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INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DOS
TRANSISTORES
BIPOLARES DE JUNÇÃO
Professor: Leandro Sousa Vilefort
“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”
Immanuel Kant
Julho de 2013
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
SUMÁRIO
SUMÁRIO............................................................................................................................ II
ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................................III
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TRANSISTORES BIPOLARES DE
JUNÇÃO ............................................................................................................................... 4
1.1 - O TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR ................................................................................4
1.2 - FUNÇÕES, CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DE DOPAGEM DAS REGIÕES DO TJB ..4
1.3 - POLARIZAÇÃO DO TRANSISTOR E SEU FUNCIONAMENTO ........................................5
1.4 - PRINCIPAIS EQUAÇÕES ...........................................................................................................7
1.5 - ANÁLISE QUALITATIVA DO FUNCIONAMENTO DO TJB ..............................................9
1.6 - MODELO EBERS-MOLL ..........................................................................................................12
1.6.1 - POLARIZAÇÃO NO MODO ATIVO DIRETO ................................................................................. 12
1.6.2 - POLARIZAÇÃO NO MODO ATIVO REVERSO .............................................................................. 13
1.6.3 - MODELO EBERS-MOLL SIMPLIFICADO ...................................................................................... 13
1.6.4 - EFEITOS DINÂMICOS: CAPACITÂNCIAS E RESISTÊNCIAS DE CONTATO .......................... 15
1.7 - CONCLUSÕES ............................................................................................................................17
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 – (a) Transistor NPN; (b) Transistor PNP. ............................................................. 4
Figura 1.2 – Secção transversal de um TJB NPN. ................................................................... 5
Figura 1.3 – Polarização do TJB NPN: (a) Primeiro momento; (b) Segundo momento. .......... 6
Figura 1.4 – Variação do ganho de corrente com IC e T. ....................................................... 10
Figura 1.5 – Curvas iC x vCB. ................................................................................................ 10
Figura 1.6 – Curvas iC x vCE, regiões de operação e a tensão de Early. .................................. 12
Figura 1.7 – Modo de Polarização Ativo Direto: (a) Circuito; (b) Modelo T. ........................ 12
Figura 1.8 – Modo de Polarização Ativo Reverso: (a) Circuito; (b) Modelo T. ..................... 13
Figura 1.9 – Modelo Ebers-Moll Simplificado ..................................................................... 14
Figura 1.10 – Modelo de Transporte Ebers-Moll. ................................................................. 16
Figura 1.11 – Comparação das curvas I-V do Modelo de Transporte (pontilhadas) com as
curvas reais do transistor 2N4124. ................................................................................ 17
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO
1.1 - O TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR
O transistor de junção bipolar (TJB) é formado por três cristais semicondutores
extrínsecos (com impurezas) com tamanhos e níveis de dopagem diferentes.
Os TJBs podem ser operados para atuar como chave estática (interruptor) ou como uma
fonte de corrente controlada por tensão (vBE) ou por corrente (iB).
Existem dois tipos básicos de TJBs: o tipo NPN e o tipo PNP.
A cada junção PN forma-se um diodo, por isso, pode-se dizer que o transistor é formado
por dois diodos: o diodo coletor (região base-coletor) e o diodo emissor (região base-emissor).
A Figura 1.1(a) ilustra o transistor NPN e seu símbolo. A Figura 1.1(b) ilustra o
transistor PNP e seu símbolo.
Figura 1.1 – (a) Transistor NPN; (b) Transistor PNP.
Cada pastilha semicondutora forma uma região do TJB que possui características físicas
distintas quanto ao tamanho e a dopagem. São elas: Coletor, Base e Emissor.
1.2 - FUNÇÕES, CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DE DOPAGEM DAS REGIÕES DO TJB
A Figura 1.2 ilustra a secção transversal de um TJB NPN.
5 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
Figura 1.2 – Secção transversal de um TJB NPN.
As características físicas comuns entre os transistores NPN e PNP:
• O coletor é fisicamente muito maior que o emissor e a base;
• A base é fisicamente muito menor que o emissor e o coletor;
• O emissor é muito mais dopado que o coletor e a base;
• A base possui dopagem muito menor que a do coletor e do emissor.
Funções do Emissor, da Base e do Coletor (análise para o TJB NPN):
• Emissor: é fortemente dopado. Tem a função de emitir ou injetar elétrons livres
(portadores majoritários na região N) na base;
• Base: é fracamente dopada. Tem a função de receber os elétrons livres do
emissor e garantir um tempo de vida (τ) maior desses elétrons (portadores
minoritários na região P) nessa região, controlando a passagem desses elétrons
provenientes do emissor para o coletor, devido a um campo elétrico externo;
• Coletor: com dopagem intermediária, tem a função de coletar os elétrons livres
vindos do emissor para a base.
1.3 - POLARIZAÇÃO DO TRANSISTOR E SEU FUNCIONAMENTO
O modo mais usual de se polarizar um transistor é polarizar diretamente o diodo emissor
e polarizar reversamente o diodo coletor. Para facilitar o entendimento do processo de
polarização, o separamos em dois momentos distintos:
6 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
1. Ao aplicar uma polarização direta no diodo emissor, tal que BEBBV Vγ> (> 0,7V),
os elétrons do emissor entrarão na região da base, onde se tornam portadores
minoritários, conforme Figura 1.3 (a);
2. Uma vez que os elétrons livres vindos do emissor atravessaram para a base, eles
podem tomar o caminho em direção ao terminal positivo de VBB e, também,
rumo ao terminal positivo de VCC, conforme Figura 1.3 (b).
Esse fenômeno ocorre devido à região da base, por ser muito estreita, permitir que os
elétrons livres tenham uma distância curta para chegar ao coletor. Além disso, por ser
fracamente dopada, os elétrons livres na região da base apresentam tempo de vida (τ) maior,
pois se tornam portadores minoritários. Por essas razões, quase todos os elétrons injetados
pelo emissor passam da base para o coletor.
Figura 1.3 – Polarização do TJB NPN: (a) Primeiro momento; (b) Segundo momento.
7 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
1.4 - PRINCIPAIS EQUAÇÕES
As expressões (1.1) a (1.12) são as principais equações que regem o funcionamento dos
TJBs.
E B Ci i i= + (1.1)
.C Ei iα= (1.2)
.C Bi iβ= (1.3)
1
βα
β=
+ (1.4)
1
αβ
α=
− (1.5)
. 1BE
T
vV
C Si I e
= −
(1.6)
. 1BE
T
vVS
E
Ii e
α
= −
(1.7)
. 1BE
T
vVS
B
Ii e
β
= −
(1.8)
.
T
k TV
q= (1.9)
2,3. .log EBE T
S
iv V
I
=
(1.10)
CE BE CBv v v= + (1.11)
2
1
. .
. . 2. .p A
n D p n
D N W W
D N L D
β
τ
=
+
(1.12)
Onde:
• IE – corrente do emissor;
8 Capítulo 1
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• IB – corrente da base;
• IC – corrente de coletor;
• α - ganho de corrente de base comum;
• β – ganho de corrente de emissor comum;
• IS – corrente de saturação ou corrente de escala;
• VBE – tensão entre os terminais da base e emissor;
• VT – tensão térmica (~25mV @ 25ºC);
• K – constante de Boltzmann = 1,38.10-23 J/K;
• T – temperatura em K = 273 + T(ºC). Temperatura ambiente = 20ºC;
• Q – carga de um elétron = 1,6.10-19C;
• VCE – tensão entre os terminais do coletor e emissor;
• VCB – tensão entre os terminais do coletor e base;
• Dp – constante de difusão dos elétrons no emissor;
• Dn – constante de difusão dos elétrons na base;
• NA – concentração de dopantes na base;
• ND – concentração de dopantes no emissor;
• W – largura efetiva da base;
• Lp – comprimento de difusão de lacunas no emissor (largura da barreira de
depleção do diodo emissor);
• τ – tempo de vida dos portadores minoritários na região da base.
9 Capítulo 1
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1.5 - ANÁLISE QUALITATIVA DO FUNCIONAMENTO DO TJB
A partir das expressões (1.1) a (1.12) é possível obter informações qualitativas
importantes para o bom entendimento do funcionamento dos TJBs:
a) O ganho de corrente (β) é influenciado significativamente pela largura da região
da base (W) e pela razão de dopagem das regiões da base e do emissor (NA/ND),
portanto, para que β seja elevado (o que é altamente desejável em
amplificadores), a base deve ser estreita (↓W) e levemente dopada (↑τ),
enquanto que o emissor deve ser altamente dopado (↓NA/ND);
b) A corrente de escala (IS) é muito dependente da temperatura. Na prática, IS dobra
de valor para cada acréscimo de 5ºC. Os valores típicos de IS se encontram na
faixa: 10-15 < IS < 10-8;
c) A tensão térmica (VT) é diretamente proporcional à temperatura;
d) Somando os efeitos da variação de IS e VT com a variação da temperatura,
resulta em aproximadamente numa redução de 2mV/ºC em vBE. Essa linearidade
permite que sejam feitos termômetros com TJBs;
e) O valor de β depende do nível de corrente de operação (iC) e da temperatura,
conforme Figura 1.4. A variação de iC e da temperatura faz com que varie alguns
parâmetros da eq. (1.12), principalmente W, τ e Lp;
10 Capítulo 1
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Figura 1.4 – Variação do ganho de corrente com IC e T.
f) Curvas iC x vCB (Figura 1.5). Quando vCB>-0,4V, o transistor opera no modo
ativo e iC é aproximadamente igual a iE. Quando vCB < -0,4V, a corrente iC deixa
de ser aproximadamente o valor de iE, ou seja, αsat < α e, conseqüentemente, βsat
< β. Nessa região, o transistor opera no modo de saturação. Quando iB ≈0, o
transistor estará operando na região de corte.
Figura 1.5 – Curvas iC x vCB.
11 Capítulo 1
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g) Curvas iC x vCE (Figura 1.6). Nesse gráfico podemos visualizar as regiões de
operação do transistor: corte, saturação, ativa e de ruptura. Permite identificar a
tensão de saturação (vCEsat) e o cálculo de β e βsat para diferentes pontos
quiescentes de operação (Q). Note que a tensão vCEsat é dependente da corrente
iC, ou seja, quanto maior iC, maior será vCEsat. A região de corte é quando a
corrente de base é aproximadamente zero. Quando o TJB está operando como
amplificador, seus pontos de operação estarão excursionando na região ativa.
Quando o transistor estiver operando como chave estática, os pontos de operação
estarão ou na região de corte ou na região de saturação. Nota-se que as
inclinações das curvas na região ativa mostram uma certa dependência de iC com
a tensão de coletor (VC). Se prolongarmos as curvas até tocarem o eixo
horizontal, encontraremos a tensão de Early (-VA). Podemos, com isso,
encontrar a resistência de saída do transistor para um determinado ponto de
operação:
0A
C
Vr
I= (1.13)
Onde: IC é o ponto que corta o eixo iC ao prolongar a reta para um dado iB de
polarização.
12 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
Figura 1.6 – Curvas iC x vCE, regiões de operação e a tensão de Early.
1.6 - MODELO EBERS-MOLL
1.6.1 - POLARIZAÇÃO NO MODO ATIVO DIRETO
Essa é a polarização mais usual de um transistor. A Figura 1.7 (a) ilustra a configuração
de polarização no modo ativo direto e a Figura 1.7 (b) ilustra o seu modelo T equivalente para
grandes sinais.
Figura 1.7 – Modo de Polarização Ativo Direto: (a) Circuito; (b) Modelo T.
Onde:
13 Capítulo 1
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. 1BE
T
vVS
DE
F
Ii e
α
= −
(1.14)
1.6.2 - POLARIZAÇÃO NO MODO ATIVO REVERSO
Esse modo não é usual, mas é bastante útil para representar as correntes que circulam
pelo transistor devido aos portadores minoritários. A Figura 1.8 (a) ilustra o circuito de
polarização no modo ativo reverso e a Figura 1.8 (b) ilustra seu modelo T equivalente para
grandes sinais.
Figura 1.8 – Modo de Polarização Ativo Reverso: (a) Circuito; (b) Modelo T.
Onde:
. 1BC
T
vVS
DC
R
Ii e
α
= −
(1.15)
1.6.3 - MODELO EBERS-MOLL SIMPLIFICADO
O modelo Ebers-Moll simplificado é a união dos modelos T das polarizações no modo
ativo direto e reverso. A Figura 1.9 ilustra esse modelo.
14 Capítulo 1
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Figura 1.9 – Modelo Ebers-Moll Simplificado
Por análise nodal, tem-se:
Nó 1: .C F DE DCi i iα= − (1.16)
Nó 2: .E DE R DC
i i iα= − (1.17)
Nó 3: ( ) ( )1 . 1 .B F DE R DCi i iα α= − + − (1.18)
Substituindo (1.14) e (1.15) em (1.16), (1.17) e (1.18), resulta em:
. 1 . 1BCBE
T T
vvV VS
C S
R
Ii I e e
α
= − − −
(1.19)
. 1 . 1BCBE
T T
vvV VS
E S
F
Ii e I e
α
= − − −
(1.20)
15 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
( ) ( )1 1
. 1 . . 1BCBE
T T
vvF RV V
B S S
F R
i I e I eα α
α α
− − = − − −
(1.21)
Substituindo (1.5) em (1.21), tem-se:
. 1 . . 1BCBE
T T
vvV VS S
B
F R
I Ii e e
β β
= − − −
(1.22)
Onde:
• βF – é o ganho de corrente de emissor comum para polarização direta.
(Tipicamente: 50 < βF < 450 e αF ≈ 1);
• βR – é o ganho de corrente de emissor comum para polarização reversa.
(Tipicamente βR ≈ 0,1 e αR ≈ 0,1).
1.6.4 - EFEITOS DINÂMICOS: CAPACITÂNCIAS E RESISTÊNCIAS DE CONTATO
Os efeitos dinâmicos são devido ao armazenamento de cargas no transistor. Dois efeitos
devem ser considerados:
(Fonte: http://www.atp.ruhr-uni-bochum.de/rt1/semicond/node42.html)
1. Capacitâncias entre camadas:
( )1
JeTe mje
BE Je
CC
V V=
− (1.23)
( )1
JcTc mjc
BC Jc
CC
V V=
− (1.24)
2. Capacitâncias de difusão: que podem ser estimadas a partir da carga de
portadores minoritários armazenados na região da base nos modos ativo direto e
reverso:
16 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
. BEBe F
BE
dIC
dVτ= (1.25)
. BCBc R
BC
dIC
dVτ= (1.26)
Onde: τF e τR são os tempos de trânsito dos elétrons e lacunas através da base.
O Modelo Ebers-Moll de Transporte é ilustrado na Figura 1.10.
Figura 1.10 – Modelo de Transporte Ebers-Moll.
A Figura 1.11 ilustra as curvas I-V geradas pelo Modelo de Transporte (pontilhadas)
comparadas às curvas I-V reais do transistor 2N4124.
17 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
Figura 1.11 – Comparação das curvas I-V do Modelo de Transporte (pontilhadas) com as curvas reais do transistor 2N4124.
Note que as curvas do modelo de transporte são próximas às curvas ideais do transistor,
porém, ele não considera as variações de βF e βR com a corrente iC e com a temperatura, o
efeito Early e outros efeitos de segunda ordem.
1.7 - CONCLUSÕES
A utilização de um sistema computacional para análise de circuitos representa notáveis
vantagens sob o ponto de vista de facilidade de projeto e avaliação de desempenho dos
circuitos eletrônicos. No caso específico do projeto de circuitos integrados, a simulação é uma
das mais importantes ferramentas de que dispõe os projetistas. Esta ferramenta pode ser
utilizada, no entanto, para a simulação de qualquer circuito eletrônico.
18 Capítulo 1
Prof. Leandro Sousa Vilefort - 2013
O programa SPICE, devido à qualidade dos modelos empregados e contínuos
aperfeiçoamentos ocorridos desde sua apresentação, vem se firmando como um padrão para a
simulação de circuitos, sendo largamente utilizado tanto pelos estudantes que estão iniciando
a atividade de projeto de circuitos eletrônicos como pelos projetistas de circuitos avançados.