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Neste trabalho relatamos o primeiro contato de professores de matemática da redeestadual de ensino do estado do Paraná que participaram de um curso de extensãosobre Investigações Matemáticas (IM) em sala de aula com esta tendência. A propostado curso era o desenvolvimento e realização de tarefas investigativas tendo comoferramenta para investigação o software GeoGebra. Após o curso foi proposto aosprofessores cursistas que desenvolvessem atividades investigativas em suasrespectivas salas de aula e que apresentassem relatos das observações sobre odesenvolvimento desta tarefa. Assim, os dados coletados por meio da observação e dequestionários nos proporcionaram reflexões a respeito do uso de tarefas exploratórioinvestigativasem sala de aula, as quais compartilhamos neste relato.
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INVESTIGAES MATEMTICAS EM SALA DE AULA COM O GEOGEBRA
Carmem Lucia Dionisio Rocha Navasconi
Wellington Hermann
LINHA DE PESQUISA Formao de Professores que ensinam Matemtica
RESUMO Neste trabalho relatamos o primeiro contato de professores de matemtica da rede estadual de ensino do estado do Paran que participaram de um curso de extenso sobre Investigaes Matemticas (IM) em sala de aula com esta tendncia. A proposta do curso era o desenvolvimento e realizao de tarefas investigativas tendo como ferramenta para investigao o software GeoGebra. Aps o curso foi proposto aos professores cursistas que desenvolvessem atividades investigativas em suas respectivas salas de aula e que apresentassem relatos das observaes sobre o desenvolvimento desta tarefa. Assim, os dados coletados por meio da observao e de questionrios nos proporcionaram reflexes a respeito do uso de tarefas exploratrio-investigativas em sala de aula, as quais compartilhamos neste relato.
Palavras-chave: Educao Matemtica. Investigaes Matemticas. GeoGebra.
INTRODUO
Em minha trajetria como Professora de matemtica da rede pblica do Estado do
Paran, constatei a dificuldade dos alunos quando entram em contato com a linguagem
algbrica. Tambm percebo a dificuldade que representa para o professor ensinar tal
contedo. Sempre procurei encaminhamentos diferenciados para minhas aulas. O mesmo
se deu quando ingressei no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE. Buscava
algo que pudesse me ajudar a enfrentar estas dificuldades encontradas durante minha
carreira docente. Foi quando entrei em contato com estudos sobre Investigaes
Matemticas os quais trouxeram de volta o entusiasmo para ensinar matemtica, por sua
caracterstica de explorao, formulao de conjecturas, testes e demonstraes, que
trazem para sala de aula o dinamismo que ns professores esperamos. O grande desafio
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que essa metodologia proporciona que ela permite no apenas que a aprendizagem seja
compartilhada, mas que todos sejam ouvidos e possam construir o conhecimento, como
faziam e ainda fazem os matemticos.
Com o objetivo de divulgar essa metodologia para mais professores, propomos
um curso de extenso para difundi-la entre meus colegas professores de matemtica. Tendo
como aliado o GeoGebra propomos atividades que poderiam envolver a lgebra e a
geometria. Assim, pudemos observar os avanos e dificuldades dos professores cursistas
durante o Curso de extenso: Investigaes Matemticas em sala de aula com o Geogebra.
Constatamos que o aspecto instigante dessa metodologia envolve todos a propor e resolver
seus problemas e desafia de forma prazerosa a encontrar solues.
Desta forma, o texto que apresentamos aqui, o relato desta experincia de
compartilhar com meus colegas professores os encaminhamentos metodolgicos propostos
pela tendncia Investigaes Matemticas em Sala de Aula com o auxlio do software
GeoGebra.
FUNDAMENTAO TERICA
A Matemtica a cincia base de vrias reas do conhecimento, sendo assim,
fundamental seu domnio por parte dos alunos. As Diretrizes Curriculares Estaduais para a
disciplina de matemtica (DCE de Matemtica) propem que o ensino de matemtica seja
fundamentado nas tendncias metodolgicas e um dos objetivos do ensino da Matemtica
de contribuir para [...] que o estudante tenha condies de constatar regularidades matemticas, generalizaes e apropriao de linguagem adequada para descrever e interpretar fenmenos matemticos e de outras reas do conhecimento (PARAN, 2006, p. 25).
As investigaes matemticas e a resoluo de problemas coadunam com o
objetivo acima mencionado porque oportuniza ao aluno trabalhar em grupo, desenvolver
sua autonomia, ser cooperativo, comunicar-se, questionar, conjecturar, induzir, deduzir,
fazer conexes, elaborar e validar estratgias e procedimentos de resoluo, justificar
respostas, fazer uso de materiais manipulativos e tecnolgicos como calculadoras e
computador.
Segundo as DCE de Matemtica, aprender matemtica
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[...] mais do que manejar frmulas, saber fazer contas ou marcar x nas respostas: interpretar, criar significados, construir seus prprios instrumentos para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos problemas, desenvolver o raciocnio lgico, a capacidade de conceber, projetar e transcender o imediatamente sensvel (PARAN, 2006, p.66).
Nesse sentido a escola deve incentivar a prtica pedaggica em diferentes
metodologias, valorizando concepes de ensino, de aprendizagem (internalizao) e de
avaliao (PARAN, 2006, p. 15), como explicitamos anteriormente.
A seguir apresentamos nossa concepo de Investigaes Matemticas.
INVESTIGAES MATEMTICAS EM SALA DE AULA
Segundo Ponte, Brocardo e Oliveira (2006, p. 9), em contextos de ensino e
aprendizagem [...] investigar no significa necessariamente lidar com problemas muito sofisticados na fronteira do conhecimento. Significa, to-s, que formulamos questes que nos interessam, para as quais no temos resposta pronta, e procuramos essa resposta de modo tanto quanto possvel fundamentado e rigoroso.
Como tendncia em Educao Matemtica, as Investigaes Matemticas
apresentam um potencial que pode mobilizar nos alunos seu poder investigativo e criativo.
Em sntese, podemos dizer que quando ao aluno convidado a trabalhar com atividades
investigativas ele desafiado a enfrentar situaes que se diferenciam das demais por
serem abertas e por permitirem mltiplas possibilidades de explorao.
Segundo Ponte, Brocardo e Oliveira (2006) as Investigaes Matemticas
envolvem, naturalmente, conceitos, procedimentos e representaes matemticas, mas o
que mais fortemente as caracteriza este estilo de conjectura-teste-demonstrao.
Uma aula que promove um ambiente de investigao matemtica, conforme
afirma Castro (2004), pode ser chamada de aula investigativa. Em outras palavras, aulas
investigativas, supem o envolvimento dos alunos com tarefas investigativas, que permita
a eles realizar atividade matemtica (apud PONTE et al, 1998, p. 2).
Por meio desse mtodo investigativo, pode-se despertar nos alunos o esprito da
matemtica genuna. Essa idia citada acima por Ponte et al reforada por Ponte,
Brocardo e Oliveira (2006, p. 23): [...] o aluno chamado a agir como matemtico, no s na formulao de questes e conjecturas e na realizao de provas e refutaes, mas tambm na apresentao de resultados e na discusso e argumentao com seus colegas e o professor.
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Os problemas sempre ocuparam lugar de destaque nos currculos de Matemtica,
vistos como ferramenta para promover o desenvolvimento do raciocnio. Para Polya (1981
p. 11). Segundo ele, embora o uso de problemas rotineiros favorea alguns aspectos do
ensino da Matemtica, nem s a sua utilizao garante o desenvolvimento do aluno.
Porm, importante deixar claro a diferena entre resoluo de problemas e investigaes
matemticas. As DCE resumem a questo entre problemas e investigao: [...] um problema uma questo para a qual o aluno precisa estabelecer uma estratgia heurstica, isto , ele dispe de um mtodo que permita a sua resoluo imediata, enquanto que um exerccio uma questo que pode ser resolvida usando um mtodo j conhecido [...] [...] uma investigao um problema em aberto e por isso, as coisas acontecem de forma diferente do que na resoluo de problemas e exerccios. (PARAN, 2006, p. 23)
Ponte, Brocardo e Oliveira (2006, p. 21) apresentam quatro momentos em uma
investigao matemtica conforme apresentamos no Quadro 1 a seguir:
Momentos Caractersticas
Explorao e formulao de questes
Reconhecer uma situao problemtica
Explorar a situao problemtica;
Formular questes.
Conjecturas Organizar dados;
Formular conjecturas (e fazer afirmaes sobre uma conjectura).
Testes e reformulao Realizar testes;
Refinar uma conjectura.
Justificao e avaliao Justificar uma conjectura;
Avaliar o raciocnio ou o resultado do raciocnio.
Quadro 1: Momentos na realizao de uma investigao
Fonte: (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2006, p. 21).
O sucesso da utilizao do processo investigativo como encaminhamento
metodolgico para ensinar/aprender matemtica em sala de aula depende do preparo do
professor. Ele deve saber conduzir todo o processo sem, no entanto, dar respostas prontas
para os alunos. Ao mesmo tempo deve agir como incentivador e fomentador de idias. Ao mostrar aos alunos que possvel olhar as idias matemticas de modo interrogativo, colocando questes que podem ser investigadas e promovendo a investigao, de facto, de algumas delas o professor est a exercer um importante papel na educao no s do raciocnio matemtico dos alunos, mas tambm do modo de eles se relacionarem com o mundo (PONTE et al, 1998, p. 53).
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Como ocorre com qualquer encaminhamento, ao utilizar Investigaes
Matemticas em suas aulas, o professor deve ter objetivos a alcanar, no contrrio, corre o
risco de desperdiar seu tempo e o tempo dos alunos com atividades sem sentido.
USO DE MDIAS
Utilizamos, neste trabalho, o software GeoGebra para construir as tarefas e como
ferramenta para o auxlio durante as investigaes.
No estado do Paran temos em todas as escolas estaduais laboratrios bem
equipados com vrios computadores e acesso internet. Em todos os computadores est
instalado o GeoGebra que um software de geometria dinmica. O uso do GeoGebra pode
colaborar com a aprendizagem de matemtica, em especial, dos contedos algbricos
articulados com a aritmtica e geometria.
A insero, principalmente dos computadores e seus aplicativos no ambiente
escolar, no fcil para os professores, pois destes requer um novo olhar para sua prtica
pedaggica. Sobre a pouca utilizao dos computadores na prtica profissional Penteado
(1999, p. 298) considera: Acreditamos que, em geral, o professor enfrenta os desafios pela profisso e busca criar alternativas, porm a introduo do computador na escola altera os padres nos quais ele usualmente desenvolve sua prtica. So alteraes no mbito das emoes, das relaes e condies de trabalho, da dinmica da aula, da reorganizao do currculo, entre outras.
Ainda, hoje essas preocupaes continuam nas escolas, mesmo com a existncia
dos laboratrios de informtica que geralmente no tm computadores suficientes para
todos os alunos. Muitas vezes seu uso esbarra em questes burocrticas, como
agendamento e disponibilidade, j que outras turmas podem estar utilizando o laboratrio.
Apesar destas dificuldades, o uso do computador pode tornar as aulas mais
dinmicas. Nossa perspectiva do uso do computador como ferramenta, da forma como
explicita Valente (1993, p. 13): Segundo esta modalidade o computador no mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermdio do computador.
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Esta perspectiva vai ao encontro de nossos objetivos, pois a proposta era utilizar o
computador e o software como meio para a aprendizagem.
METODOLOGIA
A partir dos encaminhamentos metodolgicos das Investigaes Matemticas em
sala de aula e com o uso do Geogebra, foram trabalhadas 8 tarefas investigativas com um
grupo de 6 professores de matemtica da cidade de Goioer, em um curso de extenso, o
qual foi desenvolvido em parceria com a Faculdade Estadual de Cincias e Letras de
Campo Mouro Fecilcam.
Os participantes eram professores da rede estadual de educao, dos quais 5
atuavam junto aos alunos do Ensino Fundamental e Mdio, desses professores 2 atuavam
no ensino fundamental, 2 no ensino mdio, 1 no CEBEJA e 1 atuava como tcnico
pedaggico de matemtica junto ao NRE de Goioer. O curso foi ministrado no laboratrio
de Informtica da Escola Estadual Ribeiro de Campos - Ensino Fundamental localizada na
rea central da cidade de Goioer. Foram utilizados os computadores na plataforma Linux,
que j possuam o software Geogebra em seu sistema. A durao do curso compreendeu 8
encontros de 4 horas, tendo incio em agosto de 2010 at novembro de 2010.
Como trabalho final do curso, foi proposto que cada participante realizasse a
implementao de uma tarefa investigativa junto a seus alunos com uso do Geogebra. Aps
este trabalho os professores fizeram um relato escrito de suas experincias em sala durante
o desenvolvimento das tarefas.
No decorrer dos trabalhos, questionamos os professores cursistas sobre os motivos
que os levaram a participar deste curso. A maioria respondeu que estava em busca de
novos encaminhamentos para suas aulas, como evidencia o trecho da resposta do
participante P1:
As minhas expectativas eram para que a nova metodologia viesse a contribuir
para um melhor resultado em sala de aula. Ela me permitiu descobrir caminhos usando as
novas tecnologias que iro facilitar e ao mesmo tempo auxiliar no desenvolvimento do
contedo na sala de aula (P1).
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Durante o curso, os trabalhos foram realizados em duplas ou trios, devido ao
pequeno nmero de participantes e, muitas vezes, as tarefas exploratrio-investigativas
eram realizadas e discutidas coletivamente.
Nos dois primeiros encontros o trabalho foi realizado coletivamente. Nesse
momento foram apresentados os conceitos sobre investigaes matemticas por meio de
um texto e slides fundamentados, principalmente, na perspectiva de Ponte, Borcardo e
Oliveira (2006) que apresentam uma discusso detalhada, com inmeros exemplos
vivenciados em sala de aula, atividades de investigao e diversos tpicos como a
geometria, nmeros e estatstica. Nos 2 e 3 encontro foi apresentado o software
Geogebra e suas ferramentas e foram sugeridas algumas atividades prticas para que os
participantes pudessem se familiarizar com o software. Do 5 ao 8 encontros, foram
realizadas 8 tarefas exploratrio-investigativas as quais sero detalhadas ao longo desse
artigo.
As tarefas exploratrio-investigativas foram baseadas em artigos e livros como
Fiorentini, Fernandes e Cristovo (2004), Ponte, Brocardo, Oliveira (2006), Lins, Gimenez
(1997) e por uma atividade por ns elaborada.
Nossa coleta de dados se deu por meio da observao participante. Observamos
comportamentos e cenrios e principalmente fizemos relatrios escritos. As observaes
durante o curso proporcionaram a coleta de dados importantes para o desenvolvimento da
pesquisa. Alm disso, cada participantes relatou suas impresses num dirio de campo, no
qual cada um relatou as impresses das tarefas e as relaes com os contedos trabalhados
em sala de aula, as dificuldades na execuo das tarefas, a conduo dos raciocnios para
chegar a soluo do desafio proposto na atividade e as concluses de cada tarefa.
Alves-Mazzoti (2002, p. 166-168) afirma que, Na observao participante, o pesquisador se torna parte da situao observada, interagindo por longos perodos com os sujeitos, buscando partilhar o seu cotidiano para sentir o que significa estar naquela situao.
A seguir apresentamos algumas notas sobre as tarefas desenvolvidas e realizadas
pelos professores cursistas.
NOTAS SOBRE AS TAREFAS EXPLORATRIO-INVESTIGATIVAS
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Durante o curso, propomos uma sequncia didtica composta por oito tarefas
exploratrio-investigativas.
Como encaminhamento das aulas com enfoque investigativo, inicialmente
pensamos em utilizar a seguinte proposta de estruturao: Primeiramente solicitaramos
aos cursistas que formassem grupos e que escolhessem:
Um coordenador: responsvel pela organizao dos trabalhos e resoluo
de possveis conflitos;
Redator: responsvel pela redao final do registro a ser entregue;
Dois relatores: sero dois membros do grupo responsveis pela
apresentao (para toda a classe) dos resultados encontrados pela equipe.
Apesar da diviso acima, todos deveriam participar das etapas de realizao das
tarefas. Porm, devido ao pequeno nmero de participantes no foi possvel estruturar
grupos desta maneira e, na maioria das vezes o trabalho foi realizado por duplas de
professores cursistas. Aps a realizao, discutamos as solues coletivamente.
A seguir apresentamos um quadro sintetizando as oito tarefas que compem nossa
seqncia didtica.
Tarefa Ttulo Objetivo
1 Investigando e descobrindo
sequncias
Desenvolver de forma investigativa o
desenvolvimento do pensamento algbrico
2 Quadrados e mais quadrados Descobrir as relaes entre a rea do quadrado inicial
e a dos quadrados inscritos
3 Atividade com fsforos Possibilitar a construo do conceito de permetro.
4 Azulejos pretos e brancos Analisar a capacidade de raciocnio matemtico
5 Azulejos da piscina Promover a comunicao e capacidade de dilogo
entre os participantes
6 Com quantas bolinhas se faz um
quadrado.
Analisar a capacidade de formular, generalizar e
conduzir o raciocnio matemtico
7 Explore as figuras e suas
regularidades
Generalizar por meio de iteraes como podemos
encontrar um quadrado perfeito
8 Produtos notveis
Compreender por meio da rea dos quadrados a
relao entre soma de dois quadrados;
Investigar no Geogebra essas relaes e
generalizar as concluses;
Quadro 2: Sntese das tarefas da seqncia didtica
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Neste trabalho vamos fazer o relato do desenvolvimento de algumas destas
tarefas. Optamos por no comentar todas, pois nas anlises percebemos que as observaes
que podemos fazer sobre as tarefas que escolhemos podem ser generalizadas para as outras
tarefas.
NOTAS SOBRE A TAREFA 1
Investigando e descobrindo sequncias
Nesta tarefa os professores cursistas deveriam investigar a sequncia das figuras
para chegar a relao entre a posio da figura e a quantidades de bolas.
Figura 1: Investigando e descobrindo seqncias
Assim, pretendia-se que os professores cursistas fizessem generalizaes relativas
quantidade de pontos em cada figura e como essa sequncia formada. Cada dupla
realizou essa tarefa fazendo registro em papis e depois anotando-os em uma tabela. Como
foi proposto que eles construssem as figuras no geogebra, tambm foi sugerido que
utilizassem a tabela no prprio software.
Houve no incio muita dificuldade dos professores cursistas, que se mostraram
pouco a vontade nas investigaes, querendo prontamente encontrar a soluo, sem
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investigar a sequncia. Pensamos que isso se deva forte influncia do modelo tradicional
de ensino. Quando o professor prope as primeiras tarefas investigativas em sala de aula,
geralmente surge este tipo de comportamento. Sempre notamos que os alunos, e neste caso,
os professores cursistas, buscam uma resposta imediata ou uma frmula que d conta de
solucionar a tarefa. Porm, o professor que se prope a trabalhar em suas aulas com
investigaes no deve dar respostas prontas. Ele deve proporcionar e incentivar a
discusso entre os alunos.
Percebemos que havia dificuldades quanto utilizao do software GeoGebra e
que a maioria dos professores preferiram utilizar lpis e papel durante esta atividade.
Poucos conseguiram generalizar a sequncia e foram enfticos na concluso de que os
alunos no conseguiriam realiz-la. Pensamos que isto se deva resistncia inicial frente a
uma proposta diferenciada, o que exige dos professores sarem de sua zona de conforto.
Questionamos os participantes se as mdias informticas contribuem para o ensino
de matemtica. Segue a resposta do participante P4:
Sim! Principalmente porque estimula o professor a utilizar outras formas de
ensinar matemtica, saindo do habitual (livro, quadro e giz). Principalmente porque nos
dias de hoje a sociedade em que estamos pertencendo est includa de novas tecnologias e
ns como educadores no podemos esquecer que fazemos parte dela e que precisamos
incorporar para que os nossos alunos sintam gosto pela escola em particular pelos
contedos em que estamos trabalhando (P4).
Aqui percebemos a discordncia entre o discurso e as aes, j que os professores
preferiram utilizar lpis e papel durante a realizao desta tarefa. Porm, percebemos que a
partir da segunda tarefa os cursistas passaram a utilizar mais o software para investigar,
mas sem abandonar completamente o lpis e papel.
NOTAS SOBRE A TAREFA 3
Atividade com fsforos
Nesta tarefa, tomando o fsforo como unidade de medida, os cursistas deveriam
fazer quadrados com dimenses diferentes e encontrar a generalizao do nmero de
fsforos utilizados para construir um quadrado qualquer.
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Figura 2: Atividade com fsforos
Esta foi a tarefa que gerou a maior polmica entre os cursistas, proporcionando
discusses sobre o seu desenvolvimento. Alguns dos cursistas imaginaram que se deveria
generalizar o nmero de cabeas de fsforos e, como as atividades foram desenvolvidas no
GeoGebra, estas eram representadas por pontos. Isso gerou certa confuso entre eles, pois
se contassem as cabeas dos fsforos o resultado deveria ser o mesmo, mas como
estvamos trabalhando com o software, parecia que cada fsforo tinha duas cabeas. Uma
das professoras cursistas, P4, comenta este fato:
Observei que a dificuldade encontrada foi a maneira que o exerccio foi
interpretado... O mesmo o que ocorre constantemente com nossos alunos. Por exemplo a
tarefa 3, que foi analisada pela cabea do fsforo e no contando a quantidade de palitos
que a tarefa apresentava....um olhar diferente sobre a mesma situao (P4).
Surgiram diversas conjecturas sobre a generalizao para encontrar o nmero de
fsforos e na discusso final da tarefa no conseguimos um consenso. muito provvel
que isto tenha ocorrido devido confuso inicial sobre a realizao da tarefa. Assim,
voltamos a destacar que muito importante a introduo da tarefa, pois neste momento
que o aluno compreende o que deve fazer.
Por ter sido a tarefa mais comentada essa foi escolhida pela maioria dos
professores cursistas para ser utilizada com suas turmas em sala de aula.
CONSIDERAES FINAIS
Foi muito interessante, com o curso, detectar a vontade dos professores cursistas
de conhecer essa nova metodologia, mas ao mesmo tempo a ansiedade em provar algo
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novo. No decorrer do curso tivemos momentos de discusses, anlise, formao de
hipteses e conjecturas e, muitas vezes, esbarramos com a insegurana causada pela da
incerteza na hora da resoluo das tarefas. Como no so atividades que trazem a frmula
pronta, a maioria queria encontrar a resposta sem pensar muito e, nesse momento, o papel
de mediadora, foi de grande importncia. A interveno era necessria e em grupo
procurvamos ouvir as opinies de todos para ento encontrar uma resposta coerente para
cada situao.
Alguns relatos de professores corroboram o que afirmamos acima:
O uso das tarefas exploratrio investigativa permitiu vivenciar experincias
diferentes das vivenciadas nas aulas tradicionais de matemtica. Senti o verdadeiro valor
da investigao, como conhecer o que no se conhece, descobrindo padres e
desvendando frmulas (P1).
Percebemos que, apesar das incertezas e insegurana sentidas pelos cursistas, a
maioria acredita que o curso proporcionou a oportunidade de vivenciarem algo novo e que
provavelmente levaro para suas salas de aula, mesmo que no o faam da maneira
proposta pelos encaminhamentos das Investigaes, como apresentado no relato a seguir:
Com certeza, atravs das discusses pudemos chegar a resoluo de vrias
situaes-problemas e isto nos fez refletir sobre a nossa prtica de ensino. Descobrir que
por traz de um tema que parecia difcil, a partir das atividades trabalhadas em sala de
aula abriu novos horizontes que podero ser utilizados no dia a dia da sala de aula (P3).
A proposta inicial era investigar utilizando o GeoGebra e o computador como
meio. A resoluo deveria estar apoiada nos recursos que este software dispe. Porm,
devido dificuldade inicial dos professores cursistas em utilizar o computador permitimos
o uso de lpis e papel juntamente com o computador. Na realizao das tarefas os
professores adotaram estratgia similar quanto ao uso das mdias disponveis (lpis, papel,
computador e software). Eles realizavam clculos e desenhos no papel e aps testavam
suas conjecturas no computador.
Aps a realizao das primeiras tarefas percebemos maior uso do computador,
contudo, sem o total abandono do lpis e do papel. Acreditamos que isso seja natural, j
que estes professores no estavam acostumados, nem com tarefas exploratrio-
investigativas, nem com o uso do computador para resolver problemas desta natureza.
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