Introdução às Ciências da Saúde

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Esta disciplina apresenta temas relevantes a fim de subsidiar o conhecimento da Informática em Saúde.Inicialmente vamos conhecer um pouco sobre saúde, doença, sobretudo, os níveis de atenção à saúde, as redes de serviços assistenciais e o sistema de saúde nacional. Em seguida, com base neste conteúdo, abordaremos os principais problemas decorrentes dos serviços de saúde no Brasil. Finalizaremos com as possíveis soluções de TI, algumas já implantadas e outras em fase de estudo, que possam minimizar os problemas identificados.

Citation preview

  • Introduo s Cincias da Sade

    O que sade? 2

    Cincias da Sade 2

    Conceitos de sade e doena 3

    Organizaes, nveis e sistemas de ateno sade 4

    Referncias e Bibliografia consultada 10

    Introduo s Cincias da Sade

    Sum

    rio

    E S P E C I A L I Z A O E M

    InformticaSadeem

    Maria Elisabete Salvador GraziosiAutor

  • Informtica em Sade https://is.uab.unifesp.br/

    Mdulo Bsico2

    Informtica em Sade

    Introduo s Cincias da Sade

    O que sade?Definio de Sade da Organizao Mundial de SadeA citao bibliogrfica para a definio de sade proveniente do Prembulo da Constituio da Orga-nizao Mundial da Sade (OMS), adotada pela Conferncia Internacional de Sade em junho de 1946 na cidade de Nova York e assinada em julho de 1946 pelos representantes de 61 Estados (Registros Oficiais da Organizao Mundial de Sade, n 2, p 100) que entrou em vigor em abril de 1948 A definio no foi alterada desde ento

    Sade um estado de completo desenvolvimento fsico, mental e bem-estar social, e no mera-mente a ausncia de doena ou enfermidade

    A comunidade cientfica tambm define sade como uma dinmica condio resultante da cons-tante de um corpo de ajuste e adaptao em resposta a estresses e mudanas no ambiente interno para manter um equilbrio chamado de homeostase

    Vale lembrar que o conceito e mensurao de sade estavam centrados nas doenas Esse foco na patologia provavelmente surgiu do fato de que o problema de sade que a sociedade enfrenta, a medi-cina em particular, vem superando a doena Contudo, em meados do sculo XX, o quadro de sade mudou como um todo e as ideias da chamada sade positiva surgiram Isso encorajou a OMS a definir sade de uma maneira nova, como fsico, mental e bem-estar social, e no meramente a ausncia de doena ou enfermidade

    Segundo o Professor Paulo Chagastelles Sabroza, quando a Organizao Mundial de Sade concei-tuou sade como o mais completo estado de bem estar fsico, mental e social, e no apenas a ausncia de doenas, certamente no estava propondo um critrio classificatrio, mas uma direo

    Cincias da SadeCincia da sade refere-se cincia aplicada que trata da aplicao da cincia, tecnologia, mate-mtica ou engenharia prestao de cuidados de sade Centra-se na avaliao e concepo de intervenes mdico-tecnolgicas e na aplicao desse conhecimento para melhorar a qualidade de vida, alm do estudo e da pesquisa de assuntos relacionados sade, como alimentos, nutrio e preveno ou cura de doenas

    Trata-se de um campo multidisciplinar Combina reas da Biomedicina, psicossocial, organizacio-nal e social pode alterar dos aspectos da sade e da doena Centra-se na concepo e avaliao das intervenes mdico-tecnolgicas, comportamentais e organizacionais, bem como na aplicao desse conhecimento para melhorar a sade e os cuidados de sade centrados no paciente, e, finalmente, melhorar a qualidade de vida

    Hoje, contudo, a comunidade cientfica tem aprofundado os estudos da Sade, Cincia e Sociedade, a fim de explorar a relao entre sade e doena em diversos contextos sociais Trata-se do estudo dos conceitos de atendimentos e assistncias em ambientes de cuidados de sade e tambm sociais, favore-cendo a compreenso crtica do papel dos indivduos e das comunidades nos resultados de sade Essa abordagem ideal para o entendimento do complexo e mutvel conhecimento das reas da sade e social a partir de uma perspectiva interdisciplinar

  • https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da SadeMdulo Bsico 3

    Informtica em Sade

    O estudo da sade, da doena e os arranjos sociais para atendimento so de fundamental importn-cia tanto em nvel nacional como internacional Desigualdades na experincia da sade e acesso aos sistemas e recursos do cuidado so temas de permanente interesse humano

    Conceitos de sade e doenaAs condies de sade podem ser definidas como as circunstncias na sade das pessoas que se apre-sentam de forma mais ou menos persistente, e que exigem respostas sociais reativas ou proativas, eventuais ou contnuas e fragmentadas ou integradas dos sistemas de ateno sade

    A doena e a sade so definidas como estados de desconforto fsico ou de bem-estar Sade e doen-a no so definidas como estados ou condies estveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos constante avaliao e mudana

    Consideram-se mltiplos aspectos causais da doena e da manuteno da sade, tais como fatores psicolgicos, sociais e biolgicos Entretanto, no existem definies universais, isto , a presena ou ausncia de doena um problema pessoal e social pessoal porque a capacidade individual para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se est relacionada com a sade fsica e mental da pessoa social, pois a doena de uma pessoa pode afetar outras pessoas

    As doenas podem ser agudas ou crnicas As condies agudas, em geral, apresentam um curso curto, inferior a trs meses de durao, e tendem a autolimitar-se J as condies crnicas tm um perodo de durao longo e, nos casos de algumas doenas crnicas, tendem a apresentar-se de forma definitiva e permanente Quadro 1

    As condies agudas, em geral, so manifestaes de doenas transmissveis de curso curto, como dengue e gripe, ou de doenas infecciosas, tambm de curso curto, como apendicite ou amidalites, ou ainda de causas externas, como os traumas As doenas infecciosas de curso longo so consideradas condies crnicas Vale ressaltar que os ciclos de evoluo das condies agudas e crnicas so muito diferentes

    Tradicionalmente em sade, sobretudo em epidemiologia, considera-se a seguinte diviso: doen-as transmissveis e doenas crnicas no transmissveis Porm, autores ressaltam que est diviso no apropriada para referenciar a organizao dos sistemas de ateno sade Segundo Mendes (2012), do ponto de vista da resposta social aos problemas de sade (objeto dos sistemas de aten-o sade), certas doenas transmissveis, pelo longo perodo de seu curso natural, esto mais prximas da lgica de enfrentamento das doenas crnicas que das doenas transmissveis de curso rpido Sendo assim, autores consideram uma categorizao diferente, com base no conceito de condio de sade Essa ltima foi acolhida pela Organizao Mundial da Sade (2003): as condies agudas e as condies crnicas

  • Informtica em Sade https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da Sade Mdulo Bsico4

    Informtica em Sade

    Organizaes, nveis e sistemas de ateno sadeEstruturas de sade so construdas com a finalidade de garantir meios adequados para que as necessida-des de assistncia aos cidados sejam atendidas independentemente da capacidade de pagamento de cada um Essas estruturas so os Sistemas de Sade e tm como principal compromisso garantir o acesso aos bens e servios existentes em cada pas para a manuteno e a recuperao da sade dos indivduos

    Os Sistemas de Sade so geralmente responsabilidades do Estado com objetivo de garantir po-pulao os meios necessrios para manter e recuperar a sade So financiados com participao ma-joritria de fundos pblicos e possuem rede de servios para realizar atendimento s pessoas (aes individuais) e a grupos de pessoas (aes coletivas)

    Os pases que garantem, na prtica, a sade como direito de seus cidados, possuem Sistemas de Sade para atender a toda a populao e sem privilegiar uns em detrimento dos outros Sistemas com essas caractersticas so denominados sistemas universais e igualitrios

    Ateno sade no BrasilO modelo de ateno sade vigente no Brasil est fundamentado nas aes curativas, centrado no cuidado mdico e estruturado com aes e servios de sade dimensionados a partir da oferta

    Destaca-se que o cenrio brasileiro caracterizado pela diversidade de contextos regionais com marcantes diferenas socioeconmicas e de necessidades de sade da populao entre as regies

    QUADRO 1Diferenas entre doenas agudas e crnicas

    Varivel Condio aguda Condio crnica

    Incio Rpido Gradual

    Causa Usualmente nica Usualmente mltiplas

    Durao Curta Indefinida

    Diagnstico e Prognstico Comumente acurados Usualmente incertos

    Testes diagnsticos Frequentemente decisivos Frequentemente de valor limitado

    Resultado Em geral, curta Em geral, cuidado sem cura

    Papel dos profissionais Selecionar e preescrever o tratamento Educar e fazer parceria com as pessoas usurias

    Natureza das intervenes Centrada no cuidado profissional Centrada no cuido multiprofissional e no autocuidado

    Conhecimento e ao clnica Concentrados no professional mdico Compartilhado pelos profissionais e pessoas usurias

    Papel de pessoa usuria Seguir as prescries Corresponsabilizar-se por sua sade em parceria com a equipe de sade

    Sistema de ateno sade Resposta reativa e episdica Resposta proativa e contnua

    Font

    e: M

    ende

    s E.

    V. (2

    012)

    apu

    d V

    on K

    orff

    (199

    7); H

    olm

    an e

    Lor

    ig (2

    000)

    ; Org

    aniz

    ao

    Mun

    dial

    da

    Sad

    e (2

    003)

    ; Lor

    ig e

    t al.

    (200

    6).

  • https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da SadeMdulo Bsico 5

    Informtica em Sade

    agravado pelo elevado peso da oferta privada e de seus interesses e presses sobre o mercado na rea da sade, e pelo desafio de lidar com a complexa interrelao entre acesso, escala, escopo, qualidade e custo-efetividade, o qual pode alterar demonstra a complexidade do processo de constituio de um sistema unificado e integrado no Brasil

    Perfil epidemiolgico brasileiro caracterizado por uma tripla carga de doena que envolve a persistncia de doenas parasitrias, infecciosas e desnutrio caractersticas de pases subdesenvolvidos, alm de ser um importante com-ponente de problemas de sade reprodutiva com mortes maternas e bitos infantis por causas con-sideradas evitveis Os desafios das doenas crnicas e de seus fatores de risco como sedentarismo, tabagismo, alimentao inadequada, obesidade e o crescimento das causas externas em decorrncia do aumento da violncia e dos acidentes de trnsito, trazem a necessidade de ampliao do foco da aten-o para o manejo das condies crnicas, mas atendendo, concomitantemente, as condies agudas

    O Sistema nico de SadeNo Brasil, em 1988, a Constituio Federal (CF) conceitua por meio do Art 196: a sade direito de todos e dever do Estado () Aqui se define de maneira clara a universalidade da cobertura do Siste-ma nico de Sade (SUS) J o pargrafo nico do Art 198 determina que: o sistema nico de sade ser financiado, nos termos do art 195, com recursos do oramento da seguridade social, da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, alm de outras fontes

    A Lei 8080 instituiu o Sistema nico de Sade, com comando nico em cada esfera de governo, e definiu o Ministrio da Sade como gestor no mbito da Unio A Lei, no seu Captulo II Dos Princpios e Diretrizes, Art 7, estabelece entre os princpios do SUS a universalidade de acesso aos servios de sade em todos os nveis de assistncia

    Sendo um dos maiores sistemas pblicos de sade do mundo, o SUS garante assistncia integral e completamente gratuita para a totalidade da populao, at mesmo aos pacientes portadores do HIV, sintomticos ou no, aos pacientes renais crnicos e aos pacientes com cncer

    O SUS responsabilidade das trs esferas de governo A Constituio brasileira estabelece que a sade um dever do Estado Aqui, deve-se entender Estado no apenas como o governo federal, mas como Poder Pblico, abrangendo a Unio, os estados, o Distrito Federal e os municpios A implemen-tao e a gesto do SUS so, portanto, tambm obrigaes das municipalidades, que devem trabalhar integradas s demais esferas de governo, na construo de polticas setoriais e intersetoriais que garan-tam populao acesso universal e igualitrio sade

    Princpios do SUSSo conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da Constituio Federal de 1988 e no arti-go 7 do Captulo II da Lei n 8080/1990 Os principais so:

    Universalidade significa que o SUS deve atender a todos, sem distines ou restries, ofere-cendo toda a ateno necessria sem qualquer custo;

    Integralidade o SUS deve oferecer a ateno necessria sade da populao, promovendo aes contnuas de preveno e tratamento aos indivduos e s comunidades em quaisquer nveis de complexidade;

    Equidade o SUS deve disponibilizar recursos e servios com justia, de acordo com as necessi-dades de cada um, canalizando maior ateno aos que mais necessitam;

  • Informtica em Sade https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da Sade Mdulo Bsico6

    Informtica em Sade

    Participao social um direito e um dever da sociedade participar das gestes pblicas em geral e da sade pblica em particular; dever do Poder Pblico garantir as condies para essa participao, assegurando a gesto comunitria do SUS; e

    Descentralizao o processo de transferncia de responsabilidades de gesto para os mu-nicpios, atendendo s determinaes constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribuies comuns e competncias especficas Unio, aos estados, ao Distrito Federal e aos municpios

    Nveis de ateno sade e dos servios de sadeO SUS ordena o cuidado com a sade em nveis de ateno, que so de bsica, mdia e alta complexi-dade Essa estruturao visa melhor programao e planejamento das aes e dos servios do sistema de sade No se deve, porm, desconsiderar nenhum desses nveis de ateno porque a ateno sade deve ser integral

    Ateno Bsica em Sade constitui o primeiro nvel de ateno sade adotada pelo SUS, sendo prioridade, pois a prtica comprova que quando as Unidades Bsicas de Sade funcionam adequada-mente, a comunidade consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de sade, possibi-litando, at mesmo, melhor organizao e funcionamento dos servios de mdia e alta complexidade

    Trata-se de um conjunto de aes que engloba promoo, preveno, diagnstico, tratamento e reabilitao Desenvolve-se por meio de prticas gerenciais e sanitrias, democrticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populaes de territrios delimitados, pelos quais os profissionais da Ateno Bsica assumem responsabilidade A rea da Ateno Bsica utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, objetivando solucionar os problemas de sade de maior frequncia e relevncia das populaes o contato preferencial dos usurios com o sistema de sade Deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, inteireza e insero sociocultural, alm de buscar a promoo de sua sade, a preveno e tratamento de doenas, e a reduo de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudvel

    Os servios de sade so classificados nos nveis primrio, secundrio e tercirio de ateno, con-forme o grau de complexidade tecnolgica requerida aos procedimentos realizados Alm dos nveis supracitados, alguns hospitais j esto se enquadrando como de nvel Quaternrio

    Nvel Primrio: representado pelas Unidades Bsicas de Sade ou Postos de Sade - a porta de entrada do SUS So marcados exames e consultas, alm da realizao de procedimentos bsicos como troca de curativos

    Nvel Secundrio: engloba as Clnicas e Unidades de Pronto-Atendimento, bem como Hospitais Universitrios/Hospitais Escola So realizados procedimentos de interveno, bem como trata-mentos a casos crnicos e agudos de doenas

    Nvel Tercirio: engloba os hospitais de grande porte, mantidos pelo estado ou rede privada So realizados procedimentos invasivos e de maior risco Nesses hospitais, tambm podem funcionar servios quaternrios, de transplante, como pulmo, corao, fgado, rins, entre outros

    Alguns Sistemas de Sade se organizam para atender as pessoas segundo os nveis de ateno: pri-mrio, secundrio e tercirio Para tanto, levam-se em conta, pelo menos, trs elementos:

    Tecnologia: material disponvel (mquinas e equipamentos de diagnstico e teraputicos);Capacitao de pessoal: Recursos Humanos considerando-se, por exemplo, o tempo de forma-

    o de cada curso de graduao e gasto do poder pblico para formar essas pessoas;Perfil de morbidade da populao-alvo do sistema: as doenas mais frequentes da populao

  • https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da SadeMdulo Bsico 7

    Informtica em Sade

    Estatsticas do SUSEmbora sejam dados provenientes de 2002, importante observar as estatsticas descritas a seguir, a fim de permitir uma anlise abrangente

    A Rede Ambulatorial do SUS constituda por 56642 unidades, sendo realizados, em mdia, 350 milhes de atendimentos ao ano Essa assistncia estende-se da ateno bsica at os atendimentos am-bulatoriais de alta complexidade No ano de 2001 foram realizadas, aproximadamente, 250 milhes de consultas, sendo 165 milhes em ateno bsica (consultas de pr-natal, puericultura, etc) e 85 milhes de consultas especializadas Nesse mesmo ano foram realizados 200 milhes de exames labo-ratoriais, seis milhes de exames ultrassonogrficos, 79 milhes de atendimentos de alta complexida-de, tais como: tomografias, exames hemodinmicos, ressonncia magntica, sesses de hemodilise, de quimioterapia e radioterapia

    So 6493 hospitais pblicos, filantrpicos e privados com um total de 487058 leitos, onde so realizadas, em mdia, pouco mais de um milho de internaes por ms, perfazendo um total de 12,5 milhes de internaes por ano

    As internaes realizadas vo da menor complexidade, tais como internaes de crianas com diarria, at as mais complexas, como a realizao de transplantes de rgos, cirurgias cardacas, en-tre outras que envolvem alta tecnologia e custo Esta rea, organizada num sistema implantado em 1990, denominado Sistema de Informaes Hospitalares (SIH/SUS), constitui-se na maior casustica hospitalar existente no mundo paga por um mesmo financiador Para exemplificar, no ano 2000 foram realizados 2,4 milhes de partos, 72 mil cirurgias cardacas, 420 mil internaes psiquitricas, 90 mil atendimentos de politraumatizados no sistema de urgncia-emergncia, 7234 transplantes de rgos, sendo que 2549 de rim, 385 de fgado e 104 de corao

    So despendidos pelo Ministrio da Sade (MS) recursos da ordem de R$ 10,5 bilhes por ano para custeio dos atendimentos ambulatoriais de mdia e alta complexidade e hospitalares, alm de R$ 3 bilhes para a Ateno Bsica

    O Sistema nico de Sade: FinanciamentoO financiamento do SUS uma responsabilidade comum dos trs nveis de governo Em setembro de 2000 foi aprovada a Emenda Constitucional 29 (EC-29) que determinou a vinculao de receitas dos trs nveis para o sistema Os recursos federais que correspondem a mais de 70% do total, progressi-vamente, vm sendo repassados a estados e municpios por transferncias diretas do Fundo Nacional de Sade aos fundos estaduais e municipais, conforme mecanismo institudo pelo decreto 1232 de 30 de agosto de 1994

    Alm das transferncias do Fundo Nacional de Sade, os fundos estaduais e municipais recebem aportes de seus prprios oramentos Alguns estados promovem repasses de recursos prprios para os fundos municipais de sade, de acordo com regras definidas no mbito estadual

    O nvel federal ainda o responsvel pela maior parcela do financiamento do SUS, embora a par-ticipao dos municpios venha crescendo ao longo dos ltimos dez anos e haja a perspectiva de que a parcela dos recursos estaduais no financiamento do sistema aumente significativamente em decorrn-cia da aprovao da EC-29

    O pagamento aos prestadores de servios de sade feito pelo nvel de governo responsvel por sua gesto Independentemente do nvel de governo que executa o pagamento, o SUS utiliza um mes-mo sistema de informaes para os servios ambulatoriais o Sistema de Informaes Ambulatoriais (SIA) - e outro para os servios hospitalares o Sistema de Informaes Hospitalares (SIH) No caso especfico das internaes hospitalares, embora o pagamento pelos servios prestados esteja descen-tralizado para o nvel de governo responsvel por sua gesto, o processamento das informaes relati-

  • Informtica em Sade https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da Sade Mdulo Bsico8

    Informtica em Sade

    vas a todas as internaes financiadas pelo sistema pblico de sade realizado de forma centralizada pelo Departamento de Informtica do SUS (DATASUS), rgo do Ministrio da Sade Do mesmo modo, todo o sistema pblico utiliza uma nica tabela de preos definida pelo MS para o pagamento aos prestadores de servios

    A parir de 2001, o volume de recursos transferidos pelo Ministrio da Sade para os estados e mu-nicpios para o desenvolvimento de aes e servios de sade passou a ser subdividido em:

    Recursos para a Ateno Bsica (PAB Fixo e PAB Varivel);Recursos para a Vigilncia Epidemiolgica e Controle de Doenas;Recursos para a Assistncia de Mdia Complexidade;Recursos para a Assistncia de Alta Complexidade

    Vigilncia SanitriaNa rea da Vigilncia Sanitria um fato importante foi o surgimento da ANVISA, criada pela Lei n 9782 de 26 de janeiro de 1999 A ANVISA uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma agncia reguladora caracterizada pela independncia administrativa, estabilidade de seus dirigentes durante o perodo de mandato e autonomia financeira O novo rgo incorporou as competncias da antiga Secre-taria de Vigilncia Sanitria do Ministrio da Sade a novas misses: coordenao do Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria (SNVS), do Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados e do Programa Na-cional de Preveno e Controle de Infeces Hospitalares; monitoramento de preos de medicamentos e de produtos para a sade; atribuies relativas regulamentao, controle e fiscalizao da produo de fumgenos; suporte tcnico na concesso de patentes pelo Instituto Nacional de Propriedade Indus-trial (INPI) e controle da propaganda de produtos sujeitos ao regime de vigilncia sanitria

    A finalidade institucional da Agncia promover a proteo da sade da populao por intermdio do controle sanitrio da produo e da comercializao de produtos e servios submetidos vigilncia sanitria, at mesmo dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados Alm disso, a Agncia exerce o controle de portos, aeroportos e fronteiras e a interlocuo junto ao Ministrio das Relaes Exteriores e instituies estrangeiras para tratar de assuntos internacionais na rea de vigilncia sanitria

    Sade das populaes indgenasEm agosto de 1999, o Ministrio da Sade, por intermdio da Fundao Nacional de Sade (FUNA-SA), assumiu a responsabilidade de prover atendimento integral sade dos povos indgenas articulado com o Sistema nico de Sade

    Esse subsistema foi estruturado de forma descentralizada a partir da organizao de Distritos Sani-trios Indgenas A populao indgena brasileira estimada em mais de 350000 pessoas que perten-cem a cerca de 210 povos falantes de 170 lnguas identificadas

    Regulao da assistncia suplementar sadeCriada pela Lei n 9961 de 28 de Janeiro de 2000, a Agncia Nacional de Sade Suplementar (ANS) uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministrio da Sade Contribuindo para o desenvol-vimento das aes de Sade no Pas, a ANS tem a misso de promover a defesa do interesse pblico na assistncia suplementar sade, regulando as operadoras setoriais, at mesmo nas suas relaes com prestadores e consumidores

    A prioridade da ANS garantir os direitos do consumidor, segmento mais vulnervel nessa relao, duplamente atingido pela assimetria de informaes que caracteriza o setor: no tem domnio sobre o produto a ser consumido, que tecnicamente definido pelos prestadores de servio, e, tampouco,

  • https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da SadeMdulo Bsico 9

    Informtica em Sade

    sobre a relao entre este e as operadoras das quais adquire os servios que sero prestados Alm disso, o consumidor no possui instrumentos eficazes para coibir abusos aos seus direitos; tem baixa capacidade de negociao e pouca influncia no controle da qualidade dos servios A ao reguladora da ANS fundamentada no pressuposto de que o mercado da assistncia sade imperfeito e no pode ser operado livremente, demandando regras para garantir a prevalncia do interesse pblico e, tambm, para equilibrar a relao entre consumidores, operadoras e prestadores de servio

  • Informtica em Sade https://is.uab.unifesp.br/

    Introduo s Cincias da Sade Mdulo Bsico10

    Informtica em Sade

    Referncias e Bibliografia consultada

    Organizao Mundial da Sade Cuidados inovadores para condies crnicas: componentes estruturais de ao Braslia, Organizao Mundial da Sade, 2003

    How should health be defined?. BMJ 2008; 337 (dec10_1): a2900

    The Conceptualization of Health Med Care Res Rev 1999; 56 (2): 123-36

    SABROZA, PC Concepes sobre Sade e Doena http://wwwabrascoorgbr/UserFiles/File/13%20CNS/SABROZA%20P%20ConcepcoesSaudeDoencapdf

    MENDES, EV O cuidado das condies crnicas na ateno primria sade: o imperativo da consolidao da estratgia da sade da famlia Braslia, Organizao Pan-Americana da Sade, 2012

    Ministrio da Sade O SUS no seu municpio: Garantindo sade para todos http://bvsmssaudegovbr/bvs/publicacoes/cartilha_suspdf 2004

    Grupo Tcnico da Comisso Intergestores Tripartite Diretrizes para Organizao das Redes de Ateno Sade do SUS http://portalsaudegovbr/portal/arquivos/pdf/2b_221210pdf 2010

    ELIAS, PE Sistemas de Sade http://fmuspbr/cedem/did/atencao/Texto01pdf 2011

    WAGNER, EH Chronic disease management: what will take to improve care for chronic illness? Effective Clinical Practice 1: 2-4, 1998

    ALBUQUERQUE, CMS & OLIVEIRA, CPF Sade e Doena: Significaes e Perspectivas em Mudana http://wwwipvpt/millenium/millenium25/25_27htm

    BOLANDER, VB Enfermagem fundamental: abordagem psicofisiolgica Lisboa, 1998, p32-52

    DIENER, E Subjective Well-being Psychological Bulletin, 1984; 95 (3): 542-75

    GRAY, D Anatomia 37 edio, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995

    PRADO Atualizao Teraputica 22 edio So Paulo: Artes Mdicas; 2005

    GUYTON, A Fisiologia Humana 6 edio, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1988