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Intervenções dos EUA na América Latina e Oriente Médio Alguns exemplos - Cuba – durante a guerra de independência de Cuba no final do século XIX, os EUA alegaram que um dos seus navios ancorado na ilha foi atacado pelas forças espanholas e, por isso, entraram na guerra, no que ficou conhecido como Guerra Hispano-Americana (1898). Rapidamente os EUA venceram as forças espanholas, mas ao invés de garantir a soberania cubana, o novo país passou a ter em sua constituição um dispositivo chamado Emenda Platt, que garantia o direito do país sofrer intervenção norte-americana sempre que fosse do interesse da potência yankee. Durante décadas, em função dessa ingerência dos americanos, Cuba foi uma espécie de colônia americana, área de turismo e corrupção. A revolução cubana de Fidel Castro e Che Guevara (1959) foi um resultado desse imperialismo. Dois anos depois, a CIA armou um grupo de cubanos de extrema-direita que tentaram invadir a ilha e derrubar o novo governo, mas a operação foi um fracasso. - Guatemala – o presidente eleito Jacobo Arbenz iniciou uma série de reformas populares no país e ainda nacionalizou as terras da empresa United Fruit, uma das corporações norte- americanas que dominavam amplamente a economia na América Central. Isso levou à CIA a armar um grupo de oposição ao governo que iniciou operações junto com militares que haviam sido expulsos pelo novo governo. Um golpe militar em 1954 derrubou o governo e instaurou uma ditadura militar. - Chile – o presidente Salvador Allende, também eleito democraticamente, iniciou reformas que melhoravam a vida dos mais pobres e nacionalizou empresas americanas. Grupos fascistas foram patrocinados pela CIA e iniciaram ações terroristas para desestabilizar o governo, em 1973 os militares de direita, com apoio norte-americano, derrubaram o governo. Allende lutou do palácio do governo contra soldados golpistas, mas morreu em circunstâncias até hoje não estabelecidas (suicídio ou assassinado). A ditadura de Augusto Pinochet, iniciada com o golpe, foi uma das mais sangrentas na América Latina: 50 mil pessoas morreram ou desapareceram de 1973 a 1990). O Chile passou a ser o modelo de economia aberta para as empresas norteamericanas na América do Sul.

Intervenções Dos EUA Na América Latina e Oriente Médio

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Intervenções dos EUA na América Latina e Oriente Médio

Alguns exemplos

- Cuba – durante a guerra de independência de Cuba no final do século XIX, os EUA alegaram que um dos seus navios ancorado na ilha foi atacado pelas forças espanholas e, por isso, entraram na guerra, no que ficou conhecido como Guerra Hispano-Americana (1898). Rapidamente os EUA venceram as forças espanholas, mas ao invés de garantir a soberania cubana, o novo país passou a ter em sua constituição um dispositivo chamado Emenda Platt, que garantia o direito do país sofrer intervenção norte-americana sempre que fosse do interesse da potência yankee. Durante décadas, em função dessa ingerência dos americanos, Cuba foi uma espécie de colônia americana, área de turismo e corrupção. A revolução cubana de Fidel Castro e Che Guevara (1959) foi um resultado desse imperialismo. Dois anos depois, a CIA armou um grupo de cubanos de extrema-direita que tentaram invadir a ilha e derrubar o novo governo, mas a operação foi um fracasso.

- Guatemala – o presidente eleito Jacobo Arbenz iniciou uma série de reformas populares no país e ainda nacionalizou as terras da empresa United Fruit, uma das corporações norte-americanas que dominavam amplamente a economia na América Central. Isso levou à CIA a armar um grupo de oposição ao governo que iniciou operações junto com militares que haviam sido expulsos pelo novo governo. Um golpe militar em 1954 derrubou o governo e instaurou uma ditadura militar.

- Chile – o presidente Salvador Allende, também eleito democraticamente, iniciou reformas que melhoravam a vida dos mais pobres e nacionalizou empresas americanas. Grupos fascistas foram patrocinados pela CIA e iniciaram ações terroristas para desestabilizar o governo, em 1973 os militares de direita, com apoio norte-americano, derrubaram o governo. Allende lutou do palácio do governo contra soldados golpistas, mas morreu em circunstâncias até hoje não estabelecidas (suicídio ou assassinado). A ditadura de Augusto Pinochet, iniciada com o golpe, foi uma das mais sangrentas na América Latina: 50 mil pessoas morreram ou desapareceram de 1973 a 1990). O Chile passou a ser o modelo de economia aberta para as empresas norteamericanas na América do Sul.

- Iraque – em 1990, forças militares do Iraque invadiram o pequeno país vizinho o Kuwait, que vendia a preços baixos petróleo para os EUA, contrariando normas da OPEP. No início do ano seguinte, os EUA iniciam uma operação chamada de Tempestade no Deserto, que levou a uma rápida ação contra as tropas iraquianas. Os iraquianos se retiraram do Kuwait queimando diversos campos de petróleo. Conhecida como a Primeira Guerra do Golfo, a ação foi realizada sob o governo de George Bush, pai de George W. Bush, que mais de uma década depois realizaria a invasão definitiva do Iraque. Saddam Hussein, presidente e ditador iraquiano, durante a década de 1980 havia sido um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio e recebeu apoio direto dos yankees durante a Guerra Irã-Iraque.

- Afeganistão – em 1978 ocorreu uma revolução no país que levou os comunistas ao poder. Apoiados pela União Soviética, o novo governo iniciou um profundo processo de transformação do país, com distribuição de terras, desenvolvimento industrial e ampliação da educação pública. A CIA armou forças contrarrevolucionárias que iniciou uma série de ações

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terroristas e o país se tornou politicamente instável. A União Soviética enviou tropas para reprimir a ação terrorista, o que levou, na década de 1980, à ampliação do apoio norte-americano a grupos islâmicos fundamentalistas, principalmente aos talibãs e mujahedins (islâmicos oriundos de diversos países que se alistaram na luta contra os soviéticos). Num esquema complexo de fornecimento de recursos e armamento pesado, os soviéticos foram expulsos do país. Em 1996 os talibãs tomaram definitivamente o controle do país. Um dos resultados do apoio norte-americano foi a criação da Al-Qaeda e de Bin Laden: aliado dos EUA na luta contra os soviéticos. Outro foi o fundamentalismo do governo talebã, que durou até 2001, quando os EUA invadiram o país depois dos ataques de 11 de setembro.