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INTERVENÇÃO DA
SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL
BERTA DE MELO CABRAL
Cerimónias do 96.º Aniversário da Batalha de La Lys
Pas-de-Calais (França), Cemitério Português de Richebourg
e Monumento aos Mortos de La Couture, 12 de abril de 2014
Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora
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Exm.º Senhor Prefeito de Pas-de-Calais
Exm.º Senhor Cônsul, em representação do Embaixador de
Portugal em França
Exm.º Senhor Representante militar de Portugal na NATO e na
UE, em representação do Chefe do Estado-Maior-General
das Forças Armadas
Senhores Deputados,
Senhoras e Senhores autarcas
Exm.º Senhor Presidente da Liga dos Combatentes
Exm.ºs Senhores representantes das Autoridades Militares,
Policiais, Civis e Religiosas
Exm.ºs Representantes das Associações locais de Antigos
Combatentes
Exm.º Senhor Adido de Defesa de Portugal
Ilustres convidados
Caros concidadãos
Minhas Senhoras e meus Senhores,
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A passagem dos 96 anos sobre a Batalha de La Lys, que hoje
assinalamos, dá-me a oportunidade e a grande honra de estar aqui
convosco a prestar sentida homenagem a todos os que
combateram numa batalha que se revelou um episódio marcante da
Grande Guerra de 1914-1918.
Represento o Governo de Portugal, que não podia, de forma
alguma, deixar de estar convosco nestas cerimónias integradas no
Dia do Combatente e que trazem à memória a bravura dos
soldados do Corpo Expedicionário Português.
A dignidade destas cerimónias obriga-me a começar com uma
mensagem de enorme gratidão e público reconhecimento para
todos os que, ao longo de quase um século, têm permitido manter
viva esta memória.
Refiro-me ao Governo e às autoridades francesas, à Embaixada de
Portugal em Paris, às Forças Armadas de ambos os países, à Liga
dos Combatentes, às associações de Combatentes desta região e a
outras entidades coletivas e individuais das comunidades locais,
cujo trabalho e dedicação merecem ser enaltecidos.
Não posso deixar de dirigir uma palavra de especial apreço para
todos os emigrantes portugueses que, aqui em França, têm
pugnado pela memória dos nossos e pela cultura lusitana e que
também têm sabido fazer o seu caminho da integração na
sociedade francesa, como ainda recentemente ficou demonstrado
nas eleições municipais.
O reforço da presença portuguesa nos centros de decisão é muito
importante para o nosso país e para o desenvolvimento de uma
Europa mais solidária.
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Minhas Senhoras e meus Senhores,
O Governo de Portugal está fortemente empenhado em evocar o
Centenário da Grande Guerra condignamente. Foi criada uma
Comissão para o efeito, que tem trabalhado no sentido de, durante
os próximos 5 anos, divulgar as lições históricas de um conflito de
grandes proporções e trágicas consequências para toda a
Humanidade, incluindo os povos que não pertenciam aos cerca de
30 países de vários continentes diretamente envolvidos nos
combates.
Estão programadas inúmeras iniciativas, desde palestras a
congressos internacionais, desde a edição de revistas à publicação
de livros resultantes de linhas de investigação nas universidades e
institutos militares, exposições temáticas e itinerantes, emissão de
selos e medalhas e uma série televisiva.
O objetivo principal é que ninguém deixe de tomar consciência da
importância da Primeira Guerra Mundial para as nossas vidas,
ainda que já esteja decorrido um século.
Atendendo a que se tratou de uma guerra com dimensão
internacional, Portugal não deixará de se associar a iniciativas de
outros países envolvidos, nomeadamente a França. Aqui,
pretendemos também deixar uma marca portuguesa do Centenário
da Grande Guerra, nomeadamente em Ambleteuse, em La Couture
e em Richebourg.
No próximo dia 18 de outubro, às 11:30, faremos 20 cerimónias
simultâneas junto dos monumentos dedicados à Grande Guerra
existentes nas capitais de distrito e nas regiões autónomas de
Portugal, com a participação das mais altas entidades nacionais e
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com honras militares. Na ocasião, será descerrada uma placa
evocativa do Centenário e serão mobilizadas as comunidades, onde
existem famílias que mantêm bem vivas marcas deste conflito, tanto
tempo depois.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
As consequências arrasadoras da Batalha de La Lys e da Grande
Guerra não podem deixar de ter um significado profundo para todos
nós.
As vidas de portugueses que foram ceifadas ou gravemente
afetadas nestes campos da Flandres são muito mais do que
suficientes para justificar a obrigação que temos de consciencializar
as novas gerações para os perigos da guerra e para a obrigação
que todos temos de evitá-la.
Aos políticos, cabe-nos a tarefa de proporcionar condições para
que, num cenário geoestratégico volátil e complicado, tenhamos
Forças Armadas bem preparadas e capazes, uma condição sine
qua non para que a Paz prevaleça sobre o Caos, como tem sido
amplamente demonstrado ao longo da História.
Os erros cometidos por políticos e militares no início do século XX
foram pagos da pior forma em La Lys, com a vida de muitos
soldados e com a dor e a privação das suas famílias.
Aliás, melhor dizendo, esses erros nunca foram pagos, pois
permanece a dívida de gratidão àqueles que deram a vida por
Portugal neste e noutros conflitos, como foi o caso da igualmente
traumática Guerra Colonial.
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Por ser mais recente o envolvimento de Portugal nos teatros de
operações na Índia, na Guiné-Bissau, em Moçambique e em
Angola, as mazelas desta guerra estão ainda vivas na memória dos
Combatentes no Ultramar, entre os quais estão muitos emigrantes
portugueses, a quem dirijo uma especial palavra de conforto.
Vale a pena recordar também aqueles que, em circunstâncias
diferentes, empenhados em missões humanitárias ou de paz e
imbuídos de princípios éticos humanistas e civilizacionais,
continuam, nas Forças Nacionais Destacadas, a defender os
interesses de Portugal, da Europa e de um mundo livre e justo.
Os Combatentes, enquanto “ultima ratio” de um Estado de Direito,
merecem o profundo respeito da Nação e do Povo Português, tal
como merecem os seus familiares, que diretamente sofreram com o
destino dos seus pais, filhos e maridos.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Manter e acarinhar estas Evocações da Batalha de La Lys é um ato
de justiça para com o passado – que é o nosso passado – e para
com todos aqueles que estiveram presentes na frente de batalha no
dia 9 de abril de 1918, particularmente para com os que nele
tombaram, incluindo os 1.831 portugueses sepultados no Cemitério
Militar Português de Richebourg, onde estivemos há pouco.
Termino como comecei, agradecendo novamente a todos os que
têm permitido manter a grande dignidade desta homenagem à
memória do Corpo Expedicionário Português e, desta forma, têm
contribuído para criar um clima propício à Paz, à Segurança, ao
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Desenvolvimento e à Cooperação entre os Povos Francês e
Português.
A todos, um enorme bem-haja.