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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQÜICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA INTERAÇÃO DE LIMPEZA ENTRE O NEON GOBI Elacatinus figaro CULTIVADO E A GAROUPA VERDADEIRA Epinephelus marginatus E SEU EFEITO NO CONTROLE DE Neobenedenia melleni Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Aquicultura Orientadora: Mônica Yumi Tsuzuki Roberto Almeida Rêgo de Souza Florianópolis/SC 2010

INTERAÇÃO DE LIMPEZA ENTRE O NEON GOBI Epinephelus ... · A piscicultura marinha apresenta grande potencial no litoral brasileiro, porém de forma intensiva, esta atividade pode

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQÜICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA

INTERAÇÃO DE LIMPEZA ENTRE O NEON GOBI

Elacatinus figaro CULTIVADO E A GAROUPA VERDADEIRA Epinephelus marginatus E SEU

EFEITO NO CONTROLE DE Neobenedenia melleni

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Aquicultura Orientadora: Mônica Yumi Tsuzuki

Roberto Almeida Rêgo de Souza

Florianópolis/SC 2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

Souza, Roberto Almeida Rêgo de Interação de limpeza entre o neon gobi Elacatinus figaro

cultivado e a garoupa verdadeira Epinephelus marginatus e seu efeito no controle de Neobenedenia melleni [dissertação] / Roberto Almeida Rêgo de Souza. - 2010.

65 p.: 4 fig., 4 tabs. Orientadora: Mônica Yumi Tsuzuki Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa

Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura.

1.ectoparasitos; 2.peixe limpador; 3.peixes marinhos;

4.iscicultura marinha.

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Interação de limpeza entre o neon gobi Elacatinus figaro cultivado e a garoupa verdadeira Epinephelus marginatus e seu efeito no

controle de Neobenedenia melleni.

Por

ROBERTO ALMEIDA RÊGO DE SOUZA

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM AQÜICULTURA

e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura.

_____________________________________ Prof. Cláudio Manoel Rodrigues de Melo, Dr.

Coordenador do Curso Banca Examinadora:

__________________________________________

Dra. Mônica Yumi Tsuzuki – Orientadora

__________________________________________ Dr. Alex Pires de Oliveira Nuñer

__________________________________________

Dr. Mauricio Hostim Silva

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Dedico aos meus pais:

Clóvis Roberto Almeida de Souza

e

Maria Angélica Lisboa Rêgo de Souza

Pelo apoio e investimento contínuo no meu crescimento profissional. Sem a ajuda de vocês, seria impossível a realização deste sonho... Sinto

muito orgulho dos pais que tenho!!!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre me guiar para os caminhos corretos e me proporcionar oportunidades que só têm contribuído para o meu crescimento.

A minha noiva Stephane, pelo amor, compreensão e companheirismo, neste período de distância.

Ao meu irmão Natão, pela parceria eterna.

A Dona Rosa e Seu Brandão, por terem sido “meus pais” neste período longe de casa.

Agradeço em especial a minha orientadora Dra. Mônica Tsuzuki, pelo apoio, dedicação e esforço, virtudes que foram fundamentais para que meu projeto pudesse ser desenvolvido, apesar de todas as dificuldades enfrentadas.

Ao pesquisador Eduardo Sanches, pela colaboração permanente em todas as etapas da realização deste projeto.

Ao Engenheiro de Aquicultura Evandro Sebastiani, pelas idéias e instruções fornecidas.

Aos pesquisadores e funcionários do Instituto de Pesca de São Paulo, Roberto Seckendorff, Paulo, Laura, Cícero e Cláudio.

Ao Luciano e ao Jonas, da empresa Neotropical, pelo apoio na manutenção dos juvenis de neon, em momentos de dificuldade.

Aos professores da Pós-graduação em Aquicultura da UFSC, que de alguma forma contribuíram para minha formação.

Ao professor Maurício Laterça, pelos materiais emprestados, fundamentais para realização deste projeto.

Ao professor Alex, pela ajuda na estatística do meu experimento.

A professora Anita, pela ajuda em momentos de sufoco.

Ao colega e amigo Wesley, pela parceria e ajuda constante ao longo do mestrado.

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As colegas de laboratório, Maíra, Dayane, Diane e Gabriela pelas trocas de conhecimento e ajuda constante.

Ao técnico do LAPMAR II, Sayão, pela diversão e ajuda ao longo deste ano.

Ao colega de mestrado Felipe, pela parceria, gastronomia e ajuda na realização do experimento, valeu Gringo...

Ao Emílio, por sempre ceder o espaço para as horas de lazer da turma.

Aos colegas Cássio e Katina, pela colaboração e amizade.

A colega Wanessa, pela ajuda no primeiro dia do experimento.

A todos os colegas de turma e todos os amigos que ganhei neste período em Floripa...

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RESUMO

A piscicultura marinha apresenta grande potencial no litoral brasileiro, porém de forma intensiva, esta atividade pode levar a redução da qualidade de água, que é um dos principais estressores em animais aquáticos, aumentando a susceptibilidade dos animais a doenças. Os tratamentos convencionais para o controle de patógenos, especialmente os ectoparasitos, apresentam dificuldade para aplicação em larga escala e possuem um alto custo, além de proporcionar um aumento no estresse dos peixes. Com isso, a utilização de peixes limpadores surge como alternativa no controle de ectoparasitos. No presente trabalho foi possível verificar a eficiência da remoção do ectoparasito Neobenedenia melleni pelo neon gobi Elacatinus figaro, produzido em cativeiro, no cultivo da garoupa verdadeira Epinephelus marginatus. Porém, a aplicação dos limpadores depende da produção destas espécies em cativeiro. Neste contexto, o presente trabalho foi único, pois lançou mão de uma espécie limpadora endêmica, que mostra viabilidade na produção, em caráter piloto, no Brasil. Portanto, devido à viabilidade e sustentabilidade na produção do neon gobi em cativeiro e a sua capacidade de limpeza, como demonstrado na garoupa verdadeira, recomenda-se que esta espécie seja utilizada em estudos de controle de ectoparasitos principalmente em reprodutores, que necessitam de condições ótimas para a reprodução e a desova.

Palavra-Chave: ectoparasitos, peixe limpador, peixes marinhos, piscicultura marinha

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ABSTRACT

CLEAN INTERACTION BETWEEN THE CULTIVATED NEON GOBI Elacatinus figaro AND THE DUSKY GROUPER

Epinephelus marginatus AND ITS EFFECT ON CONTROL OF Neobenedenia melleni

Marine fish farming has great potential in the Brazilian coast, but intensively, this activity can lead to poor water quality, that is a major source of stress in aquatic animals, increasing the susceptibility of the animals to disease. Conventional treatments for the control of pathogens, especially ectoparasites, are difficult to implement on a large scale and have a high cost, besides providing an increase in stress of fish. Thus, the use of cleaner fish appears as an alternative in the control of ectoparasites. The present study has shown the efficiency of removal of the ectoparasite Neobenedenia melleni, by the barber goby Elacatinus figaro, produced in captivity, in the cultivation of the dusky grouper Epinephelus marginatus. However, the use of cleaner fish for this purpose depends on the production of this fish in captivity. In this context, this work was unique once it uses a cultivated cleaner fish, endemic to Brazil. Thus, due to the viability and sustainability in the production of the barber goby in captivity and its cleaning ability, as demonstrated in the dusky grouper, we recommend this species to be used in studies of the control of ectoparasites, especially in broodfish, as they need optimum conditions for reproduction and spawning.

Keywords: ectoparasites, cleaner fish, marine fishes, marine fish farming

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................... 13

ARTIGO – Interação de limpeza entre o neon gobi Elacatinus figaro cultivado e a garoupa verdadeira Epinephelus marginatus e seu efeito no controle de Neobenedenia melleni.................................. 22

Resumo................................................................................................. 23

Abstract................................................................................................ 24

1. Introdução........................................................................ 25

2. Materiais e Métodos........................................................ 27

2.1 Material Biológico e Local de Manutenção.............. 27

2.2 Interação de limpeza entre o neon gobi produzido em cativeiro e a garoupa verdadeira............................... 27

2.3 Estimativa do grau de infestação por ectoparasitos em garoupas e eficiência da limpeza pelo neon gobi...... 28

2.4 Coleta sanguínea e caracterização hematológica..... 29

2.5 Parâmetros Abióticos................................................ 30

2.6 Análise estatística...................................................... 30

3. Resultados........................................................................ 31

3.1 Interação de limpeza entre o neon gobi produzido em cativeiro e a garoupa verdadeira............................... 31

3.2 Estimativa do grau de infestação por ectoparasitos em garoupas e eficiência do neon gobi no seu controle.. 32

3.3 Caracterização hematológica.................................... 37

4. Discussão......................................................................... 38

5. Conclusões....................................................................... 42

6. Referências...................................................................... 43

7. Agradecimento................................................................ 49

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA INTRODUÇÃO.............. 51

ANEXOS............................................................................................. 60

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INTRODUÇÃO Cultivo de serranídeos

Os serranídeos, denominados genericamente por meros, chernes, badejos e garoupas, geralmente apresentam rápido crescimento e resistência ao manejo, sendo indicados para sistemas intensivos de criação (SANCHES, 2006). Além disso, alcançam elevado preço de mercado e são importantes também para a pesca esportiva e para o turismo subaquático (DAVID-HODGKINS, 1993), o que reforça a oportunidade de sua utilização em piscicultura marinha.

Segundo Main e Rosenfeld (1995), os maiores produtores de serranídeos cultivados são Taiwan, Singapura, Tailândia, Hong Kong, Indonésia, China, Malásia, Vietnã e Filipinas, todos países do Sudeste Asiático. A importância do cultivo de serranídeos nessa região é tão grande que governos como o da Tailândia, consideram-no uma das prioridades nacionais. As principais espécies produzidas são a garoupa gigante Epinephelus lanceolatus, a garoupa malabar E. malabaricus, garoupa de manchas marrons E. chlorostigma, garoupa de manchas laranja E. coioides, garoupa de manchas amarelas E. bleekeri, garoupa verde de manchas brancas E. amblycephalus, garoupa pantera Cromileptes altivelis, garoupa estuarina E. salmoides, garoupa gordurosa E. tauvina, garoupa amarela E. awaara, garoupa tigre E. fuscoguttatus e a truta coral Plectropomus leopardus (SANCHES, 2006).

A produção de serranídeos no Sudeste Asiático já supera as 13.000 toneladas/ano, sendo tradicionalmente realizada por pequenos e médios produtores, em áreas costeiras abrigadas (APEC/SEAFDEC, 2001). Porém, esta atividade não se mostra sustentável, já que a grande maioria das formas jovens (entre 66 e 80%) utilizadas nos cultivos é obtida através de captura na natureza. Aproximadamente 60 milhões de larvas e juvenis são capturados anualmente, para engorda em tanques rede, nesta região (SADOVY, 2000). Desta forma, a solução para este problema é o desenvolvimento de pesquisas que consigam completar todo o ciclo (reprodução, larvicultura, engorda) em laboratório, de todas as espécies de garoupas com interesse comercial (FAO, 2009).

O preço de venda dos serranídeos pode ser bastante elevado, a garoupa pantera, por exemplo, chega a atingir o valor de US$ 90 por quilo comercializada viva, em mercados de Hong Kong. No mercado norte-americano, atualmente, os serranídeos congelados estão cotados entre US$ 5 a 7/kg e nas Bahamas os exemplares vivos são comercializados entre US$ 21 a 28/kg (TUCKER, 1999). No Brasil, os

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serranídeos têm elevada demanda e são muito valorizados, o preço médio praticado na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) é R$15,00/kg. Além disso, no município de Parati, Estado do Rio de Janeiro, os valores podem chegar até R$25,00/kg, em vendas diretas a turistas na temporada. (SANCHES et al., 2006).

A garoupa verdadeira

Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) (Serranidae: Epinephelinae) é uma espécie amplamente distribuída, ocorrendo por toda costa do Mediterrâneo, em ambos os lados do Oceano Atlântico e no Sudeste do oceano Índico, ao Sul de Moçambique (HEEMSTRA; RANDALL, 1993). No Atlântico Leste, distribui-se desde as Ilhas Britânicas ao Sul da África (FENNESSY, 2006), já na Costa Oeste, ocorre desde o Sul da Bahia até o Norte da Patagônia (HEEMSTRA; RANDALL, 1993; IRIGOYEN et al., 2005; HOSTIM-SILVA et al., 2006). A distribuição mais meridional da espécie nas Américas parece ser o Golfo da Patagônia, Argentina (42ºS) (IRIGOYEN et al., 2005), enquanto no Brasil, os molhes da barra de Rio Grande-RG, possivelmente represente a distribuição mais austral desta garoupa ao longo da faixa litorânea brasileira (CONDINI et al., 2007).

Baseados em dados moleculares, Craig e Hastings (2007) refizeram a classificação desta espécie, tranferindo Epinephelus marginatus para o gênero Mycteroperca, passando a se chamar Mycteroperca marginatus. Porém esta mudança não é suportada por sinapomorfias morfológicas, sendo pouco adotada no meio científico (GIBRAN, 2007).

Comumente encontrada em recifes de corais e formações rochosas de águas rasas, com profundidades até 50 m, esta espécie habita regiões costeiras e demersais (FIGUEIREDO; MENEZES, 1980; HEEMSTRA; RANDALL, 1993). Alguns autores sugerem que sua distribuição batimétrica, possivelmente, está relacionada com o tamanho (HARMELIN; HARMELIN-VIVIEN, 1999; KARA; DERBAL, 1999; MACHADO et al., 2003). Devido à sobre-pesca, esta espécie foi incluída na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (IUCN, 2004). Na Espanha, o esforço de captura levou esta espécie quase à extinção, tornando raros os relatos de ocorrência (LÓPEZ; ORVAY, 2005). Naquele mesmo país, a produção pesqueira desta espécie caiu de 605 ton em 1978, para 0 ton em 1986 (FAO, 1991). De acordo com este mesmo órgão, a produção Européia de pesca desta espécie caiu de 4508 para 504 toneladas, entre os anos de 1990 e 2001. No Brasil, a espécie

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apresenta um papel econômico importante para a pesca local ao longo da costa, porém a sobre-pesca vem causando uma diminuição nos estoques, o que fez com que esta espécie fosse incluída na lista de recursos marinhos “sobre-explotados ou ameaçados de sobre-explotação” (BRASIL, 2004) e no Estado de São Paulo (SÃO PAULO 2008). Desde 2003, foi estipulado, no Brasil, um tamanho mínimo de captura de 47 cm (BRASIL, 2005; SANCHES, 2007; CABRITA et al., 2009).

Outra característica, que torna esta espécie susceptível à pressão pelo esforço de pesca, é a complexidade das características reprodutivas, pois E. marginatus é hermafrodita protogínico, além disso, forma agregações populacionais reprodutivas e apresenta uma complexa estrutura social envolvida neste processo (FALCÓN et al., 1996). Esta espécie apresenta um importante papel no ambiente natural. Por se tratar de um predador de topo, contribui para a manutenção do balanço ecológico dos ecossistemas em que atua (REÑONES et al., 2002; LA MESA et al., 2002). Estudos demonstram que a garoupa verdadeira alimenta-se, principalmente, de peixes, crustáceos e cefalópodes (DERBAL; KARA, 1996). Entre os peixes, estão incluídos representantes da família Gobiidae (MACHADO et al., 2008).

O alto valor comercial, devido à qualidade da carne e à alta demanda de mercado, os bons índices zootécnicos, além da resistência ao manejo e adaptação a sistemas intensivos de criação, apresentados pela garoupa-verdadeira, justificam sua produção em sistemas intensivos (DAVID-HODGKINS, 1993; SANCHES, 2006). Esta espécie vem sendo produzida em caráter experimental, com resultados promissores, pelo Instituto de Pesca, Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte, em Ubatuba, São Paulo, além do desenvolvimento de tecnologias de inversão sexual e criopreservação de sêmen (SANCHES et al., 2008; SANCHES et al., 2009; CABRITA et al., 2009). Apesar dos resultados promissores, esta espécie é altamente susceptível a infestações de Neobenedenia melleni. Sanches e Vianna (2007) apontaram a existência de expressiva quantidade deste parasito no cultivo de E. marginatus, o que pode causar problemas no desenvolvimento do cultivo desta espécie. A piscicultura marinha, o uso de sistemas intensivos de cultivo e o surgimento de enfermidades

A piscicultura marinha apresenta-se como uma atividade de enorme potencial no litoral brasileiro. A grande extensão da costa, o grande número de baías e enseadas, o clima compatível e a

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disponibilidade de espécies nativas potencialmente cultiváveis, são alguns aspectos que determinam e elevam esse potencial. Essa atividade tem se desenvolvido muito nos últimos anos e surge como alternativa à diversificação das atividades ligadas ao setor pesqueiro, geração de empregos e renda, além de proporcionar um estímulo ao desenvolvimento da indústria de apoio e contribuir para a diminuição da coleta dos estoques naturais e minimização dos efeitos da sobre explotação da pesca (PAES, 2002).

Porém, a implantação deste tipo de atividade deve ser realizada de forma racional, pois o uso de sistemas intensivos de cultivo para peixes marinhos, que utilizam densidades de estocagem e níveis de arraçoamento elevados, contribui para a redução da qualidade da água e consequentemente favorecem o aparecimento de patógenos, prejudicando o desempenho do cultivo (MCGHIE et al., 2000). O desenvolvimento da produção em cultivos intensivos geralmente está associado com o surgimento de doenças parasitárias (KENT, 2000). Essas doenças podem ter sérios impactos econômicos, não somente causando perdas com a mortalidade dos peixes, mas também aumentando os custos de produção, através dos gastos com tratamentos, ou com a redução na qualidade da produção (NOWAK, 2007). Com isso, após a implantação, a maior preocupação em cultivos marinhos passa a ser o controle e a prevenção das doenças (BRUGGER, 1995 LEONG, 1997; RÜCKERT et al., 2008; RÜCKERT et al., 2009). Além disso, para que este tipo de cultivo torne-se economicamente viável é necessário o tratamento de parasitos, bem como um manejo sanitário adequado (SENG, 1997).

Ectoparasitos no cultivo de peixes marinhos

Com a ampliação dos cultivos, um grande número de enfermidades tem sido relatado em diversas espécies de peixes marinhos de importância comercial, destacando-se àquelas causadas pelos ectoparasitos, em especial àqueles pertencentes ao grupo dos monogenóides capsalídeos (Benedenia sp. e Neobenedenia sp.) (PAPERNA et al., 1984; LEONG; WONG, 1988; AL-MARZOUQ; AL-RIFAE, 1994; KOESHARYANI et al., 1999; DEVENEY et al., 2001; ERNST et al., 2002; JITHENDRAN et al., 2005; SANCHES; VIANNA, 2007). Monogenóides são ectoparasitos hematófagos aquáticos que vivem sobre a superfície do corpo do hospedeiro, aproveitando-se da queda da resistência dos animais para causarem severas infestações (BOEGER; POPAZOGLO, 1994). De acordo com Paperna (1991) este tipo de parasito pode ingerir muco e células epiteliais, causando

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hemorragias, inflamações e hiper produção de muco, no peixe hospedeiro. A patogenicidade dos monogenóides está diretamente ligada ao método de fixação no hospedeiro e a alimentação hematófaga, provocando anemia severa no peixe (MACPHEE, 2001).

Estes parasitos causam problemas em diversas espécies de importância econômica cultivadas pelo mundo. Paperna et al. (1984) verificaram mortalidade massiva em juvenis de “squaretail rabbitfish” Siganus luridus cultivados no Mar Vermelho, causada por monogenóides. Al-Marzouq e Al-Rifae (1994) chamaram a atenção para problemas causados por infestações de Benedenia sp. em cultivos de garoupas gordurosas Epinephelus tauvina no litoral do Kuwait. Koesharyani et al. (1999) apontaram sérios problemas no cultivo da garoupa pantera Cromileptes altivelis na Indonésia, causados por infestações de monogenóides capsalídeos. No cultivo do robalo asiático Lates calcarifer, na Austrália, Neobenedenia melleni provocou a mortalidade de mais de 200.000 peixes, em três semanas (DEVENEY et al., 2001). MacPhee (2001) relata que a alta densidade de estocagem e a deterioração da qualidade da água são fatores motivadores para o surgimento de infestações por monogenóides em cultivos de salmão, o que gera elevadas taxas de mortalidade. Segundo Ernst et al. (2002), no Japão, cerca de 20% dos custos de produção de espécies do gênero Seriola são destinados ao combate de Benedenia seriolae. Jithendran et al. (2005) verificaram a presença de grande quantidade do monogenóide Benedenia epinepheli em garoupas gordurosa, cultivadas no litoral da Índia. Chambers e Ernst (2005) chegam a alertar que infestações de Benedenia sp. são a maior barreira para a expansão de cultivos de peixes marinhos. Neobenedenia melleni – Ciclo de vida e sintomas clínicos em peixes

Neobenedenia melleni (MacCallum, 1927) Yamaguti 1963 apresenta enorme potencial para causar surtos de doenças em cultivos de espécies marinhas. Nestas espécies, tal parasito apresenta uma intensa proliferação, o que se deve em parte devido à fixação dos ovos (Anexo 1) nas estruturas de cultivo. Estes ovos dão origem a uma larva ciliada, que nada em procura de um hospedeiro, encontrando-o rapidamente, devido às elevadas densidades de estocagem adotadas pelos cultivos intensivos (RÜCKERT et al., 2009). O ciclo de vida do gênero Neobenedenia foi descrito por Bondad-Reantaso et al. (1985) que enfatizaram a rápida facilidade de propagação deste parasito em cultivos marinhos. De acordo com Muller et al. (1994), os sintomas clínicos em peixes marinhos, causados por infestações com N. melleni, incluem

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recusa de alimento, letargia, lesões nos olhos, descoloração e excessiva produção de muco. Whittington e Horton (1996) afirmaram que espécimes de N. melleni, encontrados no mesmo hospedeiro, podem apresentar formas de corpo diferentes (Anexo 2), com alguns apresentando um corpo mais alongado do que outros, fato que pode influenciar na fixação deste parasito.

Este monogenóide tem sido relatado para uma gama de espécies hospedeiras, infestando os olhos, nadadeiras, brânquias, narinas e pele de mais de 100 espécies de teleósteos marinhos, o que caracteriza a baixa especificidade deste parasito (WHITTINGTON; HORTON, 1996). A maior parte destes relatos ocorreu para peixes mantidos em aquários ou sob condições de cultivo, onde tal parasito chega a ser letal (JAHN; KUHN, 1932; THONEY; HARGIS, 1991; KANEKO et al. 1988, MUELLER et al. 1992). Bullard et al. (2000) afirmaram que esta espécie foi transferida para mamíferos (e.g. peixe-boi Trichechus manatus), tartarugas e peixes que tiveram contato com rêmoras Echeneis neucratoides em Porto Rico. Existem publicações de ocorrência de N. melleni para o Mar do Caribe, para o Atlântico Oeste, para o Leste e meio do Oceano Pacífico e para o Mar Vermelho (WHITTINGTON; HORTON, 1996). Sanches e Vianna (2007) apontaram a existência de expressiva quantidade desse monogenóide na garoupa verdadeira Epinephelus marginatus, provocando a destruição do globo ocular, infecções bacterianas e elevada mortalidade dos animais. Estes mesmos autores citam o verão como época mais problemática na infestação por este parasito no cultivo da garoupa verdadeira, no litoral Norte de São Paulo. Este fato ocorre devido ao intenso desenvolvimento do “biofouling”, que causa a deterioração da qualidade da água dentro das unidades de cultivo.

Tratamentos para o controle de ectoparasitos em peixes marinhos e o uso de peixes limpadores

Diversos tratamentos têm sido propostos para o controle e eliminação dos ectoparasitos nos cultivos marinhos. Dentre os mais aplicados estão os tratamentos químicos, que utilizam sulfato de cobre, formalina, permanganato de potássio, mebendazol e compostos organofosforados (THONEY; HARGIS, 1991). Porém, para aplicação em larga escala, estes tratamentos possuem um alto custo, além de não serem apropriados para peixes destinados à alimentação, pois podem ser potencialmente danosos aos consumidores e ao meio ambiente (COWELL et al., 1993). Outro tratamento utilizado para o controle de ectoparasitos é o banho de imersão em água doce (WHITTINGTON et

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al., 2001; BOTERO; OSPINA, 2003), que possui vantagens como a praticidade e baixo custo, porém é de difícil aplicação em larga escala e exige o manejo periódico e individual dos animais, o que pode aumentar os níveis de estresse dos mesmos, acarretando em perdas na produtividade.

A utilização de peixes limpadores no controle de ectoparasitos surge como alternativa ao uso dos tratamentos convencionais (COWELL et al., 1993; DEADY et al., 1995; TULLY et al., 1996; GRUTTER et al., 2002). Porém, a eficiência de limpeza do peixe limpador depende da freqüência alimentar, da taxa de ingestão de parasitos, e da interação com o peixe cliente. O bodião limpador Labroides dimidiatus, por exemplo, chega a consumir mais de 1200 gnatídeos por dia (GRUTTER, 1996). Segundo Cowell et al. (1993), o uso de gobídeos limpadores foi altamente efetivo na remoção de monogenóides em cultivo de tilápia vermelha em água salgada. Zimmerman et al. (2001) descreveram o sucesso do uso de outro gobídeo Gobiosoma oceanops como peixe limpador no cultivo da cioba Lutjanus analis e do olhete Seriola dumerili. Benetti et al. (2007) sugerem que o uso do Gobiosoma oceanops é benéfico para a manutenção de reprodutores de bijupirá Rachycentron canadum.

Além de realizar a remoção de parasitos, os peixes limpadores possivelmente proporcionam um efeito positivo sobre o bem estar dos clientes, gerado pelo estímulo tátil de suas nadadeiras pélvicas e peitorais sobre o peixe cliente, processo comparado a massagens em humanos (BSHARY et al., 2007). Estes mesmos autores mostraram que clientes que tiveram acesso aos peixes limpadores apresentaram menores níveis de cortisol, indicando menor estresse, em relação aqueles que não tiveram acesso à limpeza.

O hábito alimentar limpador, onde certos organismos (limpadores) ingerem parasitos, muco e restos de tecidos da superfície corporal de outro organismo (cliente), é encontrado em mais de 100 espécies de teleósteos, distribuídas em 19 famílias (CÔTÉ, 2000). Dentre as quais, destaca-se a família Gobiidae, com um grande número de espécies que apresentam este hábito especializado. Esta família é representada principalmente pelo gênero Elacatinus, conhecido como limpador obrigatório altamente especializado (SAZIMA et al., 2000).

O neon gobi

O neon gobi Elacatinus figaro (Teleostei: Gobiidae) é uma espécie limpadora, endêmica da costa brasileira, ocorrendo do litoral do Ceará até Santa Catarina, em profundidades entre 3 e 20 metros

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(CARVALHO-FILHO, 1999). Após sua metamorfose, apresenta a coloração do corpo preto-azulada com duas faixas amarelas brilhantes no dorso (SAZIMA et al., 1997). Durante toda sua vida, este pequeno gobídeo habita uma pequena região, sem grandes deslocamentos, característica que facilita sua adaptação ao ambiente de cultivo (WITTENRICH, 2007). Devido a estas características, apresenta grande interesse pelo mercado da aquariofilia (ARAÚJO; ALBUQUERQUE-FILHO, 2005). Durante muito tempo, esteve entre as espécies ornamentais mais exploradas no litoral brasileiro, segundo Gasparini et al. (2005), entre as espécies recifais, o neon gobi foi a 6ª mais exportada pelo Brasil e a 1ª pelo estado da Bahia, entre os anos de 1999 a 2001. Esta espécie tem estado no mercado de peixes ornamentais por mais de 20 anos, o que tem gerado uma queda nos estoques naturais e com isso, foi incluída na lista de peixes e invertebrados ameaçados de extinção, na qual foi estabelecida a proibição da sua captura e comercialização (BRASIL, 2004).

Este pequeno peixe habita os recifes de coral e apresenta um importante papel ecológico nestes ambientes, atuando na limpeza de uma variedade de clientes, que incluem desde pequenos herbívoros até grandes carnívoros, como xareis, badejos e garoupas, consideradas espécies de grande importância econômica (FLOETER et al., 2007; MONTEIRO-NETO et al., 2003). Segundo Sazima et al. (2000), Elacatinus figaro atua na limpeza de mais de 30 espécies, sendo que dentre essas está incluída a garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus). Esse processo de limpeza ajuda a controlar a densidade de ectoparasitos nas populações deste ecossistema (SAZIMA et al., 1997). Tendo em vista tal importância, os limpadores representam um importante serviço de saúde pública nos recifes (SAZIMA; SAZIMA, 2004).

O cultivo do neon gobi e seu uso como limpador

Deve-se ressaltar que o Laboratório de Piscicultura Marinha II (LAPMAR II) da Universidade Federal de Santa Catarina vem desenvolvendo pesquisa com este peixe desde 2007. Relevantes resultados nas áreas de reprodução, larvicultura e tecnologia de cultivo do neon gobi foram obtidos, sendo elaborado um protocolo inicial para o cultivo desta espécie (MEIRELLES et al., 2008; CÔRTES et al., 2009; MEIRELLES et al., 2009). Além disso, esta espécie já vem sendo produzida, em caráter piloto, no Brasil, pela empresa Neotropical Brasil, localizada no Município da Penha, SC, o que torna sustentável a utilização deste limpador.

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Entretanto, trabalhos devem desenvolver técnicas e protocolos de profilaxia de ectoparasitos em diversas espécies de peixes marinhos, utilizando o neon gobi como peixe limpador. O uso deste peixe limpador seria importante principalmente na manutenção de reprodutores e adultos.

O artigo desenvolvido a partir deste trabalho será submetido à revista científica Aquaculture e encontra-se formatado conforme as normas desta revista.

OBJETIVOS

Geral: Criar uma alternativa sustentável para os problemas causados por

infestações de monogenóides capsalídeos em cultivos de peixes marinhos.

Específicos:

1) verificar a interação de limpeza entre o neon gobi produzido em cativeiro e a garoupa verdadeira;

2) avaliar a capacidade de remoção de Neobenedenia melleni na garoupa verdadeira pelo neon gobi;

3) identificar a proporção ideal entre garoupas e limpadores, para que haja uma limpeza eficiente;

4) avaliar o efeito da presença destes limpadores nos parâmetros hematológicos dos clientes.

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INTERAÇÃO DE LIMPEZA ENTRE O NEON GOBI Elacatinus figaro CULTIVADO E A GAROUPA VERDADEIRA Epinephelus marginatus E SEU EFEITO NO CONTROLE DE Neobenedenia melleni

Roberto A. R. de Souzaa, Wesley F. Annunciaçãoa, Stephane M. Linsb, Eduardo G. Sanchesc e Mônica Y. Tsuzukia

aLaboratório de Piscicultura Marinha II, Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis - SC

bUniversidade Estadual de Santa Cruz, Rodovia Ilhéus - Itabuna km 16, Ilhéus - BA

cNúcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte - Instituto de Pesca, Ubatuba, SP

Endereço para correspondência – Laboratório de Piscicultura Marinha II, Departamento de Aquicultura, Centro de Ciências Agrárias,

Universidade Federal de Santa Catarina, CP: 476, Florianópolis, SC, CEP: 88040-970, Brasil

tel.:+554832327532; fax:+554837215473

E-mail: [email protected] (M. Y. Tsuzuki)

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Resumo

A utilização de peixes limpadores surge como alternativa ao uso dos tratamentos convencionais no controle de ectoparasitos em cultivos de peixes marinhos. Com isso, o presente trabalho buscou verificar a interação entre o neon gobi Elacatinus figaro produzido em cativeiro e a garoupa verdadeira Epinephelus marginatus, bem como a eficiência deste limpador na remoção de ectoparasitos e na condição dos parâmetros hematológicos das garoupas. Para tal, foram realizados dois experimentos. No primeiro, utilizou-se um tanque circular de 2000 L, povoado com 3 garoupas e 3 limpadores, no qual pôde-se verificar a ocorrência de interação entre estas duas espécies recifais. Verificou- se, também, uma possível preferência dos limpadores pela garoupa de maior tamanho. No segundo experimento, foram testados quatro tratamentos, com quatro repetições cada: TSL (Controle) – duas garoupas sem a presença de limpadores, T1L – duas garoupas com a presença de 1 limpador, T3L – duas garoupas com a presença de 3 limpadores e T6L – duas garoupas com a presença de 6 limpadores. O experimento teve duração de oito dias e ao final, foi realizado um banho de água doce para remoção e quantificação dos ectoparasitos, identificados como Neobenedenia melleni. Neste período, observou-se uma maior média de infestação no tratamento controle (37 parasitos/peixe) e a menor infestação, no tratamento T6L (4,1 parasitos/peixe). T1L e T3L apresentaram média de infestação igual a 17 e 11, respectivamente. Desta forma, observou-se que na medida em que se aumenta o número de peixes limpadores nos tratamentos, obtém-se uma melhor eficiência na limpeza, sendo que no tratamento T6L, houve uma remoção de quase 90% dos parasitos. No início e no final do experimento foi retirada uma alíquota de sangue, para análise de níveis de glicose, porcentagem de hematócrito e contagem total de eritrócitos. Estes parâmetros não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos (p>0,05). Devido à viabilidade da produção e da capacidade de remoção de ectoparasitos observada pelo neon gobi na garoupa, o uso deste peixe limpador seria importante principalmente na manutenção de reprodutores, que necessitam de condições ótimas para a reprodução e desova.

Palavra-Chave: Neobenedenia melleni, peixe limpador, peixes marinhos, piscicultura marinha

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Abstract

The use of cleaner fish appears as an alternative to the conventional treatments in the control of ectoparasites in marine fish culture. Thus, this study aims to evaluate the interaction between the barber goby Elacatinus figaro produced in captivity (cleaner fish), and the dusky grouper Epinephelus marginatus, and the efficiency of the cleaner fish in removing ectoparasites and interfering in the condition of the hematological parameters of groupers. For these purposes, two experiments were conducted. At first, three groupers and three cleaners were stocked in a 2,000L circular tank, in which it was verified the occurrence of an interaction between these two reef species. There was also a possible preference for the cleaners for the larger grouper. In the second experiment, four treatments were tested in quadruplicate: TSL (Control) - two groupers without the presence of a cleaner fish, T1L - two groupers with the presence of one cleaner fish, FT3 - two groupers with three cleaner fish and T6L - two groupers with 6 cleaner fish. The trial lasted eight days and the end, a freshwater bath was done for removal and quantification of ectoparasites, identified as Neobenedenia melleni. During this period, there was a greater mean infestation in the control treatment (37 parasites / fish) and the lowest infestation in the T6L treatment (4.1 parasites / fish). T1L and TL3 had an average infestation of 17 and 11 parasites/fish, respectively. Thus, by increasing the number of cleaner fish in the treatments, a higher cleaning efficiency was obtained, as observed in T6L treatment, where almost 90% of the parasites were removed. At the beginning and end of the experiment, blood was sampled for analysis of glucose levels, percentage of hematocrit and erythrocyte count. These parameters showed no significant difference among the treatments (p> 0.05). Due to the feasibility of production and capacity of removal of ectoparasites observed by the barber goby in the grouper, we recommend the use of this species in the control of Neobenedenia melleni, especially in broodfish, as they need optimum conditions for reproduction and spawning.

Keywords: Neobenedenia melleni, cleaner fish, marine fishes, marine fish farming

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1. Introdução

O uso de sistemas intensivos de cultivo para peixes marinhos, que utilizam densidades de estocagem e níveis de arraçoamento elevados, contribui para a redução da qualidade da água e consequentemente favorece o aparecimento de patógenos, prejudicando o desempenho do cultivo (Mcghie et al., 2000). Esses patógenos podem produzir sérios impactos econômicos, não somente causando perdas com a mortalidade dos peixes, mas também aumentando os custos de produção, através dos gastos com tratamentos ou com a redução na qualidade da produção (Nowak, 2007). Surtos de doenças, frequentemente relatados na Ásia, podem estar relacionados à grande quantidade de parasitos encontrados nas garoupas de cultivo (Leong e Wong, 1988). Com isso, após a implantação dos cultivos, a maior preocupação passa a ser o controle e a prevenção das doenças (Brugger, 1995; Leong, 1997; Rückert et al., 2008; Rückert et al., 2009).

Um grande número de enfermidades tem sido relatado em diversas espécies de peixes marinhos de importância comercial, destacando-se àquelas causadas pelos ectoparasitos, em especial àqueles pertencentes ao grupo dos monogenóides capsalídeos Benedenia sp. e Neobenedenia sp. (Paperna et al., 1984; Leong e Wong, 1988; Al-Marzouq e Al-Rifae, 1994; Koesharyani et al., 1999; Deveney et al., 2001; Ernst et al., 2002; Jithendran et al., 2005; Sanches e Vianna, 2007). Chambers e Ernst (2005) afirmaram que as infestações de Benedenia sp. são a maior barreira para a expansão de cultivos de peixes marinhos. No cultivo do robalo asiático Lates calcarifer na Austrália, Neobenedenia melleni provocou a mortalidade de mais de 200.000 peixes em três semanas (Deveney et al., 2001). Segundo Ernst et al. (2002), no Japão cerca de 20% dos custos da produção de espécies do gênero Seriola (olhetes) são destinados ao combate de Benedenia seriolae. Al-Marzouq e Al-Rifae (1994) chamaram a atenção para problemas causados por infestações de Benedenia sp. em cultivos de garoupas gordurosas Epinephelus tauvina no litoral do Kuwait.

A garoupa verdadeira Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) (Serranidae: Epinephelinae) apresenta alto valor comercial, devido à qualidade da carne e à alta demanda de mercado. Além destas características, os bons índices zootécnicos, a resistência ao manejo e a fácil adaptação ao cultivo, são características que justificam sua produção em sistemas intensivos (David-Hodgkins, 1993; Sanches, 2006). No Brasil, esta espécie vem sendo produzida em caráter experimental, com resultados promissores, pelo Instituto de Pesca, em

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Ubatuba/SP. Apesar dos resultados promissores, esta espécie é altamente susceptível a infestações de N. melleni. Sanches e Vianna (2007) apontaram a existência de expressiva quantidade deste parasito no cultivo da garoupa verdadeira, provocando a destruição do globo ocular, infecções bacterianas e elevada mortalidade dos animais. Estes mesmos autores citam o verão como época mais propícia para a infestação por estes parasitos, nesta espécie de garoupa.

Desse modo, peixes limpadores surgem como alternativa ao uso dos tratamentos convencionais no controle de ectoparasitos (Cowell et al., 1993; Deady et al., 1995; Tully et al., 1996 Grutter et al., 2002). Segundo Cowell et al. (1993), o uso de gobídeos limpadores foi altamente efetivo na remoção de monogenóides no cultivo de tilápia vermelha em água salgada. Zimmerman et al. (2001) descreveram o sucesso no uso do gobídeo Gobiosoma oceanops, como peixe limpador no cultivo da cioba Lutjanus analis e do olhete Seriola dumerili. Benetti et al. (2007) sugerem que o uso deste mesmo gobídeo é benéfico para a manutenção de reprodutores de bijupirá Rachycentron canadum. Além de realizar a remoção de parasitos, os peixes limpadores possivelmente proporcionam um efeito positivo sobre o bem estar dos clientes, gerado pelo estímulo tátil de suas nadadeiras pélvicas e peitorais sobre o peixe cliente, processo comparado a massagens em humanos (Bshary et al., 2007). Estes mesmos autores mostraram que peixes que tiveram acesso aos limpadores apresentaram menores níveis de cortisol, indicando menor estresse, em relação àqueles que não tiveram acesso à limpeza.

Gobídeos do gênero Elacatinus são tidos como os peixes limpadores mais especializados do Atlântico Ocidental tropical (Losey, 1974, 1987; Colin, 1975; Johnson e Ruben, 1988; Wicksten, 1995). O neon gobi Elacatinus figaro é uma espécie endêmica da costa brasileira, ocorrendo do litoral do Ceará até Santa Catarina, em profundidades entre 3 e 20 m (Carvalho-Filho, 1999). Durante muitos anos esteve entre as espécies ornamentais mais exploradas no litoral brasileiro e, devido a esta sobre-exploração, E. figaro foi incluída na lista de peixes e invertebrados ameaçados de extinção (Brasil, 2004). Este pequeno peixe habita os recifes de coral e apresenta um importante papel ecológico nestes ambientes, atuando na limpeza de uma variedade de clientes, que incluem desde pequenos herbívoros até grandes carnívoros, como xaréis, badejos e garoupas, consideradas espécies de grande importância econômica (Monteiro-Neto et al., 2003; Floeter et al., 2007). Segundo Sazima et al. (2000), E. figaro atua na limpeza de mais de 30 espécies, dentre as quais está incluída a garoupa verdadeira.

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A fim de se criar uma alternativa sustentável para os problemas causados por infestações de monogenóides capsalídeos em cultivos de peixes marinhos, o presente trabalho buscou verificar se o neon gobi produzido em cativeiro apresenta comportamento de limpeza sobre a garoupa verdadeira, verificar a eficiência deste limpador na remoção de ectoparasitos e seu efeito nos parâmetros hematológicos da garoupa, bem como identificar a proporção ideal entre garoupas e limpadores, para que haja uma limpeza eficiente.

2. Materiais e Métodos 2.1 Material Biológico, Local de Manutenção e Local Experimental

Os peixes limpadores Elacatinus figaro utilizados neste experimento foram oriundos da reprodução de neons da 3ª geração (F3), produzidos em cativeiro, proveniente de adultos selvagens obtidos em maio de 2007, do estado da Bahia, com autorização do IBAMA número 136/2006-DIFAP/IBAMA. Estes animais foram cultivados no Laboratório de Piscicultura Marinha II (LAPMAR II) da Universidade Federal de Santa Catarina, segundo métodos descritos por Meirelles et al. (2008), Côrtes (2009) e Meirelles et al. (2009). Após a transição do alimento vivo para o inerte, os juvenis foram alimentados com ração NRD (5-6) (INVE, Bélgica - 57% de Proteína Bruta e 14,5% de Lipídeos), peixes e camarões picados.

Os exemplares de garoupa verdadeira Epinephelus marginatus, oriundas de captura na natureza, foram mantidas em condições de cultivo em tanques rede situados na Baía de Itaguá, Ubatuba-SP, sendo alimentadas até a saciedade aparente com sardinha picada uma vez a cada dois dias. Durante os experimentos as garoupas foram alimentadas uma vez ao dia, no período da tarde.

Os experimentos de interação e eficiência de limpeza foram realizados no Instituto de Pesca, na base do Litoral Norte de São Paulo, Ubatuba, em janeiro de 2010, época de maior ocorrência de ectoparasitos nas garoupas cultivadas, conforme observado por Sanches e Vianna (2007).

2.2 Experimento I - Interação de limpeza entre o neon gobi cultivado e a garoupa verdadeira

Três garoupas, pesando 350, 420 e 1215 g e medindo 30, 32 e 44 cm, respectivamente, foram inseridas em um tanque circular de 2000 L (Anexo 3), o qual possuía filtro mecânico e biológico, em sistema de recirculação.

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Após um período de três dias (aclimatação das garoupas), foram introduzidos três neons, os quais possuíam 5 meses de idade e tamanho médio de 3,5 cm. No fundo do tanque, foram colocados dois vasos de cerâmica furados nas laterais, a fim de servir de local de abrigo para os neons e de simular uma possível estação de limpeza.

Este experimento teve duração de quatro dias, com utilização de fotoperíodo natural (~13L:11E), salinidade 35 ppt e a temperatura da água variando entre 27 e 29 °C.

Foram registradas observações sobre o comportamento dos peixes, cinco vezes ao longo do dia, às 7:00, 10:00, 13:00, 16:00 e 19:00, com duração de 10 minutos para cada observação. O comportamento de interação entre os peixes foi fotografado e vídeo-documentado. 2.3 Experimento II - Estimativa do grau de infestação por ectoparasitos em garoupas e eficiência da limpeza pelo neon gobi

Para a obtenção de uma estimativa da média de infestação inicial das garoupas antes do início do experimento, dez peixes que estavam nos tanques rede citados anterirmente foram submetidos, individualmente, a um banho de água doce por 6 minutos, para remoção dos monogenóides. Esta água foi filtrada em peneira com malha de 45um para coleta dos parasitos, os quais foram fixados em solução de formol a 5%, para posterior contagem e identificação em microscópio estereoscópico. Esta contagem gerou a média de infestação inicial. As garoupas (n=10) utilizadas para obtenção desta média inicial foram divididas em dois grupos: garoupas maiores (n=5), com 685±152 g (média ± desvio padrão) e 37±3 cm de peso e comprimento, respectivamente; garoupas menores (n=5), com 390±127 g e 26±3 cm de peso e comprimento, respectivamente.

A fim de se avaliar a eficiência da limpeza realizada por E. figaro, foram testados quatro tratamentos, com quatro repetições cada: 1) tratamento TSL (controle) – manutenção de duas garoupas sem a presença de limpadores; 2) tratamento T1L – manutenção de duas garoupas com a presença de um limpador; 3) tratamento T3L – manutenção de duas garoupas com a presença de três limpadores; 4) tratamento T6L – manutenção de duas garoupas com a presença de seis limpadores.

O experimento foi desenvolvido em um sistema de recirculação, composto por 16 tanques de lona preta, com formato cúbico e volume de 3500 L (Anexo 4). Este sistema apresentava uma taxa de renovação diária de água em torno de 250 a 300%.

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Os tanques de cada tratamento foram escolhidos aleatoriamente, sendo os tanques 3, 4, 7 e 9 para o tratamento TSL, os tanques 2, 6, 11 e 14 para o tratamento T1L, os tanques 1, 5, 8 e 12 para o tratamento T3L e os tanques 10, 13, 15 e 16 para o tratamento T6L (Anexo 5).

Em cada unidade experimental, colocaram-se duas garoupas, sendo uma de tamanho maior (647±230 g e 35,8±3,7 cm de comprimento; média ± desvio padrão) e outra de tamanho menor (372 ±144g e 30,1±4,0 cm de comprimento). Entretanto, as médias do peso e do comprimento das garoupas não variaram entre os tratamentos (p>0,05).

Nos tanques, onde foram utilizados peixes limpadores, foram colocados potes de cerâmica emborcados, como anteriormente descritos (Anexo 6). Nestes tanques, os limpadores foram introduzidos 2 dias antes das garoupas, para possibilitar uma aclimatação dos mesmos.

Quatro vezes ao dia (08:00, 11:00, 14:00 e 17:00 horas), as garoupas foram observadas quanto ao comportamento alimentar e natatório e os limpadores em relação ao comportamento de limpeza e simbiose com as garoupas.

O experimento teve duração de oito dias e, ao final, foi quantificado o número de parasitos por peixe em todos os animais através de banho de água doce, como anteriormente descrito. No início e no final do experimento as garoupas foram medidas e pesadas, com ictiômetro e balança analítica, respectivamente. Também foi retirada uma alíquota de sangue, por punção vaso-caudal. Para realização destes procedimentos, os peixes foram anestesiados com solução de benzocaína (50 mg/l).

2.4 Coleta sanguínea e caracterização hematológica

Uma alíquota de sangue oi coletada por punção do vaso-caudal, com auxílio de seringas contendo EDTA 10% como anticoagulante (Ghiraldelli et al., 2006). Esse sangue foi destinado à análise da porcentagem de hematócrito, análise de glicose e contagem total de eritrócitos.

Para análise de hematócrito, o sangue foi colocado em capilares e centrifugado a 3000 rpm por 5 minutos, em microcentrífuga e a leitura realizada em escala de hematócrito. Uma alíquota deste sangue foi utilizada para determinação do índice glicêmico, com utilização de um medidor portátil (Accu-Chek, Roche) e o restante foi utilizado para a contagem do número total de eritrócitos, em câmara de Neubauer, após diluição de 1:200 em solução de cloreto de sódio (0,85%).

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Para melhor avaliação dos parâmetros hematológicos, as garoupas permaneceram em jejum por 24 horas antes dos procedimentos de coleta sanguínea.

2.5 Parâmetros Abióticos

Diariamente, às 09:00 horas foram tomados os parâmetros abióticos. Foi utilizado fotoperíodo natural (~13L:11E) e a temperatura da água (termômetro de mercúrio), variou entre 27 e 29 °C. A salinidade, medida através de refratômetro portátil (RTS – 101ATC), foi de 34 ppt. O oxigênio dissolvido variou de 5,1 para 6,4 mg/L, com a porcentagem de saturação variando entre 83 e 110% e a condutividade manteve-se entre 56,5 e 59,1 us/cm. Estes últimos parâmetros foram tomados através de um medidor portátil (YSI 85).

Os valores de nitrito e nitrato se mantiveram nulos. A amônia total se manteve estável (0,25 mg/L), com um leve aumento a partir do quinto dia (entre 0,25 e 0,5 mg/L), mantendo-se neste valor até o final do experimento. Estes parâmetros foram obtidos com a utilização de kits da Alcon (LabconTest).

2.6. Análise estatística

Para verificar a similaridade entre o peso e o comprimento das garoupas utilizadas nos diferentes tratamentos, foi aplicada uma análise de variância (ANOVA ONE-WAY), seguida pelo teste de Tukey (α=0,05).

O desenho experimental foi delineado inteiramente ao acaso e para verificar a relação entre a infestação final e o número de peixes limpadores foi utilizada uma análise de regressão linear simples (α=0,05). Em seguida, as médias de infestação dos tratamentos T1L, T3L e T6L foram comparadas à média de infestação do tratamento controle (TSL), através de análise de variância (ANOVA ONE-WAY), seguida pelo teste de Dunnett (α=0,05). A média de infestação inicial foi comparada com a média do tratamento controle (TSL) através de ANOVA ONE-WAY.

Os parâmetros hematológicos (níveis de glicose, porcentagem de hematócrito e total de eritrócitos) foram submetidos à análise de variância (ANOVA ONE-WAY), seguida pelo teste de Dunnett (α=0,05), para comparação entre as médias dos tratamentos T1L, T3L e T6L com o tratamento TSL (controle). Os parâmetros do tratamento TSL foram comparados com os valores iniciais através de ANOVA ONE-WAY.

Para uma melhor aplicação dos testes estatísticos, os dados foram transformados. Os valores de glicose, porcentagem de hematócrito e total de eritrócitos foram transformados para log10 e os valores de

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infestação por Neobenedenia melleni sofreram uma transformação mais

leve, através da raiz quadrada . Todos os dados foram analisados no programa BioEstat 5.0. 3. Resultados 3.1. Experimento I - Interação de limpeza entre o neon gobi produzido em cativeiro e a garoupa verdadeira

No primeiro dia do experimento, 18 minutos após a introdução dos neons, foi observada a interação entre os peixes (Fig. 1). A primeira aproximação dos neons se deu através de uma “dança”, realizada por um comportamento natatório diferenciado, no qual os neons se posicionavam paralelamente às garoupas e nadavam para frente e para trás, possivelmente a fim de que as garoupas pudessem visualizar seu padrão de coloração. Após esse primeiro contato, os neons partiam para a inspeção sobre a superfície corporal da garoupa. Geralmente, a interação era realizada entre um limpador e uma garoupa, com algumas observações de mais de um neon atuando na mesma garoupa. Em um determinado momento, no segundo dia do experimento, foram observados três neons inspecionando a maior garoupa, simultaneamente.

Figura 1 – Interação de limpeza entre o peixe limpador neon gobi e a garoupa verdadeira

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Foi observada a preferência dos neons em inspecionar a garoupa de maior tamanho (Tab. 1). Devido a este fato, a maioria das interações ocorreu com esta garoupa, com poucas interações com as outras garoupas, sendo dois registros com a menor e um com a média.

As maiores frequências de interação foram observadas no meio do dia, nos períodos de 10:00 e 13:00 horas, com algumas observações eventuais ocorrendo no período da tarde (16:00 h). No primeiro e último horário (7:00 e 19:00) não foram registradas ocorrências de interação.

Tabela 1 - Observações comportamentais dos limpadores no experimento da interação de limpeza

1° Dia 2° Dia 3° Dia 4° Dia

07:00 "Dança" − − −

10:00 Int-3 Int-3 Int-3 Int-1

13:00 Int-3 Int-3 Int-2 Int-2

16:00 Int-3 − Int-3 −

19:00 − − − −

*Int-1 representa a interação entre os limpadores e a menor garoupa (30cm); Int-2, interação com a garoupa média (32cm); Int-3, interação com a maior garoupa (44cm)

3.2. Experimento II - Estimativa do grau de infestação por ectoparasitos em garoupas e eficiência do neon gobi no seu controle

No decorrer do experimento, ocorreu mortalidade de uma garoupa em dois tanques dos tratamentos TSL, T1L e T3L, totalizando seis garoupas mortas. As garoupas do tratamento TSL morreram no sexto dia do experimento, já as dos tratamentos T1L e T3L morreram no sétimo dia. Com isso, nestes tratamentos o número final de garoupas foi igual a seis (n=6). As causas desta mortalidade não foram identificadas. No tratamento T6L não houve mortalidade de garoupas, apresentando número final igual a oito (n=8).

Nas análises de identificação e contagem de parasitos, em lupa, foi observada a presença de apenas um tipo de ectoparasito, o qual foi identificado como Neobenedenia melleni (Fig. 2), de acordo com Sanches (2008).

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Figura 2 – Neobenedenia melleni encontrado na garoupa verdadeira

Para a obtenção da média de infestação inicial (antes do

experimento), as garoupas maiores apresentaram média de infestação igual a 24±4, e as menores apresentaram 24,6±3 parasitos, sendo que estes valores não diferiram significativamente (p>0,05). Desta forma, a média de infestação inicial foi obtida através dos valores de todos os peixes (n=10) utilizados, sendo 24,3 ± 5,1 parasitos por garoupa (Tab. 2).

As garoupas (n=10) utilizadas para a obtenção da média de infestação inicial apresentaram 537±203 g e 34±5 cm de peso e comprimento médios, respectivamente. Estes valores não diferiram significativamente (p>0,05) em relação à média de peso e de comprimento das garoupas utilizadas em todos os tratamentos experimentais.

Uma vez que as garoupas estavam sujeitas às mesmas condições ambientais, supõe-se que elas apresentavam médias de infestação similar às garoupas utilizadas no início do experimento.

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Tabela 2 - Grau de infestação por Neobenedenia melleni na garoupa verdadeira, nos diferentes tratamentos.

Inicial (10) TSL (6) T1L (6) T3L (6) T6L (8)

24,3 ± 5,1 37,0 ± 3,9a 17,0 ± 4,7b 11,0 ± 2,4b 4,1 ± 1,1b

(17-33) (32-42) (10-23) (8-15) (3-6)

*Os valores apresentados são a média± desvio padrão do número de parasitas.

**Abaixo, em parêntese, segue os valores mínimos e máximos de parasitos para cada tratamento.

*** Letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa nos tratamentos T1L, T3L e T6L quando comparados com o controle TSL (p<0,01). As comparações estatísticas foram feitas por ANOVA ONE-WAY seguido de teste de Dunnett.

Ao final do experimento, não houve diferença significativa

(p>0,05) entre a média de infestação final das garoupas maiores comparadas às menores, dentro de cada tratamento. Desta forma, a média de infestação final de cada tratamento foi obtida através dos valores de todos os peixes em cada tratamento.

O tratamento controle (TSL) apresentou média de infestação final de 37,0 ± 3,9 N. melleni por garoupa, o tratamento T1L com média de 17,0 ± 4,7, o tratamento T3L com média de 11,0 ± 2,4 e o tratamento T6L com média de 4,1 ± 1,1. As médias dos tratamentos T1L, T3L e T6L foram significativamente menores do que a média do tratamento TSL (p<0,01). O tratamento com seis limpadores (T6L) apresentou a maior eficiência de limpeza com uma redução de quase 90% dos parasitos, com relação ao tratamento controle, já os tratamentos T1L e T3L, propiciaram redução de 54 e 70% das médias de infestação, respectivamente. O tratamento controle (TSL) apresentou um aumento significativo com relação à média inicial (p<0,01), elevando em 52 % a média de infestação.

Estes valores mostraram que à medida que se aumenta o número de peixes limpadores nos tratamentos, obtém-se uma melhor eficiência na limpeza. Isto pode ser evidenciado através da análise de regressão que apresentou valor de R2=0,8269 com a equação da reta correspondente a Y=5,4044-0,5772X (Fig. 3).

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Figura 3 – Regressão entre a média de infestação final por Neobenedenia melleni e a quantidade de peixes limpadores, nos quatro tratamentos. Os valores de infestação observados neste gráfico foram transformados através da raiz quadrada de (número de parasitos/peixe + 0,5).

Estes resultados corroboram com as observações diárias, onde foram evidenciadas maiores interações entre os limpadores e as garoupas em dois tanques do tratamento T6L, preferencialmente no período vespertino (Tab. 3). Tabela 3 - Observação das interações entre os limpadores e as garoupas, nos diferentes tratamentos durante o experimento da eficiência da limpeza

26/jan 27/jan 28/jan 29/jan 30/jan 31/jan 01/fev

08:00 − − T6L T6L T6L T6L −

11:00 − − − − − − −

14:00 T6L T6L T3L e T6L T6L − T6L −

17:00 T6L − T3L e T6L T6L T6L T6L −

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Também ao longo das observações, evidenciou-se que as garoupas ficavam associadas ao fundo, principalmente encostadas na tubulação de saída da água ou nos potes de cerâmica. Com isso as garoupas impossibilitavam o estabelecimento dos neons nestes possíveis abrigos, os quais eram observados, na maioria das vezes, na lateral do tanque, próximos à superfície.

Na maioria dos tanques, foi observada a dominância da maior garoupa em relação à menor, observada principalmente na hora da alimentação, quando a menor garoupa era praticamente impossibilitada de comer.

As interações foram observadas ocorrendo sempre próximas aos abrigos, onde as garoupas permaneciam paradas, com o corpo inclinado em um ângulo de aproximadamente 45°. A limpeza era realizada, na maioria das vezes, na região posterior do corpo das garoupas, com alguns registros dos neons atuando nas brânquias e na cabeça. Em alguns tanques, as garoupas foram observadas expandindo seu opérculo, permitindo o acesso dos neons às brânquias. Este evento foi observado especialmente nos tanques com maior número de peixes limpadores (T6L).

Em certos momentos, durante os eventos de limpeza, as garoupas incomodavam-se com a presença dos neons sobre seu corpo. As mesmas levantavam a nadadeira dorsal e faziam movimentos bruscos, o que afugentava imediatamente os neons, interrompendo a interação de limpeza.

Um neon foi encontrado morto no primeiro dia do experimento e, para que não houvesse diferença entre os tratamentos, o peixe foi reposto por outro espécime. Ao final do experimento, foi verificado que 24 neons haviam desaparecido, provavelmente devido à predação pelas garoupas, pois nenhum deles foi visto morto nos tanques ao longo das observações diárias. As observações possibilitaram verificar uma diminuição das visualizações dos neons nos tanques nos últimos dias do experimento, principalmente no sétimo dia. O tratamento T1L apresentou um número final de neons igual a dois (50% sobrevivência), o T3L apresentou um número final igual a quatro (33% sobrevivência), sendo um limpador em cada unidade experimental. Já o tratamento T6L apresentou um número final igual a dez (42% sobrevivência), sendo dois tanques com 2 limpadores e os outros dois tanques com 3.

Ao término do experimento, algumas garoupas do tratamento controle (TSL) apresentaram exoftalmia (Fig. 4) e hemorragias na pele, possivelmente relacionadas aos níveis elevados de infestação observados neste tratamento.

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Figura 4 – Garoupa normal (esquerda) e garoupa apresentando exoftalmia (direita).

3.3. Caracterização hematológica Os níveis de glicose variaram entre 27,8 e 113 mg/dL nos

tratamentos T3L e T6L, respectivamente (Tab. 2). Houve uma tendência a diminuição dos níveis de glicose do tratamento TSL ao T3L e depois um aumento no T6L, contudo não foi evidenciada diferença significativa entre o TSL e os demais tratamentos (p>0,05).

As porcentagens médias de hematócritos variaram entre 24,8% (T1L) e 31,7% (T3L) e a contagem total de eritrócitos ocorrendo entre 135,4x104/uL (T6L) e 230,5x104/uL (T1L) (Tab. 4). As médias destes dois parâmetros não apresentaram diferença significativa entre o TSL e os demais tratamentos (p>0,05).

Os valores apresentados são a média± desvio padrão.

Tabela 4 - Parâmetros hematológicos de garoupas utilizadas no experimento.

Inicial (n=32)

TSL (n=6)

T1L (n=6)

T3L (n=6)

T6L (n=8)

Glicose (mg/dL) 60±33 74±57 29±22 28±19 113±84

Hematócritos (%) 31±6 29±8 25±7 32±9 31±6

Eritrócitos x104/uL 64±64 139±68 231±131 179±26 135±48

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Os parâmetros hematológicos iniciais não apresentaram diferença significativa em relação ao tratamento controle (TSL), para níveis de glicose, porcentagem de hematócrito e contagem total de eritrócitos (p>0,05).

4. Discussão

A interação de limpeza observada no presente estudo entre o peixe limpador Elacatinus figaro e a garoupa verdadeira Epinephelus marginatus ocorreu prontamente quando ambos os peixes foram colocados em contato. Deve-se ressaltar que, os peixes limpadores utilizados neste trabalho foram produzidos em cativeiro e, após a fase de metamorfose (desmame) sempre foram mantidos com o fornecimento de alimento inerte. Além disso, estes limpadores nunca haviam entrado em contato com outras espécies de peixe e nunca haviam se alimentado de ectoparasitos. Estes fatos demonstram o comportamento inato de limpeza do neon gobi. Tal comportamento também foi observado por Zimmerman et al. (2001) no gobídeo Gobiosoma oceanops produzido em cativeiro, atuando na limpeza de reprodutores de cioba Lutjanus analis e do olhete Seriola dumerili. Estes mesmos autores observaram o início da interação 30 min após a introdução dos gobídeos nos tanques dos reprodutores.

No presente estudo, a primeira aproximação dos neons se deu através de uma “dança”, que segundo Grutter (2004), é uma forma de comunicação interespecífica nas interações de limpeza. De acordo com Sazima e Sazima (2004) alguns limpadores apresentam um tipo de nado característico, indicando aos clientes a sua disposição em limpá-los. Alguns autores sugerem que este comportamento pode reduzir os riscos de agressão por parte do cliente (Losey, 1971; Sazima et al., 1998). Além disso, a habilidade do peixe cliente em reconhecer o peixe limpador pode estar diretamente relacionada ao padrão de coloração e ao uso de cores contrastantes. Segundo Arnal et. al. (2005), a coloração das espécies do gênero Elacatinus, que varia do amarelo ao azul, estaria relacionada ao contraste com os corais em que essas espécies habitam. De acordo com os mesmos autores, esse contraste seria fundamental para o reconhecimento dessas espécies pelos peixes clientes, no ambiente natural.

No primeiro experimento deste estudo (interação simbiótica), observou-se uma preferência dos limpadores em inspecionar a maior garoupa. Bansemer et al. (2002) observaram, em ambiente natural, o

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peixe Labroides dimidiatus realizando a limpeza nos clientes de maior tamanho, por um período de tempo mais prolongado. Além disso, diversos autores sugerem que os peixes com maior tamanho apresentam uma maior carga parasitária (Grutter e Poulin, 1998a; Poulin, 2000). Com isso os limpadores identificam os grandes clientes como uma fonte de maior disponibilidade de alimento (Poulin, 1993; Grutter, 1995; Grutter e Poulin, 1998b). De acordo com Soares et al. (2007), gobídeos do gênero Elacatinus, dão preferência para clientes com uma carga parasitária elevada.

Entretanto, considerando-se que, a maioria dos ectoparasitos dos peixes clientes são bem pequenos (0,14 a 2,7 mm) (Grutter, 1994) e muitos têm a capacidade de camuflagem (e.g. alguns monogenóides) (Whittington, 1996), os peixes limpadores não conseguem identificar os parasitos, antes de se aproximarem do cliente. Por sua vez, o tamanho do cliente pode ser identificado à distância pelo limpador.

O muco secretado pelo peixe cliente é outro alimento procurado pelos limpadores (Gorlick, 1980; Grutter; Bshary, 2003) e sua produção está relacionada com o tamanho do corpo (superfície corporal). Com isso, a seleção de clientes, baseada no tamanho do corpo, pode ser um método eficiente de escolha pelos limpadores (Grutter et al., 2005).

No experimento da eficiência de limpeza do neon na garoupa, não foi observada uma diferença entre a carga parasitária das maiores e das menores garoupas, sendo que ambas apresentavam um número similar de parasitas, tanto no início quanto ao final do tratamento de limpeza. Desta forma, pode-se supor que no primeiro momento, a atração dos peixes limpadores aos peixes de maior porte ocorreu devido ao tamanho do cliente, uma vez que os neons possivelmente não poderiam visualizar os parasitos.

Para obter alimento na forma de ectoparasitos e de outros materiais encontrados na superfície externa dos peixes, E. figaro interage com um grande número de espécies clientes. Porém, os padrões de interação que ocorrem nesta relação simbiótica ainda são bastante desconhecidos. Quais espécies recebem a limpeza e com que freqüência isto ocorre são padrões pouco compreendidos pelos pesquisadores (Grutter et al., 2005). Isto se dá em parte, devido ao fato de que tanto o cliente como o limpador, pode iniciar a interação (Losey, 1971).

Neobenedenia melleni demonstra alta patogenicidade e capacidade de provocar danos irreversíveis em diversas espécies marinhas, além de favorecer o surgimento de infecções secundárias causadas por Vibrios sp. Desta forma, Sanches (2008) relatou a importância de se atuar nos estágios iniciais da infestação por este

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parasito. No presente trabalho, as garoupas mantidas sem os peixes limpadores apresentaram exoftalmia e hemorragias na pele, diferentemente dos peixes mantidos com os limpadores, mostrando a importância destes peixes na manutenção da saúde das garoupas.

Ao final do experimento (oitavo dia), no tratamento com a presença de um peixe limpador (T1L), houve redução da carga parasitária em 54%. Já no mesmo período, o número muito baixo de parasitos observados no tratamento T6L (6 limpadores) indica que E. figaro foi capaz de eliminar quase que totalmente (88,9%) os ectoparasitos dos peixes clientes em um curto período de tempo. Possivelmente esta remoção teria sido total se o número de limpadores não tivesse sido reduzido nos tratamentos devido às mortalidades observadas.

Os resultados deste estudo demonstram que o neon gobi tem a capacidade de reduzir os níveis de infestação por N. melleni em garoupas verdadeiras. Porém, a capacidade de remoção de ectoparasitos por indivíduo de neon gobi (tratamento T1L), no nível de infestação apresentado pela garoupa no presente trabalho, foi moderada, sendo necessária a utilização de mais de um indivíduo para a devida eficiência do tratamento. Cowell et al. (1993) sugerem que gobídeos são capazes de eliminar os monogenóides de peixes em um curto período de tempo. Zimmerman et al. (2001) relataram a eficiência de gobídeos Gobiosoma oceanops, produzidos em cativeiro, na remoção de ectoparasitos em reprodutores de cioba Lutjanus analis e olhete Seriola dumerili.

Limpadores do gênero Elacatinus habitualmente interagem com clientes potencialmente perigosos, como espécies piscívoras (Côté, et al., 1998; Wicksten, 1998). Soares et al. (2007) chegam a alertar que limpadores do gênero Elacatinus, no ambiente natural, dão preferência a clientes predadores, fato que pode levar a eventuais quebras na relação simbiótica de limpeza, ocorrendo casos de predação (Lobel, 1976; Francini-Filho et al., 2000). Estes últimos autores relataram dois casos de predação pela garoupa Cephalopholis fulva sobre limpadores Thalassoma noronhanum que atuavam fora das estações de limpeza. Lobel (1976) observou o peixe falcão Cirrhites pinnulatus predando o limpador do Pacífico Labroides phthirophagus, quando estes atuavam fora das estações de limpeza. Além disso, Machado et al. (2008) relataram que gobídeos fazem parte da dieta da garoupa verdadeira no Sul do Brasil.

Com isso, presume-se que os peixes limpadores que desapareceram durante o experimento foram predados pelas garoupas, já que os abrigos colocados nos tanques para a formação das estações de

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limpeza foram dominados pelas garoupas, oprimindo a permanência dos neons nestes locais. Além disso, Grutter (2004) afirma que a probabilidade de agressão do cliente para com o limpador aumenta quando os níveis de infestação parasitária diminuem, reduzindo a necessidade da procura por serviços de limpeza. Este mesmo autor relatou que à medida que o cliente se torna faminto, os benefícios de predar o limpador aumentam.

Neste trabalho, a dominância da maior garoupa durante a alimentação pode ter gerado uma condição de fome na menor garoupa, fato que também pode explicar as possíveis predações ocorridas. Com isso a garoupa faminta pode ter identificado o neon como fonte de alimento. Grutter (2004) verificou que peixes famintos comeram os limpadores em menos de 8 minutos, depois de serem colocados no mesmo aquário. Este mesmo autor relatou a ingestão de limpadores mortos, quando oferecidos aos clientes.

A glicose é um bom indicativo de estresse, porém no presente trabalho não foram detectadas diferenças significativas entre os níveis de glicose entre o tratamento controle (TSL) e os demais tratamentos (p>0,05). Neves et al. (2007), detectaram níveis de glicose basais (31,6 mg/dL) e com a presença de abrigo (34,5 mg/dL) para a garoupa verdadeira, com valores similares aos tratamentos T1L e T3L deste estudo, sugerindo que, em termos numéricos, estes tratamentos proporcionaram menor nível de estresse nas garoupas.

Apesar de não ter sido confirmado a nível estatístico neste trabalho, diversos autores sugerem que a presença de limpadores é capaz de reduzir os níveis de estresse dos clientes (Deady et al., 1995; Zimmerman et al., 2001; Bshary et al., 2007). Assim, a utilização de gobídeos pode ser uma opção altamente viável na redução dos níveis de estresse em reprodutores de peixes marinhos. Este processo pode levar os reprodutores a uma melhor condição para formação dos gametas e consequente geração das larvas, além de garantir a sanidade dos mesmos (Zimmerman et al., 2001).

Da mesma forma, as porcentagens de hematócrito e as médias de eritrócitos das garoupas do tratamento controle (TSL) não diferiram significativamente dos valores observados para os demais tratamentos.

As porcentagens médias de hematócrito, verificadas neste trabalho, variaram entre 24,83 e 34%, e estão dentro dos valores encontrados para outras espécies de peixes teleósteos (20 e 35%, raramente ultrapassando 50%) (Johansson-Sjöbeck et al., 1977; Clark et al., 1979; Ozretic, et al., 2001; Rehulka et al., 2004). Neves et al. (2007), trabalhando com a mesma espécie de garoupa, com tamanho

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médio similar ao utilizado neste trabalho, obtiveram em animais não estressados (estado basal) valores de 27,5%, e nos peixes mantidos com a presença de abrigo, valores de 24%. Desta forma, possivelmente não existe uma relação entre a taxa de infestação parasitária e os valores de hematrócrito neste estudo. Fujimoto et al. (2009) também não verificaram esta relação para o robalo flecha Centropomus undecimalis.

Estudos avaliando a capacidade de remoção de parasitos têm sido propostos para uma gama de espécies limpadoras. Alguns aquaristas sugerem até a utilização de rêmoras no controle de infestações por N. melleni em hospedeiros de grande porte (Bullard et al., 2000). Resultados positivos obtidos nestes trabalhos possibilitariam a utilização destas espécies no controle biológico de ectoparasitos em cultivos de diversas espécies de peixes. Porém, a utilização dos limpadores depende da sua produção e disponibilidade no mercado. Desta forma, este estudo é de suma importância, pois utiliza uma espécie que mostra viabilidade de produção em cativeiro (Meirelles, 2008; Côrtes, 2009; Meirelles et al., 2009).

Devido à viabilidade e sustentabilidade na produção do neon gobi em cativeiro, e a sua capacidade de limpeza, como demonstrado na garoupa verdadeira, recomenda-se o uso desta espécie principalmente na manutenção de reprodutores, que necessitam de condições ótimas para a reprodução e desova. 5. Conclusões

O comportamento de limpeza pode ser evidenciado em indivíduos produzidos em cativeiro, que nunca haviam tido contato com outras espécies de peixes e com ectoparasitos, e que anteriormente se alimentavam somente com alimento inerte. Porém, os padrões de interação embutidos nesta relação simbiótica ainda são pouco conhecidos.

A utilização deste limpador, sobre infestações de Neobenedenia melleni em cultivos de garoupa, mostrou-se eficiente. Ficou evidenciado que à medida que se aumenta o número de peixes limpadores nos tratamentos, obtém-se uma melhor eficiência na limpeza.

Possivelmente a eficiência da limpeza teria sido maior se não houvesse ocorrido as predações observadas neste estudo. Desta forma, em futuros trabalhos envolvendo esta espécie de limpador, sugere-se a utilização de abrigos flutuantes (Anexo 7), para que este possa se esconder.

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Os autores gostariam de agradecer ao Luciano e Jonas, da empresa Neotropical, pela manutenção dos juvenis de neon. Aos técnicos Paulo e Laura, do Instituto de Pesca-SP, pela ajuda na realização deste trabalho. Gostaríamos de agradecer também ao CNPq por oferecer auxílio ao primeiro autor na forma de bolsa e ao Instituto de Pesca-SP, pela infra-estrutura.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos neste trabalho devem ser incorporados nos pacotes tecnológicos de tratamentos de monogenóides capsalídeos e servir como fonte de pesquisa para novos estudos com a utilização desta espécie no tratamento de ectoparasitos no cultivo de diversas espécies marinhas.

Uma observação importante a ser feita é que ao se propor este trabalho, pouco se conhecia sobre a interação deste limpador com outras espécies de peixes marinhos, em ambiente de cultivo, fato que pôde ser evidenciado prontamente após o encontro do neon com a garoupa.

Trabalhos futuros devem avaliar o efeito dos limpadores sob o estresse dos clientes, com a utilização de métodos que possam evidenciar melhor estes parâmetros, tal como a utilização de análises dos níveis de cortisol dos peixes.

Também se sugere a utilização de abrigos mais apropriados, tais como abrigos flutuantes, que proporcionem, de fato, um esconderijo para os neons, diminuindo as chances de predação.

Além disso, uma estimativa de custo da utilização do neon gobi no controle de ectoparasitos deve ser feita, a fim de que seja calculada a relação custo/benefício da utilização deste limpador na remoção de ectoparasitos de diversas espécies de peixes marinhos cultivados.

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ANEXOS

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Anexo 1. Ovos de Neobenedenia melleni

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Anexo 2. Diferentes formas do corpo de Neobenedenia melleni (Fonte: WHITTINGTON; HORTON, 1996)

Diferentes exemplos de formas do corpo de Neobenedenia melleni (MacCaUum, 1927) Yamaguti, 1963, desenhados sob a mesma escala. Barra = 1000um. (a) MacCallum (1927); (b) Jahn and Kuhn (1932); (c) Kaneko et al. (1988); (d) espécimes coletados de peixes-papagaios (Scaridae) do aquário de Nova York; (e) espécimes coletados de peixes-cirurgiões (Acanthuridae) do aquário de Nova York from DAT; (f) espécimes coletados de Seriola rivoliana de Bermuda. Espécimes formalmente conhecidas como N. girellae: (g) Hargis (1955); (h) Bravo-Hollis (1958); (i) Gaida and Frost (1991); (j) Goldberg et al. (1991).

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Anexo 3. Tanque onde foi realizado o primeiro experimento (Interação entre o neon e a garoupa)

Anexo 4. Tanques onde foi realizado o experimento da limpeza

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Anexo 5. Esquema com os tanques de cada tratamento

Anexo 6. Potes de cerâmica, utilizados no segundo experimento, para imitar possíveis abrigos para os neons

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Anexo 7. Abrigos flutuantes sugeridos para futuros trabalhos envolvendo este limpador em cultivos de espécies com hábitos bentônicos (e.g. garoupas, badejos e chernes)

Anexo 8. Etapas da produção dos neons no LAPMAR II

Reprodutores cuidando da desova. Desova de neon gobi.

Juvenis com 2 meses de idade. Adultos de neon gobi com seis meses.