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INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE ESPECIAL XV Semana de Matemática e I Encontro de Ensino de Matemática Setembro 2010 UTFPR – Campus Pato Branco Jalves Figueira [email protected]

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE ESPECIAL - pb.utfpr.edu.br · No fim do século XIX, já munidos com a Mecânica Newtoniana e as Equações de Maxwell, muitos Físicos achavam que estava

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INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

XV Semana de Matemáticae

I Encontro de Ensino de Matemática

Setembro 2010UTFPR – Campus Pato Branco

Jalves [email protected]

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

Resumo:

A relatividade especial é uma teoria que surge sobre nossos conceitos de espaço e tempo e tem conseqüências em todos campos da Física. No minicurso será apresentado uma introdução a cinemática relativística, teoria desenvolvida principalmente por Albert Einstein.

Público alvo: alunos dos Cursos de Licenciaturas e Engenharias que tenham cursado Física I.

Pré-requisitos: Física I.

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

Conteúdo Mecânica Newtoniana Postulados da Relatividade Medida de um Evento Relatividade do Tempo Relatividade do Comprimento Equações de Transformação de Lorentz

Albert Einstein(1879-1955)

1905 – Um Ano MilagrosoCinco Artigos

Efeito Fotoelétrico. Prêmio Nobel de 1922. Trata da radiação e das propriedades da Luz. Determinação real do tamanho dos átomos e determina o número de Avogadro Recebe o Título de Doutor.Movimento Browniano. Trata do movimento aleatório de partículas microscópica em suspensão num líquido. Estabelece a existência de átomos e moléculas. Relatividade especial que trata do espaço e do tempo. A inércia de um corpo e seu conteúdo de energia.

A teoria da Relatividade especial é uma investigação sobre nossas idéias de espaço e do tempo. A partir destas investigações surge as diferenças que existem entre as medidas físicas realizadas em dois referenciais em movimento relativo.

As principais conseqüências dessa investigação são:

Relatividade da Simultaneidade: dois acontecimentos (eventos) se são simultâneos em um referencial, eles podem não ocorrer ao mesmo tempo para um outro observador que se move em relação ao primeiro.

Contração do Comprimento: réguas em movimento ficam mais curtas ao longo da direção do movimento.

Dilatação do Tempo: relógios em movimento batem mais devagar! Geometria de Minkowski: A Relatividade Especial muda a geometria:

geometria de Minkowski. Aumento da massa: a massa de uma partícula que se move é maior do que a

massa de repouso!

As medidas feitas em diferentes referenciais não são as mesmas.

Relatividade Versão de Albert Einstein -1905

Albert Einstein(1879-1955)

… não apenas na mecânica, mas também na eletrodinâmica, osfenômenos não têm nenhuma

propriedade associada ao conceito de repouso absoluto…

Sobre a Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento (1905)

O princípio da relatividade: as leis da Física são as mesmas em todos os referenciais inerciais. Não existe um referencial inercial privilegiado (referencial absoluto).

Princípio da constância da velocidade da luz: a velocidade da luz é igual em todos os sistemas inerciais. (a velocidade da luz é independente da velocidade da fonte)

Relatividade Especial - Principais Contribuições Históricas

Galileo Galilei (1564-1642). O Princípio da Relatividade: As leis da Mecânica são as mesmas para qualquer observador com velocidade constante.

Isaac Newton (1642-1727) Enuncia as três leis da mecânica válidas nos referenciais inerciais.

Jules Henri Poincaré (1854–1912). Enuncia o Princípio da Relatividade para os sinais ópticos e eletromagnéticos. Em 1900 apresenta uma versão para o tempo local de Lorentz.

Joseph Larmor (1857-1942). Obtém as equações de transformação (Eq. Lorentz) que mantêm as equações do eletromagnetismo invariantes.

Hendrik Lorentz (1853-1928). Propõem uma hipótese ad-hoc; o movimento através do éter produz uma contração do objeto.

Albert Michelson (1851-1931). Construiu com Morley o primeiro interferômetro, destinado a medir a velocidade da terra em relação ao éter.

Albert Einstein (1879–1955). Enuncia o princípio da relatividade para todas as leis da Natureza.

James Clerk Maxwell (1831–1879). Desenvolve as equações que descrevem uma onda eletromagnética. Estas propagam-se com velocidade c~ 300 000 km/s.

Jean Fresnel (1788-1827). A hipótese ondulatória da luz. A luz propaga-se em um éter em repouso, este preencheria todo o universo.

FitzGerald (1851-1901). Independente de Lorentz propõe a contração dos objetos através do éter.

OBS: A ciência não dá saltos!

... A Terra se desloca, no seu movimento de translação a volta do sol, com uma velocidade que é de aproximadamente de 30 km/s, nenhuma experiência mecânica efetuada à sua superfície permite revelar este movimento.

Galileo Galilei(1564-1642)

O Princípio da Relatividade na Mecânica

séc. XVIIEm qualquer referencial inercial as leis do movimento são as mesmas, e as equações matemáticas das leis têm as mesmas formas.

Isaac Newton(1642-1727)

O Princípio da Relatividade na MecânicaSéc. XVIII

As leis da mecânica são válidas em todos os sistemas de inércia (sistemas físicos com movimento relativo uniforme)

O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo e da sua própria natureza flui uniformemente sem relação com qualquer coisa externa. Escólio: Philosophiae Naturalis Principia Mathematica.

' 'r r R t t= − =rr r

'' ' SS

dr dr dR v v vdt dt dt

= − ⇒ = −rr r r r r

'' SSdvdv dvdt dt dt

= −rr r

'' aaCv teSS

=⇒=

'SSvP

r 'r

z

x

y

O

S

z’

x’

y’

O’

S’Equivalência dos Referenciais de Inércia

=′−=′

ttvtxx

O Princípio da Relatividade na MecânicaSéc. XVIII

R

As Equações de Maxwell

James C. Maxwell(1831-1879)

Campos eletromagnéticospodem propagar-se como

ondas, com velocidadec ≈ 300 000 km/s.

⇓A luz é uma ondaeletromagnética.

0),(),(12

2

2

2

2 =∂

∂−∂

∂x

txut

txuc

As Equações de Maxwell

( ) . Lorentz de Força

. Ampère de Lei

. Faraday de Lei

. 0

, Gauss de Leis

C

C

S

S

Bu EF ×+=⇒

Φ+=⇒

Φ−=⇒

=

=⇒

q

dtdIdlH

dtddlE

dB

QdD

Dt

Bt

n

n

σ

σ

Física Clássica: Modelos em CriseFísica Clássica: Modelos em Crise

No fim do século XIX, já munidos com a Mecânica Newtoniana e as Equações de Maxwell, muitos Físicos achavam que estava quase tudo já entendido na Física, e que apenas detalhes seriam necessários

para explicar alguns resultados não entendidos até aquele momento.

Final do Séc XIX

Física Clássica: Modelos em CriseFísica Clássica: Modelos em Crise

Alguns Experimentos que não conseguiam ser explicados:

Existência de “Espectros Discretos”, ou seja, a observação de que a radiação emitida por um gás (descarga elétrica) ou uma chama (contendo um gás volátil) era composta principalmente de alguns comprimentos de onda discretos.

Final do Séc XIX

➨“Forma” (distribuição dos comprimentos de onda) dos espectros contínuos de radiação, característicos de corpos quentes.

➨“Efeito Fotoelétrico”, onde elétrons são ejetados de alguns materiais quando iluminados por radiação eletromagnética (luz)

Historicamente, o nascimento da Física Quântica ocorreu pelo 2° ítem (Radiação de Radiação de Corpo NegroCorpo Negro).

Final do Séc XIX

ÉTER:De acordo com a visão clássica, se há uma onda, como som (ou luz), deve haver algum meio para transportar esta perturbação.

Este meio, para a luz, foi chamado de éter, e essencialmente foi assumido por todo o mundo para estar lá. A onda desloca-se neste meio com uma certa velocidade, da mesma maneira que ondas em água, ou som no ar. É assumido que o éter permeia e penetra em todos os corpos materiais com ou sem resistência

Final do Séc XIX

Final do Séc XIX

James C. Maxwell(1831-1879)

Duas questões preocupavam os Físicos:

Ao contrário das leis de Newton da mecânica, as equações de Maxwell do eletromagnetismo não eram equivalentes segundo as transformações de Galileu;

A hipótese da existência do “éter” – meio cujas vibrações estariam ligadas à propagação das ondas eletromagnéticas – não foi comprovada pela famosa experiência de Michelson – Morley

O Princípio da RelatividadeComo seria uma onda eletromagnética vista por um observadorinercial S´ na velocidade da luz ?

Experimento de Michelson-Morley - Analogia com um Barco no Rio.Pense em dois casos: 1)Um rio que flui com velocidade Vc. O rio possui uma largura de x metros.

2)Um barco desloca-se com uma velocidade relativa a água de Vb.

Considere duas situações: 1) O barco desce e sobe o rio, percorrendo uma distância 2X2) O barco cruza o rio perpendicularmente a correnteza do rio, percorrendo uma distância 2X ou,

0 P

x

http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/cinematica/relativo/relativo.htm

S’S

0 (terra) 0’ (rio)

Jalves Figueira - UTFPR

Vb

Velocidade do barco em relação à terra:

Vc + Vb correnteza abaixo Vc - Vb correnteza acima

VcTempo para que o barco percorra o trajeto de ida e volta:

1 2

2 2

2

x xt t tVb Vc Vb Vc

xVctVc Vb

= + = ++ −

=−

1) O barco desce e sobe o rio, percorrendo uma distância 2X;

Tempo para que o barco percorra o trajeto de ida e volta:

1 2 2 2 2 2

2 2

2

x xt t tV Vc V Vc

xtV Vc

= + = +− −

=−

Jalves Figueira - UTFPR

Vb

Vc

VbV

2 2V Vb Vc= +

Velocidade do barco em relação à terra:

Vc

http://www.educaplus.org/play-108-Cruzar-el-r%C3%ADo.html

2) O barco cruza o rio perpendicularmente a correnteza do rio, percorrendo uma distância 2X,

http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/cinematica/relativo/relativo.htm

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE ESPECIAL

Medidas da Velocidade da Luz - Roemer – 1676

Tempo de Transito da Luz através da órbita terrestre.

O Astrônomo Roemer observou que os eclipses de Io, satélite de Júpiter, não eram regular.

Após 6 meses, transito de meia volta da terra ao redor do sol, o tempo oscilava em 22 min.

Este tempo corresponde ao tempo que a luz percorre a órbita da Terra.

T= D / t = c = 214 300 km/s

Medidas da Velocidade da Luz - James Bradley 1725

Aberração da Luz Estrelar

James observou que as estrelas próximas do zênite parecem mover-se, numa órbita quase circular. Em um ano o diâmetro angular de 40,5”.

O fenômeno surge devido a velocidade finita da luz e da velocidade da terra em torno do sol.

C = 299.000 km/s

Medidas da Velocidade da Luz. Michelson-Morley -1887

.)()(

,)(,)(

22 vcLBVtVBt

vcLBDt

vcLDBt

−=→=→

+=→

−=→A *

B

V

D

A = fonte luminosaB = espelho semitransparenteD, V = espelhos L = |BV| = |BD|

Se o éter existisse, a Terra em rotação e revolução mover-se-ia através dele. Um observador na Terra sentiria um vento de éter, cuja velocidade seria V em relação à Terra.

http://galileoandeinstein.physics.virginia.edu/more_stuff/flashlets/mmexpt6.htm

http://www.falstad.com/ripple/

Uma conclusão do experimento nulo é que a velocidade a Luz é a mesma em todas as direções e em qualquer referencial inercial.

Medidas da Velocidade da Luz.Experiência de Michelson-Morley -1887

http://galileoandeinstein.physics.virginia.edu/more_stuff/flashlets/mmexpt6.htm

http://www.youtube.com/watch?v=Z8K3gcHQiqk&NR=1

Medidas da Velocidade da Luz.

Experiência de Michelson-Morley -1887

http://www.upscale.utoronto.ca/PVB/Harrison/SpecRel/Flash/MichelsonMorley/MichelsonMorley.html

http://www.falstad.com/ripple/

O que é o Tempo?

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

Isaac Newton (1642-1727) Tempo é:

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo e da sua própria natureza flui uniformemente sem relação com qualquer coisa externa. Princípios Matemáticos da Filosofia Natural

Albert Einstein (1879- 1955) tempo é:

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

Tempo é o que um relógio marca!

Relógio, qualquer objeto que forneça uma série de acontecimentos que possam ser contados.

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

O que é o Espaço?

Isaac Newton (1642-1727) Espaço é:

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADEESPECIAL

O espaço absoluto, considerando na sua própria natureza sem relação a qualquer coisa externa, permanece sempre homogêneo e imóvel: o espaço relativo é uma dimensão ou medida do espaço móvel. Princípios Matemáticos da Filosofia Natural

Albert Einstein (1879- 1955) Espaço é:

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE ESPECIAL

Espaço de um corpo é o conjunto de todos prolongamentos do corpo!

“Não podemos falar de espaço de uma maneira abstrata, mas tão somente de espaço que pertence a determinado corpo. Isto é: corpos de referência ou espaços de referências.”

S’

-V

Medidas de um Evento

“ Todos os nossos julgamentos com respeito ao tempo são sempre julgamentos de eventos simultâneos. Se eu digo: ‘Este trem chega aqui às 7 horas’, estou querendo dizer algo como: ‘O ponteiro pequeno do meu relógio indicar 7 horas e o trem chegar aqui são eventos simultâneos”.

http://galileo.phys.virginia.edu/classes/109N/more_stuff/flashlets/lightclock.swf

Clocks http://webphysics.davidson.edu/course_material/py230l/relativity/relativity-ex1.htm?D1=0.004 http://www.physics.nyu.edu/~ts2/Animation/special_relativity.html

#

O relógio de luz :A relatividade do tempo

relógios

021 tcD ∆=

MOVIMENTO

222

2

21

2DtvtcL +

∆=

∆=

x

y

z

x′

y′

z′

),,,( tzyxP =

),,,( tzyxP ′′′′=′

O

O′

xvv ˆ=

As transformações de Lorentz

Frentes de ondas esféricas

As transformações de Lorentz

2

11

γβ

≡−

vtxx −=′

tt =′

vdtdx

tdxd −=

′′

vvv SS −=′

transformação de Galileu:

( ) ;x x vtγ′ = − ;y y′ = z z′ =

2( )vt t xc

γ′ = −

Para v << c temos que a transformação de Lorentz reduz-se à transformação de Galileu.

•Para que se tenha frentes de ondas esféricas, com velocidade c, nos dois sistemas de coordenadas, pode-se demonstrar que as medidas de tempo e espaço nos dois sistemas de coordenadas devem satisfazer as Transformações de Lorentz:

v cβ ≡

Os postulados de Einstein e a transformação de Lorentz

A teoria da Relatividade Restrita, ou Especial, baseia-se nos dois postulados seguintes:

P1. As leis da Física são as mesmas em todos sistemas de referência com velocidade relativa constante.

P2. A velocidade da luz no vácuo não depende do movimento de sua fonte.

P1 é satisfeita pelas leis de Newton, com a transformação x’ = x – vt, ,mas não pelas leis de Maxwell: se a velocidade da luz é c em S, ela será c - u em S’. Portanto essa transformação de coordenadas precisa ser substituída.

P2 implica que uma onda esférica de luz, emitida no tempo t = t’ = 0, no ponto O = O’ , no intervalo Δt atingirá a esfera em S e no intervalo Δt’ atingirá a esfera S’.

( ) ( ) ( ) ( )( ) ( )

2 2 2 2

2 2 2 2( ) ( )

c t x y z

c t x y z

∆ − ∆ − ∆ − ∆

′ ′ ′ ′≡ ∆ − ∆ − ∆ − ∆

A identidade deve valer não apenas para a emissão e recepção da luz, mas para os incrementos entre dois eventos quaisquer

A relação acima entre as condições físicas, (t, x, y, z) e (t’, x’, y’, z’) devem obedecer à chamada transformação de Lorentz entre os sistemas S e S’ , cuja velocidade relativa |v| deve ser menor que c:

2

2

2

/1 ( / )

1 ( / )

.

t vx ctv c

x vtxv c

y yz z

−′ =−

− ′ =−

′ =′ =

etc.) ,( 12 ttt −=∆

Significa que :

Referências TEORIA DA RELATIVIDADE PARA

PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO¹

Curso de Extensão – Março 2006

Helio V. FagundesInstituto de Física Teórica Universidade Estadual Paulista

Carlos Eduardo Aguiar - Instituto de Física-UFRJ

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Albert Einstein(1879-1955)

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