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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: 1- Informativa e de reconhecimento; 2- Interpretativa. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia-central de cada parágrafo. A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferença na escolha adequada. Nas provas do ENEM não têm acontecido cobranças pedindo para o aluno marcar a falsa, mas mesmo assim, não é nada de mais alertarmos o nosso aluno, não é? Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. VEJA AS DIFERENÇAS ENTRE ANALISAR, COMPREENDER E INTERPRETAR. 1. O que se pretende com a análise textual? - identificar o gênero; a tipologia; as figuras de linguagem; - verificar o significado das palavras; - contextualizar a obra no espaço e tempo; - esclarecer fatos históricos pertinentes ao texto; - conhecer dados biográficos do autor; - relacionar o título ao texto; - levantar o problema abordado; - apreender a ideia central e as secundárias do texto; - buscar a intenção do texto; - verificar a coesão e coerência textual; - reconhecer se há intertextualidade. 2. Qual o objetivo da análise? - levantar elementos para a compreensão e, posteriormente, fazer julgamento crítico. 3. Para compreender bem é necessário que o leitor: - conheça os recursos linguísticos .Por exemplo, a regência verbal não compreendida pelo leitor pode levá-lo ao erro. Veja: Assisti o doente é diferente de assisti ao doente. No primeiro caso, a pessoa ajuda ao doente; no segundo, ela vê o doente. - perceba as referências geográficas, mitológicas, lendárias, econômicas, religiosas, políticas e históricas para que faça as possíveis associações. - esteja familiarizado com as circunstâncias históricas em que o texto foi escrito. Por exemplo, para entender que, no poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, o advérbio aqui e lá é, respectivamente, Portugal e Brasil, você tem que saber onde o poeta escreveu seu poema naquela época. - observe se há no texto intertextualidade por meio da paráfrase, paródia ou citação. 4. Afinal o que é interpretar? - Interpretar é concluir, deduzir a partir dos dados coletados. 5. Existe interpretação crítica?

Interpretação de Textos

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INTERPRETAO DE TEXTOS

Para ler e entender um texto preciso atingir dois nveis de leitura: 1- Informativa e de reconhecimento; 2- Interpretativa. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informaes e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretao grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra ideia-central de cada pargrafo. A ltima fase de interpretao concentra-se nas perguntas e opes de respostas. Marque palavras com NO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferena na escolha adequada. Nas provas do ENEM no tm acontecido cobranas pedindo para o aluno marcar a falsa, mas mesmo assim, no nada de mais alertarmos o nosso aluno, no ? Retorne ao texto mesmo que parea ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor.

VEJA AS DIFERENAS ENTRE ANALISAR, COMPREENDER E INTERPRETAR.

1. O que se pretende com a anlise textual? - identificar o gnero; a tipologia; as figuras de linguagem; - verificar o significado das palavras; - contextualizar a obra no espao e tempo; - esclarecer fatos histricos pertinentes ao texto; - conhecer dados biogrficos do autor; - relacionar o ttulo ao texto; - levantar o problema abordado; - apreender a ideia central e as secundrias do texto; - buscar a inteno do texto; - verificar a coeso e coerncia textual; - reconhecer se h intertextualidade.

2. Qual o objetivo da anlise? - levantar elementos para a compreenso e, posteriormente, fazer julgamento crtico.

3. Para compreender bem necessrio que o leitor: - conhea os recursos lingusticos .Por exemplo, a regncia verbal no compreendida pelo leitor pode lev-lo ao erro. Veja: Assisti o doente diferente de assisti ao doente. No primeiro caso, a pessoa ajuda ao doente; no segundo, ela v o doente. - perceba as referncias geogrficas, mitolgicas, lendrias, econmicas, religiosas, polticas e histricas para que faa as possveis associaes. - esteja familiarizado com as circunstncias histricas em que o texto foi escrito. Por exemplo, para entender que, no poema Cano do Exlio, de Gonalves Dias, o advrbio aqui e l , respectivamente, Portugal e Brasil, voc tem que saber onde o poeta escreveu seu poema naquela poca. - observe se h no texto intertextualidade por meio da parfrase, pardia ou citao. 4. Afinal o que interpretar? - Interpretar concluir, deduzir a partir dos dados coletados. 5. Existe interpretao crtica? - Sim, a interpretao crtica consiste em concluir os dados e, em seguida, julgar, opinar a respeito das concluses.

TRS QUESTES BSICAS PARA INTERPRETAR BEM UMA QUESTO DO ENEM Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido a resposta a trs questes bsicas: I. Qual a questo de que o texto est tratando? Ao tentar responder a essa pergunta, o leitor ser obrigado a distinguir as questes secundrias da principal, isto e, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor no sabe dizer do que o texto est tratando, ou sabe apenas de maneira genrica e confusa, sinal de que ele precisa ser lido com mais ateno ou de que o leitor no tem repertrio suficiente para compreender o que est diante de seus olhos.

II. Qual a opinio do autor sobre a questo posta em discusso? Disseminados pelo texto, aparecem vrios indicadores da opinio de quem escreve. Por isso, uma leitura competente no ter dificuldade em identific-la. No saber dar resposta a essa questo um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.

III. Quais so os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinio dada? Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele est falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor tambm um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na verdade, entender um texto significa acompanhar com ateno o seu percurso argumentativo.

EXERCCIO

01. ENEM - 2009 No programa do bal Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenrio e a indumentria, cujo efeito foi to surpreendente que se sobreps coreografia. A msica de Erik Satie era uma mistura de jazz, msica popular e sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do bal de Charlie Chaplin, caubis e viles, mgica chinesa e Ragtime. Os tempos no eram propcios para receber a nova mensagem cnica demasiado provocativa devido ao repicar da mquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dnamo e aos rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. J a ao coreogrfica confirmava a tendncia marcadamente teatral da gestualidade cnica, dada pela justaposio, colagem de aes isoladas seguindo um estmulo musical. SILVA, S. M. O surrealismo e a dana. GUINSBURG, J.; LEIRNER (org.). O Surrealismo. So Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).

As manifestaes corporais na histria das artes da cena muitas vezes demonstram as condies cotidianas de um determinado grupo social, como se pode observar na descrio acima do bal Parade, o qual reflete: a) a falta de diversidade cultural na sua proposta esttica. b) a alienao dos artistas em relao s tenses da Segunda Guerra Mundial. c) uma disputa cnica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da msica. d) as inovaes tecnolgicas nas partes cnicas, musicais, coreogrficas e de figurino. e) uma narrativa com encadeamentos claramente lgicos e lineares.

02. ENEM - 2009 Gnero dramtico aquele em que o artista usa como intermediria entre si e o pblico a representao. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ao. A pea teatral , pois, uma composio literria destinada apresentao por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramtico complementado pela atuao dos atores no espetculo teatral e possui uma estrutura especfica, caracterizada: 1) pela presena de personagens que devem estar ligados com lgica uns aos outros e ao; 2) pela ao dramtica (trama, enredo), que o conjunto de atos dramticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposio, conflito, complicao, clmax e desfecho; 3) pela situao ou ambiente, que o conjunto de circunstncias fsicas, sociais, espirituais em que se situa a ao; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretao real por meio da representao. COUTINHO, Afrnio. Notas de teoria literria. Rio de Janeiro. Civilizao Brasileira, 1973. (Adaptado.)

Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetculo teatral, conclui-se que: a) a criao do espetculo teatral apresenta-se como um fenmeno de ordem individual, pois no possvel sua concepo de maneira coletiva. b) o cenrio onde se desenrola a ao cnica concebido e construdo pelo cengrafo de modo autnomo e independente do tema da pea e do trabalho interpretativo dos atores. c) o texto cnico pode originar-se dos mais variados gneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crnicas, notcias, imagens e fragmentos textuais, entre outros. d) o corpo do ator na cena tem pouca importncia na comunicao teatral, visto que o mais importante a expresso verbal, base da comunicao cnica em toda a trajetria do teatro at os dias atuais. e) a iluminao e o som de um espetculo cnico independem do processo de produo/recepo do espetculo teatral, j que se trata de linguagens artsticas diferentes, agregadas posteriormente cena teatral.

03. ENEM - 2010 Em busca de maior naturalismo em suas obras e fundamentando-se em novo conceito esttico, Monet, Degas, Renoir e outros artistas passaram a explorar novas formas de composio artstica, que resultaram no estilo denominado impressionismo. Observadores atentos da natureza, esses artistas passaram a:

a) retratar, em suas obras, as cores que idealizavam de acordo com o reflexo da luz solar nos objetos. b) usar mais a cor preta, fazendo contornos ntidos, que melhor definiam as imagens e as cores do objeto representado. c) retratar paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em suas telas, as imagens por eles idealizadas. d) usar pinceladas rpidas de cores puras e dissociadas diretamente na tela, sem mistur-las antes na paleta. e) usar as sombras em tons de cinza e preto e com efeitos esfumaados, tal como eram realizadas no Renascimento.

Claude Monet. Mulher com sombrinha madame Monet e seu filho. 1875., leo sobre tela, 100x81cm.

04. ENEM - 2010

Aps estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do incio do sculo XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras crticas de Monteiro Lobato. Com a inteno de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas:

a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais. b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, at ento utilizada de forma irrestrita, afetando a criao artstica nacional. c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prtica educativa. d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artstica ligada tradio acadmica. e) buscaram a liberdade na composio de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

05. ENEM - 2010 O Arlequim, o Pierr, a Brighella ou a Columbina so personagens tpicos de grupos teatrais da Commedia delart, que, h anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas crticas, declarando seu amor por todas as belas jovens e, ao final da apresentao, despediam-se do pblico com msicas e poesias. A inteno desses atores era expressar sua mensagem voltada para a:

a) crena na dignidade do clero e na diviso entre o mundo real e o espiritual. b) ideologia de luta social que coloca o homem no centro do processo histrico. c) crena na espiritualidade e na busca incansvel pela justia social dos feudos. d) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do incio do sculo XVI. e) ideologia humanista com cenas centradas no homem, na mulher e no cotidiano.

06. ENEM - 2010 O Modernismo brasileiro teve forte influncia das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referncia o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plsticas, a: a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. b) forma esttica ganha linhas retas e valoriza o cotidiano. c) natureza passa a ser admirada como um espao utpico. d) imagem privilegia uma ao moderna e industrializada. e) forma apresenta contornos e detalhes humanos. 07. A pintura barroca uma pintura realista, concentrada nos retratos no interior das casas, nas paisagens e nas naturezas mortas. Por outro lado, a expanso e o fortalecimento do protestantismo fizeram com que os catlicos utilizassem a pintura como um instrumento de divulgao da sua doutrina. Tomando como referncia o quadro A Coroao de Cristo, identifica-se que, nas artes plsticas,

A Coroao de Cristo, Van Dyck, 1620, Flandres, Madrid. a) O acentuado contraste de claro-escuro (expresso dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensao de profundidade. b) A composio simtrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geomtrica e o equilbrio da arte renascentista. c) A escolha de cenas no seu momento de menor intensidade dramtica. d) Os artistas eram ento convocados a transformar as Escrituras em realidade perceptvel aos fiis. O contedo emocional intensificado e a falta de realismo do barroco eram meios ideais para que se atingisse esse objetivo. e) A luz aparece por um meio natural, projetada para guiar o olhar do observador at o acontecimento principal da obra.