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Inventario Clínico de Autoconceito (ICAC) – Descrição e Cotação O Inventario Clínico de Autoconceito (ICAC) (Serra, 1985b) de Vaz Serra é um instrumento aferido para a população portuguesa que se destina a avaliar os aspectos emocionais e sociais do autoconceito, já que estes são considerados os mais importantes no ajustamento social (Serra, 1986b). Sendo o autoconceito um fenómeno íntimo e pessoal, estas escalas são, necessariamente, de auto- administração, auto-avaliação e não de avaliação por um observador externo (Serra, 1986b). O ICAC poderá fornecer indicações que podem ser úteis numa intervenção psicoterapêutica, pode revelar o autoconceito do indivíduo e informar sobre as áreas de maior vulnerabilidade. A sua utilização está particularmente indicada para analisar indivíduos com perturbações emocionais (Almeida, Simões & Gonçalves, 1995). O ICAC é uma escala subjectiva de auto-avaliação, composta por 20 itens, numa escala tipo Likert, “não concordo”, “concordo pouco”, “concordo moderadamente”, “concordo muito”, e “concordo muitíssimo” com uma pontuação mínima de 1 e uma máxima de 5, apresentando-se a pontuação revertida nas afirmações negativas. O ICAC pode ser consultado no Anexo VIII: Inventario Clínico de Autoconceito (ICAC). Quanto melhor for o autoconceito do indivíduo, maior a pontuação total obtida, podendo esta variar de um mínimo de 20 a um máximo de 100 pontos. Importa salientar que alguns itens (3, 12, 18) foram elaborados de forma negativa, pelo que a sua pontuação deverá ser invertida, mantendo o mesmo princípio de que uma maior pontuação exprime um autoconceito mais elevado. Além da pontuação total, permite calcular ainda seis factores de autoconceito. A aceitação social e a auto-eficácia são os que definem melhor como um indivíduo se percebe a si próprio (Serra, 1986b), no entanto da escala podemos avaliar seis factores: Factor 1 – Factor de Aceitação/Rejeição Social (1; 4; 9; 16 e 17), Tem um duplo sentido de variação, tanto pode ser positivo como negativo, avalia como o próprio nome indica, a percepção do indivíduo em se sentir aceite ou não socialmente; Factor 2 – Denominado de Factor de Auto-Eficácia (3; 5; 8; 11; 18 e 20), avalia a percepção de capacidade em enfrentar e resolver problemas e dificuldades de forma competente. Assim, os valores altos indicam independência e os baixos dependência; Factor 3 – Denominado de Factor de Maturidade Psicológica (2; 6; 7 e 13), é considerado um factor de auto-afirmação, que traduz sentido de responsabilidade, de tolerância pelos outros, de franqueza na expressão das opiniões e gosto pela verdade; Factor 4 – Denominado de Factor de Impulsividade-Actividade (10; 15 e 19), de mais difícil caracterização, avalia principalmente a iniciativa do indivíduo para colocar em prática uma ideia ou acção;

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Inventario Clínico de Autoconceito (ICAC) – Descrição e Cotação

O Inventario Clínico de Autoconceito (ICAC) (Serra, 1985b) de Vaz Serra é um instrumento aferido para a população portuguesa que se destina a avaliar os aspectos emocionais e sociais do autoconceito, já que estes são considerados os mais importantes no ajustamento social (Serra, 1986b). Sendo o autoconceito um fenómeno íntimo e pessoal, estas escalas são, necessariamente, de auto-administração, auto-avaliação e não de avaliação por um observador externo (Serra, 1986b). O ICAC poderá fornecer indicações que podem ser úteis numa intervenção psicoterapêutica, pode revelar o autoconceito do indivíduo e informar sobre as áreas de maior vulnerabilidade. A sua utilização está particularmente indicada para analisar indivíduos com perturbações emocionais (Almeida, Simões & Gonçalves, 1995).

O ICAC é uma escala subjectiva de auto-avaliação, composta por 20 itens, numa escala tipo Likert, “não concordo”, “concordo pouco”, “concordo moderadamente”, “concordo muito”, e “concordo muitíssimo” com uma pontuação mínima de 1 e uma máxima de 5, apresentando-se a pontuação revertida nas afirmações negativas. O ICAC pode ser consultado no Anexo VIII: Inventario Clínico de Autoconceito (ICAC). Quanto melhor for o autoconceito do indivíduo, maior a pontuação total obtida, podendo esta variar de um mínimo de 20 a um máximo de 100 pontos. Importa salientar que alguns itens (3, 12, 18) foram elaborados de forma negativa, pelo que a sua pontuação deverá ser invertida, mantendo o mesmo princípio de que uma maior pontuação exprime um autoconceito mais elevado.

Além da pontuação total, permite calcular ainda seis factores de autoconceito. A aceitação social e a auto-eficácia são os que definem melhor como um indivíduo se percebe a si próprio (Serra, 1986b), no entanto da escala podemos avaliar seis factores:

Factor 1 – Factor de Aceitação/Rejeição Social (1; 4; 9; 16 e 17), Tem um duplo sentido de variação, tanto pode ser positivo como negativo, avalia como o próprio nome indica, a percepção do indivíduo em se sentir aceite ou não socialmente;

Factor 2 – Denominado de Factor de Auto-Eficácia (3; 5; 8; 11; 18 e 20), avalia a percepção de capacidade em enfrentar e resolver problemas e dificuldades de forma competente. Assim, os valores altos indicam independência e os baixos dependência;

Factor 3 – Denominado de Factor de Maturidade Psicológica (2; 6; 7 e 13), é considerado um factor de auto-afirmação, que traduz sentido de responsabilidade, de tolerância pelos outros, de franqueza na expressão das opiniões e gosto pela verdade;

Factor 4 – Denominado de Factor de Impulsividade-Actividade (10; 15 e 19), de mais difícil caracterização, avalia principalmente a iniciativa do indivíduo para colocar em prática uma ideia ou acção;

Factor 5 e 6 – De carácter misto, sem qualquer denominação nem classificação, pelo autor (Serra, 1986b) No estudo de validação desta escala participaram 920 elementos que serviu para a construção do inventário

e com o objectivo de avaliar a consistência interna foi utilizado o coeficiente de Spearman-Brown. O coeficiente nos 920 sujeitos foi de 0.791, podendo ser considerado bastante elevado, considerando o número de casos. Com o intuito de conhecer a sua consistência na estabilidade temporal foi usado o teste/reteste. O tempo que mediou entre o primeiro e o segundo teste, na mesma pessoa foi de pelo menos um mês. Este traduziu-se por um coeficiente de correlação de 0.838 para 108 elementos, o que revela uma boa consistência interna e estabilidade temporal (Serra, 1986b). A correlação entre uma classificação pessoal de autoconceito e a nota global da escala (n=920) foi de 0.466, revelando-se positiva e significativa, o que é sugestivo de uma boa validade do constructo (Almeida, et al., 1995; Serra, 1986b). Os itens que constituem o inventário revelam um bom poder discriminatório, não sendo sensíveis a diferenças de sexo (Serra, 1986b). Os resultados obtidos nos diversos trabalhos em que este inventário foi utilizado estão em consonância com o que está referido na literatura e confirmam que o ICAC é um instrumento com óptimos níveis de validade e fidelidade, sensível ao bom ou mau ajustamento do indivíduo (Rocha, 2009).

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Inventario Clínico de Autoconceito (A. Vaz Serra, 1985)

Nome: Idade: Sexo:

Habilitações:

Profissão: Estado civil:

Data: / /

f1(1+4+9+16+17)= f2(3+5+8+11+18+20)= f3(2+6+7+13)= f4(10+15+19)= total=

Todas as pessoas têm uma ideia de como são. A seguir estão expostos diversos atributos, capazes de descreverem como uma pessoa é. Leia cuidadosamente cada questão e responda verdadeira, espontânea e rapidamente a cada uma delas. Ao dar a resposta considere sobretudo, a sua maneira habitual, e não o seu estado de espírito de momento. Coloque uma cruz (x) no quadrado que pensa que se lhe aplica de forma mais característica.

Nãoconcordo

Concordopouco

Concordomoderadamente

Concordomuito

Concordomuitíssimo

1. Sei que sou uma pessoa simpática □ □ □ □ □2. Costumo ser franco a exprimir as minhas

opiniões □ □ □ □ □3. Tenho por hábito desistir das minhas

tarefas quando encontro dificuldades □ □ □ □ □4. No contacto com os outros costumo ser

um indivíduo falador □ □ □ □ □5. Costumo ser rápido na execução das

tarefas que tenho para fazer □ □ □ □ □6. Considero-me tolerante para com as

outras pessoas □ □ □ □ □7. Sou capaz de assumir uma

responsabilidade até ao fim, mesmo que isso me traga consequências desagradáveis

□ □ □ □ □

8. De modo geral tenho por hábito enfrentar e resolver os meus problemas □ □ □ □ □

9. Sou uma pessoa usualmente bem aceite pelos outros □ □ □ □ □

10. Quando tenho uma ideia que me parece valida gosto de a por em pratica □ □ □ □ □

11. Tenho por hábito ser persistente na resolução das minhas dificuldades □ □ □ □ □

12. Não sei porquê a maioria das pessoas embirra comigo □ □ □ □ □

13. Quando me interrogam sobre questões importantes conto sempre a verdade □ □ □ □ □

14. Considero-me competente naquilo que faço □ □ □ □ □

15. Sou uma pessoa que gosta muito de fazer o que lhe apetece □ □ □ □ □

16. A minha maneira de ser leva a sentir-me na vida com um razoável bem-estar □ □ □ □ □

17. Considero-me uma pessoa agradável no contacto com os outros □ □ □ □ □

18. Quando tenho um problema que me aflige não o consigo resolver sem o auxílio dos outros

□ □ □ □ □

19. Gosto sempre de me sair bem das coisas que faço □ □ □ □ □

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20. Encontro sempre energia para vencer as minhas dificuldades □ □ □ □ □