intervenção

Embed Size (px)

DESCRIPTION

D

Citation preview

A vida no campo de concentrao1- O escrnio (menosprezo)[...] A uma temperatura de 20 graus negativos, comeamos a trabalhar, em plena floresta, para assentar tubos de canalizao de gua. Na poca eu j estava bastante enfraquecido fisicamente. Chega o capataz, bochechudo e de faces rosadas. Noto que est usando luvas, que fazem muito bem naquele frio, enquanto ns temos que trabalhar sem elas. Ele me fixa por algum tempo, calado. Tenho um mau pressgio, pois minha frente se v um monte de terra que permite controlar perfeitamente o quanto j produzi. Eles no aceitam nossos argumentos de que um trabalhador normal no se sustenta com 300 gramas de po e um litro de sopa rala por dia. Ento ele comea: "Seu vagabundo! Estou de olho em voc o tempo todo! Ainda vou ensin-lo a trabalhar mesmo que voc tenha que arrancar a terra a dentes! Em dois dias acabo com voc! Logo se v que em toda sua vida nunca trabalhou! Afinal, o que voc foi, antes de vir aqui, seu porcalho? Comerciante? Hein? " Para mim, tanto faz. Fico parado de p e o fito com firmeza nos olhos: "Eu era mdico. Especialista." - "O que? Mdico? Voc aliviava o bolso das pessoas, isto sim!" - "Sr. capataz: por casualidade meu trabalho principal era feito de graa." Isto foi demais. Ele se atira em cima de mim, me derruba no cho e berra feito um louco no lembro mais o qu. Mas tive sorte. Um Capo do meu grupo de trabalho se mostrava muito reconhecido para comigo. Passei a ser seu protegido desde quando lhe dera ateno ao me contar seus casos amorosos e conflitos matrimoniais durante a marcha de vrias horas rumo ao local da obra.

A vida no campo de concentrao2- Poltica e Religio[...] De um modo geral prevalece uma espcie de hibernao cultural. parte deste fenmeno mais ou menos geral, existem apenas duas reas de interesse. Em primeiro lugar a poltica (o que no de surpreender) e, em segundo, a religio (o que no deixa de ser notvel). No campo de concentrao todos discutem poltica quase sem parar, mesmo que se trate apenas de ouvir sequiosamente os boatos infiltrados e pass-los adiante - sobre a situao militar do momento, etc.O interesse religioso dos prisioneiros, na medida em que surgia, era o mais ardente que se possa imaginar. O mais impressionante neste sentido devem ter sido as reaes aos cultos improvisados, no canto de algum barraco ou num vago de gado escuro e fechado.

A vida no campo de concentrao3- Desinfeco [...] Ento todos os participantes do transporte mandados para a esquerda recebiam um pedao de sabo marca "Rif". Sobre o que se desenrolava dali em diante posso calar-me, depois que relatos mais autnticos j o tornaram conhecido. Ns, a minoria do transporte, ficamos sabendo naquela mesma noite. Perguntei a companheiros que j estavam h mais tempo no campo de concentrao onde poderia ter ido parar meu colega e amigo P. Ele foi mandado para o outro lado? Sim, respondi. Ento podes v-lo ali, disseram. Onde? Uma mo aponta para uma chamin distante algumas centenas de metros, da qual sobe assustadora e alta labareda pelo imenso e cinzento cu polons, para se extinguir em tenebrosa nuvem de fumaa. O que h ali? Ali o teu amigo est voando para o cu.

A vida no campo de concentrao4- Apatia [...] Aps o primeiro estgio de choque, o prisioneiro passa para o segundo estgio, a fase de relativa apatia. A pessoa aos poucos vai morrendo interiormente. Por enquanto ele no consegue suportar a cena de pessoas sendo sadicamente torturadas, vendo companheiros subindo e baixando horas a fio na sujeira, ao ritmo ditado a porrete. Passados alguns dias ou semanas, contudo, ele j reage de forma diferente. De manh cedo, ainda no escuro, est com o grupo de trabalho, pronto para sair marchando numa das ruas do campo, frente ao porto de entrada; ouve gritos, olha e observa como um companheiro seu esmurrado at cair no cho, e isto vrias vezes. levantado e sempre de novo derrubado a socos. Por qu? Porque est ardendo em febre. Indiferente e j insensvel, o observador pode ficar olhando sem se perturbar.O nojo, o horror, o compadecimento, a revolta, tudo isso o prisioneiro j no pode sentir nesse momento. Padecentes, moribundos e mortos constituem uma cena to corriqueira, depois de algumas semanas num campo de concentrao, que no conseguem sensibiliz-lo mais.

A vida no campo de concentrao5- A fuga para dentro de si[...] Para pessoas sensveis, originalmente habituadas a uma vida intelectual e culturalmente ativa, permanece aberta a possibilidade de se retirar daquele ambiente terrvel para se refugiar num domnio de liberdade espiritual e riqueza interior. Esta a nica explicao para a contradio de s vezes, justamente aquelas pessoas de constituio mais delicada conseguirem suportar melhor a vida num campo de concentrao do que as pessoas de natureza mais robusta.Para tornar este tipo de experincia mais ou menos compreensvel, vejo-me outra vez obrigado a reportar-me a coisas pessoais. Recordo-me de quando saamos do campo, de manh cedo, marchando rumo "obra", na escurido, aos tropeos e pontaps, um companheiro que marcha ao meu lado murmura de repente: Se nossas esposas nos vissem agora.... E eis que aparece minha frente a imagem de minha mulher.

A vida no campo de concentrao6- Fome[...] O que ramos ainda? Uma massa da qual diariamente apodrecia. Podamos observar como o corpo passava a devorar-se a si mesmo. Nosso tempo era tomado por interminveis discusses sobre a convenincia ou no de se comer aos poucos, ao longo do dia, a minguada rao de po que, nos ltimos tempos, era distribuda apenas uma vez. Havia dois grandes partidos. Uns eram a favor de se comer tudo de uma vez, assim que recebido. Isto teria duas vantagens: deste modo matava-se o pior da fome ao menos uma vez por dia, se bem que por pouco tempo, e em segundo lugar eliminava-se a possibilidade de roubo ou perda da rao por descuido. O momento mais terrvel era o despertar. Os trs apitos estridentes que davam a ordem de "Levantar!" nos arrancavam sem d nem piedade do sono da exausto e de ansiosos sonhos, ainda em plena madrugada. Nesses minutos terrveis eu tinha um msero consolo: tirar do bolso um pedacinho de po guardado da noite anterior e mastig-lo todinho entregue a esse prazer.

A vida no campo de concentrao7- O que di [...] No campo se espancado pelas razes mais insignificantes, ou mesmo sem razo alguma. A dor fsica causada por golpes no o mais importante por sinal, no s para ns, prisioneiros adultos, mas tambm para crianas que recebem castigo fsico! A dor psicolgica, a revolta pela injustia ante a falta de qualquer razo o que mais di numa hora dessas. Paro por um momento, a fim de tomar flego, e me apio na ferramenta. Por infelicidade, no mesmo instante o guarda se vira em minha direo e pensa naturalmente que estou vadiando. O que me di agora, apesar de tudo e a despeito da insensibilidade crescente, no a perspectiva de alguma carraspana ou bordoada, e sim o fato de que para aquele guarda essa figura velha e esfarrapada, que s de longe lembra vagamente um ser humano, no merece sequer uma repreenso. Ao invs, ele no faz mais do que levantar uma pedra do cho e, como se estivesse brincando, atira-a em minha direo. Desse jeito - foi o que senti - chama-se a ateno de um bicho qualquer, assim se adverte o animal domstico de seu dever, o animal com que se tem uma relao to superficial que nem se chega a castig-lo.

A vida no campo de concentrao8- SexualidadeProvavelmente o estado de subnutrio que explica o fato de o instinto sexual, de modo geral, no se manifestar nos prisioneiros, nem mesmo em sonhos. Toda a nsia de amor do prisioneiro, bem como outros sentimentos, de forma alguma deixam de aparecer.

9- Ausncia de sentimentosAo ser transferido para um campo filial em Dachau, na Baviera, o trem, que transportava cerca de dois mil prisioneiros, passava por Viena depois da meia noite. O percurso seguinte passava defronte ao beco em que est a casa onde nasci e na qual vivi dcadas inteiras da minha vida. Enxergava as ruas, praas e casas da minha infncia, da minha terra natal, - era um sentimento bem ntido como se eu j tivesse morrido, como um morto olhando do alm, um fantasma a contemplar esta cidade de aspecto fantasmagrico.

A vida no campo de concentrao10- Os sonhos dos prisioneirosQual o sonho mais frequente da pessoa internada no campo? Ela sonha com po, com tortas, cigarros e com uma banheira cheia de gua quente. Outra coisa o efeito desse sonho sobre quem sonha, no momento em que desperta para a realidade do campo de concentrao e sente o terrvel contraste entre a iluso do sonho e a realidade do campo.Jamais vou esquecer certa noite em que fui acordado pelo companheiro que dormia ao meu lado a gemer e revolver-se, evidentemente sob o efeito de algum pesadelo horrvel. Quero observar de antemo que pessoalmente sempre tive penas de pessoas torturadas por angustiosos pesadelos ou fantasias. Por isso eu j estava prestes a acordar o pobre companheiro atormentado pelo pesadelo. Neste instante assustei-me do meu propsito e retirei a minha mo que j ia despertar o companheiro do seu sonho. Pois naquele momento me conscientizei com muita nitidez de que nem mesmo o sonho mais terrvel poderia ser to ruim como a realidade que nos cercava ali no campo; e eu estava prestes a chamar algum de volta para a experincia desperta e consciente dessa realidade.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA PROLICEN 2015

Espiritualidade e Educao para o sentido da Vida

Orientador: Thiago Aquino Colaboradores: Aline Costa Arthur Gadelha Juan Apolinrio Las Farias Safira Ribeiro1 ano B 13:40 s 14:30SEGUNDA FEIRA

27/07Apresentaes, diviso da turma em 2 grupos e aplicao de pr-teste

03/08Interveno com o grupo 1. Tema: A dimenso do esprito humano; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

10/08Interveno com o grupo 1. Tema: Vontade de Sentido; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

17/08Interveno com o grupo 1. Tema: Liberdade e responsabilidade; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

24/08Interveno com o grupo 1. Tema: Autotranscedncia; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

07/09 FERIADO

14/09Interveno com o grupo 1. Tema: Conformismo e totalitarismo; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

21/09Interveno com o grupo 1. Tema: O valor e a dignidade do ser humano; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

28/09Interveno com o grupo 1. Tema:Encontrar sentido em situaes limite; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

05/10Interveno com o grupo 1. Tema: Dizer sim a vida apesar de tudo; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

12/10FERIADO

19/10Interveno com o grupo 1. Tema: O suprassentido; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

26/10Interveno com o grupo 1. Tema: A descoberta de sentido; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

02/11FERIADO

09/11Interveno com o grupo 1. Tema: Projeto de vida; Discusso de captulo do livro Em Busca de Sentido com o grupo 2

16/11Aplicao do ps-teste com ambos os grupos e encerramento.

1 ano A - 15:30 s 14:20 SEGUNDA FEIRA

27/07Apresentaes, aplicao de pr-teste;

23/11Aplicao de ps-teste.

RefernciasFRANKL, V. E. (2014).Em busca de sentido. (36 ed.). Petrpolis/RJ: Editora Vozes.AQUINO, T. A. A. (2015). Sentido da Vida e Valores no Contexto da Educao: Uma proposta de interveno luz do pensamento de Viktor Frankl. Editora Paulinas (1 ed.)