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INVENÇÃO DE RONDÔNIA: APONTAMENTOS PARA ESTUDO DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES EM ROLIM DE MOURA Neri de Paula Carneiro 1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul INTRODUÇÃO Nossa preocupação neste trabalho volta-se para a possibilidade de interpretação do mundo contemporâneo. Olhamos para o processo migratório que caracteriza o homem, analisando a conjuntura que gerou o Brasil atual. Olhamos para o mundo com a preocupação de entender a Amazônia, e particularmente Rondônia e mais especificamente para Rolim de Moura buscando uma possibilidade de interpretação do sistema escolar nessa cidade de Rondônia. Afirmamos nos anos entre 1960-1980 o processo de desenvolvimento do capitalismo nacional, principalmente a partir do governo militar, inventou Rondônia. E fez isso para resolver problemas de outros e não para acolher o migrante. Por essa razão podemos dizer que o processo foi, não só um “embuste”, como foi também uma “trajetória de ilusão”. Ou seja, o migrante foi levado a crer que a Amazônia, e particularmente Rondônia, seria a solução para seus problemas, o que, concretamente, não se concretizou. Pelo contrário, minimizou os problema do capitalismo, sem resolver o problema das vítimas do capital. E isso aconteceu porque, foram utilizados os processos de comunicação de massa – o que caracteriza o processo de forjar uma predisposição nos trabalhadores a fim de que migrassem para esta região. Esse processo, que chamamos de invenção de Rondônia, convenceu milhares trabalhadores sem-terras e desempregados, dizendo-lhes esta região como um novo e definitivo Eldorado. 1. Entendendo as migrações O povo brasileiro tem sido caracterizado de diversas formas: como mestiço, como indolente, como alegre,... e, acrescentamos aqui sua característica de migrante. O que não é uma característica e exclusividade do brasileiro, mas da espécie humana. O ser humano é 1 Mestrando em Educação Brasileira, pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, sob orientação da profa. Dra Silvia Helena Andrade Brito (UFMS). Especialista em Educação. Especialista em Leitura Popular da Bíblia. Professor de História e de Filosofia na rede estadual, em Rolim de Moura – RO. Filósofo; Teólogo; Historiador. Professor de Filosofia na Faculdade de Pimenta Bueno e Faculdade de Rolim de Moura; colaborador em jornais da região.

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INVENÇÃO DE RONDÔNIA: APONTAMENTOS PARA ESTUDO DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES EM ROLIM DE MOURA

Neri de Paula Carneiro1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

INTRODUÇÃO

Nossa preocupação neste trabalho volta-se para a possibilidade de interpretação do

mundo contemporâneo. Olhamos para o processo migratório que caracteriza o homem,

analisando a conjuntura que gerou o Brasil atual. Olhamos para o mundo com a preocupação

de entender a Amazônia, e particularmente Rondônia e mais especificamente para Rolim de

Moura buscando uma possibilidade de interpretação do sistema escolar nessa cidade de

Rondônia.

Afirmamos nos anos entre 1960-1980 o processo de desenvolvimento do capitalismo

nacional, principalmente a partir do governo militar, inventou Rondônia. E fez isso para

resolver problemas de outros e não para acolher o migrante. Por essa razão podemos dizer que

o processo foi, não só um “embuste”, como foi também uma “trajetória de ilusão”. Ou seja, o

migrante foi levado a crer que a Amazônia, e particularmente Rondônia, seria a solução para

seus problemas, o que, concretamente, não se concretizou. Pelo contrário, minimizou os

problema do capitalismo, sem resolver o problema das vítimas do capital. E isso aconteceu

porque, foram utilizados os processos de comunicação de massa – o que caracteriza o

processo de forjar uma predisposição nos trabalhadores a fim de que migrassem para esta

região. Esse processo, que chamamos de invenção de Rondônia, convenceu milhares

trabalhadores sem-terras e desempregados, dizendo-lhes esta região como um novo e

definitivo Eldorado.

1. Entendendo as migrações

O povo brasileiro tem sido caracterizado de diversas formas: como mestiço, como

indolente, como alegre,... e, acrescentamos aqui sua característica de migrante. O que não é

uma característica e exclusividade do brasileiro, mas da espécie humana. O ser humano é 1Mestrando em Educação Brasileira, pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, sob orientação da profa. Dra Silvia Helena Andrade Brito (UFMS). Especialista em Educação. Especialista em Leitura Popular da Bíblia. Professor de História e de Filosofia na rede estadual, em Rolim de Moura – RO. Filósofo; Teólogo; Historiador. Professor de Filosofia na Faculdade de Pimenta Bueno e Faculdade de Rolim de Moura; colaborador em jornais da região.

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migrante, nômade. E para isso há explicações a partir de diversas perspectivas, desde a

antropologia até as condições sócio-econômicas. E aqui, de uma perspectiva filosófica,

podemos dizer que os humanos migram por estarem insatisfeitos.

As migrações podem ser lidas como resposta a insatisfação do ser humano em

relação ao que o cerca e ao que possui. Devido à sua insatisfação o ser humana busca e faz

alterações em seu meio, adaptando-o constantemente e, com isso os humanos produzem algo

tipicamente seu: a cultura. Além disso, por não estar satisfeito o ser humano deixa o local em

que se encontra, buscando outro que imagina ser melhor de onde sai, novamente, em busca do

novo perpetuando o processo de busca. A insatisfação que produz a busca, possibilita o

processo migratório. Em síntese, podemos dizer que é devido à insatisfação que acontecem

todas as realizações que caracterizam o que é visto como progresso e como fracasso. O

processo de desenvolvimento e toda criação humana podem ser explicados pela dicotomia

satisfação/insatisfação. Quem está satisfeito se acomoda na satisfação e não busca, acomoda-

se. O processo de busca é característico de quem está insatisfeito, desacomodando-se na busca

da comodidade. A insatisfação tirou o homem das cavernas para encaixotá-lo nos amontoados

de arranha-céus, onde permanece insatisfeito.

Entretanto o fenômeno das migrações, no Brasil, não acontece somente pela eterna

insatisfação humana, nem somente pelo incontido desejo de buscar o diferente. Ela é

resultante, também, da conjuntura que veio se alterando mundialmente a partir do final da

década de 1960 quando a guerra fria atingiu seu auge e as potências entraram num processo

de negociações e cooperação. Esse processo produziu, posteriormente, além do fim da guerra

fria a diluição das experiências concretas de governos socialistas, no leste europeu. Esse

processo de alterações e acomodações dos grandes conflitos mundiais repercutiram no Brasil

e na vida dos brasileiros. Dentro desse contexto aconteceu um acelerado e nunca visto

processo de industrialização no mundo e, no caso do Brasil, além disso, produziu o

desemprego e o êxodo rural (Queiroz, 1979; D’Incao, 1983), vertente nacional dessa

conjuntura. Uma conjuntura que, em nosso país, ocasionou a concentração fundiária e de

renda, aumentando o exército dos excluídos. Isso nos leva a dizer que, no Brasil, o fenômeno

das migrações pode ser explicado, além da perspectiva filosófica da insatisfação, pela

perspectiva sócio-econômica da industrialização e do conseqüente êxodo rural.

O fato é que desde os primórdios o homem foi migrante. Ou seja, pelo fato de não se

fixar por muito tempo em uma mesma localidade e por não ter residência fixa, dizemos que o

homem é nômade, mudando-se normalmente em busca de alimentos ou porque onde se

encontra as adversidades são maiores que as facilidades. Migra, então, movido pela

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necessidade de sobrevivência: está insatisfeito com o que o cerca e busca alternativas. A

migração faz parte da saga humana: Muitas das respostas atuais têm pouca relação com as antigas. E mesmo as antigas, dependendo de quais forem, podem não revelar muita coisa. Talvez nem haja sentido em se falar de razão ou causa. Migrar, cortar campos, varar montanhas, atravessar rios, cruzar desertos e evitar pântanos, quando a Terra ainda era um mundo desconhecido, é parte da saga humana. Essa memória não foi completamente apagada, mas, aparentemente, as migrações atuais, não passam de acomodações desses movimentos muito mais antigos. (Capozoli, 2005)

O homem primitivo, portanto, era nômade. E movia-se no espaço por motivos bem

específicos: insatisfação e sobrevivência. Sem técnicas de produção de alimento e sem

recursos para sobreviver, o homem primitivo dependia da natureza; dessa forma

movimentava-se movido pela barriga – a fome – e em busca de segurança. A busca de

alimento o obrigava a deixar o local em que se encontrava para procurar alimento em outras

localidades. O mesmo podemos dizer em relação à segurança. Sendo indefeso – o ser humano

não possui garras, nem dentes afiados, nem força física, para enfrentar os adversários – foge

dos agressores e predadores para sobreviver. Caracterizando, com isso, o fenômeno do

nomadismo e, portanto, da migração. Dessa forma o nomadismo foi uma experiência

necessária para a sobrevivência da espécie humana. O ser humano sobreviveu por que foi

capaz de mover-se adaptando-se a cada localidade e a cada espaço em que se inseria.

Depois de milênios de nomadismo podemos, se não com certeza, pelo menos

imaginar, por que homem se sedentarisou: formou comunidades, construiu mecanismos de

defesa, aprendeu a produzir e estocar excedente. A esse respeito continua o mesmo autor: Para os homens primitivos, migrar pode ter sido uma experiência tão natural e necessária quanto fazer fogo. Pelo menos até a fundação da agricultura, há 12 mil anos. O cultivo da terra multiplicou os alimentos à custa de um enraizamento humano. Os homens trocaram o nomadismo por paióis fartos de alimentos. Essa foi uma maneira de se aumentar as populações comunitárias. Mas teria sido também um estimulo à guerra. Estoques de comida, ainda hoje, são estratégicos demais para evitar a cobiça de quem não os possui. (Capozoli, 2005)

Ao se espalhar pelo mundo a humanidade evoluiu. Entretanto, em todos os tempos e

mesmo com todos os avanços tecnológicos – claro que com menos intensidade – os homens

continuam migrando. Mesmo depois de sedentarizado vez por outra podemos ver famílias ou

indivíduos buscando algo diferente daquilo que têm nos arredores de sua residência. Sua

insatisfação os transporta para outras localidades. Mas atualmente os homens migram não

tanto para buscar o alimento para a subsistência, nem pela segurança, mas buscando melhores

condições de ganho, de acesso à riqueza e aos bens produzidos. A migração, hoje é muito

mais uma necessidade cultural e sócio-econômica que de sobrevivência. Os que ultrapassam

as fronteiras, nos dias atuais, são movidos não pela busca de alimento, mas pela busca de um

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salário mais alto com o qual pretendem comprar o que não teriam acesso sem um aumento de

poder de compra. Podemos dizer que atualmente são raros os casos em que as pessoas

precisam migrar apenas para sobreviver. O que move o migrante de hoje é a vontade de ter

mais e não a necessidade de encontrar o alimento necessário para sobreviver ou para abrigar-

se contra os predadores. Permanece a insatisfação, com o circundante, mas temos agora uma

insatisfação cultural – ideologicamente fabricada pelo poder da propaganda. Ao lado disso se

coloca, também, a necessidade produzida pela ampliação do processo de desemprego, como o

ocorrido no Brasil, a partir de meados do século XX.

Essa insatisfação explica inclusive os riscos pelos quais passam os que tentam

atravessar, clandestinamente, fronteiras fechadas, como mostram vários noticiários falando

das aventuras e tragédias daqueles que são apanhados pelas polícias do local almejado. O

migrante, neste caso, busca melhores condições de ganho e não o alimento ou está fugindo de

predadores. Se nos primórdios a migração acontecia pela necessidade ou busca do alimento

escasso, hoje é pela insatisfação; hoje o alimento existe no local de origem. Pode ser que o

acesso a ele seja difícil, mas ele existe. Pode não se ter com quê comprá-lo, mas ele existe

abundantemente. Por isso o motivo da migração, não é a busca do alimento, mas das

condições de comprá-lo. Por isso que se pode dizer que a migração atual ocorre na busca do

poder de compra o qual representa, atualmente, a capacidade ou os instrumentos de caça,

Tudo isso aconteceu, também no Brasil. Com a diferença de que as migrações, no

Brasil, se intensificaram durante o século XX. O país recebeu imigrantes de diversas partes do

mundo e os brasileiros migraram internamente: do campo para a cidade; de seu estado e indo

para outro; do nordeste para as demais regiões. Dentro deste contexto, a partir da segunda

metade do século XX, mais especificamente a partir de 1960, ocorre o processo migratório do

sul-sudeste para a Amazônia. Esse é o contexto para entender a invenção de Rondônia e o

surgimento de Rolim de Moura.

2. O Brasil e o mundo atual

O Brasil de hoje resulta não só das migrações, mas também das acomodações sócio-

político-econômicas ocorridas entre 1960 e o final da década de 1990 com uma

correspondente evolução tecnológica, provocando enorme concentração de renda. Tendo

como conseqüência crescente a crise econômica da globalização e o fim da experiência

socialista do leste europeu. Sem contar, do ponto de vista interno, a política do Governo

Militar, lançando a campanha de ocupação da Amazônia como mecanismo de solução de

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conflitos, para ocupar e dar “densidade econômica a vazios de homens e riquezas” da

Amazônia (Brasil, 1974, p. 8), como dizia o presidente Geisel. O governo tem se utilizado da colonização como alternativa de dupla mão de sentido: em primeiro lugar, pra criar uma ‘válvula de escape’ para a pressão exercida pelos expropriados nas regiões de concentração fundiária acentuada; e, em segundo lugar, buscando resolver a médio prazo a escassez de mão de obra nas novas áreas ocupadas pelos grandes grupos econômicos, de modo a viabilizar seus projetos” (Oliveira, 1983, p. 92)

A primeira metade do século XX foi marcada pelo fantasma da Guerra Fria.

Entretanto nos anos da década de 1970 aconteceram acordos que foram afastando, lentamente,

essa ameaça. Porém, afastado o perigo da Guerra Fria permanecia a crise econômica que se

havia alojado em decorrência da crise do petróleo, que se instalou a partir de 1973. Em função

disso Hobsbawm (2001) chamou o período de “décadas de crise”, mostrando que permanece

uma crescente crise, no mundo globalizado. Afirma o autor: A história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu suas referências e resvalou para a instabilidade e a crise. E, no entanto, até a década de 1980 não estava claro como as fundações da Era de Ouro haviam desmoronado irrecuperavelmente. (Hobsbawm, 2001. p. 393)

Em nosso país anunciava-se o Milagre Brasileiro e o governo militar afirmava que a

economia brasileira estava crescendo e que logo se poderia “repartir o bolo”. O que de fato

não aconteceu tendo, pelo contrário, aumentado a concentração de renda nas mãos das

grandes empresas e a concentração fundiária nos estados do centro-sul-sudeste. Fenômeno

que ajuda a explicar o processo migratório a partir do final da década de 1960 exigindo a

invenção de um estado para acolher os migrantes. “É assim que devemos entender a lógica da

colonização, aparentemente contraditória ao processo geral da expropriação da terra pelos

capitalistas aos camponeses” (Oliveira, 1989, p. 92)

O pós guerra fria produziu o mundo globalizado, com blocos os ocidentais em crise e

regiões orientais em acelerado processo de crescimento. Dessa forma, de um lado, o ocidente

vê aumentarem os mendigos e sem teto nas ruas, abrigando-se nos vãos das portas e do outro

lado países ocidentais, China, Coréia e Taiwan, entre outros, aparecendo como economias

fortalecidas e dinâmicas. Tanto que para a “maioria do sul e sudeste da Ásia, que saíram da

década de 1970 como a região econômica mais dinâmica da economia mundial” (Hobsbawm,

2001, p. 395), não se podia falar em crise econômica. O fato é que diferentemente do que

vinha acontecendo, a partir da década de 1970, a economia mundial como que ganhou vida

própria e autônoma, tornou-se incontrolável fugindo do controle dos Estados naquilo que vem

sendo chamado de neoliberalismo. Dando uma explicação para o fenômeno Hobsbawm,

(2001, p. 398) afirma que os “estados nacionais perderam seus poderes econômicos”. Em

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razão disso, a economia mundial fica à mercê não só da agilidade com que o capital se

reorganiza, como também de sua inconstância. E não são só os países pobres ou pequenos que

sofrem as conseqüências da fúria e virtuosidade do capital; mesmo as potências econômicas

estão a mercê do capital virtual, que migra pelo planeta em busca de lucro.

É nesse contexto que o Brasil aparece, na expressão de Hobsbawm, (2001, p. 397),

como “campeão mundial de desigualdade econômica”. Contraditoriamente cresce a riqueza

dos mais ricos e aumenta a pobreza dos mais pobres. Com base nisso podemos dizer que ao

fim da guerra fria, que tinha um cunho ideológico, inicia-se uma guerra real, não mais entre

nações, mas entre os ricos e os pobres; entre os donos de indústria, redes comerciais e terras e

os deserdados pela economia que se faz neoliberal. Vivemos num mundo de insegurança, de

violência que se origina não das nações armadas e poderosas, mas das pessoas que passam

fome e muitas vezes são usadas pelo crime organizado para cometeram inúmeros delitos,

tirando o sossego da população que precisa erguer muros onde permanece aprisionada e

amedrontada. Os muros e grades aprisionam não os bandidos, mas a classe dominante em

suas casas-fortalezas obrigando-os a circular pelas ruas em carros blindados.

Enquanto ocorria esse confronto de força e ideologia entre o bloco socialista e

capitalista, no Brasil estava se fazendo outra aposta. A aposta na expansão da fronteira

agrícola e na ocupação da Amazônia. Na realidade esse processo não se voltava só para a

Amazônia. Também o cerrado recebeu incentivo e começou a ser ocupado nesse mesmo

período (Brasil, 1971; 1974). Com a diferença de que para essa região foram direcionados

investimentos para a “modernização agrícola”. Esse fato permitiu a abertura de mercados para

a comercialização de fertilizantes e defensivos agrícolas, como afirma J. M. Silveira (2005): Para melhor entender o que ocorre no País atualmente, é preciso voltar um pouco ao passado. A partir do final da década de 60, o Brasil combinou um processo de modernização agrícola a um conjunto de políticas de estímulo à agroindustrialização, que resultou no cenário de competitividade internacional verificado hoje. O processo de modernização foi responsável, ao longo dos anos 70, pela rápida criação de mercados locais de insumos para a agricultura e pelo desenvolvimento e adaptação tecnológica de material genético. (Silveira, 2005),

Nesse processo de expansão podem ser observadas duas políticas de ocupação. Uma

desenvolvida no centro-oeste, onde ocorreu a ocupação de grandes áreas do cerrado. Para essa

região também se dirigiram pequenos proprietários, mas ela se converteu bem mais cedo em

grandes fazendas produtoras de grãos. E para isso, além do trabalho dos migrantes que

desbravaram a região, foram disponibilizadas, também, linhas de financiamento e incentivo à

pesquisa transformando a região do cerrado em infindos campos de cultivo de grãos,

conforme afirma Silveira (2005), no artigo já citado.

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A outra política foi desenvolvida na Amazônia, região que recebeu os trabalhadores

desempregados resultantes da concentração fundiária ocorrida no sul-sudeste nos anos das

décadas de 1960-1980. Esses trabalhadores começavam a representar perigo de distúrbios

sociais por não ter acesso a empregos em suas regiões. Para esses é que foi aberta a fronteira

amazônica (Perdigão e Basségio, 1992) ocasião em que ocorreu a “invenção de Rondônia”.

Embora possa parecer que o processo de expansão da fronteira amazônica tenha sido um

processo de reforma agrária, isso de fato não ocorreu. Pelo contrário, aconteceu, também na

amazônia, um processo de concentração fundiária a partir do trabalho dos migrantes que

abriram os lotes e depois os vendiam ou abandonavam ocasionando a concentração de terras

e a ampliação do latifúndio nas mãos de fazendeiros (Perdigão e Basségio, 1992, Lima, 2001;

Martins, 1983). Esse fenômeno esteve bastante presente no período da ocupação de Rondônia

quando se “trocava um lote de terra por uma espingarda” 2

Ainda sobre a concentração fundiária, diz o Movimento Estudantil Popular

Revolucionário (MEPR) (http://mepr.org.br/jornal/jep5/rd.htm, 2005), com o agravante de

que os conflitos pela terra permanecem nos estados do norte, como se pode ver pelos

noticiários falando dos massacres ocorridos nessa região. Durante o regime militar aumentou muito a concentração da terra no Brasil. A expansão da fronteira agrícola promovida nos anos 70 pelo governo, com a colonização da Amazônia, não democratizou o acesso à terra. Centenas de milhares de camponeses, de todas as regiões do país, se deslocaram principalmente para os estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso em busca de uma vida melhor. Contraíram malárias, enfrentaram bichos, domaram o mato, para depois perderem seus pequenos torrões para o latifúndio. Camponeses e índios que viviam há anos em seus sítios e aldeias foram expulsos por latifundiários ligados aos militares, que apresentavam títulos falsos de propriedade contando com a total conivência das "autoridades". (M. E. P. R. 2005),

E, no caso específico de Rondônia, as promessas se concretizaram em frustrações

daqueles que buscavam a realização de antigos sonhos: a posse da terra para o trabalho. Nesse

sentido pode-se concordar com a afirmação de González, Amoedo e Domingos (2005),

(http://www.naya.org.ar/congreso2002/ponencias/_ftnref2), quando dizem que a frustração

das esperanças fez aumentar a exclusão3.

2 Um morador da cidade de Alta Floresta, em entrevista na edição de abril de 1999 à revista Idéias e Fatos, fala de colonos que chegavam a trocar seu lote por uma espingarda “O camarada quase não tinha condições de tocar o lote. Ou morria de malária ou trocava a terra por uma espingarda. Era isso que acontecia em Rondônia nos primeiros anos da década de 70” 3 Exclusão que pode ser entendida, também, como uma forma de inclusão, pois esses desassistidos, desempregados, favelados, sem-terras e outros tantos, considerados como excluídos são, na realidade, muito bem incluídos dentro dos padrões do capital que necessita desses contingentes populacionais para manter a estrutura de dominação. Esses contingentes de trabalhadores “perdidos, sem eira nem beira, chamados equivocadamente de excluídos, porque eram legítimo produto do sistema e, como tal, estavam nele incluidíssimos, embora cada vez mais aparecessem como descartáveis. (Reis, 2000, p. 60, grifos nossos)

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O fato migratório, de caráter massivo, reuniu no nosso Estado grupos étnicos diferentes atraídos pela promessa de terra farta e a possibilidade de melhorar de vida. O desconhecimento da região e a falta de recursos fizeram com que muitos vissem frustradas as suas esperanças, passando a engrossar as fileiras dos excluídos. (González, Amoedo e Domingos, 2005)

A partir disso é possível perceber que para o mesmo fenômeno migratório

concretizaram-se resultados diferentes. O fenômeno sócio-econômico que originou as

migrações é o mesmo. Mas as regiões para onde os migrantes se dirigiram eram diferentes; os

resultados, depois de 35 anos são completamente diversos: o Centro-Oeste, notadamente os

estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, transformou-se em enormes fazendas,

cultivando grãos, em que a soja é um dos principais produtos, além da pecuária; e o estado de

Rondônia permanecendo em busca de seu destino, hoje oscilando entre a agricultura e a

pecuária, ante a inviabilidade, ao menos momentânea, de desenvolvimento industrial e o filão

do turismo ainda não ser explorado.

É verdade que Rondônia já passou por vários ciclos econômicos, desde os tempos do

Brasil Colônia: o extrativismo, a caça de escravos e a busca de minerais preciosos marcou o

período colonial; no final do século XIX e primeira metade do século XX a extração da

borracha também deixou uma marca na história; houve um ciclo de mineração, em meados do

século XX e por último, com a abertura da BR 364, a partir de 1960 inicia-se o processo de

ocupação sistemática. Nesse processo se verificou a atuação do INCRA, com um plano de

colonização que previa, inclusive, a instalação de escolas nos núcleos de colonização.

É a partir desse último período que se pode estudar aquilo que aqui estamos

chamando de invenção de Rondônia e dentro disso a ocupação da região de Rolim de Moura e

a demanda por escolas. Aqui é importante destacar que o processo migratório permanece.

Podemos observar que em várias cidades o processo migratório permanece ocorrendo, como

já o destacaram Nascimento e Oliveira (1999). Fato que podemos verificar quando andamos

pelas ruas, de Rolim de Moura, por exemplo, e percebemos muitas casas fechadas com uma

placa de “vende-se”, indicando que seu proprietário já não mora mais ali: está buscando outra

alternativa...

3- O Brasil, as Transformações e a invenção de Rondônia

As alterações sócio-econômicas que se verificaram no Brasil a partir de 1960 tiveram

profundas repercussões na configuração do país nas décadas seguintes. Essas alterações

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podem ser assim enumeradas: avanço do processo de industrialização mundial e nacional;

avanço da mecanização da agricultura; alteração nas leis, criando uma legislação que

paradoxalmente favorecia e desfavorecia o trabalhador do campo4; concentração fundiária;

êxodo rural e aumento da população urbana; surgimento de vários problemas sociais pela falta

de emprego e moradia, na cidade (D’incao, 1993). Isso é confirmado por González, Amoedo e

Domingos (2005), no artigo já citado, no qual afirmam: A partir da segunda metade do século XX, o acelerado processo de urbanização e industrialização fez com que este modo de vida rural que garantia a sobrevivência do camponês se extinguisse, extremando as contradições sociais e a consciência de classe. Na década de 70 a mecanização intensa da lavoura, particularmente no Rio Grande do Sul e Paraná, expulsou do campo grandes contingentes populacionais, que se dirigiram, em grande parte, às regiões de colonização como Rondônia e Mato Grosso. (González, Amoedo e Domingos. 2005)

Na realidade estava se desenhando um quadro de crise, no país. Um processo de

crises que teve alguns desdobramentos bem definidos. Politicamente, em 1964 aconteceu o

golpe de estado que instalou a ditadura militar. Do ponto de vista Econômico verificou-se a

crescente industrialização, o aumento da inflação e a ligação cada vez mais estreita dos rumos

econômicos do país fazendo com que a política econômica saísse da área produtiva para se

filiar ao mercado financeiro, sem contar o aumento da infiltração do capital internacional. E,

do ponto de vista demográfico e da distribuição da população se deu o processo migratório

que originou o estado de Rondônia e, dentro desse processo, a cidade de Rolim de Moura.

Nesse contexto é que se pode entender a idéia da invenção de Rondônia.

O conceito “invenção” é tomado de empréstimo de Raymundo Faoro (1997). No

primeiro volume de “Os Donos do Poder” o autor faz uma releitura da história do Brasil a

partir de uma ótica político-econômica mostrando que a colonização da América teve como

um de seus fundamentos a “propaganda” feita na Europa sobre as maravilhas do Novo

Mundo. Nesse momento era necessária uma propaganda mostrando a América como um

paraíso. Aqui estamos afirmando que esse mesmo modelo de propaganda foi utilizado para

promover a ocupação de Rondônia. O autor comenta a justificativa ideológica necessária para

que o europeu se decidisse em vir colonizar o Brasil e a América de modo geral. Para que isso

acontecesse foi necessário “além da descoberta, suscitar a invenção de modelos de

pensamento e de ação” (Faoro, 1997, p. 99). Para o caso de Rondônia aplica-se a mesma

4 A Lei 4504/64, também chamada de “Estatuto da Terra” concedia amplos direitos ao trabalhador da terra (meeiro, arrendatários e outros) fazendo com que os proprietários de terra preferissem mecaniza-la a manter o trabalhador que lhe causaria “problema com o sindicato”, com a vantagem de que a terra mecanizada precisava de menos gente e dava mais produção e lucro. A lei previa uma série de benefícios além de assistência técnica, logística e econômica ao trabalhador, o que na prática raramente aconteceu. Podemos dizer que ela foi um dos instrumentos de concentração agrária, no Brasil.

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ideologia uma vez que já no I PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) pode-se ler a

insistente afirmação sobre a necessidade de “reorientar” as migrações e “absorver excedentes

populacionais” (Brasil, 1971). Além disso, todo o planejamento desenvolvimentista dos três

PNDs acenam para a necessidade de integrar a Amazônia, para o quê foram criados projetos

públicos e privados.

Dentro dessa conjuntura pudemos observar o processo migratório e a invenção de

Rondônia, no espaço da alternativa amazônica. O processo migratório, como dissemos, é

intenso e antigo e é inerente ao ser humano. Com relação à invenção de Rondônia verificamos

um fato mais recente e se deu na medida em que foi forjada, nos trabalhadores

desempregados, o interesse em ocupar uma área antes desconhecida e inóspita. É o que diz

Raymundo Faoro (1997) e depois dele, Freitas (1994)5 explicando a necessidade que houve de

se construir uma visão favorável à colonização do Brasil. Naquele contexto havia a

necessidade de dizer às populações marginalizadas do poder e da nobreza, na Europa pós-

feudal e com um capitalismo nascente, que o novo mundo era não só lucrativo como também

uma espécie de paraíso. Para entender o processo não só de ocupação da Amazônia, mas

particularmente do estado de Rondônia é necessário que haja uma apropriação dessa idéia que

mostra o governo militar se utilizando de todos os recursos e meios de comunicação para

convencer a população de que Rondônia é, não o paraíso mencionado por Faoro, mas um

novo Eldorado6. É o mito recuperado e reutilizado pela propaganda do capital para justificar e

promover a ocupação de uma região.

Com isso podemos dizer que a invenção de Rondônia se deu nos mesmos moldes que

a invenção do Brasil e da América de onde os descobridores não queriam outra coisa que não

fosse ouro e prata7: “o descobridor, antes de ver a terra, antes de estudar as gentes, antes de

saber de religião, queria saber de ouro e prata” (Faoro, 1997, p. 99). No caso do Brasil, a

propaganda e a ocupação da Amazônia, e neste caso de Rondônia, se fez “sem levar em conta

a realidade objetiva da Amazônia e quiçá a história de vida dos colonos/migrantes” (Oliveira, 5 Embora as datas de publicação sejam inversas Faoro, 1997 e Freitas 1998, a primeira edição da obra de Faoro veio a público em 1957. A respeito da visão paradisíaca pode-se consultar, também, HOLANDA, Sérgio Buarque de, Raízes do Brasil 26 ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995 e principalmente HOLANDA, Sérgio Buarque, Visão do Paraíso, 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Por sua vez o Termo Rondônia parece ter sido cunhado por ROQUETTE-PINTO, E. Rondônia, 4 ed. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1938. 6 O Governo Militar apresentava abertamente a Amazônia como um novo Eldorado, a fim de atrair os trabalhadores marginalizados pelo Capital. “A construção de estradas na Amazônia Legal e para a Amazônia criou um novo ‘Eldorado’ para as populações marginalizadas, que para lá se dirigem por qualquer meio” (Arruda, 1977, p. 27) 7 Há uma certa decepção do descobridor, por ocasião do primeiro contato com o índio brasileiro, a qual se transforma em boa expectativa diante da possibilidade de haver o minério no interior do território recém encontrado, como podemos observar na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei português, anunciando o “achamento” das novas terras.

11

1989, p. 93). Como os minérios preciosos não foram encontrados, de imediato, as novas terras

não despertaram interesse. Isso produziu a necessidade de se inventar uma justificativa que

pudesse convencer o europeu das vantagens da colonização. Essa propaganda devia ser feita

urgentemente para que as multidões famintas e marginalizadas não provocassem convulsões

sociais, pondo fim aos sonhos de riqueza dos nobres e da burguesia nascente, os comerciantes

que cada vez mais enriqueciam com o comércio e contrabando ultramarino. Por isso a

urgência em justificar e propagandear o paraíso que se ocultava e se dava no além mar, nas

terras da América e do Brasil. A aventura da Índia, as navegações de intermediação para o norte e o sul da Europa, ao tempo que consumiam as ambições e as cobiças, deixavam à borda da sociedade opulenta, uma larga faixa de espuma de pobres, desditados, ressentidos com a fácil riqueza que mais lhes afrontava a miséria. Para esta gente, desprezada, faminta, esfarrapada, expulsa dos campos, não aquinhoada pelos nobres altivos ou pelos comerciantes retirados das navegações, desajustada nas cidades, para ela era necessário em favor da tranqüilidade de todos, um escoadouro. A visão paradisíaca, criada pelo grupo dominante, filtrada na imaginação dos letrados, servia para calar os ódios guardados. Longe, em outros hemisférios, fora do caldeirão das cobiças, havia terras virgens, habitadas por bons selvagens, onde a vida se oferecia sem suor. (Faoro, 1997, p. 101).

Esse paraíso que Faoro afirma ter sido acenado às massas empobrecidas da Europa

acaba sendo uma espécie de modelo para as elites nacionais. Essa mesma argumentação e

ressalvadas as proporções e o anacronismo da comparação, se deu para justificar a ocupação

da Amazônia (Freitas, 1994) e depois de Rondônia. É a isso que estamos denominando, aqui,

de invenção de Rondônia, pois se é verdade que a região sempre existira, nem sempre

despertara a cobiça para efetuar um verdadeiro e sistemático processo de colonização dentro

da imensidão de verde feito de nada, onde viviam, a seu modo, inúmeras tribos indígenas e

outros tantos seringueiros, também estes abandonados à própria sorte8 (Lima, 2001) desde os

tempos dos chamados “ciclos da borracha”9. Pode-se ler nas palavras de Lima, a crença de

que a Amazônia da borracha seria a solução para a seca do nordeste, em 1877 e para a

demanda, na época da guerra: “A vinda do nordestino para o Norte do Brasil nos dois ciclos

foi cercada de expectativa, de esperanças de melhoria de vida” (idem, p. 39). Expectativa

8 Embora este não seja o foco deste trabalho, não é demais ressaltar que nos dois momentos da história em que se convocou a população brasileira para as selvas amazônicas em busca da borracha era para responder às crises em outras localidades: a seca do nordeste, no final do século XIX, no primeiro “ciclo da Borracha”; e o período de carência do produto no mercado mundial e norte americano, no contexto da 2ª guerra mundial, quando se deu o segundo “ciclo da borracha” com a criação do trágico programa dos “soldados da borracha” 9 Pode-se, perfeitamente discordar dessa denominação ou dessa compreensão da história a partir dos “ciclos econômicos”. Principalmente porque nessa forma de compreender a história pode-se incorrer numa inverdade ou na visão de que a história é feita de fatos, datas e heróis, deixando de vê-la como processo. Entretanto aqui se está utilizando uma conceituação corrente em livros didáticos, sem entrar no mérito da discussão conceitual.

12

semelhante se impôs aos migrantes que vieram do sul-sudeste a partir da segunda metade do

século XX.

A partir da segunda metade do século XX, principalmente com o governo militar,

iniciou-se um processo de propaganda sobre a Amazônia, e particularmente sobre Rondônia

(Perdigão e Basségio 1992; Lima, 2001). Falava-se das maravilhas e da fertilidade quase

milagrosa da terra, disponível e gratuita. Tanto se disse e se propagandeou, que Rondônia, de

região desconhecida, agressiva e inóspita (Graig, 1947; Ferreira, 2005), passou a representar

não só o sonho de muita gente do sul-sudeste, como a possibilidade de enriquecimento.

Principalmente pelas afirmações que se faziam sobre a região, como o novo Eldorado10. Era

bastante comum, nas reuniões com os sem terra, no Paraná11 e em outros estados, ouvir-se a

apologia de Rondônia mostrando fotos com enormes cachos de banana, pepinos de mais de 40

quilos, abóbora de 15 quilos, melancia de 17 quilos, conforme se pode ver nas ilustrações da

obra de João Batista Lopes (1989), um dos pioneiros da cidade de Rolim de Moura. Era a

forja de outro mito amazônico: o anúncio da terra fértil, baseado na exuberância da floresta e

na colheita dos primeiros anos.

A divulgação das potencialidades amazônicas, e de Rondônia em particular,

precisava ser feita, contra as análises feitas por órgãos oficiais, como mostra Lima (2001), na

obra citada. Tudo isso se fazia necessário porque o sul-sudeste passava por mudanças nunca

antes sonhadas para o país: desenvolvimento da indústria e da agricultura, exigindo dos

governos militares – meados da década de 1960 até o final da década de 1980 – um intenso

processo de propaganda sobre a Amazônia e particularmente sobre Rondônia. Foi a época do

“Brasil, ame-o ou deixe-o” secundado da necessidade de integração da Amazônia pelo slogan

“integrar para não entregar”. Todo esse processo fundamentado por três PNDs, publicados,

respectivamente em 1971, 1974, 1980.

E assim se fez o processo de colonização do Estado de Rondônia. E nesse contexto

de enxurradas de migrantes que chegavam ao estado é que se localiza o nascimento de Rolim

de Moura, bem como os problemas para a instalação de instituições escolares.

4- A alternativa Amazônica e a invenção de Rondônia

10 A lenda do Eldorado remonta ao século XV e a Francisco Orelhana e Pizarro que “almejaram encontrar o eldorado, região possuidora de imensas riquezas até então inexploradas, incumbindo-se assim de propagar para a posteridade uma das lendas de domínio mundial, sendo a Amazônia o palco central” Lima, 2001:133. 11 O autor deste artigo lembra-se de ter ouvido, nos anos da década de 1970, pelo rádio, no Paraná, propagandas sobre as facilidades de se adquirir um “lote de terra” em Sinop, no Mato Grosso, e em vários projetos de colonização, em Rondônia. Recorda-se, também de famílias comentando ter recebido cartas de familiares que haviam vindo para Rondônia dizendo das dificuldades e das fartas colheitas, dos primeiros anos.

13

Já falamos das migrações, no Brasil, mas ali procurávamos entender o processo

migratório. Aqui pretendemos entender esse processo tendo como ponto de referência e

objetivo a ocupação da Amazônia. O que pretendemos, agora, é entender mais

particularmente o que foi e como se deu o processo de ocupação da Amazônia, a política do

governo federal, desenvolvida a partir da década de 1960, particularmente de 1971-85, pelos

três PNDs, com a dupla face, que se pode ler em Perdigão e Basségio (1992) quando afirmam

ter sido a colonização da Amazônia uma forma de aliviar as tensões sócio-econômicas do sul-

sudeste ao mesmo tempo que se fazia a ocupação dessa imensa área de verde feito de nada,

visando explora-la e integrá-la ao ritmo de desenvolvimento que se verificava em todo o

Brasil. Esse processo se justificava (e volta aqui a idéia da invenção de Rondônia!), com o

governo federal utilizando o slogan: “integrar para não entregar”. Um slogan que manifestava

uma ideológica e nacionalista, típica dos governos militares que se instalaram no Brasil, a

partir de 1964, visão essa que impregna todo o texto dos PNDs os quais insistem na idéia da

integração, mesmo reconhecendo “a relativa pobreza dos solos de terra firme” (Brasil , 1974).

Entretanto, os planos e o processo ideológico da ocupação da Amazônia e

particularmente de Rondônia vinha de um período imediatamente anterior. Podemos dizer que

teve início ainda no período colonial, mas que se intensificou em meados do século XX,

dentro das políticas desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek. O lado amazônico do

desenvolvimentismo de JK se verificou no processo de abertura da BR 364, (na época

chamada de BR 29). Rodovia prevista desde a década de 1940, dentro do Plano Rodoviário

Nacional (Leal 1984; Lima, 2001), mas que só se implantou a partir da conjugação do

empreendedorismo de JK e de senso de oportunidade do então governador de Rondônia (na

época Território), coronel Paulo Nunes Leal, como podemos ler em “O Outro Braço da Cruz”

(Leal, 1984) obra de memórias12 desse ex-governador. Vale lembrar que essa obra foi lançada

justamente no ano em que o então presidente do Brasil, João Batista Figueiredo, visitava

Rondônia para inaugurar o asfaltamento da BR 364 que fora aberta no último ano do governo

JK e só mais de 20 anos depois (em 1984) teve concluída sua pavimetação. Diz o coronel

Leal, logo nas primeiras páginas dessa obra: Então veio a abertura da BR 29, num ato de coragem e de lúcida visão de futuro desse brasileiro extraordinário que foi o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, transformando Rondônia na maior frente de migração interna atual do Brasil e na mais próspera fronteira econômica do país.

12 Memórias e não Memória. A primeira refere-se às lembranças de uma determinada pessoa a respeito de algum fato, determinado. A segunda é um conceito da historiografia e corresponde à recriação de uma realidade. (Le Goff, 1996; Bosi, 1998)

14

O turbilhão humano que continua chegando vindo de todos os quadrantes do Brasil, trazendo problemas, criando dificuldades, provocando desentendimentos, é também o fabuloso potencial de trabalho e de energia que transformou Rondônia, de sonolento território dos tempos passados, num dos mais prósperos Estados da Federação Brasileira. (Leal 1984, p. 14).

Isso nos leva a dizer que já era prevista a possibilidade de muitos problemas que

adviriam com as migrações, mas podemos supor que seriam menores do que aqueles do sul-

sudeste, surgidos da concentração de incalculáveis multidões nas periferias das cidades, com

fome, sem emprego e à disposição das propagandas dos movimentos sociais organizados e

que, clandestinamente, organizavam as massas nessa época. Assim a alternativa amazônica, e

especificamente a invenção de Rondônia, foi a forma de, ao mesmo tempo, aliviar as tensões

dos centros mais desenvolvidos, ocupar uma enorme área pouco habitada e desarticular

possíveis movimentos de contestação, pois se transmitia, com os projetos de ocupação, a idéia

– na realidade falsa – de que se estava efetuando um eficiente programa de Reforma Agrária.

Isso implica dizer que a participação dos colonos era uma espécie de concessão. O

poder público ao acolher as expectativas e dar-lhes uma resposta satisfatória, estava

preservando-se. Isso pode ser entendido quando verificamos a forma de atuação do INCRA:

instalou-se como braço do Governo Federal – agia em nome do Ministério da Agricultura –

para efetuar o processo de distribuição de terra. Mas para fazer isso efetuava um processo de

seleção entre os aspirantes a um lote de terra. Aqueles que recebiam seu lote, ficavam

satisfeitos e agradeciam ao Estado pelo benefício; aqueles que não recebiam, ficavam

aguardando sua vez – que podia até não chegar – mas permaneciam pacificamente

aguardando. Dessa forma dava a impressão de que havia um processo de ampliação de acesso

à terra mas nem todos tinham acesso a ela e, por outro lado, muitos dos que recebiam um lote,

com o transcorrer do tempo acabavam vendendo-o ou, o que é pior, abandonando sua

concessão que seria incorporada dentro do processo de concentração fundiária que estava se

desenhando na Amazônia e se concretizou, em Rondônia, como se pode verificar atualmente

em Rolim de Moura. A burguesia utiliza todos esses elementos e sua expansão ilusória para incorporar a classe operária como classe operária, sem consciência de sua posição de classe no desenvolvimento global da burguesia. Ao tomar parte do poder e do controle burgueses, os trabalhadores permanecem uma classe explorada, contribuindo essencialmente para o enriquecimento de uma minoria (que permanece uma minoria) às custas dos trabalhadores. (Carnoy, 2005, p. 101, grifos no original)

Os colonos, na realidade queriam suas necessidades atendidas: acesso à terra,

condições de plantar e produzir, possibilidade de comercialização, e aqueles mais ousados,

15

pretendiam ter, também, acesso à educação formal. Por seu lado o Estado só concedia aquilo

que era imprescindível para evitar distúrbios. O Estado, mesmo representando os interesses políticos de classe, comporta, nas suas próprias estruturas, num jogo de força que permite o reconhecimento dos interesses do trabalho, dentro de determinados limites. Tudo depende da estratégia acionada pela dominação hegemônica das classes dominantes, em busca em busca de ‘consentimento’. A noção de interesse geral do ‘povo’ apesar de ideológica, implica que sejam atendidos determinados interesses econômicos de certas classes dominadas, mesmo que esses interesses, eventualmente, contrariem os interesses econômicos predominantes – de todo modo, estas práticas são compatíveis com os interesses políticos e, portanto, com a dominação hegemônica. (Azevedo, 2004, p. 45. Grifos nossos)

Neste ponto e a partir desta perspectiva podemos entender melhor a afirmação e o

lema do Governo Militar, em relação à Amazônia, como o afirmam vários comentadores

(Habert, 2003; Reis, 2000) e o próprio INCRA, em seu Programa de Reforma Agrária, para

2005: O processo de ocupação e da abertura de estradas ligando as regiões mais desenvolvidas do Brasil à Amazônia, era justificado pelo PIN — Programa Integração Nacional, sob o lema: integrar para não entregar. (INCRA, 2005, P. P.21 grifos no original)

Tratava-se de “integrar” uma região inóspita, ao capital a fim de “não entregar” ao

colono, trabalhador do campo. Portanto o lema não se referia a uma ameaça de invasão

internacional, mas de impedir o acesso do proletariado, neste caso os trabalhadores do campo,

aos meios de produção, neste caso a terra. Era uma estratégia em que o Estado por intermédio

de uma política publica efetivava a hegemonia do capital. E como tal, para se legitimar, para

camuflar o conflito, pra evitar o confronto a fim de que de que “os trabalhadores permanecem

uma classe explorada” (Carnoy, 2005)

Então, por que essas concessões. E a resposta como já acenamos, pode ser buscada na

tentativa, ou na estratégia, de construção e manutenção da dominação. Conceder um benefício

é uma forma de impedir que o beneficiado se rebele. Portanto as ações públicas revestiram-se

de um verniz ideológico e coercitivo.

Ideológico por que os colonos foram levados a acreditar que estavam sendo

beneficiados. Desde a propaganda no sul-sudeste sobre a fartura e fertilidade das terras

amazônicas até o processo de seleção dos colonos para assentamento, se fez uma ação

ideológica a fim de convencer o colono de que esta era a melhor alternativa e colono uma

pessoa privilegiada, pois o Estado Brasileiro estava se preocupando com ele. Coercitiva por

que essa ação ideológica impedia a explosão dos confrontos indesejados pelo poder

hegemônico e pelos aparelhos do Estado. É mais fácil o controle sobre um grupo passivo do

que sobre um grupo revoltado ou exaltado. Tratou-se de desenvolver uma coação ideológica

16

através da qual o migrante foi levado a acreditar que estava agindo livremente e conquistando

sua independência, ascendendo social e economicamente. Na realidade, porém, mais uma vez

foi usado para o avanço do capital, desta vez para que se concretizasse a implantação dos

avanços do Capital sobre a Amazônia. E neste caso Rondônia/Rolim de Moura exerceram seu

papel de válvula de escape e de receptáculo dos excessos do excedente.

Verificou-se mais tarde que a Reforma Agrária apregoada de fato não estava

acontecendo, por vários motivos: as terras anunciadas fertilíssimas, eram fracas para a

agricultura; o acesso e ocupação era bem mais difícil do que o anunciado e esperado pelo

colono; os incentivos e apoio do governo federal para a comercialização dos produtos não se

concretizaram. Além de outros problemas como o clima, as eternas dificuldades com as

enfermidades (Paraguassu-Chaves, 2001) que vitimaram multidões desde a construção da

Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) (Graig, 1947; ferreira, 2005). Outras inúmeras

dificuldades foram enfrentadas pelos que fizeram todas as outras obras desde a instalação da

linha telegráfica, pela comissão Rondon até a rodovia BR 364, incluindo todas as vítimas dos

dois ciclos da borracha e da mineração.

Essa situação confirma ter sido o processo de colonização de Rondônia, como

afirmam Perdigão e Basségio (1992), não uma visita ao eldorado, mas uma “trajetória de

ilusão” ou evidenciou o “embuste nacional” (Lima, 2001). E tudo isso fez com que muitos

colonos que receberam lotes do INCRA, mal começavam o desmatamento os repassavam a

outros de modo que ocorreu um processo de concentração fundiária onde era anunciado terra

para todos. Quando olhamos para esse processo de concentração fundiária temos a impressão

de que os latifundiários estavam esperando essas oportunidades para se assenhorear de lotes já

desmatados – ao menos parcialmente – para plantar não os produtos agrícolas que

permaneceriam perdendo-se no meio do mato13, por falta de canais de acesso e escoamento,

mas o capim que alimentaria os rebanhos de gado que começavam a chegar, demarcando uma

das características atuais da economia do estado de Rondônia.

O fato é que frente aos problemas que se avolumavam noutras regiões do país era

necessário buscar uma alternativa e uma solução. A alternativa apresentada foi a Amazônia e

assim se inventou Rondônia. E para este estado foi transferida toda a carga de problemas que

vieram nas malas dos migrantes. Devemos notar que os migrantes que chegaram provinham

do centro-sul-sudeste. Muitos deles originários dessas regiões, outros, entretanto, tinham suas

13 Em depoimento na revista Idéias e Fatos o senhor Analpides José de Almeida conta que “chovia direto, passava até quinze dias chovendo sem parar... então plantava, mas a chuva não deixava colher. E se colhia não tinha para quem vender” (Galeria, 2000, p. 19)

17

origens um pouco mais além (Nascimento e Oliveira, 1999; Oliveira, 1989). Muitos desses

migrantes eram deserdados das terras nordestinas que haviam migrado para outras regiões, e

que permaneciam na eterna busca por um espaço que pudesse se constituir no chão prometido,

na realização dos sonhos de melhoria, na concretização da esperança. Nordestinos ou sulistas,

todos foram migrantes que acreditaram numa promessa: Rondônia, para onde foi direcionado

esse exército em busca do sonho.

Essas origens são mencionadas por Lima (2001), quando comenta a ocupação

agrícola e os projetos oficiais de colonização, dizendo que esse foi “o maior embuste nacional

depois do extrativismo vegetal”. Conforme o autor a atração dos colonos para Rondônia se

deu de forma enganosa: era feita uma afirmação que não correspondia à realidade da região.

Anunciava-se terra fácil, fértil e apoio dos órgãos oficiais de colonização, o que raramente

acontecia. Para se chegar a esta conclusão com a autoridade de quem conviveu com o problema, basta considerar a campanha feita pela imprensa oficial e nacional nos anos 70, quando o então Território Federal de Rondônia era apresentado como possuidor das terras mais férteis do país atraindo milhares de colonos, que, empolgados com a produção dos dois primeiros anos, se encarregavam de estimular a vinda de parentes e conhecidos (Lima, 2001, p. 132, grifo no original)

A afirmação acima juntamente com o que dizem Perdigão e Basségio (1992),

reconhecendo que no processo de ocupação de Rondônia aconteceu uma verdadeira

“Trajetória da ilusão”, confirmam o que aqui estamos propondo: a ocupação de Rondônia se

deu a partir da invenção e divulgação de uma idéia paradisíaca sobre Rondônia, ou seja, a

criação da crença de que o estado (naquela época, ainda território) seria a solução para os

problemas dos sem terra e sem trabalho. Inventou-se, então um estado não para ser grande,

nem para ser rico, ou para ser uma referência nacional, mas para ser uma espécie de depósito

de gente, uma válvula de escape para as pressões que cresciam em outras regiões. Um

receptáculo de gente que se mantinha caminhando em busca do sonho; mas que ao acordar se

defrontava com um pesadelo: as promessas não se concretizaram; a terra prometida não

manava “leite e mel”. Por essa razão podemos ler a invenção de Rondônia não como um

ponto final de uma trajetória de ilusão, mas como mais um ponto dentro do processo de

exploração a que são submetidos os trabalhadores brasileiros, empobrecidos e forçados a

migrar.

Devemos ressaltar, também, que esses migrantes que fizeram Rondônia – ou neste

caso, Rolim de Moura – não eram somente aventureiros de primeira mão. Eram, em grande

parte, retirantes do nordeste que, fugindo da seca, atravessaram São Paulo, passaram pelo

Paraná e, após frustradas as expectativas, chegam ao norte, nesse triângulo da ilusão em que

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foi incorporado, também o trabalhador do sul, que recebeu a missão de desmatar o norte onde

todos plantaram seu sonho numa terra infértil. Nas terras do norte, já cansado da infertilidade

e da não realização dos sonhos, o trabalhador permanece migrante e acalenta novos sonhos e

na busca do seu sonho permanece migrante...

Considerações finais?

Encerrando estas reflexões, alguns pontos podem ser destacados sugerindo, os

necessários aprofundamentos.

A ocupação da Amazônia, a partir de meados do século XX, se deve a vários fatores

dentre eles destacam-se os problemas agrários e sócio econômicos no sul-sudeste e os

problemas que ocasionaram as migrações nordestinas que ampliaram a busca pela terra em

São Paulo e no Paraná. O grupo populacional nordestino forneceu grandes contingentes de

migrantes que fizeram Rondônia, caracterizam-se pela incansável busca de terra e ascensão

sócio-econômica. Entre estes é mais visível a constância de migrações, ainda hoje.

Os grupos originários do sul (paranaense, catarinenses e gaúchos,...) são mais

sedentários. Ao chegar nestas regiões fixam-se, dedicaram-se à agropecuária e raramente

saem em busca de outras colocações. Em futuras pesquisas podem-se verificar as diferenças

antropológicas entre esses dois grupos e seus comportamentos. Por ora, podemos constatar

que esses dois contingentes populacionais, em Rondônia, demonstram comportamentos

distintos. E isso merece um estudo para entender-lhe as causas.

Outro ponto levantado aqui e que pode ser mais bem explorado é a construção

ideológica que atraiu as populações para este recanto do Brasil. Houve propaganda em

veículos de comunicação e o contato entre parentes, falando das maravilhas e das terras

férteis. Mas no transcorrer dos anos as terras se mostraram fracas. Como e por que esse

elemento não se interpôs nem impediu que anualmente crescessem os contingentes de

migrantes que acreditaram nas potencialidades anunciadas? E, mais ainda, como desenvolver,

agora, atividades lucrativas em meio a terras inférteis?

Fica claro, pelo menos a partir das leituras que realizamos até aqui, que Rondônia foi

inventada para atrair massas populacionais. Fica claro que o anúncio das potencialidades e das

maravilhas do novo Eldorado foi bem acolhido principalmente porque o homem é migrante e

insatisfeito. Essa insatisfação foi o elemento explorado para anunciar as maravilhas de

Rondônia. Mas também se anunciava infra-estrutura, para acolher o migrante. Um estudo

pertinente, neste momento é sobre os possíveis atritos e conflitos que podem ter ocorrido

19

quando da constatação da não existência da infra-estrutura anunciada. Como o migrante

reagiu diante dessas promessas não cumpridas?

Fica claro que houve um processo de planejamento para a ocupação do estado. Nesse

planejamento havia a previsão de instalação de escolas. A questão que se coloca é que tipo de

escola poderia ser oferecida em uma região onde faltavam todas as condições inclusive e

principalmente trabalhadores qualificados. Quando sabemos que outros elementos de infra-

estrutura não foram implantados, cabe a pergunta sobre que tipo de infra-estrutura foi

oferecida para a implantação das primeiras escolas?

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