69
INTRODUÇÃO Atualmente, a demanda por restaurações consideradas estéticas tem aumentado, fazendo com que materiais à base de resinas compostas sejam regularmente utilizados para realizar procedimentos restauradores 1,2 . Esses materiais possuem duas características principais: a coloração similar a estrutura dental e a capacidade de serem aderidos aos substratos dentais 3,4 . Com o desenvolvimento dos primeiros produtos comerciais, após a introdução da técnica de condicionamento ácido na prática clínica desde a década de 1950 5 , os sistemas de união utilizados conjuntamente com resinas compostas têm sido aprimorados. A estratégia adesiva de condicionamento ácido total pressupõe a desmineralização do substrato dentinário com ácido, infiltração do primer e depois do adesivo, ou do primer/adesivo, e posterior polimerização deste composto, formando a camada híbrida em esmalte e dentina 6,7 . Especialmente para a dentina, a técnica úmida é requerida, a qual mantém certa quantidade de água, a fim de preservar as fibras colágenas expandidas,

INTRODUÇÃO - posodontoufpa.files.wordpress.com · sistemas adesivos convencionais, deixando a técnica menos sensível a erros de manipulação por parte do operador15, 16, 17

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a demanda por restaurações consideradas estéticas tem

aumentado, fazendo com que materiais à base de resinas compostas sejam

regularmente utilizados para realizar procedimentos restauradores 1,2

. Esses

materiais possuem duas características principais: a coloração similar a

estrutura dental e a capacidade de serem aderidos aos substratos dentais 3,4

.

Com o desenvolvimento dos primeiros produtos comerciais, após a

introdução da técnica de condicionamento ácido na prática clínica desde a

década de 19505, os sistemas de união utilizados conjuntamente com resinas

compostas têm sido aprimorados.

A estratégia adesiva de condicionamento ácido total pressupõe a

desmineralização do substrato dentinário com ácido, infiltração do primer e

depois do adesivo, ou do primer/adesivo, e posterior polimerização deste

composto, formando a camada híbrida em esmalte e dentina 6,7

.

Especialmente para a dentina, a técnica úmida é requerida, a qual mantém

certa quantidade de água, a fim de preservar as fibras colágenas expandidas,

2

impedindo o seu colapso, bem como facilita a infiltração do primer e do

adesivo 8.

Cabe ressaltar que nesta técnica existe também a possibilidade de

ocorrer discrepância entre a zona desmineralizada e a infiltrada pelos

monômeros 9. Essa zona de dentina enfraquecida, denominada de hiato

submicrométrico, é caracterizada pela presença de colágeno exposto não

infiltrado por monômero e cristalitos de apatita dispersos10

, sendo uma região

susceptível a degradação hidrolítica ao longo do tempo, a qual promove uma

redução da resistência de união 11

.

Com a evolução das pesquisas nesta área, os sistemas adesivos

experimentaram modificações em sua estratégia e em sua composição, na

tentativa de evitar alguns fatores que interferem na adesão como os

anteriormente citados9,10

. Dentre essas, a mais significativa foi o

desenvolvimento dos sistemas autocondicionantes, os quais dispensam a etapa

de condicionamento prévio, procedimento que eleva significativamente a

permeabilidade da dentina e, como consequência principal, aumenta sua

umidade5,8

. Assim, os sistemas autocondicionantes têm a capacidade de evitar

a degradação hidrolítica, ainda que a camada híbrida formada seja rasa,

contudo uniforme, devido à interação química com a hidroxiapatita residual

localizada nas fibras colágenas expostas12

.

3

Estes sistemas contêm monômeros ácidos funcionais, geralmente

ésteres derivados do ácido fosfórico, os quais são responsáveis pelo

condicionamento e infiltração simultânea pela smear layer, promovendo sua

incorporação à interface adesiva 13, 14

. Uma das principais vantagens desses

sistemas é reduzir os múltiplos passos de aplicação clínica, comum aos dos

sistemas adesivos convencionais, deixando a técnica menos sensível a erros

de manipulação por parte do operador15, 16, 17

. Atualmente, a longevidade de

uma restauração está, sobretudo, relacionada ao desempenho do sistema

adesivo 18

e o seu correto uso 19

. A utilização desses sistemas não promove

aumento de permeabilidade, e, por conseguinte o aumento de sensibilidade 5,8

.

Considerando a sensibilidade, várias teorias foram propostas para

tentar explicar a transmissão da dor. Contudo, a teoria mais aceita para

esclarecer a sensibilidade dentinária é a teoria hidrodinâmica, a qual propõe

que a movimentação de líquido através dos túbulos dentinários estimula as

terminações nervosas próximas a camada odontoblástica, promovendo a

sensibilidade dolorosa 20

.

Deste modo, a sensibilidade pós-operatória (SPO), como consequência

da aplicação de resinas composta em dentes posteriores é frequentemente

relatada por cirurgiões-dentistas, e diversos estudos clínicos revelam a

presença desta ocorrência 2, 4, 13, 21

. Esse inconveniente clínico, em curto prazo,

pode ser explicado, em parte, pelo aumento da permeabilidade

4

transdentinária, mais relacionada aos sistemas convencionais

(condicionamento ácido), associado às características hidrofílicas dos

monômeros presentes nos sistemas adesivos5, como também pela tensão de

contração provocada durante a polimerização das resinas compostas22

.

Em médio e longo prazo, a SPO pode estar relacionada com a contração

de polimerização e com a infiltração marginal, que ainda são problemas

comuns enfrentados pelos profissionais 2, 21

. O estresse de contração no

processo de polimerização pode ser reduzido pela aplicação da resina

composta em camadas (técnica incremental)23

. Algumas vantagens desta

técnica são: a redução dos efeitos da contração de polimerização e redução do

fator-C pela possibilidade de aplicação oblíqua das camadas de resina 22, 23,

24,25.

Ainda neste contexto, a SPO pode ser causada por infiltração marginal

devido à formação de fendas 23, 26

, em virtude do estresse de contração durante

a polimerização 25, 27

e de deformação da restauração sob tensão oclusal que

também pode ser denominada deflexão de cúspide 13, 28, 29, 30

.

Em alguns trabalhos 4,13, 26

, não foi notado aumento na sensibilidade

pós-operatória quando são utilizados sistemas autocondicionantes.

Considerando que em diversos estudos não foi observado aumento de SPO

com sistemas autocondicionantes, quando avaliadas cavidades rasas 13, 25, 30, 31,

32,33, optou-se neste estudo por realizar uma verificação em cavidades

5

profundas, uma vez que a tendência é aumentar a sensibilidade pós-operatória

neste cenário, como afirma Hayashi & Wilson 200334

. Por outro lado, foi

decidido realizar uma avaliação clínica de SPO por longo período, uma vez

que no estudo realizado por Chermont et al.35

em curto prazo, não foi

observado aumento de SPO para os sistemas adesivos estudados.

Ademais, será utilizada uma resina composta que possui nanopartículas

em sua composição, desenvolvida para restaurações em dentes posteriores,

que apresenta capacidade de reforço das estruturas dentais, baixa contração de

polimerização e propriedades estéticas essenciais para o uso em dentes

posteriores 36

.

6

OBJETIVO

Este estudo objetivou avaliar a ocorrência de sensibilidade pós-

operatória quando são utilizados sistemas autocondicionantes em restaurações

diretas de cavidades profundas em dentes posteriores.

7

REVISÃO DE LITERATURA

Para a compreensão da interação entre os materiais adesivos e os

substratos, é fundamental ter o conhecimento do comportamento, da composição

e da morfologia desses substratos envolvidos no processo de adesão, pois, em

muitas situações clínicas, as paredes de cavidades preparadas em dentina

encontram-se contíguas com paredes de esmalte, requerendo muitas vezes a

formação de uma interface de união simultânea sobre substratos diferentes.

Esmalte

Esse tecido é composto por 96% de material inorgânico, 3% de água, e 1%

material orgânico. A maior parte da estrutura do esmalte, em peso, é composta

por cristais de hidroxiapatita, em forma de fosfato de cálcio e carbonato. O

restante consiste em material orgânico composto de proteínas em forma de

amelogenina e enamelina7. É preenchido por milhões de cristais de hidroxiapatita,

posicionados com seu longo eixo aproximadamente alinhado com o longo eixo

dos prismas de esmalte. As propriedades químicas do prisma variam entre o

centro e a periferia 37

. E devido ser composto em maior parte de substância

8

inorgânica, a união com a resina composta é mais satisfatória por conta do efeito

de ancoragem produzido pelo condicionamento ácido38

.

Dentina

A dentina é um substrato biológico composto por fibrilas colágenas e por

cristais nanométricos de hidroxiapatita, ricos em carbonato e pobres em cálcio,

dispersos entre túbulos paralelos e hipermineralizados. É um tecido que apresenta

na sua composição química 50% de mineral, 20% de água e 30% de material

orgânico, basicamente colágeno do tipo I39

. Dessa forma, a dentina é penetrada

por uma densa rede de túbulos dentinários que contém os processos

odontoblásticos, os quais se comunicam com a polpa. Além disso, os túbulos

contêm fluido que se movimenta no sentido da polpa para a junção esmalte-

dentina, e esta movimentação ocorre em virtude de procedimentos clínicos que

podem aumentar a pressão dentro da polpa20, 40,41

. Os túbulos dentinários são

circundados por um colar de dentina peritubular, mais mineralizada que a dentina

intertubular, a qual possui maior conteúdo orgânico composto por fibrilas

colágenas42

. Além disso, o número e o diâmetro dos túbulos são menores na

junção dentina-esmalte e maiores próximo à polpa, o que determina uma variação

de acordo com a área do dente39

.

Compatível com a complexidade desta estrutura, a permeabilidade da

dentina depende significativamente da sua localização no interior do dente. A

9

permeabilidade aumenta à medida que se aproxima da polpa; assim, o terço

cervical apresenta uma maior permeabilidade que o terço oclusal 5,7, 8, 42

. Desta

forma, todas estas características exercem influência sobre a permeabilidade da

dentina, tornando crítica a obtenção da adesão8. Além disso, existe a presença de

“smear layer” resultante do preparo cavitário, que oblitera os túbulos e reduz a

permeabilidade dentinária 17, 43

. Esta camada é então removida com o

condicionamento ácido, o qual promove o aumento da porosidade na dentina

intertubular, removendo a hidroxiapatita e deixando o colágeno, que é um tecido

que possui baixa energia de superfície 44, 45

. Haveria deste modo, a necessidade de

se aplicar uma substância que restaurasse a energia de superfície e facilitasse a

infiltração dos monômeros resinosos na dentina desmineralizada, função esta

realizada pelo “primer”46

, e o complemento do processo de união com a

utilização de uma resina hidrofóbica de baixa viscosidade denominada “bond”.

Estes sistemas são denominados de três passos6, 14, 47, 48

. Os sistemas adesivos de

dois passos apresentam ainda o condicionamento ácido separado. Os monômeros

resinosos de características hidrofílicas (primer), o agente de união de alta

viscosidade, com caráter hidrofóbico (bond) e os solventes são colocados em um

só frasco, e aplicados ao mesmo tempo 6,47

. A técnica adesiva que utiliza esses

sistemas, se não for criteriosa, pode provocar uma discrepância entre a

profundidade do substrato desmineralizada e a real infiltração dos monômeros

resinosos, o que deixa esta camada susceptível à degradação hidrolítica ao longo

do tempo, promovendo uma redução da resistência de união 5,11

.

10

Sistemas adesivos autocondicionantes

Diante dessa sensibilidade técnica, foram desenvolvidos os sistemas

autocondicionantes, que dispensam a etapa de condicionamento prévio com ácido

fosfórico, com o objetivo de simplificar as etapas operatórias, o controle da

umidade e os possíveis riscos de erro durante a aplicação clínica 6, 7, 8, 14

.

O surgimento dos sistemas autocondicionantes introduziu um novo modo

de condicionamento do substrato dentinário, utilizando-se monômeros funcionais

ácidos e solventes orgânicos, com a finalidade de desmineralizar a estrutura

dentinária e infiltrar nos espaços interfibrilares 7, 17,46

. Esses monômeros são

moléculas bifuncionais que contêm os seguintes componentes: Um grupo

polimerizável (P), que pode reagir com outros monômeros do adesivo e do

material restaurador por co-polimerização; um grupo adesivo ácido (AD) capaz

de condicionar ambos os tecidos dentais duros e interagir com eles; e um grupo

“espaçador” (R) que exerce influência sobre as propriedades de solubilidade, de

flexibilidade e de molhamento do monômero adesivo (P=R=AD). Os grupos

adesivos são ácidos, em particular, ácido fosfônico e grupos mono ou

dihidrogênio fosfato, que formam ácidos fortes como o correspondente ácido

carboxílico. O potencial de agressividade de um monômero aumenta na seguinte

ordem: álcool < ácido carboxílico < ácido fosfórico < ácido fosfônico < ácido

sulfônico 49,50

.

11

Quimicamente, os monômeros resinosos acídicos podem apresentar no

grupo funcional ácido o grupamento fosfórico [-O-P-(OH) (OR)], sulfônico (-

SO3H) e carboxílico (-COOH)49, 50

. Exemplo de monômeros ácidos, com o grupo

funcional sulfônico, é o 2-acriloamido-2-metilpropano ácido sulfônico (AMPS);

com o grupo funcional fosfórico, os representantes são: 2-metacriloxietil-fenil

hidrogênio fosfato (Fenil-P) e o 10-metacriloxidecil di-hidrogênio fosfato (10-

MDP). Entre os monômeros derivados do ácido carboxílico, estão o 10-

metacriloxidecil ácido malônico (10MAC) e o 4-metacriloxi-etil-trimetilato-

anidro (4-META)47,49

.

A adesão química dos monômeros com os tecidos duros pode se realizar

pela formação de uma união química primária, como as covalentes ou iônicas,

reagindo com o principal componente inorgânico do tecido dental, a

hidroxiapatita. Assim, grupos reativos adicionais nos ácidos monoméricos podem

resultar no estabelecimento de união covalente entre as fibras colágenas na

dentina e os monômeros dos adesivos autocondicionantes. Além disso, a adesão

física pode ser realizada pelas forças secundárias de Van Der Waals e indução

dipolar, ou pontes de hidrogênio49

.

Teoricamente, o uso dos adesivos autocondicionantes pode eliminar a

possibilidade de discrepância entre a profundidade de desmineralização da

dentina e a penetração do adesivo51

. De acordo com os mesmos autores, que

utilizaram três sistemas autocondicionantes e por meio de microscopia eletrônica

12

de emissão de campo e espectroscopia de micro-Raman, quando um adesivo

autocondicionante é aplicado na superfície da dentina o primer/adesivo

condiciona superficialmente através da “smear layer” e dentro da dentina,

subjacente desmineralizada, dissolve parcialmente os cristais minerais,

permitindo simultaneamente a infiltração do monômero para formar uma fina

camada hibridizada com 0,5-2 micrômetros de espessura.

Em relação à agressividade de condicionamento, os adesivos

autocondicionantes podem ser classificados atualmente em fortes, intermediários

e moderados. Os fortes possuem pH baixo(<1), o que promove a obtenção de uma

morfologia semelhante aos convencionais, além de sua alta acidez inicial

enfraquecer o seu desempenho adesivo e possivelmente deixar água dentro da

interface adesiva. Os moderados possuem um pH em torno de 2, levando à

incorporação da “smear layer” a interface adesiva, e a preservação de resíduos

minerais associados às fibras colágenas, o que pode servir como receptáculo para

o embricamento mecânico e químico de alguns monômeros, ajudando a prevenir

a infiltração marginal. Os intermediários apresentam pH próximo de 1.5,

promovendo a desmineralização total da superfície da dentina e parcialmente a

sua base 11, 47, 52

. Vale a pena lembrar que o pH do ácido fosfórico à 34% em gel,

utilizado comumente nos sistemas convencionais é de 0.4 53

.

Na dentina condicionada por sistemas adesivos autocondicionantes,

classificados como moderados e intermediários, hidroxiapatita pode ainda

13

permanecer sobre a superfície das fibras colágenas e unir-se quimicamente aos

monômeros resinosos que possuem o grupo funcional derivado do ácido

carboxílico ou do fosfórico54

. Contudo, essa união química parece contribuir

muito pouco para os valores de união, aproximadamente 7%, sendo que a sua

maior importância pode ser atribuída à proteção das fibras colágenas de uma

possível degradação hidrolítica, o que poderia prolongar a união 47

.

Os sistemas adesivos autocondicionantes geralmente utilizam água como

solvente, por esta levar a dissociação iônica do grupo ácido do monômero

funcional, o que promove o condicionamento do substrato 49

. Entretanto, o

excesso de água pode prejudicar a reação de polimerização do adesivo e resultar

em um polímero com propriedades mecânicas reduzidas 55

. Com a finalidade de

reduzir o conteúdo de água residual, co-solventes como o etanol são adicionados

à solução, formando uma mistura azeotrópica com a água, acelerando sua

volatilização. A acetona também pode ser utilizada como co-solvente; todavia, a

sua rápida volatilização, além do fato de não formar um composto azeotrópico

com a água, leva a uma rápida alteração na relação água-acetona, o que pode

gerar separação de fases e precipitação dos componentes resinosos 49, 50

. Esses

solventes possuem a finalidade de diluir os monômeros resinosos, facilitando sua

difusão pela superfície do dente 8.

Por outro lado, a redução da concentração de água, ou ausência deste

componente, aumenta a concentração do monômero funcional, o que leva a um

14

aumento da viscosidade, permitindo a criação de uma densa concentração de

adesivo, a qual leva a uma redução da durabilidade da união e degradação

hidrolítica56

. Nestes compostos, é evidenciada a presença do 2-hidroxietil

metacrilato (HEMA), que é um monômero solúvel em água frequentemente

empregado nos adesivos dentais, para aumentar a umidade da dentina, melhorar a

estabilidade das soluções que contêm monômeros hidrofílicos e hidrofóbicos,

prevenindo a separação de fases 49, 50, 57, 58, 59

. Como alguns trabalhos

evidenciaram a capacidade destes sistemas funcionarem como uma membrana

permeável 8,60, 61, 62

, existe a necessidade da utilização de uma camada de um

composto hidrofóbico denominado de “liner”, cuja finalidade é impedir o contato

da água proveniente das camadas de dentina subjacente “water trees” com a

resina composta, bem como diminuição da permeabilidade destes sistemas à

degradação hidrolítica, melhorando seu desempenho clínico 63, 64, 65

. Ainda, uma

dupla camada de adesivo pode ser utilizada com o mesmo propósito66

.

Os sistemas adesivos autocondicionantes podem também ser classificados

de acordo com número de passos clínicos, em autocondicionantes de 1 e 2 passos.

Nos sistemas de 2 passos, inicialmente, é aplicada na superfície dental uma

solução aquosa contendo monômeros ácidos e solventes, com o intuito de

desmineralizar a estrutura dentária e infiltrar-se nos espaços interfibrilares (1º

passo). Em seguida, este é coberto com uma camada de um composto de baixa

viscosidade, com característica hidrofóbica e desprovido de solventes ou água (2º

15

passo), o qual possui a finalidade de promover a união entre a superfície

hibridizada e a resina composta.

Nos sistemas de 1 passo, a solução aplicada é composta de uma associação

de monômeros hidrofílicos ácidos, monômeros hidrofóbicos, água e co-solventes,

que é aplicada de uma só vez sobre as estruturas dentárias com a função de

desmineralizar, infiltrar e se unir posteriormente ao material restaurador 6, 8, 42

.

Sensibilidade pós-operatória

Mecanismo da dor

A teoria hidrodinâmica, proposta inicialmente por Gysi em 1900, e

posteriormente melhor explicada por Brännstrom & Aström40

, é a mais aceita até

os dias atuais. Considera que a camada odontoblástica é estimulada pela variação

de pressão intrapulpar decorrente da movimentação do fluido intradentinário em

direção à polpa, ou em sentido contrário, a ponto de ativar os mecano-receptores,

fenômeno este que depende da natureza do estímulo 40, 41, 67, 68

.

Utilizando técnicas de pressão negativa ou dissecação, e envolvendo forças

capilares, Brännstrom (1986)69

, demonstrou como o deslocamento do fluido

dentinário causa dor. Por meio desses exames, pode-se observar que ocorre uma

rápida movimentação do fluido através dos túbulos dentinários como resultado de

forças de capilaridade. Este trabalho demonstra ainda que a própria estrutura dos

túbulos favorece a movimentação do fluido por meio dessas forças, e sugere que a

16

sensibilidade do dente à temperatura pode ser explicada com base no movimento

hidrodinâmico do fluido.

Em um estudo de Pashley (1986)70

, o autor sugere que a oclusão dos

túbulos dentinários reduz a permeabilidade e a sensibilidade dentinária. Este

conceito ratifica a possibilidade de diminuição da movimentação do fluido e,

consequentemente, a sensibilidade dentinária. Entretanto, nem todos os agentes

utilizados são eficientes para a redução da sensibilidade, bem como oclusão

tubular, visto que, segundo o autor, existem dois tipos de mecanismos para

dessensibilização, um é a oclusão e o outro envolve o bloqueio da atividade

nervosa pulpar.

Estudos sobre a sensibilidade pós-operatória (SPO)

A associação de sensibilidade pós-operatória com o sistema adesivo

utilizado tem sido estudada com frequência na literatura 2, 4, 13, 16,1 8, 20, 21, 26, 30, 31, 32,

33, 71, 72, 73; desta forma, é importante discorrer sobre esta relação.

Opdam et al 199820

, investigaram a relação da técnica restauradora e do

sistema adesivo com a sensibilidade pós-operatória e adaptação marginal em

cavidades de classe II rasas, utilizando 2 adesivos convencionais e 1 adesivo

autocondicionante, e concluíram que a sensibilidade e a microinfiltração foram

mínimas com os sistemas convencionais e os autocondicionantes reduziram

significantemente a sensibilidade, porém a infiltração aumentou ao longo da

17

margem oclusal, e ressaltou a importância do conhecimento do operador na

realização do procedimento adesivo.

Unemori et al, em 200121

, avaliaram a relação entre a profundidade da

cavidade e a sensibilidade operatória. Os procedimentos foram realizados por

alunos do último ano da graduação, num total de 319 restaurações. Um grupo não

recebeu proteção pulpar e os outros três grupos recebiam uma das três proteções:

base com hidróxido de cálcio, base com ionômero de vidro e base com hidróxido

de cálcio e ionômero de vidro. E algumas conclusões foram que a sensibilidade

não está relacionada com ausência de proteção pulpar após restaurações com

resina e restaurações feitas em cavidades rasas e de média profundidade

mostraram menor sensibilidade pós-operatória em comparação as cavidades

profundas.

Murray et al, em 200374

, utilizaram cinco sistemas para avaliar

microinfiltração, injúria pulpar e formação de dentina reparadora em cavidades

profundas. Estes autores observaram que não houve reação pulpar em todos os

sistemas utilizados e todos foram biocompatíveis, mesmo em cavidades

profundas. A preservação dos prolongamentos odontoblásticos foi mantida, e

atribuíram o insucesso das restaurações à inflamação pulpar proporcionada pela

contaminação bacteriana.

18

Perdigão et al, em 200313

, realizaram uma avaliação da sensibilidade pós-

operatória (SPO) utilizando um sistema de condicionamento ácido total e outro

autocondicionante. Os 30 dentes com restaurações de classe I e II receberam

avaliações pré-operatória, após 2 semanas, 8 semanas e 6 meses, em relação à

sensibilidade ao frio, ar e forças mastigatórias por meio de uma escala visual e

analógica de dor (EVA). Não houve diferença significativa em relação à

sensibilidade pós-operatória com os sistemas autocondicionantes e de

condicionamento total. Os autores concluíram que a SPO está relacionada mais

com a técnica restauradora, que com o sistema de união.

Em 2004, Unemori et al71

avaliaram também a sensibilidade pós-operatória

em restaurações, utilizando três sistemas autocondicionantes e outros três de

condicionamento ácido total. Os estudantes do último ano realizaram 330

restaurações, classificadas como rasas, médias e profundas. A incidência de

sensibilidade pós-operatória foi avaliada após uma semana da realização das

restaurações. Os autores concluíram que a sensibilidade pós-operatória não está

relacionada com a ausência de proteção pulpar em cavidades profundas e nem

quando são utilizados sistemas autocondicionantes. Deste modo, as situações

clínicas encontradas diariamente não devem ser negligenciadas, a ponto de não

obter as propriedades completas do sistema adesivo a assim reduzir o

desempenho clínico da restauração72, 75, 76

.

19

Schneider et al, 200977

, compararam a presença de microinfiltração

marginal em restaurações confeccionadas por três diferentes operadores, todos

seguindo o mesmo protocolo. E concluíram que houve diferença significativa

entre os resultados, ressaltando a sensibilidade da técnica quando da confecção de

restaurações adesivas.

Quando os monômeros são transformados em polímeros, as duplas ligações

são quebradas e reduzidas a ligações simples, o que gera uma aproximação entre

os átomos, e, por conseguinte, à contração volumétrica 78

. O estresse gerado por

esta contração pode provocar clinicamente o rompimento da interface adesiva,

microinfiltração marginal, cáries secundárias, sensibilidade pós-operatória,

substituição da restauração e até a necessidade de um tratamento endodôntico75, 79,

80, 81.

Com a finalidade de reduzir a contração de polimerização pela diminuição

da porcentagem de ligações de carbono (C=C), foi-se, ao longo dos anos,

incorporando partículas de carga às resinas compostas, o que aumentou seu

módulo de elasticidade, possibilitou maior resistência ao desgaste e também mais

resistência ao estresse gerado pela contração de polimerização82, 83, 84

.

Em cavidades amplas e profundas, quando o material restaurador sofre

contração e as cúspides se apresentam enfraquecidas, o sistema adesivo resiste às

forças geradas pelo estresse e isso origina um fenômeno de deformação das

20

cúspides, o que muitas vezes reduz a distância intercuspídea85

. E esta deflexão

pode ocasionar desadaptação da restauração, trincas no esmalte, e com a atividade

mastigatória, pode causar movimentação do fluido dentinário e conduzir a

sensibilidade pós-operatória 28,29, 85, 86,87, 88

.

No estudo de Ratih et al, 200728

, os autores, por meio de um sistema

computadorizado, conectado à pré-molares humanos extraídos, tentaram

correlacionar a deflexão de cúspide com a movimentação do fluido dentinário.

Esta movimentação, de acordo com os autores, é intensificada durante o

procedimento restaurador e permanece após a conclusão da restauração, e

concluem que, embora seja um fenômeno com interações complexas de vários

estímulos, pode implicar em sensibilidade pós-operatória.

A deflexão de cúspide pode ser influenciada pelo tipo e pelo tamanho de

cavidade, gerando também sensibilidade pós-operatória. O fator de configuração

cavitária (Fator-C), referido na literatura com a razão entre o número de paredes

aderidas e as não aderidas, está diretamente relacionado com as tensões geradas

pela contração resinosa, e a possibilidade de redução deste fator, implica na

redução do estresse localizado na interface adesiva 24,89, 90, 91

.

Alguns autores citam que a quantidade de contração vezes o módulo de

elasticidade da resina corresponde ao estresse de contração gerado e, quanto

maior for a conversão de monômero para polímero, maior será a contração. Sendo

assim, a fase inicial de pré-gel, na qual a resina ainda possui uma capacidade de

21

acomodação, pode ser prolongada por meio de uma intensidade de luz inicial

mais baixa e posteriormente aumentada, na tentativa de minimizar essa tensão de

contração (fotoativação modulada) 78, 92, 93, 94

. Porém, outro não encontrou

diferenças estatísticas entre a técnica convencional (potência contínua) e a

modulada95

.

Deste modo, observa-se que o fenômeno da contração pode ser reduzido

por outros fatores, como técnica de inserção, fator C, composição química da

resina e qualidade adesiva, caracterizando-se um fenômeno complexo, no qual a

sub-polimerização é o único fator amplamente contra-indicado na literatura 2, 78, 92,

93, 96.

Métodos de avaliação de SPO

Alguns estudos clínicos avaliaram a dor utilizando a escala visual e

analógica (EVA) como meio de avaliação ordinal de dor 13, 30, 72

. Outros, apenas

identificaram, por meio do relato do paciente, a presença ou não da sensação

dolorosa, antes e depois do procedimento restaurador 30, 26, 33, 72, 97, 98, 99

.

A dor, de acordo com a sociedade internacional de dor (IASP), é uma

experiência emocional e sensorial desagradável, que muitas vezes está associada à

lesões ou disfunções teciduais, sendo classificada de diversas maneiras em

agudas, crônicas, recorrentes, nociceptivas e neuropáticas 100

. Sendo assim, a

mensuração dolorosa é considerada relativa, pela subjetividade das respostas do

indivíduo, e muitas vezes são conceituadas ao invés de definidas. Porém, o que

22

torna o método mais confiável é a sua reprodutibilidade 101, 102

, além da

associação de escalas de medição 101

.

A EVA é um traçado numérico crescente que inicia com número zero e vai

até dez, definindo as categorias de intensidade de dor. A Escala Visual Analógica

Modificada (EVAM), associa a EVA com a Escala de Dor de Wong Baker, na

qual se observa 6 faces que variam gradativamente o humor, iniciando com

fisionomia alegre (face alegre) à fisionomia triste (face de choro), onde o paciente

realiza sua descrição verbal 100

. Além disso, a comparação de respostas de uma

situação normal com outra considerada alterada fisiologicamente, frente a um

determinado estímulo, é considerado um diferencial que favorece a confiabilidade

do método, uma vez que promove uma adaptação apropriada às sensações do

paciente100

. Ver figura 1.

FIGURA 1. Escala visual e analógica, faces de Wong Baker (frente), e escala numérica (verso).

23

METODOLOGIA

MATERIAIS

Neste estudo, foram utilizados os materiais abaixo relacionados.

MARCA

COMERCIAL

COMPOSIÇÃO (Segundo fabricante) FABRICANTE CLASSIFICAÇÃO

(Quanto ao nº de passos)

Adper Scotchbond

Multi-Uso ®

Primer: Ácido Polialcenóico, 2- Hidroxietilmetacrilato (HEMA)

(Lote:7BP)

Adesivo: Bis-GMA/HEMA(Lote:7PY)

Ácido: ácido fosfórico à 35%, espesante.

(Lote: 7JW)

3M ESPE Dental Products St. Paul, MN.USA

Convencional de 3 passos

Adper SE Plus®

Liq A:Lote- 7AK

Liq B:Lote- 7JQ

Líquido A: água, 2-Hidroxietil metacrilato (HEMA), corante rosa bengal.

Líquido B: Zircônia, trietileno

glicoldimetacrilato (TEGDMA), Dihema

fosfato Trihemafosfato, éster do ácido fosfórico, trimetilol propano trimetacrilato,

etildimetilamino benzoato, canforoquinona.

3M ESPE Dental Products

St. Paul, MN. USA.

Autocondicionante de 2 passos

All Bond SE®

Lote: 0700010531

Parte I: Etanol, benzeno sulfinato de sódio.

Parte II: Hidroxietilmetacrilato, Bis (gliceril 1,3dimetilacrilato) fosfato, Bisfenil

dimetacrilato.

Liner: Bis-GMA, Uretano dimetacrilato,

hidroxietil dimetacrilato, partículas de vidro.

BISCO, Inc. Schaumburg,

IL.USA.

Autocondicionante de 1 passo.

Filtek Z 350®

Cerâmica tratada com silano, bisfenol A

dimetacrilato, diglicidil éter, dimetacrilato de 2,2'etilenodioxidietilo.

Lote: 7HE

3M ESPE Dental Products

St. Paul, MN.

FIGURA 2. Marca comercial, fabricante, composição e classificação dos materiais utilizados

no estudo.

24

MÉTODO

Seleção da amostra

Foram selecionados pacientes adultos, por meio de triagem dentro da

Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Pará, incluindo

funcionários e alunos, na faixa etária entre 18 e 50 anos, de ambos os sexos.

O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em

Seres Humanos da Universidade Federal do Pará, sob o nº170/08 (Apêndice A),

para somente depois, iniciarem as etapas clínicas.

Durante a triagem, todos os pacientes foram informados sobre a natureza

do estudo, procedimentos envolvidos, desconfortos, riscos, benefícios e a forma

de acompanhamento do tratamento. Os pacientes não foram expostos a nenhum

tratamento desnecessário ou que pudessem colocar em risco a saúde e a

integridade dos mesmos, uma vez que todos os sistemas utilizados são de uso

rotineiro em clínica odontológica.

25

Inicialmente cada paciente foi submetido à anamnese e exame clínico com

auxílio de espelho bucal e sonda exploradora, e depois, foram analisados em

relação aos critérios gerais de inclusão e de exclusão, descritos nas figuras a

seguir.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Idade entre 18 e 50 anos;

Saúde geral considerada dentro da normalidade;

Boas condições de higiene oral;

Boas condições periodontais;

No mínimo, um dente posterior que necessitasse de troca de restauração, ou

preparos que resultassem em cavidades profundas de classe I e classe II.

Que o dente selecionado tivesse oclusão com o dente antagonista;

Leitura, e no caso de concordância, assinatura do termo de esclarecimento

livre e consentido.

FIGURA 3. Critérios gerais de inclusão para seleção dos voluntários do estudo

26

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Presença de patologias dentais que causassem dor espontânea, tais como pulpites;

Pacientes sob tratamento ortodôntico;

Presença de hábitos parafuncionais, tais como bruxismo;

Patologias sistêmicas que contra indicassem o uso do isolamento absoluto, como

alergias;

Pacientes impossibilitados de realizar os controles periódicos.

FIGURA 4. Critérios gerais de exclusão para seleção dos voluntários do estudo

Os critérios específicos para a inclusão do dente no estudo foram:

1. Oclusão normal com o antagonista;

2. Ocorrência de cavidade profunda (0,5 a 1 mm de proximidade com a

câmara pulpar, de acordo com RX inicial);

3. Extensão vestíbulo-lingual maior que ½ da distância entre as cúspides.

27

FIGURA 5. Elemento dental que reuniu os critérios acima mencionados (A) e RX inicial (B)

Os pacientes que estavam dentro dos critérios estabelecidos, leram e

concordando com as condições do estudo, assinaram o termo de consentimento

para o início do tratamento. (Apêndice D)

No início do estudo, os pacientes selecionados receberam instruções de como

manipular a escala analógica de dor, método de avaliação utilizado neste estudo.

Após esta fase, foram realizadas radiografias dos dentes selecionados, por meio

das técnicas periapical e interproximal, por meio de filmes radiográficos

intrabucais (Kodak Dental intraoral E-Speed Film, Vancouver, Canadá) e com

uso de posicionadores (Cone Indicador®, Maquira, Maringá, PR, Brasil), a fim de

padronizar as imagens obtidas.

Foram realizados testes pré-operatórios de sensibilidade (baseline –T0) ao

estímulo térmico (frio), tanto nos dentes que fizeram parte do estudo, como em

dentes adjacentes, antes de se realizar qualquer procedimento. Assim, o paciente

tinha uma referência de como era o seu padrão de resposta.

28

O dente que apresentasse sintomatologia alterada era desconsiderado. Além

disso, foram realizadas fotografias do dente a ser restaurado, sendo uma inicial,

outra após a conclusão do preparo cavitário, e uma final com o dente restaurado.

Após o término da seleção da amostra, foram retirados 08 pacientes para

realizar o teste piloto, com o objetivo de definir todo o protocolo de atendimento,

bem como auxiliar na observação de adversidades que porventura ocorressem.

Em que, baseado na literatura103

, foi considerado o número de 20 dentes por

sistema adesivo a ser avaliado, sendo então iniciada a realização das restaurações

nos pacientes.

Seleção de pacientes

FIGURA 6. Organograma de seleção dos pacientes que participaram do estudo

168

Pacientes avaliados

Clinica odontológica da UFPA 80 dentes

Critérios de inclusão

80 dentes

BASELINE

Submetidos ao teste de

sensibilidade

BASELINE

72 dentes

Selecionados para o

estudo

1 dente

Exposição pulpar

11 dentes

Os pacientes não se

interessaram em ser

atendidos ou faltaram

60 dentes

Amostra composta por 3

grupos/20.

Teste piloto

8 dentes

29

P reparos cavitários

Previamente à execução dos preparos cavitários com ponta de alta rotação

(Dabi Atlante®, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil), todos os pacientes foram

submetidos a uma profilaxia com pedra pomes e água, utilizando-se uma escova

de Robinson (KG Sorensen®, Barueri, São Paulo, Brasil), com o intuito de

remover qualquer resíduo e biofilme bacteriano. Após a anestesia e o isolamento

absoluto do campo operatório pela técnica do dique de borracha, observou-se a

correta invaginação do lençol para dentro do sulco gengival. Os preparos

cavitários foram realizados em alta rotação, com ponta diamantada esférica

compatível ao tamanho da cavidade (KG Sorensen®

) além de brocas esféricas nº6

e nº8 (KG Sorensen®), em baixa rotação, restringindo-se à remoção de tecido

cariado, cada ponta foi substituída a cada três preparos. Em seguida, foi

empregado o recortador de margem gengival nº 28 e nº 29 (Duflex®,SS White,

Rio de Janeiro, RJ, Brasil), com a finalidade de eliminar todo o esmalte

fragilizado das paredes circundantes do preparo. Os ângulos internos foram

arredondados, e o ângulo cavo-superficial mantido reto e sem bisel.

FIGURA 7. Aspecto final do preparo cavitário.

30

Divisão dos grupos e procedimentos restauradores

Grupo I – Sistema adesivo convencional de três passos (Scotch Bond Multi Uso-

SBMU)

Após a finalização do preparo cavitário, esse recebeu desinfecção com

solução de Digluconato de Clorexidina a 2% (Cav clean®– Dentisply, Milford.

OH, USA) aplicada com bolinhas de algodão estéril por 30 segundos; em seguida,

foi realizada uma lavagem com “spray” água-ar, por 15 segundos. O excesso de

água era removido com jato de ar, procedimento realizado em todos os grupos do

estudo.

Feita a assepsia da cavidade, todas as paredes foram condicionadas com ácido

fosfórico a 35% (Adper Scotchbond® ácido fosfórico a 35%, 3M ESPE, St. Paul,

MN, USA) por 15 segundos, lavadas também por 15 segundos, e “secas” com

discos de papel absorvente autoclavado (União®- Sara Lee Cafés do Brasil Ltda.,

Jundiaí, São Paulo, Brasil). O excesso de umidade era removido, sem, contudo,

ressecar a dentina. Na sequência, procedeu-se a aplicação do primer (Adper

Scotchbond primer® 3M ESPE), com pincel aplicador (Cavibrush

®- TDV Dental

Ltda., Pomerode, Santa Catarina, Brasil), sendo utilizado um jato de ar, à

distância de aproximadamente 20 cm, por 5 segundos para evaporação do

solvente, seguido da aplicação do adesivo (Adper Scotchbond adesivo®, 3M

31

ESPE) com outro pincel aplicador (Cavibrush® \TDV), o qual era

fotopolimerizado por 10 segundos.

Na etapa restauradora propriamente dita, após os devidos ajustes da banda

matriz de aço inox (Injecta®, Injecta Produtos Odontológicos, Diadema, São

Paulo, Brasil), ou da matriz metálica seccional (Unimatrix®, TDV Dental Ltda.,

Pomerode, Santa Catarina, Brasil), a resina composta Filtek Z350® (3M ESPE, St.

Paul, MN, USA) foi transferida para a cavidade em incrementos oblíquos, de no

máximo 2 mm de espessura, com a espátula 8A™ e Multiuse™ (Cosmedent,Inc.

Chicago, IL, USA) os quais eram fotopolimerizados individualmente por 20

segundos. Toda atenção foi tomada durante a inserção do material para evitar,

sobretudo, excesso além do ângulo cavo-superficial oclusal, que caso ocorresse,

era removido com o auxílio de uma lâmina de bisturi nº11(Becton & Dickinson ®,

São Paulo, Brasil). Em seguida, foram verificados os pontos de contatos oclusais

e, quando detectados contatos excessivos ou prematuros, todos eram eliminados

com brocas 3118 F \FF (KG Sorensen®), girando em baixa velocidade.

O aparelho fotopolimerizador empregado neste estudo foi o Flash Lite 1410

(DISCUS DENTAL®, Culver City, USA), o qual apresenta um LED de alta

potência, bem como um radiômetro acoplado à base do aparelho. Este aparelho

foi monitorado uma vez por semana, por meio de um radiômetro (Demetron

100™

, USA) específico, e deveria apresentar no mínimo 800mW/cm2 de

densidade de potência.

32

As etapas de acabamento e de polimento foram efetuadas depois de decorridas

48 horas, com pontas diamantadas 3118 FF e 2200 F/FF (KG Sorensen®), pontas

de borracha impregnadas por abrasivos em ordem decrescente de granulação

(Polimix®, TDV Dental Ltda., Pomerode, Santa Catarina, Brasil), período em que

foi realizado o segundo teste de sensibilidade pós-operatória, antes do

acabamento e polimento. Conveniente mencionar que o paciente que possuísse

mais de um dente para ser restaurado recebia uma restauração por vez, com

intervalo 7 dias. A restauração foi considerada concluída quando o operador

deslizava a sonda exploradora na interface dente/restauração e não verificava

nenhum degrau ou rugosidade nessa área. (Figura 8)

FIGURA 8. Aspecto da restauração concluída.

Grupo II- Sistema autocondicionante de dois passos (Adper SE Plus- ADSE)

Neste grupo, após o término das cavidades, estas receberam desinfecção

idêntica ao grupo anterior, bem como o preparo e a secagem do mesmo. Em

seguida, foi utilizado o sistema adesivo cujo protocolo foi realizado de acordo

com as recomendações do fabricante: inicialmente o líquido A (cor-de-rosa) foi

33

transferido para a superfície dental com um aplicador do próprio sistema, e com

outro o líquido B (amarelo), friccionando-os por 20 segundos, até que exibisse

um aspecto transparente. Após essa etapa, realizava-se secagem com jatos de ar

por 10 segundos, aplicava-se novamente o líquido B, de modo suave sem

friccionar e procedeu-se a polimerização por 10 segundos (figura 9). Os

procedimentos restauradores, de acabamento e polimento foram realizados

conforme descrito para o grupo I.

FIGURA 9. Apresentação e modo de aplicação do sistema Adper SE®.

Grupo III- Sistema autocondicionante de um passo (All Bond SE- ABSE)

Neste grupo, foi realizada a desinfecção de modo igual aos dois grupos

anteriores, assim com as etapas de preparo e secagem do mesmo. Neste sistema,

seguindo as instruções do fabricante, foi necessário misturar a parte I com a parte

34

II, até que a mistura apresentasse uma coloração cor-de-rosa, antes de levar à

cavidade. Esta aplicação foi feita de forma ativa sobre a superfície dental com

aplicador que pertence ao sistema, por 10 segundos, até que uma superfície

brilhante fosse observada. Depois, de forma suave, aplicou-se um jato de ar à

aproximadamente de 20 cm de distância, até que não houvesse movimento visível

do material, sendo então realizada a fotopolimerização por 10 segundos. Na

sequência, aplicou-se uma camada uniforme de aproximadamente 2 mm de

Liner®, fotopolimerizando-a por 10 segundos. A inserção da resina composta

Filtek Z350®, as etapas de acabamento e polimento foram executadas de modo

análogo aos grupos I e II.

FIGURA 10. Apresentação do sistema All Bond SE®

Avaliação da sensibilidade pós-operatória (SPO)

Relato do paciente

O paciente foi instruído a retornar 2 dias após a conclusão do procedimento

restaurador, momento em que foram anotadas quaisquer alterações da

normalidade (T2), bem como após 7 dias da realização da restauração, para

35

novamente ser avaliado (T7). Após 180 dias, foi realizada uma avaliação

intermediária (T180) e outra avaliação após 360 dias (T360). O paciente foi

orientado a relatar o que sentiu no período, e este relato foi classificado em

escores de zero (0) a três (3), em cada tempo das avaliações, de acordo com os

seguintes critérios:

Zero (0) - Nenhum tipo de desconforto foi notado pelo paciente durante o

período de avaliação. O paciente não alterou sua rotina de mastigação e de

ingestão de alimentos.

Um (1) - Desconforto discreto durante o período de mastigação e de ingestão

de alimentos. O paciente percebeu uma leve alteração na sensibilidade, porém não

alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos.

Dois (2) - O paciente referiu desconforto acentuado e dor durante a

mastigação e/ou ingestão de alimentos, alterando assim sua rotina de mastigação

naquele local.

Três (3) - Foram classificadas em grau 3, aquelas restaurações que

apresentassem elevado grau de desconforto, e houvesse a necessidade de

substituição imediata, de acordo com Chermont (2010)35

.

Testes clínicos

Nos mesmos períodos, foi realizada uma avaliação da sensibilidade pós-

operatória com a aplicação de estímulo (frio) da seguinte forma:

36

Frio - para o teste de sensibilidade ao frio, foi utilizado um “spray” a base de

propano/butano (Endo-Frost®, Roeko, Langenau, Germany), aplicado na ponta de

algodão de uma haste flexível (Bastonetes YORK®, YORK S/A Indústria e

comércio, São Paulo, Brasil), o qual foi posicionado com leve pressão, por até 5

segundos, na superfície oclusal do dente restaurado. Imediatamente, o paciente

registrava em uma escala de zero a dez (Escala Visual Analógica- EVA) a

intensidade de percepção do desconforto. De acordo com essa escala, o número

zero (0), corresponde a ausência de dor e o dez (10) corresponde a máxima dor

possível, sendo os graus intermediários também anotados.

Zero---------2----------4------------6-------------8-----------10

Zero ------- 1 (Sem dor)

2 ----------- 3 (Leve dor)

4 ----------- 5 (Dor moderada)

6 ----------- 7 (Dor incômoda)

8 ----------- 9 (Dor intensa)

10 ------------(Máxima dor possível).

O panorama geral dos pacientes, dos dentes e a situação inicial que o

elemento dental apresentava, é descrito a seguir.

Sistema Adesivo Dente* Situação inicial** Sexo***

SBMU PM (06)

M (14)

R(19)

C(01)

Masc.(10)

Fem. (10)

AD SE PM (03)

M (17)

R(15)

C(05)

Masc.(05)

Fem. (15)

AB SE PM (04)

M (16)

R(15)

C(05)

Masc.(10)

Fem. (10)

*Grupo de dentes envolvidos no estudo;

**Estado inicial do dente; R (restaurado), C (Cariado);

37

***Distribuição dos sujeitos envolvidos no estudo por sexo.

FIGURA 11. Apresentação de outros fatores observados no estudo.

Todos os dados foram tabulados numa ficha clínica que auxiliou a

sistematização das análises. Nessa ficha (Apêndice E), constam os critérios

de avaliação da sensibilidade (relatos do paciente e teste clínico), o nome do

paciente e um quadro para cada dente e período de observação.

Ao final de todas as avaliações, os dados foram digitados e ordenados

com o auxílio do programa Excel®

(Office 2007, Microsoft Corporation,

Redmond, Washington, USA) e analisados estatisticamente por meio do

programa BIOESTAT 5.0®. O teste de Kruskall Wallis comparou os

diferentes tratamentos em cada tempo, enquanto que o teste de Friedman

analisou cada sistema ao longo dos tempos, com nível de significância de

5% (p<0,05).

38

RESULTADOS

Testes clínicos

A figura 12 mostra o número de dentes e as respectivas intensidades reais

de desconforto, de acordo com a EVAM (0 a 10) após a realização dos testes de

frio para os adesivos e os períodos avaliados.

Sistema

Adesivo

T0 T2 T7 T180 T360

Escore*

(número de

dentes)

Escore*

(número de

dentes)

Escore*

(número de

dentes)

Escore*

(número de

dentes)

Escore*

(número de

dentes)

SBMU 6 (01)

0 (19)

4 (01)

0 (19)

2 (02)

0 (18)

2 (03)

0 (17)

2 (06)

0 (14)

AD SE 4 (02)

6 (01)

0 (17)

2 (03)

4 (01)

0 (16)

2 (04)

4 (02)

0 (14)

2 (02)

6 (01)

0 (17)

2 (02)

4 (01)

6 (01)

0 (16)

AB SE 2 (01)

4 (01)

0 (18)

2 (02)

0 (18)

0 (20) 2 (03)

4 (01)

0 (16)

2 (04)

0 (16)

* De acordo com a Escala Visual Analógica Modificada (0 – 10).

FIGURA 12. Valores de SPO de acordo com os testes de frio nos diferentes tempos.

Foi utilizado para comparar a SPO ao frio entre os diferentes

tratamentos, o teste Kruskall Wallis, pois os grupos possuem a mesma

quantidade de amostras, as quais são aleatórias, independentes, ordinais, em

39

relação ao fator de variação que foi o sistema adesivo, além dos dados não

apresentarem distribuição normal. De acordo com o teste de Kruskall Wallis,

todos foram estatisticamente semelhantes.

Tempo Sistema adesivo Valor (p)

ABSE ADSE SBMU

T0 27,50 27,50 30,47 0,51

T2 29,90 32,98 28,63 0,29

T7 26,50 35,60 29,40 0,017

T180 31,53 30,13 29,85 0,88

T360 29,30 30,00 32,20 0,75

TABELA 1- Média dos valores comparando os sistemas adesivos

FONTE: dados estatísticos do presente trabalho, p< 0,05 (Teste de Kruskall-Wallis).

A figura 13, por sua vez, ilustra os resultados correspondentes às médias

dos postos observados após o teste ao frio, usando a EVAM.

FIGURA 13. Gráfico com os postos dos valores de SPO para o teste ao frio comparando

os três sistemas adesivos (AB SE, ADSE e SBMU).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 2 7 180 360

Med

ia d

os

po

sto

s

Tempo (dias)

AB SE AD SE SBMU

a

abb

40

Quando foi observado o período de sete dias (T7), evidenciou-se a

diferença significante entre eles (p=0,017). Desta forma, houve necessidade

de ser realizado o teste de Dunn para determinar onde existiam tais

diferenças entre as médias observadas (Tabela 1).

A diferença numérica no teste de Dunn foi de 9,1 para as médias dos

postos, entre os sistemas adesivos Adper SE e All Bond SE; assim, pode-se

admitir que para o período T7, as restaurações feitas com o sistema Adper

SE Plus apresentaram significantemente mais SPO.

Avaliando os tempos isoladamente, para cada sistema adesivo, a tabela 2

foi elaborada, a qual descreve o posto médio para os sistemas adesivos, nos

diferentes tempos.

TABELA 2- Média dos valores dos sistemas adesivos ao longo dos períodos

FONTE: dados estatísticos do presente trabalho, p< 0,05 (Teste de Friedman).

Tempo SBMU AD SE AB SE

T0 46,80 48,83 49,70

T2 46,75 50,03 49,40

T7 48,90 55,00 44,50

T180 51,35 47,98 54,65

T365 58,70 50,68 54,36

Valor de p 0,14 0,83 0,22

41

A SPO ao frio foi avaliada em relação aos períodos para cada adesivo

separadamente, como estão ilustrados na figura 14. Tratando-se de uma

amostra dependente, o teste mais apropriado a ser aplicado a esses resultados

é o de Friedman.

FIGURA 14. Gráfico com os postos dos valores de SPO para o teste ao frio considerando

cada sistema adesivo ao longo do tempo.

FONTE: Fichas de avaliação dos pacientes envolvidos neste trabalho.

Quando o fator de variação foi o tempo e os sistemas adesivos foram

avaliados separadamente, todos foram estatisticamente semelhantes de

acordo com o teste de Friedman.

Relato do paciente

Para o relato do paciente, foram observados resultados com escores zero

(0) na maioria dos períodos avaliados; mesmo assim, houve a necessidade de

teste estatístico para não suscitar dúvidas quanto a este quesito.

0

10

20

30

40

50

60

70

T0 T2 T7 T180 T360

dia

do

s p

os

tos

Tempo

AB SE AD SE SBMU

42

Para esta avaliação, foi aplicado o teste de Friedman para cada sistema

adesivo (SBMU, ADSE, ABSE) ao longo dos tempos (T0, T2, T7, T180,

T360), porém não houve diferença estatística. Os valores de p para

SBMU=0, 998; ADSE=0, 997; ABSE=0, 982.

Sistema

Adesivo

T0 T2 T7 T180 T360

Escore*(núme

ro de dentes)

Escore*(núme

ro de dentes)

Escore*(núme

ro de dentes)

Escore*(núme

ro de dentes)

Escore*(núme

ro de dentes)

SBMU 0 (20) 0 (20)

0 (20)

0 (20)

1 (01)

0 (19)

AD SE 0 (20) 0 (20) 1 (02)

0 (18)

0 (20) 1 (01)

0 (19)

AB SE 1 (01)

0 (19)

0 (20)

0 (20)

1 (02)

0 (18)

0 (20)

* (0 – 3) escore de acordo com os parâmetros determinados.

FIGURA 15. Valores reais, considerando o relato do paciente.

Foi realizado o cálculo das médias e do desvio padrão dos escores de

SPO, para os sistemas adesivos, nos testes de frio, ao longo dos períodos

avaliados (Apêndice F).

43

DISCUSSÃO

Metodologia

Em odontologia moderna, o uso de resinas compostas aplicadas por meio

de técnicas adesivas se tornou muito comum104

. Um dos aspectos ainda

discutidos em relação a essas restaurações é a SPO, fenômeno

constantemente relatado no meio clínico, mesmo que aconteça por curto

período de tempo 13, 26, 105

.

Considerando a teoria hidrodinâmica postulada por Brännstrom 40,41

, que

atribui esta sensibilidade ao aumento da movimentação do fluido dentro dos

túbulos dentinários 25

, qualquer evento que possibilite o aumento da

permeabilidade dentinária, e provoque esta movimentação, como o

condicionamento com ácido fosfórico, pode elevar a sensibilidade 21,70

; por

outro lado, algo que possa diminuir a permeabilidade dentinária ocasionaria

diminuição na sensibilidade70

.

Assim, a utilização de sistemas autocondicionantes por não aumentar a

permeabilidade dentinária, tem sido investigado com relação à SPO. No

entanto, poucos estudos clínicos têm avaliado o inconveniente quando se

emprega estes sistemas 4, 13, 21, 26,30

. Como a tecnologia adesiva tem

progredido rapidamente, os sistemas autocondicionantes atuais tornaram-se

44

mais populares, especialmente por conta de sua facilidade de uso e redução

de etapas no procedimento de aplicação 106

.

Neste trabalho foram realizadas restaurações em cavidades amplas e

profundas, um cenário bastante adverso, uma vez que essas cavidades podem

apresentar características específicas, como presença de substrato dentinário

esclerosado; irregularidades nas paredes; enfraquecimento das cúspides;

túbulos dentinários com diâmetro maior, aspecto este que aumenta a

permeabilidade dentinária5, 107

.

De acordo com Briso et al 73

, as restaurações MOD são mais propensas

à falhas clínicas, em relação às oclusais, por exemplo, devido ao maior

enfraquecimento dental e a sensibilidade técnica que demandam. O estresse

residual causado pela contração de polimerização pode causar deflexão de

cúspides, propagação de rachaduras no esmalte, infiltração marginal, fendas

na interface e, como uma das consequências a SPO 108, 109

.

Akpata et al 30

e Chermont et al 35

, em seus estudos, sugerem a avaliação

da SPO em cavidades profundas com sistemas autocondicionantes, uma vez

que em cavidades rasas, e em curto prazo, os autores não observaram

aumento de SPO quando foram utilizados esses sistemas .

A técnica restauradora do presente estudo foi feita por meio de inserção

incremental, visto que esta técnica permite o maior relaxamento das tensões

de contração durante a de polimerização 24,

85, 110

.

45

A técnica de polimerização empregada foi a contínua, tendo em vista a

formação de um polímero mais entrelaçado 111

, quando comparado ao

formado por meio das técnicas moduladas. Além do mais, a fotoativação

modulada, com redução da potência nos segundos iniciais, pode também

afetar o grau final de conversão do polímero formado112

.

Sensibilidade pós-operatória

Existem diferentes formas de avaliar a SPO. Algumas se baseiam em

respostas do tipo sim ou não. Alguns trabalhos empregam estímulos, que sob

a ótica dos pesquisadores do presente estudo, são imprecisos, como jato de

ar ou seringas com água gelada 13,26

, pois podem atingir mais de um dente

simultaneamente.

Neste estudo, optou-se por aplicar estímulos diretamente sobre o dente a

ser avaliado, por meio de hastes flexíveis umedecidas com Propano/Butano

(Endo Frost), e a avaliação propriamente dita da SPO foi realizada por meio

da EVAM como descrito no método, mais elaborada que simplesmente

considerar a presença ou ausência do desconforto.

O emprego de uma Escala Visual Analógica Modificada (EVAM), que

apresenta de um lado uma escala numérica (0-10), e do outro, desenhos de

uma face com a expressão de ausência de desconforto, até a fisionomia que

expressa uma condição de extrema dor, denominadas de faces de Wong

46

Baker 100, 101

, o que assegura melhor entendimento por parte do sujeito do

estudo, tornando seu relato mais autêntico.

Um dos cuidados que foram tomados neste estudo foi o de informar ao

paciente, por meio de aplicação de teste frio em dente adjacente não

envolvido na pesquisa, qual era seu limiar de tolerância frente ao estímulo a

ser aplicado, para que esse soubesse de sua resposta normal. Após, era

aplicado o teste nos dentes que foram restaurados, e instruído ao paciente

registrar na EVAM a sensação percebida, além do seu padrão normal de

resposta a esse estímulo. Assim, procurou-se eliminar as diferenças de

padrão de resposta entre os pacientes, como realizado por Chermont

(2010)35

.

Como forma de análise complementar e confirmatória, uma outra análise

foi executada. Foi a partir dos relatos dos pacientes como descrito no

capítulo de Metodologia, onde foram considerados para essa avaliação 4

níveis de resposta, de acordo com a rotina de mastigação do paciente.

Sistemas adesivos e resultados

Como forma de facilitar o entendimento da discussão, faremos, a seguir,

a relação dos resultados com o tipo de sistema adesivo escolhido.

Foram utilizados três sistemas adesivos, cujos protocolos e composição

estão explicados no capítulo de Método. O sistema convencional de três

passos SBMU emprega o condicionamento ácido prévio, o que aumenta a

47

permeabilidade dentinária. O “primer”, cujo solvente é água, etanol e Hema,

possui características hidrofílicas em função das propriedades dentinárias. O

adesivo formado por metacrilatos, com a função de produzir uma camada

hidrofóbica de maior resistência mecânica e menos permeável 8 ,47, 50

.

Seria interessante, neste momento, mencionar um evento que se instala

durante a aplicação de um sistema adesivo convencional, o qual leva a um

extravasamento do fluído dentinário, pois torna o meio mais hipertônico 5,8

.

Este aspecto poderia levar ao acúmulo de umidade na região, onde

monômeros hidrofílicos estão presentes, monômeros estes permeáveis e

dentro da composição do “primer”. Assim, a aplicação de uma camada

hidrofóbica e menos permeável formada pelo adesivo, poderia, em tese,

atuar preventivamente evitando o aumento da SPO. Outra razão da escolha

desse sistema foi por ser considerado como “padrão ouro” em avaliações

laboratoriais e clínicas17

.

No presente estudo, não foi observado aumento significante de

sensibilidade ao frio para o tratamento com sistema convencional, para todos

os períodos de avaliação, o que está de acordo com o trabalho de Swift Jr et

al33

, que consideraram SPO ao frio avaliada pelo período de três anos,

utilizando sistemas adesivos convencionais. Nos estudos de Perdigão et

al.200313

e Turkün.200318

, ficou também demonstrado comportamento

semelhante quando foram empregados sistemas convencionais e avaliada

SPO.

48

Por outro lado, nos trabalhos de Unemori et al.200121

e Unemori et

al.200471

, foi encontrado aumento de SPO. No trabalho específico de Briso

et al.200773

, sete dias após a realização das restaurações, a sensibilidade

permaneceu por um período de até noventa dias, necessitando, algumas, de

substituição .

A única razão que pode-se aventar estaria relacionada ao operador. No

presente estudo, as cavidades e as restaurações foram feitas por um único

operador com treinamento específico, enquanto que nos trabalhos de

Türkün. 200318

, Unemori et al.200471

, a amostragem foi composta por

cavidades restauradas por clínicos ou alunos do curso de graduação.

De acordo com Giachetti et al.200819

, o nível de treinamento pode

influenciar na qualidade final da restauração. Além disto, na clínica diária e

na de graduação envolvendo inúmeros procedimentos, convém admitir a

influência, por exemplo, dos instrumentos operatórios empregados, do

isolamento do campo operatório, da técnica restauradora, e até dos aparelhos

fotopolimerizadores, os quais podem apresentar densidades de potência

diferentes.

Os sistemas autocondicionantes, por serem mais simples em relação a

forma de aplicação clínica, podem apresentar menos chances de erro. Não

pressupõem a etapa de condicionamento, entretanto, criam vias de difusão

em virtude de sua acidez incorporando a “smear layer” à interface adesiva.

São misturas aquosas de monômeros ácidos funcionais, em que a água é um

49

componente muito importante como agente ionizante destes monômeros, o

qual é responsável por desencadear a reação ácida 50, 113

; contudo, o excesso

de água pode comprometer a força de união do sistema adesivo devido ao

seu acúmulo formando bolhas “Overwet phenomenon” como descrito por

Tay et al.2002 60

. De acordo com Carvalho et al.20048, outro aspecto a ser

considerado é que o dente possui estruturas mineralizadas. Estas são capazes

de tamponar os elementos ácidos do material e assim neutralizar sua ação,

após alguns segundos à aplicação.

Um dos sistemas autocondicionantes empregados foi o AD SE

classificado como de dois passos, cujo monômero é o TMPTMA (Trimetilol

propano trimetacrilato), considerado um autocondicionante forte47, 105

. A

primeira solução composta por água/Hema não possui a capacidade de

condicionamento, a reação somente se inicia quando a solução dois, com o

monômero ácido é aplicada e misturada na cavidade105, 114

. Posteriormente

outra camada da solução dois é aplicada. Alguns estudos 64, 65

consideram

que uma dupla camada de adesivo melhora o desempenho deste material na

dentina.

Na avaliação de sete dias, ocorreu diferença significativa na SPO para

esse sistema, em relação ao outro autocondicionante. Aspecto semelhante foi

observado por Briso et al.200773

, que no mesmo período (sete dias)

observou sensibilidade ao frio nas cavidades de classe I e classe II.

Importante mencionar que a SPO observada após sete dias em ambos os

50

trabalhos diminuíram com o passar do tempo. Parece difícil encontrar uma

justificativa para este fato, visto que, apesar de ser detectada sensibilidade,

esta é irrelevante, pois ao longo dos períodos avaliados não foi observado

aumento deste inconveniente.

O outro sistema autocondicionante utilizado foi o AB SE, classificado

como de um passo, cujo monômero é o BPDM (Bisfenil dimetacrilato), é

considerado um autocondicionante moderado49, 105

. Este sistema difere do

anterior uma vez que sua mistura é realizada antes de ser aplicado na

cavidade. Este sistema apresenta também uma resina de baixa viscosidade,

com características hidrofóbicas denominada de Liner® pelo fabricante.

Como visto, foram utilizados dois sistemas autocondicionantes com

diferentes graus de acidez 53

. Esta escolha deve-se justamente para tentar

identificar se o pH poderia ser um aspecto relevante no surgimento de SPO.

Trabalhos indicam 6,47

que os autocondicionantes com maior acidez tendem a

formar camadas híbridas mais finas em relação aos convencionais, porém

com alta força de união. No entanto, essas diferenças químicas não

influenciaram no surgimento de diferentes graus de SPO.

Outra razão pela escolha do sistema ABSE foi pela presença do Liner®,

o qual poderia prevenir o aparecimento de SPO115

, baseado na mesma

explicação feita aos sistemas convencionais. Este aspecto não pode ser

evidenciado, uma vez que, do ponto de vista estatístico não houve diferença

significante entre os dois sistemas autocondicionantes empregados.

51

Situações que possam favorecer a deflexão de cúspide, como a rotina

mastigatória em cavidades com grande volume de resina, pode resultar no

aumento de SPO 29, 86

; entretanto, esta situação adversa não foi determinante

para os resultados deste estudo.

Um dos aspectos fundamentais para o bom comportamento clínico de

restaurações, especialmente as adesivas, é a correta observação do protocolo

clínico. Neste estudo, procurou-se seguir a risca todos os passos operatórios,

evitando alguns traumas e discrepâncias ou falhas clínicas. Assim, realizou-

se substituição de brocas a cada três preparos, o uso do isolamento absoluto,

a técnica de aplicação de acordo com as instruções sugeridas pelos

fabricantes, condições essas determinantes para os resultados apresentados

nesta pesquisa, o que concorda com Sobral et al.2005 116

, que consideram o

sucesso de uma restauração e a incidência de SPO próxima de zero quando a

técnica correta é realizada, toda a preparação da cavidade é criteriosa, e as

normas de procedimento da restauração são cuidadosamente seguidos .

Neste estudo, todos os sistemas foram considerados estatisticamente

semelhantes entre eles com relação à SPO, bem como quando avaliados

separadamente ao longo do tempo, quando não foi observado o aumento de

SPO. O que concorda com outros estudos 4, 13, 18, 20, 33

que mostram

comportamento semelhante entre sistemas convencionais e

autocondicionantes em relação à SPO, ao longo dos períodos avaliados.

52

Apesar das dificuldades de se realizar uma pesquisa clínica, esta é a

única forma de avaliar a sensibilidade pós-operatória, e poder dispor de um

diagnóstico correto com o intuito de minimizar este desconforto.

Finalizando, essa queixa tem sido muito relatada por clínicos de

diferentes graus de especialização, e em alguns trabalhos de pesquisa ela foi

evidenciada, porém neste trabalho especificamente, não foi comprovada. De

modo geral, a SPO provavelmente está relacionada a procedimentos

operatórios inadequados, diagnóstico impreciso, indicação incorreta do

material, negligência ao protocolo de uso, e não somente atribuída às

características do sistema adesivo.

53

CONCLUSÃO

Considerando a metodologia empregada neste estudo, e de acordo com

os resultados, é possível concluir que não há influência dos sistemas

adesivos utilizados em relação à sensibilidade pós-operatória, ao longo do

tempo em cavidades profundas.

54

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64

APÊNDICES

APÊNDICE A- Carta provisória do comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos

65

APÊNDICE B- Carta de aprovação do comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos

66

APÊNDICE C- Ficha clínica para avaliação(Anamnese) dos pacientes

67

APÊNDICE D- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

68

APÊNDICE E- Ficha para avaliação do teste de sensibilidade.

Testes Espontâneos

*Relatos do paciente (sem aplicação de estímulos)

0 (zero) – nenhum tipo de desconforto notado. O paciente não alterou sua rotina de mastigação e

ingestão de alimentos.

1 (um) - desconforto discreto no período durante a mastigação e a ingestão de alimentos . O paciente

percebeu uma leve alteração na sensibilidade, mas não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos.

2 (dois) - desconforto acentuado (dor) durante a mastigação e a ingestão de alimentos. O paciente

alterou sua rotina de mastigação naquele local.

3 (três) - Insuportável desconforto que condicionasse ao tratamento endodôntico ou substituição imediata da restauração

**Com aplicação de estímulo (Frio ):

Escala visual analógica modificada de 0 a 10.

Baseline Sem

estímulo*

Frio**

Dente:

2dias Sem

estímulo*

Frio**

Dente:

7 dias Sem

estímulo*

Frio**

Dente:

180dias Sem

estímulo*

Frio**

Dente:

360dias Sem

estímulo*

Frio**

Dente:

Controle Sem

estímulo

Frio

Dente

Observações:

69

Média de

Sensibilidade Adesivo

Tempo AB SE AD SE SBMU Total geral

0 0,3 ± 0,21 0,7±0,39 0,3±0,3 0,433±0,178

2 0,2 ± 0,13 0,5±0,24 0,2±0,2 0,3±o,114

7 0±0 0,8±0,30 0,2±0,13 0,333±0,118

180 0,5±0,24 0,5±0,32 0,3±0,16 0,433±0,143

360 0,4±0,18 0,7±0,36 0,6±0,21 0,566±0,151

Total geral 0,28±0,08 0,64±0,14 0,32±0,093 0,413±0,063

APÊNDICE F- Médias e desvio padrão dos valores dos escores de SPO.