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ANÁLISE EM ECONOMIAS FECHADA E ABERTA Porto Alegre, dezembro de 2005 INTRODUÇÃO Este trabalho tem a finalidade de apresentar, de modo acadêmico, um importante instrumental para a compreensão da interação dos mercados de bens e monetário: a curva IS – LM. Os fundamentos do trabalho parte dos capítulos 9, 10 e 11 do livro Macroeconomia de Mankiw, proposição do grupo divididos um para cada componente. O capítulo 9 ficou para Osmar, responsável também pela formatação geral do mesmo; o capítulo 10 com o colega Luciano e o 11 coube à colega Caroline. Utilizamos outras fontes de consulta para ilustrar com maior abrangência o escopo do trabalho. O trabalho reveste-se de natureza acadêmica cuja profundidade do conteúdo apresentado pode resultar em algumas imperfeições, entretanto motivados pelo interesse despertado nas aulas ministradas na disciplina de Macroeconomia, pretende-se formalizar um conteúdo de fácil acesso e compreensão, até mesmo para futuros estudantes, darem continuidade ao mesmo. O modelo IS – LM, é a essência da macroeconomia moderna. Em muitos aspectos ele mantém o espírito das construções teóricas estudadas na parte um da disciplina, entretanto é ampliado, contudo, através da introdução da taxa de juros como uma determinante adicional da demanda agregada. Na parte um da disciplina ministrada em aula, os gastos de governo G e a política fiscal foram os determinantes principais da demanda agregada. Agora adicionaremos a taxa de juros com a argumentação de que sua redução aumenta a demanda agregada. Qual a relação entre a taxa de juros e o produto agregado (renda)? Como o mercado de bens está associado com o mercado monetário? Porém, sabemos que precisamos questionar o que determina a taxa de juros, o que nos força a apresentar no trabalho a interação entre os mercados de bens e monetário. As taxas de juros e a renda são determinadas conjuntamente pelo equilíbrio destes mercados. O modelo IS – LM é uma interpretação relevante da teoria keynesiana. Considera o nível de preços como sendo exógeno e mostra o que determina a renda nacional (produto agregado). Há duas formas de abordar o modelo. Podemos vê-lo como mostrando o que leva a renda a mudar no curto prazo, quando o nível de preços é determinado. Em contrapartida também pode ser visto como mostrando o que provoca o deslocamento da curva da demanda agregada. Estas duas partes são conhecidas como curva IS e curva LM. A curva IS se refere a investimento (I) e poupança (S) e representa o mercado de bens e serviços. A curva LM se refere a liquidez (L) e a moeda (M) e representa a oferta e demanda de moeda. Importante salientar que neste trabalho será feita a abordagem inicial da construção das curvas através da exemplificação de um modelo em economia fechada, isto é não sofrendo os efeitos de mercado internacionais forçando importações e exportações. No final será explanado o mercado de bens e monetário dentro do enfoque em economia aberta. Por fim, podemos afirmar que este modelo procura determinar a flutuação da renda na economia no curto prazo, considerando que existe rigidez de preços na economia. 1. A ESTRUTURA DO MODELO IS - LM O modelo IS – LM enfatiza a interação entre os mercados de bens e monetário. Estamos agora adicionando os efeitos das taxas de juros sobre os gastos e, portanto, sobre a renda, e a dependência do mercado de bens em relação à renda. A renda maior aumenta a demanda por moeda e, portanto, a renda. Os gastos, as taxas de juros e a renda são determinados conjuntamente pelos mercados de bens e monetários de modo equilibrado. Qual a vantagem disso? A introdução do mercado de ativos e das taxas de juros serve para três importantes objetivos: Esquematicamente podemos mostrar a estrutura do modelo IS - LM

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ANÁLISE EM ECONOMIAS FECHADA E ABERTA

Porto Alegre, dezembro de 2005

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem a finalidade de apresentar, de modo acadêmico, um importante instrumental para a compreensão da interação dos mercados de bens e monetário: a curva IS – LM. Os fundamentos do trabalho parte dos capítulos 9, 10 e 11 do livro Macroeconomia de Mankiw, proposição do grupo divididos um para cada componente. O capítulo 9 ficou para Osmar, responsável também pela formatação geral do mesmo; o capítulo 10 com o colega Luciano e o 11 coube à colega Caroline. Utilizamos outras fontes de consulta para ilustrar com maior abrangência o escopo do trabalho.

O trabalho reveste-se de natureza acadêmica cuja profundidade do conteúdo apresentado pode resultar em algumas imperfeições, entretanto motivados pelo interesse despertado nas aulas ministradas na disciplina de Macroeconomia, pretende-se formalizar um conteúdo de fácil acesso e compreensão, até mesmo para futuros estudantes, darem continuidade ao mesmo.

O modelo IS – LM, é a essência da macroeconomia moderna. Em muitos aspectos ele mantém o espírito das construções teóricas estudadas na parte um da disciplina, entretanto é ampliado, contudo, através da introdução da taxa de juros como uma determinante adicional da demanda agregada. Na parte um da disciplina ministrada em aula, os gastos de governo G e a política fiscal foram os determinantes principais da demanda agregada. Agora adicionaremos a taxa de juros com a argumentação de que sua redução aumenta a demanda agregada. Qual a relação entre a taxa de juros e o produto agregado (renda)? Como o mercado de bens está associado com o mercado monetário?

Porém, sabemos que precisamos questionar o que determina a taxa de juros, o que nos força a apresentar no trabalho a interação entre os mercados de bens e monetário. As taxas de juros e a renda são determinadas conjuntamente pelo equilíbrio destes mercados.

O modelo IS – LM é uma interpretação relevante da teoria keynesiana. Considera o nível de preços como sendo exógeno e mostra o que determina a renda nacional (produto agregado).

Há duas formas de abordar o modelo. Podemos vê-lo como mostrando o que leva a renda a mudar no curto prazo, quando o nível de preços é determinado. Em contrapartida também pode ser visto como mostrando o que provoca o deslocamento da curva da demanda agregada. Estas duas partes são conhecidas como curva IS e curva LM. A curva IS se refere a investimento (I) e poupança (S) e representa o mercado de bens e serviços. A curva LM se refere a liquidez (L) e a moeda (M) e representa a oferta e demanda de moeda. Importante salientar que neste trabalho será feita a abordagem inicial da construção das curvas através da exemplificação de um modelo em economia fechada, isto é não sofrendo os efeitos de mercado internacionais forçando importações e exportações. No final será explanado o mercado de bens e monetário dentro do enfoque em economia aberta.

Por fim, podemos afirmar que este modelo procura determinar a flutuação da renda na economia no curto prazo, considerando que existe rigidez de preços na economia.

1. A ESTRUTURA DO MODELO IS - LM

O modelo IS – LM enfatiza a interação entre os mercados de bens e monetário. Estamos agora adicionando os efeitos das taxas de juros sobre os gastos e, portanto, sobre a renda, e a dependência do mercado de bens em relação à renda. A renda maior aumenta a demanda por moeda e, portanto, a renda. Os gastos, as taxas de juros e a renda são determinados conjuntamente pelos mercados de bens e monetários de modo equilibrado.

Qual a vantagem disso? A introdução do mercado de ativos e das taxas de juros serve para três importantes objetivos:

Esquematicamente podemos mostrar a estrutura do modelo IS - LM

2. A CONSTRUÇÃO DAS CURVAS IS - LM

Para iniciarmos a apresentação da construção das curvas serão discriminadas as variáveis relevantes, que tomam parte do modelo:

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"E" - Gasto planejado: é o montante que as famílias, empresas e governo gostariam de gastar em bens e serviços (planejamento).

"Eef" - Gasto efetivo: é o montante que as famílias, empresas e o governo gastam em bens e serviços. O PIB da economia;

"C" – Consumo das famílias;

"I" – Investimento planejado;

"G" – Gasto planejado do governo;

"Y" – Renda ou produto agregado

"T" – Impostos

"r" – Taxa de juros

"PMgC" – Propensão Marginal para o Consumo

"M" – quantidade de moeda na economia (conhecida por base monetária);

"P" – Preço das transações relaizadas em determinado período;

"L" – Função demanda por moeda

2.1 A CURVA IS – O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS

A curva IS mostra a relação entre a taxa de juros e o nível de renda que se estabelece no mercado de bens e serviços. Para entendermos esta relação, introduziremos a teoria da demanda por bens e serviços conhecida por cruz keynesiana.

2.1.1 A CRUZ KEYNESIANA - Há equilíbrio entre o gasto planejado e o gasto efetivo: E = Eef

No ponto onde Y2 > E2 produto efetivo maior que os gastos planejados, produtores levam ao aumento de estoques de produção; isto reduz o produto e a renda;

No ponto onde Y1 > E1 produto efetivo menor que os gastos planejados, produtores levam a redução de estoques de produção; isto aumenta o nível de produto e a renda;

Vamos agora considerar, para construirmos a curva IS, os efeitos da política fiscal sobre a renda. Parte-se do

aumento de gastos pelo governo G <0. Sabendo que no equilíbrio E = Y e a equação Y = C(Y – T) + I(r) + G. Derivando a expressão em função de G, resulta em:

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Introduzindo a taxa de juros como variável que afeta o investimento, veremos que quanto maior a taxa de juros

menor é o investimento e o contrário também se verifica. A redução do investimento I < 0 irá deslocar negativamente o equilíbrio no mercado de bens (cruz keynesiana). Portanto, um aumento na taxa de juros terá um efeito negativo sobre o investimento o que, por fim, reduzindo a renda Y. Reunindo em três gráficos de modo conjunto, constrói-se a curva IS:

Construção:

Passo 1: Assinalar no gráfico função investimento a taxa de juros nova (r1) e antiga (r0);

Passo 2: Baixar a linha do gasto tanto quanto for a queda do investimento quando a taxa r subir;

Passo 3: Reduzir a renda para o novo nível de equilíbrio da despesa;

Passo 4: Assinalar o nível de renda novo e antigo;

Passo 5: Traçar uma linha ligando os pontos para resultar na curva IS.

O gráfico da Cruz Keynesiana mostra a linha de 45º e a linha de gasto. A parte inferior à esquerda está o gráfico da função investimento função da taxa de juros e à direita o gráfico da curva IS na ordenada a taxa de juros e na abscissa a renda. Os pontos da curva IS são obtidos de acordo com o descrito nas instruções dadas pelos passos acima.

Comece com uma taxa de juros e encontre a posição da linha de gasto para esta taxa de juros. Taxas de juro mais altas reduzirão a linha de despesa porque reduzirão o investimento. Depois encontre o nível de renda resultante que satisfaça a exigência de equilíbrio do gasto. Observe como a inclinação da curva IS dependerá da propensão marginal de consumo PMgC e do imposto T, pois elas afetam o multiplicador. Observar também que a inclinação depende da sensibilidade do investimento às variações das taxas de juros, controladas

Assim sendo, a curva IS mostra todas as combinações da taxa de juros r, e da renda Y que satisfazem a identidade da renda, a função consumo e a função investimento. Em outras palavras, é o conjunto de pontos nos quais há equilíbrio da despesa. O gráfico da função investimento mostra como níveis mais altos de juros estão associados a níveis mais baixos de renda ao longo da curva IS, por isso ela é inclinada para baixa. Um aumento na taxa de juros reduz o investimento.

2.1.2 POLÍTICA FISCAL E DESLOCAMENTOS NA CURVA IS

Vamos agora abordar como a política fiscal seja expansionista ou retracionista altera (desloca) a curva IS. O exemplo a seguir retrata uma política fiscal de expansão que poderá ser dada por aumento nos gastos

governamental D G > 0 ou através da redução dos tributos T < 0.

Política de aumento dos Gastos G > 0 ou redução da tributação T < 0

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Os gráficos acima mostram que políticas fiscais que aumentam a demanda por bens e serviços, deslocam a curva IS positivamente para a direita, aumentando o nível de renda na economia. Por outro lado, políticas

fiscais retracionistas que reduzem a demanda por bens e serviços, redução dos G < 0 ou aumento da

tributação T > 0, deslocam a curva IS negativamente (para a esquerda), diminuindo o nível de renda na economia.

2.2 A CURVA LM – O MERCADO MONETÁRIO

A curva LM todas as combinações da taxa de juros r e da renda Y, que satisfazem a relação da demanda monetária para um nível fixo da oferta monetária e para um valor pré-determinado do nível de preços. Ela relaciona o nível de renda na economia com a taxa de juros determinada no mercado monetário. O modelo parte da inexistência de inflação considerando-a zero, assim como de uma teoria de Keynes, conhecida como Preferência pela liquidez, isto é, a oferta monetária é dada pelo Banco Central, ou seja a quantidade de moeda na economia M é fixa. Além disso o nível de preços no curto prazo é constante P é fixo, logo:

Assim sendo a oferta monetária não depende da taxa de juros e a demanda por moeda está negativamente relacionada com a taxa de juros. Portanto, L (r,Y)

O gráfico à esquerda mostra a demanda de moeda como função da taxa de juros. A linha da demanda está inclinada para baixo porque as taxas de juros mais altas fazem com que as pessoas conservem saldos monetários. A demanda monetária se desloca para a direita se a renda aumenta. Uma renda maior faz com que as pessoas fiquem com mais moeda a uma dada taxa de juros. A curva LM é construída no gráfico ao lado. As instruções a seguir mostram como determinar os pontos da curva.

Construção:

Passo 1: Assinalar os níveis de renda novo e antigo;

Passo 2: Deslocar a demanda monetária para a direita quando a renda aumentar;

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Passo 3: Aumentar a taxa de juros de modo que a demanda monetária ainda seja igual a oferta;

Passo 4: Assinalar a taxa de juros nova e antiga;

Passo 5: Traçar uma linha ligando os pontos para resultar na curva LM.

Quando aumenta o nível de renda as pessoas tendem a aumentar seus gastos, isto provocará um aumento na demanda por moeda o que irá gerar um novo equilíbrio no mercado monetário com uma taxa de juros mais alta. Esta relação entre a variação da renda pela variação da taxa de juros é sintetizada através da curva LM, que também representa os pontos de equilíbrio no mercado monetário.

2.2.1 POLÍTICA MONETÁRIA E DESLOCAMENTOS NA CURVA LM

Vamos agora verificar o comportamento da curva LM em função da política monetária. O Banco Central

determina a política monetária através de uma expansão M/P > 0 ou contração da contração monetária M/P < 0.

Nas figuras anteriores desenhamos a demanda por encaixes monetários reais para um dado nível de renda Y. Considerando o efeito da expansão monetária, com uma oferta monetária real inicial (M/P)0 o equilíbrio está no ponto E0, com uma taxa de juros r0. O ponto correspondente na curva LM é o ponto E0

Um aumento de estoques de encaixes reais desloca a curva oferta de (M/P)0 para (M/P)2, mostrado no gráfico à esquerda. No nível de renda Y, a taxa de juros de equilíbrio no mercado monetário cai de r0 para r2, como mostra o gráfico da direita. Neste gráfico também mostramos o ponto E2 como ponto indicativo do novo equilíbrio da curva LM, correspondente a um estoque monetário maior. Portanto, um aumento nos estoques monetários desloca a curva LM para a direita.

3. EQUILÍBRIO NOS MERCADOS DE BES E MONETÁRIO NO CURTO PRAZO

As curvas IS-LM resumem as condições que têm que ser satisfeitas para que os mercados de bens e monetário, respectivamente, estejam em equilíbrio simultaneamente. Reunindo-as em um mesmo gráfico a intersecção entre as duas curvas resulta num ponto de equilíbrio. Neste ponto as taxas de juros e os níveis de renda devem ser tais, que o mercado de bens, assim como o monetário fiquem em equilíbrio. Esta condição é satisfeita no ponto de intersecção E. A taxa de juros de equilíbrio é r0 e o nível de renda de equilíbrio correspondente é Y0, dadas as variáveis exógenas, em particular a oferta monetária e a política fiscal. No ponto E, tanto o mercado de bens como o mercado monetário estão equilibrados.

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3.1 EXEMPLO DE APLICAÇÃO

A seguir será apresentado um exemplo aplicativo de modo algébrico das curvas IS-LM, a partir da tabela:

Equações Iniciais Nome Exemplo Numérico

Y = C + I + G Renda  C = a + b.(1 – T) Y Consumo C = 80 + 0,63.Y

I = e – d.r Investimento I = 750 – 2000.r

M = (k.Y – h.r).P Demanda Monetária M = (0,1625.Y – 1000.r).P

Aplicação numérica para a curva IS:

A inclinação da curva IS é – 0,000185: ao longo da curva IS quando a renda aumenta, por exemplo em R$ 100 bilhões, a taxa de juros cai 1,85%. Adotamos a despesa do governo em G = R$ 750 milhões.

Aplicação numérica para a curva LM:

Aplicação numérica de uma política fiscal:

Podemos obter valores numéricos explícitos do efeito das variações da oferta monetária e da despesa do governo com as curvas IS-LM. Primeiro fazemos igualamos as taxas de juros r nas curvas IS e LM. Este é o equivalente algébrico da intersecção gráfica das curvas IS-LM.

4. AS FLUTUAÇÕES ATRAVÉS DO MODELO IS-LM

Podemos analisar através do modelo IS-LM três situações distintas:

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As causas potenciais das flutuações Como esse modelo se ajusta ao modelo da oferta e demanda agregada.

A Grande depressão - que levou Keynes a destacar a demanda agregada como chave determinante da renda nacional.

A renda nacional flutua quando uma dessas curvas se desloca, alterando o equilíbrio de curto prazo da economia. Segue agora as alterações que afetam o modelo:

Alterações na política fiscal deslocam a curva IS. O modelo IS-LM mostra como esses deslocamentos na curva IS afetam a renda nacional e a taxa de juros.

A diferença decorre de que a cruz keynesiana considera que o investimento é fixo, enquanto o modelo IS-LM leva em conta que o investimento cai quando a taxa de juros sobe. No modelo IS-LM, uma expansão fiscal aumenta a taxa de juros e reduz o investimento.

Alterações na política monetária deslocam a curva LM. O modelo IS-LM mostra como o deslocamento da curva LM afeta a renda e a taxa de juros, considere o impacto de um aumento na oferta de moeda. Assim, o modelo mostra que a política monetária influência a renda através de uma mudança na taxa de juros, A IS-LM mostra que um aumento na oferta reduz a taxa de juros, estimulando o investimento, e a partir daí expande a demanda por bens e serviços.

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As interações entre as políticas monetárias e fiscais não podem ser independentes.

Alteração em uma faz com que a outra também mude, a interdependência pode alterar o impacto da mudança feita, como vamos ver no exemplo que segue:

Para elucidar com um exemplo em economia aberta, em 1993, o então Presidente Clinton lançou um "pacote fiscal" para reduzir o déficit público via aumento de impostos. A figura abaixo mostra três possibilidades. No gráfico A, o Fed mantém a oferta de moeda. O aumento dos impostos desloca a curva IS para a esquerda e para baixo, reduzindo, assim, a renda e a taxa de juros. No gráfico B,o Fed deseja manter constante a taxa de juros, nesta caso, quando a taxa de juros desloca a curva IS para a esquerda, o Fed deve reduzir a oferta de moeda para garantir a permanência da taxa de juros em seu nível original. Isto desloca a curva LM para esquerda, a taxa de juros não cai, mas a renda cai muito mais do que se o Fed tivesse mantido a oferta de moeda constantemente. Já no gráfico C, o Fed procura impedir a queda de renda decorrente do aumento dos impostos, para tanto, deve aumentar a oferta de moeda. Neste caso, o aumento nos impostos não provoca recessão, mas causa uma grande queda na taxa de juros. Ainda que a renda não tenha se alterado, a combinação de aumento de impostos com expansão monetária altera a alocação dos recursos na economia. Enquanto o aumento de impostos reduz o consumo, a queda da taxa de juros estimula o investimento.

O impacto de uma mudança na política fiscal depende da política monetária adotada pelo Fed, isto é, depende de se procura manter constante a oferta de moeda, a taxa de juros ou o nível de renda.

4.1 CHOQUES NO MODELO IS-LM

Os choques na curva IS são mudanças exógenas na demanda por bens e serviços. Alguns economistas, entre eles Keynes, destacam que as variações na demanda podem ser provocadas pelo instinto animal dos investidores - ondas exógenas e talvez auto-realizadoras de otimismo e de pessimismo. Para Mankiw esses choques podem também ser provocados por alterações na confiança dos consumidores. Um aumento do grau

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de confiança dos consumidores acerca do desempenho da economia os induz a poupar menos pra o futuro e consumir mais no presente. Já os choques na curva LM decorrem de mudanças exógenas na demanda por dinheiro. Essa demanda por dinheiro aumente substancialmente, como já ocorreu no início da década de 80. Esse aumento na demanda por moeda implica que em qualquer nível de renda dado, a taxa de juros necessária ao equilíbrio do mercado de moeda é mais elevada. Em conseqüência, um aumento na demanda por moeda desloca a curva LM para a esquerda e para cima, tendendo a aumentar a taxa de juros e reduzir a renda.

4.2 A TEORIA DA DEMANDA AGREGADA

Mankiw usa o modelo IS-LM para construir a demanda agregada:

mostra que a renda nacional cai à medida que o nível de preços cresce a curva de demanda agregada com declividade negativa expressa esse relação

Resumindo, uma variação na renda, no modelo IS-LM resultante de uma mudança no nível de preços representa um movimento ao longo da curva de demanda agregada, uma variação da renda, no modelo, dado um nível de preços constante, representa um deslocamento na curva de demanda agregada.

4.3 A GRANDE DEPRESSÃO

A grande depressão é um importante instrumento para ver como os economistas usam o modelo IS-LM.

A hipótese dos gastos: choque na curva IS - Uma vês que o declínio da renda no início dos anos 30 coincidiu com a queda da taxa de juros, alguns economistas sugeriram que a causa do declínio foi deslocamento contracionista na curva IS, chamada de hipótese dos gastos, porque atribuiu a uma redução exógena nos gastos com bens e serviços a principal culpa pela Depressão. Esses economistas procuraram explicar esta queda nas despesas de várias maneiras: para uns esse deslocamento para a esquerda se deu em função do consumo que provocou esse movimento contracionista na curva IS. A queda da bolsa em 1929 pode ter sido, e, parte, responsável por este declínio no consumo, ao reduzir a riqueza e aumentar a incerteza, o crash pode ter induzido os consumidores a pouparem uma proporção maior de suas rendas.Já para outros economistas, os declínios nos gastos pela grande queda nos investimentos em habitação, esses acreditavam que a expansão dos investimentos residenciais nos anos 20 foi excessiva e que, uma vez que esta "superconstrução" se tornou aparente, a demanda por investimentos habitacionais se reduzira drasticamente. Outra explicação possível para a queda nos investimentos em construções residenciais foi a diminuição da imigração nos anos 30: um crescimento mais lento da população diminui a demanda por habitações novas. Houve ainda as políticas fiscais dos anos 30, que provocou um deslocamento contracionista da curva IS. A lei de receitas 1932 aumentou vários impostos, especialmente aqueles que atingiam consumidores de renda média e baixa.

A hipótese monetária: A oferta monetária caiu 25 % entre 1929 e 1933, ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego aumentava de 3,2% para 25,2%. Este fato conhecido como hipótese monetária, que atribui ao Fed a principal responsabilidade por permitir uma queda tão substancial na oferta de moeda. Usando o modelo IS-LM, interpreta-se essa hipótese como sendo uma explicação da depressão através de um deslocamento contracionista da curva LM. Dessa maneira essa hipótese apresenta dois problemas: Primeiro o comportamento dos saldos monetários reais. A política monetária provoca um deslocamento contracionista na curva LM apenas quando os saldos monetários caem. Contudo, de 1929 a 1931 os saldos monetários reais subiram ligeiramente, uma vez que a queda na oferta de moeda foi acompanhada de uma redução ainda maior do nível de preços. Segundo é o comportamento das taxas de juros. Se um deslocamento contracionista de LM desencadeou a Depressão, deveria ter-se registrado uma elevação das taxas de juros, mas essas caíram continuamente entre 1929 e 1933.Estas duas razões são suficientes para rejeitar a afirmação de que a Depressão foi estimulada por um deslocamento contracionista da curva LM.

A hipótese monetária: os efeitos dos preços em queda - entre 1929 e 1933 os preços caíram 25% como já foi dito, alguns economistas atribuem a gravidade da Depressão a esta deflação, eles argumentam que a deflação pode ter transformado o movimento cíclico descendente típico de 1931 em um período de desemprego e redução de renda sem precedentes. Se plausível esse argumento, a oferta de moeda em queda tenha sido responsável pelo nível de preços declinantes, poderia ter sido responsável pela gravidade da Depressão.

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No modelo IS-LM, os preços declinantes aumentavam a renda. Dada qualquer oferta de moeda, um nível de preços menor implica saldos monetários reais mais elevados M/P. Um aumento nos saldos monetários reais provoca um deslocamento expansionista na curva LM, o que provoca um aumento na renda. A renda é o chamado efeito Pigou, observou que os saldos reais são parte da riqueza das famílias, quando os preços caem e os saldos monetários reais aumentam, os consumidores deveriam sentir-se mais ricos e, em conseqüência,, gastar mais. Este aumento da riqueza dos consumidores causaria um deslocamento expansionista na curva IS, aumentando a renda. Os economistas propuseram duas teorias para explicar como os preços declinantes podem deprimir a renda em lugar de aumentá-las.A primeira é chamada de deflação de dívidas e se refere aos efeitos de quedas inesperadas no nível de preços, a segunda se refere aos efeitos da deflação esperada. Uma deflação inesperada enriquece os credores e empobrece os devedores.

A teoria da deflação da dívida afirma que esta redistribuição de riqueza altera os gastos com bens e serviços, em resposta à redistribuição da riqueza, os devedores gastam menos e os credores gastam mais. Se a propensão dos sois grupos a gastar é igual, não há impacto agregado. Mas é razoável supor que os devedores têm maio propensão a gastar do que os credores – talvez seja este o motivo pelo qual os devedores devem. Neste caso, os devedores reduzem suas despesas em um montante maio do que os credores as aumentam. O efeito é uma redução nos gastos, um movimento contracionista da curva IS e, portanto, uma redução na renda nacional.

5. A ECONOMIA ABERTA NO CURTO PRAZO

Neste capítulo examinaremos como as economias se comportam no curto prazo. O objetivo primário é entender o impacto das políticas monetárias e fiscal sobre a renda agregada de uma economia aberta. O modelo Mundell-Fleming, é uma versão do modelo IS-LM para economias abertas. Ambos os modelos consideram que o nível de preços é constante e mostram o que provoca flutuações econômicas na renda agregada. Ambos destacam a interação entre os mercados de bens e serviços e os mercados financeiros. A diferença principal entre eles é que o modelo IS-LM pressupõe uma economia fechada, enquanto o modelo Mundell-Fleming considera uma pequena economia aberta. O modelo Mundell-Fleming introduz as considerações relativas ao mercado internacional.

Uma das lições do modelo Mundell-Fleming é que o desempenho da economia depende do sistema cambial adotado.

O Modelo Mundell-Fleming

Componentes do Modelo

O modelo Mundell-Fleming é composto por três equações que formam o modelo.

Y = C(Y-T) + I(r)+ G + NX(e) IS

M/P = L(r,Y) LM

r = r*.

A primeira equação descreve o mercado de bens. Diz que a renda agregada, Y, é o somatório do consumo, C, do investimento, I, das despesas do governo, G, e das exportações líquidas, NX. O consumo é uma função direta da renda disponível, Y – T. O investimento é uma função inversa da taxa de juros, r. As exportações líquidas são uma função inversa de câmbio.

A segunda descreve o mercado de moeda. Diz que a oferta de saldos monetários reais, M/P, é igual à demanda, L(r,Y). A demanda de saldos monetários reais é uma função inversa da taxa de juros e uma função direta da renda. A oferta de moeda, M, é uma variável exógena determinada pelo Banco Central. Como o modelo IS-LM, o modelo Mundell-Fleming também considera o nível de preços uma variável exógena.

A terceira equação diz que a taxa de juros mundial, r* , determina a taxa de juros da economia analisada, ou seja, a economia é tão pequena que pode emprestar ou tomar emprestado no mercado mundial o quanto deseje, sem afetar o nível das taxas de juros no mercado internacional.

Representação Gráfica do Modelo

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O Modelo Mundell-Fleming. Esta apresentação do modelo Mundell-Fleming apresenta a condição de equilíbrio no mercado de bens, IS*, e a condição de moeda, LM*, mantendo a taxa de juros constante no nível de taxa de juros mundial. Mostra o nível de equilíbrio da renda e da taxa de câmbio.

A Curva LM*. O gráfico A mostra a curva LM padrão e uma linha horizontal que representa a taxa de juros mundial, r*. Estas determinam, conjuntamente. O nível de renda, qualquer que seja a taxa de juros. Portanto, como mostra o gráfico B, a curva LM* será vertical.

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A Curva IS*. A curva IS* é obtida a partir da curva de exportações líquidas e da cruz Keynesiana. O gráfico A mostra a curva de exportações líquidas: um aumento na Taxa de câmbio, de e, para e2 , reduz as exportações líquidas de NX(e1) para NX(e2). O gráfico B mostra a cruz Keynesiana: uma redução nas exportações líquidas de NX(e1) para NX(e2) reduz a renda de Y1 para Y2. O gráfico C mostra a curva IS*, resumindo a relação entre taxa de câmbio e renda: quanto mais elevada a taxa de câmbio, menor o nível de renda.

5.1 A PEQUENA ECONOMIA ABERTA SOB UMA TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE

É necessário especificar o sistema monetário internacional em que o país decidiu operar. Taxas de câmbio fluentes: A taxa de câmbio flutua livremente de acordo com a conjuntura econômica.

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Expansão fiscal sob Taxas de Câmbio Flutuantes. Um aumento nas despesas do governo ou uma redução nos impostos desloca a curva IS* para a direita. Isto provoca um aumento na taxa de câmbio, mas não tem qualquer efeito sobre a renda.

5.1.1 Política fiscal

Suponha-se que o governo estimule a despesa interna através do aumento das aquisições governamentais ou da redução dos impostos. Esta política fiscal expansionista desloca a curva IS* para a direita, como mostra a Fig. a cima. A taxa de câmbio aumenta e o nível de renda permanece o mesmo.

Esta conclusão acerca da política fiscal contrasta fortemente com a conclusão derivada do modelo IS-LM em uma economia fechada. Nesta, a expansão fiscal aumenta a taxa de juros e a renda. Na pequena economia aberta com taxa de câmbio flutuante, a expansão fiscal deixa a renda inalterada. O motivo da diferença está em que, na economia aberta, a pressão altista dos juros internos atrai capital externo. O capital que flui do exterior aumenta a demanda por moeda doméstica no mercado de câmbio, aumentando a taxa de câmbio e reduzindo as exportações líquidas. A queda nas exportações líquidas anula o efeito da expansão na demanda interna por bens e serviços, de modo que a renda de equilíbrio permanece constante.

M/P = L(r,Y).

5.1.2 Política monetária

Suponha-se agora que o Banco Central aumente a oferta de moeda. Como se considera que o nível de preços permanece constante, um aumento na oferta de moeda representa um aumento nos saldos monetários reais. O aumento nos saldos monetários desloca a curva LM* para a direita, como mostra a Fig. Em conseqüência, um aumento da oferta de moeda aumenta a renda e reduz a taxa de câmbio.

Expansão Monetária com Taxas de Câmbio Flutuantes. Um aumento na oferta de moeda desloca a curva LM* para a direita, reduzindo a taxa de câmbio e aumentando a renda.

Na pequena economia aberta, a taxa de juros é determinada pelo mercado financeiro internacional. Quando um aumento na oferta de moeda exerce pressão, no sentido da baixa, sobre a taxa de juros interna, incentiva o capital interno a buscar outros países onde pode obter retornos mais elevados. Esta saída de capitais evita a queda da taxa de juros. Além disso, ao aumentar a oferta de moeda doméstica no mercado de cambial,

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desvaloriza a taxa de câmbio, barateando os bens domésticos relativamente aos importados e estimulando, por conseguinte, as exportações líquidas.

5.1.3 Política comercial

Suponha-se que o governo reduza a demanda por produtos importados através da instituição de uma cota de importação ou de uma tarifa. A redução das importações significa um aumento das exportações líquidas, isto é, a curva de exportações líquidas se desloca para a direita, como mostra a Fig. O deslocamento da curva de exportações líquidas movimenta a curva IS* para a direita. Portanto, a restrição comercial aumenta a taxa de câmbio e não tem qualquer efeito sobre a renda.

NX(e) = Y – C(Y – T) – I(r) – G.

A restrição comercial não afeta a renda, o consumo, o investimento ou as aquisições do governo. Logo, não afeta o saldo em conta-corrente.

Uma Restrição Comercial com Taxas de Câmbio Flutuantes. Uma tarifa ou uma cota de importação desloca a curva de exportações líquidas para a direita. Isto provoca o deslocamento para a direita da curva IS*, aumentando a taxa de câmbio e deixando inalterada a renda.

5.2 A PEQUENA ECONOMIA ABERTA SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS

Taxas de Câmbio Fixas

Recentemente, muitos países europeu reintroduziram entre si um sistema de taxas de câmbio fixas e alguns economistas propuseram o retorno a um sistema mundial de taxas de câmbio fixas.

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Como uma Taxa de Câmbio Fixa Determina a Oferta de Moeda. No gráfico A, a taxa de câmbio de equilíbrio supera o nível fixado. Os arbitradores comprarão moeda estrangeira nos mercados de câmbio e a venderão, com lucro, ao Fed. Este processo aumenta automaticamente a oferta de moeda, deslocando a curva LM* para a direita e reduzindo a taxa de câmbio. No gráfico B, a taxa de câmbio de equilíbrio é inferior à fixada. Os arbitradores comprarão dólares nos mercados externos de câmbio e os usarão para comprar moedas estrangeiras do Fed. Este processo reduz automaticamente a oferta de moeda, deslocando a curva LM* para a direita, e aumenta a taxa de câmbio.

5.2.1 Funcionamento do sistema de taxas de câmbio fixas

Neste sistema o Banco Central se dispõe a comprar ou vender moeda nacional a um preço predeterminado. O Banco Central precisará de uma reserva de dólares e a fixação da taxa de câmbio significa que a política monetária terá como única finalidade manter a taxa de câmbio no nível anunciado. Em outras palavras, a essência de um sistema de taxas de câmbio fixas é o compromisso do Banco Central em deixar que a oferta de moeda se ajuste a qualquer nível capaz de garantir que a taxa de câmbio de equilíbrio seja igual à taxa de câmbio anunciada. Mais ainda, enquanto o Banco Central estiver pronto a comprar ou vender moeda estrangeira à taxa de câmbio fixada, a oferta de moeda se ajustará automaticamente a esse nível.

É importante entender que este regime cambial fixa a taxa de câmbio nominal. O horizonte temporal é que dirá se também fixa a taxa de câmbio real. Se os preços são flexíveis, como ocorre no longo prazo, a taxa de câmbio real pode se alterar, mesmo que a taxa nominal permaneça constante. No longo prazo, a política de fixação da taxa de câmbio nominal não influiria em nenhuma variável real, incluindo a taxa de câmbio. A taxa de câmbio nominal fixa influenciaria apenas a oferta de moeda e o nível de preços. Contudo, no curto prazo, descrito pelo modelo Mundell-Fleming, os preços são constantes, de modo que uma taxa de câmbio nominal fixa implica, também, uma taxa de câmbio real fixa.

5.2.2 Política Fiscal

Na Fig. abaixo, uma expansão fiscal, com câmbio fixo aumenta a renda agregada. Isto porque se verifica uma expansão monetária automática.

5.2.3 Política Monetária

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O que ocorre se o Banco Central tenta aumentar a oferta de moeda, por exemplo, comprando títulos em mãos do público? O impacto inicial dessa medida é deslocar a curva LM* para a direita, reduzindo a taxa de câmbio, como mostra a Fig. A política monetária, da forma habitual, é impossível de ser conduzida sob um regime de taxas de câmbio fixas. Ao concordar com a fixação da taxa de câmbio, o Banco Central abre mão de seu controle sobre a oferta de moeda.

Expansão Fiscal com Taxas de Câmbio Fixas. Neste caso, a curva IS* se desloca para a direita. Para manter a taxa de câmbio fixa, o Banco Central deve aumentar a oferta de moeda: a curva LM*, pois, se desloca, também, para a direita. Ao contrário do caso das taxas de câmbio flutuantes, com taxas fixas, a política fiscal expansionista aumenta a renda.

Expansão Monetária sob Taxas de Câmbio Fixas. Por exemplo, se o Fed quer aumentar a oferta de moeda, comprando títulos em mãos do público, exercerá uma pressão, no sentido da baixa, sobre a taxa de câmbio. Para manter constante a taxa de câmbio, a oferta de moeda e a curva LM* devem voltar às suas posições iniciais. Portanto, com taxas de câmbio fixas, é impossível fazer uma política monetária normal.

Um país com taxas de câmbio fixas pode, contudo ter um tipo de política monetária: pode decidir alterar o nível em que a taxa de câmbio é fixada. Uma redução no valor da moeda é chamada de desvalorização, e um aumento no seu valor é chamado de valorização. No modelo Mudell-Fleming, a desvalorização desloca a curva LM* para a direita, agindo como um aumento da oferta monetária age no regime de taxas flutuantes. Uma desvalorização, portanto, expande as exportações líquidas e aumenta a renda agregada. Pelo contrário, a valorização desloca a curva LM* para a esquerda, reduz as exportações líquidas e a renda agregada.

5.2.4 Política Comercial

Suponha que o governo reduza as importações mediante a importação de uma cota de importação ou de uma tarifa. Esta medida desloca a curva de exportações líquidas para a direita: portanto, o mesmo ocorre com a curva IS* como mostra a figura. O deslocamento de IS* tende a aumentar a taxa de câmbio. Para manter a taxa de câmbio no nível fixado, a oferta de moeda deve aumentar, deslocando a curva LM* para a direita.

Taxa de câmbio fixa, vigência de taxas de câmbio flutuantes, em ambos os casos, uma restrição comercial desloca a curva de exportações líquidas para a direita, mas somente sob regime de taxa de câmbio fixa é que tal restrição efetivamente aumenta as exportações líquidas NX.

NX = S – I.

5.2.5 Restrição Comercial com Taxas de Câmbio Fixas.

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Uma tarifa ou uma cota de importação desloca a curva IS* para a direita. Isto induz um aumento na oferta de moeda com a finalidade de manter constante a taxa de câmbio. Como conseqüência, a renda agregada cresce.

5.2.6 Modelo Mundell_Fleming: Sumário das Conseqüências das Políticas Econômicas

Resumindo o Modelo Mundell-Fleming

Principal lição é que o efeito de quase todas as políticas em uma pequena economia aberta depende do regime cambial, se as taxas são fixas ou flutuantes. O quadro a cima resume, de forma mais específica, o modelo Mundell-Fleming mostra que o poder das políticas monetária e fiscal sobre a renda agregada depende do regime cambial. Com taxas de câmbio flutuantes, apenas a política monetária afeta a renda.

6. DIFERENCIAIS DE TAXAS DE JUROS ENTRE OS PAÍSES

Até aqui assumimos que, numa pequena economia aberta, a taxa de juros é igual à taxa de juros internacional: r = r*

6.1 RISCO DO PAÍS E EXPECTATIVAS

Se a taxa de juros doméstica estiver acima da taxa mundial, os estrangeiros irão conceder empréstimos para este país, levando a uma baixa na taxa de juros doméstica. E se a taxa de juros doméstica estiver abaixo da taxa internacional, os residentes deste país irão conceder empréstimos externos visando obter maiores retornos, levando a uma alta da taxa de juros doméstica. A taxa de juros doméstica iria igualar-se à taxa internacional.

Um dos motivos é o risco do país. Quando os investidores compram títulos do governo norte-americano, ou financiam as empresas dos EUA, eles estão bastante confiantes de que receberão posteriormente o principal e os juros. Ao contrário, em alguns países menos desenvolvidos, é plausível temer-se que uma revolução ou um motim possa obstruir o pagamento da dívida. Os tomadores de empréstimos desses países freqüentemente têm que pagar juros maiores para compensar os credores por esse risco.

Outra razão da diferenciação da taxa de juros entre os países é a variação esperada na taxa de câmbio.

Um Aumento do Prêmio pelo Risco. Um aumento do prêmio pelo risco do país eleva a taxa de juros. Divido à elevação da taxa de juros, o investimento cai, deslocando a curva IS* para a esquerda, e a demanda por

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moeda diminui, movendo a curva LM* para a direita. O nível de produto cresce e a taxa de câmbio se desvaloriza.

Assim, como o risco do país e as expectativas de variação cambial mudam, a taxa de juros de uma pequena economia aberta pode diferir dos demais países.

6.2 DIFERENCIAIS DE TAXAS DE JUROS NO MODELO MUNDELL-FLEMING

Para incorporar essa diferenciação de taxas de juros no modelo Mundell-Fleming, assumimos que a taxa de juros na nossa pequena economia aberta é determinada pela taxa de juros internacional mais um prêmio pelo risco 0:

r = r* + 0.

O prêmio pelo risco é determinado pelo risco político percebido de conceder empréstimos num país e pela variação esperada na taxa de câmbio real. Para os nosso fins aqui, podemos tomar o prêmio pelo risco como exógeno para examinar como variações no risco afetam a economia.

O modelo é quase igual ao visto anteriormente. As duas equações são:

Y = C(Y-T) + I (r* + u) + G + NC (e) IS*

M/P = L (r* + 0, Y) LM*

Para uma dada política fiscal, política monetária, nível de preços e prêmio pelos risco, essas duas equações determinam o nível de produto e taxa de câmbio de equilíbrio nos mercados de bens e monetário. Para um dado prêmio pelo risco, as políticas monetárias, fiscal e comercial se comportam da forma como já vimos.

Agora suponha que uma perturbação política eleve o prêmio pelo risco do país 0. O principal efeito direto será aumentar a taxa de juros doméstica r. O aumento da taxa de juros doméstica tem, por sua vez, dois efeitos. Primeiro, a curva IS* se desloca para a esquerda, ao reduzir o investimento. Segundo a curva LM* se desloca para a direita, ao diminuir a demanda por moeda, e isso possibilita um nível mais elevado de produto para uma data oferta monetária. Como mostra a fig. , esses movimentos desvalorizam a moeda. Essa desvalorização, por sua vez, torna os bens e serviços domésticos mais baratos, elevando as exportações e contraindo as importações. Conseqüentemente, mesmo que uma taxa de juros maior reduza o investimento, o produto cresce devido à expansão maior das exportações líquidas.

Essa análise tem uma importante implicação: as expectativas da taxa de câmbio são parcialmente auto-realizáveis. Por exemplo, suponha que as pessoas comecem a acreditar que o franco francês irá se desvalorizar no futuro. Os credores exigirão um prêmio pelo risco maior em operações envolvendo ativos deste país: 0 subirá na França. Essas expectativas elevarão a taxa de juros neste país e, tal como acabamos de ver, irão desvalorizar a moeda francesa. Assim, as expectativas de que a moeda perderá valor no futuro leva-a a desvalorizar-se hoje.

6.2.1 O Modelo Mundell-Fleming com a Variação do Nível de Preços

Y = C(Y – T) + I (r*) + G + NX (e) IS*

M/P = L(r*, Y). LM*

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Demanda Agregada no Modelo Mundell-Fleming. O quadro A mostra que, quando o nível de preços cai, a curva LM* se desloca para a direita. A renda de equilíbrio se expande. O quadro B apresenta a relação inversa entre P e Y, sintetizada pela curva de demanda agregada.

Equilíbrio no Curto e Longo Prazos numa Pequena Economia Aberta. K é o ponto de equilíbrio sob a condição Keynesiana de nível de preços fixo em P. O ponto C expressa o equilíbrio sob a hipótese clássica de ajustamento do nível de preços de forma a manter a renda no seu nível correspondente à taxa natural Y.

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7. CONCLUSÃO

Procuramos, no decorrer deste trabalho, apresentar o modelo IS-LM mostrando a construção de cada curva e as políticas que geram seus respectivos deslocamentos. Podemos agora concluir alguns aspectos que julgamos relevantes transcritos de modo implícito ou explícito nesta proposta, os quais discriminamos abaixo:

A curva da demanda agregada mostra qual o nível de renda demandado dado um certo nível de

preços; Os dois princípios econômicos que regem a curva da demanda agregada são o equilíbrio da despesa e

a igualdade entre a demanda e a oferta monetária;

O equilíbrio da despesa é resumido pela curva IS. Esta curva é inclinada para baixo porque taxas de juros mais elevadas reduzem o investimento e, por conseguinte, a renda. Um aumento da despesa do

governo desloca a curva IS para a direita;

A condição de igualdade entre oferta e demanda é resumida pela curva LM. Esta curva é inclinada

para cima. Um aumento da oferta monetária desloca a curva LM para a direita.

A curva da demanda agregada é inclinada para baixo. Um nível de preços mais elevado significa que os saldos da moeda real são mais baixos e, portanto, que a taxa de juros é mais alta. Isso quer dizer

que o investimento e a renda são mais baixos;

Um aumento da despesa do governo ou da oferta monetária desloca a curva da demanda agregada

para a direita;

Numa economia aberta pequena com preços flexíveis e uma taxa de câmbio fixa, o banco central tem que ajustar-se ao estoque monetário na medida do necessário para manter a paridade da taxa de câmbio. O nível de preços interno é determinado pelo nível de preços externo e pela taxa de câmbio

fixa;

Uma economia aberta grande pode influenciar o nível de preços externo;

Numa economia aberta grande ou pequena com taxas flutuantes, a política monetária não é limitada.

Uma expansão monetária eleva o nível de preços interno e diminui o valor internacional da moeda;

Com taxas flutuantes, cada país tem sua própria taxa de inflação. As taxas de câmbio desvalorizam-se na medida do necessário para manter a paridade do poder de compra

BIBLIOGRAFIA

FISCHER, Stanley. Introdução à Macroeconomia. Makron Books do Brasil: 1993.

HALL, John B. Macroeconomia, Teoria, Desempenho e Política 3ª. ed. Editora Campus Rio de Janeiro: 1989.

MANKIW, N. Gregory.   Macroeconomia.  Rio de Janeiro: LTC Editora, 1997. 398 p.:il