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Prevalência da Infecção por Enteroparasitas em Duas Comunidades Quilombolas da Região do Baixo-Sul do Estado da Bahia e sua Relação com a Situação Socioeconômica e Sanitária Gabriel Muricy Cunha (MSc/UFBA) Luiz Roberto Santos Moraes (PhD, Professor Titular/UFBA) - PowerPoint PPT Presentation
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Prevalência da Infecção por Enteroparasitas em Duas Comunidades Quilombolas da Região do Baixo-Sul do
Estado da Bahia e sua Relação com a Situação Socioeconômica e Sanitária
Gabriel Muricy Cunha (MSc/UFBA)Luiz Roberto Santos Moraes (PhD, Professor Titular/UFBA)
Artur Gomes Dias Lima (Dr. Professor Titular/UNEB)
Adriana Espinoza Ferreira Damasceno (Farmacêutica/UNEB)
Daniel Augusto Frediani (Graduando ESA/UFBA)
No Brasil, as doenças infecto-parasitárias relacionadas ao saneamento
ambiental inadequado mantêm‐se como um dos maiores problemas de saúde
pública, concentradas em populações pauperizadas e determinados grupos
étnicos, assentados nas periferias dos grandes centros urbanos e nas áreas
rurais do País (BRASIL, 2012a).
Esta pesquisa objetivou o diagnóstico da prevalência da infecção por
enteroparasitas e sua relação com fatores socioeconômicos e sanitários, em
comunidades quilombolas localizadas na área rural do Município de Cairu-BA.
INTRODUÇÃO
O delineamento deste trabalho foi motivado pela gravidade do problema das
parasitoses intestinais, precárias infraestruturas sanitárias e carência de ações
de vigilância sanitária e ambiental nas localidades estudadas.
Esta pesquisa foi coordenada por equipe técnica vinculada à Universidade
Federal da Bahia (UFBA), com apoio técnico e financeiro da Prefeitura
Municipal de Cairu, e apoio financeiro da CAPES, CNPq e FAPESB.
MÉTODOS
• Área de Estudo
O município arquipélago de Cairu
está localizado na região do Baixo
Sul do Estado da Bahia, Brasil.
As três maiores ilhas, Tinharé,
Boipeba e Cairu, são os locais
onde esta assentada a maior
parcela da população, que o censo
de 2010 contabilizou em 15.374
habitantes (IBGE, 2010).Fonte: https://maps.google.com
Vila de Batateira
A localidade da Batateira, situada à Ilha de Tinharé,
assenta uma população de, aproximadamente, 60
pessoas.
A principal fonte de renda é o extrativismo de
mariscos.
A comunidade possui o título de auto-reconhecimento
quilombola e busca o reconhecimento e delimitação
do território quilombola junto ao Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Vila de Monte Alegre
A Vila de Monte Alegre, situada à Ilha de Boipeba,
assenta uma comunidade quilombola de,
aproximadamente, 120 habitantes.
Também na localidade de Monte Alegre, a principal
fonte de renda é o extrativismo de mariscos.
Desenho Epidemiológico
O inquérito da prevalência de enteroparasitas e o levantamento de dados
sobre variáveis socioeconômicas e sanitárias foram realizados por meio de
estudo de corte transversal.
As atividades de campo e laboratoriais (análises parasitológicas de fezes)
foram realizadas no período de agosto a dezembro de 2012 (Cunha, 2013).
População Estudada
A população estudada foi formada por indivíduos de todas as faixas etárias
residentes nas localidades quilombolas de Monte Alegre e Batateira.
Foi examinado um total de 165 indivíduos, sendo, 111 indivíduos na localidade
de Monte Alegre e 54 indivíduos na localidade da Batateira.
Levantamento das Variáveis Socioeconômicas e Sanitárias
Foram realizadas entrevistas no nível domiciliar, com o emprego de
questionário padrão, semi-estruturado e pré-codificado.
Foram levantadas informações sobre 38 variáveis demográficas,
socioeconômicas e sanitárias.
- Coleta das Amostras
Coletores de fezes contendo formalina a 5% foram entregues em domicílio, após as orientações a respeito dos procedimentos adequados à coleta.
Foi realizada a busca ativa das amostras. Foi coletada apenas uma amostra de cada indivíduo estudado.
As amostras entregues foram enviadas ao Laboratório de Parasitologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, em Salvador-BA
- Análise Parasitológica de Fezes
Foram realizados exames coproparasitológicos qualitativos, por meio do método de Sedimentação Espontânea.
Cada amostra foi analisada por três laboratoristas, de forma cega e independente.
Entrega dos Resultados e Tratamento dos Indivíduos Parasitados
Os resultados dos exames foram entregues pelas equipes do Programa de
Saúde da Família que atendem as comunidades, de forma individualizada.
Foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde os quimioterápicos
necessários ao tratamento dos indivíduos parasitados (Mebendazol ou
Albendazol e/ou Metronidazol ou Secnidazol).
Análises Estatísticas
Para cada localidade estudada foi construído um bancos de dados em Excel
(2010), contendo todas as variáveis socioeconômicas e sanitárias levantadas e
os resultados laboratoriais encontrados. Os dados digitados foram
devidamente conferidos (limpeza do banco).
Foi utilizado o software Statistical Package for Social Sciences ‐ SPSS (versão
13.0) para a descrição das variáveis socioeconômicas e sanitárias, e dos
resultados laboratoriais encontrados.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
Descrição dos Aspectos Socioeconômicos e Demográficos
Descrição da Tipologia Construtiva das Residências
*
Descrição da Infraestrutura Sanitária dos Domicílios e Serviços Públicos de Saneamento Básico
*
- Insegurança em relação à água distribuída na Vila de Monte Alegre;
- Destinação final inadequada das águas residuais;
- Baixa frequência da Coleta de Lixo.
- Preservação/ Proteção das Fontes Superficiais;
- Cuidados na Coleta, Transporte e Armazenamento;
- Discussão e Fomento de Tecnologias de Tratamento Domiciliar.
Descrição dos Resultados Laboratoriais
Descrição dos Resultados Laboratoriais
Os resultados laboratoriais encontrados nas localidades estudadas
comprovam que a soma dos fatores socioculturais e demográficos (baixa
escolaridade, utilização de fontes superficiais, defecação a céu aberto e
aglomeração de indivíduos nas residenciais), econômicos (baixa renda, com
reflexos na infraestrutura sanitária e tipologia construtiva do domicílio) e
sanitários (carência ou inexistência de serviços públicos de saneamento
básico) é favorável à transmissão de parasitas intestinais.
As prevalências encontradas nesta pesquisa são extremamente altas, quando
comparadas às prevalências encontradas em estudos similares realizados em
áreas urbanas pauperizadas e/ou em áreas rurais (MORAES, 1996; PRADO, et al.,
2001; CARNEIRO, et al., 2002; CHECKLEY, et al., 2004; TEIXEIRA; HELLER, 2004; TEIXEIRA; HELLER;
BARRETO, 2007; CABRAL-MIRANDA; DATTOLI; DIAS-LIMA, 2010).
As prevalências de indivíduos parasitados por geohelmintos nas localidades
de Batateira e Monte Alegre foram mais elevadas que os percentuais médios
estimados em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano no
Brasil (BRASIL, 2012).
A baixa discrepância dos valores globais encontrados nas localidades de
Monte Alegre e Batateira corrobora a limitação do suprimento de água de
baixa qualidade e do atendimento parcial da comunidade por vaso sanitário no
controle das parasitoses intestinais (MORAES; CANCIO; CAIRNCROSS, 2004;
HELLER, 2006).
Os resultados encontrados reforçam que a política nacional de investimento
público em saneamento básico em municípios de pequeno porte, com
especial atenção às comunidades tradicionais, como estabelecido na Lei
Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007), é um instrumento
fundamental a minorar os impactos sociais e ambientais resultantes dos
ideais neoliberais que permeiam o Estado capitalista.
O município de Cairu é parte dos municípios alvo do PAC 2 Saneamento
(BRASIL, 2012b).
CONCLUSÃO
Espera‐se que os resultados encontrados possibilitem uma maior visibilidade à situação de injustiça socioambiental diagnosticada, determinada pela ausência do Estado na provisão de políticas sociais básicas.
As prevalências encontradas denotam a urgência no planejamento e implementação de intervenções médico‐curativas aliadas a programas de educação em saúde e melhorias na infraestrutura sanitária, no ambiente público e no ambiente domiciliar, nas diferentes localidades estudadas.
Os resultados do trabalho devem ser utilizados como subsídio ao planejamento, implementação e avaliação de políticas sociais necessárias à garantia da proteção e promoção à saúde, bem‐estar e qualidade de vida nas localidades estudadas.
(...) A morte em vida é exatamente a vida proibida de ser vida. (...)
Acreditamos não ser necessário sequer usar dados estatísticos para
mostrar quanto, no Brasil e na América Latina em geral, são mortos em
vida, são sombras de gente, homens, mulheres, meninos,
desesperançados e submetidos a uma permanente guerra invisível em
que o pouco de vida que lhes resta vai sendo devorada pela
tuberculose, pela esquistossomose, pela diarreia infantil, por mil
enfermidades da miséria, muitas das quais a alienação chama de
doenças tropicais (...) (FREIRE, 1970).
OBRIGADO