agora, vamos colocar em prática? Faça uma simulação de uma atividade com base no que trabalhamos aqui. Tenha como tema a globalização. Compartilhe os resultados no moodle e divulgue como você pensou na atividade, seus objetivos, tema etc.

Leituras complementares

Sugestão de vídeo:

ENCONTRO com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá. Documentário de Silvio Tendler. Rio de Janeiro: Caliban Produções, 2006. 1 dvd. 89min.

Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto

do Lado de Cá, de autoria do cineasta Silvio Tendler, é

um documentário interessante com duração de 01 hora

e 29 minutos. Lançado em 2007 pela Caliban Produções

Cinematográfi cas Ltda, o documentário aborda temas de

grande relevância para a sociedade como globalização,

desigualdade, violência, por exemplo. Tem como base uma

entrevista gravada pelo cineasta com o geógrafo Milton

Santos, pouco antes da sua morte, em 2001.

Vale a pena assistir!!!

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Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 81

Sugestão de livro

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2001.

O autor discute a respeito da globalização e seus efeitos na sociedade. Parte da concepção de que o processo da globalizando deve ser percebido por meio de grandes características: globalização como fábula (enganos que nos fazem acreditar), globalização como perversidade (efeitos nocivos desse processo à sociedade) e uma outra globalização (possibilidades de mudanças). O texto foi escrito de maneira clara e envolvente, tornando a leitura prazerosa.

ResumoO espaço geográfico através das formas (prédios, casas, pontes, portos, aeroportos etc.) e ações (política, ideológia etc.) expressa cotidianamente a globalização e seus efeitos na sociedade. Nesta aula, você estudou, a partir dos conteúdos estudados e das atividades propostas, o conceito de globalização, bem como identifi cou seus efeitos no mundo atual. Assim, você viu que a internet, as telecomunicações, as empresas multinacionais, a pobreza e o avanço da tecnologia são elementos importantes para se considerar num mundo que dizemos globalizado. Começamos a inserir a partir desta aula jogos com o objetivo de facilitar o processo de ensino/aprendizagem e certamente serão muito úteis no dia a dia em sala de aula.

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Page 86: INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA IV.pdf

1

2

3

4

a b

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV82

AutoavaliaçãoO que é globalização?

Para você, como trabalhar o conceito de globalização? Cite exemplos e procedimentos de como trabalhar pedagogicamente esses conceito.

Quais os efeitos da globalização no mundo atual? De que maneira pode-se fazer o aluno entender tais efeitos?

A partir da observação das Figuras 5 a e b, escreva um texto no qual demonstre reconhecimento a respeito do conceito de globalização e identifi que alguns dos seus efeitos no mundo atual.

Figura 5 – (a) Charge sobre globalização (b) Globo com cabos de conexão

Fonte: (a) <http://portaldoestudante.fi les.wordpress.com/2008/07/louisarmstrong1.jpg>;

(b) <http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/fi losofi a/fi losofi a_trabalhos/compreendglobaliz5.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2010.

Referências MORANDI, Sonia. Espaço e técnica. São Paulo: Copidart/CEETEPS, 2001. 316p.

POZO, J. I. Teorias cognitivas da aprendizagem. 3. ed. Tradução J. A. Liorens. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 284p.

SANTOS, Milton. Por uma globalização mais humana. In: RIBEIRO, Wagner Costa; GONÇALVES, Carlos Walter Porto (Org.). O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002. p. 79-80.

Page 87: INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA IV.pdf

Anotações

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 83

SILVEIRA, Maria Laura. A região e a invenção da viabilidade do território. In: SOUZA, Maria Adélia Aparecida de (Org.). Território brasileiro: usos e abusos. Campinas: Edições Territorial, 2003. 610p. cap. 24. p. 408-416.

VALENÇA, Marcio. Globalização: idéias soltas no ar. In: VALENÇA, Marcio; GOMES, Rita de Cássia da Conceição (Org.). Globalização e desigualdade. Natal: A.S. Editores, 2002. p. 311-327.

Page 88: INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA IV.pdf

Anotações

Aula 5 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV84

Page 89: INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA IV.pdf

Blocos internacionais de poder

6Aula

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1

2

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 87

Apresentação

O início do século XX trouxe signifi cativas transformações que marcaram a humanidade, como a ocorrência de guerras, confl itos, aparecimento e desaparecimento de Estados e a consolidação do capitalismo. Essas transformações também afetaram a lógica

de competição entre nações, de modo que suas relações tiveram que se redefi nir. Em vez da bipolarização do mundo entre EUA (Estados Unidos da América) e URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), começava se desenhar uma multipolarização por meio dos blocos internacionais de poder.

Discutiremos nesta aula o conteúdo dos blocos internacionais de poder. Vamos estudar o que é um bloco internacional de poder, quais os blocos existentes e compreender sua importância no contexto mundial.

Destacamos no mundo atual, multipolarizado, como exemplo das relações de poder e seus consecutivos acordos internacionais, dentre outros assuntos, as preocupações com o meio ambiente. Como resultado de uma conferência mundial, surge a Agenda 21, como veremos na Aula 10 (A Agenda 21 Escolar). Lembramos que esta aula foi pensada de forma bastante interativa, de modo que procuramos mais uma vez adotar o Objeto de Aprendizagem como recurso didático no processo de aprendizagem.

Na aula de hoje, mais uma vez, trazemos sugestões de atividades para serem realizadas com os alunos em sala de aula, sempre visando o bom êxito da relação professor-aluno no processo de ensino/aprendizagem.

Bons estudos!

ObjetivosIdentifi car os blocos internacionais de poder existentes.

Compreender a importância dos blocos internacionais de poder no contexto mundial atual.

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Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV88

Blocos internacionais de poder e sua importância no contexto mundial

O tema dos blocos internacionais de poder é relevante para o estudo das relações entre nações que se processem na atualidade.

Mas você sabe realmente o que é isso? A palavra “bloco” dá a ideia de conjunto e poder a dimensões políticas, econômicas, ideológicas e culturais.

Os blocos surgem a partir da formação de uma nova ordem internacional marcada pela unifi cação da Europa, pelo fortalecimento do Japão e do bloco oriental, pela América Latina, África e Índia emergindo no cenário internacional e pela crise da economia norte-americana.

Somam-se a isso os acontecimentos que se desdobram em decorrência da crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial, com transformações signifi cativas no cenário econômico internacional (HAESBAERT, 1994).

A noção de bloco requer três elementos (DEFARGES, 2003):

1) Coesão interna muito forte.

2) Política comum em relação ao resto do mundo.

3) Hierarquização das entidades implicadas (uma ou mais potências diretoras responsáveis pela orientação e dispondo de capacidade de pressão sobre o conjunto).

Entretanto, os elementos de maior “peso” são de natureza econômica.

a noção de bloco de poder na intenção de não incorporar pré-conceitos ou simplifi cações, tanto da ordem do político [...], quanto daqueles envolvidos pela ‘divisão internacional do trabalho’, tentando assim dar abertura maior para que se busque, nas próprias especifi cidades de cada bloco, a sua efetiva compreensão, ao mesmo tempo em que se reconhece um nível de hierarquização/dependência global, à escala planetária (HAESBERT, 1994, p. 17).

Outros autores, como Castro (2005), preferem adotar o conceito de blocos regionais, definidos como estratégias mais eficientes para fazer frente à competitividade global e à supremacia econômica norte-americana, além de representar uma nova forma de competitividade internacional. Todavia, para esta aula adotamos a defi nição de Haesbaert (1994) apresentada na citação anterior de blocos internacionais de poder, pois compreendemos que se trata de uma defi nição mais ampla.

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Atividade 1

1

2

CEIEFTA APEC

ASEAN

ANZCERTA

SADCMERCOSUL

PACTOANDINO

ALADI

CARICOMMCCA

UNIÃOEUROPEIANAFTA

ALCA

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 89

Os blocos internacionais de poder ganham ainda mais importância nos dias atuais em virtude da necessidade das nações se unirem em busca de fortalecimento econômico, político, cultural ou ideológico, buscando fazer frente ao poder inquestionável de algumas empresas de grande porte que atuam em escala internacional. A união entre países através dos blocos provocou uma revisão no que se refere ao papel do Estado e uma discussão a respeito da ideia de fronteiras e da livre circulação de pessoas e mercadorias.

Figura 1 – Representação de alguns blocos internacionais de poder

Adaptado de: <http://www.marcoscintra.org/novo/imgsEditor/mapa-globoBE.gif>. Acesso em: 24 ago. 2010.

Agora que você já sabe o que é um bloco internacional de poder, que tal testar o que aprendeu através de uma atividade?

Com base no que estudamos até o momento, defi na blocos internacionais de poder e diferencie-os dos blocos regionais.

Pesquise sobre os blocos econômicos demonstrados na Figura 1 e descreva pelo menos dois blocos – da sua formação até suas particularidades.

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Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV90

Características dos blocos internacionais de poder

Os blocos internacionais de poder podem ser classifi cados em cinco tipos, a saber:

� Zona de Preferência Tarifária – tem como característica principal estabelecer níveis tarifários preferenciais para os países membros do bloco.

� Zona de Livre Comércio – caracteriza-se pela redução ou eliminação das barreiras alfandegárias, tarifárias e não-tarifárias, que incidem sobre a troca de mercadorias dentro do bloco.

� União Aduaneira – os países do bloco regulamentam o seu comércio de bens com nações externas, adotando uma Tarifa Externa Comum. Pode se limitar a um grupo de produtos, como ferro e aço, por exemplo, ou constituir uma integração mais ampla.

� Mercado Comum – funciona como uma Zona de Livre Comércio, porém há livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais entres os países membros.

� União Econômica e Monetária – constituição de uma moeda única e um fórum político para o bloco.

O primeiro bloco internacional de poder surgiu em 1957, com a criação da Comunidade Econômica Europeia, a atual União Europeia, e após o fi m da década de 80 se espalharam por todo o mundo.

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Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 91

Na América, destacam-se o Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), Comunidade Andina ou Pacto Andino (CAN), Mercado Comum e Comunidade do Caribe (CARICOM), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).

Na Europa existe a União Europeia (UE) e a Comunidade Britânica (COMMONWEALTH).

Na África, há a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS) e a Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC).

Na Ásia registra-se a existência da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífi co (APEC) e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Vejamos agora algumas informações acerca dos blocos listados acima.

Nome do bloco Ano de criação

Objetivo do bloco

Países/TerritóriosMembros Mais informações

União Europeia – UE 1992União econômica e monetária

Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia

www.europa.eu

Acordo de Livre Comércio da América do Norte – NAFTA

1994 Área de livre comércio

Canadá, Estados Unidos da América e México www.nafta-sec-alena.org

Mercado Comum do Sul – MERCOSUL 1991 Mercado

comum

Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai (Venezuela em processo de adesão)

www.mercosur.int

Mercado Comum Centro-Americano – MCCA

1960 Mercado comum

Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua

www.sieca.org.gt

Comunidade Andina ou Pacto Andino – CAN

1969 Mercado comum

Bolívia, Colômbia, Salvadore Peru www.comunidadeandina.org

Mercado Comum e Comunidade do Caribe – CARICOM

1973Mercado comum e união econômica

Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristovão e Névis, São Vicente e Granada, Suriname e Trinidad e Tobago

www.caricom.org

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Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV92

Associação Latino-Americana de Integração – ALADI

1980 Mercado comum

Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela

www.aladi.org

Comunidade Britânica – COMMONWEALTH

1931Integração e colaboração econômica

África do Sul, Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Bangladesh, Barbados, Belize, Botsuana, Brunei, Camarões, Canadá, Chipre, Cingapura, Dominica, Fiji, Gâmbia, Gana, Granada, Guiana, Ilhas Salomão, Índia, Jamaica, Kiribati, Lesoto, Malásia, Maluí, Maldivas, Malta, Maurício, Moçambique, Namíbia, Nauru, Nigéria, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Paquistão, Quênia, Reino Unido, Samoa, Santa Lúcia, São Cristovão e Névis, São Vicente e Granadinas, Seicheles, Serra Leoa, Sri Lanka, Suazilândia, Tanzânia, Tonga, Trinidad e Tobago, Tuvalu, Uganda, Vanuatu e Zâmbia

www.thecommonwealth.org

Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental – ECOWAS

1975 Integração econômica

Benin, Bukina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfi m, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo

www.ecowas.int

Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento – SADC.

1992 Mercado comum

África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, Maluí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue

www.sadc.int

Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífi co – APEC

1989 Área de livre comércio

Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul, Federação Russa, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Tailândia, Taiwan, Estados Unidos e Vietnã

www.apecsec.org.sg

Associação de Nações do Sudeste Asiático – ASEAN

1967 Mercado comum

Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Miamar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã.

www.aseansec.org

Quadro 1 – Blocos Internacionais de Poder

Fonte: Almanaque... (2009).

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Atividade 2

Autódromo do Conhecimento

Disponível em: <http://cenfopportugues.wordpress.com/2010/04/14/apostila-de-jogos-operatorios/>. Acesso em: 28 jul. 2010.

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 93

Acesse o site <www.mercosur.int> e pesquise um pouco mais a respeito dos antecedentes históricos que deram origem ao Mercosul. Depois escreva um breve resumo das informações obtidas por meio da sua pesquisa.

Figura 2 – Símbolo do Mercosul

Fonte: <http://www.iti.gov.br/twiki/pub/Midia/MidiaClip2009Dez14/mercosul.jpg>. Acesso em: 24 ago. 2010.

Como trabalhar os blocos internacionais de poder na sala de aula

O primeiro passo é fazer uma exposição do conteúdo tratado nessa aula e, em seguida, poderão ser realizadas várias atividades que certamente darão suporte à realização de um bom trabalho na escola, como por exemplo, pesquisas sobre os blocos, identifi cação dos seus países membros no mapa do mundo etc. Mas, para esta aula, sugerimos a aplicação do jogo Autódromo do Conhecimento, baseado em material produzido pela Prefeitura Municipal de Ipatinga-MG.

Trata-se de uma corrida de automóveis na qual os carros representam equipes de alunos que, para avançar na “pista do conhecimento”, devem acertar quando as frases forem verdadeiras ou falsas. Este jogo pode ser utilizado como ferramenta de revisão dos conteúdos antes de uma avaliação.

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VF

VV

FF

FV

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV94

Etapa 1

O professor deve preparar uma lista de questões a respeito do assunto estudado, neste caso específi co, os blocos internacionais de poder.

As perguntas devem ter apenas uma alternativa correta. Cada grupo responde a duas perguntas em cada rodada.

Você pode organizar a sala em quatro grupos e dispor das seguintes possibilidades de resposta: VV, VF, FF ou FV.

Atenção, professor!!!

O intuito desse jogo é estimular o aluno a fazer sínteses, comparações e deduções sobre o conteúdo estudado, e não uma mera memorização.

Etapa 2

Usando pincel atômico, confeccione em folhas de papel as papeletas necessárias para as alternativas de respostas. Veja os exemplos abaixo:

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Autódromo do conhecimento

1a

a)

b)

c)

d)

e)

f)

2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a

Equipes Etapas

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 95

Etapa 3

Organize os alunos em quatro grupos. Depois, desenhe no quadro a “pista” do Autódromo (ver modelo) ou desenhe em cartolina e fi xe na parede ou no quadro negro.

Figura 3 – Tabuleiro do Autódromo do Conhecimento

Etapa 4

O professor explicará as “regras” da corrida:

1) ler, pausadamente, cada questão;

2) os grupos trocam ideias, opiniões e respostas sobre as questões;

3) após uns 20 segundos, encerra-se o debate e, imediatamente, um aluno da equipe deve fi car em pé com apenas uma das papeletas na mão (VV, FF, VF, FV);

4) ao anunciar o nome dos grupos, o aluno mostra a papeleta e o professor anota a resposta no quadro, chamando o grupo seguinte;

5) após o último grupo, o professor apresenta a resposta correta e os grupos que acertarem avançam uma “casa” na pista;

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Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV96

6) ler a questão seguinte, e assim por diante;

7) após a última questão, a simples observação do quadro indica quantos pontos cada equipe ganhou.

Material necessário

Cartolina, pincel colorido, tesoura, régua e giz.

Aplicação do jogo (elaboramos algumas frases apenas a título de exemplifi cação com base no Quadro 1 – Blocos internacionais de poder)

1ª Etapa

Frase 1. A União Europeia foi criada em 1984 com o objetivo de realizar uma cooperação fi nanceira. Resposta: F

Frase 2. O NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Sul é formado por Estados Unidos, Argentina, Canadá e Brasil. Resposta F.

2ª Etapa

Frase 1. A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento – SADC é uma área de livre comércio. Resposta: F

Frase 2. O MERCOSUL – Mercado Comum do Sul foi criado em 1991 com a fi nalidade de estabelecer um mercado comum. Resposta: V

Livro “Blocos internacionais de poder”: http://www.epsjv.fiocruz.br/beb/capalivro/002224

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Resumo

1

2

3

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 97

Na aula de hoje você aprendeu a identifi car os blocos internacionais de poder existentes e a compreender a sua importância no contexto mundial atual. Viu ainda os países que os integram e como este assunto pode ser trabalhado em sala de aula, por meio da utilização do jogo Autódromo do Conhecimento. Agora é só colocar em prática os conteúdos e sugestões de práticas de ensino sugeridas nesta aula.

Leitura complementar HAESBAERT, Rogério. Blocos internacionais de poder.

4. ed. rev. atual. São Paulo: Contexto, 1994. 95 p. (Repensando a geografi a).

O autor apresenta uma discussão importante acerca do tema desta aula. Sendo assim, constitui-se numa leitura fundamental para aqueles que desejam aprofundar o conteúdo. Além disso, o autor realiza neste livro uma boa revisão bibliográfi ca acerca dos blocos internacionais de poder. Vale a pena ler este livro!

AutoavaliaçãoO que é um bloco internacional de poder?

Qual a sua importância no contexto mundial atual?

Refl ita acerca dessas perguntas. Em seguida, escreva um texto fazendo um breve relato do aprendizado obtido por meio desta aula.

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Anotações

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV98

ReferênciasALMANAQUE ABRIL. ed 35. São Paulo: Abril, 2009. 709p.

CASTRO, Iná Elias de. Geografi a e política: território, escalas de ação e instituições. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 304 p.

DEFARGES, Philippe Moreau. Introdução à geopolítica. Portugal: Gradiva, 2003. 192p.

HAESBAERT, Rogério. Blocos internacionais de poder. 4. ed. rev. atual. São Paulo: Contexto, 1994. 95 p. (Repensando a geografi a).

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Anotações

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 99

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Anotações

Aula 6 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV100

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América Latina

7Aula

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 103

Apresentação

Na aula anterior, vimos o que é um bloco de poder e quais os principais blocos atualmente. A aula de hoje tem por tema a América Latina, que também se confi gura por um bloco de países, mas formado por outro contexto. Um dos elementos formadores da América

Latina foi a dominação e exploração de alguns países latinos, como Portugal, Espanha, França etc. sobre os povos e seus territórios ameríndios (sociedades indígenas: os incas, os maias, os astecas, dentre outros). Esse processo é conhecido como Mercantilismo e, posteriormente, com o advento do Imperialismo consolidou-se um pacto colonial entre as potências da época e os povos explorados.

Observaremos, também, nesta aula, alguns dos elementos que constituem a formação da América Latina e, por sua vez, alguns dos elementos que diferenciam a realidade de cada país, particularmente devido ao conceito de lugar, entendido como o espaço do acontecer solidário, com conteúdo singular e particular (SANTOS, 2008).

Você verá, ainda, de maneira geral, como se apresenta a América Latina no atual contexto internacional, os confl itos, as lideranças. E trabalharemos também como podemos desenvolver esse tema em sala de aula de maneira criativa e atrativa para os alunos, recorrendo ao recurso didático/avaliativo do portfólio, que contribui para uma melhor análise do processo de ensino e aprendizagem dos seus alunos.

Bons estudos!

Futuras boas práticas docentes!

ObjetivosDiferenciar os países que constituem a América Latina.

Analisar o papel atual da América Latina no cenário mundial, contribuindo para o entendimento do período atual e, sobretudo, para o ensino desse conteúdo em sala de aula.

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV104

A formação da Geografi a da América Latina

A América Latina é uma defi nição estabelecida por critérios culturais da língua e formação territorial. Trata-se de uma região composta de nações onde o idioma falado é oriundo de línguas românicas, derivadas do latim, como por exemplo, Portugal e Espanha, e tem seu

processo de formação territorial ligado a práticas mercantilistas e ao pacto colonial de exploração de terras conquistadas pelas potências geopolíticas da época da expansão marítima europeia.

Sugestão de AtividadeNa elaboração de seus planos de aula, como atividade para as primeiras

aulas, poderia construir com seus alunos um mapa da América Latina.

Construa um mapa da América Latina e um banco de nomes.

Você pode imprimir o mapa da América Latina em branco que disponibilizamos e ampliá-lo em uma cartolina.

Imprima também o banco de nomes e junto com seus alunos monte o mapa da América Latina.

Boa atividade!

Fonte: <http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:WqY6Stktpx4f3M:http://www.relard.com/mapa_blanco.jpg&t=1>.

Acesso em: 17 nov. 2010.

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Cuba

HaitiHonduras

República Dominicana

Porto Rico

GuatemalaEl Salvador

Costa RicaPanamá

Nicaragua

México

Colômbia

Brasil

Venezuela

Argentina

Chile

Bolívia

Peru

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 105

Banco de nomes

Argentina Bolívia Brasil Chile

Colômbia Costa Rica Cuba Equador

El Salvador Guatemala Haiti Honduras

México Nicarágua Panamá Paraguai

Peru República Dominicana Uruguai Venezuela

Os países que constituem essa região são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México (pertencente à América do Norte), Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Você pode visualizar os países da América Latina na Figura 1.

Figura 1 – Países da América Latina

Fonte: <http://www.mundovestibular.com.br/content_images/america_latina.gif>. Acesso em: 2 out. 2010.

O processo de formação territorial da América Latina se deu com a exploração e conquista de terras pelos países da Europa no século XVI, que, por sua vez, através do domínio dos povos e terras conquistados, impôs a língua latina como ofi cial, consolidando ao longo dos tempos a constituição da América Latina.

Entretanto, a América Latina não é apenas confi gurada por meio das línguas latinas, mas a incorporação das línguas latinas pelos povos e sociedades que viviam anteriormente: astecas, incas, maias, tupis, guaranis, tapuias, dentre outros. São as características e descendências dessas etnias, junto com as etnias latinas, que formam a América Latina.

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Atividade 1

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV106

Os países da América Latina fazem parte do denominado Terceiro Mundo ou Mundo Subdesenvolvido, devido ao processo de constituição dos seus territórios, com a exploração europeia, pelo mercantilismo e posteriormente imperialismo.

Mercantilismo

Sistema socioeconômico exercido na Europa durante o Antigo Regime do governo absolutista. Dentre os objetivos desse regime, destacamos alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um reino, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional. Citamos algumas das características desse sistema socioeconômico: metalismo, industrialização, protecionismo alfandegário, pacto colonial e balança comercial favorável.

Fonte: <http://www.suapesquisa.com/mercantilismo/>. Acesso em: 24 ago. 2010.

Imperialismo

É uma prática político-econômica ocorrida na época da Segunda Revolução Industrial, desencadeando outra expansão territorial, cultural e econômica de algumas nações dominando outras. O imperialismo contemporâneo é chamado de neoimperialismo, pois possui diferenças cruciais com relação a esse tipo de imperialismo do período colonial. Basicamente, os países imperialistas buscavam três coisas: matéria-prima, mercado consumidor e mão de obra barata.

Fonte: <http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/imperialismo.htm>. Acesso em: 24 ago. 2010.

Leia o fragmento de texto a seguir e responda às questões que o seguem.

A via colonial de formação histórica induz à condição periférica, postos o papel subordinado e a função complementar na estrutura da economia-mundo capitalista, experimentada desde a origem. É própria da condição periférica, dada sua situação estrutura de zona de ajustes, a convivência de relações sócias díspares e de contrastes bem mais acentuados do que os existentes nas sociedades centrais. Um relacionamento todo específi co para com o espaço também parece marcá-la. No caso latino-americano, a expansão territorial e a conquista de espaços ocupam lugar central na explicação dos processos sociais, fazendo da história da formação de seus territórios um campo importante no desvendamento das particularidades desse singular capítulo da constituição do modo de produção capitalista (MORAIS, 2000, p. 416).

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Características dos povos/etnias indígenas

e latinas

América Latina

Acentuadas desigualdades socioespaciais

Processo de ocupação, conquista e exploração dos países europeus

de origem latina

Países subdesenvolvidos

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 107

a) Discorra sobre as consequências da expansão territorial (mercantilismo e imperialismo) para a formação da América Latina e seus problemas socioespaciais.

b) Parar você, que tradição os países latinos compartilham em função de sua colonização? Dica: lembre dos aspectos culturais como língua, costumes etc.

Os países da América Latina: aproximações e divergências

As principais similaridades entre os países da América Latina dizem respeito ao processo de formação dos seus territórios e ao sistema de exploração que constituíram colônias e consequentemente geraram o mundo subdesenvolvido, com todos os seus respectivos problemas socioespaciais: concentração de renda, pobreza concentrada, concentração de terras, exclusão social, dentre outros. Observe a síntese desse processo no esquema da Figura 2.

Figura 2 – Alguns elementos em comum na formação da América Latina

Fonte: autoria própria.

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Atividade 2

América Latina

Intensidade e expressividade dos

problemas diferenciados: devido a condições

de formação decada país

Diversificadas manifestações culturais

e sociais formadas pelas influências

particulares de cada realidade

Diversosconflitos: origens

particulares acada território, de

acordo com

O Brasil, por exemplo, é um dos países latino-americanos de maior desenvolvimento econômico revelados pelos índices comparativos entre as nações. Entretanto, possui gritantes desigualdades socioespaciais. Também é um país de intensa sociodiversidade étnica/cultural e social, com várias etnias – migrantes japoneses, italianos etc., descendentes indígenas, africanos, europeus etc. – bem como diversidade ambiental (Amazônia, Semiárido, Cerrado etc.). Apresenta ultimamente uma atuação mundial de destaque e importância, sendo líder na América do Sul, principalmente no que diz respeito ao bloco econômico do MERCOSUL.

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV108

As principais diferenças entre os países da América Latina se dão pelas particularidades e singularidades de cada lugar, pois mesmo que o processo de formação possua similitudes e mesma origem, as formas existentes infl uenciam na aderência das ações, e a combinação dos elementos constitutivos de cada lugar propicia essas diferenças. Observe a síntese desse processo no esquema da Figura 3.

Figura 3 – Alguns elementos de divergência na formação da América Latina

Fonte: autoria própria.

Pesquise nas mais diversas fontes em que tiver contato e complete o quadro das principais características dos países da América Latina.

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 109

Países População total Principais economias Principais confl itos atuais Principais problemas socioespaciais

Ex: Argentina 40,134 milhões (2009)1

Na agricultura, o trigo, seu principal produto. Outra expressividade é a pecuária, com a carne e a produção de lã. Na pesca destaca-se a comercialização de merluza e lulas. Na indústria, destaca-se a produção alimentícia, química e petroquímica, veículos motorizados, bens de consumo duráveis, área têxtil, metalúrgica e aço2.

Confl itos econômicos em decorrência do colapso econômico acontecido

em 2001.3

Argentinos apontam insegurança e infl ação como

principais problemas do país4.

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Costa Rica

1 Fonte: http://www.portalbrasil.net/americas_argentina.htm

2 Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/argentina/economia-da-argentina.php>

3 Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u88686.shtml>

4 Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u338539.shtml>

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV110

Cuba

Equador

El Salvador

Guatemala

Haiti

Honduras

México

Nicarágua

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 111

Panamá

Paraguai

Peru

RepúblicaDominicana

Uruguai

Venezuela

Faça um comentário geral sobre as principais divergências encontradas entre os países e aponte algumas similitudes.

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV112

O contexto atual daAmérica Latina no nível mundial

Atualmente, de acordo com a nova ordem econômica mundial, outrora bipolar, agora confi gurada na formação dos blocos econômicos (regiões político-econômicas), vivenciamos o período técnico-científi co-informacional.

Período técnico-científi co-informacional: período histórico marcado pela infl uência intensa da técnica, ciência e informação nas relações de todas as ordens, compreendido à luz da evolução científi ca e sua infl uência nos processos decisórios político-econômicos (SANTOS, 2008).

Com o ajustamento das economias-mundo no novo período, os países tiveram que encontrar soluções para as crises que se desenvolviam, ainda mais sentidas nos países subdesenvolvidos, dada a sua realidade à época: endividamento externo, parque industrial obsoleto, acessão/crescimento econômico dos Tigres Asiáticos, dentre outros.

Gesta-se o MERCOSUL como alternativa a esse quadro, e como solução para integração a “globalização”, impondo a ideologia neoliberal às economias latino-americanas (HIRANO, 1994).

MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) diz respeito ao bloco econômico da América do Sul que visa à integração regional das economias compatíveis com os objetivos dessa união. Iniciado em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção, atualmente vem se fortalecendo e ampliando sua atuação.

Fonte: <http://www.mercosul.gov.br/>. Acesso em: 24 ago. 2010.

Tigres Asiáticos é uma denominação referente ao grupo de países (Coreia do Sul, Taiwan – antiga Formosa, Cingapura e Hong Kong) que na década de 80 apresentaram um crescimento econômico elevado e súbito, baseado em táticas agressivas de atração de capital estrangeiro, como por exemplo, a isenção de impostos e oferta de mão de obra barata para atrair empresas aos seus territórios.

Fonte: < http://www.infoescola.com/geografi a/tigres-asiaticos/>. Acesso em: 2 out. 2010.

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Atividade 3

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 113

Sabe-se que o MERCOSUL e o processo de adesão ao neoliberalismo não surtiu os efeitos esperados, pelo menos no que diz respeito à estrutura social. Percebe-se algumas leves mudanças quanto ao acesso ao consumo, ao passo que as desigualdades são cada vez mais intensifi cadas.

Neste mundo complexo e mutante (SOUZA, 2009), a América Latina também enfrenta outros problemas cruciais. Além das diversas “mazelas” sociais, destacamos os confl itos das FARC na Colômbia, a guerra civil no Haiti, os governos ditatoriais, a questão do tráfi co de drogas, as guerrilhas, dentre outros, que devem ser discutidos e explicados, evitando generalizações gritantes e desqualifi cação da gênese dos problemas.

Assim, devemos possuir claramente o conceito de lugar, que se constitui enquanto espaço do acontecer solidário, confi gurando uma solidariedade orgânica no sentido da comunicação para a existência e sobrevivência, pela luta dos ideais comuns, pela busca das necessidades do indivíduo e do coletivo (psicoesfera). A ideia do particular e singular correlacionado com o universal e total, esses pares dialéticos que devemos buscar entender.

FARC

Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Essa organização surgiu do confronto ocorrido nesse país, por dois grupos políticos, os liberais e conservadores. Esse confronto já dura mais de 40 anos, e atualmente ganha novos conteúdose signifi cações(REVISTA..., 2008).

Psicoesfera

Conceituação ao sistema das ideias, crenças, símbolos (aspectos imaterias ou intangíveis) que produzem a tecnoesfera (meio geográfi co). É uma categoria geográfi ca que revela os sistemas de ações na produção dos territórios, lugares e regiões

(SANTOS, 2008).

Pares dialéticos

Recurso metodológico da teoria da Geografi a Renovada, que tem seus fundamentos no professor Milton Santos. Esses pares expõem fenômenos contrários, mas que são indissociáveis e inter-relacionados, ou seja, a psicoesfera como reino das ações e a tecnoesfera como meio técnico ou meio geográfi co, são contrários, por vezes contraditórios, mas um não existe sem o outro, um dependedo outro para existir.

Jogo do Verdadeiro ou Falso

Com base no conteúdo de toda a aula, exercite sua compreensão e aprendizagem sobre o tema, marcando verdadeiro ou falso, nas assertivas abaixo.

Você lembra doconteúdo abordado???

Utilize sua memória e boa sorte!

A cada resposta correta, você adquire 10 pontos!

� A América Latina é uma denominação formulada por organismos internacionais para defi nir a situação e posição exclusivamente econômicas dos países que a compõem. ( )

� Os países pertencentes à América Latina coincidem com todos os países da América do Sul e América Central. ( )

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV114

� Um dos elementos de defi nição dos países que compõem a América Latina diz respeito ao processo de exploração e conquista pelos países potências no contexto do mercantilismo. ( )

� A formação da América Latina também sé dá pelas raízes culturais/sociais dos povos antepassados e antigos “donos” das terras Americanas. ( )

� Por se apresentar na liderança em muitos aspectos econômicos e políticos no contexto mundial, o Brasil foi incluído num grupo de países em via de desenvolvimento ou economias emergentes, sendo excluído da América Latina. ( )

� Uma das características que diferenciam cada país da América Latina diz respeito às particularidades e singularidades do lugar na relação com os processos em que foram formados. ( )

� Os confl itos desenvolvidos pelas FARC na Colômbia possuem conteúdo e origem de ordem extremamente econômica. ( )

� Atualmente os confl itos desenvolvidos na América Latina possuem um conteúdo político e econômico consideráveis, mas para sua compreensão devemos revisitar suas bases históricas do lugar analisado. ( )

E então, como foi seu desempenho?Confi ra os resultados no gabarito. Para cada acerto, contabilize seus pontos;

quanto mais pontos você fi zer, supõe-se que sua memória se encontra aguçada e você esteve atento ao conteúdo!

Como trabalhar o temaAmérica Latina em sala de aula?

Conforme você viu, o tema da América Latina é bastante complexo, e requer do professor uma variedade de leituras visando a compreensão dos diversos olhares e discursos – algumas vezes ideologicamente preconcebidos – para com os países latino-americanos e seus problemas. Sendo assim, o professor deve estar atento para o planejamento de suas aulas, levando em consideração esse desafi o: instigar os seus alunos à problematização dos conteúdos e ao pensar crítico sobre a realidade.

Assim, como sugestão para o professor comprometido com o processo de ensino e aprendizagem, sugerimos o recurso didático do portfólio como atividade avaliativa do plano da unidade temática sobre a América Latina.

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 115

O portfólio é uma pasta de atividades objetivas e dinâmicas. De acordo com Gusman ([2002?]), existem três tipos de portfólios: o particular, o de aprendizagem e o demonstrativo. No nosso caso, utilizamos o portfólio de aprendizagem: os alunos, orientados pelo professor, registram sua refl exão sobre o seu processo de construção de aprendizagem a cada aula sob forma de uma atividade solicitada pelo docente. Cada tipo de registro no Portfólio de Aprendizagem aprofunda, amplia e demonstra para o professor o conhecimento dos discentes em relação ao processo de aprendizagem. Esse processo estimula o questionamento, a discussão, a suposição, a proposição, a análise e a refl exão do aluno sobre o conteúdo.

De posse do planejamento da unidade temática A América Latina e o meio geográfi co atual (meio técnico-científi co-informacional), foi estipulado seis aulas para o ensino do conteúdo (ressaltamos que a quantidade de aulas dependerá do seu planejamento; esse valor não é rígido, pois cada professor possui seu método didático-pedagógico e realidade contextualizada).

Para cada aula expositiva e dialogada o professor elabora uma atividade. São, ao todo, seis atividades na composição do portfólio, que será entregue ao fi nal da sexta aula, devidamente organizado.

Antes de passarmos para a sugestão dos conteúdos e suas respectivas atividades para a composição dos portfólios, destacamos que a pasta/arquivo para o acondicionamento dos registros avaliativos não deve ser obrigatoriamente exigido na forma do fi chário preto, específi co dos portfólios e ilustrado acima, pois depende do contexto social em que estaremos lecionando. Assim, deve-se sugerir a aquisição da pasta, mas ao mesmo tempo apontar outra alternativa para aqueles que não puderem adquirir o material, como a aquisição de envelopes de papel madeira para o acondicionamento de cada atividade e a elaboração da capa com papel cartolina/cartão.

Observe que na primeira aula deve ser destinado um horário para a explicação da atividade, do tema, e sanar todas as dúvidas primárias. No decorrer das seguintes aulas, aparecendo duvidas, o professor vai re-explicando a atividade, de forma que o aluno saiba claramente os objetivos esperados para cada atividade e o objetivo maior com a atividade geral.

É essencial indicar que cada portfólio para essa atividade é demasiado objetivo, então, a atividade não deve exceder uma folha A4. Geralmente, essa também é outra característica dos portfólios de aprendizagem.

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Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV116

Vale ressaltar que esse recurso pode ser utilizado para qualquer série ou nível de ensino, desde que se façam os devidos ajustes e adequações necessárias ao contexto em que vai ser aplicado. Nesse caso sugerido, pensamos nas séries do Ensino Fundamental.

Esboço dos conteúdos e atividades sugeridas

TEMA: A América Latina e o meio geográfi co atual (meio técnico-científi co-informacional)

Aula 1: A formação da Geografi a da América Latina

Atividade do portfólio 1: indique cinco características que lhe chamaram a atenção sobre a aula de hoje.

Aula 2: Caracterização geral dos países que compõem a América Latina

Atividade do portfólio 2: escolha dois países da América Latina, pesquise fi guras e escolha duas para cada país (paisagens) que ao seu ver identifi cam aspectos gerais desse país. Faça a colagem.

Aula 3: O meio geográfi co atual da América Latina

Atividade do portfólio 3: utilize sua criatividade para expressar na folha como se apresenta a Geografi a da América Latina atualmente. Você pode fazer verso, poesia, desenho, colagem, uma atividade, um texto, questionamentos etc. Lance mão dos seus talentos!

Aula 4: As principais mudanças e melhorias latino-americanas em tempos de “globalização” (período técnico-científi co-informacional)

Atividade do portfólio 4: entreviste uma pessoa sobre as mudanças benéfi cas do tempo atual e colete seu depoimento. Além das considerações sobre as melhorias identifi cadas, indague também sobre a visão de futuro da pessoa pesquisada.

Aula 5: Os principais problemas atuais da América Latina

Atividade do portfólio 5: escreva uma carta para o presidente do seu país argumentando sobre um problema da atualidade e apontando uma possível solução.

Aula 6: As atuais possibilidades para a América Latina.

Atividade do portfólio 6: desenhe o país que você deseja ter.

Obs.: a estrutura do portfólio deve conter uma capa de identifi cação: aluno, escola, disciplina etc.; um sumário, listando cada atividade desenvolvida; uma introdução; as atividades; e as considerações fi nais, onde devem ser apontadas as facilidades e difi culdades do processo de aprendizagem pelo aluno.

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1

2

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 117

Leituras complementares MELO, João Manuel Cardoso de. O capitalismo tardio. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

O autor trabalha com a história de formação do Brasil e da América Latina, correlacionado com a história do capitalismo, que caracteriza como tardio para essas realidades. Sua leitura é interessante por tratar da questão da formação das economias e da confi guração dos problemas atuais da América Latina, principalmente quando faz uma crítica à atuação da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Essa obra traz o entendimento da industrialização tardia, corroborando para a compreensão de algumas das características em comum para a formação dos países latino-americanos.

Fonte: <http://img2.mlstatic.com/jm/img?s=MLB&f=102169596_5879.jpg&v=O>. Acesso em: 17 nov. 2010.

ResumoNesta aula, você aprendeu os elementos constitutivos da América Latina, suas características atuais, a gênese dos seus problemas socioespaciais, enfi m, você obteve um entendimento geral acerca dessa temática de aula. Deve-se ressaltar que o mais importante é refl etir sobre como aplicar esse tema em sala de aula de maneira criativa, atual e atrativa para os alunos, com um recurso didático/avaliativo que possui a fl exibilidade de ser adaptado para diversas realidades e níveis de ensino.

AutoavaliaçãoDiference e caracterize do ponto de vista social e econômico os países que constituem a América Latina.

Qual o atual papel da América Latina no cenário mundial? Justifi que sua resposta.

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3

Gabarito

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV118

Faça um breve relato do aprendizado obtido nesta aula. O que você achou mais interessante? Em que momento da aula sentiu mais difi culdade? Lembre-se que no seu relato você deve demonstrar seus conhecimentos obtidos acerca das diferenças existentes entre os países que constituem a América Latina, bem como sobre o atual papel da América Latina no cenário mundial.

Referências GUSMAN, Antonio Bariori, et al. Portfólio: conceito e construção. Uberaba: Universidade de Uberaba/Instituto de formação de educadores, [2002?]. Disponível em: <http://www.uniube.br/biblioteca/arquivos/portfolio_biblioteca_uniube.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2010.

HIRANO, Sedi. América Latina no novo contexto mundial. In: SCARLATO, Francisco Capuano et al. (Org.). O novo mapa do mundo: globalização e espaço latino-americano. 2. ed. São Paulo: Hucitec-ANPUR, 1994.

MELO, João Manuel Cardoso de. O capitalismo tardio. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Bases da formação territorial do Brasil: o território colonial brasileiro no “longo” século VXI. São Paulo: Hucitec, 2000.

REVISTA discutindo geografi a, ano 4, n. 19, 2008.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 4. reimpr. São Paulo: Edusp, 2008. 384p.

SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. A geografi a e o conhecimento do mundo. São Paulo, 8 e 9 jun. 1995. 11 p. Reunião dos programas de pós-graduação em geografi a organizada pela ANPEGE no Departamento de geografi a da USP. Disponível em: <http://www.territorial.org.br/ins_biblioteca.htm>. Acesso em: 22 mar. 2009.

Atividade 3

F, F, V, V, F, V, F, V.

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Anotações

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 119

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Anotações

Aula 7 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV120

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As regiões brasileiras

8Aula

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1

2

3

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 123

ApresentaçãoNesta aula, você vai estudar o conceito de região, uma das manifestações do espaço

geográfi co. A Região no Período Técnico-científi co-informacional é constituída pelos seguintes elementos: técnica (tecnologias, informação, ciência), política, objetos materiais (casas, prédios comerciais, natureza) e pela população.

O estudo da região também deve estar pautado no conteúdo histórico que defi ne o processo de formação territorial da região, contribuindo na defi nição do seu conteúdo atual. Dito de outro modo, as regiões brasileiras possuem um conteúdo histórico-político marcado por ações pretéritas.

Ressaltamos que na Aula 10 faremos contato com outro Objeto de Aprendizagem, bem interativo, cujo tema é A Agenda 21 Escolar. Observem também que o tema das regiões brasileiras foi introduzido na disciplina “Geografi a Regional do Brasil”, que abordou as divisões regionais brasileiras, desde as primeiras tentativas e confi gurações das regiões do nosso país até as mais atuais.

Porém, nesta aula, vamos estudar o processo de formação territorial das regiões brasileiras. Apresentamos, ainda, propostas de atividades que os professores poderão desenvolver em sala de aula.

Bons estudos!

ObjetivosCompreender o conceito de região no período técnico-científi co-informacional.

Entender o processo de formação territorial das regiões brasileiras.

Identifi car as diferenças e desigualdades das regiões brasileiras.

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Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV124

A formação territorial das regiões brasileiras

A região é ao mesmo tempo receptáculo e produtora de eventos (ações que têm como consequência transformações signifi cativas nos lugares e na vida da sociedade, como por exemplo, a construção de uma ponte que vai dinamizar economicamente um município ou a criação de uma norma).

Criam-se e recriam-se formas matérias e sociais. Daí a necessidade de captar não apenas as formas, mas também a vida que nelas se desenvolve. A cada novidade da história, a extensão e os limites do fenômeno regional mudam (SILVEIRA, 2003, p. 410).

É importante esclarecer que a ideia de região como uma porção estratégica do território nacional possui uma grande relevância para o planejamento de Governo. Sendo assim, a região se confi gura como objeto de intervenção estratégico do Estado no processo de planejamento (SOUZA, 1976).

No caso da formação territorial das regiões brasileiras, o conteúdo histórico é muito forte. O processo de formação territorial do país, ligado ao expansionismo europeu e à exploração das colônias, contribuiu para a construção de objetos no litoral, moldando as regiões atuais. Entretanto, o fator de maior defi nição das regiões brasileiras foi o político, pois a questão regional surge por meio das reivindicações das oligarquias.

Até o século XIX a região se confundia com o aparelho (organização e estrutura) do Estado, que tinha nas classes dominantes regionais o controle do território por meio da ação político-administrativa. Até então, os problemas de desigualdades inter-regionais não se apresentavam como questão a ser discutida e debatida, isto é, não se apresentavam como problema (SILVEIRA, 1987).

Somente com a crise da economia açucareira, na segunda metade do século XIX, a questão regional ganha foco, pois se propõe medidas para a defesa dos interesses das “províncias do Norte”.

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Região concentrada

A Região Concentrada do Brasil, formulada por Santos e Silveira (2000), diz respeito à região consolidada pela ciência, técnica e informação, composta pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 125

A primeira divisão regional do Brasil foi formada historicamente pelo processo de colonização, onde se confi gurou uma província do Norte e outra do Sul – a primeira desenvolvendo a atividade econômica do açúcar (crise na economia, trabalho escravo/tráfi co etc.) e a segunda do café (alta da economia, mão de obra estrangeira etc.). É assim que as estruturas para a formação da região concentrada do país vão se confi gurando.

Segundo Carleial (1993), até a década de 1930 as economias regionais se davam como “ilhas”, pois a relação se estabelecia diretamente com o exterior, ou regiões agroexportadoras (BECKER, 1998). Essa confi guração proporcionou a concentração demasiada em alguns pontos do território, e somente a partir da ação estatal, com a política de integração do território nacional, passou a ocorrer outra distribuição dos objetos geográfi cos no território (outra intencionalidade), e a regiões passaram a ser objeto direto das políticas, particularmente as de industrialização e urbanização.

Então, após a década de 1930 surge a questão regional sob forte intervenção estatal. Assim, com o surgimento do IBGE, elabora-se a primeira divisão regional ofi cial do país, que divide o território nacional nas regiões Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Em 1945 desenvolve-se outra divisão: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Leste Setentrional, Leste Meridional, Sul e Centro-Oeste. Outra divisão acontece em 1950: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. E somente em 1970 confi gura-se a divisão regional atual: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, que pode ser visualizada no Mapa 1 (IBGE, 2010).

IBGE: Histórico: No período imperial o único órgão com atividades exclusivamente estatísticas era a Diretoria Geral de Estatística, criada em 1871.

Na República o governo sentiu necessidade de ampliar essas atividades, principalmente depois da implantação do registro civil de nascimentos, casamentos e óbitos.

Com o passar do tempo, o órgão responsável pelas estatísticas no Brasil mudou de nome e de funções algumas vezes até 1934, quando foi extinto o Departamento Nacional de Estatística, cujas atribuições passaram aos ministérios competentes.

A carência de um órgão capacitado a articular e coordenar as pesquisas estatísticas, unifi cando a ação dos serviços especializados em funcionamento no País, favoreceu a criação, em 1934, do Instituto Nacional de Estatística - INE, que iniciou suas atividades em 29 de maio de 1936. No ano seguinte, foi instituído o Conselho Brasileiro de Geografi a, incorporado ao INE, que passou a se chamar, então, Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Há 69 anos, o IBGE desenvolve as atividades ligadas à identifi cação do território brasileiro, contagem da população, quantifi cação de diversas ordens: econômicas, sociais, demográfi cas, etc.

Fonte: http://www.ibge.gov.br/mtexto/historico.htm

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Região Norte

Região Nordeste

Região Centro-Oeste

Região Sudeste

Região Sul

SalvadorBAHIA

CEARÁ

PIAUÍ

MARANHÃO

ALAGOASPERNAMBUCO

MATO GROSSO

PARÁAMAZONAS

RORAIMA

RONDÔNIA

ACRE

AMAPÁ

TOCANTINS

ESPÍRITO SANTO

RIO DE JANEIRO

MINAS GERAIS

SÃO PAULO

PARANÁ

SANTA CATARINA

MATO GROSSODO SUL

DISTRITO FEDERAL

RIO GRANDE DO NORTE

PARAÍBA

SERGIPE

RecifeJoão Pessoa

FortalezaAtol das Rocas

Fernandode NoronhaTeresina

São Luís

Macapá

Manaus

Boa Vista

Porto VelhoRio

Branco

Belém

Palmas

Ilha d

e Mara

Natal

Aracajú

Cuiabá

Curitiba

Goiânia

Brasília

Campo Grande Vitória

Rio de Janeiro

Arquipélago de Abrolhos

Florianópolis

Porto Alegre

São Paulo

Belo Horizonte

Maceió

GOIÁS

RIO GRANDE DO SUL

N

O L

S

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV126

Mapa 1 – Divisão Regional ofi cial do Brasil

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004.

Nesse processo, devido a pressões político-econômicas, o Estado elabora superintendências para o desenvolvimento das regiões, na intenção de minimizar as desigualdades inter-regionais, como por exemplo, a SUDENE e a SUDAM. Esse processo desencadeia a política de industrialização, na década de 1980, que dissemina os polos industriais em todas as regiões do país, principalmente nas regiões Nordeste e Norte.

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Atividade 1

1

2

3

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 127

Responda as questões a seguir:

O que é região?

Explique como se deu o processo de formação das regiões brasileiras.

Pesquise na internet, na biblioteca do seu polo e nas aulas da disciplina Geografi a Regional do Brasil como se deu o processo de criação e fundação da SUDAM e da SUDENE.

As regiões brasileiras: traços marcantes e diferenciações entre si

As relações capitalistas que marcam a formação territorial brasileira são, em sua essência, desiguais e combinadas, tendo como uma referência marcante a divisão territorial do trabalho, apresentando-se como elemento explicativo para as desigualdades intra e inter-regionais (SILVEIRA, 1987).

No caso das regiões brasileiras, o processo de modernização brasileira foi pautado no projeto geopolítico do Brasil-Potência viabilizado pelo Estado autoritário, que desenvolveu o parque industrial, interligando regiões e tecnifi cizando o território nacional. Entretanto, ao mesmo tempo em que o país se modernizava, a pobreza se intensifi cava (BECKER, 1998).

Outros elementos também podem ser apontados para entendermos a constituição das desigualdades socioespaciais no país entre as regiões brasileiras e internamente às regiões, pois independentemente da escala de análise identifi camos desigualdades devido ao processo de formação socioespacial do Brasil. Um desses elementos foi o processo de urbanização, ocorrendo uma forte imigração campo-cidade e acentuando a pobreza urbana e rural.

Esse movimento desigual e concentrado desenvolve a Região Concentrada do país, área onde ocorre uma maior fl uidez de dinheiro, mercadorias e de pessoas. A cientifi cização da agricultura, a presença de centros de pesquisa, a densidade de sistemas de engenharia provocam essa maior difusão do meio técnico-científi co-informacional que caracterizam a Região Concentrada brasileira (SANTOS; SILVEIRA, 2000).

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Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV128

O meio técnico-científi co-informacional não se desenvolveu igualmente no território. O Centro-Oeste, Nordeste e Norte possuíam juntos, segundo Santos e Silveira (2000), uma expressividade na área total cultivada, na produção de grãos e no rebanho em nível nacional, tornando o cerrado como área de maior produção agropecuária capitalista do Brasil. No Nordeste, o peso das heranças culturais e materiais foi bem mais forte e agiu como freio e resistência a essas mudanças.

Desta feita, a realização de projetos e ações direcionadas com maior força para algumas regiões brasileiras contribuiu para uma grande desigualdade.

Santos e Silveira (2000) desenvolveram a metodologia de análise crítica na Geografi a, na qual as expressões dos fenômenos da realidade formam pares dialéticos (conforme visto na Aula 7, os pares dialéticos são dois fenômenos opostos, mas complementares, que só entendemos por meio da sua inter-relação). Esses pares dialéticos nos ajudam a compreender a complexidade das expressões das desigualdades no território nacional. Como os pares a seguir.

Fluidez e viscosidade é um par dialético que caracteriza a circulação no território, seja circulação de dinheiro, pessoas, informação, mercadoria etc. Observe que os territórios podem ser densos quanto às vias, mas não fl uidos. Como exemplo, temos a Região Nordeste, que foi dotada de um sistema de engenharia rodoviário destinado à resolução do problema da seca; entretanto, somente utilizado para esses momentos e para certas funções, ou seja, construíram um sistema de engenharia (objetos) com a fi nalidade de circulação e resolução da problemática da seca, entretanto, ele é subutilizado tanto para a resolução desse problema como para outras funcionalidades. Há densidade que permitiria uma maior circulação (fl uidez), mas o que ocorre é a viscosidade (menos circulação).

Outro par dialético: espaços luminosos e espaços opacos, que fazem menção à expressão do meio técnico-científi co-informacional. Quanto mais denso e expressivo esse meio, mais luminoso é o espaço; o caso contrário se revela como opaco. Dito de outro modo, os espaços luminosos são aqueles que acumulam técnicas, ciência, informação, apresentando maior conteúdo de política, capital e tecnologia. Os opacos são aqueles que apresentam esses elementos em menor intensidade e consistência (SANTOS; SILVEIRA, 2000).

Tendo como premissa essa difusão diferencial do meio técnico-científi co-informacional (esse meio atual, caracterizado por objetos técnicos com conteúdos expressivos de ciência, alta tecnologia e informação), que se encontra concentrado em algumas regiões de forma bastante densa, como por exemplo, a Região Concentrada do país, e em outras porções encontra-se rarefeito e escasso, juntando-se às heranças do passado (a confi guração das regiões, o processo de formação do país), Santos e Silveira (2000) propõem uma nova divisão regional, tomando como referência os seguintes aspectos: a técnica empregada no trabalho e a confi guração territorial da região, ou seja, como os objetos estão distribuídos no território. Desse modo, os autores propõem a seguinte regionalização (Mapa 2):

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Região Amazônia

Região Nordeste

Região Centro-Oeste

Região Concentrada

0 538 km 1076 km

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 129

� A Região Concentrada (formada pelo Sudeste e pelo Sul)

� Nordeste

� Centro-Oeste

� Amazônia

Mapa 2 – Meio técnico-científi co-informacional e as regiões do Brasil

Fonte: Santos e Silveira (2000).

Na Região do Centro-Oeste, composta pelos estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, o meio técnico-científi co-informacional se estabeleceu sem nenhuma resistência mais efetiva, ou seja, deu-se de forma “natural”, fazendo com que essa rarefação permitisse a constituição de um território de modernas técnicas agrícolas, informacionais etc.

O Brasil do Nordeste é formado pelos estados Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Provém de uma formação territorial antiga, que se deu de forma pontual e pouco densa, ligada a uma estrutura fundiária extensiva e com baixa utilização da mecanização na agricultura. Essas heranças da ocupação territorial desenvolveram um maior número de núcleos urbanos, com densidade importante, mas com taxa de urbanização regional de baixa intensidade e formando um ciclo vicioso (SANTOS; SILVEIRA, 2000).

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Atividade 2

0 100 1000

km

Porcentagem de pobres - fator 1

0 a 5

5 a 10

10 a 15

15 a 30

Mais de 30%

N

O L

S

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV130

A Região da Amazônia, defi nida pelos estados do Pará, Amapá, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia, é uma das regiões que expressam maior rarefação demográfi ca e baixas densidades técnicas, heranças históricas. Mesmo com o processo de integração, não se estimulou uma distribuição e desconcentração desses elementos, principalmente porque a concepção daquelas políticas (setorialmente concebidas) fi zeram concentrar ao invés de disseminar mais racionalmente os sistemas técnicos no território regional.

Essa é uma visão geral das quatro regiões cientifi camente formuladas. Recentemente, todas as regiões conheceram um revigoramento no processo de urbanização, mesmo que em níveis e formas diferentes de relacionamento com a modernização do território, porque vimos que as “heranças” (rugosidades) pesam nos processos de aderência às transformações e demandas da atualidade (SANTOS; SILVEIRA, 2000).

Assim, o entendimento dessas particularidades e singularidades, reveladas pela dinâmica dos lugares, nos faz compreender as diferenciações e expressividades das desigualdades socioespaciais em cada região brasileira, ao passo que inter-relacionamos com a compreensão do processo como um todo, principalmente no que diz respeito ao país.

Observe o mapa e o gráfi co, leia o fragmento e em seguida faça o que se pede.

Mapa 3 – Expressões de níveis de pobreza

Fonte: http://marcolonguinhos.fi les.wordpress.com/2009/02/mapa2.gif

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1

2

3

Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por Grandes Regiões, segundo as classes de rendimento mensal - 2004

Mais de 1 a 2 salários mínimos

Até 1 salário mínimo

Sem rendimento (1)

Mais de 5 a 10 salários mínimos

Mais de 3 a 5 salários mínimos

Mais de 2 a 3 salários mínimos

Mais de 20 salários mínimos

Mais de 10 a 20 salários mínimos

(1) Inclusive as pessoas que receberam somente em benefícios

Centro-OesteSulSudesteNordesteNorte0

10

20

30

40

50

5

15

25

35

45

%

16,719,3

4,8

20,123,1

32,1 31,233,8

11,011,8

7,43,5

1,6

11,913,0

12,014,3

13,4

8,6 7,9 7,4

3,10,9

3,71,1

46,0

19,817,9

4,84,0

2,41,2 0,4

30,9

27,0

8,68,4

4,81,6

0,5

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 131

A pobreza, por exemplo, é um problema nacional. No entanto, os determinantes dessa pobreza são diferentes inter-regionalmente, mesmo que essa pobreza seja a resultante do modelo de desenvolvimento capitalista no País. E por tal razão, exigem soluções diferenciadas [...] (CARLEIAL, 1993, p. 55).

Por que algumas regiões do Brasil concentram e expressam tão acentuados níveis de pobreza? Quais os elementos norteadores para a explicação desse fenômeno?

O gráfi co a seguir demonstra o percentual de renda das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas no ano de 2004. De acordo com o gráfi co, percebe-se que em todas as regiões existe uma disparidade com relação à distribuição/concentração da renda. Por exemplo: a maioria das pessoas pesquisadas ganhou entre menos de 1 e 2 salários mínimos.

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_COocRblmYI0/Sh1v8RAi-1I/AAAAAAAAAQk/wOfCgGjPqec/s400/desigualdades+regionais.jpg

Com base na leitura do gráfi co e no conteúdo aprendido, estabeleça comentários acerca dessas desigualdades, evidenciando as regiões de maior expressividade, tanto para aqueles que ganham menos de um salário mínimo como para os que ganham mais de 20 salários.

Relacione também esse quadro com as desigualdades intrarregionais (internas a cada região) e inter-regionais (entre as regiões).

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Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV132

Como trabalhar o tema das regiões brasileiras em sala de aula?

Como sugestão de trabalhar esse tema na sala de aula de uma forma dinâmica e atual, esboçamos o seguinte plano de unidade temática:

Primeira sugestão

Inicialmente, faça uma pesquisa sobre o tema da aula, visando um maior aprofundamento. Em seguida, elabore seu plano de ação. Sugerimos esse plano de unidade temática para o oitavo ou nono ano do fundamental. Entretanto essa sugestão pode ser adaptada para outras séries. O tempo necessário para o desenvolvimento desse conteúdo é de um total de 9 aulas, pois o tema é muito denso e precisa ser bem desenvolvido para melhor assimilação por parte dos alunos.

É interessante, para a atividade dos seminários, agrupar os alunos em grupos de 4, caso a sala exceda o total, subdivida o tema de cada seminário para dois grupos, ou seja, para cada região dois grupos apresentam sub-temas da região, sendo apresentado dois grupos por aula, conforme critérios estabelecidos. Lembre aos alunos que podem utilizar os materiais que lhe forem de fácil acesso: cartolina, papel madeira, transparências, slides no multimídia (datashow), vídeos, exposição de fotografi as (paisagens), poemas, etc.

Para a primeira aula o professor desenvolve uma introdução ao conteúdo e compartilha o plano da unidade temática com os alunos, fazendo as adequações necessárias a cada realidade.

Ainda na primeira aula, o professor deve deixar os objetivos e atividades avaliativas da unidade bem claros. A realização de um seminário e de um bingo do saber pode ser uma boa sugestão.

O professor deve dividir a turma em cinco grupos e explicar como devem ser feitos os seminários e os critérios de avaliação. Tudo deve estar bastante claro e objetivo para os alunos desenvolverem e aprenderem fl uidamente o conteúdo (tema da primeira aula: A formação territorial das regiões brasileiras, primeira parte).

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Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 133

Na segunda aula, também expositiva dialogada, o professor continua o conteúdo de introdução do processo de formação das regiões brasileiras, as divisões regionais, o conceito de região, o que caracterizava e o que caracteriza as regiões (tema da segunda aula: A formação territorial das regiões brasileiras, segunda parte).

Na terceira aula, têm início os seminários. O primeiro grupo apresenta o seu tema, expondo um cartaz elaborado pelos participantes.

O cartaz pode ser de papel madeira/cartolina ou qualquer material que permita a exposição de fi guras (paisagens) pesquisadas pelos alunos sobre as regiões brasileiras. Observe que para os seminários a ideia não é a elaboração do tradicional slide ou transparência. Caso seja utilizado o recurso, deve tomar a forma do cartaz, apenas com as paisagens ilustrando elementos pesquisados pelos componentes do grupo; um dos principais objetivos de avaliação é o domínio do conteúdo estudado, seguido da interação do grupo expositor com a turma e o professor.

Cada grupo deve elaborar um cartaz, e a ordem dos seminários é abaixo indicada.

1) (Terceira aula) Seminário sobre a Região Nordeste: é interessante começar por nossa região para que os alunos entendam o processo de formação do lugar onde vivem. Elabore um cartaz sobre as paisagens pesquisadas pelos componentes do grupo sobre elementos constitutivos da mesma, e assim sucessivamente para as demais regiões.

2) (Quarta aula) Seminário sobre a Região Sudeste: como essa região difere intensamente com relação à região anterior, é importante que os alunos desenvolvam um olhar crítico e atento a essas desigualdades.

3) (Quinta aula) Seminário sobre a Região Norte: mesma estratégia: contrapor as desigualdades expressas pelas paisagens selecionadas pelo grupo e pelo conteúdo apresentado.

4) (Sexta aula) Seminário sobre a Região Sul: também a mesma ideia pensada anteriormente.

5) (Sétima aula) Seminário sobre a Região Centro-Oeste: uma região bem característica, pelo processo de formação da fronteira agrícola, de uma modernização sem fortes resistências. Também atendendo aos mesmos critérios estabelecidos para os grupos anteriores.

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Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV134

A oitava aula é destinada à exposição de todos os cartazes, e o professor abordará uma leitura geral das regiões brasileiras, tentando formar nos alunos um olhar totalizador, que compreenda o particular, mas também saiba relacionar com os processos da totalidade do Brasil.

A nona e última aula é destinada para uma atividade lúdica, o Bingo do saber, que visa desenvolver uma espécie de grande revisão, facilitando a assimilação dos conteúdos. Lembre-se: no processo de elaboração do plano, antes das aulas, deve-se elaborar todos os roteiros das aulas, as cartelas e conceitos dessa última atividade. Os detalhes dessa atividade encontram-se na segunda sugestão.

Destacamos que a postura do professor deve ser sempre de orientador/problematizador, intervindo com o ajustamento de lacunas. Sempre após a exposição e diálogo do grupo com os alunos, o professor deve tecer comentários sobre a região abordada, orientando e também problematizando o tema para cada região.

Lembre-se sempre: o seminário não é uma atividade exclusiva do aluno, é uma atividade em grupo. Além disso, o professor deve participar de todo o processo ativamente, mas permitindo o desenvolvimento das habilidades de expressão em público por meio da oratória e comunicação, perda de timidez, fl exibilidade argumentativa, dentre outras.

Segunda sugestãoNossa segunda sugestão, que deve entrar no planejamento das 9 aulas, é a realização

do Bingo do saber. Este bingo permite que a assimilação do conteúdo aconteça de maneira agradável e estimulante, criando um ambiente facilitador da discussão do assunto de forma descontraída.

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AÇÃO POPULAR

ANISTIA FISCAL

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

CÂMARA DOSDEPUTADOS

CARTEL GOVERNADOR LICITAÇÃO

CIDADANIA DESAPROPRIAÇÃO

COLIGAÇÃO

CONSTITUIÇÃO

DITADURA

PREFEITOIMPEACHMENT

VEREADORIMUNIDADE

PARLAMENTAR

MINISTÉRIOPÚBLICO FEDERAL

BANCADA CPI LEGISLAR

INDULTO

RENÚNCIAGARANTIA DE

RENDA MÍNIMA

DEFESA DOCONSUMIDOR

DEMOCRACIA

S

1

2

3

4

5

A B E R

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 135

Etapas

a) Cada participante recebe uma ou mais cartelas (veja a imagem ao lado).

b) Um monitor ou o professor sorteia uma das fi chas com letra/número. Observe que para cada cartela você deve ter elaborado os conceitos, numa sequência diferente e não igual para cada cartela, e uma listagem enumerada das respectivas defi nições de cada conceito das cartelas. Esses conceitos e defi nições (ou expressões e defi nições) devem corresponder ao tema das regiões ou ao tema de qualquer aula que você planeje desenvolver essa atividade lúdica.

c) Lê-se a defi nição correspondente ao número sorteado.

d) Na cartela deve ser marcado o conceito correspondente à defi nição lida.

e) Ganha o jogo quem completar uma quina (horizontal ou vertical). Quando isso acontecer, o ganhador deve comunicar ao apresentador do bingo.

f) O monitor deve verifi car se os conceitos marcados correspondem aos números sorteados da listagem.

Material necessário

� 1 tabela contendo letras/números de 1-75 a serem utilizados para o sorteio.

� 1 fi cha com conceitos e suas defi nições sobre o tema, numerados de 1-75.

� 48 cartelas com 25 conceitos cada para o jogo.

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Participação

Fonte: http://cenfopgeografi a.

wordpress.com/2009/09/13/jogos-

operatorios/Atividade 3

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV136

Tipo de papel recomendado para a impressão:

� Para a tabela: papel couchet 120 gr/m2 xerocout.

� Para as cartelas: papel offset 90 gr/m2.

Os procedimentos avaliativos para essa atividade dependem dos critérios por você adotados. Indicamos que essa atividade pode ser pontuada, ou mesmo pode servir de observação do rendimento dos alunos e de sua participação.

Após o desenvolvimento desse plano de unidade temática sobre as regiões brasileiras, elabore um relato de experiência, expondo os resultados dessas práticas, os principais avanços, as difi culdades, e principalmente observando se essas sistemáticas contribuem para o processo de ensino-aprendizagem do aluno.

Boas práticas docentes!

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Resumo

1

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Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 137

Leitura complementar SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início

do século XXI. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.

Esse livro é uma boa leitura a todos os professores de Geografi a ou interessados em conhecer uma Geografi a atual. Ele traz uma abordagem bem geral da formação do Brasil e das suas confi gurações atuais.

No que diz respeito às regiões brasileiras, indicamos especificamente os capítulos IV e o XII, que tratam respectivamente da constituição do meio técnico-científi co-informacional e das diferenciações no território, com a ideia dos quatros Brasis, pois, hoje em dia, a formação das regiões está intimamente ligada à expressividade do meio técnico-científi co-informacional e suas diferenciações no território.

Destacamos que toda a obra é uma excelente leitura para o entendimento e explicação da Geografia do Brasil na atualidade.

Com esta aula você aprendeu como se deu o processo de formação das regiões brasileiras, e a delimitação da confi guração atual. Observou as principais formas das antigas divisões regionais delimitadas pelo Estado, e viu uma divisão pautada na difusão do meio técnico-científi co-informacional, de acordo com a complexidade e expressão atual. Também observou sugestões de como trabalhar esse tema em sala de aula.

Autoavaliação De que maneira ocorreu o processo de formação territorial das regiões brasileiras? Faça um breve histórico.

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2

3

4

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV138

Quais as diferenças e desigualdades das regiões brasileiras? Explique cada uma delas.

Escreva um texto refl etindo acerca do conteúdo aprendido na aula de hoje. Na ocasião, posicione-se acerca da seguinte afi rmação:

“O Brasil é um país de intensas e estruturais desigualdades socioespaciais.”

Relacione a frase acima com o processo de formação das regiões brasileiras.

Referências BECKER, Bertha K.; EGLER, Claudio A. G. Brasil: uma potência regional na economia-mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998. cap. 3

CARLEIAL, Liana Maria da Frota. A questão regional no Brasil contemporâneo. In: CARLEIAL, Liana Maria da Frota; VENIZIAS, Vera (Org.). Reestruturação do espaço urbano e regional no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1993. p. 35-58

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Divisão regional. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografi a/default_div_int.shtm>. Acesso em: 27 jul. 2010.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. cap. 12

SILVEIRA, Maria Laura. A região e a invenção da viabilidade do território. In: SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. Território brasileiro: usos e abusos. Campinas: Edições Territorial, 2003. 610p. cap. 24 p. 408-416

SILVEIRA, Rosa Maria Godoy da. A questão regional: gênese e evolução. Espaço e debate: revista de estudos regionais e urbanos, São Paulo: Nobel, ano VII, v. 1, n. 20, 1987.

SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. Regionalização: um tema geográfi co e político, o caso paulista. Boletim Paulista de Geografi a, São Paulo: Associação de Geógrafos Brasileiros, n. 50, p. 103-142, mar. 1976

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Anotações

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 139

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Anotações

Aula 8 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV140

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Educação Ambiental e a Pedagogia Cidadã

9Aula

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1

2

Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 143

ApresentaçãoNesta aula, veremos a relação Geografi a e educação ambiental como prática educativa

importante para a formação dos cidadãos, pois trata-se de um processo que contribui para a transformação da realidade.

A temática ambiental tem ganhado muito destaque na atualidade, inclusive no cenário internacional, devido ao grande número de ações humanas degradantes na natureza (derrubada de fl orestas, vazamento de petróleo no mar etc.). Some-se a isso o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais no tocante ao estabelecimento de defi nições e conceitos.

Cada vez mais, educadores têm demonstrado preocupação com a formação de cidadãos críticos no que se refere aos problemas que o cercam. Nesse sentido, entendemos que a educação ambiental é importante na prática educativa. Por esse motivo, nesta aula demonstraremos alguns recursos didáticos dinâmicos e modernos para trabalhar esse tema.

Bons estudos!

ObjetivosCompreender o papel da Geografi a para formação de cidadãos.

Reconher atividades e práticas educacionais para a compreensão crítica dos problemas socioambientais da realidade atual.

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Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV144

PNEA

A PNEA: foi criada em 1999 pela Lei nº

9.795, legitimando a educação ambiental

como componente da educação tradicional. Essa

Lei qualifi ca e indica os princípios, objetivos, os

agentes responsáveis por sua implementação, seus

âmbitos de atuação e suas principais linhas de ação.

(BRASIL, 2007).

Educação ambiental e Geografi a: uma educação cidadã

O tema meio ambiente, e, por conseguinte, educação ambiental, ainda carece de estudos mais rigorosos quanto às suas contribuições para a sociedade, uma vez que apenas no século XX essa temática ganhou destaque e passa a ser mais presente na academia

(Universidade). Segundo Loureiro (2004), essa problemática decorre das muitas possibilidades de entendimento em relação a esse tema (meio ambiente) e isso ocorre devido às diferentes visões de mundo e entendimento a respeito da “natureza” ao longo da história.

Além do papel da academia na formulação de defi nições e conceitos, o governo brasileiro também tem um papel fundamental na defi nição de um conteúdo jurídico, como pode ser destacado através da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), a qual diz que a educação ambiental deve possuir três dimensões:

1) informativa;

2) vivencial (aulas de campo);

3) construtivista – por meio da elaboração de projetos de intervenção socioambiental (SORRENTINO; TRAJBER, 2007).

Para a PNEA, a educação ambiental é constituída por processos pelos quais os indivíduos e as coletividades constituem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a “conservação” do “meio ambiente”, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua “sustentabilidade” (LIPAI; LAYRARGUES; VAZZI PEDRO, 2007).

No entendimento de Guimarães (2007), a educação ambiental é uma prática interdisciplinar, participativa, comunitária, criativa, e que valorize a ação, possibilitando a transformação de valores e atitudes para a constituição de novos hábitos e práticas. Deve ser sensibilizadora para resolução de problemas locais e concepções éticas, contribuindo, assim, para melhoria da vida em todos os níveis.

Uma das possibilidades de envolvimento da comunidade com os problemas que perpassam seu dia a dia e construção das possibilidades de solução se dá através da Agenda 21 (veja o destaque a seguir), a qual é uma ferramenta de transformação social. Problematizaremos mais a cerca da Agenda 21 Escolar na aula 10 (Objeto de Aprendizagem).

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Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 145

Agenda 21

É uma agenda de compromissos e ações sustentáveis para o Século XXI. Ela foi assinada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, conhecida como Rio-92. Na Agenda 21, estão defi nidos os compromissos que 179 países assumiram de construir um novo modelo de desenvolvimento que resulte em melhor qualidade de vida para a humanidade e que seja econômica, social e ambientalmente sustentável. Desde 2002, o nosso país tem a Agenda 21 Brasileira, feita com a participação de cerca de 40 mil pessoas (BRASIL, 2007 p. 8).

A Geografi a enquanto disciplina deve se posicionar e também contribuir nesse debate, fomentando nos alunos um pensamento crítico e atual, que aprendam a reconhecer discursos ideológicos que falseiam os reais problemas.

Souza (2009) aponta elementos importantes para esse debate, quando faz uma refl exão sobre o tema meio ambiente e sustentabilidade, afi rmando que esse tema ainda não foi sufi cientemente discutido pela academia (universidade), o que aconteceu foi uma aceitação maciça e rápida de defi nições puramente políticas e econômicas, principalmente as ditadas pelas lideranças das Nações Unidas (ONU).

Segundo a mesma autora, o início da discussão ambiental marca uma estratégia político-econômica para a sustentação do sistema socioeconômico atual que enfrentava uma crise do capitalismo, que foi reerguido com a estratégia da sustentabilidade e meio ambiente, deixando em segundo plano ou a reboque desses temas as problemáticas da fome, pobreza e desigualdades socioespaciais.

Embora a temática ambiental (com essa denominação) seja relativamente nova, é preciso destacar que a “natureza” sempre foi destaque nas análises e refl exões de teóricos e cientistas desde a antiguidade até os dias atuais.

Nos dias de hoje, vivenciamos um tempo acelerado e praticamente instantâneo dos processos em alguns lugares. Sendo assim, a educação ambiental aparece como uma demanda ética, social, importante nas nossas práticas cotidianas enquanto cidadãos.

Nestes tempos em que a informação assume um papel cada vez mais relevante, a educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação na defesa da qualidade de vida (JACOBI, 2004, p. 30).

Pensando em uma contribuição para realização da educação cidadã, Souza (2000), aponta o acesso à informação como um atributo da ação democrática, a qual é revelada por meio de uma ação mais efetiva para a mobilização e reivindicação de direitos e compreensão dos

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Atividade 1

1

2

Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV146

deveres. Assim, sua proposta de uma pedagogia cidadã é na verdade um processo de atividades e práticas que envolvem a formação de um sistema de informações confi ável e organizado para a ação dos cidadãos na gestão pública. Esse processo possibilita a formação da memória (capacidade de reconhecer-se no decorrer dos tempos como sujeitos do processo social), que por sua vez viabiliza a cidadania, pois o sujeito reconhece os problemas através da história e é imprescindível pensar em maneiras de solucioná-los (SOUZA, 2000).

Faça um levantamento de informações sobre o município em que você reside. Para isso, utilize variadas fontes de informações (site da prefeitura, revistas, jornais, site do IBGE – www.ibge.gov.br) dos seguintes temas:

População Educação Emprego e renda Saneamento

Total Taxa de alfabetização Atividades desenvolvidasNº de casas com acesso

à água encanada e tratada

Rural Nº de escolas Renda familiarPercentual de

esgotamento sanitário (cobertura)

Urbana Nº de professores Renda per capita Destino do lixo coletado

Agora que você já levantou as informações, analise os dados e descreva suas conclusões através da elaboração de um texto.

Bom, agora que fi zemos um apanhado do que seja educação ambiental e formação do cidadão, vamos realizar a ligação entre pedagogia cidadã e educação ambiental. Preste atenção na discussão e pense na aplicação desse conhecimento em sala. Vamos lá?!

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Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 147

Como trabalhar o tema educação ambiental e a pedagogia cidadã em sala de aula?

Para desenvolver aulas com essa temática, devemos pensar a partir de algumas técnicas que nos auxilie no processo de ensino/aprendizagem, a saber:

1) acervo didático coerente;

2) uso de dinâmicas contextualizadas e socializadoras;

3) respeito à diversidade de pensamento dos alunos;

4) posicionamento crítico diante dos problemas socioambientais;

5) promoção de debates em busca de alternativas e gerenciamento aos problemas ambientais;

6) promoção de atividades participativas e dialógicas;

7) utilização de atividades lúdicas e dinâmicas;

8) promoção de trabalhos práticos que vislumbrem aspectos interdisciplinares (HIGUCHI; AZEVEDO, 2004).

Para isso, sugerimos o seguinte planejamento:

� Estipulamos 6 aulas para a temática ambiental, observe que esse planejamento pode ser ajustado para qualquer níveis de ensino mediante adaptações e correções necessárias. Pensamos essas seis aulas para o nível do Ensino Fundamental.

� A primeira aula inicia-se com a aplicação da tempestade mental, distribuindo uma folha em que os alunos exponham os problemas socioambientais que acham importantes de serem discutidos em sala de aula. E após esse exercício abre-se para um debate e exposição do prévio conhecimento dos alunos sobre o conteúdo. A partir desse momento, inicia-se a aula expositiva e dialogada do conteúdo: Problemas ambientais ou Problemas sociais?

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Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV148

� Na segunda aula, os alunos vão pesquisar no laboratório de informática sobre o tema explicado na aula anterior: levantamento sobre problemas do seu bairro. É importante que você, professor, ajude seus alunos no apontamento de questões que podem apontar os problemas do bairro pesquisado, tais como: violência, lixo, esgoto a céu aberto etc. (ver anexo A – Modelo do roteiro de pesquisa).

� Na terceira aula, ocorre a explanação dos resultados da pesquisa, momento em que o professor poderá orientar os alunos sobre a análise crítica do tema e as difi culdades da prática de pesquisa, é nesta aula que viabilizamos um pouco da pedagogia cidadã: a importância da informação para a reivindicação dos direitos e cumprimento dos deveres sociais de cada indivíduo.

� A quarta aula é expositiva e conceitual, o professor orienta os alunos quanto à complexidade do tema, expõe problemas, divulga avanços e problematiza com os mesmos a sua realidade cotidiana. Nesta aula, o professor pode trabalhar a relação lugar-mundo e mundo-lugar.

� A quinta aula é destinada à sistematização por meio da elaboração de painéis com o resultado das pesquisas realizadas no bairro em que os alunos residem e a sistematização do conteúdo aprendido. É importante que o professor estimule a turma a usar sua criatividade para apresentar de maneira clara os seus painéis.

� E na sexta aula os alunos devem apresentar os painéis em sala de aula, compartilhando, assim, o conteúdo aprendido. A exposição pode ser aberta para que outras turmas visitem e possam trocar experiências.

Outra sugestão para tornar sua aula interessante é a realização de um jogo muito comum em nosso cotidiano e que pode ser adaptado para trabalhar a temática ambiental ou qualquer outro conteúdo em sala de aula.

Jogo da velha: proposta lúdica para aulas de revisão ou como atividade avaliativa. Desenvolve a sociabilidade e permite avaliar o desempenho tanto individual como coletivo dos alunos.

Etapas

a) O Jogo da Velha Didático funciona de maneira diferente, de forma que o aluno ou a equipe de alunos deve escolher a coluna e a linha em que querem marcar, sendo que para marcar qualquer espaço é obrigatório que se responda corretamente uma questão sobre o conteúdo escolhido (no nosso caso, o tema ambiental).

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Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 149

b) O professor deve elaborar previamente 9 perguntas para os espaços do Jogo da Velha e identifi cá-las com números ou letras. Caso não seja possível a divisão da turma em somente dois grupos, é necessário a elaboração de mais blocos de 9 perguntas para cada dois grupos a mais formados, ou seja, 4 grupos 18 perguntas, 6 grupos 27, e assim por diante.

Fonte: <http://www.saberweb.com.br/wp-content/uploads/imagens/brincadeiras-populares/jogo-da-velha/01g.jpg>. Acesso em: 8 set. 2010.

c) Ao escolher o número do espaço para ser marcado, o aluno automaticamente escolhe a pergunta que ele deve responder. Se a resposta estiver correta, marca-se o ponto para o aluno, mas se estiver errada, o ponto é marcado para o seu adversário.

d) O jogo termina quando uma das duas equipes marca uma sequência de três símbolos na mesma linha, na mesma coluna ou na diagonal.

Obs.: o tabuleiro do jogo pode ser feito em cartolina ou mesmo no quadro negro ou lousa.

Avaliação

Dependerá dos objetivos do professor para a atividade, pode ser apenas de revisão, mas também atribuir quantos pontos achar necessário para cada pergunta acertada pelo jogador ou equipe, ou para a atividade como todo. Pode-se avaliar também a participação/envolvimento/comportamento dos alunos durante a execução do jogo.

Fonte: <http://cenfopgeografi a.wordpress.com/2009/09/13/jogos-operatorios/>. Acesso em: 8 set. 2010.

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Resumo

1

2

Pedagogia cidadã

(SOUZA, 2000).

Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV150

Leituras complementares GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação: princípios, história e formação de professores. 8. ed. Campinas, SP: Papirus, 2007. (Coleção Magistério).

Neste livro, encontraremos uma abordagem geral sobre o tema educação ambiental e apontando elementos dessa temática para a formação dos professores.

O autor destrincha a ideia de educação ambiental e a relação e formação do educador com o tema, trazendo propostas pedagógicas. Entretanto, divergimos de algumas posturas desenvolvidas e praticadas nesta obra, sugerimos essa leitura como introdução ao debate desse tema e para sugerir algumas ideias que auxiliem na construção de metodologias que envolvam essa temática.Fonte: <http://i.s8.com.br/images/books/cover/

img5/22465_4.jpg>. Acesso em: 8 set. 2010.

Nesta aula, você desenvolveu uma leitura crítica sobre o tema do meio ambiente e sustentabilidade, voltado para o ensino ou educação ambiental. Você viu que a Geografi a possibilita aos alunos uma compreensão crítica da realidade através do levantamento e análise de informações. Sendo assim, a proposta de uma pedagogia cidadã é pertinente e pode ser uma importante aliada para o trabalho do professor em sala de aula, facilitando o processo de ensino/aprendizagem.

AutoavaliaçãoQual o papel da Geografi a para formação de cidadãos?

Sugira atividades e práticas educacionais para a compreensão crítica dos problemas socioambientais da realidade atual. Monte uma atividade e indique os objetivos praticados

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3

Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 151

Agora, a partir dos conteúdos assimilados e discutidos nesta aula e das atividades realizadas, escreva um texto argumentando sobre a importância do ensino de Geografi a e da educação ambiental para a formação de cidadãos críticos da realidade que o cerca.

ReferênciasBRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Formando Com-vida, Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agenda 21 na escola. 2. ed. rev. e ampl. Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2007. 56p.

GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação: princípios, história e formação de professores. 8. ed. Campinas, SP: Papirus, 2007. (Coleção Magistério).

HIGUCHI, Maria Inês Gasparetto; AZEVEDO, Genoveva Chagas de. Educação como processo na construção da cidadania ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, 2004. Disponível em: <http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/revbea_n_zero.pdfpanda.org/downloads/revbea_n_zero.pdf#page=13>. Acesso em: 22 jul. 2010.

JACOBI, Pedro. Educação e meio ambiente: transformando as práticas. Revista brasileira de educação ambiental, Brasília, 2004. Disponível em: <http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/revbea_n_zero.pdf#page=13>. Acesso em: 22 jul. 2010.

LIPAI, Eneida Maekawa; LAYRARGUES, Philippe Pomier; VAZZI PEDRO, Viviane. Educação ambiental na escola: ta na lei. In: BRASIL. Ministério da Educação. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas da educação ambiental na escola. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2010.

LOUREIRO, Carlos Frederico B. Educar, participar, e transformar em educação ambiental. Revista brasileira de educação ambiental, Brasília, 2004. Disponível em: <http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/revbea_n_zero.pdfpanda.org/downloads/revbea_n_zero.pdf#page=13>. Acesso em: 22 jul. 2010.

SORRENTINO, Marcos; TRAJBER, Rachel. Políticas de educação ambiental do órgão gestor. In: BRASIL, Ministério da Educação. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas da educação ambiental na escola. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2010.

SOUZA, Maria Adélia A. de. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável: as metáforas do capitalismo. Disponível em: <www.territorial.org.br/ins_biblioteca.htm>. Acesso em: 22 jul. 2009.

______. Pedagogia cidadã e tecnologia da informação: um projeto piloto para a periferia sul da cidade de São Paulo. In: RIBEIRO, Ana Clara Torres. Repensando a experiência urbana da América Latina: questões, conceitos e valores. Buenos Aires: Clacso, 2000.

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Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV152

Anexo A –Modelo de roteiro de pesquisa

1) Qual a origem do bairro em que você mora (como começou a ocupação do local, signifi cado do nome do bairro)?

2) Quantos habitantes residem no seu bairro?

3) Qual o número médio de pessoas residindo na mesma casa?

4) Qual o número ou percentual de casas atendidas com abastecimento e tratamento de água?

5) Qual o número ou percentual de casas atendidas com coleta e tratamento de esgoto?

6) Qual o destino fi nal e tratamento do lixo coletado?

7) Qual o número de praças ou áreas verdes presentes no bairro?

Esse é um roteiro básico para nortear a sua pesquisa, mas outros elementos podem ser apontados em sala de aula como importantes na pesquisa do aluno.

Você pode também sugerir que ele entreviste alguns moradores da sua rua e proximidade para conhecer um pouco dos hábitos e práticas dos moradores que interfere na qualidade do meio. Veja a seguir o exemplo de algumas questões.

1) A quanto tempo você mora no bairro?

2) Por qual motivo escolheu esse lugar para morar?

3) Você trata a água que consome? ( ) Sim ( ) Não

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Anotações

Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 153

4) O que faz com o lixo da casa?

Queima ( ) Enterra ( ) Coletado pela prefeitura ( ) Outro ( )

5) Você costuma lavar a calçada diariamente com água limpa?

( ) Sim ( ) Não

6) Costuma lavar os legumes, frutas e verduras que consome?

( ) Sim ( ) Não

7) Qual o principal problema do bairro?

( ) Violência ( ) Lixo ( ) Derrubada de árvores ( ) Outro

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Anotações

Aula 9 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV154

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Agenda 21 Escolar (objeto de aprendizagem)

Obs: Esta aula encontra-se na mídia interativa

10Aula

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Resíduos sólidos e reciclagem

11Aula

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 159

Apresentação

Diariamente adquirimos produtos em lojas, restaurantes, supermercados, farmácias etc. que têm como resultado a geração de resíduos sólidos (lixo), seja pelo descarte de embalagens ou porque o produto adquirido já não nos interessa mais ou perdeu

sua fi nalidade. Esses resíduos gerados por nossas ações de consumo avolumam-se ao longo dos anos em lixões e aterros sanitários, transformando-se em um grave problema para os governos e para a sociedade.

Nesta aula você irá conhecer um pouco mais a respeito da problemática dos resíduos sólidos, sua classifi cação, além da importância da reciclagem. Sendo assim, para ilustrar o conteúdo abordado nesta aula e apresentar uma estratégia importante que deve ser usada no ensino de Geografi a, colocamos à sua disposição uma sugestão de ofi cina de reciclagem.

Dessa forma, esperamos contribuir para sua formação enquanto professor com atividades práticas que deverão enriquecer o seu trabalho na escola.

Bons estudos!

ObjetivosEntender acerca dos resíduos sólidos e a importância da reciclagem.

Representar estratégias dinâmicas voltadas ao ensino de Geografi a por meio da ofi cina de reciclagem de materiais.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV160

Os resíduos sólidos

A produção de resíduos sólidos no planeta Terra tem início com a existência humana e sua socialização com os seus semelhantes. Para a realização de necessidades básicas à existência, tais como alimentação, vestuário e moradia, por exemplo, ocorre a geração

de resíduos sólidos e líquidos que, por conseguinte, precisam de um destino fi nal – para não falar em acondicionamento adequado, coleta ou transporte desses resíduos.

Todavia, a preocupação com os resíduos sólidos e sua relação com a saúde das populações tornou-se objeto de maior preocupação com o surgimento das cidades e aumento populacional, pois foi a partir daí que tivemos um maior número de pessoas convivendo em áreas limitadas. Nesse sentido, registrou-se já no século XIV a morte de cerca de 43 milhões de pessoas vítimas da Peste Negra na Europa. Com a Revolução Industrial, o crescimento das cidades e a fabricação de produtos de consumo em larga escala também é possível observar a má gestão dos resíduos sólidos, acarretando, com isso, problemas ao meio ambiente e à saúde humana.

Figura 1 – Peste Negra

Fonte: <http://www.ionlitio.com/images/2008/06/peste_negra_italia_1348.jpg>. Acesso em: 3 set. 2010.

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Atividade 1

1

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 161

Faça uma pesquisa e descreva os meios de tratamento dos resíduos na época da Revolução Industrial.

Descreva de que maneira as pessoas trataram os resíduos ao longo dos tempos históricos. Que soluções encontraram para tratar seus respectivos lixos?

Os resíduos sólidos no Brasil No Brasil, a preocupação com a gestão do lixo tem destaque quando, em 1902, Osvaldo

Cruz é contratado pelo presidente Rodrigues Alves para sanear o Rio de Janeiro.

Nos dias atuais, observa-se o crescimento da população brasileira e o desenvolvimento de várias atividades econômicas (indústria, turismo, extração mineral, agricultura etc.), as quais contribuem de forma signifi cativa para a produção de resíduos sólidos em todo o território nacional.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 2002, a população brasileira é de aproximadamente 170 milhões de habitantes, produzindo diariamente cerca de 126 mil toneladas de resíduos sólidos. Quanto à destinação fi nal, os dados relativos às formas de disposição fi nal de resíduos sólidos distribuídos de acordo com a população dos municípios brasileiros, obtidos com o PNSB (IBGE, 2002), indicam que 63,6% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos em “lixões”, somente 13,8% utilizam aterros sanitários e 18,4% em aterros controlados, totalizando 32,2%. (CASTILHOS JUNIOR, 2003, p. 1-2).

A partir da diversidade de resíduos gerados diariamente tem-se discutido a subjetividade do lixo, pois o que é considerado descartável para um indivíduo pode não ser para outro. Assim, a fi m de padronizar o entendimento sobre a questão temos um conjunto de normas que tratam de defi nições, classifi cação e procedimentos técnicos que dizem respeito à temática que estamos discutindo. Uma delas é a NBR 10004, de 1987 – Resíduos sólidos, classifi cação na qual os resíduos sólidos são defi nidos como

aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta defi nição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV162

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

É importante destacar que a problemática dos resíduos sólidos deve ser pensada com base em dois pilares básicos, a limpeza pública e o sistema de resíduos sólidos.

Figura 2 – Limpeza pública

Fonte: <http://www.blogdogusmao.com.br/v1/wp-content/uploads/2010/05/Pesquisa-indica-satisfa%C3%A7%C3%A3o-com-a-

limpeza-p%C3%BAblica-em-Itabuna-01-foto-Vin%C3%ADcius-Borges.jpg>. Acesso em: 3 set. 2010.

Figura 3 – Resíduos sólidos

Fonte: Capa do livro Sistemas integrados de destinação fi nal de resíduos sólidos urbanos, do autor José Dantas de Lima. Disponível em: <http://www.cnpc.embrapa.br/jornal8-fi g-6.jpg>.

Acesso em: 3 set. 2010.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 163

No tocante ao primeiro pilar entende-se o conjunto de atividades que têm como objetivo manter a cidade limpa, afastando materiais que possam causar problemas de saúde pública.

Trata-se de uma atividade complexa, pois envolve desde a varrição de vias públicas e coleta de lixo até a remoção de animais mortos. Já no que se refere ao segundo pilar, tomamos por base o entendimento de Philippi Jr e Aguiar (2005), que envolve a abordagem de vários elementos, devendo ser tratados numa perspectiva integrada, a saber:

1) Acondicionamento

Evita a proliferação de vetores, problemas com odores, estéticos e de bem-estar. Deve obedecer a normas específi cas como tipo de embalagem, horário para disposição na calçada etc.

2) Coleta e transporte

Deve ser feita de forma regular e os veículos devem ser escolhidos de acordo com a quantidade de resíduos, tipo de resíduos transportados e características topográfi cas e da malha viária.

3) Tratamento e disposição fi nal dos resíduos sólidos

Procura modificar características como quantidade, toxidade e patogenia (doenças). As áreas para disposição fi nal devem ser selecionadas com rigor, evitando solos muito permeáveis e áreas sujeitas a instabilidades sísmicas e áreas de proteção ambiental.

O tratamento e disposição fi nal dos resíduos sólidos devem atender estritamente ao cumprimento de três etapas, quais sejam:

Primeira Etapa – Triagem;

Segunda Etapa – Reciclagem;

Terceira Etapa – Compostagem;

Quarta Etapa – Disposição Final.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV164

Faz-se necessário destacar que grande parte dos municípios brasileiros não tem abordado essa problemática considerando a complexidade do gerenciamento adequado dos resíduos como acima mencionado. Na maior parte das vezes o que se tem realizado é o afastamento do lixo para áreas distantes do centro das cidades ou locais pouco habitados com disposição de terreno, sem, entretanto, observar aspectos pedológicos (características do solo no tocante à sua porosidade e permeabilidade, por exemplo), geomorfológicos (formas de relevo) e geológicos (áreas de instabilidade física, fendas nas rochas), além de não se atentar para a dinâmica social (aumento da população, instalação de indústrias, expansão do setor de serviços).

Figura 4 – Lixão

Fonte: <http://outrapolitica.fi les.wordpress.com/2010/03/lixao_estrutural1.jpg>. Acesso em: 3 set. 2010.

Segundo Philippi Jr e Aguiar (2005) e Castilhos Junior (2003), os resíduos sólidos podem ser caracterizados da seguinte forma:

Por Origem

Domiciliares, industriais, comerciais, serviços de saúde, serviços de transporte e construção civil.

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Atividade 2

1

2

Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 165

Características inerentes

Densidade aparente, umidade, composição qualitativa, composição quantitativa, característica química. Trata-se de uma das atividades iniciais para qualquer trabalho de gerenciamento.

Segundo a periculosidade

Segundo a NBR 10004, de 1987, característica apresentada pelo resíduo em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas que pode representar potencial risco à saúde pública e ao meio ambiente.

Classe I: apresentam periculosidade (ex.: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade.

Classe II: não inertes – combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Classe III: inertes – de acordo com suas características intrínsecas não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente.

Observe a tabela a seguir, extraída do site do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística – IBGE, sobre o percentual de domicílios brasileiros com lixo coletado.

Em seguida, faça um texto comentando a tabela analisada por você. Lembre-se de considerar as seguintes questões:

a) De quanto foi o aumento percentual de domicílios com lixo coletado no Brasil tomando como referência os anos de 1992 e 2007?

b) A que você atribui este aumento?

Sugestão: para responder as perguntas e elaborar seu texto faça uso de reportagens de jornais, revistas e pesquisas na internet.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV166

Tabela 1 – Domicílios brasileiros com coleta de lixo

Ano Domicílios com lixo coletado (Percentual) no Brasil1992 - 2006

1992 66.6

1993 69.9

1995 72.1

1996 73.3

1997 76.3

1998 78.3

1999 80.0

2001 83.2

2002 84.8

2003 85.7

2004 85.8

2005 86.8

2006 87.6

2007 88.4

Fonte: <http://www.ibge.gov.br/series_estatisticas/exibedados.php?idnivel=BR&idserie=FED208>. Acesso em: 3 set. 2010.

A importância da reciclagem Estudamos no início da aula que a geração de lixo produzido pela humanidade é um

dos grandes problemas dos dias atuais. Isto se deve ao incentivo por parte das empresas à consolidação de um modelo de sociedade pautada no consumo, uma valorização exagerada no Ter em detrimento do Ser. Assim, o grande número de lixo gerado pela população e sua degradação diferencial constituem-se numa preocupação para os governos e sociedade.

Você sabe quanto tempo demora para o lixo produzido na sua casa se decompor?

Vejamos algumas informações:

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 167

a) Tipo de lixo

Papel

Fonte: <http://www.sxc.hu>.

Tempo de decomposição

3 meses

b) Tipo de lixo

Palito de fósforo

Fonte: <http://www.sxc.hu>.

Tempo de decomposição

6 meses

c) Tipo de lixo

Restos de maçã

Fonte: <http://ipt.olhares.com/data/

big/194/1946567.jpg>. Acesso em: 3 set. 2010.

Tempo de decomposição

6 a 12 meses

Tempo de decomposição do lixo

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV168

d) Tipo de lixo

Bituca de cigarro

Fonte: <http://www.sxc.hu>.

Tempo de decomposição

1 a 2 anos

e) Tipo de lixo

Chiclete

Fonte: <http://www.sxc.hu>.

Tempo de decomposição

5 anos

f) Tipo de lixo

Garrafas de plástico

Fonte: <http://www.sxc.hu>.

Tempo de decomposição

Mais de 100 anos

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 169

Uma das possibilidades para o enfrentamento dessa geração de resíduos é a reciclagem.

g) Tipo de lixo

Vidros

Fonte: <http://www.sxc.hu>.

Tempo de decomposição

4.000 anos

Mas você já ouviu falar neste assunto?

Sabe do que se trata?

Reciclar nada mais é do que transformar materiais usados em novos produtos voltados para o consumo. Signifi ca refazer o ciclo daqueles materiais que não se degradam facilmente e que podem ser reprocessados mantendo suas características básicas.

A reciclagem contribui para a redução da quantidade de resíduos (lixo) e economiza matéria-prima e energia. Entretanto, deve ser apoiada por um programa de educação ambiental, o qual deve contribuir para a sensibilização e envolvimento das pessoas com práticas saudáveis visando o manuseio e destinação correta do lixo gerado. Some-se a isso a implementação de um programa de coleta seletiva e o incentivo à adoção da política dos 3Rs (veja a Figura 5), a qual constitui na redução, reutilização e reciclagem de materiais.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV170

Figura 5 – 3Rs

Fonte: <http://www.braval.pt/DirEscrita/upload/imgs/3r.gif>. Acesso em: 3 set. 2010.

A implementação de um programa de coleta seletiva é fundamental para a boa prática da reciclagem, tendo em vista que, depois de separado, o lixo deve ser colocado nos containers especiais ou encaminhado à coleta seletiva, que por sua vez vai encaminhá-lo às usinas de reciclagem. Os detritos despejados em terrenos baldios acabam prejudicando o meio ambiente e gerando graves problemas para a saúde.

Você sabe o que é a coleta seletiva?

Consiste na separação dos resíduos sólidos recicláveis e não-recicláveis. Os resíduos recicláveis são reintroduzidos ao uso da população através de seu benefi ciamento por meio da reciclagem. Os resíduos não-recicláveis devem ser conduzidos para o aterro sanitário.

Figura 6 – Coletores de lixo para coleta seletiva

Fonte: http://www.sxc.hu/.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre a coleta seletiva e a importância da reciclagem, que tal organizar uma ofi cina com seus alunos?

A proposta é trabalhar de maneira prática ideias de reaproveitamento de materiais que seriam descartados. Uma atividade dinâmica e criativa que vai envolver seus alunos e facilitar o processo de ensino/aprendizagem.

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Atividade 2

Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 171

Lembra-se das informações a respeito do tempo de decomposição de alguns tipos de lixo apresentadas no quadro em destaque anteriormente? Pesquise na internet o tempo de decomposição dos materiais listados a seguir para completar a tabela.

Tipo de lixo Tempo de decomposição

Latas de alumínio

Fonte: http://www.sxc.hu/.

Tecidos

Fonte: http://www.sxc.hu/.

Pilhas

Fonte: http://www.sxc.hu/.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV172

Organizando uma ofi cina de reciclagem na sala de aula

Para dar início a esta atividade a sala de aula deve estar devidamente organizada antes da chegada dos alunos para evitar tumultos e dispersão da turma. Sendo assim, afaste as carteiras, deixando no centro da sala apenas uma mesa grande ou cinco mesas (da própria sala) unidas para ter mais espaço para reunir o material necessário.

Apresentamos como sugestão para esta ofi cina de reciclagem duas atividades bem interessantes: confecção de carimbos com tampas de garrafas pet e EVA (emborrachado) e a confecção de mini-hortas com garrafas pet.

Confeccionando carimbos com tampas de garrafa PET e EVA (emborrachado)

É importante destacar que o professor deve esclarecer aos seus alunos que a ofi cina de reciclagem remete a outras discussões importantes tratadas nas aulas de Geografi a, como práticas de consumo da sociedade capitalista, por exemplo. Assim, não deixe a ofi cina sem um sentido pedagógico. Articule-a aos conteúdos trabalhados em sala de aula.

Orientamos que antes de dar início à ofi cina coloque à disposição dos alunos os materiais necessários para a confecção dos carimbos e da mini-horta. Deixe que os alunos explorem os materiais. Será um momento importante para esclarecimento de dúvidas e curiosidades.

Materiais necessários

� Tampas de PETs.

� EVA (mais fi nos para furadores sem alavanca, que deverão ser cortados duas vezes e colados um sobre o outro, e os mais grossos para furadores com alavanca. Caso você não tenha acesso aos furadores, use sua criatividade e faça no EVA os desenhos que desejar; depois é só recortar com uma tesoura e colar nas tampinhas).

� Tesoura comum ou furadores (vendidos em lojas especializadas em artesanato).

� Cola para lantejoulas (ou outra de boa aderência em materiais sintéticos).

Confeccionando carimbos com

tampas de garrafa PET e EVA

(emborrachado)

Esta ofi cina foi montada a partir do site <http://www.apoema.com.br/

geral.htm> e do blog <http://criatrecos.

blogspot.com/2009/02/carimbos-com-tampas-

de-pets_28.html>. Acesso em: 17 jul. 2010. Nestes

endereços, além das ofi cinas ensinadas nesta

aula você vai encontrar outras atividades bastante

interessantes que irão enriquecer o seu

cotidiano escolar.

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a b

Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 173

Figura 7 – (a) modelos de furadores e (b) modelo dos carimbos feitos com tampinhas de garrafas PET

Fonte: <http://criatrecos.blogspot.com/2009/02/carimbos-com-tampas-de-pets_28.html>. Acesso em: 3 set. 2010.

Observe que essa atividade, conforme indicamos, é um instrumento didático-pedagógico para problematização dos conteúdos acerca dos resíduos sólidos, da problemática do lixo, do consumismo, dentre outras que podem ser articuladas consoantes aos seus objetivos elaborados para essa atividade (em seu plano de unidade temática), e, como exemplo, sugerimos a seguinte refl exão:

� Tratando-se de um assunto tão complexo, ao iniciar essa ofi cina de elaboração de carimbos, explore com os alunos os materiais que serão utilizados, resgatando os conteúdos ministrados nas aulas. Assim, refl itam sobre a reutilização do lixo para a confecção de objetos que podem ser usados no dia a dia, fazendo os alunos pensarem a respeito do desperdício, reciclagem, educação ambiental, prática cidadã.

� Nesse sentido, como procedimento avaliativo, esteja atento ao trabalho individual ou em equipe (segundo planejado), à participação, ao entusiasmo (elementos qualitativos) e/ou estipule uma pontuação para a elaboração do material – carimbos (elementos quantitativos).

Modo de fazer

Alguns passos devem ser seguidos para você ter sucesso na montagem dessa experiência. Vamos lá?

1) Passe uma pequena quantidade de cola no EVA, tomando cuidado para que ela cubra todas as pontinhas e detalhes, e centralize sobre a tampinha, pressionando levemente. Espere alguns minutos e pressione mais um pouco para a cola aderir bem à tampinha.

Atenção! Existem tampinhas que são abaloadas na parte superior, o que prejudicará a carimbagem. Não use esse tipo de tampinha para fazer os carimbos de EVA. Prefi ra aquelas com superfície mais lisa.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV174

Confeccionando mini-hortas com garrafas pet Para esta próxima atividade, é bom fi car atento ao material a ser utilizado e ao modo de

fazer. Vamos lá?!

Materiais necessários

� Garrafas PET.

� Tesoura.

� Terra.

� Mudinhas ou sementes.

Modo de fazer

Primeiro passo

Deite a garrafa PET e corte um dos lados da “barriga” da garrafa, sem atingir o fundo nem a boca dessa garrafa. Faça pequenos furinhos no fundo e coloque terra. Em seguida, plante as sementes ou as mudas e é só cultivar com cuidado.

Segundo passo

Podemos usar como suportes para colocar as mini-hortas caixas de ovos para que não fi quem diretamente no chão e, de tempos em tempos, estes suportes poderão ser substituídos, pois podem apodrecer com a umidade que escorre do excesso da água pelos furinhos da garrafa.

Terceiro passo

Agora é só plantar sua muda ou semente, regá-la e acompanhar o desenvolvimento da horta.

Figura 8 – Ofi cina de mini-hortas com garrafa PET

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_YR0hZ3bxGvI/SwKxkoxU__I/AAAAAAAAAZQ/7YP-ryDOCgA/s1600/Imagem12.jpg>.

Acesso em: 3 set. 2010.

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Resumo

Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 175

Nessa atividade, também trabalhamos a problematização dos conteúdos acerca dos resíduos sólidos e suas especifi cações. Sugerimos como refl exão avaliativa a observação da participação, entendimento dos conteúdos, discussão e debate sobre esses assuntos no decorrer da atividade e, sobretudo, a responsabilidade diante do cultivo da mini-horta, fazendo-os refl etir sobre esses e outros assuntos correlatos.

Leitura complementarBRANCO, Sandra. Meio ambiente e educação ambiental na educação infantil e no

ensino fundamental. São Paulo: Cortez, 2007. 59p.

Este livro é extremamente interessante para o trabalho do professor, pois traz propostas de realização de várias atividades direcionadas ao desenvolvimento dos alunos. A autora apresenta atividades práticas direcionadas à educação ambiental, mas podem ser adaptadas para outros conteúdos trabalhados em sala de aula.

Na aula de hoje você aprendeu a respeito dos problemas gerados devido à produção de resíduos sólidos (lixo), bem como acerca da importância da reciclagem de materiais como alternativa para minimizar este problema. Um aspecto a ser destacado nesta aula foi a realização de uma ofi cina de reciclagem como uma importante estratégia no favorecimento da aprendizagem dos alunos. Vimos também que, apesar da importância da reciclagem, ela deve estar articulada à implantação de um programa de educação ambiental e coleta seletiva. A escola pode e deve ser um espaço privilegiado para realização de práticas educacionais criativas e estimulantes.

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Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV176

AutoavaliaçãoO que são resíduos sólidos?

Qual a importância da reciclagem na época em que vivemos?

Como montar uma ofi cina de reciclagem de materiais? Que estratégias dinâmicas voltadas ao ensino de Geografi a você pode aplicar dentro desta ofi cina?

Faça um texto com base nos conhecimentos obtidos nesta aula, levando em consideração seu aprendizado sobre os resíduos sólidos e a importância da reciclagem. Aproveite para estabelecer comentários sobre a ofi cina de reciclagem proposta. O que você achou mais interessante? Em que momento da aula sentiu mais difi culdades?

Referências CASTILHOS JUNIOR, Armando Borges de (Coord.). Resíduos sólidos urbanos: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. Rio de Janeiro: ABES; RiMa, 2003. Projeto PROSAB. 294p.

MICHELS, Ido; et al. Resíduos sólidos urbanos. Campo Grande/MS: UFMS, 2004. 15p.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA. Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB. Pacto pelo Saneamento Básico: mais saúde, qualidade de vida e cidadania. Disponível em: <www.cidades.gov.br/plansab>. Acesso em: 8 abr. 2009.

PHILIPPI Jr, Arlindo; AGUIAR, Alexandre de Oliveira e. Resíduos Sólidos: características e gerenciamento. In: PHILIPPI Jr, Arlindo (Ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005. p. 267-321.

TELLES, Marcelo de Queiroz; et al. Vivências integradas com o meio ambiente. São Paulo: Sá Editora, 2002. 144p.

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Anotações

Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 177

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Anotações

Aula 11 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV178

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Aprendendo a confeccionar maquetes

12Aula

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 181

ApresentaçãoEsta é a última aula da prática de instrumentação para o ensino de Geografi a. Nela, você

verá um conteúdo mais prático e criativo, isto é, a confecção de maquetes e sua utilização nas aulas de Geografi a.

A prática de confeccionar maquetes contribui muito para a realização do trabalho do professor de Geografi a, uma vez que permite visualizar formas da realidade em pequenos recortes escalares e manuseáveis, o que auxilia na compreensão da realidade.

Aliado a isso, os alunos desenvolvem outras habilidades concomitante à aprendizagem dos conceitos e conteúdos geográfi cos, como, concentração, criatividade, coordenação motora etc., além de participarem de uma aula ativa e interessante. As experiências do desenvolvimento de maquetes em sala de aula são bastante animadoras, e não devem ser somente uma prática apenas para feiras de ciência, conforme veremos, podemos utilizá-las nos mais diversos planos temáticos ou projetos de ensino que venham a ser elaborados.

Boa aula!

ObjetivosRelacionar o uso de maquetes e o ensino teórico.

Representar através da confecção de maquetes situações cotidianas provenientes do uso do território.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV182

Maquete: defi nições e aplicações

A maquete ou o bloco diagrama, conforme vimos na Disciplina de Cartografi a, é uma das representações para o espaço geográfi co. Nesta aula, vamos nos ater às maquetes de idealização, entendida como uma maquete onde não são exigidas máquinas nem

estúdios especiais, com material de fácil acesso, transformação e elaboração (SOUTO, 2010) E, por esse motivo podem ser usadas como recurso didático para operacionalização de conteúdos.

Figura 1 – Trabalho com maquete

Assim, para darmos início a uma maquete de idealização, devemos fazer esboços dos desenhos daquilo que pretendemos representar.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_XLeVanQNKYw/Swrq_7C7wlI/AAAAAAAAAQc/jOjUDOayqr0/s1600/HPIM3675.jpg>. Acesso em: 14 set. 2010.

Figura 2 – Esboço para representação de maquete

Fonte: <http://nunoqueiros.fi les.wordpress.com/2009/02/serralves-1036.jpg>. Acesso em: 14 set. 2010.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 183

Conforme mencionamos na apresentação desta aula, a utilização da maquete enriquece a aula e contribui para uma aprendizagem envolvente e estimulante para o aluno, que participa da aula ativamente, essa prática contribui para o processo educativo com a utilização de recursos lúdicos e dinâmicos, incluindo o aluno também como agente do processo de conhecimento.

Figura 3 – Utilização da maquete

Fonte: <http://maquetes.zip.net/images/Maquete_100_0443.jpg>. Acesso em: 14 set. 2010.

Nas aulas de Geografi a, o professor pode utilizar desse recurso independente do tema, mas listamos os temas de ensino mais comuns no uso da maquete nos planos de unidades temáticas: cartografi a, representação de paisagens, formas urbanas (cidade), relação campo e cidade, “meio ambiente” (lugares poluídos e lugares não poluídos) etc.

Levantamos outras maquetes que poderiam ser desenvolvidas em aulas de Geografi a, com temas atuais, são elas: uso de empresas transnacionais no território municipal em contraposição aos lugares onde a população mora precariamente (favelas), áreas de risco de uma cidade (criar situações críticas), planejamento de uma cidade (adequado ao zoneamento legal do plano diretor).

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV184

Desigualdades socioespaciais

A elaboração da maquete deixaria em evidência que as áreas selecionadas pelas empresas são dotadas de intensa e efi ciente infraestrutura urbana, ao passo que as áreas onde a maioria dos trabalhadores residem carecem dos serviços e infraestrutura básica (saúde, saneamento etc.). Dessa forma, o professor pode planejar juntamente aos seus alunos a confecção de uma maquete que representaria a temática discutida. É claro que você pode e deve estimular uma refl exão crítica acerca da realidade representada.

Outro problema atual que pode ser trabalhado com o recurso das maquetes são os desastres sociais ocasionados pela ocupação de áreas de risco (áreas impróprias à ocupação e construção devido a sua fragilidade ambiental, como, por exemplo: as encostas de morros). Conforme explicamos anteriormente, o professor deve iniciar com uma exposição acerca do conteúdo a ser representado na maquete.

Outra situação atual em que é pertinente e criativo o trabalho com maquetes é no tema de planejamento das cidades, trabalhando coerentemente com a legislação brasileira: plano diretor, vendo seus avanços, suas limitações, seus problemas e possíveis soluções, o professor após o trabalho explicativo do conteúdo, gestaria a maquete, e também no seu processo explicaria aos alunos como seria um zoneamento e regulação de uma cidade que respeite a legislação, assim, a maquete seria uma cidade bem planejada.

A prática das maquetes também pode ser pensada para projetos de ensino, os quais se confi guram como atividades pensadas a nível interdisciplinar visando uma situação vivenciada pela realidade escolar. O projeto de ensino é direcionado à resolução de um problema, ou seja, se apresenta como uma atividade de intervenção, assim, a maquete contribuiria numa atividade interdisciplinar que correlacionaria mais disciplinas, além da Geografi a, na concretização ou expressão de uma situação-problema.

Problematizando esses três temas atuais na formação de maquetes, sugerimos aos professores que: no tema do uso das empresas em oposição aos lugares utilizados pela população de baixo poder aquisitivo, o professor trabalhe em sala o seguinte conteúdo:

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 185

Passo a passo para a construção de maquetes

Apresentamos dois exemplos de maquetes para aulas que desenvolvam temas com as formas das cidades. Os dois exemplos envolvem a construção de cidades em miniaturas (em maquete) e com a demonstração e utilização de diversos materiais, alguns mais sofi sticados e outros mais simples e de fácil acesso.

Figura 4 – Maquetes de cidades, representação de áreas de ocupação

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_m0AdarfZsiU/SwNL6V74BxI/AAAAAAAADgM/CEGgZ8-5hPk/s1600/ALLFe+tra%C3%A7ado+projeto+planta+medidas+maquete+HO+d

esvio+AMV+linha+singela+dupla+constru%C3%A7%C3%A3o+imagem+favela+c.jpg>. Acesso em: 14 set. 2010.

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Atividade 1

Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV186

Exemplo 1Cavalcante (2010) traz o exemplo de um modelo da cidade de São Paulo. Sem gastar

muito, você pode montar diferentes ambientes em miniatura. Os materiais utilizados para fazer uma maquete são muito simples. A seguir, preste atenção nos materiais necessários e no modo de fazer e construir os modelos, caso julgue necessário, repasse essas instruções para os seus alunos.

Exemplo de modelo de cidade

Material necessário:

� compensado de madeira no tamanho e formato da maquete;

� massa de biscuit;

Argumente sobre as possibilidades de utilização das maquetes nas aulas de Geografi a e sua pertinência ao processo de ensino e aprendizagem.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 187

� pigmentos tinta acrílica de cores variadas ou látex na cor branca tingido com pigmento;

� fi o de cobre grosso;

� argila;

� massa corrida;

� pincel;

� manta acrílica para edredom;

� cola branca;

� serragem;

� anilina;

� álcool;

� fl ocos de espuma;

� estilete;

� verniz para tinta látex;

� papelão, madeira balsa, papel paraná ou papel couro para fazer as construções;

� régua;

� palitos de dente ou de churrasco;

� lápis;

� linha de costura ou barbante.

Utilização do material e sua aplicabilidade: o passo a passoPrimeiro passo: fazendo a massa de biscuit

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV188

Fazendo a massa

Misture bem a cola, o suco de limão, o óleo e o amido de milho. No microondas, cozinhe a massa por três minutos na potência máxima interrompendo a cada minuto para mexer com uma colher de pau.

No fogão, cozinhe a mistura em panela antiaderente, em fogo brando, mexendo sempre.

A massa está pronta quando se solta do fundo e das laterais da panela. Espalhe o creme para as mãos em uma superfície de pedra e despeje a massa cozida, ainda quente.

Sove-a até fi car com a consistência ideal para modelar. Assim que a massa esfriar, embale-a com papel fi lme ou plástico para que não resseque.

Num recipiente bem fechado, ela dura de 30 a 45 dias. Quando a massa estiver fria ou mesmo depois de guardada, você pode tingi-la. Use tinta óleo ou corante universal. Misture bem para garantir a uniformidade da cor. Se seus alunos forem muito pequenos, fi que atento para que não coloquem a massa na boca.

Atenção: para a realização dessas atividades faça sempre um ensaio antes de aplicá-las em sala de aula, e mantenha sempre o cuidado com o manuseio dessas substâncias e materiais, como o uso do fogão. Em sala de aula, é preferível, utilizar os ingredientes pré-trabalhados, ou seja, prontos para montagem. Observe que a produção dos objetos em biscuit pode ser substituída por outros materiais, como por exemplo, por fi guras de pessoas ou desenhos e colados em papel cartão ou recortes de caixa de papelão, ou ainda utilizar bonecos de plásticos, dentre outras possibilidades da sua circunstância e criatividade.

Ingredientes para o biscuit

� 2 xícaras de chá (ou 400 ml) de cola branca para porcelana fria;

� 1 colher de sopa de suco de limão;

� 2 colheres de sopa de óleo de cozinha;

� 2 xícaras de chá de amido de milho tinta óleo ou corante universal;

� 1 colher de sopa de creme para mãos (não gorduroso).

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 189

Segundo passo

Confeccionando os outros elementos

Figura 5 – Boneco de biscuit

� Palitos servem de postes, serragem se transforma em terra e papelão dá forma às moradias.

� Para a base usa a madeira compensada. Peça para um marceneiro cortar no tamanho e na forma mais adequados ao seu projeto.

� Para as pessoas e automóveis utilize o biscuit. Para colori-los, utilize tinta acrílica ou látex branca tingida com pigmentos. Veículos grandes devem ser feitos sobre uma base de papelão revestida com biscuit.

� Os arbusto e árvores são feitos com o um pedaço de fi o de cobre grosso, desencape-o. Em seguida, torça os fi os fi nos que há dentro dele para formar o tronco. Nas extremidades, modele as raízes e os galhos. Tinja massa corrida com pigmento marrom e pincele pelos fi os. Para montar a copa, tinja manta acrílica com pigmento verde e modele, fi xando no tronco com cola branca. Tinja serragem com anilina verde dissolvida em álcool. Depois de seca, cole-a sobre a copa. Folhagens, moitas e arbustos são moldados com fl ocos de espuma tingidos com anilina.

� O chão é confeccionado com pintura diretamente na base da maquete, podem ser representadas superfícies lisas, como o asfalto ou uma quadra esportiva. Para a grama, use serragem tingida de verde. Utilizando o pigmento marrom você vai ter a terra. Fixe a serragem no compensado com cola branca.

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_3rpd7VGvArg/SxM0CaEGldI/AAAAAAAAAbQ/GmMni55x1R8/s1600/Biscuit+034.jpg>. Acesso em: 7 dez. 2010.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV190

Figura 6 – Exemplo de montagem

Fonte: <http://portoimagem.fi les.wordpress.com/2010/06/ospa1.jpg>. Acesso em: 27 out. 2010.

� Para as construções, desenhe a base do prédio e os moldes para as laterais em papel. Papelão, madeira balsa, papel paraná e papel couro são alguns dos materiais utilizados nas paredes. Corte com estilete, utilizando a parte mais grossa da régua, onde não há escala. Construa janelas e portas com papelão e fi xe com cola branca. Outros detalhes podem ser moldados com biscuit. Em casas de materiais artísticos, há papéis que imitam o formato de telhado, mas você pode substituí-los pela parte interna do papelão ondulado. Depois que tudo estiver seco, pinte com cuidado, nas cores que preferir.

� Para as cercas e os postes, utilize os palitos de madeira — de dentes ou de churrasco. Lápis revestidos com massa corrida ou biscuit fazem as vezes de postes. Os fi os elétricos podem ser de linha de costura ou barbante.

� As montanhas e rios forma o relevo da maquete e é modelado com argila. Se preferir algo mais leve, construa uma base com papelão grosso e revista com argila ou massa corrida. Para fazer rios, desenhe as margens e desgaste o compensado com estilete, formando o leito. Com massa corrida dê a textura. Espere secar, pinte da cor mais adequada e dê brilho com verniz.

Figura 7 – Divulgação e montagem de maquete

Fonte: <http://desenhandonomanteiga.blogspot.com/2008/10/maquete-passo-passo.html>. Acesso em: 7 dez. 2010.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 191

Terceiro passo

Montagem da maquete, após todos os elementos construídos. Boa montagem!

Exemplo 2Para a elaboração de uma maquete, é necessário reservar alguns materiais ou mesmo

optar pelo tipo de material que deseja utilizar para dar aparência desejada. A seguir, algumas sugestões:

Primeiro passo

Seleção do material

Materiais necessários:

A base da maquete poderá ser feita com:

1) Folha de isopor

2) Folha de Eucatex

3) Tampo de madeira

4) Tampa de papelão grosso e fi rme

5) Folha de papel cartão fi rme

6) MDF

Os imóveis podem ser feitos com vários materiais:

� caixas variadas, como de fósforo, sabão em pó, aveia, medicamentos, cosméticos etc.;

� desenhados em papel cartão, contornados com caneta Pilot preta, coloridos;

� recortados de revistas e colados sobre papel fi rme;

� EVA (emborrachado), recorta-se e monta-se todas as partes;

� cartolina (apenas a fachada);

� papel corrugado (principalmente para edifícios que podem ter formato redondo, ou torres).

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV192

As ruas e avenidas podem ser:

� feitas com areia ou terra colada ao fundo;

� pintadas com tinta guache preta imitando o asfalto;

� recobertas de grama feita com crepom em tirinhas muito fi nas;

� recobertas de grama feita com as tirinhas fi nas do papel de bala verde;

� pintadas no fundo com tinta guache verde ou marrom, dependendo do tipo de terreno.

Para fazer relevos, montes, montanhas:

� argila ainda é uma opção muito boa, pode ser modelada a vontade, dando a altura e o formato desejado ao terreno;

� barro modelado, o que exige certo tempo de secagem;

� papel pedra imitando rochas;

� massa de modelagem colorida (se a maquete não é tão grande);

� jornal molhado batido em liquidifi cador, misturado com cola e tingido com guache verde, marrom, cinza, dependendo do que se deseja modelar.

Os automóveis podem ser:

� carrinhos de plástico bem pequenos comprados em lojas;

� confeccionados com sucata (caixas recobertas e desenhadas);

� recortados de revistas e colados em cartolina fi rme;

� montados com EVA;

� desenhados em cartolina e recortados.

As pessoas podem ser:

� recortadas de revistas (fotos de pessoas reais, o que dá um efeito muito legal à maquete);

� bonequinhas e bonequinhos pequenos plásticos;

� playmobil;

� desenhados em cartolina, coloridos e recortados.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 193

Árvores, animais e plantas:

� feitos com crepom, palitos de picolé e fósforo, papel de bala franjado verde, tecido verde, recortados de revistas, desenhados em cartolina, modelados com massinha etc.

Figura 8 – Maquete modelada

Fonte: <http://farm1.static.fl ickr.com/69/175061100_49d9f3f825.jpg>. Acesso em: 27 out. 2010.

Atenção: Você pode utilizar muitos materiais, pode criar a vontade! Palitos de picolé, de churrasco, para fazer postes (pinte-os com guache cinza), barbante ou lã para fazer fi ações, desenhar placas de sinalização de trânsito, colar em palitos de dente e espetar, dar nomes engraçados ao comércio, fazer uma feira livre onde os legumes e frutas são modelados com massinha colorida etc.

Segundo passo

Construção e organização dos elementos constitutivos da maquete

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Atividade 2

Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV194

Figura 9 – Construção dos elementos da maquete

Fonte: <http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/05/como-fazer-maquetes.html>. Acesso em: 14 set. 2010.

Terceiro passo

Montagem da maquete

Estimule seus alunos a se envolverem em todas as etapas do trabalho e abuse de sua criatividade!

Comente sobre a importância da elaboração de maquetes para a representação espacial na ciência geográfi ca e sua contribuição para o ensino de Geografi a.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 195

Sugestão

Agora que vimos modelos de maquete, que tal montar uma? Disponibilizamos algumas fi guras para a construção de maquetes. Utilize-as, e bom trabalho!!!

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 205

Adaptado de: <http://cartografi aescolar.wordpress.com/maquetes-de-cidades-vilas-e-outras/>. Acesso em: 14 set. 2010.

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 207

Nesta disciplina, trouxemos alguns procedimentos didáticos atuais e dinâmicos na intenção de provocar nos alunos um estímulo e interesse por aulas diferentes das “tradicionais” e que permitam também uma inter-relação mais construtiva entre alunos e professores. Estimulamos vocês a estarem atentos às metodologias e operacionalidade do ensino de Geografi a, de modo que os alunos entendam o processo de ensino, e, sobretudo, que busquem o conhecimento.

Assim, na Aula 1, expomos as Orientações Gerais da disciplina e também, estimulando à disciplinaridade nos estudos e preparação das aulas.

Na Aula 2, entramos no tema Geografi a e Cidade, vendo o processo de constituição das cidades ao longo da história.

Na Aula 3 (Geografi a e Espaço Agrário), discutimos o espaço agrário e suas principais características. Na Aula 4, estudamos a Relação Campo/Cidade utilizando como recurso didático nosso primeiro Objeto de Aprendizagem (O.A.).

A aula seguinte (Aula 5) tratou do tema da Globalização, relacionado com a problemática das desigualdades.

Na Aula 6, vimos como e o por quê se constituem os Blocos Internacionais de Poder, identifi cando os principais e sua atuação no mundo.

A Aula 7 trouxe o tema da América Latina, sua formação e as principais diferenças entre os países que a compõem e sua importância no contexto mundial.

Na seguinte aula (Aula 8), trabalhamos As Regiões Brasileiras, revisitando o processo de formação e atual confi guração das mesmas.

A Aula 9 tratou da Educação Ambiental e a Pedagogia Cidadã, discutindo o papel da Geografi a para formação de cidadãos.

Na Aula 10 (Agenda 21 Escolar), trabalhamos com nosso segundo Objeto de Aprendizagem, tendo como suporte a Aula 9, aprendemos os elementos de implantação da Agenda 21 Escolar.

Com a Aula 11, discutimos o tema dos Resíduos Sólidos e Reciclagem, desenvolvemos uma ofi cina de reciclagem, tema também correlacionado à aula anterior.

Já na aula 12, Aprendendo a Confeccionar Maquetes, exercemos de forma prática o conteúdo de Geografi a abordado nesta aula.

Em todas as aulas, foram apresentadas sugestões didáticas para o ensino dos conteúdos ministrados, seja de forma lúdica ou tradicional.

Estivemos atentos às conformações para as diversas circunstâncias que devem encontrar pelo processo de ensino aonde trabalharem, observando sempre as adequações de metodologias aos níveis de ensino e aprendizagem de cada turma ou série de ensino. Esperamos ter atingido os objetivos elencados, bem como parte da sua expectativa com

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Resumo

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Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV208

relação a esta disciplina, e que tenhamos despertado em você um olhar crítico e criativo para o ensino de Geografi a.

Boas práticas, bons estudos!

Leituras complementaresIndicação de vídeos de maquetes

Você pode encontrar no site <http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/05/como-fazer-maquetes.html> vídeos que mostram o resultado fi nal da elaboração de uma maquete dobrável.

Que tal consultar o site e registrar suas impressões acerca do vídeo?

Nesta última aula, você viu como elaborar um material sugestivo de atividades criativas na instrumentação do ensino de Geografi a, por meio do uso de maquetes, a qual se confi gura numa prática criativa e que permite a potencialização de diversas habilidades e competências dos alunos. A utilização de maquetes remete a conteúdos trabalhados na disciplina de Geografi a, os quais podem estar articulados com outras disciplinas, quais sejam: História (conhecimento da história do lugar), Matemática (noções de fi guras, medições) entre outras. Vimos também um breve retrospecto da disciplina que se encerrou.

AutoavaliaçãoAgora que você aprendeu a confeccionar uma maquete e conheceu a importância de sua aplicação no ensino da Geografi a, teste um dos modelos indicados nesta aula, e depois faça anotações a respeito do processo.

Quais as difi culdades observadas na montagem da maquete?

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Anotações

Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV 209

Qual a relação do uso de maquetes com as facilidades pedagógicas para o ensino teórico de determinados conceitos, como região, espaço, cidade, campo? Cite exemplos.

Represente através da confecção de maquetes situações cotidianas provenientes do uso do território.

Referências CAVALCANTE, Meire. Modelo de maquete da cidade de São Paulo. Disponível em: <http://desenhandonomanteiga.blogspot.com/2008/10/maquete-passo-passo.html>. Acesso em: 25 jul. 2010.

ILUSTRAÇÕES para utilização em maquetes. Disponível em: <http://cartografi aescolar.wordpress.com/maquetes-de-cidades-vilas-e-outras/>. Acesso em: 25 jul. 2010

MONTAGEM de maquete de cidades. Disponível em: <http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/05/como-fazer-maquetes.html>. Acesso em: 25 jul. 2010.

SOUTO, Emanuel. Elaboração de maquetes. Disponível em: <http://www.papodearquiteto.com/2009/07/maquetes-arquitetonicas-%E2%80%93-parte-1/>. Acesso em: 25 jul. 2010.

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Anotações

Aula 12 Instrumentação para o Ensino de Geografi a IV210

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Esta edição foi produzida em mês de 2012 no Rio Grande do Norte, pela Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (SEDIS/UFRN). Utilizando-se Helvetica Lt Std Condensed para corpo do texto e Helvetica Lt Std Condensed Black títulos e subtítulos sobre papel offset 90 g/m2.

Impresso na nome da gráfi ca

Foram impressos 1.000 exemplares desta edição.

SEDIS Secretaria de Educação a Distância – UFRN | Campus UniversitárioPraça Cívica | Natal/RN | CEP 59.078-970 | [email protected] | www.sedis.ufrn.br

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