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t: \> I \ \ COM O IPOIO DE JK, STROESSUBi âSSBSSlHfl PflTBIOTIS •Mil' I Htt I; i K \ . 1 k I I m i" II ¦ I I W L^^H _______________ b_____b __________________ ___. __________________________________ ANO I! Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 19é0 N? 86 Diretor Executivo Orlando Bomfim Jr. Diretor Mário Alves Redafor-Chefe Fragmon Borges T .4tâMmT~*WÊÊÊ WJk ¦'';:1 : ___L '«PB ___ S^lP nOv- '^^jijfej7 ____________ '"¦'"¦ sB Brp-: * ' y imM-I___i''"^; :' !;>_l Bp^*'-;''•''^'^jH__P^_i____&í^_l -B»^*^ * * __H_^^^j_2_L. ^B BÍ_p0*I___BiIp æ»^'^_ IB^».-*;' W_B¦„*¦\':';'^JÍfc_áfe__B IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO IflNIO PEDE U SUPORTAR FRONDIZI POVO PORO MBIS *\ ^ií j ff- JKtmlPvB__B_TA^flP- ¦£<" «tf^í^ff* ^P^' _-_-L-^_-fl H_-H^-E^i"*'^ #S__ '_b_B* ',''-'5'Í^_B/'"/::' ___¦_^_P_r ' •^í' í. JK*? ?S ' j_u_MW_BB—'** _-^-T fl____^_i _E__É_fti'' æv1n_K_^^_F ' '''ÍSP '<B_ttW_..YCVji_-'• "í* J_X ^' _^_l_& JF «. . 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Pro- meteu controlar as remessas de lucros das empresas estrangeiras e intcnsifi- car o comércio com os países socialis- fas, mas confirmou ao mesmo tempo sua disposição de promover a reforma cam- bial nos moldes do FMI, o que contra- '!lri^^^0^^$Mf^oA^ÍÍ Em todas as declarações que fêz, nessa primeira entrevista, Jânio mostrou que procura manter-se fiel à política dos trústns que o financiaram, mas está pr.ocupado com o sentido popular e ncçionaiiáia da vclcjâo que recebeu. Foi dúbio, reticente, cuidadoso. na segunda entrevista, terça-feira, limita- da à televisão e ao rádio, foi um pou- co adiante (ou mais para trás. . . ), e ameaçou o povo com um programa de «austeridade» do tipo imposto à Ar- gonlina pelos impeiiaüstas ianques, com a ajuda de Frondizi. (Textos na 3' e 4' páginas do 1 caderno) QOM O APOIO ostensivo dos EUA e do sr. Juscelino Kubitschek, o tirano Stroessner desencadeia o mais bárbaro terror contra os patriota* pa- raguaios, prendendo, espancando, mu- ülrindo e assassinando friamente a de- zenas, na tentativa de esmagar a crescente resistência popular à sua dita- dura. Prisioneiros são expostos, como feras, nas praças públicas, e cadáve- res mutilados de guerrilheiros (foto) são jogados no rio para servirem de exemplo... (Reportagem na V pág. do 2" caderno) Dois cadernos 14 páginas 5 CRUZEIROS Lu l ¦ ¦ aooowwioi.^~ _ ¦/\i_^^^D^^_^Ei ¦^k j/Et. 4í_í3B _H' 1<5HmL;^7 1 ':'¦}'4lv:l t_H ;Wi ta^H _•____ _k1; ••.:_»).i_,-tfl .. -' B BBIÜPB ttHU^_inB^rT9_n_KBl^B_^^ BHHBBi :*^^^ Duas tragédias: falta cTágua e carestia IIMA minúscula scicclci, com; as com- pias da feira, e unia ganafa d'água conseguida na casa de uma amiga mais previdente e afortunada, são nas mãos dcsla senhora a imã- gem eloqüente das duas tragédias que assaltam o carioca: a falia d'áqua e a carestia. Ela pode carregar em suas mãos todo o «conforto¦• que consegue dar ao marido e aos dois filhos, num modesto apartamento em Copacabana. Fontes oficiais informam, sem maiores satisfações ao povo, que o forneci- mento de água será completamente cortado até a próxima segunda-feira, em lõda a cidade. Texto na 8' pági- na do 1' caderno. Todos procuram a liberdade mau u/na parte a encontra /KS agências telegróficas não se can- som de noticiar a fuga de alemccs da RDA para a Alemanha Federal. Es- quecem, «apenas», de explicar as cau- sas determinantes dessa fuga. Esque- cem, também, de revelar o outro lado da medalha. A fuga de milhares de pessoas da Alemanha Federal para a RDA. Ma 3' página do 2? caderno, pu- blicamos uma reportagem de nosso companheiro Fragmon Carlos Borges enviado especial de tiR à RDA, onde teve oportunicbde do observar de perto o fenômeno, Na' foto, o nosso compa- nheiro quando entrava em contacto corít uma familia de refugiados. i__^_0_M__M_T^ *-^_—fo__0___¦— _P^-l BW_LiM DP. "^Ü^kP^1-**ã_£ ff^^^^ÉÉÉH_Í» íV""*'- ^iBÍI^^_m_!^gB^^v?- j|&k,': wk 7^_ÉÉRn^WÊ4>*£ *'• ¦¦'¦¦¦¦¦¦ '¦'*' ';*¦¦"¦¦'> -,:» _^BbBB^BE--I---m^-^^_B^i^^_| _Kflir?«___u ¦'"'¦' í_B_B^B_Í_fi—r^R^' víww?^*íí$^^^_S3 '''^^w^-EBE_HÍ ^___kI_BHo esonesta ORLANDO B9MFIM JR. AO DIVULGAR a última entrevista coletiva de Pies- íes, a imprensa irmisla ulili/.on mais uma voz sua inegável capacidade de adulteiai lalos p declarações. Reconeu, desta feita, ao manjado expediente dos po- lemislas de pouco escrúpulo e nenhuma lazão, os quais, não sustentando o debate no seu leircno natural, ciiii- buem no advcrsáno idéias que ele nao drfrndc o passam a combatê-lo exalamenle n,,i -' "•• u M REPÓRTER perguntou a Prestes (éslávamos pre- sente ao encontro] qual seria a posição dos ro- munistas se o sr. Jânio Quadros' restabelecesse as ir- laçòes diplomáticas com a União Soviética. A resposta foi simples e clara. muilo tempo que os comunistas lutam pòr esse objetivo, pois estão convencidos de que ê!e corresponde aos mais categóricos interesses de nos- sa Pálria. Dessa forma, náo tciiam dúvida cm apoiai o alo do governo e chamar mesmo o povo as piacas públicas para se manifestai nesse sentido. N |A REDAÇÃO de certos jornais, operou se a magi- ca desonesta. Retirou-se a justificativa da res- posta, que foi podada e torcida paia aparecer em le- tia de fôrma cmno apiessacla adesão ao si. Jânio Quadros. E na base dessa falsidade viciam depois os comentários tentando achincalhar Prestes c os cpmunis- tas por aquilo que não (oi dito e nem podia lei sido, pois estaria em chocante contradição tom todas as de- mais respostas e com o texto escrito lido aos jornalistas. N CARNE: flTflCADlSIflS VENDEM MAIS CURO E SONEGAM IMPOSTO Texto no 4'pág. <Jo 1'eadL |ÀO HOUVE, da parte- de Prestes, meias-palavras na caracterização dos resultados do pleilo elei- toral: subiram ao poder as forças políticas mais reacio- nárias. Exatamente aquelas que, de modo acentuado desde 1955 a ^guerra dos cinco anos,' a que se •referiu, numa fanfarronada belicosa, o presidente da fuga mar afora pelo Tamandaié, si. Carlos Luz), se congregaram na defesa de interesses impatrióticos, Con- tra essas forcas os comunistas lularam, lutam e lula- rão. Porque elas se opõem a que nosso povo conquiste a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco- nômica; o bem-estar para todos e mais ampla d^mo- aacia. PfljAj EXISTE também o reveiso da medalha. Os mi- Ihòes de brasileiros que volaiam no sr. Jânio Quadros náo podem ser confundidos com a coiriola enlrequislo. Foiam na vaidade ludibriados pela mais desbiagada e aparátosa demagogia. E o que querem é uma mudança para a frente e não para trás, para melhor e não para pior. Sob esse aspecto, não se distinguem dos milhões de bivsileiios que votaram no marechal Loll. E é essa extraordinária força de massas que pode e deve sei mobilizada para influir na oiien- tacáo e mesmo, na composição do fuluro'qo- vôrno. O leiliço podeio, assim, virar conlia o feiliceuo. As promessas demagógicas poderão ser cumpridas, ain- da que a conlraçòslo e sob o descontentamento da- queles que as manipularam. íyjÁO SER ^ èsle o caminho acertado de lutar, dentro dn peispec.tiva que se apresenta de imediato, contia as fòiças políticas reacionários guindadas oo podei com o resultado do pleito? De fazer a elas uma enérgica oposiçáoi' CREMOS que sim. Mas é piecisamente isso que a ca- marillia reacionária náo deseja. Tinha mesmo, antes das eleições, especulado com a posição dot co- munistas no caso de uma vitória de Jânio, prevendo, ou melhor, augurando uma conduta de desesperado golpismo. Por outro lado, sabem que os comunistas, pelo seu espirito combativo e sua capacidade agluti- nadora e de mobilização, constituem fator capaz de influir sobre as massas no sentido de levá-las à luta. Dai a tentativa de lançar a confusão entre as próprias fileiras dos comunistas e simpatizantes, dos amigos e aliados, bem como de desmerecê-los perante o con- junto do povo, apresentando-os como vulgares e afoi- los cortejadores dos que saíram vitoriosos das urnas. Tudo será, porém, inútil. As palavras de Presles foram cla"as. E, mais forte ainda do qi'c elas, falará a ação dos comunista?

IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO FRONDIZI IflNIO … · nheiro quando entrava em contacto corít ... a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-nômica; o bem-estar

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Page 1: IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO FRONDIZI IflNIO … · nheiro quando entrava em contacto corít ... a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-nômica; o bem-estar

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ANO I! Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 19é0 N? 86

Diretor Executivo — Orlando Bomfim Jr. Diretor — Mário Alves Redafor-Chefe — Fragmon Borges

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FOMEIUA PRIMEIRA semana depois de elei'

Io, Jânio deu duas entrevistas àimprensa, ambas em São Pnulo. A pri-meira delas, quinta-feira passada, jáfoi um recuo em relação às suas posi-ções de candidato. Não quis dizer secumprirá ou não sua promessa dereatar relações diplomáticas comaUnião Soviética, mas fêz, em três opor-tunidades, exaltadas declarações deamor aos Estados Unidos. Evitou fazerdeclaração sobre Cuba, mas prometeuobediência à OEA, embora afirmandoque adotará uma politica externa indo-

pendente, sem explicar como resolve acontradição entre as duas coisas. Pro-meteu controlar as remessas de lucrosdas empresas estrangeiras e intcnsifi-car o comércio com os países socialis-fas, mas confirmou ao mesmo tempo suadisposição de promover a reforma cam-bial nos moldes do FMI, o que contra-'!lri^^^0^^$Mf^oA^ÍÍ Emtodas as declarações que fêz, nessa

primeira entrevista, Jânio mostrou queprocura manter-se fiel à política dostrústns que o financiaram, mas está

pr.ocupado com o sentido popular encçionaiiáia da vclcjâo que recebeu.Foi dúbio, reticente, cuidadoso. Já nasegunda entrevista, terça-feira, limita-da à televisão e ao rádio, foi um pou-co adiante (ou mais para trás. . . ), eameaçou o povo com um programa de«austeridade» do tipo imposto à Ar-

gonlina pelos impeiiaüstas ianques,com a ajuda de Frondizi. (Textos na

3' e 4' páginas do 1 caderno)

QOM O APOIO ostensivo dos EUAe do sr. Juscelino Kubitschek, o

tirano Stroessner desencadeia o maisbárbaro terror contra os patriota* pa-raguaios, prendendo, espancando, mu-ülrindo e assassinando friamente a de-zenas, na vã tentativa de esmagar acrescente resistência popular à sua dita-dura. Prisioneiros são expostos, comoferas, nas praças públicas, e cadáve-res mutilados de guerrilheiros (foto)são jogados no rio para servirem deexemplo... (Reportagem na V pág.do 2" caderno)

Dois cadernos14 páginas

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Duas tragédias:falta cTáguae carestia

IIMA minúscula scicclci, com; as com-

pias da feira, e unia ganafad'água conseguida na casa de umaamiga mais previdente e afortunada,são nas mãos dcsla senhora a imã-

gem eloqüente das duas tragédias queassaltam o carioca: a falia d'áqua e

a carestia. Ela pode carregar em suas

mãos todo o «conforto¦• que conseguedar ao marido e aos dois filhos, num

modesto apartamento em Copacabana.Fontes oficiais informam, sem maioressatisfações ao povo, que o forneci-mento de água será completamentecortado até a próxima segunda-feira,em lõda a cidade. Texto na 8' pági-na do 1' caderno.

Todos procuram aliberdade mau só

u/na parte a encontra

/KS agências telegróficas não se can-som de noticiar a fuga de alemccs

da RDA para a Alemanha Federal. Es-

quecem, «apenas», de explicar as cau-sas determinantes dessa fuga. Esque-cem, também, de revelar o outro ladoda medalha. A fuga de milhares de

pessoas da Alemanha Federal para aRDA. Ma 3' página do 2? caderno, pu-blicamos uma reportagem de nossocompanheiro Fragmon Carlos Borgesenviado especial de tiR à RDA, onde

teve oportunicbde do observar de pertoo fenômeno, Na' foto, o nosso compa-

nheiro quando entrava em contacto corít

uma familia de refugiados.

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esonestaORLANDO B9MFIM JR.

AO DIVULGAR a última entrevista coletiva de Pies-

íes, a imprensa irmisla ulili/.on mais uma voz sua

inegável capacidade de adulteiai lalos p declarações.

Reconeu, desta feita, ao manjado expediente dos po-lemislas de pouco escrúpulo e nenhuma lazão, os quais,não sustentando o debate no seu leircno natural, ciiii-

buem no advcrsáno idéias que ele nao drfrndc o

passam a combatê-lo exalamenle n,,i -' "••

u M REPÓRTER perguntou a Prestes (éslávamos pre-sente ao encontro] qual seria a posição dos ro-

munistas se o sr. Jânio Quadros' restabelecesse as ir-

laçòes diplomáticas com a União Soviética. A resposta

foi simples e clara. Há muilo tempo que os comunistas

lutam pòr esse objetivo, pois estão convencidos de queê!e corresponde aos mais categóricos interesses de nos-

sa Pálria. Dessa forma, náo tciiam dúvida cm apoiai o

alo do governo e chamar mesmo o povo as piacas

públicas para se manifestai nesse sentido.

N|A REDAÇÃO de certos jornais, operou se a magi-

ca desonesta. Retirou-se a justificativa da res-

posta, que foi podada e torcida paia aparecer em le-

tia de fôrma cmno apiessacla adesão ao si. Jânio

Quadros. E na base dessa falsidade viciam depois os

comentários tentando achincalhar Prestes c os cpmunis-

tas por aquilo que não (oi dito e nem podia lei sido,

pois estaria em chocante contradição tom todas as de-

mais respostas e com o texto escrito lido aos jornalistas.

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CARNE: flTflCADlSIflS VENDEMMAIS CURO E SONEGAM IMPOSTO

Texto no 4'pág. <Jo 1'eadL

|ÀO HOUVE, da parte- de Prestes, meias-palavras

na caracterização dos resultados do pleilo elei-

toral: subiram ao poder as forças políticas mais reacio-

nárias. Exatamente aquelas que, de modo acentuado

desde 1955 lé a ^guerra dos cinco anos,' a que se•referiu, numa fanfarronada belicosa, o presidente da

fuga mar afora pelo Tamandaié, si. Carlos Luz), se

congregaram na defesa de interesses impatrióticos, Con-

tra essas forcas os comunistas lularam, lutam e lula-

rão. Porque elas se opõem a que nosso povo conquiste

a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-

nômica; o bem-estar para todos e mais ampla d^mo-aacia.

PfljAj EXISTE também o reveiso da medalha. Os mi-Ihòes de brasileiros que volaiam no sr. Jânio

Quadros náo podem ser confundidos com a coiriolaenlrequislo. Foiam na vaidade ludibriados pela maisdesbiagada e aparátosa demagogia. E o que queremé uma mudança para a frente e não para trás, paramelhor e não para pior. Sob esse aspecto, não sedistinguem dos milhões de bivsileiios que votaram nomarechal Loll. E é essa extraordinária força de massas

que pode e deve sei mobilizada para influir na oiien-tacáo — e mesmo, na composição — do fuluro'qo-vôrno. O leiliço podeio, assim, virar conlia o feiliceuo.As promessas demagógicas poderão ser cumpridas, ain-da que a conlraçòslo e sob o descontentamento da-

queles que as manipularam.

íyjÁO SER ^ èsle o caminho acertado de lutar, dentrodn peispec.tiva que se apresenta de imediato,

contia as fòiças políticas reacionários guindadas oo

podei com o resultado do pleito? De fazer a elas uma

enérgica oposiçáoi'

CREMOS que sim. Mas é piecisamente isso que a ca-

marillia reacionária náo deseja. Tinha mesmo, iáantes das eleições, especulado com a posição dot co-

munistas no caso de uma vitória de Jânio, prevendo,ou melhor, augurando uma conduta de desesperado

golpismo. Por outro lado, sabem que os comunistas,

pelo seu espirito combativo e sua capacidade agluti-nadora e de mobilização, constituem fator capaz deinfluir sobre as massas no sentido de levá-las à luta.Dai a tentativa de lançar a confusão entre as própriasfileiras dos comunistas e simpatizantes, dos amigos ealiados, bem como de desmerecê-los perante o con-

junto do povo, apresentando-os como vulgares e afoi-los cortejadores dos que saíram vitoriosos das urnas.

Tudo será, porém, inútil. As palavras de Preslesforam cla"as. E, mais forte ainda do qi'c elas, falaráa ação dos comunista?

Page 2: IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO FRONDIZI IflNIO … · nheiro quando entrava em contacto corít ... a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-nômica; o bem-estar

— 2 NOVOS RUMOS Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960 —

Vitoriosa (em 24 Horas)a Greve Nacional DosEstivadores e Portuários

NotaSindical

o Caminhoda Unidade

Cerca de 120 mil estivadores e

portuários de lodo o país voltaram aotrabalho na manhã do último dia 19,após a realização vitoriosa do mais im-

portante movimento grevista que asduas categorias de trabalhadores regis-tram em toda a sua história de lutas.

A greve, desencadeada exatamen-te às 7 horas da manhã do dia 18, emtodos os portos marítimos e fluviais do

país, foi liderada pelas Federações Na-cionais de Estivadores e de Portuários,

que congregam 56 sindicatos e duasassociações profissionais de estivadores;e '42 sindicatos de portuários. Sindica-tos de outras categorias profissionaisque operam na orla marítima determi-naram também a paralisação do tra-

balho nos portos de Santos, Aracaju,

Salário mínimo:

os novos níveis

i todo o paísDe acordo com o decreto assinaao

p-'.o presidente da República, no últi-r ¦ sábado, são os seguintes os novosii ris de salário mínimo em vigor no

pais, desde o dia 17 do corrente:Manaus e demais Municípios do

Estado do Amuzonas Cr$ 7.040,00; Be-lém — Cr$ 7.680,00; São tuiz do Ma-ranhãe — Cr$ 5.440,00; Tereilna —

Cr$ 4.000,00; Fortaleza — Cr$ 5.920,00; Natal — Cr$ 5.760,00; JoãoPessoa — Cr$ 5.700,00; Recife i Olin-da — Cr$ 7.200,00; Maceió — Cr$ ..5.760,00; Aracaju — Cr$ 5.760,00; Sal-vador, Ilhéus • Itabuna — Cr$7.200,00; Vitória e Cachoeira de Itape-mirim — Cr$ 7.200,00; Niterói, BarraMansa, Campos, Duque de Caxias, Ni-lópolis, Nova Friburgo, Nova Iguaçu,Petrópòlis, São Gonçalo, S. João deMeriti • Volta Redonda — Cr$9.120,00. São Paulo, Guarulhos, SantoAndré, São Bernardo do Campe • SãoCaetano do Sul — Cr$ 9.440,00; Curi-tiba, Araucária, Campo Largo, Colom-bo, Iraquara • São José dos Pinhais —

Cr$ 7.200,00; Florianópolis, Blumenau,Brusque, Crisciúma, Gaspar, Itajaí, Join-vile, Orleans, Tubarão e Urussanga —

Cr$ 7.200,00; Porto Alegre, Cachoeirado Sul, Caràzinho, Canoas, Caxias doSul, Esteio, Livramento, Novo Hambur-go, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande,

, Rosário, Santa Cruz do Sul, Santa Ma-ria, São Jerônimo • São Leopoldo —

Cr$ 8.000,00; Belo Horizonte, Barbace-na, Conselheiro Lafaiete, Distrito doParque Industrial do Município de Con-tagem, Itajubá, Juiz de Fora, Nova Li-ma, Santos Dumont, São João dei Rei,Uberaba e Uberlândia — Cr$ 8.480,00; Goiânia, Anápolis, Catalão,Goiambira, Ipamerim, Leopoldo de Bu-Ihões, Pires do Rio, Silvânia e Vianópo-lis — Cr$ 6.240,00; Cuiabá, Aquidauo-na, Campo Grande, Corumbá, Guira-tinga, Poxoréu, Três Lagoas — Cr$ ..6.080,00; Guanabara — Cr$ 9.600,00;Território do Acre — Cr$ 7.680,00;Território de Rondônia — Cr$ 7.040,00;Território do Rio Branco — Cr$6.400,00; Território do Amapá — . .Cr$ 6.400,00; Brasília — Cr$ 6.240,00.

São Luiz do Maranhão e Porto Alegre,onde a greve foi total.

As conquistasComo resultado disse vigoroso

movimento grevista, os estivadores con-sjtguiram a assinatura dé um acordocom o ministro do Trabalho e o pre-sidente da Comissão de Marinha Mer-cante, que estabelece o seguinte:

1) aumento de 35*/» nos saláriose nas taxas. Esse aumento entrará emvigor 10 dias após a publicação do atono Boletim da Comissão de MarinhaMercante, que deverá ser feita até odia 20 do corrente;

2) estabelecimento de uma taxade 5% sabre e volume de tarifas decarga o descarga, destinada aos sin-dicatos de estivadores, que constituiráo fundo de férias, para concessão dorepouso anual remunerado aos i e u sassociados;

3) estender os efeitos da porta-ria 207.357/56, do ministro do Traba-lho, a todos os portos nacionais. Essaportaria estabelece que só os trabalha-dores matriculados na Capitania dosPortos até 28 de fevereiro de 1940 po-derão exercer a estiva livre;

4) publicação no «Diário Oficial»,dentro de 15 dias, do decreto do pre-sidente da República determinando oretorno das Caixas de Acidentes deSantos o da Guanabara aos sindicatos

' de estivadores das respectivas cidades.

Solida riedadtA greve nacional dos estivadores

contou com a solidariedade imediatade todos os trabalhadores da orla ma-rítima. A Federação Nacional doe Por*tuários, que nada tinha a reivindicarde específico, determinou que ot 42sindicatos a ela filiados entrassem emgreve em apoio aos seus companheirosda estiva. Mas não foram apenas esportuários que paralisaram o trabalho.O movimento grevista dos estivadores,

como já assinalamos, se estendeu a tô-das as demais categorias profissionaisque operam na orla marítima de Santos,Parto Alegre, São Luis do Maranhão eAracaju, entre' os quais, a dos confe-rentes, empregados em escritório, do-

queiros, vigias, arrumadoras, etc. EmAracaju o movimento de solidariedadefoi além, chegando a atingir a um to-tal de 18 sindicatos, que determinarama paralisação do trabalho.

Primeira greveOrganizados em sindicato desde

1903, os estivadores cariocas realiza-ram, pela primeira vez, uma greve ge-ral, no Porto do Rio de Janeiro. Mas,se essa foi a primeira grande grevedos estivadores no Porto do Rio, elafoi também a primeira greve nacionalda categoria.

Como resultado desse movimentogrevista, que chegou a ameaçar de co-lapso total o abastecimento dos gran-des centros consumidores do país, osestivadores conquistaram, em menos de24 horas, o direito de férias que vinhamreclamando há mais de 50 anos. Alemdessa reivindicação, que consubstanciauma das mais legítimas aspirações daclasse, os estivadores conseguiram queas Caixas de Acidentes de Santos e daGuanabara voltassem a administraçãodos seus sindicatos. A solução, dessasduas questões vinha sendo protelada

sistematicamente pelas autoridades go-vernamentals, que acabaram cedendodiante da disposição e capacidade deluta demonstrada pelos estivadores e

portuários.

Vitória da unidadeOsvaldo Pacheco da Silva, presi-

dente da Federação Nacional dos Es-tivadores, sobressaiu-se nessa luta co-mo um dos mais capazes e combativosdirigentes sindicais do país. Emboraparticipando diretamente de to-dos os entendimentos com as autorida-des ministeriais, que se desenrolavamdurante o dia e a noite, o presidenteda Federação mantinha ainda contato

pessoal com os estivadores dos portosde Santos e do Rio, numa atividade in-cansável.

Osvaldo Pacheco, falando à re-

porlagem de NR, declarou que a grevefoi vitoriosa graças à unidade dos esti-vadores em torno das suas entidadessindicais, e à solidariedade de todos ostrabalhadores da orla marítima, em

particular dos Portuários, cuja Federa-ção, liderada por Walter Meneses e Fi-lipe Rodrigues, determinou que os 42sindicatos a ela filiados paralisassemo trabalho. Esses líderes participaram,por outro lado, de. todos os entendi-mentos realizados entre as autoridadese a Federação Nacional dos Estivado-res.

Sobrepondo-se às divergências ocorridas no III Coiifrrcsso Sindical Na-cional, os presidentes das Confederações que abnndonaram aquele conclavevoltaram a se rcnnlr ao* seus antigos companheiros, propiciando o «.tabele-cimento de uma nova fase na luta pelas reivindicações das massas trabalha-doras brasileiras.

A conquista do nova salário mínimo — reivindicação comum aos tra-balhadórès de todas as categorias profissionais — foi o elemento que deter-minou o «agrupamento da liderança sindical, e possibilitou o lulcio da coor-denaçAo da luta em todo o território nacional, lendo cm vista vencer aresistência patronal oposta a concessão dos novos níveis salariais.

Embora mantendo-se ainda presos aos motivos quo os teriam levadoao abandono do III Congresso, os lltteres da CNTI, CNTO e CNTTT tornama formar ao lado de todos os dirigentes sindicais na luta comum cm defesadas reivindicações dos trabalhadores.

A reunião do último dia 12, realizada na sede do Sindicato dos Co-merclarlo, marcou, pelo menos essa é a nossa impressão, uma nova etapano «amlnho tortuoso e acidentado que continuamos seguindo em busca daunidade sindical.

Quando os representantes de todas as correntes quo atuam no movi-mento sindical brasileiro se reuniram na noite do dia 12, no Sindicato dosComerciados, o seu objetivo era encontrar uma forma de luta comum, queos levasse a conduzir com êxito a luta pela conquista dos novos níveis sala-riais. Os novos níveis roíam decretados pelo presidente «Ia Itepúblirm, namanhã do último sábado. Embora o aumenta estabelecido esteja aquém doque se dividiu reivindicar, essa fase da luta já se encontra superada. Tra-ta-se, agora, de atingir uma nova etapa, na qual se inclui u campanha pelopagamento imediato do novo salário e pela contenção do custo da vida.

As Confederações e as Federações e Sindicatos Nacionais não confe-derados, que se uniram para a luta em favor do estabelecimento do novomínimo, continuarão, por certo, * isso é o que se espera, a coordenar as suasatividades na - liderança da campanha nacional pelo cumprimento da decretopresidencial que instituiu os novos níveis du> salário minimo paia todo o Pais.

No próximo dia 22 teremos uma reunião Intcrsindlcal no Palácio doMetalúrgico. Essa reunião, convocada pelas Confederações com o objetivode estudar as formas de luta a se adotar para a conquista da elevação dosalário mínimo, não perdeu a sua finalidade, com a decretação dos novosniveis, uma vez que as entidades patronais cariocas « de alguns outros Estadosmostram-se dispostas a resistir ao pagamento do novo salário.

Desse modo, persistem os motivos que levaram a liderança do movi-mento sindical brasileiro a uma reaproxiinação. Se o novo salário foi decre-lado, trata-se, agora, de lutar pela plena execução do referido decreto.

Além disso, permanece na ordem do «lia do movimento operário aluta pela conquista de inúmeras reivindicações dc interesse geral .de todasas categorias de trabalhadores, dentre elas osalário móvel, o salário profissional e acontenção do custo da vida que, para seremalcançadas, exigem a atividade coordenada detodas as entidades sindicais brasileiras e,principalmente, das Confederações.

Nilson .Azevedo,

Bancários da GuanabaraConquistaram o Aumento

Oi bancários cariocas conseguiram pelo qual receberão um numente sala-

vencer em grande parte a Intransigên- rial de 35 a 30%, a partir de 1! de

cia patronal, conquistando um acordo setembro último. O recuo desbanquei-

MARÍTIMOS, P9RTUARI0S E FERROVIÁRIOS DECIDEM:

Paridade Desde Julhoou Greve Geral no País

Circa de 300 mil trabalhadoresmarítimos, portuários o ferroviários jádecidiram, definitivamente, que entra-rã* em grave na próxima dia I de ne-vombra, se até • dia 3 daquele mis•s servidores autárquicos nãe tiveremos seus vencimentos equiparados aesdoi militares, desde 1' de julho da anecorrente.

Enquanto articulam * movimentegrevista em Ioda * território nacional,o Comando Geral da Luta pela Equi-paracão enviou a Brasília uma Comis-são composta das líderes Nelson Men-donca, secretário da Federação Nacie-nal dos Marítimos; Nelson Batista deOliveira, presidente do Conselho daUnião dos Portuários do Brasil e Ge-raldo Matos, secretário da FederaçãoNacional dos Ferroviários. Essa Comis-são, quo se encontra em Brasília desdea última segunda-feira, permanecerá nanova Capital até e dia em que fôrvotada a equiparação entre os venci-mentos dos servidores civis e autárqui-cos e os dos militares.

A referid aComissão entrará emcontato com todos os líderes dos par-tidos representados no Congresso Na-cional, e lhes transmitirá o desejo dtsuas respectivas corporações, e a suaInabalável decisão de paralisar o tra-balho em todo o território nacional, azero hora do dia 8 de novembro, seaté o dia 3 daquele mis a sua rei-vindicacão não tiver sido atendida. .

O projeto enviado pelo presidenteda República à Câmara dos Deputados,restabelecendo a paridade de venci-mentos entre servidores civis e milita-res, determina que o reajustamento sejapago a partir de V de janeiro de . .1961. Mas o deputado Chagas Freitas,atendendo ao apelo dos servidores au-tárquicos, apresentou uma emenda aoreferido projeto, pela qual a paridadeé estendida aos servidores autárquicos,aos funcionários das Empresas Incor-poradas ao Patrimônio da União e aosdas empresas de regime especial. Aemenda determina, ainda, que os ven-

entos equiparados sejam pagos a

partir de 1' de julho, data em que osmilitares começaram a receber os no-vos vencimentos.

Os d * z Sindicatos Marítimos, aUnião dos Portuários do Brasil e aFederação Nacional das Ferroviários,

que já se incorporaram à preparaçãodo movimento grevista em favor da pa-ridade de vencimentos, decidiram pro-mover uma concentração na próximodia 24, às 19 horas, na Teatro JoãaCaetano, como parte das manifestaçõespúblicas em defesa da paridade.

O deputado Vasconcelos Torres,vice-líder da maioria da Câmara Fe-deral, declarou a uma comissão de por-tuários, marítimos e ferroviários flu.ni-nenses que lho foi procurar, que apre-sentará uma emenda ao anteprojetodo Executivo, estendendo a paridadeaos servidores autárquicos. Os trabalha-dores declararam-lhe, por outro lado,a sua decitão de apelarem para o re-curso extremo da greve, caso a pari-dade não esteja assegurada até o dia3 de novembro vindouro.

EM DEFESA DO NOVO SALÁRIO MÍNIMO

SindicatosPara a G

se Mobilizamrevê Gera

Milhões de trabalhadores brasilei-ros terão a sua situação mais desafo-

gada a partir do próximo mês, quan-do começarão a receber os novos ní-veis salariais decretados pelo presiden-te da República no último dia 15, e queentraram em vigor na data da sua pu-blicação no «Diário Oficial».

Por outro lado, tendo em vista quealguns setores patronais pretendemopor resistências ao pagamento do no-vo salário, os trabalhadores começama mobilizar suas forças para a decre-tação da g»*ve geral, em defesa doato do presidente da República.

Pelo decreto presidencial, os anli-

gos niveis de salário mínimo foram ele-vados.de 60% em todo o território na-cional, em caráter de excepcionou-dade.

O decreto foi assinado na manhãdo dia 15 do eorrehte, no Palácio dasLaranjeiras, em presença dos srs. JoãoGoulart, vice-presidente da República;Batista Ramos, ministro do Trabalho;Ernani do Amaral Peixoto, ministro daViação; Abelardo Jurema, líder damaioria na Câmara Federal; e de cen-tenas de dirigentes sindicais de SãoPaulo, da Guanabara, de Minas Geraise do Estado do Rio.

Pouco antes do presidente da Re-

pública assinar o decreto esfabelecen-do os novos níveis salariais para todoo país, fizeram uso da palavra o líder

gráfico Prico de Figueiredo Alvares, emnome dos trabalhadores cariocas; Cio-dismidt Riani, em nome dos trabalha-

dores mineiros; e Sindulfho de AzevedoPequeno, em nome das Confederações.

Caminho SombrioTambém fêz uso da palavra o mi-

nistro Batista Ramos, salientando os es-forços dispendidos pelo Governo vi-sando a encontrar um denominador co-muni entre empregados e empregado-rei, de modo a possibilitar o reajus-tamento salarial em bases satisfatórias.Referindo-se a intransigências de certossetores patronais, o ministro do Traba-lho declarou: «no caminho que vamosafigura-se sombria a perspectiva da•az social. Os lucros não têm limiteslegais, e a situação das massas traba-lhadoras é cada vez mais desespera-dora:->. O ministro Batista Ramos con-cluiu o seu discurso fazendo um calo-roso apelo aos empregadores para quenão criem dificuldades ao pagamentodos atuais níveis salariais.

Decreto por extençãoO pr-sidente da República decretou

os atuais níveis de salário minimo pa-ra todas as regiões do país baseadono fato de que 18 das 22 Comissõesde Salário Mínimo já haviam reconhe-cido a excepcionalidade para a revi-são do salário entrado em vigor em

janeiro de 1959. Apenas as Comissõesda Guanabara, Bahia, Rio de Janeiroe Acre negaram-se a reconhecer a si-tuação de emergência, determinada pe-Ia elevação brutal do custo da vida,

para reajustar os salários antigos.Baseado na decisão da maioria das

Comissões, e na interpretação de tex-

tos da Constituição Federal e da Con-solidação das Leis do Trabalho, o pr*-sidente da República resolveu estendero aumento de 60*/. a todas aquelas re-giões em que a excepcionalidade nãofoi reconhecida, em-virtude da intransi-

gência da bancada patronal.

Campanha pelo pagamentoEmbora o salário mínimo tenha si-

do elevado de 60%, quantia bastan-te inferior a elevação do custo da vi-da nestes últimos 22 meses, em todosas regiões do país, sabe-se que os em-pregadores, notadamenfe os da Gua-nabara, Bahia, e Estado do Rio, pre-tendem recorrer à Justiça numa tenta-tiva de sustar o aumento salarial nosreferidos Estados.

A resistência dos empregadores emcumprir o decreto presidencial poderá,entretanto, provocar a deflagração deuma grsve gernl qu» se estenderá aSão Paulo e Minas Gerais, cujos Ira-balhadores acorrerão em solidariedadeaos seus companheiros cariocas, flu-minenses e baianos.

Greve na GuanabaraA propósito do assunto nossa re-

portagem ouviu os líderes sindicais ca-riocas Benedito Cerqueira, metalúrgi-co; Orlando Mauricio Scanceti, eletri-cista; Jaime Correia, comerciário; Josédo Amaral Meneses, marceneiro; Adol-to Rodrigues, alfaiate; e numerosos ou-tros que se declararam decididos a con-duzireni a greve geral no Estado, seos empictjadores se negarem a cum-prir o decreto presidencial; que não

chega nem a restituir o antigo poderde compra dos trabalhadores cariocas.

Solidariedade nos EstadosO líder sindical paulista Luís Me-

nossi, presidente do Conselho Sindicalde São Paulo, declarou à reportagem

que os trabalhadores paulistas conti-nuarão mobilizados e prontos a açor-rerem em defesa dos seus companhei-ros cariocas, caso estes venham a de-cretar a greve pelo recebimento do no-vo mínimo salarial.

Clodismidt Riani, presidente doConselho Sindical de Minas Gerais,também salientou à nossa reportagem

que os trabalhadores mineiros não tal-tarão com o seu apoio aos cariocas,fluminenses e baianos na luta que ve-nha a ser travada pelo recebimentodo novo salário.

Assembléia monstroJá prevendo uma possivel reação

negativa dos empregadores cariocas,os líderes sindicais guanabarinos vol-tarão a se reunir numa assembléia-monstro, no próximo dia 22, às 19 ho-

ras, no Palácio do Metalúrgico, onde

apreciarão a conduta das entidadesrepresentativas dos patrões e adotarãotodas as medidas destinadas ao rigo-

roso cumprimento do decreto presiden-ciai que instituiu os novos níveis de sa-lário mínimo em todo o país. A as-

sembléia contará com a presença de

representantes de tôrlas as Ccnfede-

rações de Trabalhe 'srésj s de dirigem-

tes, sindicais paulistas, mineiros e flu-

minenses.

ros, abrindo mão de sua proposta ini-ciai de um aumento puro e simples de30%, evitou a deflagração da grevegeral nos estabelecimentos bancáriosda cidade, que seria decretada na as-sembléia realizada ria noite do últimodia 13, no Automóvel Clube do Brasil.

0 acordoO novo acordo, assinado no Tribu-

nal Regional do Trabalho pelos srs.Orlandy Rubens Corrêa, presidente doSindicato dos Bancos, e Aluizio Palha-no, presidente do Sindicato dos Banca-rios, estabelece que os salários dos ban-

cario* serão majorados nas seguintesbases: sobre os salários de 6.000 a ..Cr$ 9.000, aumento de 35%; de 9.001

a 12.000, aumento de 33%; e sobre ossalários superiores a 12.000, aumen-to de 30%, sem teto. Os aumentosserão calculados sobre o valor dos sa-

láros resultantes do acordo firmadoem 23 de setembro de 1959, compen-

sados todos os aumentos expontâneosconcedidos após a data da vigência do

acordo anterior. Nenhum aumento re-

sultante do novo acordo será inferiora 50% do salário minimo vigente no

Estado.

O secretário do Sindicato dos Ban-cários da Guanabara, sr. Antônio Pe-

reira da Silva Filho, declarou à repor-tagem que o novo ajuste foi um dosmais importantes conquistados pelosbancários cariocas nesses últimos 10

anos. Essa afirmativa baseia-se no fa-

to de que 48% dos empregados se be-

neficiarão do aumento de 35%, en-

quanto que 23% serão atingidos peloaumento de 33%. Desse modo, a gran-

de maioria dos empregados, ou seja,71 % deles, receberá um aumento quevaria de 33 a 35% .

Organização

A vitória dos bancários cariocas foiconquistada através de um movimentaorganizado de baixo acima, tendo cs- •mo base a organização das ComissõesSindicais em cada estabelecimento ban-cario. Essas Comissões, promovendoum intenso trabalho de propaganda,esclarecimento e arregimentação daclasse em seus locais de trabalho, con-seguiram manter os bancários unidosem forno do seu Sindicato, dando plenacobertura à ação da diretoria da tuaentidade, que pôde enfrentar a brtran-sigência dos patrões e conduzir a lutacom êxito, até a conquista do atualacordo, que registra a maior porcan-tagem de aumento salarial conquista-da pela categoria nesses últimos 1*anos.

Caminho aberto¦

iCom <j assinatura do acorda eaia«

rial dos cariocas, o caminha ettá abar-»to para a solução das relvindlcofoessalariais dos bancários nos demole is-tados, onde os banqueiro* mantinham-se na expectativa, acompanhando aconduta do Sindicato dos Banca* daGuanabara. A CONTEC, entidade má-xima dos bancários de todo a país,recomendou a todos os Sindicatos a alafiliados a promoção de assembléia* ge-rais, a fim de ouvir a opinião dos as-«ociados sabre a possibilidade da umacordo com os banqueiros, tendo emvista o que foi firmado na Guanabara.

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Camrmnliavitoriosa

Os bancários cariocas lutaram nos lo-cais dc trabalho, na sede do Sindicatoe nas ruas, empenhaiulo-sc com todoo cnlusipMYio na campanha salarialvitoriosa. "-':i fnío ;¦ •¦ '<. <u. nina daspasseatas realizadas na cidade.

Page 3: IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO FRONDIZI IflNIO … · nheiro quando entrava em contacto corít ... a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-nômica; o bem-estar

Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960 NOVOS RUMOS3 -

Entrevista Mostrou JânioFiel Aos TrustésMas Com Medo do Povo

Panorama 0 Governo Aindado sr. Kubitschek

Uma simples vista d'olhos sobreos comentários que a imprensa de-clicou à entrevista-plataforma dadapor Jânio, quinta-feira passada, emSão Paulo, revela a impressão dedubiedade e vacilação deixada pelopresidente eleito. O «Estado de SãoPaulo», depois de apresentar a en-? revista como uma demonstraçãode «prudência e habilidade», afirmaem seu comentário ao assunto que«o sr. Jânio Quadros não adiantoumuita coisa do que será sua políti-ca», e «limitou-se a repetir, commais prudência que quando de suasmanifestações como candidato, suasopiniões sobre alguns dos mais ím-portantes problemas do pais».

Já o «Jornal do Brasil», no edl-torial em que comenta a entrevis-ta, afirma que a impressão deixa-da por Jânio é a de que «no fun-do, as linhas gerais de sua politicanão diferem das seguidas pelos pre-sidentes brasileiros, de 45 até ho-je». E o comentarista Domar Cam-pos, em «Ultima Hora», observaque a preocupação de Jânio, na en-trevista, foi alimentar a esperançade todos, «da direita e da esquer-da», em sua politica.

Em tudo isso há um pouco.deverdade. Jânio realmente se apre-senta como um «continuador» deDutra e Juscelino, no que estes ti-veram de governos dominados pelos«grupos de pressão» do poder eco-nômico; mas êle também está preo-cupado com o sentido da votaçãopopular que recebeu. Dai o seu em-penho em falar pouco, em fazerjogo de palavras e procurai- semprea expressão menos dura, dúbia, quelhe permita «manter a esperança»de todos. Quer conservar-se fiel aosinteresses i-eacionários qup o finari-ciam, mas não está — pelo menosainda — decidido a contrariar fron-talmente a expectativa dos milhõesde hrasileiros que votaram nele es-perando uma mudança, para me-lhor, nos métodos de governo.

Fidelidade aos trustes

A fidelidade de Jânio aos interés-«es entreguistas que promoveram asua eleição se revela em alguns pon-tos fundamentais da entrevista. Porexemplo, na questão da reforma dosistema de câmbio e do chamado«confisco cambial».

fiste foi um dos pontos básicosda propaganda eleitoral de Jânio, etambém é, há vários anos, o prm-oipal «item» das exigências feitasao governo brasileiro pelos impe-rialistas norte-americanos, tantoem negociações diretas, como atra-vês do Fundo Monetário Interna-cionaí. Consiste, por um lado, naeliminação dos controles do Esta-do sobre o mecanismo cambial, pa-ra que este fique inteiramente en-

tregue à voragem dos grandes gru-pos de negócios norte-americanosque dominam o nosso comércio ex-terior, e para que o campo fiqueinteiramente livre para as emprê-sas estrangeiras no pais remeteremseus lucros para o exterior; e, poroutro lado, na concessão de maiscruzeiros por cada dólar arrecada-do pelos exportadores de café, queassim não pagarão nem uma mini-ma parte das escandalosas subven-ções que recebem do governo fede-ral.

A este esquema cambial do FMIos economistas a soldo do imperia-lismo chamam de «câmbio livre»,«câmbio verdadeiro», «eliminaçãoda multiplicidade de taxas», e ou-tros eufemismos semelhantes. Naverdade, êle representa o inteirocontrole das receitas de divisas dopais por grupos econômicos estran-geiros, particularmente norte-ame-ricanos. Foi aplicado, por pressãoianque, através do FMT, na Espa-nha, na Argentina, no Chile e emoutros países. Na vizinha Argenti-na, mais próxima, o povo brasilel-ro tem tido noticias mais frequen-tes das conseqüências dessa capi-tulação ao imperialismo: a bruscadiminuição da produção industrialdo pais, o desemprego, um surto semprecedentes de caresüa, e acaban-do na entrega do petróleo, na amea-ça constante de guerra civil e naditadura militar reacionária.

Interpelado sobre o assunto, emsua entrevista do São Paulo, Jânioainda tentou tergiversar. «Nuncafalei em extinção do confisco cam-bial, mas sim em supressão», disseêle, procurando confundir, como sehouvesse uma diferença muito im-portanto entre as duas palavras.Procurou também embaralhar, pc-Ia mistificação, o seu objetivo desatisfazer ao FMI, afirmando quevai restabelecer *a verdade> cam-bial.

Apesar de todas essas «manobrashábeis», no entanto, Jânio deixouclaro que é contra a «multiplicidn-de de taxas», e que se dispõe a pro-mover, tão

' cedo quanto possível,

«através de medidas progressivas',as reformas preconizadas polo FMI.

A partir dessa promessa de re-forma cambial ficam desde já inva-lidadas duas outras afirmações deJânio, em sua entrevista: a de quepretende instituir um controlo dasremessas de lucros das empresasestrangeiras, r a de que se dispõea promover a intensificação do co-mordo exterior brasileiro com ospaíses socialistas. São providenciasinteiramente contraditórias. È im'-possível qualquer controle das re-messas de lucros num regime de•¦câmbio livre». E este regime, damesma forma, entrava o clcscnyol-vimento do comércio com os paísessocialistas, os quais por sua própria

organização econômica, só podemmanter trocas estáveis e em volumeconsiderável através do sistema decâmbio oficial, em operações degoverno para governo.

O próprio Jânio, aliás, não pôdeescapar a essa contradição. Em suacampanha eleitoral êle falava, comobjetivos demagógicos, em «reco-nhecimento da China Popular> eem reatamento das relações diplo-máticas com a União Soviética.Agora, em sua entrevista, êle ape-nas «não excluiu» a possibilidade de«relações comerciais» com a China,e nem sequer quis falar em rela-ções diplomáticas com a URSS: fu-giu à pergunta que lhe fizeram,sobre isso, afirmando que «se tra-ta de problema de politica externaque resultará da ação conjunta dofuturo governo». Já estamos mui-to longe das «ousadias» da campa-nha eleitoral.

Política externaNa questão da politica externa

essa contradição entre as afirma-ções demagógicas de Tânio e seuscompromissos com o imperialismosão ainda mais evidentes. Em de-terminada altura da entrevista Já-nio afirmou que dará ao pais umapolítica externa de independênciae soberania, e chegou a dizer que«o Brasil tem a sua tradição de an-tiimperialismo e anticolonialismo»,e que ele manterá essa tradição, emseu governo. Pouco antes, entre-tanto, ele afirmara que «cumpriráas obrigações que o país contraiufrente a OEA». São coisas incon-ciliáveis. Os compromissos com aOEA são por excelência os intru-mentos da dominação imperialistados Estados Unidos na América La-tina. Um deles, por exemplo, é oTratado do Rio de Janeiro, à basedo qual foi feita a entrega da ilhade Fernando Noronha aos imperia-listas ianques — entrega que omesmo Jânio muitas vezes criticou,em sua campanha eleitoral. Só umsimplório, ou um hipócrita, pode-ria afirmar as duas coisas ao mes-mo tempo. E Jânio nada tem desimplório.

Não há um só ponto de sua en-trevista em que Jânio não mostreessa vacilação entre as duas for-ças que o elegeram: os que o finan-ciaram, o os que nele votaram. Sn-bre Cuba. por exemplo, quis fazernova declaração, aludindo apenas adois discursos pronunciados no Rio;mas já sobre a Argélia, onde a po-sição dos lAstados Unidos é me-nos definida, tomou ânimo e -mesmo já havendo falado sobre oassunto durante a campanha — feznova c «corajosa» declaração deapoio á luta do povo argelino. Aquestão da reforma agrária é ou-tro exemplo. Durante a campanha,

no CONCLAP, Jânio afirmou, cia-ramente, que entende a reformaagrária como um sistema de sub-venções oficiais ao latifúndio im-produtivo, para que este «tenhacondições» de produzir. Já na entre-vista êle foi menos incisivo, masnão desmentiu a posição anterior:encobriu-a num malabarismo ver-bal, ao afirmar que apoiará «qual-quer medida que objetive o aprp-veitamento do latifúndio improdu-tivo». É a mesma coisa, só que di-ta de modo mais «hábil».

Prestes com a razãoA entrevista de Jânio confirmou

assim que Prestes tinha razão, aodefinir a. posição dos comunistas sô-bre as eleições, na edição passadade NOVOS RUMOS. Jânio está en-tre dois fogos, preso aos seus com-promissos com as forças mais rea-cionárias e entreguistas do país, masao mesmo tempo consciente de quenão poderá impunemente ir contraa vontade dos milhões de brasilei-ros que votaram nele, com base emsuas promessas. Está nas mãos dopróprio povo brasileiro, através dapressão que exerça sobre o futurogoverno, resolver a seu favor essagrande contradição que se mani-festa na vitória de Jânio.

_ ii.-„„ <n<ffrff«s« âa. oninião pública ficou centralizadacm torno de uma blp«f?'^ •£" ,, em que o próprio Jânio procura man-alimentado pelo clima de *~g"_JJ qe"sa cLiosidade em torno do fu-ír^y^JffiT^KrWhSrt- nas ruas, nos sindicatos,n°S 'Tcois"

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a ÍÀSKSSZt SS?4« * Kubltschek viu-se obriBado s flrmar •demWRairíta-íe

de impedir que. essa conquista dos trabalhadores seja

anuladaKPela'voragm dos íreçoSq A cada aumento de salários tem corres-

nonddo um aumento Igual, ou mesmo superior, em poucos mese , do»

Srecòs da" mercTdorias, uma vez que a grande maioria dos comerciantes

fica apenâsTespera dó decreto governamental para forçar um novo salto

no cusWevida; Favorecido» pelo acréscimo no poder de compra da po -

nulacãoe nâo tendo a temer qualquer repressão oficial, os sindicatos de

ffarõe.; ficam assim livres para multiplicar seus lucro., . para desmorall-

zar, aos olhos do-povo. a luta pelo aumento de salários ,„,„_„, aa.Cabe aos trabalhadores lutar para que essa maquina Infernal,

^queestá azeitada para funcionar também desta vez, seja pelo «>«»-»¦cada pela acãb do governo. Sem a contenção dos preços, o aumento do

Slirto mínimo não serve senão para recuperar durante »»«^™ »"";««dias o poder aquisitivo dos trabalhadores, devorado pelos aumentos de pre-ços an£rit™essjuUs

esperam os trabalhadores, ainda no governo Kubitschek.O reajustamento geral dos salários, com base no novo salário mínimo, atransformação em lei do projeto de paridade de vencimen os entre un-cionários civis e militares, a aprovação de uma lei sobre o direito de greve,que atenda aos interesses da classe, sao algumas delas.

Interessando de perto aos trabalhadores, mas também a todo o mo-vimento nacionalista e democrático, existem igualmente muitas reivindica-ções a serem exigidas do sr. Kubitschek e seu governo. Nao ha razão algumapara que se deixe para o próximo governo e nao se exija deste que ai esta,por exemplo, o reatamento de relações diplomáticas com a União Soviética,ou a adoção de uma política não subserviente ao Departamento de Estadoianque, em relação ao povo cubano. '

A atenção e o empenho do movimento nacionalista e popular estãosendo da mesma forma solicitados pelos trabalhos do Congresso Nacional,nos próximos meses. Diversos projetos, de grande Interesse para o pais epara o povo, estão sendo discutidos ali: a lei de diretrizes e bases da edu-cação, a de anistia para os crimes políticos, a de reforma do Art. 58 da LeiEleitoral, a de nacionalização das carteiras de deposito dos bancos estran-geiros, etc. A pressão dos nacionalistas e de- _^_____mocratas poderá ser fator decisivo para asua aprovação, ainda este ano. Como se vê,o assunto ainda é o governo Kubitschek. Che-gara, a seu tempo, a vez de saher n queJânio vai ou não fazer de sua vassoura.

Renato Arena

Lott Prega a Continuação Atéa Vitória Final da Luta Nacionalista

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Vários pontos de grande impor-táncia ressaltam do manifesto di-vulgado segunda-feira última pelomarechal Lott sobre as eleiçõesSegundo o candidato nacionalista,a campanha eleitora! serviu paramostrar ao pais a ação nefasta dosgrupos econômicos, bem como oprocesso de mobilização que cmpol-ga á

"opinião pública nacional, para

a vitória próxima e final das cau-sas nacionalistas. O marechal de-nuncia a demagogia de Jânio, cujacampanha «contra a carestia» foifinanciada pelos mesmos gruposeconômicos que se beneficiam coma alta do custo de vida, e procla-ma a necessidade de uma reformado regime, de maneira a que se im-peça que as eleições sejam apenas.campo do demonstração da in-nüência eleitoral do poder econô-mico. •

É o seguinte, na íntegra, o mani-festo do Marechal Lott:

«Outro objetivo não mo arras-1011 à campanha que vem de serencerrada, senão servir à democra-cia e aos interesses supremos cioPais. Minha candidatura surgiuexatamente para atender aos recla-mos de importantes forças políticase populares. E não foi sem relutamcia, e sem sugerir mesmo, antes edepois de candidato, outros nomesde eminentes brasileiros, que acediem ir às urnas.

A árdua luta em que me empe-nhei, não somente me trouxe a po*sibilidade de conhecer e admirarexcelentes companheiros, como ser-viu para revelar ao Pais, em toda asua extensão, a nefasta influênciaeleitoral do poder econômico, queme coube enfrentar e combater, ri-vemos de lutar denodadamente pa-ra encontrar os escassos meios depropaganda de nossa candidatura ede divulgação das idéias e proposi-tos de nossa campanha.

Processos divisionistas criaram

suspeitas, que só poderiam ser ami-ladas com igualdade de recursos, enão tínhamos como alcançar essaigualdade. Católico praticante des-de a meninice, sem interrupçõesnem desfaleeimentos na fé que her-dei dos meus maiores, cheguei aser apontado como contrário à Igrc-ja a que pertenço. Admirador dapujança econômica de São Paulo,apareci como inimigo da sua grau-deza, quando apenas buscava pon-(os de referencia para uma evoni-ção mais tranqüila e monos peri-gosa de nosso federalismo. A cxal-tação da função igualitária da esco-Ia pública, em que sempre vi umaescola de democracia, fundada naausência de privilégios, acabouapresentada como perseguição aoensino particular. As intrigas e mis-lificações assim armadas ¦— a quenão faltou o criminoso noticiário deminha renúncia o de me encontrarmesmo gravemente enfermo - ntoá própria hora do pleito, oram ca-legòricamento desmentidas, mas adivulgação ria contestação exigiamoios que não possuíamos ou quenão podiam entrai' cm paralelo cqmos usados na repetição das lalsida-des e das promessas demagógicas.A esse respeito, merece destaque es-pecial a intensa o perigosa canya-nha contra a alta do custo de vida,a que se entregaram os antago-nistas, financiados, precisamente,pelos beneficiários da inflação, atra-vés de exagerados lucros obtidos aconta da miséria do povo. -

«Estes são problemas mio o re-gime terá que resolver, se quiserrealmente valor como democraciae não apenas como campo do de-monstração da influência eleitoraldo poder econômico.

No cumprimento da missão que' me foi confiada, empenhei-me afundo para levá-la a bom termo.Fui sincero o coerente, não dizendoao povo senão o que corresnondes-

se às minhas idéias e à minha ori-cotação. E verifiquei, com pátrio-tico orgulho, que a opinião nacio-nal so mobiliza, dia a dia, para avitória da causa nacionalista; pa-ra a defesa da Polrobrás. paraque soja uma realidade a Eletro-brás, para o combato sem tréguasaos monopólios parasitários, para aconsecução de um real desenvolvi-monto, alicerçado em capitais bra-sileiros, para que aqui se acumulea maior parlo dos lucros obtidos ese permitam investimentos cada vozmaiores na soma do poupanças quenos pertençam. >

Vitória próximaDesvaneço-mc de haver conenr-

rido para que as teses o reivindica-ções do desenvolvimento económi-co, da justiça social c da educaçãopopular se aprofundem cada vezmais na consciência do nosso povo.O expressivo número de votos queas urnas nos conferiram, numacampanha isenta de mistificaçõesdemagógicas, bem evidencia a re-ceptividade de tão altos ideai;-, cr s-lãõs o democráticos, em cuja pre.-gação urge prosseguir para quenum futuro próximo se tornem p'e-namente vitoriosos. Só assim a'can-ça remos o grau de progresso c bem--eslur social que a Nação reclama.

•proporcionando aos trabalhadoresrias cidades o dos campos aquelasmínimas condições de vida a queaspiram, dignas do seres humanose civilizados.

Aos oiic. com persistente e dedi-cado esforço, muitas vezes com sa-orifícios, tornaram possível á roa-lização de nossa campanha nacio-nalista, c a Iodos os que me honra-ram com o sc.U apoio r os seus su-frágios, manifesto o penhor do meureconhecimento.

Que a Providência Divina asso-puro dias de paz e prosperidade aipovo brasileiro, ta) Henrique Lotta

Fora de Rumo Ypaófò MólfrAlfaió

I)e demagogoa aerobata

Preso a compromissos com o que há tle pior cm matéria 'Ir cnlrcguismo e

reação no pais, mas ao mesmo tempo preocupado com o sentido popular c

nacionalista da votação "que recebeu de milhões de Irabalhadorcs.Jánip mostrou

rm São Paulo que está disposto a fazer acroliacias espetaculares, para não

romper a contradição arrastada em sua vitoria.

Em seu livro sobre o começoda Idade Módia na ¦Alemanha,

Franz Jlchring alude à tragédiailos cavaleiros andantes, que vacl-lavam, como a pequena burguesiade hoje, entre a defesa dos mtc-rèsses das classes exploradas e das<lasses exploradoras. KstA n sr Ja-nio Quadros mnis nu menos uossecaso, o que se pode admitir semestabeleopr muita analogia entreéle e 1). Qiiixoíe. Isto seria "fen-der tremendamente o EngenhosoFidalgo. Seria talvey. mais erradoque nivelar o Rocinante a um ca-valo de pau, Teito com cabo devassoura.

Quais serão os reflexos tio umatragédia na personalidade cie umhomem como o sr, Quadros? Alestá um tema apaixonarão, ciosa-fiando a perspicácia de políticos,sociólogos, ensaístas o módicos devárias especialidades,

Na verdade, c incômoda a posi-ção do modesto Falstafi de Mato

Grosso. Como poderá ôle agraciarnossos bons vizinhos de Wall Street, fazer a politica dos plulocralasria velha e da nova classe cio SãoPaulo c ao mesmo tempo não desi-ludir nem revoltar milhões de bra-sileiros que votando em seu nomeacreditavam que vasculharia lantasujeira acumulada?

>'âo são poucos os heróis c|eCcrvantips p Shakespeare que andampor ai assustados. A Inquietaçãolavra mais forte, por sinal, entredonos, Interessados, colaboradorese assalariados da vitória de 3 deoutubro. A eles, nos vencedores, asbatata.s!

Que vimos na primeira enire-vista do sr. Jânio Quadros" Re^-postas reticenciosas, extraídas agancho em frases policiadas. Umcomeço cie lupa de abandono decompromissos.,Um demagogo cuca-bulaclo inuit,. poitl.rafelto sob os ja-tos de luz íorle das gambiarras.

Os i|lli- se Rflillgcm entre nsmnis atrozes apertnras, no entanto,são os fulgurantes senhores dascúpulas iln II>N. Alguns deles nne-r mu sepultar, com sete palmo-, deteria, o partido dn eterna \iíilániVi. Outros pretendem, confuniierst:í em moda dlv5?r-sp, dinamiza-Io. Na verdade, h :i de oubihrn «l;I>N perdeu a carlola mágica daoposição. Nau mais poderá tirar co-pVios dessa cartola c ao mesmoi nipo níui passa » ser govfirno. Onovo dono <la bola é homem quenão dá cartaz a ninguém, Nos co-miolos já avisava que nâo tinhacompromisso com os partidos.

Kis a grande questão que *"apresenta aos vencedores de 3 ilroutubro: impedir que os eleitores'rio campo nacionalista c ns que vo-laram por engano cm Jânio Qua-rlros se apresentem unidos em piei-ms futuros e nas lutas do dia adia por uma efetiva mudança dasituação.

Page 4: IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO FRONDIZI IflNIO … · nheiro quando entrava em contacto corít ... a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-nômica; o bem-estar

r

_ 4 NOVOS RUMOS Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960 —

Romano Fecha os Olhos Enquantoo Preço da Carne Sobe Sem Parar

O sr. Guilherme Romano, presi-dente da COFAP, engavetou o proces-so do chamado problema de preços dacarne depois de determinar uma libe-ração de fato dos quartos dianteirosdo boi, de onde se extraem os tiposde carne de segunda e terceira quali-dades, que passaram a ter uma únicaclassificação, de segunda, que estavamtabelados. Engavetado o processo, oassunto não chegou a ser discutido noPlenário da COFAP e a liberação foifeita pelo próprio sr. Romano, pelo seuconhecido sistema de fechar os olhosao «câmbio negrov.

Como resultante dessa desastrosa

politica de preços, que somente estáinteressando aos atacadistas e ao pre-sidente da COFAP, a carne de segundanão mais se encontra no mercado devarejo, pois passou a ser vendida comocontrapeso da de primeira, que já estásendo comercializada dentro de u m a

faixa de Cr$ 170,00 a Cr$ 300,00 porquMo. Nos chamados «mercados dos

produtores», organizados pelo Conse-lho Coordenador do Abastecimento, ór-

gão da Presidência da República, ondeo produto é vendido pelos atacadistas,diretamente ao consumidor, a carnebovina subiu de Cr$ 120,00 para Cr$135,00 por quilo.

Os preços já ultrapassam, pois, oslimites do suportável, segundo declarouüm dos técnicos do C.C.A., «m parecerao presidente da COFAP.

Essa politica não interessa a o s

consumidores, que deixaram de adquiriras quotas habituais de carne, e neces-sárias ao organismo humano, como ali-mento plástico, fornecedor de proteí-nas. Deixou de interessar, também, aosaçougueiros, cujos negócios estão sen-do reduzidos, pela retração dos consu-midores e a conseqüente queda do con-

Seminário de EstudosSobre a Revolução Cubana

Belo Horizonte Ido Corresponden-te) — Sob o patrocínio do DiretórioCentral de Estudantes da Universidadede Minas Gerais iniciou-se no dia 10último, o Seminário de Estudos sobre «A

Revolução Cubana . Arnaldo Murthé,«x-vice-pre5idente da U.N.E., falou na-

quela oportunidade sobre sua recenteviagem ao país de Fidel Castro. Gran-de foi o número de estudantes, intelec-tuais e operários que compareceu à

sede do D.C.E., travando-se, após o

término da palestra, vivo debate.Nesse mesmo dia inaugurou-se a

exposição volonte sobre Cuba, cons-fando de fotografias e dados estatis-ticos sobre a revolução cubana. Esta

exposição volante correrá todas as fa-

culdadai de Belo Horizonte, nas quais,paralelamente, serão realizadas con-

ferências sobre os mais diversos pro-

blemas da terra de José Marti. Assim,na Faculdade de Arquitetara serão de-batidos os planos de urbanismo queestão sendo levados a efeito em Cuba;na Faculdade de Medicina serão obje-to de análise os planos de assistênciamédica; na de Ciências Econômicas, aReforma Agrária empreendida peloI.N.R.A.

O seminário encerrar-se-á com um

júri simulado na Faculdade de Direitodo U.M.G.

Manifesto de solidariedadeApresenta já um grande número

de assinaturas o manifesto de solida-riedade à declaração de Havana, queestá correndo n O s meios intelectuais,estudantis e operários de Belo Ho-rizonte.

sumo em quase cinqüenta por cento.Quais são, pois, seus aproveitadores ?

Atacadistas

Não são outros senão os ataca-distas que, vendendo os quartos dian-teiros do boi no «câmbio negro», ob-têm duas vantagens; lucro excessivo,porque fixam os preços que bem que-rem e entendem; (atualmente estão co-brando entre Cr$ 70,00 e Cr$ 90,00por quilo do «dianteiro» que é tabe-lado a Cr$ 39,00 no Estado da Gua-nabar e Cr$ 38,00 em São Paulo e BeloHorizonte) e sonegação de impostos.

Ora, se existe uma tabela de pre-ços da COFAP, oficialmente em vigor,os atacadistas pagam impostos, legal-mente, calculados sobre o preço ofi-ciai. E não fazem qualquer declaraçãoda parte que recebem «por fora» dosaçougueiros.

Que interesse tem o sr. Romano de

permitir esse sistema de negócio ? Erealmente suspeito. O presidente daCOFAP protege os atacadistas contraos consumidores e ainda promove a so-negação dt impostos aos cofres da Na-

ção.Recentemente, quando alguns re-

pórteres lhe perguntaram que soluçãoiria dar ao problema da carne, respan-dou: «A coisa vai bem, estou agora

preocupado em «acertar» a escrita daCOFAP, estava tudo desorganizado».Não explicou, entretanto, que coisa «

que vai bem.E enquanto o sr. Romano age as-

sim, como delegado dos atacadistas decarne na Presidência da COFAP, o mi-nistro do Trabalho se omite e nenhu-ma providência determina para fazerfuncionar um órgão que é subordinadoao seu Ministério.

IHi KflyLMI Hül< ,; ~& '*¦< ¦¦*¦'¦'*•

Lm' '

E proibidocomer carne

Tara a menina pobre, com o rosto refletido no espelho da balança, a fraseestá precisando ser completada. Não apenas "é proibido tocar na carne", comoé proibido comê-la. Cont o quilo de carne a 200 cruzeiros, milhões de laresbrasileiros estão coagidos a aderir ao vegetarianismo. Ou estão simplesmentecondenados à fome.

Sindicatos Exigema Prorrogaçãoda Lei do Inquilinato

Jânio Repete Frondizie Pede Que o PovoPasse Mais Fome

As Confederações Nacionais dos

Trabalhadores recomendaram a todas

as entidades sindicais a elas filiada*

que enviem telegramas aos líderes de

todos os partidos representados na Cá-

mara Federal, solicitando-lhes a prorro-

gação imediata da Lei do Inquilinato.

Essa decisão foi adotada na reu-

nião lntersindical realizada na noite do

dia 12 último, ra sede do Sindicato dos

Comerciários da Guanabara, e que con-

tou com a participarão dos srs. Deo-

cleciano de Hollanda Cavalcanti, pre-

sidente da CNTI; Ângelo Parmigianni,

Exposição

de Portinari

em Praga

Uma nova exposição de obras dePortinari foi inauguraria recentementeem Proga, o n d e o artista brasileiro,Prêmio Internacional da Paz, conta

grande numero de admiradores.

O primeiro vice-minislro do Ensi-no Público e Cultura, V. Kristek, íalan-do sobre a mostra, disse tratar-se deuma imporiante contribuição para oestreitamento dos laços culturais entreo seu país e o Brasil.

Na exposição, que é a terceira

que Portinari rsaliza na Tcliecoslová-

quia, figuram 60 quadros do artista,correspondentes quase todos ao último

período de suas atividades.

presidente da CNTC; Sindulfho de Aze-

vedo Pequeno, presidente da SNTTT;

Osmildo Stafford, secretário da CON-

TEC; Othon Canedo Lopes, presidentedo Sindicato Nacional dos Aeroviários;

além de centenas de dirigentes sindi-

cais cariocas e fluminenses, • de uma

comissão de líderes de São Paulo, com-

posta pelos srs. Dante Pelaccani,, José

Bustos e Antônio Dozo.

Comissão a Brasília

Ficou decidido, por outro lado,

que se organize uma Comissão Je Di-

rigentes sindicais de vários Estados parase dirigir a Brasília • transmitir pessoal-mente, aos líderes das bancadas na

Câmara, o apelo dos trabalhadoresbrasileiros para que seja prorrogada aLei do Inquilinato.

«Sei que nos primeiros meses demeu governo não agradarei a muitos,inclusive àqueles que me apoiaram; sei

que sacrificarei até minha popularida-de; mas garanto que ao deixar a Pre-sidência terei o reconhecimento até do»

que me combateram».Com esta declaração típica do

«frondizismo», Jânio mostrou em SãoPaulo, na noite de terça-feira última,em nova entrevista à televisão, que es-tá com o dedo no gatilho para imporao Brasil o chamado programa de«austeridade» adotado pela Argentina,

por pressão dos imperialistas norte-americanos.

Por coincidência, talvez, ou porpadronização das instruções do FundoMonetário Internacional, até nas pa-lavrai Jânio repete Frondizi. Este fêz,com efeito, também logo depois deeleito, declarações minuciosamenteiguais. Apenas acrescentava um pra-zo: «dois anos de austeridade» — di-zia. Mas este prazo já foi igualmentefixado pelo governador Carvalho Pin-to, em declarações feitas à imprensana segunda-feira última. Afirmou êle

que Jânio tem um programa de doisanos para a «recuperação das finan-

ças» do país.O sentido das declarações de Jâ-

nio t claro. Em vez de ameaçar os

tubarões e os grupos econômicos queengordam à custa do povo; em vez de

programar para os milionários e im-

perialistas medidas de austeridade, êlevolta-se é contra o povo, já sacrificado,e o ameaça com medidas de privação.Outro não pode ser o sentido de sua

previsão de que '.sacrificarei até a mi-nha popularidade¦¦>. Qualquer medida

que êle tomasse contra os Irustes e tu-barões, e não contra o povo, aumen-laria a sua popularidade, ao contráriode diminui-la.

Jânio esto assim, desde logo, pre-parando o terreno paia uma políticade governo antipopular. É a politica

tradicional:., ditada pelo FMI a man-cio de Washington-, liberdade para aespeculação cambial dos Irustes ian-

quês, cm vez do rigido controle dasdivisas estrangeiras em benefício dodesenvolvimento do país; contenção desalários, em vez de contenção d o s

preços; combate ao crédito industrial,em vez de promoção da industrializa-

ção. E, como conseqüência, o desem-

prego, a miséria das massas, a dita-dura dos frustes.

Ameaça ao CongressoA entrevista de Jânio à TV, com-

pletando a outra, dada quinta-feira

passada à imprensa, foi claramente

preparada pelo próprio entrevistado,com o objetivo de retificar e reforçarcertas posições, em face. da evoluçãodos acontecimentos políticos. E nessesentido que deve ser entendida a amea-

ça indisfarçada que fêz ao Congresso,apontando-lhe o caminho do «descré-dito» e do fechamento, e a «mão es-tendida» que ofereceu a Jango, pro-metendo-lhe «respeito • e afirmandocomo mantém com êle boas relações.

Jânio revela assim a sua preocu-pacão com os movimentos de oposiçãoe resistência que se articulam no Con-

gresso e no PTB, em relação ao seu

governo. Alegou êle que essa hoslili-

dade é '.gratuita-, pois ainda nem se-

quer tomou posse, Mas a sua própriaevolução de candidato a presidenteeleito prova que não o é. Candidato,

êle prometia o paraíso e mais alguma

coisa para o povo. Já na primeira en-

(revisto è imprensa, como «leito, ficou«prudente e hábil», evitando compro-missos. Na segunda, já promete aberta-mente maiores sacrifícios para o povo.

O povo já espera a terceira de-claração de Jânio, com a mão no bôl-so e no estômago.

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.'• i ¦¦¦'¦¦¦ ..';..- -; .i . .... -.*-r*- í~vntmn -«t*»~., ¦.-,-¦¦ ., ,.,»„

Carestia empurra

para o morro

0 alto preço dos aluguéis de casas c nparlamenlos, principalmente para os

recem-casados e os que chegam de outros listados, é uma constante pressão

para o aumento da população que vive em favelas. Os jornais andam cheios

de anúncios de apartamentos vazios, (pie assim continuarão por muito tempo,

pois u.s seus preços são proibitivos.- -í

2004 — revisfa

dá Petrobrás

Recebemos e agradecemos o prt-meiro número da revista mensalilustrada (referente a setembro)«2004», editada pela Associação dosEmpregados da Petrobrás. Não e,portanto, um órgão oficial daquelaempresa. E é, por isso mesmo, co-mo publicação não técnica, não es-pecializada, destinada ao grandepúblico. O objetivo de seus funda-dores parece ser justamente este:criar uma revista de ampla circula-ção que contribua para dar a co-nhecer as iniciativas da Petrobrása leitores que não suportariam lerrelatórios recheados de cifras. Epelo menos neste primeiro númerode 2004 estão em bom caminho.Apresentam em sua revista umacolaboração variada, algumas assi-nadas por nomes conhecidos nosmeios intelectuais, como o prof es-'sor Hermes Lima (Significação po-lílica do nacionalismo), NelsonWerneck Sodré (Os heróis do Pe-tróleo), Augusto Meyer (João Ri-beiro ensaísta o críMco), além depoemas de J. G. de Araújo Jorgee Murilo Araújo, crônica de Antô-nio Maria, além de outras produ-ções de interesse.

A revista se distingue pela va-riedade de seções, inclusive repor-tagens referentes ás atividadesatuais da Petrobrás, além de tra-balhos de divulgação cientifica, co-mo o que trata da propulsão a jato(¦artigo do Cláudio Freire).

São diretores de 2004: Ennor deAlmeida Carneiro, João Batista deAlmeida Gnr-MPiro e Antônio LuisOlivieri Pereira.

V

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Jurandlr Guimarães

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NOVOS RUMOSDiretor

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— Rio de Janeiro, semana dc 21 a 27 de oulubro de 1960 NOVOS gilMOS

ii >

MORREU UM"Noite e Esperança" r | E N T I S T A BR ASILEI RO

Siio multo tioucos, na novolisiica biusllciru, os autores que liuscami Vfl ia ,• ii mescn Ifio rico dc dramáticos confl tos, <i"«' existe no

m,ÍÜo o .lo « Srtr ¦».« »s S....K rolvindlea«õu? econômicas, ash.i, ,

' i ssc as suas butnlbns políticas, a sua marcha pura a trento

""¦¦-«.inhn ia htalôrta Stre ossos loucos, que silo mesmo pouquíssimos,sil.» í r<.... I» e contista Milton .-densa, cuja novOlu Noite e bp*v ,,es r 1-. b mais .le «le/. anos mu so" agora (luda a limie vem >m«,

apenas consòll«lír Una posição já firmada eonvn ainda colocar definitiva-S: seu autor entre os melhores Hedonistas da nossa literatura.

Tive oporiunidiide <!<• ler Noite o Esperança quando acabava de serescrita c

'íiii a seirundu leitura, realizada agora, não íh. senão confi.ii.ar -,

tatóò ane exiarnol entflo, «ni simples .....versa - é uma noVcla que se podeí m bcsItâiSo classifica-dc obra-prima. Dentro das proporções e das carac-terisiicas d Vner... não sei de nada entro nós que apresente melhore», qua-lidados reunidas mm todo assim harmonioso, em que a pesada densidadeemocional nfto extravasa nunca a linha sóbria da construção e da expressão.

A matéria da narrativa é bastante reduzida, extraída do um fatoco-mum so 1 em que monstruoso, o seu desenvolvimento se processa num plano

o, uniforn, •, mm desvios, sem superfluidades, sem complicações«ter.-aiimrido-su os capítulos entre si logicamente, passo a passo, tudo en-

tretanto m crescendo de emoções que subjugam o leitor ale a ultima, «ina O operário João Luiz é um rapaz normal, mor gerado, honesto bom

c ofe de família, preocupado unicamente com o seu trabalho na fabrica econo modesto bem-estar da mulher e dos filhos. l>rcs„ um dia por meras s>etá e participação na atividade revolucionaria do uma ««Mula como-mX sofre o diabo nas garras da policia política, furiosamente empenhada"m

arVS.Ihe confissões e delações, coisa, no entanto, impossível no casode jòab Luís, que não pertencia a nenl.un, partido nem exercia qualquercsnécle de atividade política. Eis aí o lastro da história, uma história em simesma tom magra, c aliás banal, quase rotineira, nos .«*%£ff^multo distantes e não inteiramente superados, em que o arbítrio policial,dominado pelo ódio anticomunista, dominava este Pai» com o seu ódio e aÍTSSSdade. Hlns o novelista soube faaer dessa nagra história uma ge-nuina ol.ra de arte, descobrindo nela uma substancia ficc.onal do mais altoteor, e infundindo-lhe uma palpltação de vida cuja força Interior se sobre-põe a tudo.

As cenas de espancamento a que è" submetido João Lula, com incrívelbrutalidade, são narradas com agudo senso realista, em seqüências «le ex-trem tonsáo, sem contudo descambarem na fácil descrição do hor r pelohorror. O capitulo 8. por exemplo, é cm tal sentido uma realização literáriae artística «le primeira ordem, em <|ii<- a invenção nnag.stica intervém comInteira naturalidade, impregnando a cena de tremendo poder de sugestão.Estão que nos leva a compreender em sua profundidade o papel d«Bni-Dentado pelo horror na trama da história narrada. O horror é uma condiçãointriiiscea dc toda a narrativa, o fator que produz inconscientementie — ediàlèücamento — a germinação do seu contrario: o desabrochamento, navítima do horror de uma consciência até então adormecida e que e desnter-*ada. subitamente ao sentir-se — e não apenas ao ver-se — em companhiade outras vitimas do mesmo horror. João Luiz não estava só, nao estavaperdido no mundo. No cubículo, onde o jogaram como a uni tardo outrospresos foram jogados também, depois de massacrados como ele. Outros no-rnens que não conhecia, outros trabalhadores como ele sofreram o mesmomartírio, file não estava só, ssntia-se agora um companheiro entre outros,vitimas como êle da mesma ferocidade policial. Mas, que significava tudoaquilo? Que se passava? Por «pie tamanha selvageria? Por «|iie? 1 or qufilAs interrogações >*o insinuavam em sua mente atordoada, e João Luiz «ornooue experimentava um certo alívio em multiplicá-las e em buscar algumasrespostas para ela. As respostas surgiram, por fim, e surgiram articuladaspor uma voz desconhecida, voz qi«j movia as Imaginações, a voz pura «firme de um daqueles companheiros de horror, voz de esperança que descia«obre as dores do martírio oomo um bãlsamo cordial. As palavras daquelacompanheiro simples, claras, tocadas de um cálido sentimento de solida-rlednde possuíam, ditas naquele lugar, um significado especial, profundo*•Igo dê novo para os ouvidos «le João Luiz. Knmi portadoras da granderevelação «le que êle não estava só no mundo de quo os presos ali jogadosoomo fardos massacrados não estavam sós.

A resistência física de João Luiz faz-nos lembrar Júlio Fiicbik, o he-rói tohoco Hupliclado pelos verdugos nazistas, em 1948. Com uma diferença,bem entén«ll«lo: Júlio Fuchik, «lirigento comunista, como tal colocado em postode comando «Ia Resistência, tinha pl<'.ta consciência do papel «pie lhe «-ou-hera na gramln batalha da Pátria, e sua Indomàbilidadc emanava justamented«*sii consciência em alio grau; a«> passo que João Luiz, simples operário.em qualquer ligação orgânica e política com <.s movinwntos de sua classe,mas homem honrado, resiste a tôilas as torturas |H>rque realmente nfo «abede nada, não tem nenhum segredo para revelar e delatar. As próprias tor-toras é que o arrastaram, com mão <rV ferro e fogo, até o momento da re-velação e «In esperança, que despertou nele a consciência de classe até nlladormecida — a consciência de que êle, como operário, e somente enquantooperário, era lambem portador do «segredo»; Que,«segredo»? Não o pequenosegredo conspirai ivo <iue pretendiam arrancar-lhe, coisa afinal scciin-daria, mas o grande segredo, mi. segredo formidável, um segredo bis-lórlco — 0 segredo «Ia força invencível «l«! uma classe em as-censáo na sociedadte. A reação querendo arrancar-lhe um pequeno se-grédo, levou-o a compreender o grande se-grédo — tal, em suma, a substancia psico-lógica desta novela, que fixa dialèticamende,em termos dc arte literária, um dos maisterríveis momentos da luta de classes noBrasil.

2DENEK HAMPEJS

Prof. Visitante da Fac. Nac. de Filosofia da Univ. do Brasil

«,. Astrojildo Pereira

Editorial VitóriaEm Outubronas livrarias:

BRASILSÉCULO XXRui FacóUma interpretaçãomarxista da atualidadebrasileira

Eneida:Só na próximasemana

A nossa cronista Eneida acabadc viajar com destino ao Pará, suaterra natal. Por esse motivo, osleitores de NR não encontram,nesta edição, sua crônica costu-fneira. Mas, na próxima semanaela estará novamente aqui.

Serafim da Silva Neto, que mor-reu no dia 23 de setembro, foi amaior figura da geração moça nocampo da filologia neolatina noBrasil e um dos seus mais notáveisrepresentantes do mundo. Com asua morte desaparece um homemde invulgar assiduidade nos estu-dos, sempre a par da literatura li-lológica, desejoso de manter-sesempre atualizado quanto às no-vissimas correntes cientificas; umhomem plenamente dedicado à pes-qüisá; modesto e cordial para comos colegas e alunos; um homem jo-vial, dotado de certo . senso dehumor.

Morreu cedo, aos 43 anos. Numconstante pressentimento da mor-te, torturado por doençaB traiçoei-ras, trabalhava às carreiras, tra-lando de terminar quanto antes asobras já iniciadas. Esse mesmopressentimento o levava a criarobras sintéticas e esboços gerais,que, eventualmente, outros poderi-am melhorar e aperfeiçoar.

Quem conheceu a biblioteca dosaudoso Professor, pode ter umaidéia sobre a vasta cultura desseextraordinário homem de ciência.Se o Professor Eremildo L. Vianna,Diretor da Faculdade Nacional deFilosofia conseguir adquirir essabiblioteca, como base para um pro-jetado Instituto de Filologia, a FNFdisporá da maior biblioteca da es-pecialidade na América do Sul.

Numa vida curta o Prof. Será-fim da Silva Neto deixou uma gran-de produção cientifica, que seotíupa, sobretudo, do latim vulgar,da história do idioma português,dos problemas do português doBrasil, das edições de textos anti-ros portugueses e de algumas quês-toes dialectológicas e etimológicas.

Se em primeiro lugar nomeamoso latim vulgar, é justamente porler o Professor Serafim iniciado acarreira cientifica por êle. Aindaestudante da Faculdade de Direitode Niterói (freqüentada porêle nos anos 1933-1939), na idadede dezenove anos, escreveu e, doisanos mais tarde, publicou um livrofundamental da matéria, Fontesilo latim vulgar. 0 Appondix TrobiH93S, 2.' ed. 1946, 3" ed. 1956),que foi aceito, com elogios, pelosgrandes Mestres europeus, como A.Èrnòut, .7. Jud, G. Rohlfs, J. Leitede Vasconcelos e outros. Nesta obra<i Prof. Serafim analisa as fontespara o conhecimento do latim vul-gar c, particularmente, um dosmais importantes, o chamado Ap-pendi* Probi, cujo lexto publicacom detalhado comentário. Tema-liçamente está ligada a esta obrauma outra, publicada muitos anosdepois, História do Latim Vulgar(1937), cuja maior contribuição sãoos capítulos que tratam de delimi-lar o conceito do latim vulgar e dãoa conhecer os problemas que apa-recém na área destes estudos.

O interesse do Prof. Serafim pelolatim vulgar manifesta-se tambémem outros trabalhos, p. ex., em suaobra mais extensa, História da Lín-Rua Portuguesa, publicaria, em fas-ciculos, entre os anos 1952-1957.Esta obra é a única no gênero noBrasil e em Portugal. Apresenta ahistória da língua portuguesa, de-

dicando atenção, particularmente, ãsua pré-história — ao latim vulgar,enquanto que o próprio portuguêsé estudado só numa parte relativa-mente pequena desta obra de qua-se seiscentas páginas. Este certodesequilíbrio, que o autor desejavaeliminar numa segunda edição, queestava em preparo não tira valor àobra, pois é uma dais mais impor-tantos no campo da filologia por-tuguêsa.

Uma grande significação sobre-tudo bibliográfico-informativa, temlambem o Manual de FilologiaPortuguesa (1952, 2» ed. 1957), queapresenta uma história da filologiaportuguesa, indicando os principaisdados bio-bibliográficos sobre osseus mais eminentes representan-tes em Portugal e, sumariamente,no Brasil e noutros países, e foca-liza, na segunda parte do livro, ai-guns problemas de dialectologia,de critica de textos e de lexicogra-fia.

De grande alcance são os traba-lhos que versam sobre o portuguêsdo Brasil, especialmente a Introdu-cão ao estudo da lingua portuguesano Brasil (1950, 2.» ed. 1951); estelivro, ricamente documentado, énotável sobretudo devido ao inte-rêsse que o A. revela pelos proble-mas históricos e sociológicos, queé preciso levar em conta quando seinvestiga o português do Brasil. Oque representa o lado negativo daobra é não ter podido o Autor em-,preender pesquisas de campo, talvezpor não dispor de um bom estadode saúde que lhe permitisse conti-nuar as viagens ao interior. Cientedisso, e sonhando sempre com aelaboração de um «Atlas Lingüísti-lico do Brasil», tratou várias vezesde dar sugestões para futuros tra-balhos dialectológicos, p. ex., nasaulas que ministrou cm Florianópo-lis, publicadas, mais tarde, no opus-culo Guia para estudos dialectoló-gicos (1955).

A publicação de textos arcaicosfoi uma das tarefas a que se dedi-cou com grande carinho Serafim riaSilva Neto. Na sua obra Textos me-dievais portugueses e seus proble-mas (1956) deixou assinalados osprincipais critérios que deveriamseguir todos aqueles que desejassempublicar edições dos textos medie-vais.

Depois do Prof. Antenor Nascemtes foi Serafim da Silva Neto o se-gundo romancista brasileiro cujonome e obras se tornaram conhe-eidos na Europa, gozando ali domerecido prestigio. Convites paraparticipar em Congressos no es-trangeiro (inclusive nos paises so-ciálistás, dos quais visitou a Rume-nia e a Tchecoslováquia), o títulode doutor honoris causa conferidopela Universidade de Lisboa e, so-bretudo, a honra de poder êle, pro-fessor brasileiro reger por doisanos (de 1958 até a sua morte) acadeira de filologia portuguesa emLisboa, no próprio torrão dc AdolfoCoelho e J. Leite de Vasconcelos —são provas de apreço com que eratida a atividade cientifica do Prof.Serafim além das fronteiras rioBrasil.

Duas Universidades do Rio deJaneiro — a Universidade do Bra-

sil e a Universidade Católica, ondeêle lecionava — perderam um dosseus mais eminentes professores; aAcademia de Filologia perdeu umdos seus mais notáveis represemtant.es; e perdeu a Revista Brasilci-ra de Filologia, por êle fundada em

1955, seu direto)' e assíduo colabo-rador. Um grande cientista, umgrande pedagogo, um grande or-ganizador da vida cientifica e umgrande homem perde o Brasil coma morte do Prof. Serafim da SilvaNeto.

Tópicos TípicosKeirozilnndo-se com ò resiiltmlo ilas eleições e com o que considerou

«a derrota das naeionalisinos» ('.'), « nosso velho Gustavo CorçSo adverte,contudo, que nao está entusiasmado. K diz:

«Um comunista, outro dia, espantava-se «le minha falta «le entusiasmo».É bafo, Corçko. Você sabe muito bem que um comunista digno deste

nome jamais se espantaria <l«- coisa aliíiima em você.

Segundo noticias do JORNAL DO BRASIL dc 14-10, o ex-presidentenorte-americano Truman acusou o atual, Elsenhower, de favorecer os co-munistas. A acusação nos lembra mura, de Sete dedos- contra ..CarneSoca»:

,— Você está agindo como um homem de bem, seu canalha!

Alrlbuem-se ao sr. Gilberto Freyre, possível futuro ministro de JânioQuadros, certas declarações que não o honram. l>a acordo com tais decla-rações, muito no estilo de Ionesco, o ilustre Mciólofro •«'ria justificado su*«posição eleitoral ao marechal Ix.lt alegando «pie o marechal era um homem«sem defeitos» e, exatamente por isso, «falto de humanidade».., Uai, natu-inlmente, a sua preferência por Jânio Quadros, personalidade mais afim com,>s padrões de homem que o sensibilizam.

Aliás, aqui entre nós, «"-sse critério segundo o <|iial «o que imporia é ohomem» presta-se melhor para jovens casndolras na escolha do marido do quepura mu intelectual numa opção política.

Diálogo ouvido num bonde:¦ -• Fido] Castro csiá matando in.iis gente,

• Ora, meu velho. Cuba tem que se defender. K além disso, Kidel nAomata: só ia/ os Éurinhos quem mata (¦• Deus.

('(inta-nns um amigo que, durante a campanha eleitoral de Lacerda,num dos muitos programas que lí>z na TV-Klo, o candidato da UDN foi vaiad«»por alguns circiinstantes e fugiu, assustado, entrando pela primeira porta«jiie encontrou aberta — que era a do lualete de senhoras. Fechado ne*t*eventual refúgio, Lacerda foi procurado, afinal, pelo locutor, «pie, dep.iis deserenados os ânimos, vinha bater na porta do «•ôniodo para chamá-lo. De»-confiado, contudo, que fossem os seus adversários, l.aoerda ralou, com vozflninha:

— Tem gente...Fala-se na designação do escritor Fernando Sabino par.i dirigir o

transito na Guanabara, sob o governo Lacerda <» jornalista Mário Morei,Candidato á Constituinte pela UDN, não seelegeu e teve um filho.

A vida leni suas ironias. Estes f.ituviliios assim de repente, passariam por pia-das, Mas n leitor, se quiser, pode verificarse são ou não absolutamente verdadeiros,

:M CIRCULüÇÍO 0 N. 9OE «ESTUDOS SOCiniS»

Pedro Soverino

Estará em circulação, na pró-xima semana, nas bancas do Rioe dc São Paulo, o n." í) de "Estu-dos Sociais."

Neste seu número mais reccn-te, a conhecida revista de brien-tação marxista se inicia com umartigo de Jacob Gorender, queanalisa os resultados do V Con-grosso dos comunistas brasileiros,examinando as tendências emconfronto e a linha política geralaprovada pelo Congresso. Da au-toria de Geir Campos, a revistapublica a "Carla aos livreiros cioBrasil", trabalho premiado commenção honrosa num concursopromovido pela Associação dos Li-vreiros do Brasil. O economistabrasileiro Aristóteles Moura escre-ve sobre a obra do prestigioso eco-nomista marxista norte-afnerica-no Paul Barari, "Economia Políti-ca do crescimento", que estuda osproblemas dos países subdesenvol-vidos. Dc autoria do próprio PaulBaran, a revista publica um inte-

ressante trabalho intitulado "Ê

possível a planificação nos Esta-dos Unidos'?", em que são critica-das as concepções do sociólogo es-candinavo Gunriar Myrdal.

Dois estudos econômicos degrande atualidade figuram no n."9 de "Estudos Sociais". De auto-ria riu Josué de Almeida é o tra-balho sob o titulo "Decadênciados trustes estrangeiros de elctri-cidade no Brasil". De autoria dodeputado Jacob Frantz, vice-presi-dente da comissão de Economia daCâmara Federal, é o trabalho só-bre "Pecuária dc corte e indústriade carne".

Constam anula cia revista osartigos "Sartre. suas contradiçõesformais e seus méritos", dc Leari-dro Konder; e "Quilombos (II)",do historiador Miguel Costa Filho.

Além destes artigos, constamdo n " 9 de "Estudos Sociais" asseções de Critica de Livros c deCritica dc Revistas, com numero-sas notas de interesse atual.

m«sXj^^: wV^ ''^fc c % ¥i^. *f -M t? t'a2mv tí^ qí*^*^f^3kJv(VmHSn^bi^n WL^l! *w * ^^^^^^^.^^^KÉMfe^^^^Hl^rnS^^Bt' |méhv ^^L^L ^^^y^^Hf^^^yc^J^^^B ^W^v^^^^U^^êJÍ M^V^Hh^I ^BJb^H^H B^v^^t^^h^ ^^^^^h*r ,l PmH^^^t Í^Bhz^^m^^ ^BbB ^* jíjl3j BWc^^I

ií amba Brasileiro" na EstôniaOs eslonianos receberam caloro-

samente os artistas do conjunto«Samba Brasileiro»; Bm todos oslugares os brasileiros eram cerca-dos por pequenas multidões quedesejavam conhece-los.

ÀÍiíiu de exibir-se mi sala (Io tea-tro lístônia, o eonjiintit lê/, uniaauresehtiição no estrado do Campo

da Canção, diante de 20.000 espec-tadores (foto), numa brilhante ma-niíestaçfio dc amizade entre ospovos brasileiros e soviéticos.

O conjunto, chefiado por VitorioSimon, incluía, entre «mlros, «. ííuí-(artista Luiz Allan c o bailarinoiiebiano Costa.

Antes «le clespv-dir-sc dos esto-

niános, os artistas relataram suasimpressões:

— Gostei muito «le Talin, disse ocantor «¦ compositor Vitorio Siinon.Ê a cidade dos jardins v «Ias flores.Gostei, «•«uno músico, dos esiycta-dores soviéticos, que com sua calo-rosa acolhida nos estimularam, a«lar uni cbncêrlo supleinenlai. Na-

turalmenle torna-se difícil, cm tresdias apenas, conhecer bem uma ei-«lati-; mas salta aos olhos que oshabitantes de Talín são amantes damúsica. Não posso me lembrar sementusiasmo do Campo da Canção,onde vibravam milhares de pessoas.ICxplietirnm-sç que o Campo daCanção havia sido construído este

ano. f: uma obra estupenda, umaformidável criação artística dos so-viéticos.

— Foi uma viagem extraordinà-riamente interessante, acrescentouLuiz Allan. Receberam-nos com ex-cepciònal cordialidade. Pude con-vencer-me de que o povo soviéticodemonstra grande interesse oela

arte no Brasil. Vimos grandes filasnos cinemas onde se projetava ofilme Melodias do Brasil, f) bom ipieos vínculos amistosos dos homensde cultura d;- nossos países se for-faleçam c si ampliem de ano naraano

Page 6: IPMEWlOWOOjWW-WMrey.^^v^^ REPETINDO FRONDIZI IflNIO … · nheiro quando entrava em contacto corít ... a indeDendência oolilica efeüva e a emancipação eco-nômica; o bem-estar

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NOVC^íRUMOS Rio de Janeiio, semana de 21 a 2/ de outubro de 1960

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AUMENTO DE SALÁRIOS

PaffõésQuerem PagarOperários Irão à Greve

t;emilério da CMTCm nota distribuído à imprensa pela

C.M.T.C. (vide comentários e notíciasem NOTAS DE 3ÀO PAULO) não con-tentou aos trabalhadores e à popula-ção. Na verdade a cessão de linhas a

particulares foi suspensa pela direçãoda empresa depois da realização de ne-

gócios com quase uma centena de com-

panhias particulares, entre elas: Emprê-sa Auto-ônibus Santa Cecília, Viar^n

BEja"Uma PulgaAtrás daOrelha"A

COMPANHIA Teatro rns Se te. de-pois do fracasso de "Cristo Procla-

maitn" e uma temporada de êxito emNiterói, com o "Mambembe" dc ArturAzevedo, peça com que rstreiou aquino Rio, com grande sucesso artisti-co e de bilheteria, no ano passado,instalou-se no Teatro Ginástico e lari-vou "Com a Pulga Atrás da Orelha",de Feydeau. Com esse lançamento ogrupo está pondo em prática um dositens expostos na espécie de mani-festo com que se apresentou ao pii-hlico "...tentativa de realizar umorganismo financeiramente firme quenos permita emprestar dignidade aosque trabalham conosco e a nós mes-mos".

Não temos dúvida de que a tenta-tiva será coroada dos melhores resul-tados pois, infelizmente, o público quepode pagar teatro tem o maior inte-résse pelos assuntos de alcõva e adoraesse gênero de comédia de costumes(ou de maus costumes) em que se ar-inani ps situações mais complicadase também as mais óbvias entre ma-rido, mulher, amantes dc um c da ou-tra e mais os amantes dos amigos eamigas do casal e dos criados dosmesmos. Delicioso, como se vc. E en-graçadissimo. Mas também muito ba-tido. Fez as delícias de todos os vc-Ihotes do tempo rio nossos pais c dospais deles.

Citando Rnhcrt Kcmp (que eu ignn-ro quem seja) lemos na apresentação

São João Climaco, Radial leste-Oeste,Viação Taboação, Viação Alto do Pari,Transporte Urbanos S/A., Viação SãoLuiz, Bola Branca, Rio Bonito, ViaçãoSanta Amélia, Viação Cometa, ViaçãoContinental,

Na foto, dezenas de ônibus no«cemitério» do bairro da Leopoldina(Lapa) nesta capital. Muitos deles, ad-quiridos da antiga Exoresso Relàmpa-

BEATRIZBANDEIRA

feita por Bricio de Abrou no progra-ma; "pie leva até os últimos limitesa audácia das situações e das pala-vras, sua liberdade roça a vulgarida-rir, porém sua alegria é gigantesca"Foi, realmente, o que sentimos emcertos momentos — o roçar da vulga-ridade — mas rimos com o públicoque continuava rindo depois dc cerra-ria a cortina.

O espetáculo tem a classe própriario diretor (íiani Ratto e de seus ro-mandados. Estão todos muito liem cmseus papéis. Fernanda Monlenegro, co-mo sempre graciosa, leve, dizendo bem,secundada á altura por CaminhaBrandão Os cenários de Oiani Ratto,espiriluosos e de muito gosto, assimcotno os figurinos de Kalma Murti-nho, E' peça para salvar a Compa-nhia de qualquer apertura econômica,permitindo-lhe depois uma realizaçãomais séria e verdadeiramente dentrodos propósitos artísticos e culturaisque o grupo parecia ter, quando de seulançamento."A Mais--Valia VaiAcabar'

Aguardamos com grande interesse avolta da peça de Vianinha, progra-maria para esta semana, no Arena daFaculdade de Arquitetura. Enquantoisso, alguns componentes do TeatroJovem que lançou "A Mais-Valiá", sesepararam e anunciam, também paraestes dias, um espetáculo de 3 peçasrio lonesco no Teatro das Operáriasrir Jesus, cm Botafogo.

Corifeu Perdeua Calma e a Linha

Estranha-se, principalmente n o »mt-ios jornalísticos, a atitude tomada háalguns dias polo sr. Corifeu de Azeve-do Marques, velho e conhecido homemde imprensa, responsável por um pro-grama de grande audiência na rádiodç São Paulo. Sem revelar a velha ta-rimba, o sr. Corifeu de Azevedo Mar-quês, valendo-se sem dúvida de noti-cias incorretas de alguns órgãos doRio, cometeu verdadeira «barriga». Enão somente isso, além de deturpar aentrevista concedida por Prestes à im-prrnsa, após as eleições, Corifeu refe-tiu-se ao líder comunista ein lermos gros-jeitos, incompatíveis com o nível de de-

PALAVRAS

Problema n" 30

HORIZONTAIS; I — Artigo Irinmino plural I! — Estudei .'> — Monarca.7 — Bico dc verruma 8 — Chefe etio-pn. in — Não é noite. II — Nomepróprio feminino II — Igual; some-Diante 15 — Cada uma rias sois di-visões de cada antiga tribo ateniçnSI! 17 — Não entra IX — Colora20 — Grilo de dor. íl — Artigo mas-culiho plural

cência que todos espe'am mantenha naslides profissionais. Luiz Carlos Prestes,sabe-o também Corifeu de Azevedo Mar-quês, é homem de indiscutível respei-labilidade pessoal e política, cujo nomenão é atingido p o r observações deapressados comentaristas. Lamentável,por todos os títulos, é a atitude de umvelho profissional de imprensa, quesectário, com o êxito da vitória janistasubindo à cabeça, perde a calma econfunde tudo. Aliás, ao sr. Corifeu,não custaria muito ler a integra da re-ferida entrevista, publicada na ediçãoanterior deste jornal.

CRUZADASF. LEMOS

VERTICAIS:Existência 3— Andai.-i livatóriü ü —

i _._ atmosfera 2Satélite da terra I

Andavam í LaTer conhecimento do

10 — Satanas 12 — Anda 13 --Rio ria União Soviética II — Genitor.16 — Argoki, 17 — Sobrenome popu-lar. in — Artigo fuiminino plural

¦-¦ in.M m «im iliin_.ui iI 3

|4_ _.

6 r—

.8 10

II

jZÉZ12 IJ

14 15 18

17 19

obl(Respostas do Pronicma n— i .i

29HORIZONTAIS: 1 — Kl; •'! —

Ituolíir; VI — Sara; II — Ir; líi -2(1 _ Abaixa: 22 — Mc; '!'! — Orca:

VERTICAIS: I - Eros; :: - _ã

Sã;- Arai; '16 — Fi

M - Kcal; ?.Gli — Foliar; I -

Si

19No; 8 - Ar; IIAmar; 20 — Ao

Ma; 13 -¦— Ia; 22

Vs.saea; ii,- A — El;

- Nora , 'lI" - O , IS •\;i: ;n - Cr

Vrar; . As; •Fiar; 17 — Obra; 18- I ii

KlF,ir;

go, do Rio, jamais tiafegaiam; algunsdeles, poi falta de motor. Em nossapróxima edição contaremos algumashistórias sabre a C.M.T.C

Pinniovei) o Sindicaló dos liaba-lhadores das Indústrias Metalúrgicas,Mecânicas e clf? MeiIorioI Elcliico dos/Municípios rir: .rão Paulo, Franco daRocha e Guarülhós expressiva assem-bléia na última semana paia decidirsóbie n campanha salaiicil,

Proposta patronalrejeitada: greve

fVii levada o assembléia por umnrlvorjcirlo, representando a classe pn-lionnl, uma conlia-proposln de 29%de aumento nos salários, com Alolovde /t. 200 cruzeiros, logo lejeilacla pe-los liobalhcdoics.

Depois de rlemorarlo exame da si-luciçno, os metalúrgicos decidiram:

! I - não aceitar a conlia-pro-posln cios empregadores;

?) — aute izor a direloria do Siri-dicato a prosseguir nos enlendimen--tos;

3) — nianler a proposta iniciald» 50 por cento, sobre os salários deoulubio de 1959 e não nos termos donrôirlo salarial de 1958 como dese-

iam os patrões; abono de natal;A\ — continuar participando das

reuniões intersindicais cujas categorias

CARTÃO DE VISITAS DO MODERNO CINEMA TCHEC0

ÂIPâSSIONATA

estejam plcileando aumento de sala-rio;

5) — ir o gieve, se até ás 12 ho-ras do dia 31 do corrente, não fôrobtido o aumento salarial. Será reali-znda nesse dia e àquela hora unia as-seinbléia à rua do Carmo 171 . Os Ira-balhadores somente convocarão novaassembléia, antes cio fim daquele pra-ío, se os empregadores fizerem pro-posta cm melhores bases.

ó) — organizar os comitês e «pi-

quetcs»> de greve.

Greve de 200 mil!Segundo dados fornecidos por ór-

gõo competente, a classe tem hoje 200mil elementos. Parte trabalha em 5.400empresas devidamente legalizadas eos restantes em 800 indústrias instala-das a titulo precário.

No setor dos frigoríficosEm assembléia realizada em Osas-

co, os trabalhadores no setor de fri-

goríficos deliberaram rejeitar a contra-• pioposla patronal de 25% dc aumen-Io salarial, Querem os trabalhadores50% de aumento e abono de Natal.Se não forem atendidos até o dia 30

piomoverão assembléia para decidirsobre paralisação geral do trabalho.

Com os tecelões

GENNYS0N AZEVEDOApassionata (TaUovã Láska)

faz a reapariçào «Io cinema tchecos-lovaco em nossas leias da manei-ra mais auspiciosa. Embora pràti-ca monte desconhecida entre nós, acinematografia da Tcliecoslováqttialiuura entre as mais conceituadasdo leste europeu Tal importânciafoi adquirida no a pós-guerra com acriação tle uma indústria organiza-da em bases firmes e que produziu

Não houve alterações na últimasemana no setor têxtil. Continuarão —

conforme decidiram em assembléia rea-lizadn na última semana — lutando

por cinqüenta por cento He aumento,abono de Natal e salário-familio. No

próximo dia 30 estarão reunidos o» te-

dos personagens do drama: os pais celões de todo o Estado para um le-

de Lida, seu noivo Milan. PetrUS « vantamento geral da situação na ca-

faça um exame de consciência, só-br? a responsabilidade individual

sua esposa, a mãe de .Milan e a pro-pria Lida. O homem vestido de juliírepete as cenas procurando extrairde cada depoimento o sen verdadei-ro sentido, arrancando os scnlimen-tos mais profundos de cada um dos

pitai e no interior. Em sua assembléia,

por unanimidade, renovaram solidarie-dade a Jofre Correia Netto e seus com-

panheiros presos e protestaram, juntoao presidente da República (por lele-

grama) contra o abusivo aumento do

preço da carne.envolvidos na tramamaravilhosos frutos no terreno do " 'Uri VVeiss nesta sua experiência Setor de calçadosfilme de bonecos e desenhos anima- ' ': :•-:¦- ' ¦¦•!dos, consagrando inlcrnacionalnvn-te os nomes de -Iiri Trnca, Carcl Zc-man e muitos outros. Também coma criação do Festival Cinemalográ-fico de Karlovy Vary, realizado emcélebre cidade dc veraneio, este paistomou-se ponto de encontro dos ei-nea.stas, artistas e críticos de todoo mundo,

Apassionata é uma das reali/ações mais audaciosas já tentadasno plano da pesquisa psicológica e.emocional. Fascinante, é como po-demos melhor definir o filme de .li-ri Weiss, por sinal, um veterano docinema tcheco. Extraída da peçateatral de Pavcl Kohout, a fita co-loca o espectador na posição de juizdo processo que se desenrola na te-Ia, exigindo toda a atenção da pia-leia para os depoimentos orientadospelo homem vestido de juiz fcstccondutor da narrativa vai apresen-(ando o caso, alterando a ordemcronológica da ação, evocando assituações vividas pela jovem LidaMatysova, entregando o veredictoao público.

A curiosa história de P a v c 1Kohout enseja que cada um de nós

cinematográfico-sociológica (o jul-gamenlo se faz sobre um delito nãoprevisto nas leis criminais) extraio máximo de movimentação e dra-malicidade do argumento, Utilizan-do uma cuidadosa seleção de pia-nos e contrastes claro-escurn, fazda fotografia <le Vaclav Hantis umaverdadeira vedete. Sem dúvida ai-guina Apassionata inscreve o no-me de Weiss entre os melhores deseu país. Discutindo um assuntoapaixonante o trágico, consegueevitar as ciladas do pieguismo e domelodrama mantendo notável uni-dade formal.

A atriz Maria Tomásova é agrande, revelação de Apassionata.De beleza fulgurante, possui talen-to para dar e vender. No difícilpapel que lhe foi destinado nos dáuma interpretação sincera c como-vente. Milos Nedbál é o homemvestido de juiz condu/.indo-se comimpressionante poder de convicção.

Pela generosidade do argumen-Io, profundo sentido psicológico eexcepcional cuidado formal Apas-sionala constitui um brilhante car-tão de visitas do cinema tchecoslo-vaco.

Como os demais categorias, os tra-balhadores rejeitaram a contra-propos-Ia patronal de 25% de aumento, comteto de 3 mil cruzeiros (setor do oal-milhado) e do setor de sapatos-. 27%He aumento e 3.200 cruzeiros de le-to Deliberaram lutar pela obtençãode 55%, odmitindose a possibilidadede um acordo de AO "A, excluída acláusula teto. Se na reunião do TRT,desta semana, nada ficar resolvido, se-iá feita uma assembléia da categoria,domingo próximo, quando decidirãosobre o caminho a seguir.

Solidariedadea JofreCorreia Neto

Recebemos de um Iciloi n quantiade Cr$ 300,00, deslinada a sei en-

Iregue, como donativo, á família de

Jofre Correia Neto, líder camponês en-

carcerado por Carvalho Pinto.

S^^Ê^^K^VÊ^ÍSÊ^^^IÊf^SfíÊÊBff^^^^^BtK^MÚ — M___— ____B8W________ ______jj_ySS^_la_K^^ WSM Wu ____ffJ^_B __¦

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B_H_W_PC__ff|".::. ¥§.<, jBfl HW3KBftv-al5_-l__. ^__HWI_____________________-__________-___________________________________________ ______P*^^Sw_jqS-_.I^mHHPí;«Í '¦**<>*>4S&*%3ÊÊ _S_y_n__K0 ?«_K _¦_____: _____! K.. ^'___________S^^^^^^JÍ____'___Rr Í^^___H_H__

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C i n cs u e n I e si a s i a da Proclamaçaodia República cie Portugal

icicl curiós cm

Ia :

Como pcui" dos festejos coinsmcirnlivos flfj (>ciS5fjçjcni do r'0 ctnivoiimiorlri proclcmoçòo ciei Republica cie Poi-lúgcil, grande numero àp poiiuauéscs

soo Paulo icqüzou rüticonenie, nesta Ccipi.al, um boa-

qüele rir confraternização dtmiotHiiito,do qual parttciparçihi inlclc.ciuais emembros cín Comissão Coci-cl; adoraPio Anriia Política na Erpcirlici r. HoilüçjaL Usaiain Ja pulcivici na ocasião

J fj

o rjol". Humberto Delgado, que ir re-¦l";;u ã 1'listóiia de Portugal Hesdr n-,i-:ii;"n (!o Império e rcssailou a neces-sidorle cJci restauração dei democraciaem ssu pair.; o dra. Dolores do MelloVassâo, sccrolária r'ci Comissão Coor-nanaciora, discorreu sobre os trabalhospreparativos cia ?' Confeiüiicia Pró--Anistia, a rcalizar-so na Argentina; nosdias li, J2 e 13 dc novcnil o pió/.lmo,c féz uni npèlo \\o qual solici.ou o apoio

r!o«, presentes; falaram em seguida vá-lio-, ointlnir;, entre os quais diretoresdo Centro Republicano Poiiuguès, quehipotecou n p o i o ao movimento piá-onislici aos picsos polilicos da Espa-nlia e Portugal. No clichê, um aspectoda mesa dc honra formada cluiante obanquete, na qual tomaram assento o• k.I Humberto Delgado, o escüloi Pau-Io Dua le, ri r!in. Do'oios Vnisão e li-ijuius expiussivas <ia colônia lusa.

Notarde São Paulo

ServilismoO líder do governo na Assembléia <,

Legislativa, sr. Felicio Castellano, foiacusado pelo deputado Hilário Torlonide estar sacrificando, sistematicamente,todas as sessões ordinárias, a fim deserem discutidos projetos de interessedo Executivo, em sessões extraordinó-rias, convocadas para esse fim.

«É uma subordinação que raia aoservilismo, processo e atitude condena-veis, que não poderão passar sem onnsso veemente protesto».Livros para o povo

O sr, Luciano Lopeia voltou a oru-par a tribuna do legislalivo paia 'e-clamar do govêino a inclusão dos téc-nicos de Educação na lei que concedeum pió-laborc a oulios funcionários domagistério.

Na mesma ocasião estranhou qusai autoridades competentes não te-nham opinado ainda sobre projeto delei de sua autoria que dispõe sobre aimpressão de livros didáticos na im-prensa oficial do Estado. Segundo apropositura, oi livros escolares seriamentregues aos estudantes a preços bai-xíssimos, contribuindo da melhor ma»neira para o desenvolvimento da ins-trução pública. E pensamento do sr. le-pera levar o citado projeto ao examados sindicatos de São Paulo.

A C.M.T.C. vai malA Cia. Municipal de Tramporfei

Coletivos (CMTC) distribuiu um cemu.nlcado à imprensa anunciado sua d»d«são de não mais conceder linhas a par-ticulares. Na última semana, principal*mente, a CMTC foi alvo de teveras cri-tivds por parte de vereadores • diri-gentes sindicais. A impressão deixadaé de que, no caminho que vai, a CMTCpretende autodissolver-se com a con-cessão de linhas a estranhos, ficandoapenas com aquelas que não justifi-cariam sua existência. O sr. Adhemarde Barros e a direção da companhiasão acusados de cederem as melhoreslinhas aos parentes e amigos.

Em reunião realizada esta somo-na (setor de bondes) os trabalhadores,cujos salários do mês findo só forampegos (com atraso) graças ao emprés»timo de 37 milhões de cruzeiros do Go«vêrno Federal, examinaram a situaçãada companhia. Fizeram graves acusa»ções à administração municipal, esta-dual, e federal. O sr. Carvalho Pinto,por exemplo, foi duramente criticado.Consideram os trabalhadores que pos-suindo o Estado 27% das ações dacompanhia, não se explica como nãotenha em sua direção um representan-te. Um trabalhador, com o apoio dospresentes, acusou mesmo o sr. CP defazer também politicalha, com isso pre-judicando a população.

O sr. Manso Vieira, diretor da So-ciedade Beneficente da CMTC denun-ciou um fato gravíssimo: a direção daempresa retém 40 milhões de cruzei-ros descontados dos trabalhadores emfolha e pertencentes àquela socieda-de. Esta, em conseqüência, não tem di-nheiro para adquirir gêneros para aCooperativa. Além disso, a SociedadeBeneficente, só de juros de mora e des-

pesas de cartório, gastou um milhãode cruzeiros. Os fornecedores mandam

para cartório as duplicatas de respon-sabilidade da Cooperativa e esta, por-que seu dinheiro está nas mãos da em-presa, indevidamente, é obrigada adespesas extraordinárias para manterseu nome limpo:

Um motorista de ônibus, presenteà reunião, considerou o caso meramen-te de policia.Sucessão municipal

Muilos são os candidatos o <.uce?-são do sr. Adhemar de Barros nas elei-ções de março de 1961. Na área pes-sepista surgem os nomes dos srs. Can-tídio Sampaio (atuei vice-prefeilo) edo deputado federal Mário Beni. Emoutros setores políticos aparecem ainciaos seguintes candidatos: Plinio cie Ar-ruela Sampaio i coordenador do Planode Ação de CP), Faria Lima (Sccrclú-rio de ViaçãoI, Emílio Carlos (PFNI,José Cirilo (PRP), Frota Moreira (PTB),Ruy Novois (PSB, ex-preíeilo de Cam-pinas], Faiabulini Júnior (PTN), alémrle outros menos colciflos. O sr. Car-valho Pinto está tealiznnclo «demar-ches» no sentido cie aglutinai os fõi-ças janislas em lòiuo cie um úniconome.

Manifesto nacionalistaOs preceres cios diveisos partidoi

e entidades que se uniram cm lõmoda candidatura do sr. Teixeira Lott àpresidência da República promoverão,aoque se informa, uma reunião nos pró-ximos dias para o exame da silua-ção decorrente do resultado das urnas.Pretendem dirigir manifesto ao povo deSão Paulo expondo as causas da vi-lória do sr. Jânio Quadros. Sgrá, diz-se, um documento de orientação e mo-bilizaçáo dos nacionalistas para a con-tinuaçáo da luta pela emancipaçãoeccviômica do país.

De interior chegam notícias de au<»comitês que trabalharam pelas candi-daturas Lolt-Jango lançarão tambémmanifesto reclamando do sr. Jânio Qua-dros, no Governo, o cumprimento d»promessas eleitorais de conteúdo na-cionalisla: defesa da Petrobrás e dosminérios, relações comerciais, culturaise diplomáticas com os países socialis-Ias, ele.

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- Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outobro de 1960

SEIS ANOS DE GUERRA MA ARGÉLIA:

NOVOS RUMO7 —

Colonialismo FrancêsContra o Mund O Int eiro

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Assassinato e HipocrisiaUm dos meios empregados pelos

colonialistas para assassinar com-batentes e simples cidadãos argeli-nos é simular uma «fuga» dos pri-sioneiros e depois abatê-los sem pie-dade. 0 banditismo do governo edo exército da França é represen-tado na seqüência fotográfica pelosoldado que espera que seu prisio-

neiro se distancie um pouco e de-

pois atira contra êle. Além deste

meio, o colonialismo recorre fre-

quentemente ao do «desapareci-mento». Os prisioneiros são abati-

dos e depois publica-»» um comuni-cado oficial no qual se diz que eleestá desaparecido.

InternationalA Situação

na Argentina

Há seis anos começava a guer-ra da Argélia, guerra que, na ver-dade, jamais deixou de ser trava-da desde a ocupação francesa, em1830. Apesar da enorme desigual-dade de forças, o povo argelinonunca se entregou ao domíniofrancês. A partir de 1954, entre-tanto, já se trata de um conflitogeneralizado. Hoje, apesar de con-tinuar mais forte, o exército colo-nial francês se defronta com umcorpo numeroso de homens bemarmados e bem organizados. Avitória militar para a França é ho-

je um sonho irrealizável. A solu-ção pacífica do conflito, impossi-bilitada pela intransigência do co-lonialismo, é exigida não somentepelos milhões de argelinos, mas

por grande número de países afio--asiáticos e pelo campo socialista.

Há dois anos, o povo francês,amedrontado pelas ameaças dosmilitares direitistas do golpe de 13de maio e desesperançado pelassucessivas traições dos governos"liberais" e "socialistas" que, ape-sar de suas promessas, nada fize-ram para acabar com a guerra,elevaram o general De Gaulle ao

poder para que êle o fizesse. Empalavras, De Gaulle, de fato, mos-trava-se um defensor da soluçãopacífica por meio de entendimen-tos com os combatentes. A derro-ta do novo golpe militar dos "ul-

tra" da Argélia e o famoso discur-so do governante francês a 16 desetembro de 1959, reafirmado va-rias vezes depois, aumentaram asesperanças. Quando foi convoca-da a reunião de Melun entre re-

presentantes de De Gaule e do Go-vêrno Provisório da República Ar-

gelina, chegou-se mesmo a pensarque a solução estava próxima. Ailusão não durou muito; duranteas conversações os "negociadores"

franceses deixaram claro que emseu vocabulário a palavra autode-terminação quer dizer rendição

pura e simples ao colonialismo.

Uma guerra assassinaPara defender uma população

de menos de um milhão de france-ses na Argélia, o colonialismomantém um exército regular de

perto de oitocentos mil homens,não contando a polícia e os gru-pos de fascistas armados. Cente-nas de milhares de argelinos saomantidos em campos de concen-tração, outros tantos em prisões.A. tortura tornou-se o método ofi-ciai do exército colonialista emsua tentativa de atemorizar a po-pulação argelina. Isto foi afirma-do com todas as letras por umacomissão da Cruz Vermelha Inter-nacional e é reafirmado agora pe-Ia própria igreja católica daFrança. .

Combatentes do Exército de Li-bertação Nacional e aldeias paci-ficas da Argélia são atacadas combombas incendiárias de napalmnuma repetição monstruosa doscrimes cometidos pelos nazistas e

pelo colonialismo francês na In-dochina. A barbárie praticada pa-ra preservar os privilégios france-ses pode ser bem ilustrado pelacarnificina levada a cabo no vila-rejo de Sidi El Youssef, onde to-

dos os seus habitantes, cerca dequatrocentas pessoas, foram as-sassinados para que depois seuscarrascos colocassem a culpa naFrente de Libertação Nacional. Ocolonialismo tem a consciência pe-sada e comete novos crimes paratentar ludibriar a opinião públicamundial...

A própria Argélia pode st con-siderada como um verdadeirocampo de concentração, pois suasfronteiras estão fechadas com vá-rias linhas de arame farpado e ele-trificado, guardadas por patrulhasde soldados e esquadrilhas de avi-ões a jato. Este o sonho douradodo exército francês: transformartoda a Argélia num grande cam-po de concentração. A realidade,porém, é diferente...

Um povo em armasGrande parte do território já

se encontra, de lato, sob o contrò-le permanente do Exército de Li-bertação Nacional. São regiões in-teiramente libertadas do colônia-lismo, onde a vida se desenvolvepacificamente. Mesmo em outraszonas, onde o exército colonialfrancês ainda se mantém, o cairda noite significa uma mudançaradical: os "moudjahidines" (com-batentes) passam a dominar a si-tuação. Somente nas proximida-des do litoral existe alguma "tran-

qüilidade" para os colonialistas,mas mesmo aí se faz sentir a pre-sença da FLN.

Inúmeras vezes, o exércitofrancês anunciou planos mirabo-lantes para "exterminar" os ter-roristas e o exército de libertaçãoargelino. Depois de algum tempo,os planos eram esquecidos, por-qua sua falência tomava-se evi-dente. Diariamente realizam-senas regiões dominadas pelos fran-ceses atos de terrorismo contra co-lonos, dirigentes dos "ultra" e co-laboracionistas. Ainda recente-mente o diretor de um dos jornaisdireitistas da Argélia, Scrigny, foiabatido numa praia perto de Ar-gel- _ .

Milhares e milhares de jovensfranceses tombaram no solo arge-lino porque seu governo ainda nãose convenceu de que não há saídapara o conflito a não ser a inde-pendência do país. Embora seusefetivos sejam mais de três vezesmenores do que os do exercitofrancês e não disponha de armastão numerosas e potentes, o Exér-cito de Libertação Nacional tor-nou-se invencível. Na verdade, êlerepresenta o próprio povo argeli-no em armas.

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Torturaé «norma!);

A "pax francesaAo mesmo tempo que prosse-

gue a guerra de extermínio e falaem "autodeterminação", o Govèr-no de De Gaulle realiza uma sériede manobras com o objetivo de daruma aparência de "representati-vidade" à "pax francesa". O últi-mo destes expedientes foi a convo-cação de uma "comissão de elei-tos" para discutir o futuro da Ar-gélia. É sintomático que poucodepois de anunciada a "eleição"

de alguns elementos para a refe-rida comissão, um deles tenhaanunciado que a "eleição" não

Apesar da confusão reinante na ,o ic a .jjj. . J&J^tlitar na Argentina, uma coisa parece clara,

o fumlo da^ estran.

reação dos setores dirigentes ^f^^"^^ criado por Frondizlgeiros sobre a economia ^^^^^^^JSnniaUt popularpara garantir este poder e, lnevlla"[™Vll_uafu,deL__ _ sustenta. Algunslontra a,política entreguista e

^^do pro lema podem ser visto no

íÊmmmmm-amnfto dos salários não impediu a «•n«»*^iVíil5puS

clonárlo e, com isso, o operariado e a maioria da classe ,™d'a^°J™^™.i „Vrn n mkírlii miis completa. Nestas cirtunstancias, o exercito e irans

íormado em èarras" do po™S, como tem ocorrido especialmente por ocas ao

ias gríve^dos òpe a ios e^nncionárlos. Por outro lado, o PÍ»»?^™^»0poicial ao "terrorismo" não impediu que o descontentamento popula con-

«nuasse se manifestando cm toda a sua pujança, inclusive sob suas lonuiSvlolentas como as ações realmente terroristas e a formação de grupos

lamentares de marco c aguçado dai por diante, provoca, como contrapartida,ò fortaSmenS dentro de certos círculos militares, das tendências a

Fraga que, ao (iuc tudo indica, procuramdesesperadamente encontrar uma soluçãoconciliatória entre os setores eníreguls-tas e nacionalislas das forças armadasdentro do quadro político atual da Ar-gentina.

Laos: EUA

amargamnova derrota

Diante da evolução, negativapara os Estados Unidos, dos acon-tecimentos no Laos, o Departamen-to de Estado resolveu enviar as

pressas um de seus funcionáriosmais qualificados para ver se sal-vava o barco. Entretanto, a flexi-bilidade parece que ainda nao im-

pera na política norte-americana, eo enviado «entrou pelo cano»,quando exigiu que o governo neu-tralista de Suvana Fuma rompessens entendimentos com os guern-lheiros do Paté Laos e entrasse emacordo com os militares amenca-nófilos, como condição para conti-nuar sua «ajuda».

Em outras palavras, os EstadosUnidos se arrogam o direito de m-dicar qual a política que deve serseguida pelo Laos ao próprio go-vêrno do pais. Não é por acaso queas próprias agências norte-ameri-canas tiveram que reconhecer queo novo embaixador soviético foi re-cebido no aeroporto o nas ruas dacapital por uma multidão calorosae acolhedora, enquanto o enviadoespecial do Departamento <le lista-do era objeto, por toda parir, tiosilêncio e da hostilidade.

Ga/fske//

perdeo rebolado

passava de uma faiuu, ¦ .o a.ie-nu á FLN, um terceiro üeeiarouque seu nome ióra lançado à :suarevelia, etc, etc.

Essas manobras, na realidade,visam apenas a ganhar tempo eamortecer a consciência francesae mundial. As "eleições" na Argé-lia, desde o referendo de 1958, àseleições para os conselhos munici-pais e para o senado e para estaultima "comissão", sempre foramuma farsa. Antes de cada uma de-Ias, o exército francês é oficial-mente encarregado de "incenti-var" a apresentação de cândida-tos e o corhparecimento às urnasdos muçulmanos. Durante algumtempo, as autoridades coloniaispermitem que determinados gru-pos de oposição "moderada" atuemcom certa liberdade. Finalmente,no dia das "eleições", caminhõesdo exército percorrem as ruas dascidades e aldeias recolhendo mu-çulmanos que são obrigados à pon-ta das baionetas e metralhadorasa ir votar, evidentemente sob asvistas de um oficial francês espe-cialmcnte destacado para "fisca-

lizar" os votos.À medida que aumenta, na pró-

pria França, a pressão popular pe-Ia paz na Argélia, fica mais claroque o colonialismo francês se me-teu num beco sem saída. Recen-temente, mais de duzentos intelec-tuais e artistas dos mais conheci-dos e consagrados assinaram ummanifesto, o chamado "Manifesto

dos 121", porque foi esse o nume-ro dos seus primeiros signatários,exigindo o fim da guerra e apoi-ancío os soldados que se negam apegar em armas contra os argeli-nos, o que tem acontecido com re-gimentos inteiros. Depois disto,

Mobutu continua

tremendona corda bamba

A tortura é considerada como um mé-to:1o "normal" pelo exército colonialfrancês na Argélia. Uma comissão daCruz Vermelha Internacional, que per-correu várias prisões comprovou a pra-tica (1b torturas e mutilações.

outro manifesto foi redigido porgrande número de li leres politi-cos, inclusive o cònego Kir, prefei-to de Dijon, defendendo a autode-terminação para o povo argelino.Enfim, nesta semana, a própriaigreja católica condenou os meto-dos de terror empregados peloexército francês e pediu que fòsscfinalmente concedida a autodeter-minação. A campanha iniciada báanos pe!o Partido Comunista, pc-los sindicatos e entidades e.3tn-clantis se estendeu à maioria dopovo francês. Os círculos colônia-listas começam a fie?'' 'nt ira-mente isolados.

O Congresso anual do PartidoTrabalhista inglês encerrou-se rr-centemente com uma grande der-rota para os dirigentes «modera-dos» que desde Oment Atlec vemdesenvolvendo todos os seus esfor-cos para empurrar o partido cadavez mais para a direita. Mais ainda,a derrota foi imposta exatamentepios membros sindicais de base.

A frente do movimento de revi-

goração do Partido Trabalhista en-contram-se homens como FrankÇousins e Vau Mikardo, da esquer-da trabalhista, que atacaram a po-líticá oficial realizada por GaitskcUde apoio ao bloco militar da OTANe de intensificação da corrida ar-mamehtista, principalmente pelafabricação de armas atômicas e atolerância -mianto à permanênciana Inglaterra de armas nuclearese foguetes norte-americanos.

A política de neutralidade, coma saída da OTAN e a cessação dofabrico e armazenamento, de armasnucleares, juntamente com a reno-vação do princípio trabalhista tiasnacionalizações, abandonado ) pc adireita do Partido desde o fira daguerra, pode representar uma no-va fase na política inglesa.

O coronel Joscf Mobutu, valetede espadas do colonialismo no Con-go, conferenciou longamente com o«presidente» da província de' Ca-tanga, Moisés Tchombê, sócio e re-presentante dos trustes belgas deminérios na rica provincia. Depoisda conferência, Mobutu declarou-se «irmão» de Tchombê, passandorecibo das acusações feitas peloprimeiro-ministro Lumumba deque êle foi comprado pelo imporia-lismo. Ao mesmo tempo, Mobutufoi obrigado a demitir grande nu-mero de oficiais do exercito, ante-riormente nomeados por êle, por«insubordinação».

O repto de Lumumba continuado pé; convoque-se o Parlamentopara que soja formado um gover-no legal As agências imperialistasafirmaram dias a fio que Lumum-ba já não contava com o apoio doparlamento congolês. O próprioMobutu parece que foi na ondaeresolveu convocá-lo, mas a ilusãodurou pouco, -lá agora o coronelvolta atrás e diz que continuará.neutralizando os podêres_ legaisdo pais. Continuando fs coisas nucurso atual, entretanto, breve o co-ronel c qün estará completamente«.neutralizado:..

A internacionalizr,"(Ia guerra

Para De Gaulle, entretanto, aúnica voz qus conta é a cêstescírculos. Depois ilo boicote dasconversações de Melun não rei ouao Governo Provisório da Repübli-ca Argelina senão o caminho deapelar para as Nações Unidas, in-ternacionalizando a gu-rra. Nummemorando enviado à ONU, oGPRA propôs a realização de uniplebiscito fiscalizado pelo próprioorganismo internacional, paraconsultai' o povo argelino sòbrcseu futuro. É inaceitável que opovo argelino continue sendo opri-mido pelo colonialismo numa éno-

¦ ca em que lodo o sistema colonialcomeça a ruir e numerosas anti-gas colônias ascendem à indepen-ciência nacional e tomam -ritona ONU.

Até hoje, o colonialismo fran-cês tem contado com a máquinade votar do bloco militar da OTANpara impedir que as Nações Uni-das condenem frontalmente suaguerra de opressão contra o povoargelino. A cada ano que passa,entretanto, restringe-se a "mar-

gem de segurança", apesar dostremendos esforços e da pressãodo Governo francês, matreiramen-te apoiado pelos Estados Unidos.Entretanto, como disse na Assem-bléia Geral o Presidente Seku Tu-ré, da Guiné, "aqueles que contamcom os votos dos jovens países afri-canos jiara manter seu domíniona Argélia serão os primeiros a so-frer uma profunda decepção". Ospaíses rêcém-libertados do colônia-lismo francês, mesmo aqueles queainda se encontram, de uma for-ma ou de outra, sob a dependeu-cia da França, sabem o quanto de-vem à luta do povo argelino e seuspovos compreendem que a batalhacontra o colonialismo não conhecefronteiras c c um assunto de todaa África. Seus delegados pensa-rão duas vezes antes de ceder àpressão francesa.

Por outro lado. as conversa-ções da delegação argelina, presi-dida pelos ministros BelkacemKflm, Mohamed Yazld e AhmedFrancis, com Kruschiov, Nehru,Nasser, Sukarno, Tito e outros di-ri^entes e delegados à assembléiada ONU revelaram que o GovernoProvisório da República Argelinaconta com o apoio efetivo do cam-po socialista e do bloco afro-asiá-tico. Seis anos depois .de iniciada,a guerra da Argélia é hoje a cau-sa comum de dois terços da hu-manidacie.

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A Light Apoderou _ev

da Água Que Estaa

u

Faltando ao CariocaMais de três milhões de cariocas

estão submetidos ao flagelo terrível dafalta dágua na cidade, enfrentandouma situação que em muitos casos atin-ge às raias do desespero. São bairrosinteiros onde por dias a fio não sur-

ge uma só gola do líquido, forçandoseus moradores ao abandono do laraté mesmo para as refeições mais sim-

pies, pois a interrupção do abasteci-mento em muitos casos vai muito alémdas possibilidades de qualquer reserva.

Em meio ao clamor que se levan-ta, quase ninguém, no entanto, apon-ta os responsáveis, procurando cadaautoridade, via de regra, explicaçõesque nada resolvem, pois a crise a queo Rio foi jogado não tem solução pos-sível, racional e completa, sem que se-

jam feridos os interesses daqueles quecriaram essa situação: a todo-poáerosa«light and Power* e as forças politi-cas que dão cobertura aos seus des-mandos, em detrimento dos direitos dapopulação do Rio.

Solução artificial e onerosa

De fato, embora toda a conversaque se faz em torno da crise no abas-tecimento de água à cidade, a verda-de é que a raiz do mal está exatamen-te nos privilégios concedidos à lightpara utilizar as águas do Ribeirão daslages em suas instalações, quando es-sas águas deviam ser reservadas fun-damentalmente para o suprimento doRio. Mas, o polvo imperialista, comose sabe, para manter a concessão dofornecimento de energia elétrica, im-

pós o domínio das águas do Ribeirãodas lages, onde implantou sua usina,colocando numa situação dificílima asolução daquele problema.

O Guandu, que nas condições de-terminadas pela light passou a ser onúcleo fundamental abastecedor da ei-

; dade, é um rio que oferece toda sortede desvantagens para êsie fim' em re-laefio ao Ribeirão das lages. Em prl-melro lugar, esto muito abaixo daque-le curso dágua cujo aproveitamentoevitaria, sem maiores despesas, todo o

flagelo que o carioca vem enfrentan-do sem perspectivas de melhores dias.Assim, de nivel baixo, a captação daságuas do Guandu torna-se um proble-ma permanente, pois somente em épo-cas de chuvas fartas as suas águasse elevam à altura dos ramais que asconduzem aos tanques de decantação.Surge, ao mesmo tempo, o acúmulo deareia na boca dos ramais, afora o fa-to de que toda essa água deve serainda elevada, por bombeamento (oque a encarece enormemente), para afi-nal ser distribuída à cidade.

Águas levaram dinheirodo povo

Como se sabe, nos últimos anos to-ram gastas somas fabulosas — váriosbilhões de cruzeiros — para que oGuandu viesse a solucionar o proble-ma do abastecimento, solucionando, naverdade, antes de tudo, o problemado light. Mas a solução não veio, anão ser para a empresa imperialista,que acena com a ameaça de raciona-mento de energia elétrica toda vezque se fala num maior suprimento doságuas que estão, na prática, sob oseu controle.

A adutora do Guandu, realizadasas suas três etapas, deverá fornecerao Rio 760 milhões de litros dáguadiários. Mas, apenas a sua primeiraetapa (380 milhões de litros) estnfuncionando e as obras de construçãoda segunda, que nem sequer foram mi-ciadas, deverão prolongar-se por umperído entre três e cinco onos, signi-ficando isso, além de uma despesa debilhões de cruzeiros, uma solução pordemais remota. Mos a verdade é quenem mesmo os 380 milhões de litr_!diários que a adutora do Guandu devia proporcionar ao abastecimento, es-tão chegando aos lares cariocas. E is-to porque a tubulação empregada édas mais precárias. Embora tendocustado uma verdadeira fortuna, essematerial é totalmente inadequado, sujeito a freqüentes ruturas com os con-

seqüentes vazamentos, o que, aliás,é comum ao longo da linha, numdesperdício criminoso e ininterrupto.Esse aspecto do descalabro reinanterecorda, por sua vez, o escândalo de-nunciado pelo vereador Aristides Sal-danha em 1953-1954 quando apontoua negociata que envolvia altas figurasda administração carioca e a emprê-sa ianque «Lock Joint», aqui represen-tada pela sua testa-de-ferro, a «Te-tracap». Os tubos fornecidos pela«lock Joinl», através da «Tetracap»,

para a adutora do Guandu não pode-riam resistir à pressão da água e todosos acidentes estavam previstos. Mas asdenúncias não chegaram a ter efeitoprático (alguns jornais, como «O Glo-bo», afirmaram que o que os comu-nistas queriam era impedir a soluçãodo problema da água) e o resultadoé o que se vê.

Descalabro convém à Light

Por outro lado, também a tubula-cão dn adutora do Ribeirão das Lages(teoricamente 420 milhões de litrosdiários) eslá inteiramente obsoleta, asruturas são numerosas e freqüentes en perda dágua é fabulosa. Mas, oque é pior, não há de fato nenhumatentativa séria e honesta para a so-lução do problema, que, por sua vez,é altamente conveniente à «light», poiso mau eslado da tubulação é motivopara explicar até a diminuição, sobcontrole da antiga P.D.F., da quan-tirlarte de liquido que por ela passa,já que em caso contrário as ruturasseriam ainda mais graves ,

Rede estouradaNão são, no entanto, apenas êssei

(atores os que determinam o flaaelo

que, nesse teireno padece a popula-ção carioca. Também a rede de distri-buição de água, na cidade, se encon-tra em condições precárias. Essa rê-de, completamente obsoleta, precisnser substituída sem maios delongas,sob pena de milhões de litros dáguacontinuarem sendo desperdiçados, poissão incontáveis os vazamentos em to-dos os bairros.

Soluções (parciais)em perspectiva

Como se verifica, não é com a cons-trução da segunda etapa da adutorado Guandu que será solucionado oproblema do abastecimento de água àcidade em prazo que corresponda àpremência da solução exigida. E oque se impõe, sobretudo, é a correçãodas falhas técnicas já assinaladas nacaptação das águas daquele rio, a re-cupemção da tubulação dessa adutorae a do Ribeirão das lages, bem comoa reestruturação da rede de distribui-ção na cidade.

Isso, evidentemente, não soluciona-ria o problema em toda a sua exten-são, mas seria, em curto prazo, umpasso decisivo nesse sentido, permitin-do, sobretudo, o integral aproveita-mento das disponibilidades em mãosda administração do Estado.

Quanto ao mais, a raiz do proble-ma prosseguirá mesmo assim subsislin-do, porque enquanto a Light continuarimpondo os seus interesses a qualquerpreço, como acontece também nestecoso, o carioca permanecerá espoliadodireta e indiretamente — até mesmoquando ie trota de disputar uma gotadáaua de seus mananciais.

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Nas fontesnovamente

Água, só mesmo a que corre da fon-te... A esse ponto está chegando oRio, antes mesmo de entrar o verão.A calamidade reflete o império daLight, as negociatas e a inépcia ad-ministrativa. Tudo de longa data.

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Lcjnbrançados velhos tempos

Bons tempos aqueles, cm que a vc/iii-nha tio pes descalços, junto á bica,podia enetícr as suas laias. Mas is:;oé apenas uma lembrança dn passado,porque a começar pelas Ta velas astorneiras estão socas.

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Escassez& desperdício

Milhões de litros d'água são desperdiçados diàriamcnle no ICio em conseqüência do eslado imprestável da rede i!edistribuição. Em certos casos, porem, um ininimo è aproveitado (foto) para a lavagem de roupa. Outros problemassérios, entretanto, surgem c se agravam ao mesmo tempo, com o aparecimento de epidemias notadamente nos bairrospohns, í: tái ii lintiiíiiinr os terríveis ninléllelos para n enoniic parcela iin popiilaçün do Uslad" «ia Ouniiabara que lia-bita as favelas, onde esgoto e lenda, a verdadeira seca que. flagela lia anos, e piora de auu para ano, os cariocas.

Colapsoinvade a cozinha

A dona de casa é a maior vitima dafalia (Cngua no llio, Das torneiras nüocai uma gola durante a maior parledo dia, criando-se uma situação insu-portávcl em cada lar. Lavar as lou-ças, assim, só com água mineral.

;lil^l-lflÍ_rttl-líl-ffit-Íilltll1llliilTiliiii [ II '

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O Barbarísma de SilroNum dia de moio deste ono, dois

aviadores paraguaios, Giubi e Chamar-ro, acompanhados de 20 soldados,conduziram num avião Douglas detransporte dois presos políticos e maisum despojo sangrento: a cabeça de um

prisioneiro degolado. O avião desceuno povoado paraguaio de CapitánMeia. Os prisioneiros foram, amarra-dos a um poste em praça pública. A

população da localidade foi convoca-da para vê-los. E o chefe local, ma-

|or Boaventura Rolón, passou a inter-rogá-los. Sua intenção era evidente:humilhar aqueles dois homens peranteas pessoas ali reunidas.

O espetáculo era impressionante.Silêncio completo na praça em que sedesenrolava a cena,- tanto mais cho-cante porquanto os dois homens amar-

rados. tinham o rosto, os cabelos, as

5 . roupas cheias de sangue, sinais.visíveiscie torturas. , .....

i Os nomes destes homens correramlogo d» iboca. em, boca: Ernesto Agui-lera e Rigoberto Insaurralde. Ambos

guerrilheiros que,combatiam a ditadu-ra mais brutal ate hoje conhecida pelopovo paraguaio, a do tirano Stroess-her.

Deles nada restaráA intenção dos que os haviom ata-

do ao poste era evidente: submetê-losa humilhações perante o povo que'fô-ra'forçado a se reunir na praça. E

piais' ainda- intimidar quantos sonhas-

sem pegar em armas contra Stroessner.

A localidade de Capitán Meia, quemlabe, poderia muito bem contar-se en-

tré 'as

que em todo o país forneciam

combatentes para as guerrilhas que o

tirano Stroessner jamais conseguiu ex-

tirpar.A primeira pergunta da autorida-

de,local, os prisioneiros deram a mes-

ma resposta (em guarani): Nada temos a contar a miserá-

vel^como você.Aguilera não quis limitar-se a esta

resposta. E acrescentou ao povo ali

reunido que os guerrilheiros que pega-vam em armas contra a tirania em

que está megulhada sua Pátria tinham

por objetivo conquistar a liberdade.O major Rolón, num assomo de ei-

nismo, perguntou-lhes ainda que fariamcom êle coso o aprisionassem um dia:

Com bandidos como você, fa-

riamos o mesmo que você vai faier

eom patriotas como nós. . .Os prisioneiros estavam conscien-

les de seu fim. Um grupo de mulhereste aproximou do major Rolón pedindo-lhe .para não matar os guerrilheiros.Uma jovem pertencente a uma famíliatradicional no. Partido Colorado (deStroessner) ofereceu-se para casar comaguilera, tentando assim salvá-lo da

morte. A resposta do major foi brutal:— Deles não restará nem o pêlo!

0 que o rio trazCom os parcos meios de transpor-

te de que dispõe o Paraguai,s rios sãonesse pequeno país viiinho do Brasile da Argentina uma das vias mais co-muns de comunicações. Sobretudo orio Paraná, cujas águas correm do Pa-raguai para o território argentino. Nosúltimos tempos, a partir de meados dês-te ano, em diversas oportunidades, jor-na:; argentinos têm noticiado casos co-mo estes:

tA altura do quilômetro 1 800, dorio Paraná, foi recolhido o cadáver deum homem, cuja identidade ainda seigrora... O médico legista, ao fazero exame cadavérico, comprovou queapresentava dois ferimentos á bala esinais evidentes de violências. A esterespeito", recorda-se que com este jásão 12 os cadáveres mutilados reco-Ihidos nas" águas do rio Paraná* («Cri-f-a, de Buenos Aires, 12.VI. 1960).

¦¦;¦ y ¦"

«Dois cadáveres foram encontra-dos nas águas do rio Paraná a 23 e30 de junho último, à'altura dos qui-lômetros 1 741 e 1 384... O primei-ro apareceu com as mãos e os pésatados com arames e seu corpo apre-sentava sinais de haver sido açoita-do a chicote. Quanto à segunda viti-ma, apresentava ferimentos de armabranca,'faltavam-lhe uma das mãos eos 2 pés e estava mutilado» (La Pren-sa, 13. VII. 1960).

São os frutos da ditadura de Stro-essner e de seu famigerado ministrodo Interior, um carrasco que faz lem-brar os mais odiosos verdugos nazistastEdgar Insfran.

Insfran confessaO Himmler paraguaio, ante os pro-

festos que começam a levantar-se emtoda parte contra as atrocidades e osqssassínios da .ditadura de Stroessner,viu-se obrigado recentemente (numadeclaração divulgada a 4 de agosto)a reconhecer que os cadáveres — inú-meros — carregados pala correntezado Paraná para o território argentinoeram de cidadãos paraguaios. Disse:«Não afasto a possibilidade de queexistam cadáveres no rio, de guerri-lheiros que pretendiam atravessar afronteira. em determinado .momento «foram mortos pelos milicianos.»

E' uma parte, da verdade, mas nãoa verdade toda.

Essa declaração de Insfran é umdos raros reconhecimentos da existên-cia de uma luta de guerrilhas — quecresce e se intensifica — contra o go-vêrno tirânico da camarilha de Stroess-ner.

Mas o ministro-fera tenta ocultarum fato universalmente conhecido noParaguai e na Argentina.- que os ban-didos da milícia paraguaia, mesmoquando capturam guerrilheiros, subme-tem-nos a torturas antes de fuzilá-los.Fazem com todos eles como fizeramcom os bravos expostos ao pelourinhodo povoado de Capitán Meza.

No seu ódio zoológico contra os quecombatem pela liberdade e democra-cia, os algozes do povo paraguaio, oslacaios da Standard Oil — Stroessnere seu bando — recorrem às mais bár-baras e requintadas atrocidades a quese pode submeter um ser humano. Mu-lheres guerrilheiras têm tido os seiosamputados, homens têm sido castra-dos, sem falar nas unhas arrancadas,mãos e pés cortados, língua secciona-da... A um guerrilheiro submetido ainterrogatório • que obstinava em si-lenciar, os milicianos de Stroessner eInsfran advertiram:

— Fala agora, porque logo maisnão poderá falar...

E cortaram-lhe a língua.Insfran, em suas raras entrevistas á

imprensa — imprensa amordaçada eque não tem o direito da mais levecrítica à camarilha de Stroessner —

anuncia sempre o «extermínio comple-to» de grupo de guerrilha. Assim, a11 de julho informou sobre a «liqui-dação total» da coluna guerrilheira deYtororó e que nos combates de Nunca-ny e Yera-yn «29 guerrilheiros forammortos», sem mencionar sequer feridose prisioneiros, dos quais há sempre uma

porcentagem normal em toda luta. E'

que os feridos e prisioneiros são sim-

plesmente assassinados '¦—

por ordemde Stroessner e Insfran.

Por que cadáveres no rioPoder-se-ia indagar se a ditadura

paraguaia (contra a qual os govei-nantes norte-americanos e brasileiros

jamais disseram uma palavra de con-denação) não teria interesse em ocul-lar seus crimes sangrentos, que infali-velmente são revelados por jornais ar-

gentinos os mais insuspeitos. Pode-

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Monstrosanguinário

riam, por exemplo, enterrar os cadáve-res nas selvas ou queimá-los, para quenão restasse sequer «um pêlo*, comoameaçava Rolón.

Mas isto não convém à tirania pa-raguaia da Standard Oil, Ela tem mê-do mortal do povo, e seu maior empe-nho é intimidar o povo e a todos ospatriotas paraguaios exilados nos pai-ses vizinhos. Daí lançar às águas dorio Paraná os cadáveres mutilados dosguerrilheiros assassinados. Eles são le-vados pela correnteza como uma es-pécie de advertência às populações dosterritórios por onde passa o rio:* Nãopeguem em armas contra Stroessnerl»

Mas há outra mensagem levada poresses cadáveres insepultos e mutilados:o povo paraguaio está vivo e luta, per-manecc insubmisso à opressão de Stro-essner, como nâo se submeteu aosmonstros que o precederam e que ogeraram: Morinigo, Chávez, agentes,Iodos eles, de um mesmo senhor: osIrustes estrangeiros que dominam e pi-lham a economia do Paraguai.

Campos de concentração

O fuzilamento sumário dos guerri-lheiros não significa que sob o govér-no de Stroessner tenham sido fechadosos campos de concentração que de hámuito são conhecidos no Paraguai.5lrocssner não se preocupo apenascom os guerrilheiros. Inquietam-nolambem os milhares e milhares de pa-Iriotas que resistem por Iodos os meiosao seu nefando regime. Jamais o nú-mero de presos políticos no Paraguai

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Povo obrigadoa ver massacre

Km niHio dôste ano a pequena cidade do CapilAn M"/u foi abrigada a testeniti-nhar um dos crimes sanguinários do &';rocssner. Dnis guerrilheiros, mostrandosinais evidentes dc tortura foram apresentados au povo numa praça, juntaincnhacom a cabeça decapitada tio. um do sftis companheiros. Depois os guerrilheirosforam fuzilados num local vizinho, Na foto o corpo do Agullluro que mostra

por si mesma quem éSIroessricr,,_-_»_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_^__^__^__^__^__^__Mili__M^-_M__B-W»lg_M-M-WW I

Nâo existe um »6 típo de tortura jamais utilizado pelos carrascos de tAda a historia que Stroessner nfio utilize. A que!-madura, o choque elétrico, a castração, a amputação de braços, pés, orelhas, língua, a tortura da água, o chicoteamentocom arame farpado s&a alguns dos métodos mais comuns que o monstro usa naqueles que se levantam contraseu regime de terror. Depois disso, Stroessner ainda manda expor as vitimas das torturas para amedrontar o povo erealiza fuzilamentos em massa nas praças públicas. Na foto o guerrilheiro Rigoberto depois da chacina.

EUA e Brasil Sustentama Mais SanguináriaDitadura Das Asiéri£a$

ANO II Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960 Nn 86—¦_—

foi tão grande como hoje. São elesdistribuídos pela ditadura nos camposde concentração e de trabalhos força-dos de Tacumbu, Pena Hermosa, Inga-vi, bem como nos comissariados e guai-nições militares de Assunção e no cam-po. Recentemente foi aberto mais umcampo de concentração em — Chaia-rã — no qual são detidos os campo-neses suspeitos de alimentarem simpn-lias ou de ajudarem os grupos de guer-rilheiros.

A vida nessas prisões e campos deconcentração não precisa ser descritoaqui com minúcias, tantas vezes quetem sido, e sabendo-se que todo o Pa-raguai é uma prisão, um único campode concentração. . .

Brasil e EUA sustentamEnquanto o povo paraguaio vive

submetido à mais completa miséria eao terror mais sanguinário, a luta con-tra a ditadura é mais dificultada ain-da pelo opoio dado a Stroessner pelosgovernos dos Estados Unidos e do Bro-sil. As armas e munições abundantese o dinheiro com que Stroessnet paçiuseus mercenários poro oprimir o povoe combater os guerrilheiros são fomecidos pelos F-inHos Unidos e pelo Bra-sil, Mas o Prurnuai é um pais semporto de mor »• suo maior fronteira écom o Brasil. Sem a ajuda do qovér-no brasileiro, Stroessner possivelmentejá teria c"Mo.

Assim, o Brasil dá à ditadura pa-raguaia o apoio político, econômico emesmo militar que ela necessito, alémHe ajudar a policia facínora de Ins-fran a impedir que os paraguaios serefugiem no Mato Grosso. A cobertu-ra política que o ministro do Exteriordeu o Stroessner e à chamada «demo-cratiiação.; do Paraquni marcha ladoa lado com a ajuda militar prestadacom o fornecimento de armas e o rea-parelhamento de aviões para serviremàs caçadas de Stroessner contra oscombatentes pela liberdade. Ao mes-mo tempo, os latifundiários e grandescapitalistas brasileiros que possuem in-terêsses no Paraguai fornecem dinhei-ro ao ditador para que êle continueseu reino de sangue .

Os democratas paraguaios, que es-peravam pelo menos compreensão porparte do governo brasileiro, tiveramde condenar veementemente as nn-danças de Lafer e o apoio dado porKubitschek ao carrasco do bravo povoguarani,

A luta continuaStioessner e suo clique são manli-

dis pelo capital estrangeiro, pela «aju-

da» do imperialismo Ianque e do go-vêrno brasileiro. Não fosse isso e dehá muito teriam sido varridos para sem-pre.

As fileiras dos patriotas paraguaioscrescem dia a dia. Alimentam-se naprópria lula, dos sacrifícios dos quecaem heroicamente. A Frente Unida deLibertação Nacional congrega hoje ho-mens e mulheres das mais diferentestendências políticas e dirige a luta con-tra a diladuia sangrenta e explorddorade Stioessner. A tentativa de insuirei-còo de 12 de dezembo de 1959 foi fe-

rozmente esmagada, mas não extinguiua chama da causa libertadora.

O povo paraguaio — menos de 2milhões de pessoas — vive na mais ex-tiema miséria. Não se curvo porém àtirania. O nome de seu herói naeio-nal, Solano López, está nos lábios decada patriota paraguaio, que a êlejunta os nomes de homens e mulheressimples da atualidade — camponeses,operários, estudantes, intelectuais —

que unem suas forças com êsle objeti-vo imediato: derrubar Stroessner, con-quistar a democracia para seu pais,torná-lo livre e independente.

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— 2 NOVOS RUMOS Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960

Contrabando e EntreguismoPor Detrás da Zona Franca

Já se encontra no CongressoNacional, acompanhado de men-sagem presidencial, um projeto delei visando à criação de uma zo-na franca nc porto do Rio de Ja-neiro. O projeto foi elaborado porum grupo de trabalho constituídopelo governador Sette Câmara eno qual pontificam, entre outros,os conhecidos entreguistas Rober-to Campos e Glycon de Paiva. Porsua concepção, pelos objetivos vi-sados, embora não declarados, pe-Ias conseqüências que acarretará,a iniciativa é das mais perniciosase contra ela já se manifestaram,além da União dos Portuários doBrasil, o Partido Socialista Brasi-leiro e o engenheiro Maurício Jop-pert, presidente do Clube de En-genharia.0 que é a a zona franca

Numa monografia publicada apropósito de tentativa anterior decriação de zonas francas em por-tos brasileiros, o engenheiro Hilde-brando de Araújo Góes, ex-prefei-tp do então Distrito Federal, fazum histórico do surgimento daszonas e dos portos francos, assina-lando a confusão que geralmentecerca os dois conceitos. O portofranco,- diz no mencionado traba-lho, é a localidade que dispõe deum porto no qual não existe fis-calização aduaneira. Atualmente,portos francos só existem em co-lônias européias, como Hong-Konge Singapura. Na Europa, própria-mente, onde floresceram no pas-sado, nenhum porto franco existemais. peles, restam apenas vesti-gios transformados, que são as zo-nas francas. Estas, sim, foram

criadas em diversos portos, comoHamburgo, Bremenhaven e ou-tros, na Alemanha, Copenhague,na Dinamarca, etc. O objetivo dazona franca é facilitar a movimen-tação da mercadoria em trânsito,isto é, que se destina a outros pai-ses, ou que destes procede.

Escreve, a respeito, o engenhei-ro Hildebrando de Góes: "O esta-belecimento das zonas francas vi-sa atrair a navegação e o comer-cio. Visa ampliar o "hinterland"de um porto em detrimento dosportos vizinhos. Visa, para a ei-dade e para o país, os lucros indi-retos, que lhe traz o encaminha-mento, pelo porto, das mercado-rias em trânsito. Sua criação é oresultado de uma concorrênciaentre portos. É, por exemplo,Hamburgo e é Bremenhaven com-petindo com Rotterdam, Antuér-pia e Gênova. É Copenhague emconcorrência com os portos ale-mães do Báltico."Concorrer com quem?

Portanto, a zona franca é, es-sencialmente, um instrumento deconcorrência. No caso do porto doRio de Janeiro, com quem iríamosconcorrer? Com o porto de San-tos? Com o outro porto mais pró-ximo de grande calado, o de Sal-vador? Ou com os portos de Mon-tevidéu e Buenos Aires? Excluindoas duas primeiras hipóteses, poisseria simplesmente inadmissíveluma política visando a estabele-cer a concorrência entre portosnacionais, resta examinar as con-dições existentes no porto do Rio,de um lado, e nos de Montevidéue Buenos Aires, do outro. Haverá

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Zona francadc contrabando

A projetada criação de uma zona fran-ca no porto do Rio de Janeiro viriaalirir unia larga porta para o contra-liando e para a liquidação de muitaspequenas e médias industrias nacio-nais, Nada aconselha a inovação.

um terreno real para essa concor-rência?

Os estudos técnicos mostramque não. Os principais portos dosnossos dois vizinhos do Sul sãomais atraentes para a navegaçãodo que o do Rio de Janeiro pormotivos econômicos dificilmenteremovíveis. Com efeito, pela com-posição física do nosso comércioexterior, as importações brasilei-ras pesam muito mais que as nos-sas exportações. Em conseqüên-cia, se os barcos procedentes daEuropa ou dos Estados Unidos ti-vessem todos que vir ao Rio ouSantos e voltar para os seus por-tos de origem, levariam muito me-nos carga do que trouxeram. Porhipótese, se fossem necessários1000 navios para trazer toda acarga que o porto do Rio recebeuem 1958, bastariam apenas 250navios para levar toda a carga saí-da pelo mesmo porto naquele ano.Tal desequilíbrio, a ausência com-pensadora do chamado frete de re-torno, faz com que os fretes parao Rio ou para Santos sejam tãoaltos, ou às vezes mais altos doque os cobrados para Montevidéue Buenos Aires. É que as merca-dorias que compõem o comércioexterior da Argentina e do Uru-guai permitem reduzir o enormedesequilíbrio v- em peso — queexiste no caso brasileiro.

Por isso mesmo, não há vanta-gem em depositar mercadorias noporto do Rio para depois reexpor-tá-las para Buenos Aires e Monte-vidéu. É melhor levá-las direta-mente para lá, poupando inclusi-ve as despesas de desembarque ereembarque.

Trata-se, portanto, de umaconcorrência impossível com aquê-les portos, ademais muito distan-tes do Rio.Instalação de indústrias

Na justificação do projeto delei, além desse fomento à reexpor-tação, cuja inviabilidade acaba-mos de ver, afirma-se também queas atividades industriais na Gua-nabara seriam incrementadascom a instalação de industrias nazona franca. A função de tais in-dústrlas seria processar e mani-pular produtos importados, acres-centando-lhes parcelas de produ-tos e mão-de-obra nacionais paraposterior consumo interno ou pa-ra reexportação. No caso de sedestinarem ao Brasil, diz o proje-to de lei, somente pagariam os di-reitos aduaneiros as parcelas es-trarigeiras do produto; as nacio-nais, obviamente, estariam isen-tas.

Estudos autorizados mostramque não há condições nem econô-micas, nem materiais (falta deespaço na Guanabara e zonas ter-ritoriais adjacentes) para a pre-tendida instalação de grandes in-dústrias na zona franca. Sòmen-te pequenas indústrias — oficinasde montagem, ou de transforma-ção ligeira — poderiam ser ali ins-talados. Não é difícil perceber —mesmo na ingênua suposição deque não houvesse absolutamentecontrabando... — que tal medi-da seria uma porta aberta para aentrada no país de produtos cs-trangeiros sem o pagamento dcimpostos. Montada uma máquina,como se iria saber qual o paraíu-so que é nacional e qual o que éestrangeiro? Ora, o nacional nãopaga imposto na alfândega e porisso o importador teria todo inle-rêsse em fazer passar como de fa-bricação nacional o máximo pos-si vel de partes estrangeiras.

Numa cidade como o Rio, on-de a esmagadora maioria das in-dústria são pequenos estabeleci-mentos, a concorrência desigualque tal fato representaria seriasimplesmente fatal para numero-sas empresas.

É conhecida a verdadeira idios-sincrasia que o sr. Roberto Cam-pos e os do seu grupo têm em rola-ção à pequena indústria nacional.Consideram-na "marginal" p que,por isso, deve ser liquidada. Coma zona franca, um grande passoseria dado nesse sentido.Contrabando em larga esca!a

Outro aspecto profundamentenegativo da criação da zona I. an-ca seria o contrabando desenfrea-do que ela traria. O que agoraocorro nesse terreno é brinquedode criança, em vista do que seriaa zona franca como foco de con-trabando. E então, a situação quejá existe no Norte do pais, onderamos inteiros do consumo estãopassando para a indústria estran-geira, se espraiaria pelo Sul. Sóuma pessoa inteiramente desvin-culada da realidade brasileira po-cloria imaginar o contrário, como,aliás, assinalou recentemente numeditorial o jornal "O Estado de S.'Paulo". É precisamente isto o que

mostra a experiência de outras zo-nas francas existentes no Conti-nente e na Europa. Por que ha-veria de ser diferente no Brasil?Golpe na Administraçãodo Porto

A criação de uma zona francasignificaria, ainda, um rude golpena autarquia do governo federalque administra o porto desta ei-dade — a "Administração do Pôr-to do Rio de Janeiro" (APRJ). An-tes de tudo, atribuições que, poruma série de leis, são suas, pas-sariam para a zona franca, des-de que criada esta última. Em se-gundo lugar, o atual porto setransformaria, praticamente, numporto de cabotagem, de movimen-tação apenas de cargas nacionaisde e para o país. Pois as vanta-gens da zona franca para o im-portador e o exportador seriamenormes: depositariam ali suasmercadorias sem pagar um só realde direitos alfandegários.

Também os interesses do pes-soai da APRJ seriam afetados. Se-gundo o projeto, a zona franca se-ria administrada por uma socie-dade de economia mista e seus ser-vidores, sujeitos à legislação tra-balhista, teriam uma situação le-gal diferente da dos servidores daAPRJ, que são funcionários autár-quicos federais. Seriam dois regi-mes, sem qualquer justificativanem vantagem para o país, mas,ao contrário, com graves prejuízos.Entra o petróleo

Aparentemente sem que lhetenha sido atribuída maior impor-tância, o projeto de zona franca,em seu artigo 5.°, autoriza a cria-ção de uma zona franca especialpara o armazenamento de com-bustíveis destinados ao abasteci-mento de navios e aeronaves emtrânsito internacional. Seria, por-tanto, um novo centro de negóciospetrolíferos, uma outra portaaberta aos trustes para deposita-rem e venderem derivados de pe-tróleo no território nacional. E is-to é proposto quando a políticanacionalista em relação ao petró-leo recomenda exatamente o con-trário, isto é, a centralização crês-cente das importações na Petro-brás. Não apenas porque as im-portações de petróleo são um veí-culo excelente para fraudar o país(o petróleo importado pelos trus-tes e as refinarias particulares en-tra no país por um preço declara-do mais alto que o real; as divi-sas que saem para efetuar o pa-gamento dessas importações emparte destinam-se a êsse fim e oexcedente constitui remessa ile-gal de lucros). Além disso, a Pe-trobrás, com a ampliação de suasrefinarias, é hoje o grande produ-tor de derivados, aquele que, na-turalmente, deve fazer as comprasno exterior, repartindo-as depois,

para suas refinarias e para as re-finarias particulares.Alegações e realidade

Curioso é que êsse projeto decriação da zona franca foi apre-sentado como remédio para com-pensar as perdas em recursos de-correntes da mudança da Capitalpara Brasília. Entretanto, é difícilcompreender como o fechamentode indústrias e o império do con-trabando poderiam concorrer pa-ra aumentar a renda do Estadoda Guanabara, fi difícil conciliaro desejo de ver aumentados os re-cursos públicos do Estado com ofomento do comércio clandestino,que restringirá as atividades re-gulares do próprio comércio, daindústria e dos bancos.Qual a posição do Sr. Lacerda?

Durante a campanha eleitoral,logo no início, o sr. Carlos Lacer-da apresentou um programa dediversos pontos, um dos quais eraa criação da zona franca. Poste-riormente, ao comparecer à Uniãodos Portuários do Brasil, os tra-balhadores manifestaram-lhe amais viva repulsa pela iniciativa,colhendo o candidato totalmentede surpresa. Mais qué depressa, osr. Lacerda apagou do seu progra-ma qualquer referência à zonafranca...

E agora? O recuo foi apenasum expediente eleitoral?0 que deve ser feito

Certamente, o comércio impor-tador e exportador poderia termaiores facilidades do que atual-mente, na medida em que istoconsulte os interesses do desenvol-vimento do país. Esta restriçãodeve ser feita principalmente pa-ra as importações. Ao Brasil nãointeressa importar tudo, mas ape-nas o que ajude o seu desenvolvi-mento. Observadas essas caute-Ias, entretanto, poderia o Bancodo Brasil, em certos casos, dilataros prazos para o pagamento deágios, o que reduziria a necessi-dade de capital de giro para a im-portação. Outra medida já em co-gltação é a criação de um Bancode Exportação, ou a instituição deuma Carteira de Exportação doBND.

No próprio âmbito da Admi-nistração do Porto, poderia — des-de que baixada a lei corresponden-te e com redobrados cuidados —ser criado um entreposto de depó-sito franco, onde as mercadoriasimportadas ficariam depositadasmediante o pagamento de módicataxa de armazenagem.

Quanto ao fomento industrial,em vez de se cuidar de liquidarindústrias, com uma zona franca,o justo seria um reexame racionalda política fiscal do Estado, favo-rável à instalação de novos esta-belecimentos.

DicionárioSurgimentoda Escravidão

Os prisioneiros transformados emescravos eram apropriados pelas íamí-lias ricas e aristocráticas. E como asatividades econômicas qu» empregavamescravos prosperavam rapidamente, aescravidão conheceu um notável incre-mento. A desigualdade de bens tomou-so ainda maior. Em conseqüência, fo-ram «endo também transformados emescravos os parentes e compatrkriasemjiobrceidos pertencentes a própriacomunidade. I>i'ssa maneira surgiu »primeira divisão da sociedade em cias-ses — a classe dos senhores de escravo*e a dos escravos. Surgiu, também, »exploração do homem pelo homem, lstaé, a apropriação gratuita por umas pes»soas do produto do trabalho do outraspessoas.

A partir desse periodo, toda a hls»toria da humanidade, até que surgiua sociedade socialista, tem sido a nistó-oria da luta de classes.

Os pensadores que defendem a bwg-uesia afirmam que a propriedade prfe»vada existiu eternamente. Tal afirma»ção, como já assinalamos, anterlormen>te, não tem qualquer consistência,.Pelacontrário, todos os povos conheceram)o estágio do regime comunitário primfctivo, o qual so estendeu por muitos mi»lênios.

Nos primeiros tempos de sua exis»tencia, a escravidão apresentou um ca-ráter patriarcal e doméstico. Havia re«(ativamente poucos escravos e o traba»lho escravo desempenhava ainda umpapel auxiliar e não fundamental naprodução. A própria troca não estavaainda muito difundida e o grosso daque era produzido destinava-se ao con«isumo imediato.

Entretanto, com o lento e grada*(ivo progresso das forças produtivas,com o surgimento de novas atividadesna agricultura e de novos ofícios, acampo do trabalho humano alargou-»*consideravelmente. A agricultura, po-rvin, continuava sendo a principal ati«vidade econômica, enquanto o artesana-do tinha uma Importância secundária,A economia era eminentemente natural,isto é, os produtos obtidos destinavam*se ao consumo o não à troca. Os arte»süos, ao lado dos ofícios, também cul-Uva vam parcelas de terra,

A princípio, os artesãos produziamseus artigos por encomenda e mais tar-do passarem a produzi-los também paraa venda no mercado. De sua parte, oaagricultores, que precisavam dos pro»dutos do artesanato, também reserva*vam parto de sua produção para tro*eá-la por aqueles produtos no mercado.Assim, porte dos produtos do trabalhados artesãos e dos camponeses tam»transformando em mercadoria.

A mercadoria é um produto destl»nado não ao consumo imediato, mas Htroca, a venda no mercado. A economiamercantil caracteriza-se pela produçãopara a troca.

Enquanto teve um caráter oca-sional, a troca de um produto poroutro realizava-se indiretamente. En-tretanto, à medida que as trocas foram»ho tornando mais regulanes, pouco apouco foi-se destacando uma determina,da mercadoria, que servia do termo decomparação e pela qual se trocava debom grado qualquer outra mercadoria.Tal mercadoria começou a servir de di-n liei io.

NotaEconômica

Mais Açode Volta Redonda

Acaba de spi- inaugurado o oitavo forno de Volta Re-donda, com capacidade para produzir 150 mil toneladas deaço por ano. Assim, a capacidade da grande empresa es-tatal fica ampliada para l milhão e 304» mil toneladas porano isto é, mais 200 mil toneladas do que aquilo que 'oraoriginalmente previsto no Programa de Metas. O uconte-cimento, que enche de júbilo os brasileiros, constitui maisum passo no sentido da emancipação econômica do paisnum setor Importantíssimo como é o da produção de aço.

A história de Volta Redonda é a própria história daluta patriótica pela criação da siderurgia brasileira. Numdos comícios da sua campanha eleitoral na Guanabara omarechal Teixeira Lott recordou um pouco dessa luta. Lem-brou que é velha de decênios a reivindicação nacionalista daconstrução da indústria siderúrgica nacional- Por volta dc1912-1914 apareceram, numa revista de militares, artigos deoficiais do Exército encarecendo a necessidade de possuir-mos nossa própria siderurgia, único meio de marcharmospelo caminho do desenvolvimento econômico Independente.Os entreguistas de então atiraram-se contra as opiniõesdaqueles oficiais e, tentando ridicularizá-los, afirmaram queo Brasii jamais poderia ter uma indústria siderúrgica, poisum dos elementos básicos para essa Indústria — o carvãocoqulficávtel — não havia cm território nacional. A.s posi-<;u>s que ocupavam tais elementos fizeram com que o pon-Io de visla antiprlrlótico prevalecesse durante muito tem-po. Numerosos patriotas — até mesmo há vinte e poucosunos atrás — amargaram o cárcere e as violências poli-ciais por susten tu rem a necessidade da instalação da slde-iiirgiii no Brasil. Finalmente, durante o período de Roose-veltj conseguiu o governo brasileiro — argumentando comuma serie dü razões — a concessão de um empréstimonorte-iimericano, não privado, mus de governo para go-vêrno, que tornou possível a construção de Volta Redonda.

A usina estatal é, assim, o primeiro grande empreen-dlmiintò na Indústria siderúrgica brasileira e, desde quefoi criada, seu desenvolvimento tem sid.i incessante, fi ela-ro que imperialismo norte-americano nunca viu com bonsolhos a criação de Volla Redonda n fèz mais de unia ten-tativa para colocá-la sob seu conirôíe ou conter-llte as di-ineiisões. Ainda há seis iin.i.s, um dos magnatas da side-ruraia norte-americana declarava com lôda a clareza aoendio presidente da Companhia Siderúrgica Nacional qiteéle e seus parceiros não tlitlnuu lliltprêsse em que VollaKcdomia se expandisse, de modo a concorrer eotn a sido-riirgla díis Estados Unidos no merendo brasileiro.

A evolução da produção de rfço ho Brasil, sobretudo noúltimo decênio, lerii sido notável. E iic.stt creselliiento opapel decisivo e fundamental tem cabido a Volta Redonda.Assim, de uma produçã.» nacional de 7(18 mil toneladas ddiico eiíi lingotes, em 1950, passamos a unia produção deI'milhão lÂO mil toiiplodas em 1955 e, agora, a 2 milhõese flflO mil toneladas. Em termos percentuais, o Hicrellieiilofoi de cerca dc 200 por cenlo, o que dá um crescimentomédio- anual de 211 por cenl.i. 1'nru unia Indústria como asiderúrgica, tratu-.se de taxa bastante elevada, em compa-ração com os padrões aluais dos paises capitalistas maisdesenvolvidos. È certo uno no seu período de desenvolvi-

mento Industrial acelerado, outros paises atingiram ritmosbem mais rápidos. Os Estados Unidos, por exemplo, entre1860 e 1913 multiplicaram por 80 sua produção de aço. En-tretanto, tal desenvolvimento era, por assim dizer, favore-eido por todos os fatores, entre os quais n afluência docapitais europeus, que se transformavam cm capitais ame-ricanos. Nos tempos atuais, ao contrário, () desenvolvlmen-to tem que ser conquistado em lula encarniçada contra oimperialismo — antes de tudo o norte-americano —, © con-tra os capitais estrangeiros, fi o caso de Volta Redonda,precisamente.

No último qüinqüênio, a produção de aço em lingotesde Volla Redonda passou de 605.600 toneladas em 1955, pa-ra a atual de 1 milhão e 300 mil, isto é, duplicou. Com isto,lambem aumenta a participação percentual do aço de VoltaRedonda no total da produção brasileira, clcvando-se a50,5 por cento.

O crescimento da produção brasileira de aço tem tor-nado jwssível o desenvolvimento de vários ramos industrl-ais, o que seria, senão impossível, pelo menos em ritmomuito mais lento, se tivéssemos de Importar todo o aço con.sumido. Este é, por exemplo, um dos problemas mais sé-rios dos países subdesenvolvidos, como a Argentina, oMéxico e outros latino-americanos. Assim, por exemplo, em1950, para um consumo de mais de 1. milhão e 100 mil to-neladas de ferro e aço, n Argentina produziu apenas 300mil toneladas, importando o restante; no mesmo ano, ollrasll teve um consumo menor — do 875 mil toneladas; nomesmo ano, o Brasil teve um consumo nvennr — de 875 miltoneladas — mas a participação da proibição interna foibem malOr: 635 mil toneladas, de lal modo que a impor*tação — cerca de 250 mil toneladas — atingiu apenas 28,5por cento do consumo.

Atualmente, o Brasil é o maior produtor de aço dnAmérica Laltlna, embora o consumo brasileiro do aço porhabitante seja bastante baixo, inferior ao do Chile, da Ar-geiitina e do México.

O importante êxito que significou a inauguração do no-vo forno de aço de Volta Redonda deverá ser seguido dooutros, já estando prevista a ampliação da usina para uniacapacidade anual de 2 milhões de toneladas. Diante de fatoscomo êrtte, até fneshio órgãos conservadores, como é o«-lornal do Brasil», têm de reeíinheoer que «o conjunto inle-grado du Volta Redonda, o primeiro que assim se consii-iiiiii na América Latina, é um dos mais altos testemunhosda capacidade do Estado como empresário.), li oportuno t-'-cordá-lj, neste momento, por dois motivos: I) as ésfliâran-Ças de que estão animados os adversários do clulimi-do eslatlsnío, em lace da vitória eleitoral do sr.•tanto Quadros e 2) porque cresce a resnonsabllldadodas forças nacionalistasna defiesa daquilo quenossa Pátria já conquls-tou na marcha Irrefre-ávcl para sua emancipa-ção.

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'— Rio cie Janeiro, semana de 21 a 2/ de outubro de 1960 NOVOS RUMOSTRÊS MIL QUILÔMETROS ATRAVÉS CA ALEMANHA DEMOCRÁTICA (II)

rocuramTodos Eles Pa Liberdade, Mas ApenasUma Parte a Encontra

Reportagem de FRAGMON CARLOS BORGESenviado especial de NOVOS RUMOS

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Quer Ser Engenh eiroEste é Roberl lauers Hans, tem 22'

tino», e solteiro e ama o esporte e aboa música. Não deseja uma novaguerra. Por isso fugiu da Alemanha Fe-

deral. Um de seus grandes sonhos époder estudar, e foimar-se em enge-nharia têxtil. Está certo de que alcan-cará esse objetivo.

A porta da sala foi aberta e porela entrou um jovem alto • forte. An-dar vacilante, cabisbaixo, dlrigiu-M emnosia direção, cumprimentou-me • sen-tou-ie ao meu lado. Trajava bem. Umacamisa esporte de mangas curtas,xadrês, vermelha e preta, que me fózlembrar o nosso saudoso Mengo. Calçasbrancas e bom passadas. Meia* colo-ridas. Sapatos esporte, com fivelasdouradas. No pulso esquerdo, um re-lógio que me pareceu de boa qualida-de; no outro, uma braçadeira de cou-ro, muito usada por jovens desportis-tas. A primeira impressão foi a de queme encontrava diante de um «playboy». Mas para isso faltava-lhe o ardesabusado, o aparente domínio de timesmo e a falsa tranqüilidade, comunsa esses jovens, com que procuram mos-trar que estão à vontade, qualquer queseja o meio em que se encontrem.

Não estava à vontade. E sua apa-rência é a de um jovem Kmido. Carafechada, não esboçou ao menos umsorriso contrafeito ao falar com es pre-sentes. Olhar desconfiado, a correr portoda a sala sem se deter sobre esta ouaquela pessoa, como a sondar ràpi-damenfe o que queriam dele. A dúvidae a incerteza pareciam dominar o seuespírito.

Este é Lauers HansO seu nome é Robert Louors Hans,

tem 22 anos, solteiro, alfaiate. 6 umentre os milhares de jovens que aban-donam anualmente a República Fede-ral Alemã e procuram refúgio na Ale-manha Democrática. Trabalhava naempresa Otto Hòpfner, na cidade deMettman, perto de Dusselford. Ganha-va 320 marcos líquidos, morava comum tio • não tinha outras responsabi-lidodes senão a de sua própria subsis-tência. Por isso vivia bem, e ainda po-dia economizar, em média, cem mar-cos mensais, que depositava no Bancoda cidade.

A nossa conversa se arrasta. Hansnão parece rapaz falador. £ um in-trospectivo. Mas vai respondendo comserenidade e segurança às nossas per-guntas. De maneira objetiva e seca,enquanto o seu olhar quase sempredistante parece percorrer ainda a pai-sagem que o viu nascer e crescer, re-pousar sobre velhos amigos e paren-

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Eletricista do Combinado 7/Bomba Negra7'

EMci é Antonip. Antônio Stepanik,rlclricista-ajudcinte do grande Combina-do a Bomba Negra >, na região de Cot-Ibus. Gnnha 425 marcos por mês. Seuniniirlo também oxerco a mesma profis-soo, na níosma omprôsa, com o mes-mo sulóiio. Têm umci If.hci com 15 anos.

Desde 1954 vivem na República De-mocrática Alemã. Moram num aparta-mento com dois quartos, sala e depen-dêncios. Pagam 20 marcos de aluguel.Na Alemanha de Adcnauer não per-tenciam a nenhuma organização po-lilica ou de massas. Aqui pertencem ao

Sindicato. Deixaram a Alemanha Frde-ral por razões puramente econômicas.Ganhavam mal e viviam pior. Estão sa-tisfeitos. A bela operária que apareceao seu lado também vivia no ouitnAlememha. Pelas mesmas razões mudou-se para a RDA,

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A F orne e ma c o n s e ih e i r aEste é Paul Schonitz, acompanha-

do de sua mulher e os cinco filhos. Mo-rava na cidade de Hagen (150 mil ha-bitantes) e trabalhava na construção ei-vil. Quando trabalhava ganhava 320marcos líquidos e pagava 120 pelo alu-

guel da casa onde residia. Não podia

tes. Há apenas sete dias havia deixa-do o lar, o trabalho, a velha cidadeonde sempre vivera, os amigos de di-versões e os companheiros de trabalho,e atravessara a fronteira da liberdade.

Deixara tudo isto por temor à guer-ra, por ter sido convocado para o ser-viço militar. Em sua cidade, como cmtoda o Alemanha de Adenauer, é in-tensa a propaganda de guerra, prin-cipalmente no seio da juventude. E êleé apenas um jovem amante dos espor-tos, das diversões. Amante da vida.Suas férias, costumava passá-las empaíses estrangeiros. Já as passou naIugoslávia e na própria Alemanha De-mocrática. Freqüentador assíduo decinema, não tolerava os filmes amerí-canos, de péssima qualidade, queinundam as casas de espetáculo desua cidade. Mas o seu hoby, mesmo, éa música. A boa música.

Quer ser engenheiroSobre como pretende organizar

agora a sua vida, não sabe ao certo.Depende das condições. Apenas estáchegando e tomando os primeiros con-tatos com uma nova realidade. De

qualquer forma, desejaria continuar aexercer a sua profissão. Caso isso nãoseja possível, preferiria trabalhar emuma fábrica têxtil. Uma co^a, porém,é csrta: quer esludar, e sabr que istoé perfeitamente possível na AhmanhaDemocrática. E a carreira escolhida éa de engenheiro têxtil.

A nossa convfiro terminou em umamhient» comp'rtcimen;e diferente da-

quele em que se iniciara, Hans já es-tava mais s-?nhor de si e menos inibido.E nos deixou cem um forte aperto r!emão e um largo soriso a transfigurar

por completo ri sua fisionomia um tan-to sombria dos primeiros momentos.Sorriso espontâneo, a confirmar a cer-teia expressa em palavras de que o seufuturo, agora, seria mais tranqüilo emais brilhante.

Campo de refugiadosEstávamos no Campo de Refugiados

sito na cidade de Barby, nas proximi-dades de Magdenburg. isto campo tem7 edifícios com capacidade para 800

pessoas. E o maior dos muitos que exis-tem na Alemanha Democrática. Hádois anos anda sempre cheio. Ali osrefugiados passam, em média, 8 a 15dias, antes do fixarem residência emoutro local e começaram a trabalhar.Este ano, oté agosto último, por alipassaram 12 mil pessoas. Em 1959, 30mil.

Entre os refugiados deste ano, 70 %são jovens. A maioiia operários. Mashá, também, corto número do membrosdas camadas médias: intelectuais, pe-quenos comerciantes, artezãos, etc. Osintelectuais têm campos próprios. Dos12 mil que passaram este ano poraquele campo, 4.800 eram jovens emidade do serviço militar ou que já es-lavam prestando êsso sriviço e deser-taram. É grande, também, a porcento-fiem de mulheres: oscila em torno dos50%.

As instalações são boas. E a nr-iio-ria dos refugiados vivem, talvez, comonunca viveram antes. Todos os sorvi-ços são gratuitos: do alojamento à co-mida; da roupa à assistência médica;do cinema ao teatro. E ainda recebemimportâncias cm dinheiro para outrasdespesas pessoais. E, oo deixarem ocampo, os refugiados não só têm em-prego garantido, como recebem o di-nheiro necessário à instalação de suasnovas residências.

Visitamos algumas das instalações.Percorremos os seus jardins e nos en-cantamos com o colorido de suas flores.Era uma tardo do sol. Em seus ban-

viver com o que sobrava. E a situação ti-cava Insustentável durante os longos pe-ríodos de desemprego. Passou os últi-mos três meses sem trabalho, e comotem um irmão que mora na RDA que lhemandava dizer que a situação aqui émelhor, resolveu arrumar as malas e fu>gir. Já aumentou de peso, e está certo

de que as coisas vão melhorar mesmo.Tem dois irmãos que moram em Horn-burg, cidade da Alemanha Ocidental,

próxima ò fronteira da RDA. E disse

que agora poderá pôr seus filhos naescola, o que não lhe era possível no

Alemanha de Adenauer.

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Veio, Viu e GostouEste é Horit Mulze, laminacloi. Irei

membro do Partido Comunista Alomuo,e trabalhava no cidade de Hannover.Visitou mais do unia vez a RepúblicaDemocrática Alemã e gostou. Por issocia pciseguiclo. t cm conseqüência desua última visito, perdeu o emprego c

cos, espalhados sob a sonihio das ár-vnres, ou passeando em grupos ale-

gres e barulhentos, vimos jovens e ve-lhos, homens e mulheres, o muitascrianças. Conversamos com uns, aoutros ap?nas apertamos as mãos,mas a torlos que nos dirigiam os seusolhares acenamos cem as mãos numcumprimento de confiança e de ami-zade. Compreendemos a sua situacio.Mais do que isso. Compreendemos asituação em que se encontra a sua pa-tria, dividida ao meio, e transformadacm centro da guerra fria.

Não falamos com refugiados apt-nas nesse Campo. Durante a excursãoque fizemos através da Alemanha O-mocrática, em suas fábricas e cidades,entramos em contento com operemos eoperárias que também virrom dtioutra Alemanha. Se os jovens, em suamaioria esmagadora, fogem para aAlemanha Democrática por temor águerra, desertando o Exército revon-chista do Adenauer ou escapando àprestação do serviço militar, os outrospara aqui vêm à procura de melhorescondições de vida e de trabalho Fo-gem da fome e da miséria, fogem dodesemprego e do desamparo, tão co-muns na Alemanha Federal.

Buscam a liberdadeCampos do refugiados também exis-

tem do outro lado da fronteira, por-que milhares do alemães abandonama República Democrática Alemã. Uns,

ficou um ano sem trabalho. Resolveuvir do vez. Desde 1952 está aqui. Tra-balhu na Somba Nogia , ganha 520marcos. .Os pais vivem ainda em Han-nover. Conheço muitos outros jovensoperários que vieram para a RDA.

vitimeis da tremenda propaganda ideo-lógicj do inimigo, realizada através dorádio, da televisão e de seus espiòevEstos logo so desencantam e regressamou tentam regressar. Se o socialismoainda não é o paraíso, não é tambémo inferno cm que foram jogados.Outros, descontentes. O socialismo, cmru-i fase de cotv.truçáo, não pode con-tentar a lodo-. Ao contrário. Para re-sol/cr os problemas da maioria, paraaccibar com a desigualdade social, temque descontentar a uma minoria acos-tumada a viver parasitáriamente. Dcs-Ia minoria, uma parle não se confor-ma, não se reeduca, não procura adap-tar-se à nova situação Só sabe viverno capitalismo, e para lá se dirigeSão os que escolhem n liberdade, se-gundo os Agências tekgráficas do im-perialismo. A liberdade do viver semtrabalhar, a liberdade de explorar otrabalho alheio.

Mns os que buscam a verdadeira li-bertlade, n liberdade do trabalhar eviver tranqüila e dignamente, a liber-dado de educar os seus filhos, a liber-dade de ter onde morar, a liberdadede divertir-se, a liberdade de não le-mer o futuro, são em muito maior nú-mero. A corrente imigratória existoi-^entre as duas Alomanhas deixa umsaldo favorável, em quantidade e quo-lidado, à República Democrática Ale-má. E nào poderia ser de outra forma.Aqui o o socialismo, é o futuro; lá io capitalismo, é o passado.

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NOVOS RUMOS

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NACIONALOFENSIVA

Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960 —

STAS LANÇAEM BRASÍLIA

Maioriana oposição

Passada a eleição, o Congress* Nacional vai assumir • seu papel o» vida dopais. Os deputados da Frente Parlamentar Nacionalista e os da atual Maioria

que passará à oposição — querem apressar o andamento de grande númerode projetos de conteúdo nacionalista e democrático. Para isso contam com oapoio dos trabalhadores.

O atual líder da Maioria naCâmara dos Deputados, sr. Abe-lardo Jurema, dias após o pleito,afirmou à imprensa que uma dasconseqüências positivas da nega-tiva eleição de Jânio viria a ser oreforçamento do papel do Con-gresso em Brasília. Aparentemen-te condenado a uma gradual pas-sividade, meses atrás, o Congres-so surge agora com a perspectivade tornar-se um centro de açãopolítica de primeira importância.Com a passagem da atual Maio-ria, pelo menos em grande parte,para a oposição, e com a consoli-dação da Fronte Nacionalista, re-forçada inclusive pelos setores na-cionalistas, pequenos, mas atuan-tes, que apoiaram Jânio, o Sena-do e a Câmara — sobretudo estaúltima — deverão tornar-se umcentro político de resistência, fis-calização e pressão sobre o futurogoverno.

Desde já mesmo durante esteíim de governo do presidenteKubitschek, a tendência do Con-gresso é a de assumir um papelde crescente importância na vidado pais. Em particular, os seto-res mais combativos da FrenteParlamentar Nacionalista, depen-

R CubRUI FACÓ

Poesia política. Sim, é realmente9 que fêz Jamil Almausur Addadem Romanceiro Cubano.* Não é, decerto, um caso inédito no Brasil.O poeta aspira a ser continuadorda estirpe de Castro Alves, intérpre-te que é, de há muito, da obra doPoeta dos Escravos. A diferençaque me parece essencial e que nãotira nenhum mérito ao cantor dehoje é que êle tem consciência dasua qualidade de poeta político, quersê-lo, enquanto em Castro Alves do-minava o espontâneo, a manifes-tar-se como uma forca da natureza.

Mas essa consciência não preju-dica de forma alguma a inspiraçãopoética em Jamil Almansur Addad,porque antes de ser político êle jáera poeta. E conseguiu aquilo quebuscava e de que nos fala no pos-fácio: o «equilíbrio da dosagem» deuma determinada quantidade deepopéia «mediante a inclusão decoeficiente razoável de lirismo».

E isto em todo um livro de maisde 200 páginas. Ê algo inédito entrenós. Ê verdade que muitos poetasbrasileiros do passado e da atua-lidade abordaram a poesia política.Mas faziam-no como se praticas-

sem um pecado. Alguns, mais tar-de, se arrependeriam amargamen-te, se envergonhariam desse deslize.Porque depois do ultimo posta de,idéias avançadas que tivemos Máriode Andrade, o Grande — a poéticabrasileira descambou para o aristo-cratismo na medida em que iam en-trando em decadência poetas queum dia foram renovadores na for-ma, a exemplo de Manuel Bandeirae Carlos Drummond de Andrade.

Nos últimos três lustres tivemosno Brasil uma verdadeira ofensiva,por múltiplas formas, contra a. par-ticipação do escritor, do poef», doartista em política, na sua qnali-dade de escritor, poeta ou artista.Era uma atitude hipócrita, pois ês-ses mesmos combatentes contra aprodução intelectual interessadaeram os primeiros a fazerem políti-ca, a pior política, a política em fa-vor da reação. Carlos Drummonddo Andrade (CD.A.) em crônicano Correio da Manhã (2-IX-1958),chegou a escrever: «Quero conser-var meus poucos e bons amigosadeptos do lema «politique d'ahord...». Enuuanto isso, exercitava amusa política em favor da UDN e

Diplomada do DólarUm livro di? grande atualidade

acaba de lançar a Editorial Vitória:«A Diplomacia do Dólar», do autorsoviético L. Vladimirov. O livroapareceu recentemente em Moscou.Mas, embora ao calor da grandeluta que trava hoje o povo cubanopela sua independência e pelo pro-gresso, não c um livro panfletárionem apaixonado. É história, histó-ria à luz do marxismo, história queleva em conta o povo e suas lutase não apenas os atos e as palavrasde personalidades, de estadistas, oumesmo de governos.

Mais do que a , ição dos Esta-dos Unidos, na li. ia, em relaçãoa Cuba, < Diplomai .. -> Dólar» nosrevela todos os meandros do que foia primeira guerra da época impe-rialista: a guerra dos Estados Uni-dos pela posse das remanescentesColônias espanholas da América.

A história que em geral se conhe-cia á respeito era do papel de bommoço desempenhado por Tio Samem relação a Cuba, Porto Rico eFilipinas. Como se os norte-ameri-canos fossem os anjos-da-guardadaqueles povos coloniais que já lu-lavam por sua libertação. Este livronos mostra a verdade toda: os Es-lados Unidos se apresentaram naqualidade de candidatos a herdeirosde restos de um domínio colonialque a Espanha não podia mais sus-tentar. Os povos que tinham vividoséculos sob o domínio de Castela jáestavam em vias de conquistar suacompleta emancipação quando che-garam os fuzileiros navais norte--americanos, os navios de guerranorte-americanos, os soldados deocupação norte-americanos. N ã opara ajudar, mas precisamente paraimpedir que aqueles povos tomas-sem em suas mãos os próprios des-tinos.

Vladimirov se fundamenta numavasta e preciosa bibliografia, inclu-sive fontes inéditas e documentosoficiais dos arquivos dos EstadosUnidos e do Congresso de Washing-ton, em autores norte-americanos c

materiais do Ministério do Exteriorda Rússia czarista,

E nos oferece uma visão panorã-mica das relações entre os EstadosUnidos e os países da América La-tina, em particular Cuba: relaçõesque por mais que se dissimulemcomo de -boa vizinhança» têm sidoapenas de Metrópole para Colônia.Este livro põe a nu toda a mons-truosa hipocrisia ria política exte-rior de Washington em relação aseus vizinhos. Mostra o que foi aguerra hispano-americana e suasconseqüências para afirmar o do-rriínio de fato do imperialismo ian-que sôbrê os povos da AméricaLatina.

Neste momento em que o bravopovo cubano está novamente lutan-do contra os ardis do poderoso vi-zinho do Norte, «Diplomacia doDólar» é um brado de alerta, umchamado de solidariedade a Cubae uma advertência a nós mesmosquanto ao posso futuro.

Um livro que merece ser riifun-elido ao máximo.

R. F.

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de Carlos Lacerda « outros candi-datos dos mais reacionários a pos-tos eletivos.

O sr. Bandeira envereda pelomesmo caminho, caindo numa poc-sia repugnantemente bajuladora,como aqueles tristemente famososversinhos dedicados aos norte-ame-ricanos: «Amigo, a casa é sua, váentrando, vá mandando.,.» E des-ceu tanto, se era possível, que che-gou este ano a um «Louvado» quesó se pode justificar se o poeta es-tiver realmente de miolo mole, co-mo êle próprio admitiu cm crônicarecente. Eis um exemplar da poe-sia política do sr. Manuel Bandeira(Jornal do Comercio do Recife,7.VIII.1960):

«Louvo o Padre, louvo o FilhoO Espírito Santo louvo,Louvo aquele que à vassoureChamou espada do povo»

Vou cerrar este louvadoFalido de rima cm ôvoMas fiquem vocês sabendo:— Vassoura é a espada do povo»

í; ou não poesia política? A qua-lidade é má? Não discutimos isto; otema não ajuda e o poela já entroude há muito em plena decadência:é o crepúsculo da estrela da ma-nhã. O que queremos acentuar é (piea vida mesma impõe esta partici-pacão, essa müitância, esse engaja-mento. E cada um faz o que pode.

Na minha opinião Jamil Alman-sur Addad faz muitíssimo melhordo que os medalhões. A vantagemestá a seu lado. Junta o talento cmplena florescência aos temas esco-Ihidos. Seu Romanceiro Cubano é avida contemporânea em âmbito uni-versai. O mundo para êle é um to-do, tudo está próximo, intimo e In-teressa a Iodos os homens E êle.vive errí poesia as gigantescas trans-formações da China, a luta de liber-taeão dou povos do Oriente Médio,aos quais está ligado pelo sangue,até chegar a Cuba, por onde aliáso livro começa. O drama de Cubaé justamente o que mais de pertonos empolga, o que nos toca maiso coração e a mente. Sim, porquea poesia de Jamil Almansur Addadse dirige lauto à sensibilidade comoà inteligência. 1Õ o que podemos dia-mar de poesia total, poesia huma-na, poesia corpo e alma.

O poeta conseguiu fugir ao prin-cipal perigo — porque também ti-nha consciência dele: o lunar co-muni, como escapou ao discurso, àdedamação, ao boletim. E alcançoua grande qualidade positiva quç si»exigia numa poesia desta espécie:simplicidade, naturalidade com be-lêza de expressão. Eis um exemplo:

«Onde a ilha? Onde? Onde?De homens que são mais feli'/«.«?Saudámos a nossa frondeVinda de tuas raízes.

Nossa nau, Cuba aguerridaAncorará em teus portos.Saudámos a nossa vida,A que nasce de teus mortos»,

Qualidade a destacar no poeta ésua perfeita coerência política aoconsiderar poeticamente os eventosrevolucionários de nossa época. Ja-mil Almansur Addad não paira na

superfície dos acontecimento»: com-preende e aceita a conseqüência re-volucionária de Fidel Castro e seuscompanheiros. Uma prova no belopoema — «Os fuzilados»:

«Para ti meu epinício,O meu soneto e o meu son.Ouço o povo no comício,Exclamando: Paredon!

Saudámos o teu futuro,Libertada dos tormentos.Fulge Cuba por um muro,.Muro dos fuzilamentos».

Neste poema teria apenas umarestrição de caráter político: é quan-to à última quadra, que me parecedeslocada, pelo menos na minhacompreensão de fatos tão diversoscomo a execução de traidores emCuba e a vingança pela morte deVargas...

Parece-me também que Jamil Al-mansur Addad ainda está preso aum certo misticismo que impregnaalguns de seus poemas. São fre-quentes as invocações de Deus,Maomé, Jeová, Alá... Embora ai-gumas vezes em tom irônico de fina(pialidade, como no poema «O ReiAbdula», na minha opinião um dosmelhores do livro:

«Quem tua vontade anula?ó Providência infinita!Fuzilaram rei AbdulaNo silêncio da mesquita».

Devo reconhecer que o deus dopoeta é um deus popular e às vê-zes revolucionário, ou pelo menoso poeta procura atrai-lo para a re-volução, Não seria mal que o con-seguisse, mas tudo Indica que osdiversos deuses, pelo menos das re-ligiões dominantes, das Igrejas do-minantes, estão firmemente ao ladodas atuais classes dominantes domundo capitalista. Em Cuba, a Igre-ja católica não vê a revolução combons olhos e Indica claramente quepreferia Batista e os norte-amerl-canos...

Finalmente, creio que a nova poe-sia de Jamil Almansur Addad estádestinada a percutir profundamen-te entre o grande público. Pode ser,e é quase certo, como já sugeriu(Jeir Campos, que não a aceitem oscríticos profissionais. Não a aceita-rão muito menos os neoconoretlstasdo Jornal do Brasil, em cujas pá-guias há algum tempo o Sartre pu-ramente existencialista era endeu-sado e hoje é chamado de burro,por ser partidário do romance po-pular.

Mas não importa o silêncio dacrítica oficial em lômo do livro deAlmansur Addad. Êle teve sua ori-gem em boa fonte: o enorme entu-siasmo do povo brasileiro Fia re-volução cubana, to uma expressãoclara e sonora desse entusiasmo,que. as Infâmias da WPI e de outrasagências de mentiras dos frustesinternacionais não conseguirão ex-tlnguir. A aceitação do livro, estoucerto, mostrará que o autor nãotem razão quando afirma, baseadona experiência do passado, que «0poeta político é necessariamenteum poeta exilado». O poeta políti-eo das causas populares é, hoje,poela do povo.

¦ Ed. Brasilen.se, São Paulo, 1960.

dendo do apoio que recebem forado Congresso, principalmente domovimento sindical e estudantil,pretendem faaer aprovar uma sé-rie de projetos de lei, de conteúdonacionalista e democrático, paracriar situações de fato para o fu-turo governo. Eis uma lista dosprojetos que estão em pauta noCongresso, e que são objeto daatenção dos nacionalistas:

—- prorrogação da lei do in-quilinato;paridade de vencimentosentre funcionários militares e ei-vis;

anistia para crimes políti-cos;

reforma do Art. 58 da leieleitoral, que proíbe oa comunistasde se apresentarem como candi-datoa em eleições;

nacionalização das cartei-ras de depósito dos bancos eatran-geiros;

lei de repressão ao-abusodo poder econômico;

lei de diretrizes e bases daeducação;

extensão do direito de fé-rias e indenização aos emprega-dos dispensados com menos deum ano de serviço;

regulamentação do direitode greve.

Grande parte das atividadesdo Congresso, nos próximos me-ses, será absorvida pela elabora-ção do Orçamento do GovernoFederal, que deve, por lei, estarpronto ate 31 de novembro. Nãoobstante, alguns projetos destalista poderão ser aprovados, ain-da este ano. Tal é o caso da lei doinquilinato, cuja aprovação é in-dispensável, em face do prazo li-mitado de vigência da lei atual,que se encerra a 31 de dezembro:da lei sobre o direito de férias,que está na Câmara, já com pare-cer favorável das Comissões deJustiça e de Legislação Social, de-pendendo apenas de aprovaçãopelo Plenário e outras.

Volta « ConstituiçãoPara os trabalhadores, par-

ticularmente, alguns dos projetosenumerados acima têm especialimportância: o da paridade entrefuncionários civis e militares, queresulta de Mensagem enviada aoCongresso pelo Governo, mas es-tá "engavetado" na Câmara, ape-sar das repetidas promessas dopresidente Kubitschek de que pro-moveria a sua rápida aprovação;o projeto do deputado Sérgio Ma-galhões, que estabelece a anistiageral para todos os que foram su-jeitos a penas e punições por "cri-mes políticos" e o projeto de re-forma do Art. 58 da Lei Eleitoral.

Este último projeto, do depu-tado Campos Vergai, procura ate-nuar a infração do texto constitu-cional que constitui a proibiçãoaos comunistas de se apresenta-rem como candidatos em eleições.Enquanto a Lei dá aos tribunaiseleitorais a capacidade de impug-narem o registro de um cândida-to, desde que o julgue vinculadoao movimento comunista, o pro-jeto do deputado Vergai mantémessa possibilidade de impugnação,mas a transfere para o períodoposterior às eleições. O cândida-to, se eleito, poderia ser diploma-do, e a impugnação teria comoobjeto o seu diploma, e não maiso registro.

Dessa forma, o candidato te-ria pelo menos o direito de clefe-sa, e se evitaria o processo de vio-lação do regime democrático, queconsiste na impugnação do regis-tro de determinados candidatos,em beneficio de outros, e na amea-ça constante de impugnação quepaira sobre os candidatos ligadosao movimento comunista, antesdas eleições, e que invariàvelmen-te resulta em prejuízo para a suavotação, seja ou não efetivada aimpugnação.

Direito de greveOutro projeto de lei que inte-

ressa especialmente ao movimen-to operário e aos nacionalistas é oda regulamentação do princípioconstitucional que assegura o di-reito de greve aos trabalhadores,e a revogação do Decreto 9.070.Esta revogação depende de deci-são pessoal do presidente da Re-pública, e por isso pode ser conse-guida independentemente do vo-to do Congresso, mas estará auto-máticamente efetivada uma vezaprovada a Lei sobre o mesmo as-sunto, pelo Congresso.

Depois de 13 anos de sabota-gem à regulamentação desse di-reito líquido dos trabalhadores, aCâmara dos Deputados finalmen-te aprovou, em 1058, um projetodo deputado Aurélio Viana, dan-do uma completa regulamentaçãoao direito de greve. A aprovaçãodesse projeto foi aplaudida por to-do o movimento sindical e demo-cràtico, mas o Senado, um ano

depois, tentaria liquidar essa con-quista dos trabalhadores, apro-vando um substitutivo de caráterreacionário e policial. A questãovolta agora à Câmara, onde osdeputados nacionalistas e demo-cratas vão insistir na reaprova-ção do projeto Aurélio Viana, paraque o substitutivo do Senado sejafeito letra morta.

Diretrizes e bases

Quanto a lei de diretrizes e ba-ses da educação ocorre o casoquase inverso ao do direito degreve. Desta vez, foi a Câmaraque aprovou um projeto de senti-do reacionário, que permite o des-vio dos recursos públicos destina-dos ao ensino para os que nego-ciam nesse ramo de "comércio", esacrifica a escola pública. Envia-do ao Senado, este projeto estádependendo de um relatório ciosenador Auro de Moura Andrade,para que sejam anulados os famo-sos "cinco artigos", com os quaisa Câmara entregou às escolas par-ticulares o atributo de parasitasdo Estado.

A chamada "lei anti-truste"será outro centro da atenção dosparlamentares nacionalistas e de-mocratas, nos próximos meses.Trata-se também de um princípioconsagrado na Constituição — oda repressão pelo governo "aoabuso do poder econômico" — queaté hoje espera sua regulamenta-ção legal. O deputado AgamenonMagalhães, já falecido há váriosanos, foi quem tomou a iniciativade apresentar um projeto à Câ-mara, cuidando do assunto. Seuprojeto, entretanto, ficou "esque-cido" nas Comissões daquela Ca-sa, por obra e graça dos gruposeconômicos. No ano passado, ogoverno enviou ao Congresso oprojeto da Superintendência doAbastecimento, órgão que deveriasubstituir a COFAP e acumularas funções de repressão aos abu-sos dos trustes. Com a criação doMinistério da Indústria e do Co-mércio, entretanto, este projetogovernamental ficou superado, eo projeto Agamenon Magalhãesrecuperou sua atualidade. É paraéle que a Frente Parlamentar Na-cionalista volta-se agora, com oobjetivo de aprová-lo antes aindada posse do sr. Jânio Quadros.

Além desta lista de projetos jáapresentados à Câmara e ao Sena-do, muitos dos quais Já têm pare-ceres favoráveis nas Comissões edependem apenas de aprovação doPlenário, os deputados nacionalis-tas têm em vista a elaboração eapresentação de vários outros pro-jetos. O mais importante deles éo que se destinará a reformar aatual Lei de Segurança, que temdado cobertura legal à repressãopolicial ao movimento democráti-co e, especialmente, aos comunis-tas, em muitas ocasiões. Ela estána origem, por exemplo, da deci-são judicial que cassou o registrolegal do PCB; ainda recentemen-le, serviu de base à prisão do lídercamponês paulista Joffre CorreiaNeto.

De Walter Ulb.^nfa Prestes sobre a

morte de PieckO primeiro-secretário do Co-

mltê do Partido Socialista Unlfl-cado da Alemanha, Walter ül-brlcllt, enviou a Luiz CarlosPrestes o seguinte telegrama:

«Caro camarada: O ComitêCentral do Partido Socialista Uni-ficado da Alemanha transmite,por seu intermédio, cordial agra-declmento pelo envio da sentidamensagem de condolências pormotivo do falecimento de nossocamarada Willielm Pieck.

Sua mensagem é expressão deque a memória do camarada Wil-ílftlm Pieck permanece no cora-.ção dos democratas e amigos dapaz de todo o mundo. O PartidoSocialista Unificado da Alemã-nha, inspirado no exemplo do ca-marada Wllhelm Pieck, continua-rá sua luta contra o militarismoe a guerra, pelo extermínio domilitarismo alemão, pela paz e pe-Ia completa edificação do sócia-llsmo na Repúblico DemocráticaAlemã.

Ergamos a bandeira do inter-nacionalismo proletário e ajuste*mos os laeos de fraternidade en-tro nossos partidos, em prol daconsolidação da unidade e da li-gação de todos os partidos co-munlstas e operários em sua luta.

Estamos convencidos de quenossa causa comum, a causa dapaz, da democracia e do socialis-mo, á qual o camarada WilhelmPieck consagrou toda a sua vida,triunfará em todo o mundo.

(a) Walter Ulbrlcht, primei-ro-sficre.táriò do Partido Socialis-ta Unificado da Alemanha»

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Rio de Janeiro, semana de 21 a 27 de outubro de 1960

Abolição do Colonialismo:(MH_EEEI3

5 —

I

Exiqência da Carta da ONUPublicamos neste número a segun-

da • última parte da Declaração Sô-bre a Concessão da Independência aosPaíses • aos Povos Coloniais, apre-sentada na ONU por Nikita Kruschiov.O título e os entre-títulos são da rei-ponsabilidade da redação de NOVOSRUMOS.

Os monopólios espoliam os homensduas vêzesi no Oriente, quando com-pram, e no Ocidente, quando vendemas mercadorias e matérias-primas dascolônias.

t

E ainda obrigam os povos das co-lentas a manter em tempo de paz tro-pas e administrações estrangeiras, istoé, a pagar o custo das cadeias que ossubmetem. Ao mesmo tempe, os mo-nopólios fixam aos contiitiintei da me-iròp.ole altos impostos para a realiza-Cão dc expedições punitivas e guerrascoloniais, obrigando os sou povos apagorem também as cadeias com queos monopolistas colonizadoies subju-gam os outros povos. D. foto, enter-ram nos campos desolados a liberdadede seu próprio povo junto com a inde-pendência de outras nações. Esta si-tuação, por si só, constitui uma gravesentença ao regime colonialista.

No entanto, se os Estados mem-bros da Organização das Nações Uni-das t, subtende-se, em primeiro planoaquiles que há tempos oprimiram mui-tos povos, manifestassem pelo menosum mínimo de compreensão das ne-cessldades imperativas distes povos,teriam possibilidades de ia»iifazê-la«.Um dos pontos principais é a soluçãodo problema do desarmamento e daredução dos gastos militares.

Todos sabem que somente os Es-tados membros do bloco militar co-lonialísta do Atlântico Norte invertemna corrida armamentista 62.000 milhões de dólares por ano.Se investissem, por exemplo, no desen-volvimento e progresso dos países daÁfrica ainda que apenas a metade des-sa soma, destinada anualmente a ob-letivos improdutivos e perigosos paraa paz, pòder-se-iam realizar grandio-sos projetos de engenharia e técnica,incluindo os planos de Inga, Konkur,Zanzibar e do Volta, planos de cons-trução de grandes centrais hidráulicase de sistemas de irrigação, de emprê-sas industriais, de transformação daagricultura. Os povos livres da Afri-ca poderiam criar por toda parte es-colas, universidades, hospitais, estradase tomar outras medidas que lhes per-mitiriam elevar sua agricultura ao maisalto c moderno nível.

Ao mesmo tempo, se as colôniasafricanas e outras ficassem livres dastravas do colonialismo, isto facilitariao aproveitamento das suas riquezas na-turais, aumentaria ali a necessidade damaquinaria e da produção industrialeuropéia e norte-americana, incremen-taria a exportação de matérias-primase produções diversas para a indústriada Europa e da América, elevaria ograu de ocupação de trabalho da po-pulação e de aproveitamento do po-tencial de produção, além de assegu-rar a elevação do nível de vida dospaíses industrialmente desenvolvido*

Colonialismo moribundo

Cada pessoa honrada e cada go-vêrno, que defenda realmente a igual-dade de direitos dos povos e aspire aver realizados os objetivos e princípiosproclamados pela Carta da Organiza-ção das Nações Unidas, não pode dei-xar de ver que o colonalismo é um fe-nômeno oprobioso e moribundo na vi-da contemporânea. A supressão com-pleta e definitiva do colonalismo seriao prólogo não só do progresso social,mas também de um impetuoso desen-volvimento técnico na indústria e naagricultura, do mesmo modo que a abo-lição da venda de escravos deu enor-me impulso ao desenvolvimento dasfórços produtivas da sociedade.

A abolição do colonialismo seriauma das medidas mais importantes pa-ra aliviar a tensão internacional. Osconflitos bélicos e as guerras surgidasno período pós-bélico, como a guerrada Indonésia, Indochina e Argélia, aagressão contra o Egito, a intervençãoestrangeira no Libano e Jordânia e oscomplôs contra a Síria, Iraque e outrospaíses obedeceram precisamente aospropósitos de impedir a libertação e odesenvolvimnto nacional dos jovens Es-tados da Ásia, África e América Lati-na. E mais, no transcurso de todo oúltimo século, a maioria das guerras edos conflitos bélicos esteve ligadode uma maneira ou do outra ao colo-nialismo, à luta das grandes potênciaspara repartirem entre si as colônias.

Os povos perceberam mais de umavez o enorme perigo da transformaçãodas guerras coloniais em novo confli-to mundial. E agora a intervenção con-Ira a República do Congo agravou asituação internacional, criou uma amea-ça à paz na África, e não só na Afri-

ca. Por acaso pode-se esquecer quenas circustâncias atuais, dada a exis-tôncia das armas nucleares e dos fo-guetes, o fogo da guerra atiçado emum continente pode abranger num inj-tante todo o globo terrestre?

Muitos focos principais da atualtensão internacional — no Oriente Pró-ximo e no Extremo Oriente, na Áfricae na América Latina — são consegOên-cia também em grau considerável dapolítica colonialista. As colônias c oschamados «territórios sob tutela» sãoutilizados freqüentemente como basesmilitares de potências estrangeiras epolígonos para provas atômicas. Podetrazer calma ao povo esta situação,pode livrá-lo do medo da guerra, po-de dar solução à miséria, à fome eàs enfermidades de que padecem ain-da os povos dos países que continuamna situação de colônias e de territóriossob tutela?

Bases militares

Além de grandes colônias e de ter-ritórios sob tutela,' algumas potênciasconservam também bases em diferenteszonas do mundo, como, por exemplo,Irã Ocidental, Okinawa, Goa, PortoRico e outros, sem falar já de Taiwan,onde os Estados Unidos realizaram umaagressão ao ocupar este território daRepública Popular Chinesa.

Qual o necessidade que têm as po-tendas industrialmente poderosas des-tas bases • «possessões» em territóriosalheios? Não é isto uma verdadeira re-miniscência da superada época de do-mínio colonial? Que diriam os europeuse os norte-americanos se países ásiáti-cos ou africanos exigissem bases pró-prias nos países da Europa Ocidentalou na América do Norte?

Não pode haver dois critérios: es-tas bases se mantêm para criar umaameaça à independência nacional e àsegurança dos povos situados nas zo-nas próximas a elas. Da mesma ma-neira que nos primórdios do colônia-lismo as feitorias comerciais serviramde base de propagação do regime dedomínio colonial da Ásia, África e Amé-rica, hoje, na época da desagregaçãodo colonialismo, os imperialistas tra-tam de empregar ai bases e as colo-nias que lhes restam ainda para pres-sionar brutalmente os Estados indepen-dentes da Ásia, África e América La-tina.

Regime colonial deveser enterrado

Os Estados membros da Organiza-ção das Nações Unidas, que fazem apresente declaração, consideram quecada Governo que deseja a paz e oprogresso não de palavra, mas de fa-to, deve respeitar os direitos legítimosde todos os povos sem exceção e suasreivindicações de igualdade, justiça eindependência. Ou estas reivindicaçõessão reconhecidas por todos os Estados,

ou os povos oprimidos, com o apoiode seut numerosos amigos no mundointeiro, tomarão eles mesmos teu des-tino nas mãos . conseguirão a liber-dade e a independência varrendo osobstáculos artificiais levantados em seucaminho pelos colonialistas. O deverprimordial de todos os povos é prestarajuda à sagrada luta pela independên-

• cia, contra a opressão dos coloniza-dores.

Do mesmo modo que todo o ver-jonhoso sistema do colonialismo, tam-bém já viveu sua época uma variantedo regime colonial: o atual sistema detutela. Sobrevivência direta do siste-ma de mandatos da Liga das Nações,o atual sistema de tutela, segundo aCarta da Organização das Nações Uni-das, deveria contribuir para o desen-volvimento dos territórios tob tutelapor meio da administração autônomae da independência. Entretanto, trans-correram quinze anos desde que seaprovou a Carta e somente obtiveramindependência quatro dos onze terri-tórios sob tutela.

Até agora não se estabeleceu ne-nhum prazo fixo para conceder inde-pendência aos territórios submetidos atutela, inclusive os maiores deles, comoTanganika, Ruanda-Urundi e NovaGuiné.

As potências que exercem a «tute-Ia», sem ter em conta oi princípios daOrganização dai Nações Unidas, man-têm de fato regimes coloniais, expio-rando impiedosamente a população eespoliando ai riquezai naturais, casti-gam os que dirigem petições à Orga-nização das Nações Unidai e refreiamo desenvolvimento político e econômi-co dos territórios 10b tutela.

O sistema de tutela não se justifi-cou em parte alguma e deve ser en-terrado juntamente com antiquado sis-tema colonial.

Racismo

O regime de opressão colonial dei-xou ao homem, como penosa herança,muitos problemai de difícil solução. Oslamentáveii dramas do Congo, comoem outra lérie de zonai da Terra, on-de oi povos travam uma legitima lutapelos seui direitos, exigem uma iolu-cão ponderada dó problema dai rêlà-ções mútuas entre a população nativaé os colonos de outros continentes. Adiscriminação racial, com todas às suasrepulsivas manifestações de divisão dospovos è nações ém privilegiados è «ih-feriorés», é o racismo, é a justificaçãodo criminoso genocídio, é a via deacumulação de novas atrocidades sô-bre as antigas e de novos crimes sô-bre os passados, é a via de atiçamen-to do ódio, recíproco, de incessantesconflitos sangrentos entre os países eos povos.

Os povos têm a pele de côr dife-rente, mas o sangue de todos eles só

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Juventudec curta

Vivendo em condições quase idón-ticas às da escravidão, os africanoslogo perdem sua juventude e poucossão os que chegam aos tVlntà e qua-renta' anos. A miséria colonial liquidamilhões sem qualquer comtemplaç&o.

têm uma côr. E nenhum povo podepretender dominar outros povos.

Novas relações

As relações entre os povos criadasdurante os tempos do colonialismo de-vem ser substituídas por novas rela-ções, baseadas sobre os princípios daigualdade de direitos da amizade e dorespeito mútuo, independentemente doregime social e político dos Estados edas concepções e opiniões políticas doshomens ou da côr da sua pele. Ospovos das colônias devem obter uniaindependência efetiva e não fictícia,como a que estiveram mantidos de fa-to no marco de uma variante do re-gime coloniol. Os povos exigem nciosomente grandes liberdades na basedo regime colonial, mas a supiessàodefinitiva deste regime, a liberdade pa-ra avançar e o direito de dispor de simesmos, de desfrutar de suas rique-zas e dos frutos do seu trabalho. Qual-quer forma de vassalagcm e qualquermanifestação c'e «tutela ou de «be-nefício» em relação a estes povos hu-

milham profundamente sua dignidade.

A vida coloca aciora o problemada escolha entre o estagnamento e oprogresso, entre n escravidão e a li-berdadi, entre a divisão dos povos csua unidade, enlre a guerra e a paz,

A Organização das Nações Unidasse vê obrigada a exortar imporior.amen-te as potências aue têm possessões co-loniais a estabelecerem negociaçõesem pé de igualdade com os ropresen-tants dos povos das colônias e chega-rem a um acordo sobre o estabeleci-mento da liberdade e da independên-cia dos poises coloniais.

Devem ser fixados prazos exatos epróximos para a-, negociações e ex-cluída a possibilidade de pressão eagressão por parte das potências co-lonais. Se estas potências não icspon-dem a este apelo, se retardam a liber-taçâo das colônias e esmagam o mo-vimento de libertação dos povos colo-niais, os povos afeiçoados á paz de-vem prestar toda classe de ajuda mo-ral e material aos povos que lulampela sua independência.

Direito à independência

Os Estados membros da Organiza- ¦

ção das Nações Unidas pailem do prin-

cipio de que cada país e cada povotêm direito inalienável e absoluto auma existência independente. Estãopersuadidos de que a liquidação doregime colonial não significará o iso-lamento entre os países da África e daEuropa. Pelo contrário, conduzirá cruma colaboração maior ainda entreeles. Entretanto, esta unidade e co-opeioção dos povos só pode ser livree reciproca.

Quanto mais conseqüente e firme-mente se aplicam os princípios da co-operação internacional, os princípiosda igualdade de direitos, da soberaniae da inviolabilidade territorial, da nãoingerência recíproca nos assuntos in-lr>rnos, da vantagem mútua, da coe>is-tôncia pacífica c colaboração econômi-ca, tanto mais sólidos serão a com-proensão reciproca e o acordo dos Es-lados livres e iguais em direitos de lo-do o mundo.

Somente por êsle caminho os pai-ses do Oeste e do Este, do Noi'e e i',oSul poderão, aproveitando as grandesrealizações da ciência e da culturacontemporâneas, atingir o progresso,uma verdadeira cooperação piciíicaentre as nações. Somente assim podemsei convertidos em realidade os eleva-dos princípios da Carla dn Organiza-çâo das Nações Unidas sobre o direi-Io das nações e povos a autodolcr-minacão.

Movidos pelo ardente deseio deconseguir com a maior rapidez a boa-vontade e o entendimento recíprocosentre os Estados e os povos, entre apopulação nativa dos territórios sobtutela o os que se instalaram nestespoise: e oi querem viver cm pé deigualdade com Iodos os cidadãos, osEstados membros óa Organização dasNações Unidas, que colocaram suasassinaturas ao pé desta Declaração, sedirigem a todos os homens, sem dis-tincáo de idioma ou de côr, de reli-gião ou de convicções políticas:

Que ouçam nossa palavra todos oshomens da Terra!

Todos habitamos o mesmo plane-Ia. Nele nascemos, trabalhamos, cria-mos nossos filhos e lhe: transmitimoso que conseguimos na vida, E aindaque existam na Terra diferentes Esta-dos, todos os homens nascem iguaisna sua dignidade de cidadãos.

Abolição total do colonialismo

Em todo o curso do desenvolvi-mento h ico se apiesenla, hoje, oproblema i abolição completa e de-finitiva cia regime colonial cm todassuas formas e manifestações, E nãocm qualquer momento posterior, masimediatamente e sem condições!

1 Conceder impreterivelmente atodos os países coloniais e sob tutelae a outros territórios que não gozamde administração Autônoma, a com-pNa independência, a liberdade naedificação de seus próprios Estados no-cionais, de acordo com a vontade edesejo dos povos, livrcmcnlo expressa-dos O reriime colonial e a atiminis-tração colonial e todas suas formas de-vem ser suprimidos por completo paraque os povos desses territórios tenhama porvbilidade de determinarem elespróprios seu destino e as formas degovernos do Estado.

? Suprimir igualmente todos ospontos de apoio do colonialismo emfoima de possessões e de zonas arren-dadas em territórios alheios

3 Os rjovernos de todos os pai-ses assumem o compromisso de obsor-var rigorosa e invariavelmente, nas re-lações entre os Estados, os princípiosda Corta da Organização das NaçõesUnidos sobre a igualdade e o respei-to dos direitos soberanos e da inte-or.dado territorial de todos os Estadossem exceçíio, não tolerando nenhumamanifestação de colonialismo « direi-tos excepcionais ou vantagens para unsEstados cm prejuízo de outros.

Os Estados membros da Organiza-cão das Nações Unidos, que se guiampelos nobres princípios da Carla des-Ia Organização, não podem deixar deconsiderar a abolição do regime co-lonialiíta como uma importantíssimaetapa da vida internacional. Esta açãoé por si mesma um dos fundamentosprincipais para o desenvolvimento dasrelações amistosas entre todos os Esta-dos o Iodos os povos, e, portanto, pa-ra o sucesso da grande tarefa de as-segvrar uma paz sólida e duradourana Terra .

Cada Estado e r.ada Governo têmo dever sagrado de colaborar na apli-cação mais rápida e íntegra desta De-daraoõo.

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Festa da Juventude do Mundoa inauguração da Universidadeda Amizade Dos Povos

Moscou (Vja aérea, especial paraNovos Rumos — Paulo Facó). —

Cumpridas as formalidades legaisem Paris, embarcamos num mag-nifico avião a jato Caratelle, aquichegando depois de uma viagem deduas horas, escalando em Varsóvia.No aeroporto de Moscou já nos es-peravam e rumamos em seguidapara a sede da Universidade daAmizade dos Povos.

As novas impressões são tantasque é dificil enumerá-las. Mas o quemais impressiona é a amizade en-tre a juventude de todos os paísesaqui representados. Para constataristo é preciso mesmo ser estudanteda Universidade, viver a sua vidacomo nós estamos vivendo. Atra-vés de uma correspondência, malse faz uma idéia da realidade. Nofim do dia fica-se literalmente coma mão dolorida de tantos apertosde mão. Cada dez passos que se dápelos corredores, no refeitório, nasescadas, há sempre sorrisos abei'-tos e braços prontos para um abra-ço. Para fazer uma analogia maisou menos fiel, é como o ambienteem que se realizou o VI FestivalMundial da Juventude e dos Estu-dantes.

Ontem, 1° de outubro, foi a inau-guração da Universidade. Numenorme auditório, cuja ornamenta-çáo (tradicionalmente soviética, di-ga se de passagem, de cortinas develudo vermelho, mesa coberta develudo verde, onde não faltavam asmoringas de vidro com os respec-tivos copos dará os oradores) con-trastava com o espirito juvenil, reu-niam-se estudantes de todos ou qua-se todos os chamados países sub-desenvolvidos. Efetuou-se aí a ins-talação dos cursos.

Em primeiro lugar falou o Reitorda Universidade, Rumiântsev, e aseguir falaram todos os estudantesque quiseram fazê-lo. Foi um dês-ses espectáculos que dificilmente seesquecem.

Em meio ao entusiasmo, conse-guimos abstrair-nos até das pesa-dás cortinas de veludo e das mo-ringas de vidro — de tudo o queera alheio à nossa reunião. Fala-ram representantes de todos os Con-tinentes, inclusive um do Brasil.(Fui eu o tradutor para a assem-bléia do seu discurso para o russo).Não havia entre nós nada de ofi-ciai, de prc-ostabelecido. Eram to-

dos discursos espontâneos, impro-visados e, por isso mesmo, belissi-mos. Foi uma das coisas mais co-movedoras que já assisti na minhavida. Todos os que falaram eramjovens progressistas, pessoas real-mente boas e sinceras. Que mara-vilha é isto aqui! É realmente des-lumbrante ver juntas pessoas detodas as raças e de todos os tipos,de costumes e crenças diversas, reu-nidaa por um só ideal, todos reu-nidos para um fim único!

À noite houve um baile em quemais uma vez estávamos todos jun-tos, o qual se prolongou até altanoite. Realizou-se também um con-certo de âmbito internacional. E senem todas as apresentações eramde primeira categoria, em compen-sação eram alegres e naturais, e is-to é o que importava.

Do Brasil, no dia da inaugura-ção dos cursos da Universidade daAmizade dos Povos, havia apenas7 estudantes; mas serão ao todo30, segundo fui informado. Será ogrupo mais numeroso de todos ospaíses, pois também foi o Brasilque contribui com o maior númerode solicitações.

Por enquanto estamos residindonum enorme edifício da Universi-dade da Amizade dos Povos numaregião bem afastada do centro deMoscou. Futuramente aqui ficarãosomente as faculdades de ciênciashumanas, enquanto as faculdadesde ciências exatas irão para outroedifício, dentro de mais ou menosdois meses.

Entreméntes, constrói-se o edifí-cio geral da Universidade, que deveestar pronto daqui a três ou mes-mo dois anos. Então, nele ficarãoinstaladas todas as universidades,tanto as de ciências exatas como asde humanidades.

Moro com outro brasileiro, umcolombiano e um habitante da Áfri-ca Negra.

Logo que chegamos iniciamos osexames de admissão, começandopor fisica e matemática. A vidana Universidade é intensa. Vivo tãointensamente como nunca. Fui es-colhido encarregado de relações pú-blicas da turma brasileira. Já tenl oinúmeros amigos e penso, daqui per

diante, fazê-los em número aindamaior.

Já começamos a receber o esti-pendio a que temos direito comouniversitários, como todos os uni-versitários da União Soviética.Creio que será possível economizarpara ir passar férias no Brasil. Masquanto a mim só penso fazê-lo quan-do completar o primeiro ano deengenharia, isto é, daqui a dois outrês anos, conforme o período deduração do curso preparatório.

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Vclhosamigos

Muitos estudantes chegaram à URSS e encontraram lá compatriotas seus cur-sando várias faculdades. Imediatamente prepararam-se festa e reunião paracomemorar a vinda dos "calouros" com danças e cantos da pátria. Os bolsistasdo Ceilão promoveram um encontro entre professores c alunos da Universidadedos Povos saudando-os com um caloroso "Viva!"

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Sede de sabernão tem fim

As primeiras lições sao sempre difíceis, mas a vontade de aprender dos africanos vence qualquer obstáculo. Comooutros jovens dos países que só recentemente se libertaram do colonialismo, eles sabem que a luta para conseguir adesenvolvimento econômico e social e acabar com a miséria e a ignorância de seus povos será árdua e querem «pro-veitar ao máximo a oportunidade que lhes foi oferecida. Assim pensam Latif Husein e Lasisi Osunde quando recebema ajuda de uma das dezenas de professoras de russo da Universidade. <

NOVOS RUMOSmmmm—^mmm^m^^~m^mmmmm^m^0m^mmnM^m^m^m^m^mWmWlÈÈÈÈÊÈÈÊÈmWÊm^ÈÊImWm^mÍQ}><W^v.-••¦•--.¦y^1'* "y*'.!'!" ' "' "***" * ¦* *"? m ***" "^' "*¦ *-*— -

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Começoucom a paz

A primeira turma da Universidade rins Tovos começou simis cslüdos (Ir lingün russa. São quinlu-nlos jovens (If limosos cantos rio mundo que se preparam para secuir cursos de engenharia, economia, química, fisica, medicina, ele.Todas as suas despesas foram pagas r todos ns cuidados materiais <¦ minais necessários llics foram prestados para.que eles possam se dedicar exclusivamente á sua formação. Nesse ambiente de amizade c concórdia, o estudante GqtfrltlPata, bolsista da Nigéria, exprime a esperança e a disposição de ludus escrevendo a palavra "Paz" no quadro negro.

Sorriso de INancyé em Moscou

As mulheres não foram esquecidas, ea africana Naney Johnson, vestindotrajes típicos de seu pais r estampan-do na face um sorriso sincero de-monstra sua confiança no futuro.