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LEI N. 8.078/90 Aula n. 02 Das disposições gerais do Código de Defesa do Consumidor Matéria: Consumidor Fornecedor Relação de Consumo Política Nacional de Relação de Consumo 1 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Módulo I: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - LEI N. …€¦ · Requisitos da Petição Inicial - Artigo 319 do Código de Processo Civil Apetição inicial indicará: I - o

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LEI N. 8.078/90

Aula n. 02 – Das disposições gerais do Código de Defesa do

Consumidor

Matéria: Consumidor – Fornecedor – Relação de Consumo –

Política Nacional de Relação de Consumo

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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

Módulo I: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

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LEI N. 8.078/90

Aula n. 01 – Das disposições gerais do Código de Defesa do

Consumidor

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Módulo I: Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

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“Case” Jurídico

Aplicam-se o CDC e a Lei n. 9.656/98 no contrato de seguro saúde

assinado em 1995 a fim de obter declaração de nulidade de cláusula

contratual?

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DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. SEGURO SAÚDE. CONTRATAÇÃO

ANTERIOR À VIGÊNCIA DO CDC E À LEI 9.656/98. EXISTÊNCIA DE

TRATO SUCESSIVO. INCIDÊNCIA DO CDC, MAS NÃO DA LEI

9.656/98. BOA-FÉ OBJETIVA. PRÓTESE NECESSÁRIA À CIRURGIA

DE ANGIOPLASTIA. ILEGALIDADE DA EXCLUSÃO DE “STENTS”

DA COBERTURA SECURITÁRIA. DANO MORAL CONFIGURADO.

DEVER DE REPARAR OS DANOS MATERIAIS. As disposições da Lei

9.656/98 só se aplicam aos contratos celebrados a partir de sua

vigência, bem como para os contratos que, celebrados anteriormente,

foram adaptados para seu regime. A Lei 9.656/98 não retroage,

entretanto, para atingir o contrato celebrado por segurados que, no

exercício de sua liberdade de escolha, mantiveram seus planos antigos

sem qualquer adaptação.

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Embora o CDC não retroaja para alcançar efeitos presentes e futuros de

contratos celebrados anteriormente a sua vigência, a legislação

consumerista regula os efeitos presentes de contratos de trato sucessivo

e que, por isso, foram renovados já no período de sua vigência. Dada a

natureza de trato sucessivo do contrato de seguro saúde, o CDC rege as

renovações que se deram sob sua vigência, não havendo que se falar aí

em retroação da lei nova. A cláusula geral de boa-fé objetiva, implícita em

nosso ordenamento antes da vigência do CDC e do CC/2002, mas

explicitada a partir desses marcos legislativos, impõe deveres de conduta

leal aos contratantes e funciona como um limite ao exercício abusivo de

direitos. O direito subjetivo assegurado em contrato não pode ser

exercido de forma a subtrair do negócio sua finalidade precípua. Assim,

se determinado procedimento cirúrgico está incluído na cobertura

securitária, não é legítimo exigir que o segurado se submeta a ele, mas

não instale as próteses necessárias para a plena recuperação de sua

saúde.

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É abusiva a cláusula contratual que exclui de cobertura a colocação de

“stent”, quando este é necessário ao bom êxito do procedimento

cirúrgico coberto pelo plano de saúde. Precedentes. Conquanto

geralmente nos contratos o mero inadimplemento não seja causa para

ocorrência de danos morais, a jurisprudência desta Corte vem

reconhecendo o direito ao ressarcimento dos danos morais advindos da

injusta recusa de cobertura de seguro saúde, pois tal fato agrava a

situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do segurado,

uma vez que, ao pedir a autorização da seguradora, já se encontra em

condição de dor, de abalo psicológico e com a saúde debilitada.

Recurso especial a que se dá parcial provimento. (REsp 735.168/RJ,

Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em

11/03/2008, DJe 26/03/2008)

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Interesse social: proteger os consumidores de quaisquer abusos

praticados pelos fornecedores nas relações de consumo, estabelecendo

o necessário equilíbrio entre eles.

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AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM

RECURSO ESPECIAL. COMISSÃO DE CORRETAGEM. CLÁUSULA

DE TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR.

ABUSIVIDADE. . LEGITIMIDADE PASSIVA DA INCORPORADORA.

VALIDADE DA CLÁUSULA. SERVIÇO DE ASSESSORIA TÉCNICO-

IMOBILIÁRIA (SATI). COBRANÇA. ABUSIVIDADE. INOVAÇÃO

RECURSAL. ACÓRDÃO EM CONSONÂNCIA COM A

JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83 DO STJ. AGRAVO

INTERNO NÃO PROVIDO. 1. "O intuito de debater novos temas, por

meio de agravo regimental, não trazidos inicialmente no recurso especial,

se reveste de indevida inovação recursal, não sendo viável, portanto, a

análise, ainda que se trate de matéria de ordem pública, porquanto

imprescindível a prévia irresignação no momento oportuno e o efetivo

debate sobre os temas" (AgRg no AREsp 401.770/PI, Rel. Min. MARCO

AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 12/11/2013).

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2. A comissão de corretagem é devida, desde que seja respeitado o

direito de informação do consumidor, acerca de sua exigibilidade e de

seu valor. E em relação à cláusula que impõe o repasse para o

consumidor dos custos de serviço de assessoria técnico-imobiliária, ela é

sempre considerada nula e abusiva (art. 51, IV, do CDC). No presente

caso, o Tribunal de origem manteve a devolução da quantia cobrada a

título de SATI e determinou a devolução dos valores da comissão de

corretagem, tendo em vista que "não houve esclarecimento adequado a

respeito do conteúdo da assessoria imobiliária e comissão de corretagem

no momento da celebração do contrato de promessa de compra e venda"

(fl. 300). O acórdão recorrido está em consonância com a Jurisprudência

do STJ a respeito do tema. Incidência da Súmula 83 do STJ.

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3. O Tribunal de origem, amparado no acervo fático - probatório dos

autos, concluiu que: " A ausência de previsão contratual e a falta de

prévia informação do destino dos valores pagos justificam o

reconhecimento da abusividade da cobrança e o dever de devolução das

quantias despendidas a esse título pelos requerentes.". Assim, alterar o

entendimento do acórdão recorrido demandaria, necessariamente,

reexame de fatos e provas, o que é vedado em sede de recurso especial,

em razão do óbice da Súmula 7 do STJ. 4. Agravo interno não provido.

(AgInt no AgInt no AREsp 903.601/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE

SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2018, DJe 21/09/2018)

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1. Introdução à Prática Forense no Direito do Consumidor

Competência

Foro

Estrutura da Petição Inicial - Justiça Comum

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Requisitos da Petição Inicial - Artigo 319 do Código de Processo

Civil

A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união

estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas

Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço

eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

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III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos

alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de

conciliação ou de mediação.

Atenção: Inversão do ônus da prova (artigo 6º, inciso VIII, do CDC)

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“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza

produto ou serviço como destinatário final.”

CONCEITO DE CONSUMIDOR

Artigo 2º da Lei n. 8.078/90

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• Relação obrigacional

Relação Jurídica estabelecida entre o consumidor e o fornecedor

por meio de contrato.

Partes (consumidor e fornecedor)

Objeto (produto ou serviço)

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PESSOA FÍSICA

• Pessoa física é todo ser humano enquanto indivíduo a partir de seu

nascimento com vida até a morte.

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PESSOA JURÍDICA

• Pessoa jurídica é a união de pessoas naturais, ou pessoas físicas,

reconhecidas pela ordem jurídica como sujeito de direitos e

obrigações.

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• Artigo 2º, parágrafo único, do CDC: “Equipara-se aconsumidor a coletividade de pessoas, ainda queindetermináveis, que haja intervindo na relação de consumo.”

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PESSOA JURÍDICA COMO CONSUMIDORA

• A pessoa jurídica adquire produtos e utiliza serviços

Exemplos: contratação de ascensorista, serviço de limpezaetc.

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• O consumidor adquire produtos ou serviços ou utilizaprodutos ou serviços.

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• Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ouimaterial (aplicação de renda fixa). (Artigo 3º, § 1º, do CDC)

• Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado deconsumo, mediante remuneração, inclusive as de naturezabancária, financeira, de crédito e securitária, salvo asdecorrentes das relações de caráter trabalhista. (Artigo 3º, §2º, do CDC)

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DESTINATÁRIO FINAL

CONSUMIDOR

CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR

C0NCESSIONÁRIA

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CONCESSIONÁRIA

DIREITO CIVIL

AUTOMÓVEIS

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CONCEITO DE FORNECEDOR

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes

despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,

montagem, criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou

prestação de serviços.

Art. 3º da Lei n. 8.070/90

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COMPRA E VENDA DE VEÍCULO ENTRE ADVOGADOS

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• Política Nacional de Relação de Consumo (Artigo 4º do CDC)

A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo oatendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria dasua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações deconsumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento davulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

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• Teoria finalista mitigada

• A empresa como consumidora

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• Processual. Bem móvel. Aquisição de motor de caminhão dado pordefeituoso. Demanda proposta pelo adquirente, motorista autônomo,contra a fabricante do produto. Reconhecimento de relação de consumo,pela aplicação mitigada da teoria finalista, muito embora adquirido oequipamento para o exercício da atividade empresarial do autor,consistente na prestação de serviços de transporte de cargas. Ônus daprova. Inversão pela decisão agravada. Questão mal posta. Em matéria dedefeito (ou vício) do produto, o ônus da prova da inexistência já élegalmente do fornecedor, à luz do art. 12, § 3º, II, do CDC, não havendoassim necessidade de inversão por decisão judicial. Decisão agravada quese confirma, com ressalva. Agravo de instrumento da ré desprovido, comobservação. (TJSP; Agravo de Instrumento 2124552-76.2018.8.26.0000;Relator (a): Fabio Tabosa; Órgão Julgador: 29ª Câmara de Direito Privado;Foro Regional IV - Lapa - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 31/01/2019;Data de Registro: 31/01/2019)

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TEORIA FINALISTA

DIREITO CIVIL - PRODUTOR RURAL - COMPRA E VENDA DE SEMENTES DE

MILHO PARA O PLANTIO - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - NÃO-

APLICAÇÃO - PRECEDENTES - REEXAME DE MATÉRIA-FÁTICO

PROBATÓRIA - ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ - RECURSO ESPECIAL

IMPROVIDO. I - Os autos dão conta tratar-se de compra e venda de sementes de milho por

produtor rural, destinadas ao plantio em sua propriedade para posterior colheita e

comercialização, as quais não foram adquiridas para o próprio consumo. II - O entendimento

da egrégia Segunda Seção é no sentido de que não se configura relação de consumo nas

hipóteses em que o produto ou o serviço são alocados na prática de outra atividade

produtiva.

Precedentes.

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III - O v. acórdão recorrido entendeu que os recorrentes não

conseguiram comprovar o fato constitutivo de seu direito, por meio de

provas aceitáveis em juízo e que possibilitassem o contraditório.

O cerne da questão, como se vê, diz respeito ao exame de matéria

fático-probatória, o que é vedado pela Súmula 7/STJ.

IV - Ademais, mesmo nas hipóteses em que o Código de Defesas do

Consumidor é aplicável, o contraditório deve ser observado,

possibilitando-se ao réu a oportunidade de provar fatos que afastem a

sua condenação.

V - Recurso especial improvido.

(REsp 1132642/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão

Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em

05/08/2010, DJe 18/11/2010)

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TEORIA FINALISTA MITIGADA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CONCEITO DE

CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DO CDC. PESSOA JURÍDICA. FINALISMO

MITIGADO. VULNERABILIDADE. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA ENTRE OS

ACÓRDÃOS CONFRONTADOS.

1. Hipótese em que, em verdade, não há divergência entre os acórdãos

comparados, pois todos aplicam a teoria finalista mitigada, que admite a

incidência do CDC, ainda que a pessoa física ou jurídica não sejam tecnicamente

destinatárias finais do produto ou do serviço, quando estejam em situação de

vulnerabilidade diante do fornecedor.

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2. Entretanto, no acórdão embargado, a Primeira Turma afirmou que a

hipótese é de "ausência de demonstração de vulnerabilidade" da pessoa

jurídica agravante (fls. 1.446-1.447). A reforma dessa conclusão

pressupõe novo julgamento do Recurso Especial, com análise detida do

acórdão recorrido, o que não pode ser obtido por esta via.

3. Haveria divergência se os paradigmas indicados afirmassem que, para

a incidência do regime protetivo do CDC, seria dispensável a análise da

situação de vulnerabilidade da pessoa jurídica sempre que se tratar de

serviço público essencial. Em nenhum deles, contudo, está assentada

essa tese.

4. Agravo Regimental não provido.

(AgRg nos EREsp 1331112/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,

CORTE ESPECIAL, julgado em 03/12/2014, DJe 02/02/2015)