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16 Jornal de Leiria 16 de Abril de 2015 Sociedade Educação IPL ajuda Procuradoria-Geral da República no crime informático Laboratório Vai ser criado um laboratório na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Leiria, que irá auxiliar a Procuradoria-Geral da República no combate ao cibercrime Elisabete Cruz [email protected] O Instituto Politécnico de Leiria e a Procuradoria-Geral da República (PGR) assinaram um protocolo, no passado dia 6, que visa a colaboração na análise do cibercrime. Vai ser cria- do um laboratório na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), com acesso restrito a um número reduzi- do de pessoas, que irão colaborar com a PGR no encalço dos piratas in- formáticos ou na detecção de material “escondido” dentro de computadores apreendidos no âmbito de investiga- ções criminais. O docente do IPL e coordenador dos protocolos com a Polícia Judiciária (PJ) e PGR, Filipe Mota Pinto, revela que foi constituído um grupo de peritos, com professores do IPL, que irá apoiar a PGR no combate ao cibercrime. “Os peritos irão participar numa formação orientada pela PGR, para que a reco- lha de provas seja enquadrada com as questão legais.” O objectivo do grupo do IPL é fazer “perícias técnicas de acesso e configuração dos computa- dores”. Segundo Filipe Mota Pinto, sempre que seja necessário, os computadores apreendidos pela PGR serão enviados para o laboratório de Leiria, onde será feita a análise pelos peritos. “O IPL foi reconhecido pela PGR como órgão com pessoas competentes para apoiar e suportar as actividades do procu- rador para o cibercrime na parte fo- rense”, acrescenta o docente, lem- brando que este é “mais um passo na colaboração entre a PGR, a PJ e o IPL”, que ministra a pós-graduação Infor- mática de Segurança e Computação Forense destinada às forças da lei. IPL ensina PJ a tornar-se hacker Desde Novembro que uma dúzia de quadros da PJ, Ministério Público e PGR estão a frequentar uma pós-gra- duação, que funciona com sessões re- partidas na Escola da Polícia Judiciá- ria, em Loures, e no IPL. O ciclo de es- tudos visa preparar os participantes para a realidade actual no combate ao crime, cada vez mais baseado nas tec- nologias nas diferentes plataformas. Filipe Mota Pinto adianta que o curso assenta na prevenção, de- tecção e componente forense. Não só dá ferramentas aos investiga- dores, como também “contribui para o aperfeiçoamento dos pro- cedimentos que ajudam a aumen- tar a eficácia das autoridades no combate a uma criminalidade”, cujo rasto deixado é cada vez mais difícil de seguir. O JORNAL DE LEIRIA assistiu a uma aula e verificou que não é mui- to difícil atacar um computador, mas é muito mais complicado seguir o ras- Formação Segurança informática para empresas O IPL pretende adaptar os conteúdos da pós-graduação Informática de Segurança e Computação Forense para as empresas. “No próximo ano lectivo prevê-se a abertura de uma edição da pós-graduação ao público em geral e empresas, em particular, com alguns conteúdos adaptados, de forma a minimizar o risco de exposição e aumentar a capacidade defensiva e de análise de incidentes indesejados, bem como prevenir os ataques informáticos e perceber a sua origem”, informa o professor Filipe Mota Pinto, lamentando a falta de sensibilidade de muitos empresários para a segurança informática. “A protecção custa dinheiro. Requer actualizações permanentes do conhecimento e das infra-estruturas e há empresas que não querem gastar, mas esquecem-se que todos os seus dados de negócio estão informatizados.” Em Maio, está prevista uma visita ao IPL da Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal. “Neste evento vão ser convidados empresários, independentemente da sua área de negócio para se aperceberem dos riscos que existem na internet. Hoje em dia, há uma dependência directa das tecnologias. Todos os que têm empresas deviam ter gestão de informática para saberem que tipo de segurança digital devem fazer”, destaca Filipe Mota Pinto. RICARDO GRAÇA

IPL ajuda Procuradoria-Geral da República no crime informático

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16 Jornal de Leiria 16 de Abril de 2015

Sociedade Educação

IPL ajuda Procuradoria-Geral da República no crime informáticoLaboratório Vai ser criado um laboratório na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do InstitutoPolitécnico de Leiria, que irá auxiliar a Procuradoria-Geral da República no combate ao cibercrime

Elisabete [email protected]

� O Instituto Politécnico de Leiria e aProcuradoria-Geral da República(PGR) assinaram um protocolo, nopassado dia 6, que visa a colaboraçãona análise do cibercrime. Vai ser cria-do um laboratório na Escola Superiorde Tecnologia e Gestão (ESTG), comacesso restrito a um número reduzi-do de pessoas, que irão colaborarcom a PGR no encalço dos piratas in-formáticos ou na detecção de material“escondido” dentro de computadoresapreendidos no âmbito de investiga-ções criminais.

O docente do IPL e coordenador dosprotocolos com a Polícia Judiciária (PJ)e PGR, Filipe Mota Pinto, revela que foiconstituído um grupo de peritos, comprofessores do IPL, que irá apoiar aPGR no combate ao cibercrime. “Osperitos irão participar numa formação

orientada pela PGR, para que a reco-lha de provas seja enquadrada com asquestão legais.” O objectivo do grupodo IPL é fazer “perícias técnicas deacesso e configuração dos computa-dores”.

Segundo Filipe Mota Pinto, sempreque seja necessário, os computadoresapreendidos pela PGR serão enviadospara o laboratório de Leiria, ondeserá feita a análise pelos peritos. “O IPLfoi reconhecido pela PGR como órgãocom pessoas competentes para apoiare suportar as actividades do procu-rador para o cibercrime na parte fo-rense”, acrescenta o docente, lem-brando que este é “mais um passo nacolaboração entre a PGR, a PJ e o IPL”,que ministra a pós-graduação Infor-mática de Segurança e ComputaçãoForense destinada às forças da lei.

IPL ensina PJ a tornar-se hackerDesde Novembro que uma dúzia de

quadros da PJ, Ministério Público ePGR estão a frequentar uma pós-gra-duação, que funciona com sessões re-partidas na Escola da Polícia Judiciá-ria, em Loures, e no IPL. O ciclo de es-tudos visa preparar os participantespara a realidade actual no combate aocrime, cada vez mais baseado nas tec-nologias nas diferentes plataformas.

Filipe Mota Pinto adianta que ocurso assenta na prevenção, de-tecção e componente forense. Nãosó dá ferramentas aos investiga-dores, como também “contribuipara o aperfeiçoamento dos pro-cedimentos que ajudam a aumen-tar a eficácia das autoridades nocombate a uma criminalidade”,cujo rasto deixado é cada vez maisdifícil de seguir.

O JORNAL DE LEIRIA assistiu auma aula e verificou que não é mui-to difícil atacar um computador, masé muito mais complicado seguir o ras-

FormaçãoSegurança informática para empresasO IPL pretende adaptar osconteúdos da pós-graduaçãoInformática de Segurança eComputação Forense para asempresas. “No próximo ano lectivoprevê-se a abertura de uma ediçãoda pós-graduação ao público emgeral e empresas, em particular,com alguns conteúdos adaptados,de forma a minimizar o risco deexposição e aumentar a capacidadedefensiva e de análise de incidentesindesejados, bem como prevenir osataques informáticos e perceber asua origem”, informa o professorFilipe Mota Pinto, lamentando afalta de sensibilidade de muitosempresários para a segurançainformática. “A protecção custadinheiro. Requer actualizações

permanentes do conhecimento edas infra-estruturas e há empresasque não querem gastar, masesquecem-se que todos os seusdados de negócio estãoinformatizados.” Em Maio, estáprevista uma visita ao IPL daProcuradora-Geral da República,Joana Marques Vidal. “Nesteevento vão ser convidadosempresários, independentementeda sua área de negócio para seaperceberem dos riscos queexistem na internet. Hoje em dia,há uma dependência directa dastecnologias. Todos os que têmempresas deviam ter gestão deinformática para saberem que tipode segurança digital devem fazer”,destaca Filipe Mota Pinto.

RICARDO GRAÇA

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to dos autores dos crimes informáti-cos. Depois de um ataque ser con-cretizado a “porta fica aberta”, per-mitindo o acesso à informação pre-sente nos computadores. “O maisimportante não é impedir o ataque,porque isso é praticamente impossí-vel”, defende Carlos Antunes, um dosdocentes da pós-graduação, “massim detectar o ataque assim que eleacontece” para que a porta seja fe-chada de imediato e impeça o roubode informação.

“A segurança é sempre relativa.Quem disser que está 100% seguroestá a mentir. Há entidades que es-tarão mais do que outras, mas nin-guém consegue travar um ataquecibernáutico”, frisa Carlos Antunes.Também os formandos entendemque o “tempo de reacção” pode de-finir uma boa segurança. “Temos deestar preparados para reagir imedia-tamente a seguir a ter sido detectadoum ataque ao sistema, para minimi-zar os danos.”

Durante a aula a que assistimos,Carlos Antunes explicou que algunsataques não têm como alvo o com-putador onde é descoberta a falha desegurança, pois esse serve apenas delocal de passagem para encobrir umrasto. O docente do IPL aproveitoupara demonstrar alguns tipos de ata-ques informáticos, as formas de os de-tectar e os rastos que deixam. Mas nãohá soluções fixas, porque é “possívelalterar todos os dias a forma de ata-car e de passar despercebido”. Porisso, o ideal é “perceber como ata-cam” os hackers para “aprender a de-fender” e “rapidamente”, adiantaum dos formandos.

Carlos Antunes lembra que o cur-so não se esgota no dia em que ter-mina a pós-graduação. O contacto

Tecnologia e design na sessão solene do IsdomRealiza-se hoje, a partir das 18:30 horas, a sessão solenedo ano lectivo 2014/2015 do Instituto Superior D. Dinis(Isdom), na Marinha Grande. Criatividade e tecnologiana transformação da obra de arte do design e dacomunicação é o tema da oração de sapiência , que esteano está a cargo do designer Jorge Carvalho.

com o IPL mantém-se sempre que ne-cessário.

Curso suportadopelos formandosA pós-graduação será uma mais-va-lia no combate à criminalidade in-formática do País, mas os peritos es-tão a assumir parte dos custos. “Abenesse que temos é a dispensado serviço e termos obtido um des-conto de 50% na propina de 2500euros. Estadia, deslocação e refei-ções são suportados pelos forman-dos.”

Os participantes lamentam a “fal-ta de recursos” no trabalho de aná-lise forense. “Não temos tantosmeios como gostaríamos. Falta tem-po para procedermos a testes e acarga de trabalho é elevada, o quenos impede de treinar.” Adminis-trador de sistemas na PGR, um for-mando entende que há dois tipos dehackers: aqueles que têm dema-siado tempo livre e penetram nasredes de segurança apenas por “vai-dade” e há as redes organizadas.

Um dos problemas com que se de-

Pedrógão Grande

Município cria núcleomuseológico escolar

Alunos de Leiria

Vaticano responde a criançasque desenharam para o Papa

� Já chegou ao Agrupamento de Es-colas de Caranguejeira e Santa Ca-tarina da Serra, em Leiria, umacarta do Vaticano a agradecer os de-senhos com retratos do Papa, ela-borados pelas crianças do 1.º ciclodo agrupamento e de uma turmade Vieira de Leiria (Marinha Gran-de). Os cerca de 370 desenhos fo-ram enviados em Fevereiro e oagradecimento chegou na semanapassada, através de uma carta as-sinada por monsenhor Peter Wells,assessor na secção de AssuntosGerais da Secretaria de Estado doVaticano. “Não podendo escreveruma carta a cada um, como gosta-ria de o fazer, o Papa Franciscomanda dizer a todos que está-lhesmuito agradecido pelo retrato que

lhe fizeram, que hão-de ser felizesenquanto tiverem Jesus como ami-go e que reza por todos”, podeler-se na missiva. A carta acres-centa ainda que, para “se mante-rem no bom caminho e assim agra-darem sempre a Deus”, o Santo Pa-dre concede aos alunos que envia-ram os desenhos e aos seus pro-fessores a bênção apostólica, “ex-tensiva ao pessoal auxiliara e fa-miliares”. O envio dos desenhos aoPapa partiu de uma proposta feitanas aulas de Educação Moral e Re-ligiosa Católica em que as criançasforam desafiadas a retratar umapessoa que “valorize a diferença edefende iguais oportunidades desucesso”, com os alunos a esco-lherem o Santo Padre.

� Mostrar às gerações mais jovens"uma memória de como foi a es-cola" no passado é o principal ob-jectivo do núcleo museológicoque a Câmara de Pedrógão Grandevai criar no decorrer do presenteano. Segundo a Agência Lusa, omunicípio justifica a iniciativa"com a escala actual de desen-volvimento tecnológico e tam-bém pedagógico", que "alteroubastante as ferramentas de apren-dizagem e, consequentemente, oespaço de aula". Dessa forma, onúcleo museológico pretende “sal-vaguardar o património histórico--cultural do concelho, nomeada-mente recuperar e preservar paraas gerações mais jovens e para as

vindouras uma memória de comofoi a escola”. O núcleo museoló-gico será composto por mobiliário,material didático, documentos e li-vros que fazem parte do ambien-te e quotidiano escolar, sobretudodas décadas de 1930 a 1970. “Tra-ta-se da recriação histórica deuma sala de aula com espólio re-cuperado nas escolas desactivadasdo concelho de Pedrógão Grande”,refere a autarquia, adiantandoque as peças a expor são do acer-vo municipal e ofertas de parti-culares. O núcleo irá ocupar o rés-do-chão de um edifício localizadona Rua 5 de Outubro, no centrohistórico da vila, que foi adquiri-do e recuperado pela autarquia.

2010A parceria entre o IPL e a Escolada Polícia Judiciária nasceu em2010, a partir de um trabalho decolaboração conjunta de FilipeMota Pinto e do inspectorBaltazar Rodrigues

A data batem no seu dia-a-dia as forças po-liciais é garantir provas que estejamenquadradas com a legislação, paraque a investigação não fique com-prometida. “Na informática não écomo recolher uma impressão digital,em que é fácil associá-la a uma pes-soa. Se a prova não for obtida correc-tamente é inválida em tribunal e onosso esforço é em vão. O problemanão está só na obtenção da prova, masem sermos capazes de a demonstrarem tribunal”, refere um dos forman-dos, acrescentando que é, por vezes,é possível afirmar que o ataque par-tiu de determinada máquina, mas oobjectivo é identificar o seu autor. Osinspectores da PJ avisam que “não éapenas um ataque que é consideradocrime”. Uma tentativa “também é ile-gal”. “Esta iniciativa [pós-gradua-ção] é enriquecedora e vem resolvermuitos problemas. É juntar a área po-licial à académica, numa partilha deconhecimentos e de experiênciasque pode ser importante para se ob-ter bons resultados”, reconhecemalguns dos alunos.

Um estudo realizado em Coimbrae apresentado no ano passado, refe-re que Portugal está bastante vulne-rável a ataques informáticos. De acor-do com uma nota da Universidade deCoimbra citada pela Lusa, "ao con-trário do que se possa pensar, asmensagens electrónicas não deseja-das (SPAM) podem ser muito perigo-sas porque são a porta de entrada paravírus e fraudes informáticas compossíveis consequências graves". Se-gundo o especialista em segurança in-formática Francisco Rente, os autoresdo estudo simularam um ataque deSPAM legal "ultrapassando pratica-mente todas as barreiras de protecçãoe de alerta".

Ataques informáticosTV5Na quinta-feira, a televisãofrancesa TV5Monde foi alvo deum ataque por piratasinformáticos, reivindicado pelogrupo designado estadoislâmico, que assumiram ocontrolo dos seus canais epáginas na Internet e noFacebook.

Casa BrancaEsta semana, a RTP anunciouque alegados piratas russosterão penetrado no sistema deinformação da Casa Branca enem o Departamento de Estadoterá escapado. Segundo a RTP,até documentos secretos terãosido descobertos no ataque, queocorreu no ano passado.

NewsweekEm Fevereiro deste ano, a contaTwitter da revista norte-americana Newsweek foi vítimade um ataque informático poruma alegada filial do grupoEstado Islâmico, que proclamouuma "ciberjihad" contra osEstados Unidos.

KremlinOs sites do Kremlin, que servede sede ao Governo russo, e dobanco central russo foramatacados, em Março de 2014, porhackers.

Estúdios de cinema SonyPicturesA polícia federal norte--americana (FBI) acusou aCoreia do Norte de serresponsável pelos ataques depirataria informática quevisaram em finais de Novembrodo ano passado. Estes ataquesoriginaram o cancelamento deum filme da Sony Pictures, acomédia Uma Entrevista deLoucos (The Interview, notítulo original). O filme conta ahistória de dois jornalistas quesão recrutados pela CIA paraassassinarem o líder da Coreiado Norte.

Procuradoria-Geral Distrital de LisboaA Procuradoria-Geral Distritalde Lisboa foi alvo de, pelomenos, dois ataques, em Abril e

Junho do ano passado. Umdeles expôs os contactospessoais e profissionais dequase dois mil procuradores.Na altura, foram tambémexpostas online as suaspalavras-chave de acesso aosistema informático doMinistério Público.

Banco Central EuropeuEm Julho de 2014, BancoCentral Europeu (BCE)anunciou que foi vítima dechantagem na sequência de umataque informático, que setraduziu num furto deinformações pessoaisguardadas na base de dados doseu 'site' público. Estaintromissão conduziu “aoroubo de emails e de outrosdados pessoais deixados porpessoas que se inscreverampara eventos no BCE”, indicoua instituição num comunicado.“Nenhum sistema interno nemqualquer dado de mercadosensível foi ameaçado”,sublinhou o BCE

Crianças enviaram cerca de 370 desenhos aom Papa