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INTRODUÇÃO A tripanossomíase americana (doença de Chagas - ChD) está associada a alterações patológicas envolvendo o coração e o sistema nervoso autônomo

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INTRODUÇÃOA tripanossomíase americana (doença de

Chagas - ChD) está associada a alterações patológicas envolvendo o coração e o sistema nervoso autônomo (SNA)

A insuficiência do sistema vascular é uma das marcas da ChD

O papel do SNA na evolução fisiopatológica e clínica das alterações cardíacas ainda permanece obscuro

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INTRODUÇÃO As respostas à hipóxia são mediadas

principalmente pelos quimiorreceptores periféricos – seio carotídeo

Respostas à hipercapnia são mediadas pelos quimiorreceptores centrais– superfície ventral da medula

O SNA constitui componente chave do complexo das respostas cardiovasculares e respiratórias à hipóxia e hipercapnia

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HIPÓTESE Alterações patológicas dos

quimiorreceptores periféricos e SNC têm sido documentadas em pacientes chagásicos

A função quimiorreflexo pode ser alterada em pacientes com ChD

Não há estudos anteriores em pacientes com ChD investigando a função ou controle quimiorreflexo neurogênico respitarório

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OBJETIVOAvaliar as respostas respiratórias,

cardiovasculares e neuro-hormonais dos pacientes, como a ativação de quimiorreceptores periféricos e centrais

*Obs.: as respostas quimiorreflexo foram estudadas apenas em pacientes ChD assintomáticos , com função ventricular sistólica E normal já que a insuficiência cardíaca coexistente tem um potencial para alterar função quimiorreflexa

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MÉTODO

Estudados 12 pacientes ChD (08 mulheres e 04 homens)

Média de idade: 43+2 anos ( 32-52 anos)Diagnóstico: testes sorológicos e ECG

típico para evidências de alterações cardíacas

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MÉTODOPacientes foram encaminhados para o

Instituto do Coração da USP para avaliação de cardiopatia chagásica suspeita com base nas histórias epidemiológicas e resultados do ECG anormal

No exame clínico nenhum tinha qualquer sinal de ICC

Todos tinham fração de ejeção no repouso de > 0.60 (média 0.70 + 1.3, variação 0.60-0.75) determinada através da ecocardiografia

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MÉTODODados clínicos e laboratoriais não

mostraram nenhuma evidência de outra doença

O risco de inclusão de pacientes com disfunção endotelial foi minimizado pela exclusão dos pacientes com hipertensão e diabetes

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MÉTODO Grupo controle: 13 indivíduos normais (07 mulheres e 06

homens)

Idade média: 38+2 anos (22-55 anos)

Pareamento com grupo ChD em relação a idade, sexo, raça,

IMC, PA

Todos os sujeitos foram informados sobre o estudo e assinaram

TCLE

Estudo aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto do Coração

da USP

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MONITORIZAÇÃO CARDIOVASCULAR

PA monitorada continuamente pelo método volumeclamp (Finapres, Ohmeda 2300)

FC monitorada por eletrocardiografiaFluxo sangüíneo do antebraço medida

no braço D por pletismografia de oclusão venosa (DE Hokansen, CE-4) com um medidor de tensão de mercúrio

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MONITORIZAÇÃO CARDIOVASCULAR

As medidas do fluxo do antebraço foram registradas em intervalos de 10” a cada 20”

03 leituras foram obtidas para cada valor médio

A resistência vascular do antebraço foi calculada como a PAM durante 1’ de registro dividido pelo média do fluxo sangüíneo/min

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MONITORIZAÇÃO RESPIRATÓRIA

End-tidal CO2 e SpO2 foram monitorados com um capnógrafo e oxímetro de pulso (Novametrix, 7100 CO2SMO ETCO2/SpO2 Monitor)

Freqüência ventilatória e Ventilação/min monitoradas com um pneumotacógrafo (Hans-Rudolph) e transdutor de pressão diferencial (MP 45-871 Validyne) ligado a um amplificador integrado de sinal (Gould)

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MONITORIZAÇÃO HORMONALNíveis de noradrenalina no plasma

foram medidos através de cromatografia líquida de alta performance

Todos os sinais foram gravados simultaneamente em um resgistrador gráfico strip-Gould (RS 3800) e em um computador usando o software CODAS personalizado

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PROTOCOLO EXPERIMENTALUsado o estabelecido por SOMERS et allTodos os 25 indivíduos participaram de

todos os componentes do estudo – em decúbito dorsal / sala silenciosa

Inicialmente foi introduzido um catéter na veia antecubital

Estudos iniciados após >30 min de descansoFamiliarização com as técnicas

experimentais

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PROTOCOLO EXPERIMENTALAs medidas foram obtidas após 3’-

enquanto sujeitos respiravam ar ambiente (gravação de base)

Depois por 5’ durante a exposição para a mistura de gases através de um bocal e um clip nasal para assegurar a respiração oral exclusiva

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PROTOCOLO EXPERIMENTALNo final de cada sessão de gravação

(linha de base e estímulo quimiorreceptores) foi coletado (através do catéter) 4ml de amostra de sangue para medir o nível de norepinefrina plasmática

Foram usadas as mesmas seqüências de estímulo para todos os indivíduos

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PROTOCOLO EXPERIMENTAL1)Estimulação de quimiorreceptores

periféricos : 10% O2 em N2 com CO2 titulado para manter isocapnia

2)Estimulação quimiorreceptora central: CO2 7% + 93% O2

Pelo menos 20’ foi decorrido entre a estimulação dos quimiorreceptores periféricos e início do protocolo do quimiorreceptor central

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ANÁLISES ESTATÍSTICASRealizadas por um estatístico

independente com software SASDados demográficos, características

iniciais, índice quimiosensitivo periférico e níveis de noradrenalina foram comparados pelo teste t não pareado

Distribuição por sexo comparada pelo teste exato de Fisher

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ANÁLISES ESTATÍSTICASRespostas para hipóxia e hipercapnia

foram analisadas pela ANOVA para medidas repetidas com o tempo

SpO2 foi usado como co-variável de outras respostas para comparação Controle X ChD

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ANÁLISES ESTATÍSTICASO índice quimiosensitivo periférico foi

calculado como a mudança na ventilação/min dividida pela variação da SpO2 correspondente ao 2’, 3’, 4’ e 5’ para determinar as diferenças entre os grupos

Valores de P < 0,05 foram considerados significativos

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RESULTADOSA média de idade, IMC, sexo, PA similares

entre os grupos

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RESULTADOS Valores de repouso: média de SpO2, fim de CO2 corrente, F.

ventilatória, vent/min, PAM, Fc, Fluxo sangüíneo do antebraço, resistência vascular do antebraço, nível de noradrenalina similares nas 02 medições

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RESULTADOSA magnitude da hipóxia induzida SpO2 no

grupo ChD (p = 0,01)

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RESULTADOSO índice quimiosensitivo periférico com 2’de

hipóxia foi > grupo ChD (p = 0,01)

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RESULTADOS Não houve diferença significativa nos valores finais

de CO2 corrente Grupo controle taxas de vent/min durante 5’ de

hipóxia Aumentos similares em ambos grupos vent/min

durante a hipóxia A hipóxia induzida pelo aumento da FC

neutralizada grupo ChD (p = 0,02) Hipóxia induziu significativo no fluxo sangüíneo

do antebraço e da resistência vascular do antebraço no grupo controle (p= 0,02)

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RESULTADOS

Níveis de Nora apenas grupo ChD durante a hipóxia (p=0,01)

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RESULTADOS vent/min durante hipercapnia < grupo ChD (p = 0,02) Níveis Noradrenalina grupo controle durante hipercapnia

(p = 0,001)

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RESULTADOS

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DISCUSSÃOPrimeiro estudo a investigar respostas

respiratórias, hemodinâmicas integradas à ativação quimiorreflexa autonômica em indivíduos com ChD

A maior descoberta foi que os pacientes ChD sem disfunção ventricular E demonstram desregulação de ambas as respostas quimiorreflexas periféricas e centrais

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DISCUSSÃO Cálculo do índice quimiosensitivo periférico

demonstrou que a sensibilidade em 2’ foi

significativamente > nos pacientes ChD

sugerindo uma resposta reforçada à

estimulação quimiorreflexa neste grupo

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DISCUSSÃOA potencialização da sensibilidade

quimiorreflexa periférica pode explicar os níveis de norepinefrina plasmática aumentados apenas no grupo ChD durante a hipóxia e porque esta não foi acompanhada de vasodilatação do antebraço, apesar da semelhança entre a PAM

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DISCUSSÃONesse estudo, não houve diminuição da

resistência vascular no antebraço no grupo ChD, o que indica reação vascular anormal à hipóxia, com predomínio da atividade simpática sobre mecanismos locais

Não foi avaliada a resposta simpática à hipóxia através da medida da atividade nervosa simpática muscular como descrito por Somers

Medidos níveis plasmáticos de noradrenalina

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DISCUSSÃO Supõe-se que os pacientes com ChD

não têm capacidade de aumentar seu débito cardíaco durante o estresse hipóxico (pacientes do estudo apresentaram taquicardia)

Necessitam aumentar o fluxo simpático (impede vasodilatação) para manter PAM estável

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DISCUSSÃOOs ajustes de carga em relação à função

cardíaca e da evolução da insuficiência cardíaca merecem mais atenção

Como a IgG humana chagásica pode bloquear os receptores muscarínicos no coração, a depressão observada nos quimiosensitivos centrais dos pacientes estudados pode ser explicada pelo bloqueio dos receptores muscarínicos rostrais ventrolateral da medula por anticorpos semelhantes

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DISCUSSÃO As respostas já presentes de

quimiorreflexo anormal em pacientes sem grandes danos vetricularE pode contribuir para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca

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AGRADECIMENTOS Fundação ZerbiniFundação de Amparo à pesquisa do

Estado de SP