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8/17/2019 INTRODUÇÃO_AO_TANTRA.pdf
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INTRODUÇÃO AO TANTRA
Tantra é um modo de vida e também um ponto de
vista espiritual, foi bem desenvolvido na Índia no século X e hoje
praticamente inexiste naquele continente. Seu legado está espalhado
nas artes, na cultura e em diversos textos deixados pelos grupos
antigos. A palavra Tantra é composta por dois prefixos: Tan e Tra.
Esses prefixos são extraídos das palavras Tanoti e Trayati. “Tan”
significa uma expansão e “Tra” uma retração. A própria palavra nos
remete ao seguinte: a realidade no Tantra é Biunívoca. Ela contém
você como uma Consciência Eterna que se liga a tudo e a todos
(Tan) e um ser da Cultura temporal (Tra). Nenhum dos dois aspectos
é superior ao outro. O mundo exterior finito é representável e o
mundo infinito é dentro, interno, não representável.
O Tantra é eminentemente prático. É Agâmico. Se funda em
exercícios e rituais destinados para fins específicos. Existem milhares
de manuais de ritos tantriks, mas o essencial é entender o que é um
rito. Ritual é uma série de ações que realizamos para um
determinado fim.
Ainda: Para um Tantrik o mundo é um mundo de representações, e
então a ordem do mundo é dada pela nossa inteligência, não
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existindo nenhum Deus ou entidade, ou força, ou poder, que ordene
o mundo. Nós somos os deuses, somos as entidades, somos as forças
que ordenam o mundo. Segundo o Tantra os sábios [Rishis] já
idealizaram as palavras que podemos usar para sempre, e as palavras
criam uma ordem e esta ordem criou uma teia de possibilidades
quase infinitas, e então a criação que vem do som nos dá a
possibilidade de ver um mundo e de interpretá-lo, em uma visão
semiótica da realidade. Para o Tantra toda verdade pronta é um
bloqueio da nossa capacidade, e os Pasus, vêem na ordem dada pelo
outro, uma liberdade, liberdade esta que é uma falsa liberdade, pois
ele transfere para o outro a sua capacidade de ordenar sua vida.
Obras tântricas também se definem como a pura ciência dos Yantras
e dos Mantras, das “formas” e dos “assuntos”. Neste contexto o
conhecimento correto dos Tattvas (ontologia do Universo), e dosYantras e Mantras são fundamentais. Como já dito, o Tantra está
bastante vinculado à palavra (em especial a palavra escrita), foram os
tântricos que desenvolveram o alfabeto Devanagari, que é a escrita
do sânscrito, uma língua especial, e por conseqüência a transmissão
do conhecimento e da cultura através destes significados e
significantes. Uma tradição tântrica sempre tem uma exposição dosTattvas e da conceituação de Mantra e Yantra para a execução dos
ritos. Então, vamos expor algo sobre os Tattvas, Mantras, Yantras e
falar sobre o Ritual Tantrik , exercícios tântricos e a cinergética
tântrica.
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Tattvas
Princípios Universais Tattvas de 1 a 5)
1. Shiva (O sempre Benevolente) aspecto “masculino” ou
Consciência de realidade bipolar definitiva.
2. Shakti (O Poder dele) aspecto “feminino” ou Poder da realidade
bipolar definitiva que polariza a consciência no Eu (aham) e
no Isso (idam) ou entre o “sujeito” e o “objeto”, mas separa-os de
forma dual. O poder primordial do Eu.
3. Sadakhya (Aquele que é chamado de Ser) é a vontade
transcendental que reconhece e afirma “Eu sou isso” com a ênfase no
“Eu” em vez de no objeto ou objetivo do “Isso” do Ser Universal
4. Ishvara (O Senhor) É o Criador, que corresponde a realização do
“Isso sou Eu”, enfatizando de mudo sutil o lado objetivo do Ser e,
portanto estabelecendo o estágio para a evolução cósmica. Ele
mesmo se criou.
5. Sad-Vidya (O Conhecimento do Ser) É o estado de equilíbrio
estabelecido entre o subjetivo e o objetivo, que são agora
distinguíveis no interior do Ser.
Princípios Limitantes Tattva 6)
6. Maya (Aquela que mensura, que mede) O poder de ilusão
inerente na Realidade Definitiva pela qual o Ser parece estar limitado
e mensurável através da separação do sujeito e objeto, que assinala o
início da ordem mais impura da existência.
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Princípios das cinco coberturas Tattvas 7 ao 11)
7. Kala (A Parte) O princípio da criação pela qual a consciência se
torna limitada.
8. Vidya (O Conhecimento) O princípio pelo qual a onisciência da
criação é reduzida, causando o conhecimento finito.
9. Raga (A Ligação) O princípio pelo qual a inteireza da Consciência
se rompe, dando origem ao desejo por experiênciasparciais.
10. Kala (O Tempo) O princípio pelo qual a consciência eterna éreduzida à existência temporal, com passado, presente e futuro.
11. Niyati (A Necessidade) O princípio pelo qual a independência e
impregnação da consciência são rompidas, ocasionando limitação
relativa à causa espaço e forma.
Princípios da Individuação
12. Purusha (O Homem) ou Anu (átomo). O sujeito consciente, ou o
Self que vivencia a realidade objetiva.
13. Prakriti (A Nutriz). A realidade plenamente objetificada, ou
natureza, que é exclusiva de cada sujeito consciente.
Princípios de Instrumento Interior. Antahkarana)
14. Buddhi (A Compreensão). A faculdade mental da inteligência, que
é caracterizada pela capacidade para fazer distinções.
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15. Ahamkara (O Eu-artífice). O princípio da individuação pelo qual
uma pessoa se apropria de experiências (“eu fiz isso”, “eu sou assim”
etc).
16. Manas (A Mente). A faculdade mental que sintetiza as impressões
sensoriais iminentes na totalidade de conceitos e imagens.
Princípios de Experiência
Os cinco poderes da Cognição. Jñanendriya)
17. Ghrana (Aroma). O sentido do olfato.
18. Rasa (Gosto). O sentido do paladar.
19. Cakshus (Olhar, ver). O sentido da visão.
20. Sparsha (Toque). O sentido do tato.
21. Sharavana (Audição). O sentido auditivo.
Os cinco poderes da Cognação. Karmendriya)
22. Vac (Fala). A faculdade da comunicação.
23. Hasta (Mão). A faculdade de manipulação.
24. Pada (Pé). A faculdade da locomoção.
25. Payu (Anus). A faculdade digestoria.
26. Upastha (Genitais). A faculdade da procriação.
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Os Cinco elementos sutis Tanmatra)
27. Shabda-tanmatra (Elemento sutil do som). O potencial para
percepção auditiva.
28. Sparsha-tanmatra (Elemento sutil do toque). O potencial para
percepção tátil.
29. Rupa-tanmatra (Elemento sutil da Visão). O potencial para
percepção visual.
30. Rasa-tanmatra (Elemento sutil do paladar). O potencial parapercepção gustativa.
31. Gandha-tanmatra (Elemento sutil do Aroma). O potencial para
percepção olfativa.
Princípios de Materialidade
32. Akasha-Bhuta (Elemento de Éter). O princípio da vacuidadeproduzido a partir do elemento sutil do som.
33. Vayu-Bhuta (Elemento do Ar). Princípio da mobilidade
produzido a partir do elemento sutil do tato.
34. Agni-Bhuta (Elemento do fogo). Princípio da formação
produzido a partir do elemento sutil da visão.
35. Apa-Bhuta (Elemento da Água). Princípio da liquidez produzido a
partir do elemento sutil do paladar.
36. Prithivi-Bhuta (Elemento da Terra). O princípio da solidez
produzido a partir do elemento sutil do olfato.
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Os esquemas dos Tattvas servem para representar as forças de
aparição, conservação e desaparição dos fenômenos de que somos
acometidos.
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Mantra
O Tantra se fixa no Mantra, na palavra, para obter
sucesso nos rituais e porque esta insistência insidiosa no mantra?
Temos os dez sentidos, sendo os 5 exteriores e seus correspondentes
"interiores" , respectivamente Jnânaendriyas do olfato, paladar, visão,
tato e audição e suas faculdades de falar, pegar, andar, digerir e
procriar. A mente é a dona dos dez sentidos e se situa no Cakra do
coração, a mente se chama Antahkarana, porque sem os sentidos não
possui nenhum poder, sem os sentidos a mente não existe. Quando
os sentidos estão agindo a mente existe sobre um ponto ou sobre
algo interno ou externo. A mente como Antahkarana possui quatro
divisões, como Manas cuja função é duvidar de algo, como Buddhi
cuja função é a certeza sobre algo, como Ahamkara cuja função é o
egoísmo ou a lembrança de si mesmo, e como Citta cuja função é a
Lembrança ou memória. Logo, o tempo todo estamos duvidando,
tendo certezas, lembrando de nós e recordando coisas, em uma
velocidade imperceptível. Durante o sono onírico os sentidos estãos
desligados da mente, e a mente pela recordação, pode então
reconstruir cenários e fazer com que todas as funções desativadas
pelo sono, funcionem como se estivessemos acordados. Mas esta
parte da Mente que lembra tudo e se chama Citta, ela não pode
recordar de algo que não tenha sido tocado, ouvido , ou seja,
sentido, embora o faça com outro cenário no sonho. Então uma
forma imaginada é tão viva quanto o que se vê ou o que se toca, e
atua na mente, e ainda o que podemos dizer sobre isto é que existe o
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