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Introdução a Teologia Bíblica Do Velho Testamento Professor: Valdeci Santos de Castro Campo Grande-MS - 2012

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Introdução a Teologia Bíblica

Do Velho Testamento

Professor: Valdeci Santos de Castro

Campo Grande-MS - 2012

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Sumário

Introdução à Teologia do Antigo Testamento .....................................................................03

O Método segundo Kaiser......................................................................................................05

O enquadramento da teologia do AT....................................................................................07

A divisão em período da história canônica da salvação através da teologia da

aliança .....................................................................................................................................08

Os Períodos Históricos da Teologia do Velho Testamento.................................................12

Divisões da teologia do Velho Testamento...........................................................................15

História das formas – Gêneros literários.............................................................................26

Referências bibliográficas.....................................................................................................30

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Introdução à Teologia do Antigo Testamento

1. Conceito e Definição

O conceito de Teologia do Antigo Testamento está enlaçado ao conceito de “teologia”. Por

definição, se entendermos “teologia” como sendo “o estudo de Deus e de sua revelação ao

homem”, conseqüentemente a Teologia do Antigo Testamento será “o estudo de Deus e de

sua revelação ao homem no Antigo Testamento”. Ao considerarmos que “do” refere-se à

“pertencendo a”, o substantivo “teologia” estaria subordinado ao Antigo Testamento,

levando-nos a considerar uma “teologia que pertence singularmente ao Antigo Testamento”.

Entretanto, o título “Antigo Testamento”, possuiu uma identidade especial, pois se reconhece

o “Antigo Testamento” como uma unidade na Escritura Sagrada na qual os cristãos combinam

e contrastam com o Novo Testamento. Portanto, Teologia do Antigo Testamento “é o estudo

de Deus e de sua revelação ao povo eleito segundo os escritos desse mesmo povo e que, por

conseguinte, se difere da revelação de Deus por meio de Cristo”.

É sabido, porém, que o Antigo Testamento é um conjunto de 39 livros no cânon cristão,

escritos em épocas distintas por diferentes hagiógrafos. Quanto à literatura, o Antigo

Testamento possui diversificadas características literárias que vão desde a prosa até ao gênero

apocalíptico. Conseqüentemente, uma Teologia do Antigo Testamento deve contemplar todas

essas extensões quer sejam temporais, culturais ou literárias.

Não somos escusados de frisar de que a Teologia do Antigo Testamento se insere dentro da

divisão da Teologia conhecida como Teologia Bíblica. Esta por sua vez, se ocupa também da

Teologia do Novo Testamento. O propósito da Teologia Bíblica, segundo Ladd “é de expor a

teologia encontrada na Bíblia em seu próprio contexto histórico, com seus principais termos,

categorias e formas de pensamentos”. Isto posto, uma teologia bíblica do Antigo Testamento

deve considerar os graus de desenvolvimento da revelação divina no Antigo Testamento e ser

mais descritiva do que prescritiva, isto é, descrever o conteúdo teológico do Antigo

Testamento e, não diretamente ocupar-se de sua aplicação, atualização ou acomodação

bíblica.

O encadeamento lógico dessas proposições leva-nos a seguinte definição: “Teologia do

Antigo Testamento é a disciplina da Teologia Bíblica que estuda a pessoa, atributos, revelação

de Deus, e sua aliança com o povo eleito considerando a progressividade da revelação, os

escritos e estilos literários do cânon judaico do Antigo Testamento”.

Embora redundante, urge ressaltar que a Teologia do Antigo Testamento difere-se do estudo

denominado de Introdução ao Antigo Testamento. Enquanto o primeiro se ocupa da teologia

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bíblica nos livros veterotestamentário, o segundo trata dos aspectos pertinentes ao cânon,

texto, data, autoria, composição, estrutura e comentário descritivo de cada livro sem deter-se

em sua teologia específica. As duas disciplinas formam uma díade e são igualmente

necessárias para a compreensão das Escrituras.

2. Definição e Conceito Segundo Alguns Teólogos

O Dr. Asa Routh Crabtree define a Teologia do Antigo Testamento como: A Teologia do

Velho Testamento é o estudo dos atributos de Deus e o propósito das suas atividades na

história e na vida do povo de Israel, de acordo com a doutrina da revelação divina nos livros

sagrados deste povo.

R. K. Harrison, professor de Antigo Testamento do Wycliffe College, define a disciplina nos

seguintes termos: A Teologia do Antigo Testamento esforça-se para expor, do modo mais

ordenado possível, as grandes declarações da verdade divina que ocorrem nesses escritos.

Tais afirmações podem incluir revelação direta ou proposicional da parte de Deus a respeito

da Sua natureza e Seus propósitos, proclamações feitas por profetas e outros de temas ou

aspectos específicos da Torá e do seu significado para os receptores.

Segundo Paul Francis Porta, a Teologia Bíblica do Antigo Testamento enfatiza a importância

teológica de diversos livros ao revelarem-se no desenrolar gradual da mensagem redentora.

Outros autores que tratam da Teologia do Antigo Testamento preferem definir Teologia

Bíblica em vez de considerar especificamente o título, pois existem muitas controvérsias a

respeito do tema. Ralph L. Smith afirma que a literatura básica da disciplina nos últimos 50

anos tem demonstrado pouca concordância quanto à natureza, tarefa e metodologia dessa

disciplina. De acordo com John McKenzie, na obra “A Teologia do Antigo Testamento” a

Teologia bíblica é a única disciplina ou subdisciplina no campo da teologia que carece de

princípio, métodos e estrutura que recebam aceitação geral. Nem mesmo existe uma definição

geral de seu escopo.

Concernente a definição, escopo e metodologia, o teólogo Gerhard von Rad, afirma que a

Teologia do Antigo Testamento ainda é uma ciência jovem, uma das mais jovens dentre as

ciências bíblicas. (...) Predomina a característica de não ter ainda havido um acordo perfeito

quanto ao domínio que lhe é próprio.

Essa falta de consenso entre os teólogos a respeito do assunto têm suscitado calorosas

disputas. Um exemplo vislumbra-se no “Prefácio da Quarta Edição” de von Rad onde ele

justifica o seu método diacrônico e responde ao teólogo W. Eichrodt e F. Baumgärtel as

críticas ao seu método. Conseqüentemente, a delimitação e definição do tema conduzem a

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outra controvérsia não menos importante: o método empregado para se chegar a uma

Teologia do Antigo Testamento.

3. Excurso sobre os Métodos de Teologia do Antigo Testamento

De acordo com o teólogo K.H. Harrison uma teologia do Antigo Testamento para ser

formulada com sucesso precisa considerar:

O significado que as palavras e os escritos tinham para aqueles que os receberam

originalmente;

Deve estar firmemente baseada numa tradição tão fiel ao texto original quanto possível,

considerando os problemas de transmissão textual e o fato de algumas palavras hebraicas

ainda terem significados desconhecidos;

Manter o devido equilíbrio entre um método de investigação histórico e objetivo e o conceito

de uma revelação autorizada e definitiva de Deus em forma escrita;

Por fim, o pensamento dos escritores do Antigo Testamento não deve restringir-se aos

interesses que dizem respeito à religião ou à vida dos hebreus antigos. Deve considerar parte

da revelação contínua de Deus que chega ao seu ponto culminante na proclamação

neotestamentária da Sua graça redentora em Cristo.

Segundo o teólogo Kaiser Jr. a teologia do Antigo Testamento é a disciplina mais exigente

dos estudos vétero-testamentários, e que o escopo dessa disciplina tem desencorajado a

maioria dos estudiosos, até mesmo aqueles que estão no fim das suas carreiras acadêmicas.

O MÉTODO SEGUNDO KAISER

Uma das primeiras preocupações de Walter Kaiser é discutir se de fato existe a possibilidade

de uma teologia do Antigo Testamento. Para analisar esta questão, o autor faz uma

apresentação das posições adotadas por grandes teólogos do AT neste século, como Walter

Eichrodt, Theology of the Old Testament (Londres: SCM, 1961) e Gerhard von Rad, Teologia

do Antigo Testamento, 2 vols. (SP: ASTE, 1986).

Eichrodt fez um ataque violento contra o historicismo. Alegava que a coerência interior do

AT e do NT tinha sido reduzida a um tênue fio de conexão histórica e seqüencial, causal,

entre os dois testamentos, que resultava de uma causalidade externa.

Já von Rad não somente negava qualquer fundamento histórico genuíno para a confissão de fé

de Israel, como também tinha mudado o objeto do estudo teológico de uma focalização sobre

a palavra de Deus e sua obra para os conceitos religiosos do povo de Deus. O objeto e

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enfoque da teologia do Antigo Testamento tinham sido mudados da história como evento

e da palavra como revelação para uma abordagem tipo história da religião.

Assim, Kaiser vai mostrar que a natureza da teologia do AT não é somente uma teologia que

está em conformidade com a Bíblia inteira, mas é aquela que se descreve e se contém na

Bíblia. Essa teologia expressa uma vinculação real com os períodos históricos que

compreendem a história de Israel, onde cada contexto antecedente e mais antigo se torna a

base para a teologia que vem a seguir. Dessa maneira, para Kaiser, na teologia do Antigo

Testamento a estrutura está colocada historicamente e seu conteúdo se encontra

exegeticamente controlado. Como conseqüência, a teologia do AT em Kaiser tem um centro e

conceitualização unificadas e traduzidas nas descrições, explanações e conexões do texto

sagrado.

Ao procurar identificar as teologias do AT, Kaiser vai trabalhar com quatro variáveis:

1. A teologia estrutural, que descreve o esboço básico do pensamento e da crença do AT em

unidades tiradas por empréstimo da teologia sistemática, da sociologia, ou de princípios

selecionados, e depois arma seus relacionamentos com conceitos secundários. Eichrodt e Th.

C. Vriezen, An Outline of Old Testament Theology (Newton, Mass.: Charles T. Branford Co.

1970) pode sem enquadrados na teologia estrutural. Para Kaiser, essa teologia não tem

autonomia, existindo apenas como função heurística da teologia sistemática.

2. A teologia diacrônica que expõe a crença dos sucessivos períodos e das estratificações da

história de Israel, colocando a ênfase sobre as tradições sucessivas da fé e da experiência da

comunidade religiosa. Von Rad é seu grande expoente. Para Kaiser, não estamos diante de

uma teologia do AT, mas diante de uma história da religião de Israel.

3. A teologia lexicográfica, que limita sua investigação a um grupo ou a grupos de

personalidades bíblicas, analisando seu vocabulário teológico especial, como por exemplo, os

sábios, o eloísta, o vocabulário sacerdotal, etc. Gerhard Kittel, editor, G. W. Bromiley, trad.,

Theological Dictionary of the New Testament, 10 vols. (Grand Rapids: Eerdmans, 1964-74);

Peter F. Ellis, The Yahwist: the Bible's First Theologian (Notre Dame: Fides Publishers,

1968).

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4. E por fim a teologia de temas bíblicos, que leva sua busca além do vocabulário de

personagens, para abranger uma constelação de palavras que gira ao redor de um tema chave.

Aqui se coloca o próprio Kaiser.

O enquadramento da teologia do AT

Outra questão colocada por Kaiser é a que se refere ao enquadramento da teologia do AT.

Deve-se incluir material alheio ao cânone, como apócrifos, textos da biblioteca de Qumran ou

comentários do Talmude? Para Kaiser a utilização de material alheio ao texto debilitaria o

propósito de discutir a feição integral da teologia dentro de uma corrente da revelação. Toma

como exemplo a pregação de Jesus que, considera Kaiser, trabalhou apenas com os textos

enquadrados no cânone judaico.

Assim, para Kaiser, a teologia deve ser bíblica e não precisa repetir cada detalhe do cânone

para ser autêntica e exata. O método deve sintetizar os detalhes que parecem discrepantes, a

fim de termos, então, uma única teologia bíblica embalada sob a etiqueta de dois testamentos.

O que move a teologia do AT?

O texto pede para ser entendido e colocado num contexto de eventos e significados. Os

estudos históricos colocam o exegeta em contato com os fluxos de eventos no tempo e no

espaço. As análises gramaticais e sintáticas identificam a coleção de idéias no período

histórico sob investigação. Assim, as raízes históricas da mensagem em seu desenvolvimento

e o julgamento das avaliações normativas do texto traduzem o propósito e o papel da teologia

bíblica.

A motivação maior é entender o texto enquanto texto colocado num contexto de significados.

É assim, considera Kaiser, que a teologia bíblica sua grande contribuição, especial e peculiar.

E o centro canônico, existe ou não?

Kaiser levanta algumas perguntas: existe uma chave para uma organização metódica e

progressiva de assuntos, temas e ensinos do Antigo Testamento? Os escritores do AT tinham

consciência dessa organização quando acrescentavam algo a essa corrente histórica da

revelação?

E conclui que as respostas a seus questionamentos definirão o destino e a direção da teologia

do AT. Caso seja impossível responder positivamente as duas perguntas, então, somos

obrigados a falar de diferentes teologias do AT, no sentido de variedade ou de linhas de

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continuidade que acontecem dentro de tendências de diversidade. Mas para Kaiser isso

não acontece: os escritores bíblicos reivindicam a posse da intencionalidade divina na sua

seletividade e interpretação daquilo que foi registrado e nós não podemos negar essa

realidade.

Por isso Kaiser defende a realidade do centro canônico. Considera, porém, que a maioria dos

teólogos erra ao definir um centro apriorístico, externo, e tentar enquadrar o conteúdo do AT

nele. A metodologia deve partir de uma exegese cuidadosa, evitando todo e qualquer encaixe

precipitado.

Até a década de 70, a maioria dos teólogos considerava que a história era o veículo da

revelação divina no AT. Aquilo que se conhecia de Deus era conhecido através da história.

Outros, no entanto, argumentavam que a revelação verbal tinha tanto direito quanto a história

de ocupar o centro do palco teológico. A fé de Israel, assim como a teologia bíblica, tinha de

Ter como seu objeto não os atos de Deus na história, mas aquilo que o povo confessava, não

importa a veracidade primeira dos acontecimentos. A essa afirmação, um teólogo católico,

Roland de Vaux, História antiga de Israel, 2 vols. (Madri, Cristiandad, 1975) - id.,

Instituciones del Antiguo Testamento (Barcelona, Herder, 1976) argumenta: "A interpretação

da história dada é verdadeira e tem origem em Deus ou não é digna da fé de Israel e da

nossa".

O mais importante, para Kaiser, é a conexão entre a reivindicação divina - o ter anunciado

muito antes de ter acontecido o curso dos eventos - e o fato de que isso estava de acordo com

seu plano e propósito. E os escritores bíblicos tinham a palavra divina e o juramento divino de

promessa.

Esse é o centro canônico que Kaiser vai devolver em sua obra, depois de uma ampla e bem

defendida exposição metodológica. Trabalhando a partir dessa metodologia, Kaiser constrói

sua teologia bíblica, organizando o cânone a partir das promessas de Deus ou daquelas

passagens onde considera que Deus acrescentou seu compromisso ou juramento.

A DIVISÃO EM PERÍODOS DA HISTÓRIA CANÔNICA DA SALVAÇÃO

ATRAVÉS DA TEOLOGIA DA ALIANÇA

Gerhard Von Had expõe que as diversas fontes têm diversas maneiras de interpretar a aliança

(p.138-139), no entanto, todas concordam que a aliança está intimamente ligada à lei, isto é, o

homem faz parte dela no cumprimento e na obediência da lei (esta lei não é necessariamente a

lei do Sinai, e sim uma lei dada por Deus em suas alianças com o homem [Noé, Abraão], e

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visava à obediência deste). Neste capítulo, Von Had trata da divisão da história em

períodos de salvação, ou aliança no exateuco.

Os pontos positivos são as explicações do autor quanto à forma e a maneira que na

Antigüidade uma aliança era feita.

Os pontos negativos consistem na linguagem um tanto difícil do autor que não clareia suas

idéias.

I. A HISTÓRIA DAS ORIGENS

Por causa dos relatos da criação não serem de documentos antigos, pode-se “dizer que, antes

dos séculos VII e VI, Javé nunca foi venerado como Criador”. Parece que o Israel antigo não

continha nada a respeito dessa teologia até que ela encontrou um paralelo com a história da

salvação. Para que a história da salvação pudesse existir, a história da criação não poderia

basear-se em mitos cananeus, e sim em uma realidade histórica. Baseados em sua própria

história, definiram a noção da criação, pois “Javé criou o mundo e criou também Israel”. O

alcance da concepção da criação com isso teve grande êxito. A criação é tida como ação

histórica de Javé e é inserida no tempo e no espaço.

Os hinos prestam grande auxílio teológico pois são declarações do A.T. sobre a criação do

mundo e do homem. Entretanto, sobre a Criação detalhada, existem apenas duas fontes que

fazem declarações específicas e de caráter histórico sobre a Criação: código sacerdotal (Gn

1.1-2) e narrativa javista (Gn 2.4b-25). Em muitos aspectos essas narrativas são diferentes,

entretanto, ambas afirmam o homem (homem-mulher) como o ponto máximo da criação. As

diferenças consistem no fato de que P se preocupa com o mundo e com o homem no mundo

enquanto que J se preocupa mais com o homem, seu anseio e seu relacionamento.

Não há no AT uma profunda reflexão teológica sobre o pecado. Existem sempre os chamados

pecados ocasionais. Entretanto, Von Had analisa as velhas narrativas do pecado sob os

ângulos teológicos, antropológicos e o que parte da história da cultura.

A história das nações parte da era pós-dilúvio, com os descendentes dos 3 filhos de Noé. Se

por um lado esse fator contribuía para união dos povos, o evento “Babel” traz uma imagem

totalmente negativa de separação. Depois de Babel, o abismo entre Deus e os homens

aumenta ainda mais com a dispersão e a confusão de línguas. Podemos ver que depois da

queda do homem no jardim, segue-se uma evolução de pecados e juízos, no entanto o homem

sempre é preservado, denotando assim a graça de Deus.

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Pontos positivos: A forma como Israel lê a criação resulta numa união com o ato de

salvação. A questão das origens também se torna relevante, visto que para o Israel, a criação

se tornou história.

Pontos negativos: As diversas fontes por vezes confundem-se com a linguagem do autor.

Também a questão do pecado ficou um tanto sem base.

II. A HISTÓRIA PATRIARCAL

“O Deus que atua em todas as circunstâncias da história patriarcal é Javé”. No entanto, o

nome de Javé ainda era desconhecido nesta época. Javé se fez conhecido pelo nome a partir

de Moisés. Depois disso Israel se apropria dos fatos passados e reconhece neles a mão de seu

Deus Javé. Também se apropria das promessas, conforme J e E, que contém um duplo

conteúdo: a garantia da posse da terra prometida e a promessa de uma posteridade inumerável.

A primeira promessa era esperada a curto prazo; no Sinai foi garantido a posse definitiva da

terra de Canaã, que era bênção exclusiva do povo de Israel, pois por detrás da história e das

promessas aos patriarcas, Javé foi trazendo vida ao povo. A fé dos patriarcas demonstrada nas

narrativas tinha um significado interessante para o povo. Fé era “firmar-se em Javé”. Com

isso Deus se revelava ao seu povo, não escatológico, mas contemporâneo.

Pontos positivos: O povo era guiado por uma fé simples, baseada nas promessas feitas aos

patriarcas. Essa questão da fé era muito interessante, principalmente seu significado.

III. A SAÍDA DO EGITO

O fato de Javé conduzir seu povo para fora do Egito se torna uma verdadeira confissão de fé

para a história desse povo. Israel viu nessa saída a garantia para seu futuro como povo. Nos

períodos de tribulação reportava-se a esses acontecimentos para amenizarem as dificuldades

na sua crença. A libertação do Egito e os milagres que se seguiram são uma verdadeira

amostra da glória de Javé. Essa confissão desses fatos “adquiriu uma dimensão toda especial

ao fundir-se com o mito da criação”. Entretanto, o povo ainda não tinha uma noção mais

apurada de “eleição”. Isto só acontece no Deuteronômio.

Como já mencionamos, Javé só se deu a conhecer na época de Moisés. Neste contexto,

claramente se vê que Javé tem uma comunicação a fazer, não a respeito de si mesmo, mas de

seu propósito para com Israel. A revelação do nome Javé também traz junto um pouco de sua

personalidade (Deus compassivo, clemente, longânime, misericordioso, fiel, “Êx 34.6” e

ainda: Zeloso “Êx 34.14”). “Portanto, houve uma época em que o nome de Javé podia ser

interpretado num sentido ou noutro”.

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Antigamente também o nome tinha uma íntima ligação com o seu portador. Era crença

determinante a relação do portador com seu nome e seus deuses. Quanto ao nome Javé, este

deveria ser respeitado e santificado. Não poderia usar-se esse nome abusivamente. Somente

em ritos cultuais fazia-se menção dele. Isso implicava em reconhecer o caráter único e

exclusivo do culto de. O nome de Javé não aceita sincretismo religioso. Quando isso acontece,

ele é profanado.

Pontos positivos: A questão do nome de Javé é tratada esplendidamente por Von Had nesse.

O fato do ocultamento desse nome e da proibição de seu uso, o preservou de muitas

interpretações errôneas.

IV. A REVELAÇÃO DE DEUS NO SINAI

Von Had trata das revelações de Deus dadas no monte Sinai. Para tanto, trabalha com os

significados dos mandamentos, rompendo com o decálogo. Essa tradição sinaítica do

decálogo pode ser localizada nas tradições de Cades. Por isso, o que Von Had defende é que

o decálogo chegou até nos com uma série de modificações que se adaptaram e aprimoraram-

se visando a compreensão da vontade de Javé por Israel.

Em alguns manuscritos mais antigos, o primeiro mandamento e a questão de imagens, não

ocorria. “A antiga escola crítica considerava dispensável falar a seu respeito, pois estava

persuadida de que o culto de Javé, pelo menos nos tempos antigos, utilizava imagens”. Von

Had se prende bastante nesse capítulo na pesquisa histórica.

Após esse capítulo, Von Had trata do Deuteronômio: que, para ele “não é a interpretação da

vontade de Javé senão para uma época precisa e, do ponto de vista histórico, bastante tardia”.

A partir disso segue tratando das suas exortações, bem como suas leis.

A doença no exateuco era vista como castigo divino pela desobediência. Isto levava o povo a

crer que somente em Deus estava a cura das doenças; Ele era o médico.

Pontos positivos: O decálogo para Von Had é um conjunto de leis que valoriza a vida.

Quando olhamos para o povo de Israel, parece que esta não era a interpretação correta, até que

Jesus fez nessas leis seus midraxes.

V. A TRAVESSIA DO DESERTO

Este relato é pertencente a várias tradições. O objetivo destas é demonstrar a presença

atuante de Javé no meio de seu povo, sendo por livramento ou provações. Este narrativa se

divide em duas partes: o êxodo do povo e o anjo de Javé.

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VI. PONTOS DE VISTA SOBRE MOISÉS E SEU OFÍCIO

Também Von Had coloca os diversos pontos de vista o que as tradições Javista, Eloísta e o

Código sacerdotal tinham sobre Moisés e seu ofício.

Para os Javistas, Moisés está em segundo plano. É apenas um homem inspirado a serviço de

Javé.

Para os Eloístas, isso já muda de figura. Moisés está envolvido em todos os fatos marcantes.

Moisés é instrumento vital para a libertação do povo.

Para o Código sacerdotal, Moisés é visto como aquele que pode falar com Deus. Ele é o único

apto para isso.

VII. A DÁDIVA DA TERRA DE CANAÃ

São relatos diferenciados que, entretanto, demonstram que Deus, apesar de tudo o que

aconteceu ao seu povo, não faltou com nenhuma de suas promessas.

Os Períodos Históricos da Teologia do Velho Testamento

Assim como os apóstolos do NT com suas epístolas, eram, de muitas maneiras, os intérpretes

dos Atos e dos Evangelhos, assim também a teologia do AT poderia semelhantemente

começar com os profetas por um motivo bem semelhante. No entanto, mesmo para o

fenômeno da profecia bíblica, havia a realidade sempre presente da história de Israel. Toda a

atividade salvífica de Deus em tempos anteriores tinha que ser reconhecida e confessada antes

de alguém poder ver mais firme a revelação adicional de Deus. Devemos, portanto, começar

onde começou: na história — história verdadeira e real.

A Era Pré-patriarcal

Sem dúvida, Abraão ocupou um lugar de destaque no auge da revelação. O texto avança da

extensão desde a criação e descreve a tríplice tragédia do homem como resultado da queda, do

Dilúvio e da fundação de Babel para a universalidade da nova provisão da salvação da parte

de Deus para todos os homens, através da descendência de Abraão.

A palavra principal é "Benção" repetida da parte Deus — que existia apenas no estado

embrionário. No inicio, trata-se da "Bênção" da ordem criada. Depois, é a "Bênção" da

família e da Nação, em Adão e Noé. O auge veio na quíntupla "Bênção" para Abraão em

Gênesis 12:1-3, que incluía bênçãos materiais e espirituais.

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A Era Patriarcal

Esta era foi tão significativa que Deus Se anunciava como "Deus dos patriarcas", ou "Deus de

Abraão, de Isaque e de Jacó". Além disto, os patriarcas eram considerados "profetas" (Gn

20:7; SI 105:15). Aparentemente era porque pessoalmente recebiam a palavra de Deus.

Freqüentemente, a palavra do Senhor "veio" a eles de modo direto (Gn 12:1; 13:14; 21:12;

22:1) ou o Senhor "apareceu" a eles numa visão (12:7; 15:1; 17:1; 18:1) ou na personagem do

Anjo do Senhor (22:11,15).

Os períodos de vida de Abraão, Isaque e Jacó formam outro tempo distintivo no fluxo da

história. Estes três privilegiados da revelação viram, experimentaram e ouviram tanto, ou

mais, durante o conjunto de dois séculos representado pelas vidas combinadas deles, do que

todos aqueles que viveram durante os milênios anteriores! Como conseqüência, podemos,

com toda a segurança, delinear Gênesis 12-50 como nosso segundo período histórico no

desdobrar da teologia do AT, exatamente como foi feito por gerações posteriores que tinham

o registro escrito das Escrituras.

A Era Mosaica

Israel foi então chamado "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Deus, com todo o

amor, delineava os meios morais, cerimoniais e civis de se cumprir tão alta vocação. Viria no

ato primário do Êxodo, com a graciosa libertação de Israel do Egito, operada por Deus, a

subseqüente obediência de Israel, em fé, aos Dez mandamentos, a teologia do tabernáculo e

dos sacrifícios, e semelhantes detalhes do código da aliança (Êxodo 21-23) para o governo

civil.

Toda a discussão quanto a ser um novo povo de Deus se derivava de Êxodo 1-40; Levítico 1-

27; e Números 1-36. Durante esta era inteira, o profeta de Deus foi Moisés — um profeta sem

igual entre os homens ( Números 1-36 ). De fato, Moisés foi o padrão para aquele grande

Profeta que estava para vir, o Messias. ( Deuteronômio 16:15-18 )

A Era Pré-Monárquica

Uma das partes da promessa de Deus que recebeu uma descrição detalhada foi a conquista da

terra de Canaã.

Esta história se estende ao longo do período dos juizes para incluir a teologia das narrativas da

arca da aliança em 1 Samuel 4-7 os tempos se tornaram tão distorcidos e tudo parecia estar em

tantas mudanças subseqüentes devido ao declínio moral do homem e à falta da revelação da

parte de Deus. De fato, a palavra de Deus se tornara "rara" naqueles dias em que Deus falou a

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Samuel (1 Samuel 3:1). Conseqüentemente, as linhas de demarcação não se escrevem tão

nitidamente, embora os temas centrais da teologia e os eventos-chave sejam bem registrados

historicamente.

A história de Josué, Juízes e até Samuel e Reis, são momentos significantes na história da

revelação deste período, são usualmente reconhecidos pela maioria dos teólogos bíblicos de

hoje.

O melhor que se pode dizer do período pré-monárquico é que era um tempo de transição. O

surgimento de exigência de um rei para reinar sobre uma nação que se cansou da sua

experiência em teocracia conforme era praticada por uma nação rebelde.

Depois da Lei até Davi não há avanço teológico. Neste período, deus é revelado como Santo,

como Espírito Santo, como Eterno. A vida de Cristo é mais precisamente predita, nos

sacrifícios, e ofertas e no propiciatório.

A Era Monárquica

O pedido do povo no sentido de lhe ser dado um rei, quando Samuel era juiz (1 Sm 8-10). e

até o reinado de Saul nos preparam negativamente para o grandioso reinado de Davi (1 Sm 11

—2 Sm 24:1 Reis l-2.)

A história e a teologia se combinavam para enfatizar os temas de uma dinastia real

continuada, e um reino perpétuo com um domínio e alcance que se tornaria universal na sua

extensão e influência. Mesmo assim, cada um destes motivos régios foi cuidadosamente

vinculado com idéias e palavras de tempos anteriores: uma "descendência"" um "nome" que

"habitava" num lugar de "descanso", uma "bênção" para toda a humanidade, e um "rei" que

agora reinava sobre um reino que duraria para sempre.

Este período é caracterizado historicamente pela prática desenfreada do pecado e declínio de

Israel.

Os quarenta anos de Salomão foram marcados pela edificação do templo e por outro

derramamento de revelação divina. A Sabedoria. Assim, a lei mosaica pressupunha a

promessa patriarcal e edificava sobre ela, assim também a sabedoria salomônica pressupunha

a promessa abraâmico-davídica como a lei mosaica. O conceito-chave era "o temor do

Senhor" — uma idéia que já começou na era patriarcal (Gn 22:12; 42:18; Já 1:1, 8-9; 2-2).

Agora que a "casa" de Davi e o templo de Salomão tinham sido estabelecidos, sendo assim, os

profetas poderiam agora focalizar sua atenção sobre o plano e reino de Deus no seu alcance

mundial. Infelizmente, porém, o pecado de Israel também exigiu boa parte da atenção dos

profetas.

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Com essas revelações o mundo deveria esperar até que chegasse a " Plenitude dos

Tempos " , Gálatas 4:4; Pedro 1:10-12.

Divisões da teologia do Velho Testamento

As divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem discutidas:

A Doutrina da Criação

A Doutrina de Deus

A Doutrina do Homem e do Pecado

A Doutrina da Salvação.

A Doutrina da Criação

A Constatação de um princípio claramente definido, tanto nas referência cosmológicas quanto

bíblicas, podem desencadear novas e fascinantes descobertas que confirmem ainda mais, as

sábias palavras das Escrituras.

Podemos dizer que a " Ciência e a religião são como duas janelas na mesma casa, através de

ambas contemplamos as obras do Criador.

Teorias Referentes à Criação

Teoria da Grande Explosão ("BIG BANG"). A partir do estudo de Einstein. sobre a Teoria

da Relatividade, outros cientistas acreditam que o Universo era uma bola imensa de

hidrogênio que se expandiria indefinidamente e alcançaria distâncias quase infinitas. Eles

imaginam que, em algum tempo indecifrável. houve uma grande explosão desta imensa bola

de hidrogênio. Daí, surgiram os mundos, as galáxias. Na tentativa de definir as origens do

Universo, procuram determinar a sua idade, sugerindo a cifra de 12 bilhões de anos. De fato,

esta teoria acredita na eternidade da matéria, mas a Bíblia a refuta, quando declara que tudo

em algum tempo começou a existir, "No princípio, criou Deus os céus e a terra.

A teoria do Panteísmo . O Panteísmo declara que Deus e a Natureza são a mesma coisa e

estão inseparavelmente ligados. A idéia básica desta teoria é que o Senhor não cria nada, mas

tudo emana e faz parte dEle. Entretanto, a revelação bíblica não aceita, de modo algum, este

ensinamento, pois o Criador não é parte do Universo, e , sim, este foi criado por Ele. (SI 6)

A Teoria Evolucionista. Criada por Charles Darwin, ensina que a matéria é eterna,

preexistente. A partir daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os seres

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passaram a existir. Entretanto, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas, isto é,

tudo teve um começo. As provas diretas da criação, além da Ciência, estão expostas na Bíblia

Gn 1.1.

Teoria da Criação, a partir do nada ( Catastrófica ). Esta é talvez, a mais difundida,

ensinada e pregada no meio evangélico. Declara que Deus criou tudo "do nada", mediante o

poder de sua palavra. Utiliza-se como base, para a afirmação desta idéia, o texto de Hebreus

11.3, o qual diz que "os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que aquilo

que se vê não foi feito do que é aparente’. Ora, entendemos que aquilo qual não é aparente,

não quer dizer "do nada", mas pode referir-se à coisas imateriais.

A Doutrina de Deus

Atributos da Personalidade de Deus

1º Aspecto de sua personalidade INTELECTO

Isaías 11: 2 Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de

INTELIGÊNCIA, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor

do Senhor.

- Escolhe Atos 20: 28 - Ensina João 14: 26

- Instrui Atos10:19–20 - Fala Apoc. 2: 7

2º Aspecto de sua personalidade VOLIÇÃO

I Cor. 12: 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo

particularmente a cada um como quer.

- Testifica João 15: 26 - Envia Atos 13: 2, 4

- Impede Atos 16 ; 6-7 - Intercede Rom. 8: 26

- Revela II Pe. 1: 21

3º Aspecto de sua personalidade SENSIBILIDADE

Rom. 15: 30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que

combateis comigo nas vossas orações por mim a Deus.

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- Ama II Tim. 1: 7 - Entristece Ef. 4: 30

Os Atributos

Vida: Deus tem vida em si mesmo; Apocalipse 7:17 Porque o Cordeiro que está no meio do

trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará

de seus olhos toda a lágrima.

Deus é vida ( Jo.5:26; 14:26 ) e o princípio de vida ( At.17:25,28 ).

Sábio: Capacidade de agir, julgar corretamente e prudentemente. Tiago 3:17 Mas a sabedoria

que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de

misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. ( Jó 9:14 ; João 11:8-9 )

H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os

melhores resultados possíveis com os melhores meios possíveis.

Outros Atributos

- Tem Propósito Efésios 3:11

- Tem Emoções Salmos 103:13

- É Livre Efésios 1:11

- É Ativo João 5:17

Atributos de Sua Grandeza

Auto-Existência: Deus existe por Si mesmo. Ele nunca teve início, portanto Deus é

absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de

Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência ( João 5: 26; Salmo 36: 9 ).

Eterno: A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno

(Salmos 90: 2; Deuteronômio 33: 27 ). A eternidade de Deus significa que Deus transcende a

todas as limitações de tempo ( II Pedro 3: 8 ) Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima

de todos os limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua

existência num único presente indivisível (Is.57:15).

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Imutabilidade: É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus. A

base de Sua imutabilidade sua perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou

pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais

justo, mais misericordioso, e nem menos. ( Deuteronômio 32: 4; Tiago 1: 17 ). O próprio

Deus jamais mudará de opinião, mas fará conforme seu plano predeterminado (Isaías

46:9,10).

Onipresença: Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo ou tudo está em sua presença

o O Panteísmo ensina que tudo é Deus

o Os Materialistas ensina que Deus está distribuído em todo o espaço

Imensidão: A infinidade de Deus em relação ao espaço é

denominada imensidade. Deus é imenso (Isaías 66: 1; Jeremias

23: 24 ).

Onisciência: Atributo pelo qual Deus, única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas

possíveis e reais. Seu conhecimento não é progressivo ou fragmentado e Nem precisa de

observar ou de raciocinar para adquirir conhecimento ( Jó 37: 16; Isaías .40:28 ).

Presciência: Significa conhecimento prévio do futuro. Não é

dedução ou previsão ( Mateus 6:8 ).

Onividência: Significa que tudo está ao alcance de Sua visão,

isto é, das coisas que existiram no passado, que existem no

presente e existirão no futuro.

Onipotência: É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer

qualquer coisa que Ele queira, não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente

com a natureza (Romanos 7: 15). Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar. Ele

não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo (Números 23: 19; Hebreus 6: 18;

Tiago 1: 13).

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Outros Atributos

- Perfeito Salmo 18:30

- Infinito I Reis 8:27

- Soberano Neemias 9:6

- Incompreensível Jó 37:5

A Doutrina do Homem e do Pecado

Têm surgido as mais variadas teorias acerca da origem do homem. De um modo geral, elas

não conseguem anular a ligação do ser humano com a Terra. Entretanto, a única fonte

realmente autorizada, acerca da origem da humanidade, é a Bíblia Sagrada. Os dois primeiros

capítulos de Gênesis nos oferecem, de modo plausível e coerente, a verdadeira história das

origens, inclusive a do homem.

A CRIACAO DO HOMEM

Gênesis 1: 26-27 A Bíblia nos informa sobre a criação do homem; uma forma simples que

podemos perder a grandeza desse ato.

Gênesis 2: 7. A Bíblia detalha o que se passou em Gênesis l: 26. A Bíblia utiliza muito essa

forma acerca dos grandes acontecimentos, ou seja, informa primeiro de forma geral e depois

descreve melhor, em mais detalhes, esse mesmo fato.

Espírito - Alma - Corpo

O homem é diferente e superior a todas as criaturas que Deus criou, Podemos afirmar isso,

porque de nenhuma outra criatura a Bíblia informa que foi criada à imagem e semelhança de

Deus. A Bíblia nos mostra que os anjos forma criados espíritos; foram feitos espíritos por

criação, por composição. Deus fez os anjos espíritos. Hebreus 1: e 14; Salmo 104:4

Corpo

"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra": a que parte se refere? o corpo. Deus

pegou do pó da terra e formou um corpo: mas esse corpo não era um homem, era um boneco

de terra.

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Espírito

Mas o versículo continua: "e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida". Se Deus não tivesse

soprado, aquele boneco de terra estaria lá até hoje. Deus pegou aquele boneco e soprou algo

de dentro Dele. Quando Deus soprou, aquele boneco recebeu vida, uma vida que saiu de

dentro de Deus.

A palavra fôlego no hebraico, é a mesma palavra usada para espírito.

Alma

Vemos no final de Gênesis 2: 7; "e o homem se tomou alma vivente" Quando o Espírito de

Deus tocou aquele boneco de terra, foi manifesta a vida no homem. O que manifesta a vida no

homem, é a nossa alma, a nossa personalidade. Deus soprou nas narinas o Espírito que iria

trazer vida na alma e no corpo. A vida no espírito vem direta de Deus.

Com o espírito conheço a Deus, com a minha alma conheço meu intelecto, as emoções, as

vontades, e com o corpo conheço o mundo físico, material. Estudaremos em mais detalhes

durante a matéria Teologia Sistemática do homem.

AS FACULDADES DISTINTAS DO HOMEM

As Faculdades do Corpo: São Cinco as faculdades, as quais se manifestam através do corpo:

visão, audição, olfato, paladar e tato. Ainda que sejam distintas umas das outras, elas não

atuam independentes do comando da alma. São denominadas de instintos naturais ou sentidos

corporais, os quais recebem impressões do mundo exterior, transmitidas ao cérebro, através

do sistema nervoso. E dai que partem as ordens para todas as partes do corpo. Os sentidos

físicos obedecem às leis naturais que estão impressas no ser humano. São elas que regem as

atividades do corpo.

As Faculdades da Alma: São três as faculdades principais ou qualidades da alma, pelas quais

ela se manifesta: intelecto, sentimento e vontade.

O INTELECTO é à parte da alma que pensa, raciocina, decide, julga e conhece.

O SENTIMENTO faz o homem um ser emotivo. Ele não é uma máquina insensível, pois pode

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sentir todas as grandes emoções, como alegria, gozo, paz, prazer, tristeza,

descontentamento, pesar e dor.

A VONTADE se expressa como resultante das influências do intelecto e dos sentimentos. Ela

não age sozinha. Não há vontade livre ou independente. Ela obedece às forças emotivas e

intelectuais da alma.

As Faculdades do Espírito: Duas faculdades principais se destacam com abrangência sobre

outras qualidades importantes, as quais são: Fé e Consciência. Elas identificam o ser religioso

do homem. Podemos chamar de natureza espiritual, da qual o ser humano é dotado

especialmente para uma perfeita comunhão com Deus.

TENTAÇÃO E QUEDA DO HOMEM

A Terminologia do Pecado

As palavras empregadas no V.T. para descreverem o pecado são tão notáveis como o registro

de sua historia.

1. (Chata) Pecar, errar o alvo.

2. (Pasha) Transgredir. Significa primariamente ir além, rebelar-se, transgredir.

3. (Rasha) Ser ímpio basicamente significa ser solto ou mal ligado; ser ruidoso ou maldoso.

4. (Ra ‘a’) Ser mau. Com o significado de quebrar, danificar por ‘meios violentos, A palavra

veio a significar aquilo que causa dano, dor ou tristeza e dai, o mal moral.

5. (Avah’) Ser perverso. O termo significa entortar ou torcer, daí perverter ou ser perverso.

Perverter a lei de Deus ou andar pelo tortuoso em oposição ao, caminho reto de Deus.

A PROPENSÃO PARA O PECADO

Propenso, mas não destinado. Como ser racional, o homem, em seu primeiro estado de

inocência desconhecia o pecado. A possibilidade para o pecado surgiu com a tentação. De

fato, ele não havia ainda desenvolvido o seu caráter moral. Esta propensão para a transgressão

não significa que o homem, inevitavelmente, estivesse destinado a pecar. Esta tendência

baseava-se unicamente em seu Livre-arbítrio. Ele poderia, conscientemente, manter-se fiel aos

limites do conhecimento que o Criador lhe deu, ou, então, rebelar-se contra esta lei, e partir

para o outro lado.

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A QUEDA DO HOMEM, ATRAVES DO PECADO

A queda de Adão e Eva é apresentada, literalmente, na Bíblia, de modo explícito. Não foi um

relato teórico ou figurativo, mas histórico. Por isso, entendemos que o pecado de nossos

primeiros pais foi um ato involuntário de sua própria vontade e determinação. E claro que a

tentação veio de fora, da parte de Satanás, que os instigou a desobedecer à ordem de Deus.

Concluímos, pois, que a essência do primeiro pecado está na desobediência do homem à

vontade divina e na realização de sua própria vontade. O seu pecado foi uma transgressão

deliberada ao limite que Deus lhe havia colocado.

AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA

O Pecado afetou a vida física e psíquica do homem. Paulo escreveu aos Romanos: "Por um

homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte" (Rm 5.12). A morte física se

tornou, então, a conseqüência natural da desobediência de Adão, e a espiritual se constituiu na

eterna separação de Deus. O Criador foi enfático no Jardim: "Porque no dia em que dela

comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17).

O pecado afetou a vida espiritual do homem. "O salário do pecado é a morte" (Rm 6.23).

Adão não morreu no mesmo dia em que pecou, mas perdeu, a possibilidade de viver e

também perdeu a imagem de Deus em sua vida. Isto implicou, no rompimento da comunhão

com o Criador, e causou-lhe a "morte espiritual", no momento exato que pecou.

A Doutrina da Salvação

OS 2 PASSOS PARA A SALVAÇÃO

Mat. 4: 17 Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei - vos, porque é

chegado o reino dos céus.

Mat. 18: 3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes

como crianças de modo algum entrareis no reino dos céus.

Cristo chegara ao mundo, vindo do seio do Pai. Podia descrever as glórias do céu para

comover os homens. Mas a sua mensagem era a mesma: Arrependimento e Conversão.

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Arrependimento O verdadeiro arrependimento envolve a pessoa toda, todo o seu ser, toda

a sua personalidade. Arrependimento não é apenas mudança de pensamento.

João 3:3 ...Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de

Deus.

Nascer do novo significa "um novo ser uma nova pessoa ou seja uma nova personalidade".

Estudaremos o arrependimento em cada um dos poderes da personalidade: Intelecto,

Sensibilidade, Volição.

Conversão Conversão é uma palavra usada para exprimir o ato do pecador, abandonando o

pecado, para seguir a Jesus.

A conversão pode e deve repetir-se todas as vezes em que o homem pecar e afastar-se de

Deus, porque ela consiste no ato de abandonar o pecado e aproximar-se de Deus.

Emprega-se, geralmente, a palavra conversão para significar aquela primeira experiência do

homem, abandonando o pecado paras seguir a Cristo.

OS 3 ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO

Rom. 3: 24 - 25 E são justificados gratuitamente pela sua Graça, pela redenção que há em

Cristo Jesus. Deus o propôs para propiciação pela Fé no seu Sangue, para demonstrar a sua

justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a tolerância de Deus.

Os elementos básicos estabelecidos para salvação conf. escrito pelo Apóstolo Paulo aos

Romanos são:

1o. A Graça Tito 2: 11 Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os

homens.

Graça significa, primeiramente, favor, ou a disposição bondosa da parte de Deus. (Favor não

merecido )

A graça de Deus aos pecadores revela-se no fato de que ele mesmo pela expiação de Cristo,

pagou toda a pena do pecado. Por conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem

levar em conta os merecimentos ou não merecimentos.

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A graça manifesta-se independente das obras dos homens.

A graça é conhecida como Fonte da Salvação.

2o. O Sangue I Jo. 1: 7 O sangue de Jesus Cristo , seu Filho, nos purifica de todo pecado.

Em virtude do sacrifício de Cristo no calvário, o crente é separado para Deus, seus pecados

perdoados e sua alma purificada. Sangue é conhecido como a Base da Salvação.

3o. A Fé Ef. 2: 8 - 9 Pois é pela graça que sois salvos, por meio da

Fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

Pela fé reconhece o homem a necessidade de salvação, e pela mesma fé é ele levado a crer em

Cristo Jesus.

Heb. 11: 6 Ora, sem Fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se

aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

A Fé conduz-nos ao Salvador, a Fé coloca a verdade na mente e Cristo no coração. A Fé é a

ponte que dá passagem ao mundo espiritual, por isso concluímos que a Fé é o Meio para a

Salvação.

A NATUREZA DA SALVAÇÃO

Vejamos os 3 aspectos da Salvação

1o. Justificação Justificar é um termo judicial que significa absolver, declarar justo. O réu, ao

invés de receber sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição.

Esta absolvição é dom gratuito de Deus, colocado a nossa disposição pela fé.

Essa doutrina assim se define: "Justificação" é um ato da livre graça de Deus pelo qual ele

perdoa todos os nossos e nos aceita como justos aos seus olhos somente por nos ser imputada

a justiça de Cristo, que se recebe pela Fé.

Justificação é mais que perdão dos pecados, é a remoção da condenação.

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Deus apaga os pecados, e, em seguida, nos trata como se nunca tivéssemos cometido um

só pecado.

Portanto Justificação é o Ato de Deus tornar justo o pecador

2o. Regeneração Regenerar significa: Restaurar o que esta destruído.

Quando se trata do ser humano, Regeneração é uma mudança radical, operada pelo Espírito

Santo na alma do homem.

Esta Regeneração, atinge, portanto todas as faculdades do homem ou seja: Intelecto, Volição

e a Sensibilidade.

O homem regenerado não faz tanta questão de satisfazer à sua própria vontade como de

satisfazer à de Deus. Na Regeneração, ele passa a pensar de modo diferente, sentir de modo

diferente e querer de modo diferente: tudo se transforma.

II Cor. 5: 17 Portanto, se alguém está em Cristo, Nova Criatura é; as coisas velhas já

passaram, tudo se fez novo.

3o. Santificação Santificar é tornar sagrado, separar, consagrar, fazer santo.

A Palavra santo tem muitos significados:

Separação Representa o que está separado de tudo quanto seja terreno e humano.

Dedicação Representa o que está dedicado a Deus, no sentido ser sua

propriedade.

Purificação Algo que separado e dedicado tem de ser purificado, para

melhor ser apresentado.

Consagração No sentido de viver uma vida santa e justa.

Diante do exposto, podemos estabelecer o seguinte:

Santificação é um processo O crente precisa esforçar-se para progredir em santificação.

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II Cor.7: 1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a

impureza tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de

Deus.

Os meios divinos de santificação

O Sangue de Cristo I Jo.1: 7 O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o

pecado.

O Espírito Santo Fil. 1: 6 Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou boa

obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus Jo. 17: 17 Santifica-os na verdade a tua palavra é a verdade.

HISTÓRIA DAS FORMAS - GÊNEROS LITERÁRIOS

1. HISTÓRIA DAS FORMAS ("FORMGESCHICHTE")

É o padrão da exegese moderna. Em geral todo método exegético moderno aborda os

seguintes tópicos:

a) critica textual - se os manuscritos originais desapareceram ou nunca foram encontrados,

como se sabe se o texto atual corresponde ao original? Até que ponto é fiel? Em 1008, foi

encontrado um manuscrito básico para a edição da melhor bíblia hebraica que se tem hoje.

Está no museu de Leningrado. Mas, questiona-se: por quanto tempo o livro foi sendo

recopiado, e foi adquirindo erros de escrita? Muitas vezes, vários manuscritos (cópias) de um

mesmo livro trazem palavras diferentes. E por que tanta fé neste manuscrito?

O manuscrito mais antigo (até pouco tempo) do AT era composto de fragmentos de um papiro

do I ou II século a.C. Os beduínos acharam às margens do Mar Morto, vários manuscritos

datando do II século a.C. e há alguns, como o livro de Isaías, cujo texto é quase

completamente igual ao que temos. A Bíblia original (copiada) data do século II d.C. Os

rabinos tinham muito cuidado em transmitir a doutrina, e procuravam unificar os textos. Os

textos velhos eram colocados em lugares onde ninguém podia mais usá-los, chamados

gezidas. Numa destas gezidas foi encontrado um documento do ano 800, aproximadamente,

do qual aquele de 1008 é cópia. A diferença entre ambos é pouquíssima. Ora, se a nossa

Bíblia é a tradução daquele manuscrito, considerado autentico, aquela Bíblia é a melhor.

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b) 'sitz in leben'- Há livros que antes de serem escritos, foram passados oralmente por

várias gerações. Cada manuscrito que serviu para a composição de um texto tem uma história

diferente. Por isso eles dividem as perícopes e estudam as tradições e fontes delas. E como o

manuscrito chegou a esta fonte? Deste estudo se deduz a 'sitz in leben' (situação na vida) deste

manuscrito no gênero literário. A 'sitz in leben' que este gênero literário tem na comunidade; a

'sitz in leben' desta comunidade na história.

c) história da redação - Por que há certas palavras a mais ou a menos nos Evangelhos? Isto

varia com a 'sitz in leben' do manuscrito. Quem determina isto é a critica literária. Tudo isto

dentro do estudo da história das formas.

2. PRINCIPAIS GENEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA

Dividem-se assim os diversos gêneros literários encontrados na Bíblia:

a) Narrativo: histórico e didático

b) Legislativo

c) Sapiencial

d) Profético

e) Cânticos (Poesias)

a) narrativo-didático: mito, saga, legenda, conto, fábula, alegoria, parábola

l. mito - conto que se passa com deuses, ou cujos personagens são os deuses. Têm tonalidade

solene e são originários de círculos politeístas. A mitologia babilônica, por exemplo, muito

influenciou no povo de Israel, que sempre foi monoteista. Isto se vê nos salmos 103, 6-9; 17,

8-16; 88, ll e nos proféticos: Job 26, l2. Nos livros históricos, a influência é mais velada. Mas

a árvore da vida do Gênesis já existe num poema de Gilgames (de origem Babilônica): um

herói perguntou a um seu antepassado que era deus, onde ficava a árvore da vida. Ele a

encontrou no fundo do mar, e levou um ramo para plantar. Tendo sede, foi beber num poço e

uma serpente levou o seu ramo. A história do dilúvio tem uma similar na cultura babilônica. É

o caso de uma deusa que era amada ao mesmo tempo por um deus e por um homem. Então

para matar o homem, o deus mandou o dilúvio.

O importante a se notar nisso tudo é que, ao ser transcrita para o livro sagrado, o autor

purifica a lenda, tirando as características politeístas e servindo-se da cultura popular para

levar uma mensagem. A árvore da vida, na bíblia, significa que o homem foi criado para não

morrer. Na sabedoria babilônica, explicam que o mundo nasceu de uma briga dos deuses. O

deus vencido foi partido ao meio. De uma metade fez o deus vencedor o céu; de outra fez a

terra. Depois pediu a um deus artista que fizesse o homem com o sangue apodrecido do deus

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vencido. Por isso, o homem e o mundo são maus do principio. O autor sagrado aproveita-

se destes elementos, mas purificando-os e adaptando-os. A tradicional briga dos anjos com

Lucifer existe num mito fenício sob a forma de uma briga de deuses. A linguagem mítica da

bíblia, o antropomorfismo de Deus... tudo isto tem origem desta inspiração na literatura

exterior a Israel.

2. saga - contos que se ligam a lugares, pessoas, costumes, modos de vida dos quais se quer

explicar a origem, o valor, o caráter sagrado de qualquer fenômeno que chama a atenção. A

saga se chama etiológica quando procura a causa de um fenômeno. Por exemplo, para

explicar a existencia de uma vegetação pobre e espinhosa na região sul ocidental do Mar

Morto, surgiu a lenda de Sodoma e Gomorra, a chuva de enxofre... A origem de várias

estátuas de pedra, formadas pela erosão é explicada pela história da mulher de Ló, que foi

transformada em estátua. A narrativa de Caim e Abel é outra, para explicar a origem de uma

tribo cujos integrantes tinham um sinal na testa. Explicavam que Deus colocara um sinal em

Caim para que ninguém o matasse, e daí este sinal ficou para a descendência. O próprio nome

de Caim é inventado, porque a tribo tinha o nome de cainitas e eles deduziram que seu

fundador devia chamar-se Caim.

A saga se chama etimológica quando é para explicar um nome. Existe na Palestina uma

Ramat Leqi (montanha da queixada). Para explicar a origem deste nome eles inventaram a

estória de Sansão, um homem muito forte, que lutara contra muitos inimigos usando uma

queixada, e os vencera. Depois ele jogou a queixada naquele monte, que ficou c conhecido

como monte da queixada. 0 caso das filhas de Ló (Gen, 19) é uma história difamatória contra

os amonitas e moabitas, tradicionais inimigos de Israel. (Amon e Moab significam 'do pai').

Outras sagas da Bíblia: a de Noé embriagado; a briga de Labão com Jacó (Gen 31). A saga se

chama heróica quando tem por finalidade engrandecer a vida dos heróis do passado. O valor

da saga está na riqueza popular (folclórica) que ela traz. Nem sempre há lição em cada uma.

Mas a fartura de detalhes que ela traz mostra a mentalidade do povo. Seu valor é maior para a

critica literária.

3. legenda - distingue-se da saga porque se refere a pessoas ou objetos sagrados e querem

demonstrar a santidade destes por meio de um fato maravilhoso. Legendas na Bíblia há em

Num 16,1 - 17,15: histórias a respeito de Moisés; Dan l, 2, 3, 4: sonhos de Daniel; Os

milagres de Elias contra os sacerdotes de Baal; Gen 28,10: Jacó sonha com os anjos (pedra de

Betel). É comum nas legendas referir-se à lei ou objeto de culto. A imolação de Isaac, que não

deu certo, é para reprimir um costume dos cananeus de imolar crianças, costume proibido pela

lei de Moisés. A serpente de bronze (Num 21) se refere a uma serpente de bronze mandada

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fazer pelo rei Manassés, que foi destruída por Javé. A circuncisão (Gen 17) é explicada

assim: Deus apareceu a Abraão para fazer aliança com ele e o pacto era a circuncisão de todos

os meninos no oitavo dia. Jos 5, 9 e Ex 12 e 13 falam da origem da Páscoa.

4. parábolas, fábulas, alegorias - parábola é uma história comparativa, de sentido global (ex: II

Sam 12, 1-4); fábula é a narrativa que faz os seres inanimados ou os animais falarem (ex:

Juízes, 9,7); alegoria é uma história comparativa em que cada elemento tem um significado

particular (ex: Is 5, 1-7). Há ainda o apólogo, quando se trata da animação de objetos.

b) narrativo-histórico

Difere do didático porque pretende contar um fato acontecido realmente. Há três tipos:

1. popular, onde ninguém sabe o fim da lenda e o começo da história. É uma história

primitiva, baseada em histórias que corriam na boca do povo, um misto de elementos

verídicos e legendários acrescentados. Os livros Josué e Juízes (550 a.C.) estão nesta

categoria.

2. epopéia (nacional-religiosa) são histórias retiradas da catequese do povo. Se bem que

tenham elementos acrescentados, todavia a mensagem pode ser considerada autêntica. O

exemplo mais típico deste gênero é a narração epopéica da passagem do mar vermelho (Ex.

14 ). A fuga de Israel do Egito está ligada a um fato acontecido no tempo de Ramsés II. Ele

foi um faraó que empreendeu grandes conquistas, principalmente à procura de escravos para

trabalhar. Entre os povos submetidos havia um grupo de judeus. Mais tarde, fraquejou a

vigilância, e muitos fugiram, inclusive muitos judeus. Então eles empreenderam a fuga pelo

deserto e se aproveitaram de uma região onde havia um braço de mar que secava durante a

maré baixa para sair do território egípcio.

Esta narrativa na Bíblia é contada com todos aqueles retoques conhecidos. Mas se

analisarmos bem, veremos que na própria Bíblia, há duas citações do mesmo fato, e cada uma

conta diferente. São as duas tradições: a javista, mais antiga e mais verdadeira, afirma que o

vento soprou durante toda a noite e fez o mar recuar; a sacerdotal, mais recente, modificou a

narração para a divisão das águas em duas muralhas por onde todos passaram em seco. Há

uma certa contradição nestas duas. Mas o que se deve concluir daí é que os soldados os

perseguiram na fuga e eles passaram na maré baixa. Quando os soldados chegaram, a maré já

subira e não dava passagem. Enquanto isso, eles se adiantaram ainda mais. Ao transcrever isto

na Bíblia, o autor sagrado quer mostrar o fato da presença de Deus em ajuda de seu povo,

através dos elementos da natureza.

3. historiográfico - é o trabalho dos escribas encarregados de escrever as crônicas dos anais

dos reis. A partir destas crônicas vários livros foram escritos. 0 I Reis, cap. 11, vers.41 cita os

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anais de Salomão; em 14, 19 afirma que o restante está nos livros das crônicas dos Reis

de Israel. São documentos de maior credibilidade, porque são mais históricos. Somente a

partir do livro dos Reis, é que são usados documentos escritos na época. Antes era apenas

história popular.

c) Legislativo

É representado na Bíblia principalmente no Pentateuco. Tem muito em comum com os outros

povos vizinhos e herdou muito deles. Há passagens na Bíblia que são repetições do código de

Hamurábi. Os povos orientais são muito ricos neste tipo de literatura. Quanto aos tipos de leis,

há três: 1. leis causídicas: pormenorizadas conforme as situações; 2. leis apodíticas:

universais; 3. leis rituais.

d) Sapiencial

Originou-se também dos povos vizinhos, principalmente a partir do Exílio. São de origem

profana e não religiosa, pois as suas fontes também não eram religiosas. 0 povo oriental é

pensador por natureza e a sabedoria é uma virtude muito difundida e apreciada. A sabedoria

bíblica não difere muito da sabedoria oriental em geral.

e) Profético

Também tem origem fora de Israel. Os povos da época tinham seus profetas. Eles moravam

nos palácios dos reis e eram os que dialogavam com os deuses. É preciso notar que naquela

época profeta não era sinônimo de adivinho, como às vezes se identifica. Eles manifestavam

ao povo a vontade de Deus com sermões, com sinais, exortações e oráculos.

f) Salmos

Também tem influência externa (fora de Israel). Não são todos de Davi. Apareceram

conforme as necessidades. Foram compostos sem seqüência ou cronologia. São cantos de

louvor, de súplica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FRANCISCO, Clayde T. Introdução ao Velho Testamento. Trad. Antônio N. Mesquita. Rio

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KAISER Jr., Walter. Teologia do Antigo Testamento .São Paulo: Vida Nova, 1980.

VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2004.

VON RAD, G. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: ASTE, 1974.