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INVASORES DO ESPAÇO Aos 19 anos, Henrique Dubugras e Pedro Franceschi lideram um time de 30 funcionários à frente da Pagar.me, empresa de pagamentos on-line, e têm vaga garantida para estudar na Universidade Stanford, na Califórnia Quando o paulistano Henrique Dubugras e o carioca Pedro Franceschi, ambos de 19 anos, saem com os amigos da época da escola, eles sabem que podem se sentir deslocados. É que assuntos comuns da idade, como busca por estágio ou prova na faculdade, são bem diferentes das preocupações da dupla. “Pensamos mais em reuniões, metas e contratações”, diz Henrique, que fundou com Pedro, em 2013, quando estavam no terceiro ano do ensino médio, a Pagar.me, startup de pagamen- tos on-line voltada a empreendedores. No ano passado, a empresa venceu gigantes como PayPal, Google e Apple no Innovation Project, evento de meios de pagamentos em Harvard, e espera fechar 2015 com mil clientes e R$ 500 milhões transacionados por meio de sua ferramenta. Os dois se conheceram no final de 2012 pelo Twitter, durante uma discussão sobre programação. “Logo nos tornamos amigos”, lembra Henrique. Além da paixão por tecnologia, tinham em comum as conquistas precoces: aos 12, Pedro foi a primeira pessoa no mundo a desbloquear o iPhone 3G e, aos 15, fez a Siri, comando de voz da Apple, falar português. Já Henrique criou, aos 16, o Estudar nos EUA, aplicativo de educação que ficou entre os dez mais baixados na App Store por um mês, e venceu uma maratona de programação em Miami. “Essas experiências foram essenciais para passarmos credibilidade aos investidores”, diz Pedro. Nos primeiros meses da empresa, eles conseguiram um aporte de R$ 1 milhão e, hoje, dividem com seus 30 funcionários uma área de um andar de um prédio na avenida Faria Lima, região de São Paulo que reúne empresas de tecnologia como Google e Facebook, onde atendem clientes como Endeavor Brasil e Catarse. Fora do escritório, Pedro e Henrique ainda têm outro assunto importante para decidir: realizar ou não o sonho de estudar em Stanford. Em 2014, a dupla foi aprovada na universidade california- na com bolsa de estudos, mas preferiu trancar a matrícula até 2016. “Quere- mos antes constituir uma empresa sólida e treinar a equipe para trabalhar sem a nossa presença”, afirma Pedro. Quando vocês começaram a programar? Henrique: Eu tinha uns 12 anos e queria jogar um game pago na internet, mas minha mãe não me deu o dinheiro. Comecei a pesquisar como criar algo parecido e de graça. Pedro: Com 8, 9 anos, eu queria controlar o computador, então fui fuçar no Google e aprendi os códigos. De onde surgiu a ideia de trabalhar com pagamentos? Henrique: Estava com dificuldade para implementar um serviço de cobrança em um aplicativo que tinha criado com uns amigos e, comentando com o Pedro, veio a ideia de pensarmos em uma empresa que fizesse isso de forma prática e rápida. Como foi abrir a empresa tão cedo? Pedro: Fomos emancipados e tivemos que conciliar com o último ano da escola. Como eu ainda morava no Rio, precisava controlar minhas faltas para encontrar o Henrique em São Paulo e fazer as reuniões com os investidores. Logo que as provas acabaram, me mudei. Já sofreram resistência por serem novos e não estarem na faculdade? Pedro: Algumas pessoas já se assustaram com a nossa idade, principalmente quando fazemos entrevistas de contratação. Mas é um susto que passa rápido. Quando começamos a falar, elas já percebem que entendemos do assunto e esquecem essa diferença. Vocês sentem que trocam a juventude pelas responsabilidades? Henrique: Entramos cedo e saímos tarde todos os dias do escritório, mas sempre damos um jeito de sair com os amigos, ir à academia, jogar videoga- me. O Pedro namora, então, aproveita as horas livres para sair com a namorada. De vez em quando eu saio para baladas, mas ultimamente estou em uma fase de conhecer restaurantes. Quais são os planos para o futuro? Pedro: Com certeza, transformar a Pagar.me no principal meio de pagamento do Brasil para a internet. POR LUIZA TERPINS FOTO ANDRÉ LESSA 54 REVISTA GOL EMBARQUE DECOLAGEM QUEM SÃO NOME: Henrique Dubugras e Pedro Franceschi IDADES: 19 anos DE ONDE: São Paulo e Rio de Janeiro PROFISSÃO: Empreendedores INSPIRAÇÕES: Steve Jobs, Larry Page e Jorge Paulo Lemann APLICATIVOS QUE MAIS USAM: Mailbox, Facebook e WhatsApp Henrique Dubugras (à esq.) e Pedro Franceschi no local em que trabalham, em São Paulo 55 REVISTA GOL

Invasores Do Espaço

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INVASORES DO ESPAÇOAos 19 anos, Henrique Dubugras e Pedro Franceschi lideram um time de 30 funcionários à frente da Pagar.me, empresa de pagamentos on-line, e têm vaga garantida para estudar na Universidade Stanford, na Califórnia

Quando o paulistano Henrique Dubugras e o carioca Pedro Franceschi, ambos de 19 anos, saem com os amigos da época da escola, eles sabem que podem se sentir deslocados. É que assuntos comuns da idade, como busca por estágio ou prova na faculdade, são bem diferentes das preocupações da dupla. “Pensamos mais em reuniões, metas e contratações”, diz Henrique, que fundou com Pedro, em 2013, quando estavam no terceiro ano do ensino médio, a Pagar.me, startup de pagamen-tos on-line voltada a empreendedores.

No ano passado, a empresa venceu gigantes como PayPal, Google e Apple no Innovation Project, evento de meios de pagamentos em Harvard, e espera fechar 2015 com mil clientes e R$ 500 milhões transacionados por meio de sua ferramenta.

Os dois se conheceram no fi nal de 2012 pelo Twitter, durante uma discussão sobre programação. “Logo nos tornamos amigos”, lembra Henrique. Além da paixão por tecnologia, tinham em comum as conquistas precoces: aos 12, Pedro foi a primeira pessoa no mundo a desbloquear o iPhone 3G e, aos 15, fez a Siri, comando de voz da Apple, falar português. Já Henrique criou, aos 16, o Estudar nos EUA, aplicativo de educação que fi cou entre os dez mais baixados na App Store por um mês, e venceu uma maratona de programação em Miami.

“Essas experiências foram essenciais para passarmos credibilidade aos investidores”, diz Pedro. Nos primeiros meses da empresa, eles conseguiram um aporte de R$ 1 milhão e, hoje, dividem

com seus 30 funcionários uma área de um andar de um prédio na avenida Faria Lima, região de São Paulo que reúne empresas de tecnologia como Google e Facebook, onde atendem clientes como Endeavor Brasil e Catarse.

Fora do escritório, Pedro e Henrique ainda têm outro assunto importante para decidir: realizar ou não o sonho de estudar em Stanford. Em 2014, a dupla foi aprovada na universidade california-na com bolsa de estudos, mas preferiu trancar a matrícula até 2016. “Quere-mos antes constituir uma empresa sólida e treinar a equipe para trabalhar sem a nossa presença”, afi rma Pedro.

Quando vocês começaram a programar?Henrique: Eu tinha uns 12 anos e queria jogar um game pago na internet, mas minha mãe não me deu o dinheiro. Comecei a pesquisar como criar algo parecido e de graça.Pedro: Com 8, 9 anos, eu queria controlar o computador, então fui fuçar no Google e aprendi os códigos.

De onde surgiu a ideia de trabalhar com pagamentos?Henrique: Estava com difi culdade para implementar um serviço de cobrança em um aplicativo que tinha criado com uns amigos e, comentando com o Pedro, veio a ideia de pensarmos em uma empresa que fi zesse isso de forma prática e rápida.

Como foi abrir a empresa tão cedo?Pedro: Fomos emancipados e tivemos que conciliar com o último ano da escola. Como eu ainda morava no Rio, precisava controlar minhas faltas para encontrar o Henrique em São Paulo e fazer as reuniões com os investidores. Logo que as provas acabaram, me mudei.

Já sofreram resistência por serem novos e não estarem na faculdade?Pedro: Algumas pessoas já se assustaram com a nossa idade, principalmente quando fazemos entrevistas de contratação. Mas é um susto que passa rápido. Quando começamos a falar, elas já percebem que entendemos do assunto e esquecem essa diferença.

Vocês sentem que trocam a juventude pelas responsabilidades?Henrique: Entramos cedo e saímos tarde todos os dias do escritório, mas sempre damos um jeito de sair com os amigos, ir à academia, jogar videoga-me. O Pedro namora, então, aproveita as horas livres para sair com a namorada. De vez em quando eu saio para baladas, mas ultimamente estou em uma fase de conhecer restaurantes.

Quais são os planos para o futuro?Pedro: Com certeza, transformar a Pagar.me no principal meio de pagamento do Brasil para a internet.

POR LUIZA TERPINS FOTO ANDRÉ LESSA

54 REVISTA GOL

EMBARQUE DECOLAGEMQUEM SÃONOME: Henrique Dubugras e Pedro Franceschi

IDADES: 19 anos

DE ONDE: São Paulo e Rio de Janeiro

PROFISSÃO: Empreendedores

INSPIRAÇÕES: Steve Jobs, Larry Page e Jorge Paulo Lemann

APLICATIVOS QUE MAIS USAM: Mailbox, Facebook e WhatsApp

Henrique Dubugras (à esq.) e Pedro

Franceschi no local em que trabalham,

em São Paulo

55REVISTA GOL