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Introdução ao Introdução ao pensamento de Hegel e à pensamento de Hegel e à leitura da leitura da Fenomenologia. A Fenomenologia. A dialética hegeliana: dialética hegeliana: possibilidades e possibilidades e limites de sua ruptura limites de sua ruptura com Kant e sua relação com Kant e sua relação com o idealismo. com o idealismo. Flávio Roberto Batista

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Introdução ao pensamento de Introdução ao pensamento de Hegel e à leitura da Hegel e à leitura da

Fenomenologia. A dialética Fenomenologia. A dialética hegeliana: possibilidades e hegeliana: possibilidades e limites de sua ruptura com limites de sua ruptura com Kant e sua relação com o Kant e sua relação com o

idealismo.idealismo.

Flávio Roberto Batista

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Advertências préviasAdvertências prévias

• O foco da presente aula, originalmente, O foco da presente aula, originalmente, conforme consta do programa, seria uma conforme consta do programa, seria uma apresentação das principais categorias apresentação das principais categorias que organizam o pensamento hegeliano e, que organizam o pensamento hegeliano e, especialmente do conteúdo de sua reação especialmente do conteúdo de sua reação a Kant e das razões pela qual essa reação a Kant e das razões pela qual essa reação não elimina o idealismo da filosofia não elimina o idealismo da filosofia hegeliana.hegeliana.

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Advertências préviasAdvertências prévias

• Diante das dificuldades enfrentadas por Diante das dificuldades enfrentadas por todos na leitura da obra todos na leitura da obra Fenomenologia Fenomenologia do espíritodo espírito, este primeiro objetivo será , este primeiro objetivo será mantido e a ele será somado, na mantido e a ele será somado, na sequência, um mergulho na introdução e sequência, um mergulho na introdução e nos dois primeiros capítulos da obra em nos dois primeiros capítulos da obra em questão, com apoio na bibliografia questão, com apoio na bibliografia complementar, para observar as complementar, para observar as categorias da dialética hegeliana “em categorias da dialética hegeliana “em ação”.ação”.

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Advertências préviasAdvertências prévias• O recorte se justifica porque, no dizer de Kojéve, “não O recorte se justifica porque, no dizer de Kojéve, “não

é possível compreender a Fenomenologia do espírito é possível compreender a Fenomenologia do espírito se não forem percebidas suas articulações dialéticas”, se não forem percebidas suas articulações dialéticas”, as quais “raramente são explicitadas pelo próprio as quais “raramente são explicitadas pelo próprio Hegel”. Assim, além de “começar pelo início”, sem Hegel”. Assim, além de “começar pelo início”, sem pressuposições, por assim dizer, como faria o próprio pressuposições, por assim dizer, como faria o próprio Hegel em sua Ciência da lógica, a exposição deste Hegel em sua Ciência da lógica, a exposição deste trecho preparará o terreno para as duas aulas trecho preparará o terreno para as duas aulas seguintes, que demandarão uma compreensão seguintes, que demandarão uma compreensão profunda da sequência da obra, especificamente os profunda da sequência da obra, especificamente os capítulo III e IV, que serão trabalhados pelo Prof. capítulo III e IV, que serão trabalhados pelo Prof. Marcus ao lidar com o direito e os direitos humanos Marcus ao lidar com o direito e os direitos humanos em Hegel.em Hegel.

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A reação hegeliana a KantA reação hegeliana a Kant• Hegel propõe uma ruptura epistemológica com o Hegel propõe uma ruptura epistemológica com o

pensamento kantiano baseada, principalmente, em pensamento kantiano baseada, principalmente, em dois pontos intrinsecamente ligados:dois pontos intrinsecamente ligados:

1.1. Fim da separação radical entre sujeito e objeto, que Fim da separação radical entre sujeito e objeto, que passam a ser tratados como uma unidade dialética – passam a ser tratados como uma unidade dialética – mudança da perspectiva científica do indivíduo para a mudança da perspectiva científica do indivíduo para a humanidade (noção relevante para a compreensão do humanidade (noção relevante para a compreensão do individualismo metodológico e de sua oposição).individualismo metodológico e de sua oposição).

2.2. Fim da noção de aporia, por meio da assunção da Fim da noção de aporia, por meio da assunção da contradição como base da formulação do pensamento contradição como base da formulação do pensamento – fundamento do método dialético, que elimina a – fundamento do método dialético, que elimina a possibilidade de existência do incognoscível a partir possibilidade de existência do incognoscível a partir das unidades dos contrários (a contradição deixa de das unidades dos contrários (a contradição deixa de ser um limite do conhecimento e passa a ser seu ser um limite do conhecimento e passa a ser seu motor).motor).

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A reação hegeliana a KantA reação hegeliana a Kant• ““A filosofia kantiana opõe pura e simplesmente, a esse empirismo, o A filosofia kantiana opõe pura e simplesmente, a esse empirismo, o

princípio do pensar e da liberdade, e se junta ao primeiro empirismo sem princípio do pensar e da liberdade, e se junta ao primeiro empirismo sem sair, por menos que seja, do princípio geral desse. Um dos lados do seu sair, por menos que seja, do princípio geral desse. Um dos lados do seu dualismo continua sendo o mundo da percepção, e do entendimento que dualismo continua sendo o mundo da percepção, e do entendimento que sobre ele reflete. Esse mundo, na verdade, é dado como um mundo de sobre ele reflete. Esse mundo, na verdade, é dado como um mundo de fenômenos. Contudo é isso um mero título, uma determinação apenas fenômenos. Contudo é isso um mero título, uma determinação apenas formal, porque a fonte, o conteúdo e o modo de considerar permanecem formal, porque a fonte, o conteúdo e o modo de considerar permanecem completamente os mesmos. O outro lado, ao contrário, é a autonomia do completamente os mesmos. O outro lado, ao contrário, é a autonomia do pensar que se compreende (a si mesmo), o princípio da liberdade, que a pensar que se compreende (a si mesmo), o princípio da liberdade, que a filosofia kantiana tem em comum com a metafísica ordinária de antes; mas filosofia kantiana tem em comum com a metafísica ordinária de antes; mas que esvazia de todo o conteúdo e não lhe pode conseguir de novo nenhum que esvazia de todo o conteúdo e não lhe pode conseguir de novo nenhum conteúdo. Esse pensar – aqui denominado razão –, enquanto destituído de conteúdo. Esse pensar – aqui denominado razão –, enquanto destituído de toda a determinação, está despojado de toda a autoridade. O efeito toda a determinação, está despojado de toda a autoridade. O efeito principal que teve a filosofia kantiana foi ter despertado a consciência dessa principal que teve a filosofia kantiana foi ter despertado a consciência dessa absoluta interioridade; que embora – por causa de sua abstração, sem absoluta interioridade; que embora – por causa de sua abstração, sem dúvida – não pudesse, em direção a nada, desenvolver-se a partir de si dúvida – não pudesse, em direção a nada, desenvolver-se a partir de si mesma, nem produzir nenhuma determinação, nem conhecimentos nem mesma, nem produzir nenhuma determinação, nem conhecimentos nem leis morais, recusa-se absolutamente a deixar agir e ter valor nela qualquer leis morais, recusa-se absolutamente a deixar agir e ter valor nela qualquer coisa que tenha o caráter de uma exterioridade. O princípio da coisa que tenha o caráter de uma exterioridade. O princípio da independência da razão, de sua absoluta autonomia em si mesma, deve independência da razão, de sua absoluta autonomia em si mesma, deve ser considerado de agora em diante como princípio universal da filosofia, e ser considerado de agora em diante como princípio universal da filosofia, e também como um dos preconceitos da época”. (HEGEL, George W. F. também como um dos preconceitos da época”. (HEGEL, George W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio. V. I. São Paulo: Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio. V. I. São Paulo: Loyola, 1995, p. 136).Loyola, 1995, p. 136).

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A reação hegeliana a KantA reação hegeliana a Kant• ““Como já se mencionou na nota do parágrafo Como já se mencionou na nota do parágrafo

anterior, embora a indicação das antinomias anterior, embora a indicação das antinomias deva considerar-se um progresso muito deva considerar-se um progresso muito importante do conhecimento filosófico, pois importante do conhecimento filosófico, pois assim se descartou o dogmatismo rígido da assim se descartou o dogmatismo rígido da metafísica-do-entendimento, e se chamou metafísica-do-entendimento, e se chamou atenção para o movimento dialético do pensar, atenção para o movimento dialético do pensar, é preciso ao mesmo tempo notar, sobre esse é preciso ao mesmo tempo notar, sobre esse ponto, que Kant também aqui ficou no resultado ponto, que Kant também aqui ficou no resultado simplesmente negativo da incognoscibilidade do simplesmente negativo da incognoscibilidade do Em-si das coisas, e não penetrou até o Em-si das coisas, e não penetrou até o conhecimento da verdadeira e positiva conhecimento da verdadeira e positiva significação das antinomias”. (HEGEL, George significação das antinomias”. (HEGEL, George W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas em W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio. V. I. São Paulo: Loyola, 1995, p. compêndio. V. I. São Paulo: Loyola, 1995, p. 121).121).

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A origem da lógicaA origem da lógica

• Pensar sem pressuposições: a busca por Pensar sem pressuposições: a busca por uma lógica autofundamentada e a uma lógica autofundamentada e a radicalização do racionalismoradicalização do racionalismo

• O ser puro e sua dupla natureza: a O ser puro e sua dupla natureza: a contradição determinadacontradição determinada

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A origem da lógicaA origem da lógica• A questão da razão e de sua “pureza”: “Outrora tinham um céu A questão da razão e de sua “pureza”: “Outrora tinham um céu

dotado de vastos tesouros de pensamentos e imagens. A dotado de vastos tesouros de pensamentos e imagens. A significação de tudo que existe estava no fio de luz que o unia ao significação de tudo que existe estava no fio de luz que o unia ao céu; então, em vez de permanecer neste [mundo] presente, o olhar céu; então, em vez de permanecer neste [mundo] presente, o olhar deslizava além, rumo à essência divina: a uma presença no além – deslizava além, rumo à essência divina: a uma presença no além – se assim se pode dizer. O olhar do espírito somente à força poderia se assim se pode dizer. O olhar do espírito somente à força poderia ser dirigido ao terreno e ali mantido. Muito tempo se passou antes ser dirigido ao terreno e ali mantido. Muito tempo se passou antes de se introduzir na obtusidade e perdição em que jazia o sentido de se introduzir na obtusidade e perdição em que jazia o sentido deste mundo, a claridade que só o outro mundo possuía; para deste mundo, a claridade que só o outro mundo possuía; para tomar o presente, como tal, digno do interesse e da atenção que tomar o presente, como tal, digno do interesse e da atenção que levam o nome de experiência. Agora parece haver necessidade do levam o nome de experiência. Agora parece haver necessidade do contrário: o sentido está tão enraizado no que é terreno, que se faz contrário: o sentido está tão enraizado no que é terreno, que se faz mister uma força igual para erguê-lo dali. O espírito se mostra tão mister uma força igual para erguê-lo dali. O espírito se mostra tão pobre que parece aspirar, para seu reconforto, ao mísero pobre que parece aspirar, para seu reconforto, ao mísero sentimento do divino em geral – como um viajante no deserto sentimento do divino em geral – como um viajante no deserto anseia por uma gota d’água. Pela insignificância daquilo com que o anseia por uma gota d’água. Pela insignificância daquilo com que o espírito se satisfaz pode-se medir a grandeza do que perdeu”. espírito se satisfaz pode-se medir a grandeza do que perdeu”. (HEGEL, George W. F. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. (HEGEL, George W. F. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 27).Petrópolis: Vozes, 1992, p. 27).

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O funcionamento da lógicaO funcionamento da lógica• A ideia de crítica imanente: “Do mesmo modo, a A ideia de crítica imanente: “Do mesmo modo, a

determinação das relações que uma obra determinação das relações que uma obra filosófica julga ter com outras sobre o mesmo filosófica julga ter com outras sobre o mesmo objeto introduz um interesse estranho e objeto introduz um interesse estranho e obscurece o que importa ao conhecimento da obscurece o que importa ao conhecimento da verdade. Com a mesma rigidez com que a opinião verdade. Com a mesma rigidez com que a opinião comum se prende à oposição entre o verdadeiro e comum se prende à oposição entre o verdadeiro e o falso, costuma também cobrar, ante um sistema o falso, costuma também cobrar, ante um sistema filosófico dado, uma atitude de aprovação ou de filosófico dado, uma atitude de aprovação ou de rejeição. Acha que qualquer esclarecimento a rejeição. Acha que qualquer esclarecimento a respeito do sistema só pode ser uma ou outra. respeito do sistema só pode ser uma ou outra. Não concebe a diversidade dos sistemas Não concebe a diversidade dos sistemas filosóficos como desenvolvimento progressivo da filosóficos como desenvolvimento progressivo da verdade, mas só vê na diversidade a contradição”. verdade, mas só vê na diversidade a contradição”. (HEGEL, George W. F. Fenomenologia do (HEGEL, George W. F. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 23-24). Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 23-24).

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O funcionamento da lógicaO funcionamento da lógica• A verdade como processo: “Como eu poderia A verdade como processo: “Como eu poderia

supor que o método que persigo nesse sistema supor que o método que persigo nesse sistema da lógica – ou melhor, que esse sistema persegue da lógica – ou melhor, que esse sistema persegue nele mesmo – não seria ainda capaz de maior nele mesmo – não seria ainda capaz de maior aperfeiçoamento, de muita lapidação quanto aos aperfeiçoamento, de muita lapidação quanto aos detalhes? Mas ao mesmo tempo sei que ele é o detalhes? Mas ao mesmo tempo sei que ele é o único veraz. Isso já fica claro pelo fato de que ele único veraz. Isso já fica claro pelo fato de que ele não é nada distinto de seu objeto e conteúdo; – não é nada distinto de seu objeto e conteúdo; – pois é o conteúdo em si, a dialética que ele tem pois é o conteúdo em si, a dialética que ele tem nele mesmo que o move para frente. É claro que nele mesmo que o move para frente. É claro que nenhuma exposição pode valer como científica se nenhuma exposição pode valer como científica se ela não percorre o caminho desse método e se ela não percorre o caminho desse método e se não é adequada ao seu ritmo simples, pois é o não é adequada ao seu ritmo simples, pois é o percurso da questão mesma”. (HEGEL, George percurso da questão mesma”. (HEGEL, George W.F. Ciência da lógica: excertos. São Paulo: W.F. Ciência da lógica: excertos. São Paulo: Barcarolla, 2011, p. 34).Barcarolla, 2011, p. 34).

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O funcionamento da lógicaO funcionamento da lógica• A contradição e a negação: “A única coisa para alcançar a A contradição e a negação: “A única coisa para alcançar a

progressão científica – e em vista de cuja intelecção inteiramente progressão científica – e em vista de cuja intelecção inteiramente simples é necessário se empenhar de modo essencial – é o simples é necessário se empenhar de modo essencial – é o conhecimento do enunciado lógico de que o negativo é igualmente conhecimento do enunciado lógico de que o negativo é igualmente positivo ou que o que se contradiz não se dissolve no que é nulo, positivo ou que o que se contradiz não se dissolve no que é nulo, no nada abstrato, mas essencialmente apenas na negação de seu no nada abstrato, mas essencialmente apenas na negação de seu conteúdo particular ou que uma tal negação não é toda negação, e conteúdo particular ou que uma tal negação não é toda negação, e sim a negação da questão determinada que se dissolve, com o que sim a negação da questão determinada que se dissolve, com o que é negação determinada; que, portanto, no resultado está contido é negação determinada; que, portanto, no resultado está contido essencialmente aquilo do qual resulta – o que é propriamente uma essencialmente aquilo do qual resulta – o que é propriamente uma tautologia, pois de outro modo seria um imediato, não um resultado. tautologia, pois de outro modo seria um imediato, não um resultado. Na medida em que o que resulta, a negação, é negação Na medida em que o que resulta, a negação, é negação determinada, ela possui um conteúdo. Ela é um novo conceito, mas determinada, ela possui um conteúdo. Ela é um novo conceito, mas conceito mais elevado, mais rico do que o precedente; pois ela se conceito mais elevado, mais rico do que o precedente; pois ela se tornou mais rica devido a essa negação ou oposição; ela, portanto, tornou mais rica devido a essa negação ou oposição; ela, portanto, o contém, mas também mais do que ele, e é a unidade dele e do o contém, mas também mais do que ele, e é a unidade dele e do seu oposto. – Nesse caminho tem de se formar em geral o sistema seu oposto. – Nesse caminho tem de se formar em geral o sistema dos conceitos – e se consumir em um percurso irresistível, puro, dos conceitos – e se consumir em um percurso irresistível, puro, que não traz nada de fora para dentro”. (HEGEL, George W.F. que não traz nada de fora para dentro”. (HEGEL, George W.F. Ciência da lógica: excertos. São Paulo: Barcarolla, 2011, pp. 34).Ciência da lógica: excertos. São Paulo: Barcarolla, 2011, pp. 34).

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O funcionamento da lógicaO funcionamento da lógica• Ainda a contradição e a negação – o exemplo da planta: “O Ainda a contradição e a negação – o exemplo da planta: “O

botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor que a flor o refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si. Porém, mas também se repelem como incompatíveis entre si. Porém, ao mesmo tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da ao mesmo tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todos unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente necessários. E essa igual necessidade que são igualmente necessários. E essa igual necessidade que constitui unicamente a vida do todo. Mas a contradição de um constitui unicamente a vida do todo. Mas a contradição de um sistema filosófico não costuma conceber-se desse modo; sistema filosófico não costuma conceber-se desse modo; além disso, a consciência que apreende essa contradição além disso, a consciência que apreende essa contradição não sabe geralmente libertá-la - ou mantê-la livre - de sua não sabe geralmente libertá-la - ou mantê-la livre - de sua unilateralidade; nem sabe reconhecer no que aparece sob a unilateralidade; nem sabe reconhecer no que aparece sob a forma de luta e contradição contra si mesmo, momentos forma de luta e contradição contra si mesmo, momentos mutuamente necessários”. (HEGEL, George W. F. mutuamente necessários”. (HEGEL, George W. F. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 23-24).23-24).

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O funcionamento da lógicaO funcionamento da lógica• A reunificação de realidade e consciência em unidade dialética: “Nos A reunificação de realidade e consciência em unidade dialética: “Nos

tempos modernos, ao contrário, o indivíduo encontra a forma abstrata tempos modernos, ao contrário, o indivíduo encontra a forma abstrata pronta. O esforço para apreendê-la e fazê-la sua é mais o jorrar-para-fora, pronta. O esforço para apreendê-la e fazê-la sua é mais o jorrar-para-fora, não-mediatizado, do interior, e o produzir abreviado do universal, em vez de não-mediatizado, do interior, e o produzir abreviado do universal, em vez de ser um brotar do universal a partir do concreto e da variedade do ser-aí. Por ser um brotar do universal a partir do concreto e da variedade do ser-aí. Por isso o trabalho atualmente não consiste tanto em purificar o indivíduo do isso o trabalho atualmente não consiste tanto em purificar o indivíduo do modo sensível imediato, e em fazer dele uma substância pensada e modo sensível imediato, e em fazer dele uma substância pensada e pensante; consiste antes no oposto: mediante o suprassumir dos pensante; consiste antes no oposto: mediante o suprassumir dos pensamentos determinados e fixos, efetivar e espiritualizar o universal. No pensamentos determinados e fixos, efetivar e espiritualizar o universal. No entanto é bem mais difícil levar à fluidez os pensamentos fixos, que o ser-aí entanto é bem mais difícil levar à fluidez os pensamentos fixos, que o ser-aí sensível. O motivo foi dado acima: aquelas determinações têm por sensível. O motivo foi dado acima: aquelas determinações têm por substância e por elemento de seu ser-aí o Eu, a potência do negativo ou a substância e por elemento de seu ser-aí o Eu, a potência do negativo ou a efetividade pura; enquanto as determinações sensíveis têm apenas a efetividade pura; enquanto as determinações sensíveis têm apenas a imediatez abstrata impotente, ou o ser como tal. Os pensamentos se imediatez abstrata impotente, ou o ser como tal. Os pensamentos se tomam fluidos quando o puro pensar, essa imediatez interior, se reconhece tomam fluidos quando o puro pensar, essa imediatez interior, se reconhece como momento; ou quando a pura certeza de si mesmo abstrai de si. Não como momento; ou quando a pura certeza de si mesmo abstrai de si. Não se abandona, nem se põe de lado; mas larga o [que há de] fixo em seu pôr-se abandona, nem se põe de lado; mas larga o [que há de] fixo em seu pôr-se a si mesma – tanto o fixo do concreto puro, que é o próprio Eu em se a si mesma – tanto o fixo do concreto puro, que é o próprio Eu em oposição ao conteúdo distinto, quanto o fixo das diferenças, que postas no oposição ao conteúdo distinto, quanto o fixo das diferenças, que postas no elemento do puro pensar partilham dessa incondicionalidade do Eu. elemento do puro pensar partilham dessa incondicionalidade do Eu. Mediante esse movimento, os puros pensamentos se tornam conceitos, e Mediante esse movimento, os puros pensamentos se tornam conceitos, e somente então eles são o que são em verdade: automovimentos, círculos. somente então eles são o que são em verdade: automovimentos, círculos. São o que sua substância é: essencialidades espirituais”. (HEGEL, George São o que sua substância é: essencialidades espirituais”. (HEGEL, George W. F. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 42).W. F. Fenomenologia do Espírito. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 42).

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A fenomenologia e sua posição na A fenomenologia e sua posição na obra de Hegelobra de Hegel

• ““Daí porque muitos comentadores Daí porque muitos comentadores insistiram que a Fenomenologia do insistiram que a Fenomenologia do Espírito seria na verdade um palimpsesto: Espírito seria na verdade um palimpsesto: um livro no qual encontramos dois livros um livro no qual encontramos dois livros distintos, ou melhor, o abandono distintos, ou melhor, o abandono progressivo de um livro e a constituição de progressivo de um livro e a constituição de um outro. Pois um dos resultados será um outro. Pois um dos resultados será que a “Introdução” é introdução a um que a “Introdução” é introdução a um projeto que, de uma certa maneira, projeto que, de uma certa maneira, fracassará, enquanto o “Prefácio” dirá fracassará, enquanto o “Prefácio” dirá respeito a um outro livro que acabou se respeito a um outro livro que acabou se impondo” (SAFATLE, p. 13).impondo” (SAFATLE, p. 13).

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A fenomenologia e sua posição na A fenomenologia e sua posição na obra de Hegelobra de Hegel

• ““Daí porque muitos comentadores Daí porque muitos comentadores insistiram que a Fenomenologia do insistiram que a Fenomenologia do Espírito seria na verdade um palimpsesto: Espírito seria na verdade um palimpsesto: um livro no qual encontramos dois livros um livro no qual encontramos dois livros distintos, ou melhor, o abandono distintos, ou melhor, o abandono progressivo de um livro e a constituição de progressivo de um livro e a constituição de um outro. Pois um dos resultados será um outro. Pois um dos resultados será que a “Introdução” é introdução a um que a “Introdução” é introdução a um projeto que, de uma certa maneira, projeto que, de uma certa maneira, fracassará, enquanto o “Prefácio” dirá fracassará, enquanto o “Prefácio” dirá respeito a um outro livro que acabou se respeito a um outro livro que acabou se impondo” (SAFATLE, p. 13).impondo” (SAFATLE, p. 13).

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A fenomenologia e sua posição na A fenomenologia e sua posição na obra de Hegelobra de Hegel

• A Fenomenologia deixa de ser uma A Fenomenologia deixa de ser uma introdução à Lógica, em sua primeira introdução à Lógica, em sua primeira formulação (refletida inclusive em seu formulação (refletida inclusive em seu título primitivo) para ser uma parte da título primitivo) para ser uma parte da filosofia do Espírito na formulação final da filosofia do Espírito na formulação final da Enciclopédia (KOJÈVE, p. 35).Enciclopédia (KOJÈVE, p. 35).

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A fenomenologia e sua posição na A fenomenologia e sua posição na obra de Hegelobra de Hegel

• A formulação da enciclopédia foi repetidamente A formulação da enciclopédia foi repetidamente colocada por Hegel como inadequada, de modo colocada por Hegel como inadequada, de modo que se deve ponderar a pertinência de colocar a que se deve ponderar a pertinência de colocar a Fenomenologia como parte do sistema da Fenomenologia como parte do sistema da Enciclopédia. “A decisão hegeliana de realizar Enciclopédia. “A decisão hegeliana de realizar uma nova edição da Fenomenologia, trabalho que uma nova edição da Fenomenologia, trabalho que não foi realizado devido à morte de Hegel, apenas não foi realizado devido à morte de Hegel, apenas demonstra que a Fenomenologia do Espírito demonstra que a Fenomenologia do Espírito continuava como peça fundamental do projeto continuava como peça fundamental do projeto filosófico hegeliano. E se sabemos da intenção de filosófico hegeliano. E se sabemos da intenção de Hegel em retirar do título: ‘Sistema da ciência. Hegel em retirar do título: ‘Sistema da ciência. Primeira parte’ é porque a Fenomenologia já nos Primeira parte’ é porque a Fenomenologia já nos fornece um sistema de apresentação da ciência fornece um sistema de apresentação da ciência que é autônomo em relação a um ‘sistema que é autônomo em relação a um ‘sistema enciclopédico’” (SAFATLE, p. 40).enciclopédico’” (SAFATLE, p. 40).

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A fenomenologia e sua posição na A fenomenologia e sua posição na obra de Hegelobra de Hegel

• Daí Heidegger ter dito que “o espírito não é o Daí Heidegger ter dito que “o espírito não é o objeto da fenomenologia, nem objeto da fenomenologia, nem ‘fenomenologia’ é o título de uma pesquisa e ‘fenomenologia’ é o título de uma pesquisa e de uma ciência sobre algo, como o espírito, de uma ciência sobre algo, como o espírito, por exemplo, mas a Fenomenologia é a por exemplo, mas a Fenomenologia é a modalidade (e não apenas um modo dentre modalidade (e não apenas um modo dentre outros) segundo a qual o espírito é” (apud outros) segundo a qual o espírito é” (apud SAFATLE, p. 41).SAFATLE, p. 41).

• Daí também a conclusão de Safatle de que a Daí também a conclusão de Safatle de que a gramática fundada sem a necessidade do gramática fundada sem a necessidade do entendimento, destruído pela Fenomenologia entendimento, destruído pela Fenomenologia na forma de uma “gramática da finitude”, é a na forma de uma “gramática da finitude”, é a Lógica, não a Enciclopédia.Lógica, não a Enciclopédia.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• Tornou-se uma introdução apenas em Tornou-se uma introdução apenas em

publicações póstumas. No texto original, tratava-publicações póstumas. No texto original, tratava-se de um comentário ao primitivo título da obra: se de um comentário ao primitivo título da obra: Ciência da experiência da consciência.Ciência da experiência da consciência.

• Constitui propriamente o início do projeto da Constitui propriamente o início do projeto da fenomenologia: partir do “nível da ‘representação fenomenologia: partir do “nível da ‘representação natural’, ou seja, do que se apresentava em seu natural’, ou seja, do que se apresentava em seu tempo como uma evidência ao saber filosófico” tempo como uma evidência ao saber filosófico” (SAFATLE, p. 42) e desenvolver suas (SAFATLE, p. 42) e desenvolver suas contradições, à maneira da crítica imanente. Todo contradições, à maneira da crítica imanente. Todo o restante da obra constituirá, afinal, um o restante da obra constituirá, afinal, um desdobramento desta crítica imanente e sua desdobramento desta crítica imanente e sua distensão até seu limite, em que a distinção entre distensão até seu limite, em que a distinção entre o em si e o para nós desaparece (KOJÈVE, p. o em si e o para nós desaparece (KOJÈVE, p. 538).538).

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• ““Não é segredo para ninguém que, Não é segredo para ninguém que,

quando Hegel fala da representação do quando Hegel fala da representação do conhecimento como instrumento, ele tem conhecimento como instrumento, ele tem em mente a filosofia crítica kantiana e sua em mente a filosofia crítica kantiana e sua compreensão de que a submissão compreensão de que a submissão necessária do objeto ao sujeito necessária do objeto ao sujeito cognoscente é, na verdade, submissão cognoscente é, na verdade, submissão dos fenômenos às categorias do dos fenômenos às categorias do entendimento” (SAFATLE, p. 42). Trata-entendimento” (SAFATLE, p. 42). Trata-se, portanto, de formular uma crítica se, portanto, de formular uma crítica imanente da filosofia kantiana.imanente da filosofia kantiana.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• Conhecimento como instrumento que Conhecimento como instrumento que

serve para apoderar-se do absoluto ou serve para apoderar-se do absoluto ou meio pelo qual o absoluto é contemplado meio pelo qual o absoluto é contemplado gera algumas dificuldades, já que tanto o gera algumas dificuldades, já que tanto o instrumento quanto o meio passivo instrumento quanto o meio passivo modelam e alteram a coisa, não a modelam e alteram a coisa, não a deixando tal como é para si, e propor-se a deixando tal como é para si, e propor-se a conhecer o modo de atuação do conhecer o modo de atuação do instrumento ou meio para descontá-lo do instrumento ou meio para descontá-lo do resultado devolve ao ponto de partida e é resultado devolve ao ponto de partida e é absolutamente ineficazabsolutamente ineficaz

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• O medo de errar constitui o próprio erro, O medo de errar constitui o próprio erro,

porque pressupõe representações do porque pressupõe representações do conhecimento como instrumento e meio, a conhecimento como instrumento e meio, a diferença entre nós e o conhecimento e a diferença entre nós e o conhecimento e a separação entre o absoluto e o separação entre o absoluto e o conhecimento como algo para si e real. A conhecimento como algo para si e real. A pressuposição de tais representações é pressuposição de tais representações é consequência da identificação entre absoluto consequência da identificação entre absoluto e verdadeiro, que ignora a possibilidade de e verdadeiro, que ignora a possibilidade de outra verdade para o conhecimento. As outra verdade para o conhecimento. As aparências do saber em sua relação com a aparências do saber em sua relação com a ciência levam à necessidade de abordar a ciência levam à necessidade de abordar a exposição do saber tal e como se manifesta.exposição do saber tal e como se manifesta.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• A exposição do saber que se manifesta não é ciência livre, A exposição do saber que se manifesta não é ciência livre,

mas o caminho da consciência natural (que é conceito do mas o caminho da consciência natural (que é conceito do saber e não saber real) que pugna por chegar ao verdadeiro saber e não saber real) que pugna por chegar ao verdadeiro saber. Esse é o caminho negativo da perda de si mesma, da saber. Esse é o caminho negativo da perda de si mesma, da dúvida, do desespero, a penetração consciente na não dúvida, do desespero, a penetração consciente na não verdade do saber que se manifesta. Autoridade e verdade do saber que se manifesta. Autoridade e autoconvencimento não se distinguem. O ceticismo sobre a autoconvencimento não se distinguem. O ceticismo sobre a manifestação da consciência permite desesperar das manifestação da consciência permite desesperar das representações, pensamentos e opiniões naturais. A representações, pensamentos e opiniões naturais. A exposição da consciência não verdadeira em sua não exposição da consciência não verdadeira em sua não verdade não é um movimento puramente negativo: o verdade não é um movimento puramente negativo: o ceticismo que vê em seu resultado o puro nada abstrai que ceticismo que vê em seu resultado o puro nada abstrai que ele determina o nada de que resulta, sendo, portanto, ele determina o nada de que resulta, sendo, portanto, resultado verdadeiro, determinado e com conteúdo, uma resultado verdadeiro, determinado e com conteúdo, uma negação determinada. A meta está implícita no processo. A negação determinada. A meta está implícita no processo. A morte é o ser empurrado de seu lugar por outro, já que a vida morte é o ser empurrado de seu lugar por outro, já que a vida natural não pode por si mesma ir além de sua existência natural não pode por si mesma ir além de sua existência imediata.imediata.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• A consciência impõe a si mesma a violência A consciência impõe a si mesma a violência

de ir além de si mesma (morte) por ser para de ir além de si mesma (morte) por ser para si seu conceito, o que pode levá-la a voltar-si seu conceito, o que pode levá-la a voltar-se a si e bastar-se com o entendimento. O se a si e bastar-se com o entendimento. O método do desenvolvimento é o método do desenvolvimento é o comportamento da ciência para o saber tal comportamento da ciência para o saber tal como se manifesta e como investigação e como se manifesta e como investigação e exame da realidade do conhecimento. Isso exame da realidade do conhecimento. Isso parece demandar um ponto de partida parece demandar um ponto de partida (essência ou em si). E eliminação dessa (essência ou em si). E eliminação dessa contradição injustificável demanda um contradição injustificável demanda um exame das determinações abstratas do exame das determinações abstratas do saber e da verdade tal como se dão na saber e da verdade tal como se dão na consciência.consciência.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• A consciência distingue de si algo com que se relaciona. Ela é algo A consciência distingue de si algo com que se relaciona. Ela é algo

para si mesma e se relaciona com algo que é para ela, o saber. O para si mesma e se relaciona com algo que é para ela, o saber. O que se refere ao saber (ser para a consciência, ser para outro) é que se refere ao saber (ser para a consciência, ser para outro) é distinto dele e se põe como o que é fora da relação (ser em si), a distinto dele e se põe como o que é fora da relação (ser em si), a verdade. Na investigação da verdade do saber, parece que o verdade. Na investigação da verdade do saber, parece que o investigamos em si, mas o investigamos para nós. O que investigamos em si, mas o investigamos para nós. O que afirmamos como sua essência não é sua verdade, mas apenas afirmamos como sua essência não é sua verdade, mas apenas nosso saber acerca dele. A essência estaria em nós. A natureza do nosso saber acerca dele. A essência estaria em nós. A natureza do saber enquanto objeto desfaz a aparência de separação, porque a saber enquanto objeto desfaz a aparência de separação, porque a consciência dá sua própria pauta, compara-se consigo mesma. "Há consciência dá sua própria pauta, compara-se consigo mesma. "Há nela um para outro, ou bem há nela, em geral, a determinabilidade nela um para outro, ou bem há nela, em geral, a determinabilidade do momento do saber; e, ao mesmo tempo, este outro não é do momento do saber; e, ao mesmo tempo, este outro não é somente para ela, mas é também fora dessa relação, é em si: o somente para ela, mas é também fora dessa relação, é em si: o momento da verdade. Assim, pois, no que a consciência declara momento da verdade. Assim, pois, no que a consciência declara dentro de si como o em si ou o verdadeiro temos a pauta que ela dentro de si como o em si ou o verdadeiro temos a pauta que ela mesma estabelece para medir por ela seu saber“ (p. 57). Há, mesma estabelece para medir por ela seu saber“ (p. 57). Há, portanto, uma indiferença do que é conceito e do que é objeto, o portanto, uma indiferença do que é conceito e do que é objeto, o essencial é perceber que os dois momento estão no saber que essencial é perceber que os dois momento estão no saber que investigamos, o que leva à desnecessidade de pauta ou de investigamos, o que leva à desnecessidade de pauta ou de pensamentos e ideias pessoais.pensamentos e ideias pessoais.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• Nossa intervenção é supérflua não apenas porque Nossa intervenção é supérflua não apenas porque

conceito e objeto estão na própria consciência, conceito e objeto estão na própria consciência, mas também em seu esforço de comparação, já mas também em seu esforço de comparação, já que se a consciência encontra uma não que se a consciência encontra uma não correspondência entre saber e objeto, tanto um correspondência entre saber e objeto, tanto um como outro não se sustentam. "Este movimento como outro não se sustentam. "Este movimento dialético que a consciência leva a cabo em si dialético que a consciência leva a cabo em si mesma, tanto em seu saber como em seu objeto, mesma, tanto em seu saber como em seu objeto, enquanto brota diante dela o novo objeto enquanto brota diante dela o novo objeto verdadeiro, é propriamente o que se chamará verdadeiro, é propriamente o que se chamará experiência". "A consciência sabe algo, e este experiência". "A consciência sabe algo, e este objeto é a essência ou o em si, mas este é objeto é a essência ou o em si, mas este é também o em si para a consciência, com o que também o em si para a consciência, com o que aparece a ambiguidade deste algo verdadeiro“ (p. aparece a ambiguidade deste algo verdadeiro“ (p. 58).58).

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• Ser para a consciência do em si é o verdadeiro Ser para a consciência do em si é o verdadeiro

(essência, objeto) que contem a anulação do primeiro (essência, objeto) que contem a anulação do primeiro objeto, é a experiência feita sobre ele. Parece que a objeto, é a experiência feita sobre ele. Parece que a experiência da não verdade do primeiro objeto se faz experiência da não verdade do primeiro objeto se faz "em outro objeto com o qual nos encontramos de "em outro objeto com o qual nos encontramos de modo contingente e puramente externo“ (p. 59), de modo contingente e puramente externo“ (p. 59), de modo que se dê em nós a pura apreensão do que é modo que se dê em nós a pura apreensão do que é em si e para si. Essa é uma aparência falsa, porque o em si e para si. Essa é uma aparência falsa, porque o segundo objeto se revela como algo que chegou a ser segundo objeto se revela como algo que chegou a ser por meio de uma inversão da própria consciência. por meio de uma inversão da própria consciência. Graças a esse modo de considerar se eleva a série Graças a esse modo de considerar se eleva a série das experiências da consciência a processo científico. das experiências da consciência a processo científico. Trata-se da mesma circunstância segundo a qual a Trata-se da mesma circunstância segundo a qual a negação do saber não verdadeiro é determinada, não negação do saber não verdadeiro é determinada, não vazia, e portanto contém o que o saber anterior vazia, e portanto contém o que o saber anterior encerra de verdadeiro.encerra de verdadeiro.

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A introdução à fenomenologiaA introdução à fenomenologia• O processo que cria o segundo objeto da O processo que cria o segundo objeto da

consciência aparece para ela como dado, mas consciência aparece para ela como dado, mas "para nós" como movimento e vir a ser. "Esta "para nós" como movimento e vir a ser. "Esta necessidade faz que este caminho para a ciência necessidade faz que este caminho para a ciência seja já ele mesmo ciência e seja, por isso, quanto seja já ele mesmo ciência e seja, por isso, quanto a seu conteúdo, a ciência da experiência da a seu conteúdo, a ciência da experiência da consciência“ (p. 60). A experiência da consciência consciência“ (p. 60). A experiência da consciência sobre si compreende a totalidade do reino da sobre si compreende a totalidade do reino da verdade do espírito, de modo que os momento da verdade do espírito, de modo que os momento da verdade se apresentam tal e como são para a verdade se apresentam tal e como são para a consciência e ou como ela aparece em sua consciência e ou como ela aparece em sua relação com eles: os momentos do todo são relação com eles: os momentos do todo são figuras da consciência. Sua exposição leva ao figuras da consciência. Sua exposição leva ao ponto da autêntica ciência do espírito: ponto da autêntica ciência do espírito: manifestação igual à essência, indicação da manifestação igual à essência, indicação da natureza do próprio saber absoluto.natureza do próprio saber absoluto.

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• Saber é saber imediato. Devemos manter Saber é saber imediato. Devemos manter diante dele um comportamento imediato ou diante dele um comportamento imediato ou receptivo, isto é, não alterar nada nele tal receptivo, isto é, não alterar nada nele tal como se oferece e manter a apreensão como se oferece e manter a apreensão separada da concepção. A certeza sensível separada da concepção. A certeza sensível manifesta-se como o conhecimento mais rico manifesta-se como o conhecimento mais rico e infinito, o mais verdadeiro, por ter a e infinito, o mais verdadeiro, por ter a plenitude do objeto, mas é a verdade mais plenitude do objeto, mas é a verdade mais abstrata e mais pobre, pois contém apenas o abstrata e mais pobre, pois contém apenas o ser da coisa: eu, este, isto. No saber ser da coisa: eu, este, isto. No saber sensível, é o puro ser, a imediatez, que sensível, é o puro ser, a imediatez, que constitui a verdade da coisa. A certeza, como constitui a verdade da coisa. A certeza, como relação, é uma relação imediata.relação, é uma relação imediata.

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• A certeza sensível não é imediatez pura, mas o A certeza sensível não é imediatez pura, mas o eu e a coisa são mediados um pelo outro. A eu e a coisa são mediados um pelo outro. A diferença entre a essência da certeza sensível (o diferença entre a essência da certeza sensível (o ser puro) e seu exemplo (a certeza sensível real) ser puro) e seu exemplo (a certeza sensível real) não é estabelecida por nós, mas encontrada na não é estabelecida por nós, mas encontrada na própria certeza sensível. Há dois momentos na própria certeza sensível. Há dois momentos na certeza sensível: o objeto, que está posto como o certeza sensível: o objeto, que está posto como o que é de modo simples e imediato, a essência; e que é de modo simples e imediato, a essência; e o saber, não essencial e mediato, que não é em o saber, não essencial e mediato, que não é em si, mas por meio de um outro, o eu. O saber pode si, mas por meio de um outro, o eu. O saber pode ser ou não ser (não será se o objeto não for), mas ser ou não ser (não será se o objeto não for), mas o objeto é independentemente de ser sabido. É o objeto é independentemente de ser sabido. É necessário considerar o objeto para ver se ele é necessário considerar o objeto para ver se ele é na própria certeza sensível uma essência, se seu na própria certeza sensível uma essência, se seu conceito de ser essência corresponde a como se conceito de ser essência corresponde a como se encontra na certeza sensível.encontra na certeza sensível.

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• A inserção do tempo e do espaço na certeza sensível (o agora e o A inserção do tempo e do espaço na certeza sensível (o agora e o aqui do isto) revela a negatividade que a caracteriza: o agora é e aqui do isto) revela a negatividade que a caracteriza: o agora é e não é dia e noite. "O agora que é noite se conserva, isto é, se lhe não é dia e noite. "O agora que é noite se conserva, isto é, se lhe trata como aquilo pelo qual se faz passar, como algo que é; mas se trata como aquilo pelo qual se faz passar, como algo que é; mas se mostra antes como algo que não é. O agora mesmo se mantém, mostra antes como algo que não é. O agora mesmo se mantém, sem dúvida, mas como algo que não é noite; e assim mesmo se sem dúvida, mas como algo que não é noite; e assim mesmo se mantém com respeito ao dia que agora é como algo que não é mantém com respeito ao dia que agora é como algo que não é tampouco dia ou como algo negativo em geral. Portanto, este agora tampouco dia ou como algo negativo em geral. Portanto, este agora que se mantém não é algo imediato, mas algo mediado, pois é que se mantém não é algo imediato, mas algo mediado, pois é determinado como algo que permanece e se mantém pelo fato de determinado como algo que permanece e se mantém pelo fato de que um outro, a saber, o dia e a noite, não é. O que não impede que um outro, a saber, o dia e a noite, não é. O que não impede que continue sendo, tão simplesmente como antes, o agora e que que continue sendo, tão simplesmente como antes, o agora e que seja, nesta simplicidade, indiferente ao que segue acontecendo em seja, nesta simplicidade, indiferente ao que segue acontecendo em volta dele; do mesmo modo que a noite e o dia não são seu ser, volta dele; do mesmo modo que a noite e o dia não são seu ser, tampouco ele é dia ou noite, não lhe afeta para nada este seu ser tampouco ele é dia ou noite, não lhe afeta para nada este seu ser outro. A este algo simples, que é por meio da negação, que não é outro. A este algo simples, que é por meio da negação, que não é isto nem aquilo, chamamos um universal; o universal é, pois, o isto nem aquilo, chamamos um universal; o universal é, pois, o verdadeiro da certeza sensível“ (p. 64-65).verdadeiro da certeza sensível“ (p. 64-65).

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• O sensível também é enunciado (mas não representado) O sensível também é enunciado (mas não representado) como um universal. Daí que a linguagem, que é o mais como um universal. Daí que a linguagem, que é o mais verdadeiro, expressa o universal e não é de modo algum verdadeiro, expressa o universal e não é de modo algum possível expressar o ser sensível que supomos (visamos). O possível expressar o ser sensível que supomos (visamos). O mesmo se dá com o aqui (espaço). "Esta certeza sensível, ao mesmo se dá com o aqui (espaço). "Esta certeza sensível, ao mostrar nela mesma o universal como a verdade de seu mostrar nela mesma o universal como a verdade de seu objeto, permanece, portanto, o ser puro como sua essência, objeto, permanece, portanto, o ser puro como sua essência, mas não como algo imediato, senão como algo ao qual é mas não como algo imediato, senão como algo ao qual é essencial a negação e a mediação e, por conseguinte, não essencial a negação e a mediação e, por conseguinte, não como o que nós supomos como o ser, mas como o ser como o que nós supomos como o ser, mas como o ser determinado com a abstração ou o universal puro; e nossa determinado com a abstração ou o universal puro; e nossa suposição, para a qual o verdadeiro da certeza sensível não suposição, para a qual o verdadeiro da certeza sensível não é o universal, é tudo que resta frente a este agora e aqui é o universal, é tudo que resta frente a este agora e aqui vazios e indiferentes“ (p. 65). Isso inverte os termos da vazios e indiferentes“ (p. 65). Isso inverte os termos da relação entre saber e objeto na certeza sensível: o objeto relação entre saber e objeto na certeza sensível: o objeto essencial passa a estar no saber, na suposição: "é porque eu essencial passa a estar no saber, na suposição: "é porque eu sei dele“ (p. 66).sei dele“ (p. 66).

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• A certeza sensível carrega uma verdade A certeza sensível carrega uma verdade relativa: cada eu singular afirma uma relativa: cada eu singular afirma uma verdade que possui a mesma legitimidade verdade que possui a mesma legitimidade do ver, mas uma desaparece na outra. O do ver, mas uma desaparece na outra. O que não desaparece é o eu como que não desaparece é o eu como universal. Não podemos dizer o que universal. Não podemos dizer o que supomos no aqui, no agora e tampouco supomos no aqui, no agora e tampouco no eu: dizer um singular é dizer um no eu: dizer um singular é dizer um universal. É impossível dizer o singular.universal. É impossível dizer o singular.

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• Essência e imediatez da certeza sensível não Essência e imediatez da certeza sensível não estão nem no objeto nem no eu: apenas a estão nem no objeto nem no eu: apenas a totalidade da certeza, e não seus momentos, é totalidade da certeza, e não seus momentos, é sua essência. "Sua verdade se mantém como sua essência. "Sua verdade se mantém como uma relação que permanece igual a si mesma, uma relação que permanece igual a si mesma, que não estabelece entre o eu e o objeto que não estabelece entre o eu e o objeto diferença alguma a respeito do essencial e do não diferença alguma a respeito do essencial e do não essencial e na qual, portanto, não pode tampouco essencial e na qual, portanto, não pode tampouco penetrar nenhuma diferença“ (p. 67). A certeza penetrar nenhuma diferença“ (p. 67). A certeza sensível de cada eu singular exige que nós nos sensível de cada eu singular exige que nós nos coloquemos no mesmo ponto de tempo e espaço coloquemos no mesmo ponto de tempo e espaço que ele. Não há sentido nessa verdade afastado que ele. Não há sentido nessa verdade afastado do eu no tempo e espaço, pois fica superada a do eu no tempo e espaço, pois fica superada a imediatez que lhe é essencial.imediatez que lhe é essencial.

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• Trajetória do movimento da indicação: "1) Indico o agora, que Trajetória do movimento da indicação: "1) Indico o agora, que se afirma como o verdadeiro, mas o indico como algo que foi, se afirma como o verdadeiro, mas o indico como algo que foi, ou como algo superado, com o que supero a primeira ou como algo superado, com o que supero a primeira verdade. 2) Agora, afirmo como a segunda verdade que o verdade. 2) Agora, afirmo como a segunda verdade que o que foi está superado. 3) Mas o que foi não é; supero o que que foi está superado. 3) Mas o que foi não é; supero o que foi ou o ser superado, ou seja, a segunda verdade, negando foi ou o ser superado, ou seja, a segunda verdade, negando com isso a negação do agora e retornando assim à primeira com isso a negação do agora e retornando assim à primeira afirmação: o agora é. O agora e a indicação do agora estão afirmação: o agora é. O agora e a indicação do agora estão constituídos, pois, de tal modo que nem o agora nem a constituídos, pois, de tal modo que nem o agora nem a indicação do agora são algo imediatamente simples, mas um indicação do agora são algo imediatamente simples, mas um movimento que leva em si momentos distintos; se põe o isto, movimento que leva em si momentos distintos; se põe o isto, mas o que se põe é antes um outro ou o isto é superado; e mas o que se põe é antes um outro ou o isto é superado; e este ser outro ou superação do primeiro é novamente este ser outro ou superação do primeiro é novamente superado, por sua vez, retornando-se assim ao primeiro. Mas superado, por sua vez, retornando-se assim ao primeiro. Mas este primeiro refletido em si não é exatamente o mesmo que este primeiro refletido em si não é exatamente o mesmo que primeiramente era, isto é, algo imediato, mas é cabalmente primeiramente era, isto é, algo imediato, mas é cabalmente algo refletido em si ou algo simples, que permanece no ser algo refletido em si ou algo simples, que permanece no ser outro o que é: um agora que é absolutamente muito agora; e outro o que é: um agora que é absolutamente muito agora; e isto é o verdadeiro agora“ (p. 68).isto é o verdadeiro agora“ (p. 68).

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• É surpreendente que se apresente como É surpreendente que se apresente como experiência universal ou como resultado experiência universal ou como resultado do ceticismo que a realidade das coisas do ceticismo que a realidade das coisas exteriores tem verdade absoluta para a exteriores tem verdade absoluta para a consciência. Tal afirmação sustenta o consciência. Tal afirmação sustenta o contrário do que pretende. A certeza da contrário do que pretende. A certeza da realidade dos objetos sensíveis cede realidade dos objetos sensíveis cede diante de seu aniquilamento por seu diante de seu aniquilamento por seu consumo (até pelos animais).consumo (até pelos animais).

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I - A certeza sensível ou o isto e a I - A certeza sensível ou o isto e a suposiçãosuposição

• O isto sensível, que é suposto (visado) é O isto sensível, que é suposto (visado) é inatingível pela linguagem, que pertence à inatingível pela linguagem, que pertence à consciência, ao universal em si. "Se dizemos de consciência, ao universal em si. "Se dizemos de algo que é uma coisa real, um objeto externo, algo que é uma coisa real, um objeto externo, dizemos somente o mais universal de tudo, e dizemos somente o mais universal de tudo, e deste modo enunciamos antes sua igualdade com deste modo enunciamos antes sua igualdade com tudo que sua diferença. Se digo uma coisa tudo que sua diferença. Se digo uma coisa singular, a digo antes como totalmente universal, singular, a digo antes como totalmente universal, pois tudo é uma coisa singular; igualmente esta pois tudo é uma coisa singular; igualmente esta coisa é tudo que se quiser“ (p. 70). Tanto no falar coisa é tudo que se quiser“ (p. 70). Tanto no falar como no indicar a suposição (visada) é invertida como no indicar a suposição (visada) é invertida no universal e, assim, a coisa é apreendida tal no universal e, assim, a coisa é apreendida tal como é em verdade e, em vez de saber algo como é em verdade e, em vez de saber algo imediato, eu o percebo (apreendo imediato, eu o percebo (apreendo verdadeiramente).verdadeiramente).

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II - A percepção, ou a coisa e a II - A percepção, ou a coisa e a ilusãoilusão

• "A certeza imediata (sensível) não se apossa do "A certeza imediata (sensível) não se apossa do verdadeiro, pois sua verdade é o universal; mas verdadeiro, pois sua verdade é o universal; mas quer captar o isto. A percepção, pelo contrário, quer captar o isto. A percepção, pelo contrário, capta como universal o que para ela é o que é. E capta como universal o que para ela é o que é. E sendo a universalidade seu princípio em geral o sendo a universalidade seu princípio em geral o são também os momentos que de um modo são também os momentos que de um modo imediato se distinguem nela: o eu e o objeto são imediato se distinguem nela: o eu e o objeto são universais“ (p. 71). A apreensão da certeza universais“ (p. 71). A apreensão da certeza sensível é aparente, fenomenal, se manifesta; a sensível é aparente, fenomenal, se manifesta; a da percepção é necessária. O movimento e o da percepção é necessária. O movimento e o objeto são a mesma coisa. O movimento é o objeto são a mesma coisa. O movimento é o desdobramento dos momentos, o objeto é sua desdobramento dos momentos, o objeto é sua reunião, o movimento é a percepção (contingente reunião, o movimento é a percepção (contingente e não essencial), o objeto é a essência que é e não essencial), o objeto é a essência que é indiferente a ser ou não percebida.indiferente a ser ou não percebida.

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II - A percepção, ou a coisa e a II - A percepção, ou a coisa e a ilusãoilusão

• "A superação apresenta sua verdadeira "A superação apresenta sua verdadeira dupla significação, que vimos no negativo: dupla significação, que vimos no negativo: é ao mesmo tempo um negar e um manter é ao mesmo tempo um negar e um manter (conservar); o nada, como nada disto, (conservar); o nada, como nada disto, mantém (conserva) a imediatez e é ele mantém (conserva) a imediatez e é ele mesmo sensível, mas é uma imediatez mesmo sensível, mas é uma imediatez universal“ (p. 72). A coisidade, ou a pura universal“ (p. 72). A coisidade, ou a pura essência, é o meio universal em que essência, é o meio universal em que coexistem lado a lado, para si e sem se coexistem lado a lado, para si e sem se tocar (relacionando-se consigo mesmas), tocar (relacionando-se consigo mesmas), as múltiplas propriedades (determinações) as múltiplas propriedades (determinações) do ser.do ser.

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II - A percepção, ou a coisa e a II - A percepção, ou a coisa e a ilusãoilusão

• A coisa é o verdadeiro da percepção: "É a A coisa é o verdadeiro da percepção: "É a universalidade passiva indiferente, o também universalidade passiva indiferente, o também das múltiplas propriedades ou matérias, a das múltiplas propriedades ou matérias, a negação como o simples ou o uno, a negação como o simples ou o uno, a exclusão das propriedades contrapostas, e exclusão das propriedades contrapostas, e as múltiplas propriedades mesmas, a relação as múltiplas propriedades mesmas, a relação entre os dois primeiros momentos” (p. 73). entre os dois primeiros momentos” (p. 73). Sendo a coisa, assim, constituída o objeto da Sendo a coisa, assim, constituída o objeto da percepção e puramente apreendida, a percepção e puramente apreendida, a consciência não acrescenta ou omite nada e consciência não acrescenta ou omite nada e portanto há o risco da ilusão, de que o portanto há o risco da ilusão, de que o percipiente é consciente.percipiente é consciente.

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II - A percepção, ou a coisa e a II - A percepção, ou a coisa e a ilusãoilusão

• "O objeto que eu capto se oferece como puramente uno, mas eu descubro também nele a "O objeto que eu capto se oferece como puramente uno, mas eu descubro também nele a propriedade que é universal, mas que, por sê-lo, ultrapassa a singularidade. Portanto, o primeiro ser propriedade que é universal, mas que, por sê-lo, ultrapassa a singularidade. Portanto, o primeiro ser da essência do objeto como uno não era seu verdadeiro ser; e, sendo o objeto o verdadeiro, a não-da essência do objeto como uno não era seu verdadeiro ser; e, sendo o objeto o verdadeiro, a não-verdade recai em mim, e a apreensão não era correta. A universalidade da propriedade me obriga a verdade recai em mim, e a apreensão não era correta. A universalidade da propriedade me obriga a captar a essência do objeto antes como uma comunidade em geral. Percebo, ademais, a captar a essência do objeto antes como uma comunidade em geral. Percebo, ademais, a propriedade como determinada, contraposta a outra e que a exclui. Portanto, não apreendia propriedade como determinada, contraposta a outra e que a exclui. Portanto, não apreendia corretamente a essência do objeto quando a determinava como uma unidade com outras ou como a corretamente a essência do objeto quando a determinava como uma unidade com outras ou como a continuidade, e devo antes, graças à determinabilidade da propriedade, separar a continuidade e pôr continuidade, e devo antes, graças à determinabilidade da propriedade, separar a continuidade e pôr aquela essência como uno excludente. No uno separado encontro muitas propriedades destas que aquela essência como uno excludente. No uno separado encontro muitas propriedades destas que não se afetam umas às outras, mas que são indiferentes entre si, portanto, não percebia não se afetam umas às outras, mas que são indiferentes entre si, portanto, não percebia corretamente o objeto quando o apreendia como excludente, mas que assim como antes somente corretamente o objeto quando o apreendia como excludente, mas que assim como antes somente era continuidade em geral, agora é um meio comum universal em que muitas propriedades, como era continuidade em geral, agora é um meio comum universal em que muitas propriedades, como universalidades sensíveis, são cada uma para si e, como determinadas, excluem às outras. Mas, universalidades sensíveis, são cada uma para si e, como determinadas, excluem às outras. Mas, ainda com isto, o simples e o verdadeiro que eu percebo não é tampouco um meio universal, mas a ainda com isto, o simples e o verdadeiro que eu percebo não é tampouco um meio universal, mas a propriedade singular para si, mas que assim não é nem propriedade nem um ser determinado; pois propriedade singular para si, mas que assim não é nem propriedade nem um ser determinado; pois agora não é no uno nem tampouco em relação com outros. Mas propriedade só é no uno, e agora não é no uno nem tampouco em relação com outros. Mas propriedade só é no uno, e determinada somente em relação com outros. Como este puro relacionar-se consigo mesma, já não determinada somente em relação com outros. Como este puro relacionar-se consigo mesma, já não tem em si o caráter da negatividade, permanece somente como ser sensível em geral; e a tem em si o caráter da negatividade, permanece somente como ser sensível em geral; e a consciência para a qual agora há um ser sensível somente é um supor, isto é, saiu completamente consciência para a qual agora há um ser sensível somente é um supor, isto é, saiu completamente da percepção e retornou a si mesma. Mas o ser sensível e o supor formam-se eles mesmos na da percepção e retornou a si mesma. Mas o ser sensível e o supor formam-se eles mesmos na percepção; eu me vejo repelido para o ponto de partida e arrastado de novo ao mesmo ciclo, que se percepção; eu me vejo repelido para o ponto de partida e arrastado de novo ao mesmo ciclo, que se supera em cada um de seus momentos e como totalidade“ (p. 74-75).supera em cada um de seus momentos e como totalidade“ (p. 74-75).

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II - A percepção, ou a coisa e a II - A percepção, ou a coisa e a ilusãoilusão

• O novo percurso do ciclo não é feito do mesmo modo, em O novo percurso do ciclo não é feito do mesmo modo, em razão da experiência. A percepção não é pura apreensão, razão da experiência. A percepção não é pura apreensão, porque na apreensão a consciência se reflete dentro de si porque na apreensão a consciência se reflete dentro de si partindo do verdadeiro, o que o transforma. Objeto, partindo do verdadeiro, o que o transforma. Objeto, entretanto, mantém-se puro, de modo que a consciência é entretanto, mantém-se puro, de modo que a consciência é empurrada sobre si mesmo como na certeza sensível, mas empurrada sobre si mesmo como na certeza sensível, mas com uma diferença central no tocante à verdade: "não no com uma diferença central no tocante à verdade: "não no sentido em que ali acontecia, como se a verdade do perceber sentido em que ali acontecia, como se a verdade do perceber recaísse nele, mas, ao contrário, o perceber reconhece que o recaísse nele, mas, ao contrário, o perceber reconhece que o que recai nele é a não verdade ali presente. Agora, através que recai nele é a não verdade ali presente. Agora, através deste conhecimento a consciência é, ao mesmo tempo, deste conhecimento a consciência é, ao mesmo tempo, capaz de superar essa não verdade; distingue sua apreensão capaz de superar essa não verdade; distingue sua apreensão do verdadeiro da novidade de seu perceber, corrige este e, do verdadeiro da novidade de seu perceber, corrige este e, quando empreende ela mesma esta retificação, recai nela, quando empreende ela mesma esta retificação, recai nela, evidentemente, a verdade como verdade do perceber“ (p. evidentemente, a verdade como verdade do perceber“ (p. 75).75).

• O exemplo do sal em si e para a consciência.O exemplo do sal em si e para a consciência.

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• Não só a apreensão, mas a própria coisa, Não só a apreensão, mas a própria coisa, apresenta-se à consciência de modo duplo apresenta-se à consciência de modo duplo como apreensão e retorno a si mesma.como apreensão e retorno a si mesma.

• O ser para si e também para o outro da O ser para si e também para o outro da coisa, sua duplicidade, contradiz sua coisa, sua duplicidade, contradiz sua unidade. Essa contradição distribui-se em unidade. Essa contradição distribui-se em coisas diversas, mas nem por isso deixa de coisas diversas, mas nem por isso deixa de dar-se a diferença na coisa singular e dar-se a diferença na coisa singular e separada. Cada coisa se determina como separada. Cada coisa se determina como algo diferente, não de si mesma, mas das algo diferente, não de si mesma, mas das outras coisas. A determinação oposta é o outras coisas. A determinação oposta é o essencial, e a múltipla variedade o não essencial, e a múltipla variedade o não essencial.essencial.

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• "Essa determinabilidade, que constitui o caráter "Essa determinabilidade, que constitui o caráter essencial da coisa e a distingue de todas as essencial da coisa e a distingue de todas as outras se determina agora de modo que a coisa outras se determina agora de modo que a coisa se encontra assim em contraposição às outras, se encontra assim em contraposição às outras, pois nesta relação se põe antes como a conexão pois nesta relação se põe antes como a conexão com o outro, e a conexão com o outro é o cessar com o outro, e a conexão com o outro é o cessar do ser para si. É precisamente por meio de seu do ser para si. É precisamente por meio de seu caráter absoluto e de sua contraposição como a caráter absoluto e de sua contraposição como a coisa se comporta diante das outras e somente é, coisa se comporta diante das outras e somente é, essencialmente, esse comportar-se; mas o essencialmente, esse comportar-se; mas o comportar-se é a negação de sua independência, comportar-se é a negação de sua independência, e a coisa se derruba antes por meio de sua e a coisa se derruba antes por meio de sua propriedade essencial“ (p. 78-79).propriedade essencial“ (p. 78-79).

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• A determinidade essencial é a negação de A determinidade essencial é a negação de si mesma, o ter sua essência num outro. A si mesma, o ter sua essência num outro. A diversidade é inessencial, mas por ser diversidade é inessencial, mas por ser também necessária, é também a negação também necessária, é também a negação de si mesma: não há inessencial que seja de si mesma: não há inessencial que seja necessário. Com isso se esvai a necessário. Com isso se esvai a separação do ser para si e do ser para separação do ser para si e do ser para outro. Unidade de ser para si e ser para outro. Unidade de ser para si e ser para outro apresenta a universalidade absoluta outro apresenta a universalidade absoluta incondicionada em que a consciência incondicionada em que a consciência entra verdadeiramente pela primeira vez entra verdadeiramente pela primeira vez no reino do entendimento.no reino do entendimento.

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• "Estas abstrações vazias da singularidade "Estas abstrações vazias da singularidade e da universalidade contraposta a ela, e da universalidade contraposta a ela, assim como da essência enlaçada a algo assim como da essência enlaçada a algo não essencial, e de um algo não essencial não essencial, e de um algo não essencial que é, ao mesmo tempo, sem embargo, que é, ao mesmo tempo, sem embargo, necessário, são as potências como jogo é necessário, são as potências como jogo é o entendimento humano percipiente, que o entendimento humano percipiente, que com frequência se chama o bom senso com frequência se chama o bom senso (senso comum)“ (p. 80). O entendimento (senso comum)“ (p. 80). O entendimento toma os momentos da verdade como a toma os momentos da verdade como a verdade.verdade.