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DIÁRIO DA REPÚBLICA ÍNDICE ISÉRIE Sexta-feira, 25 de Agosto de 2006 Número 164 Assembleia da República Lei n. o 39/2006: Estabelece o regime jurídico da dispensa e da atenuação especial da coima em processos de contra-ordenação por infracção às normas nacionais de concorrência ........................ 6184 Lei n. o 40/2006: Lei das precedências do Protocolo do Estado Português ................................... 6185 Lei n. o 41/2006: Estabelece os termos e as condições de instalação em território nacional de bancos de provas de armas de fogo e suas munições, desde que de uso civil ................................... 6191 Lei n. o 42/2006: Estabelece o regime especial de aquisição, detenção, uso e porte de armas de fogo e suas munições e acessórios destinadas a práticas desportivas e de coleccionismo histórico-cultural ............. 6192 Lei n. o 43/2006: Acompanhamento, apreciação e pronúncia pela Assembleia da República no âmbito do processo de construção da União Europeia ...................................................... 6201 Lei n. o 44/2006: Oitava alteração à Lei n. o 7/93, de 1 de Março (Estatuto dos Deputados) — Regime de substituição dos deputados por motivo relevante .................................................... 6203 Lei n. o 45/2006: Nona alteração à Lei n. o 7/93, de 1 de Março (Estatuto dos Deputados) ...................... 6204 Ministério da Economia e da Inovação Decreto-Lei n. o 174/2006: Elimina o acto administrativo autónomo de registo obrigatório dos estabelecimentos industriais, dispensando o industrial do fornecimento de informação que consta do processo de licenciamento ....................................................................... 6205

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ÍNDICE

I SÉRIE

Sexta-feira, 25 de Agosto de 2006 Número 164

Assembleia da RepúblicaLei n.o 39/2006:

Estabelece o regime jurídico da dispensa e da atenuação especial da coima em processos decontra-ordenação por infracção às normas nacionais de concorrência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6184

Lei n.o 40/2006:

Lei das precedências do Protocolo do Estado Português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6185

Lei n.o 41/2006:

Estabelece os termos e as condições de instalação em território nacional de bancos de provasde armas de fogo e suas munições, desde que de uso civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6191

Lei n.o 42/2006:

Estabelece o regime especial de aquisição, detenção, uso e porte de armas de fogo e suas muniçõese acessórios destinadas a práticas desportivas e de coleccionismo histórico-cultural . . . . . . . . . . . . . 6192

Lei n.o 43/2006:

Acompanhamento, apreciação e pronúncia pela Assembleia da República no âmbito do processode construção da União Europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6201

Lei n.o 44/2006:

Oitava alteração à Lei n.o 7/93, de 1 de Março (Estatuto dos Deputados) — Regime de substituiçãodos deputados por motivo relevante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6203

Lei n.o 45/2006:

Nona alteração à Lei n.o 7/93, de 1 de Março (Estatuto dos Deputados) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6204

Ministério da Economia e da InovaçãoDecreto-Lei n.o 174/2006:

Elimina o acto administrativo autónomo de registo obrigatório dos estabelecimentos industriais,dispensando o industrial do fornecimento de informação que já consta do processo delicenciamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6205

6184 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Lei n.o 39/2006de 25 de Agosto

Estabelece o regime jurídico da dispensa e da atenuação especialda coima em processos de contra-ordenação

por infracção às normas nacionais de concorrência

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1.o

Objecto

A presente lei estabelece o regime jurídico da dis-pensa e atenuação especial da coima, concedidas pelaAutoridade da Concorrência nas condições nele pre-vistas, em processos de contra-ordenação por infracçãoao regime jurídico da concorrência e, se aplicáveis, àsnormas comunitárias de concorrência cujo respeito devaser assegurado pela Autoridade da Concorrência.

Artigo 2.o

Âmbito objectivo

A dispensa ou atenuação especial da coima são con-cedidas no âmbito de processos de contra-ordenaçãoque tenham por objecto acordos e práticas concertadasentre empresas proibidos pelo artigo 4.o da Lein.o 18/2003, de 11 de Junho, e, se aplicável, peloartigo 81.o do Tratado que institui a ComunidadeEuropeia.

Artigo 3.o

Âmbito subjectivo

Podem beneficiar de dispensa ou atenuação especialda coima:

a) As empresas na acepção do artigo 2.o da Lein.o 18/2003, de 11 de Junho;

b) Os titulares do órgão de administração das pessoascolectivas e entidades equiparadas, responsáveis nos ter-mos do disposto no n.o 3 do artigo 47.o da Lei n.o 18/2003,de 11 de Junho.

CAPÍTULO II

Requisitos

Artigo 4.o

Dispensa

1 — A Autoridade da Concorrência pode concederdispensa da coima que seria aplicada nos termos dodisposto na alínea a) do n.o 1 do artigo 43.o e noartigo 44.o da Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho, à empresaque cumpra, cumulativamente, as seguintes condições:

a) Seja a primeira a fornecer à Autoridade da Con-corrência informações e elementos de prova sobre umacordo ou prática concertada que permitam verificara existência de uma infracção às normas referidas no

artigo 2.o, relativamente à qual a Autoridade da Con-corrência não tenha ainda procedido à abertura de uminquérito nos termos do disposto no n.o 1 do artigo 24.oda Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho;

b) Coopere plena e continuamente com a Autoridadeda Concorrência desde o momento da apresentação dopedido de dispensa ou atenuação especial da coima,estando a empresa obrigada, designadamente, a:

i) Fornecer todos os elementos de prova que tenhaou venha a ter na sua posse;

ii) Responder prontamente a qualquer pedido deinformação que possa contribuir para a determinaçãodos factos;

iii) Abster-se da prática de actos que possam dificultaro curso da investigação;

iv) Não informar as outras empresas participantes noacordo ou prática concertada do seu pedido de dispensaou atenuação especial da coima;

c) Ponha termo à sua participação na infracção omais tardar até ao momento em que forneça à Auto-ridade da Concorrência as informações e os elementosde prova a que se refere a alínea a);

d) Não tenha exercido qualquer coacção sobre asoutras empresas no sentido de estas participarem nainfracção.

2 — As informações e elementos de prova referidosna alínea a) do número anterior devem conter indicaçõescompletas e precisas sobre as empresas envolvidas nainfracção, o produto ou serviço em causa, a naturezada infracção, o seu âmbito geográfico, a sua duraçãoe a forma pela qual foi executada.

Artigo 5.o

Atenuação especial da coima a partir de 50 %

1 — A Autoridade da Concorrência pode concederuma atenuação especial de, pelo menos, 50% do mon-tante da coima que seria aplicada nos termos do dispostona alínea a) do n.o 1 do artigo 43.o e no artigo 44.oda Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho, caso já tenha pro-cedido à abertura de inquérito nos termos do n.o 1 doartigo 24.o da Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho, à empresaque cumpra, cumulativamente, as seguintes condições:

a) Seja a primeira a fornecer à Autoridade da Con-corrência informações e elementos de prova sobre umacordo ou prática concertada em investigação pela Auto-ridade da Concorrência, relativamente ao qual aindanão tenha sido efectuada a notificação a que se referea alínea b) do n.o 1 do artigo 25.o e o n.o 1 do artigo 26.odaquele diploma;

b) As informações e os elementos de prova fornecidoscontribuam de forma determinante para a investigaçãoe prova da infracção;

c) Estejam verificadas as condições previstas nas alí-neas b) a d) do n.o 1 do artigo anterior.

2 — Na determinação do montante da redução, aAutoridade da Concorrência tem em consideração aimportância do contributo da empresa para a investi-gação e prova da infracção.

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6185

Artigo 6.o

Atenuação especial da coima até 50 %

1 — A Autoridade da Concorrência pode concederuma atenuação especial até 50% do montante da coimaque seria aplicada nos termos do disposto na alínea a)do n.o 1 do artigo 43.o e no artigo 44.o da Lei n.o 18/2003,de 11 de Junho, à empresa que cumpra, cumulativa-mente, as seguintes condições:

a) Seja a segunda a fornecer à Autoridade da Con-corrência informações e elementos de prova sobre umacordo ou prática concertada em investigação pela Auto-ridade da Concorrência, relativamente ao qual aindanão tenha sido efectuada a notificação a que se referea alínea b) do n.o 1 do artigo 25.o e o n.o 1 do artigo 26.odaquele diploma;

b) As informações e os elementos de prova fornecidoscontribuam de forma significativa para a investigaçãoe prova da infracção;

c) Estejam verificadas as condições previstas nas alí-neas b) a d) do n.o 1 do artigo 4.o

2 — Na determinação do montante da redução, aAutoridade da Concorrência tem em consideração aimportância do contributo da empresa para a investi-gação e prova da infracção.

Artigo 7.o

Atenuação adicional de coima

A Autoridade da Concorrência pode conceder umaatenuação especial ou uma atenuação adicional dacoima que lhe seria aplicada no âmbito de um processode contra-ordenação relativo a um acordo ou práticaconcertada, se a empresa for a primeira a fornecer infor-mações e elementos de prova, nos termos do dispostona alínea a) do n.o 1 do artigo 4.o ou do disposto nasalíneas a) e b) do n.o 1 do artigo 5.o, referentes a umoutro acordo ou prática concertada relativamente aosquais aquela empresa também apresente pedido de dis-pensa ou atenuação especial de coima.

Artigo 8.o

Titulares do órgão de administração

1 — Os titulares do órgão de administração podembeneficiar, relativamente à coima que lhes seria aplicadanos termos do disposto no n.o 3 do artigo 47.o da Lein.o 18/2003, de 11 de Junho, da dispensa ou atenuaçãoespecial concedida à respectiva pessoa colectiva ou enti-dade equiparada, se cooperarem plena e continuamentecom a Autoridade da Concorrência, nos termos do dis-posto na alínea b) do n.o 1 do artigo 4.o

2 — Aos titulares do órgão de administração, respon-sáveis nos termos do disposto no n.o 3 do artigo 47.oda Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho, que apresentempedido a título individual é aplicável, com as devidasadaptações, o disposto nos artigos 4.o a 7.o

CAPÍTULO III

Procedimento e decisão

Artigo 9.o

Procedimento

O procedimento administrativo relativo à tramitaçãonecessária para a obtenção de dispensa ou atenuação

especial da coima é estabelecido por regulamento aaprovar pela Autoridade da Concorrência, nos termosdo disposto na alínea a) do n.o 4 do artigo 7.o dos res-pectivos Estatutos, aprovados pelo Decreto-Lein.o 10/2003, de 18 de Janeiro, e de acordo com o previstono artigo 21.o da Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho.

Artigo 10.o

Decisão sobre o pedido de dispensa ou atenuação especial da coima

1 — A decisão sobre o pedido de dispensa ou ate-nuação especial da coima é tomada na decisão da Auto-ridade da Concorrência a que se refere a alínea c) don.o 1 do artigo 28.o da Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho.

2 — A dispensa ou atenuação especial de coima incidesobre o montante da coima que seria aplicada nos termosda alínea a) do n.o 1 do artigo 43.o e do artigo 44.oda Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho.

3 — Na determinação da coima que seria aplicadanão é tido em consideração o critério previsto na alí-nea e) do artigo 44.o da Lei n.o 18/2003, de 11 de Junho.

4 — O recurso da parte da decisão da Autoridadeda Concorrência relativa à dispensa ou atenuação espe-cial da coima tem efeito meramente devolutivo.

Aprovada em 29 de Junho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, em exer-cício, Manuel Alegre de Melo Duarte.

Promulgada em 8 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

Lei n.o 40/2006de 25 de Agosto

Lei das precedências do Protocolo do Estado Português

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

SECÇÃO I

Princípios gerais

Artigo 1.o

Objecto

1 — A presente lei dispõe sobre a hierarquia e o rela-cionamento protocolar das altas entidades públicas.

2 — A presente lei dispõe também sobre a articulaçãocom tal hierarquia de outras entidades inseridas noesquema de relações do Estado e ainda sobre a decla-ração do luto nacional.

Artigo 2.o

Âmbito de aplicação

A presente lei aplica-se em todo o território nacionale nas representações diplomáticas e consulares de Por-tugal no estrangeiro.

6186 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

Artigo 3.o

Garantia de pluralismo

1 — Em cerimónias oficiais e em outras ocasiões derepresentação do Estado, das Regiões Autónomas e dopoder local deve ser assegurada a presença de titularesdos vários órgãos do âmbito correspondente à entidadeorganizadora, bem como do escalão imediatamenteinferior.

2 — A representação dos órgãos de composição plu-ripartidária deve incluir sempre membros da maioriae da oposição.

Artigo 4.o

Representação

Para efeitos da presente lei, a representação de umaalta entidade por outra só pode fazer-se ao abrigo dedisposição legal expressa.

Artigo 5.o

Prevalência

Para as altas entidades públicas, a lista de precedên-cias constante da presente lei prevalece sempre mesmoem cerimónias não oficiais.

Artigo 6.o

Presidência das cerimónias oficiais

1 — As cerimónias oficiais são presididas pela enti-dade que as organiza.

2 — Fica ressalvado o que sobre esta matéria expres-samente se dispõe na presente lei.

SECÇÃO II

Precedências

Artigo 7.o

Lista de precedências

Para efeitos protocolares, as altas entidades públicashierarquizam-se pela ordem seguinte:

1) Presidente da República;2) Presidente da Assembleia da República;3) Primeiro-Ministro;4) Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e Pre-

sidente do Tribunal Constitucional;5) Presidente do Supremo Tribunal Administrativo

e Presidente do Tribunal de Contas;6) Antigos Presidentes da República;7) Ministros;8) Presidente ou secretário-geral do maior partido

da oposição;9) Vice-presidentes da Assembleia da República e

presidentes dos grupos parlamentares;10) Procurador-Geral da República;11) Chefe do Estado-Maior-General das Forças

Armadas;12) Provedor de Justiça;13) Representantes da República para as Regiões

Autónomas dos Açores e da Madeira;14) Presidentes das Assembleias Legislativas das

Regiões Autónomas;15) Presidentes dos Governos Regionais;

16) Presidentes ou secretários-gerais dos outros par-tidos com representação na Assembleia da República;

17) Antigos Presidentes da Assembleia da Repúblicae antigos Primeiros-Ministros;

18) Conselheiros de Estado;19) Presidentes das comissões permanentes da

Assembleia da República;20) Secretários e subsecretários de Estado;21) Chefes dos Estados-Maiores da Armada, do Exér-

cito e da Força Aérea;22) Deputados à Assembleia da República;23) Deputados ao Parlamento Europeu;24) Almirantes da Armada e marechais;25) Chefes da Casa Civil e Militar do Presidente da

República;26) Presidentes do Conselho Económico e Social, da

Associação Nacional dos Municípios Portugueses e daAssociação Nacional das Freguesias;

27) Governador do Banco de Portugal;28) Chanceleres das Ordens Honoríficas Portuguesas;29) Vice-presidente do Conselho Superior da Magis-

tratura;30) Juízes conselheiros do Tribunal Constitucional;31) Juízes conselheiros do Supremo Tribunal de Jus-

tiça, do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunalde Contas;

32) Secretários e subsecretários regionais dos Gover-nos das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira;

33) Deputados às Assembleias Legislativas dasRegiões Autónomas;

34) Comandante-geral da Guarda Nacional Republi-cana e director nacional da Polícia de Segurança Pública;

35) Secretários-gerais da Presidência da República,da Assembleia da República, da Presidência do Con-selho de Ministros e do Ministério dos NegóciosEstrangeiros;

36) Chefe do Protocolo do Estado;37) Presidentes dos tribunais da relação e tribunais

equiparados, presidentes do Conselho de Reitores dasUniversidades Portuguesas e do Conselho Coordenadordos Institutos Politécnicos, bastonários das ordens e pre-sidentes das associações profissionais de direito público;

38) Presidentes da Academia Portuguesa da Históriae da Academia das Ciências de Lisboa, reitores das uni-versidades e presidentes dos institutos politécnicos dedireito público;

39) Membros dos conselhos das ordens honoríficasportuguesas;

40) Juízes desembargadores dos tribunais da relaçãoe tribunais equiparados e procuradores-gerais-adjuntos,vice-reitores das universidades e vice-presidentes dosinstitutos politécnicos de direito público;

41) Presidentes das câmaras municipais;42) Presidentes das assembleias municipais;43) Governadores civis;44) Chefes de gabinete do Presidente da República,

do Presidente da Assembleia da República e do Pri-meiro-Ministro;

45) Presidentes, membros e secretários-gerais ouequivalente dos conselhos, conselhos nacionais, conse-lhos superiores, conselhos de fiscalização, comissõesnacionais, altas autoridades, altos-comissários, entidadesreguladoras, por ordem de antiguidade da respectivainstituição, directores-gerais e presidentes dos institutospúblicos, pela ordem dos respectivos ministérios e den-tro destes da respectiva lei orgânica, provedor da Mise-ricórdia de Lisboa e presidente da Cruz VermelhaPortuguesa;

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6187

46) Almirantes e oficiais generais com funções decomando, conforme a respectiva hierarquia militar,comandantes operacionais e comandantes de zona mili-tar, zona marítima e zona aérea, das Regiões Autónomasdos Açores e da Madeira;

47) Directores do Instituto de Defesa Nacional e doInstituto de Estudos Superiores Militares, comandantesda Escola Naval, da Academia Militar e da Academiada Força Aérea, almirantes e oficiais generais de 3 e2 estrelas;

48) Chefes de gabinete dos membros do Governo;49) Subdirectores-gerais e directores regionais;50) Juízes de comarca e procuradores da República;51) Vereadores das câmaras municipais;52) Assessores, consultores e adjuntos do Presidente

da República, do Presidente da Assembleia da Repú-blica e do Primeiro-Ministro;

53) Presidentes das juntas de freguesia;54) Membros das assembleias municipais;55) Presidentes das assembleias de freguesia e mem-

bros das juntas e das assembleias de freguesia;56) Directores de serviço;57) Chefes de divisão;58) Assessores e adjuntos dos membros do Governo.

Artigo 8.o

Equiparações

1 — As altas entidades públicas não expressamentemencionadas na lista constante do artigo anterior serãoenquadradas nas posições daquelas cujas competências,material e territorial, mais se aproximem.

2 — Aos cônjuges das altas entidades públicas, ou aquem com elas viva em união de facto, desde que con-vidados para a cerimónia, é atribuído lugar equiparadoàs mesmas quando estejam a acompanhá-las.

Artigo 9.o

Eleição e antiguidade

1 — Entre as entidades de idêntica posição precedeaquela cujo título resultar de eleição popular.

2 — Entre entidades com igual título precede aquelaque tiver mais antiguidade no exercício do cargo, salvose outra regra resultar do disposto na presente lei.

SECÇÃO III

Órgãos de soberania

Artigo 10.o

Presidente da República

1 — O Presidente da República tem precedênciaabsoluta e preside em qualquer cerimónia oficial emque esteja pessoalmente presente, à excepção dos actosrealizados na Assembleia da República.

2 — O Presidente da República é substituído, nos ter-mos constitucionais, pelo Presidente da Assembleia daRepública, que goza então, como Presidente da Repú-blica interino, do estatuto protocolar do Presidente daRepública.

3 — Para efeitos da presente lei, o Presidente daRepública não pode fazer-se representar por ninguém,não gozando, portanto, de precedência sobre entidadesmais categorizadas qualquer delegado pessoal dele.

Artigo 11.o

Presidente da Assembleia da República

1 — Na Assembleia da República, o respectivo Pre-sidente preside sempre, mesmo que esteja presente oPresidente da República.

2 — O Presidente da Assembleia da República pre-side a qualquer cerimónia oficial desde que não estejapessoalmente presente o Presidente da República,excepto aos actos realizados no Supremo Tribunal deJustiça ou no Tribunal Constitucional.

3 — O Presidente da Assembleia da República é subs-tituído e pode fazer-se representar, nos termos cons-titucionais e regimentais, por um dos vice-presidentesda Assembleia da República, o qual goza então do esta-tuto protocolar do Presidente.

Artigo 12.o

Primeiro-Ministro

1 — O Primeiro-Ministro preside àquelas cerimóniasoficiais em que não estejam presentes nem o Presidenteda República nem o Presidente da Assembleia daRepública.

2 — O Primeiro-Ministro pode fazer-se representar,na sua ausência ou impedimento, por um ministro dasua escolha, o qual goza então do respectivo estatutoprotocolar.

Artigo 13.o

Presidentes do Supremo Tribunal de Justiçae do Tribunal Constitucional

O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e oPresidente do Tribunal Constitucional presidem semprenos respectivos tribunais, excepto estando presente oPresidente da República.

Artigo 14.o

Ministros

1 — Os ministros ordenam-se segundo o diplomaorgânico do Governo.

2 — Nas cerimónias de natureza diplomática, o Minis-tro dos Negócios Estrangeiros precede todos os outros.

3 — Nas cerimónias de natureza militar, o Ministroda Defesa Nacional precede todos os outros, salvo nasque respeitem à Guarda Nacional Republicana, em quea precedência cabe ao Ministro da AdministraçãoInterna.

4 — Nas cerimónias do âmbito de cada ministério,o respectivo ministro tem a precedência.

Artigo 15.o

Vice-presidentes da Assembleia da República

1 — Os vice-presidentes da Assembleia da Repúblicatêm entre si a precedência correspondente à represen-tatividade do respectivo grupo parlamentar.

2 — O vice-presidente que substituir ou representaro Presidente da Assembleia da República, por motivode ausência, impedimento ou delegação deste, goza dorespectivo estatuto protocolar.

6188 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

Artigo 16.o

Altos dirigentes partidários e parlamentares

Os presidentes ou secretários-gerais dos partidos polí-ticos com representação na Assembleia da República,bem como os respectivos presidentes dos grupos par-lamentares, ordenam-se conforme a sua representati-vidade eleitoral.

Artigo 17.o

Altas entidades das Regiões Autónomas

1 — Os Representantes da República, os Presidentesdas Assembleias Legislativas e os Presidentes dos Gover-nos Regionais gozam, em todo o território nacional enas representações diplomáticas e consulares de Por-tugal no estrangeiro, do estatuto protocolar dos minis-tros.

2 — O disposto no número anterior não prejudicaas precedências estabelecidas na presente lei.

3 — Ficam salvaguardadas as honras determinadasem legislação de cada uma das Regiões Autónomas paraos presidentes dos respectivos órgãos de governo pró-prio.

Artigo 18.o

Conselheiros de Estado

Os conselheiros de Estado não expressamente men-cionados na lista de precedências ordenam-se, de acordocom a determinação constitucional, do modo seguinte:personalidades designadas pelo Presidente da Repú-blica, conforme o diploma de nomeação, e personali-dades eleitas pela Assembleia da República, segundoa respectiva eleição.

Artigo 19.o

Presidentes das comissões parlamentares

Os presidentes das comissões permanentes da Assem-bleia da República ordenam-se conforme o disposto naresolução que as tenha instituído.

Artigo 20.o

Secretários e subsecretários de Estado

1 — Os secretários e os subsecretários de Estadoordenam-se segundo o diploma orgânico do Governo.

2 — Os secretários e os subsecretários de Estadopodem representar os respectivos ministros na ausênciaou impedimento destes.

Artigo 21.o

Deputados à Assembleia da República

1 — Os deputados à Assembleia da República orde-nam-se segundo a representatividade eleitoral do res-pectivo partido, conforme o princípio da proporcio-nalidade.

2 — No círculo eleitoral por que foram eleitos, osdeputados têm entre si a precedência decorrente daordem da respectiva eleição, ressalvada, porém, aquelaque resulte da acumulação, por qualquer deles, de outrocargo ou precedência superior previsto na presente lei.

Artigo 22.o

Deputados ao Parlamento Europeu

1 — Os deputados ao Parlamento Europeu orde-nam-se segundo a representatividade dos respectivos

partidos nas eleições correspondentes e dentro de cadapartido por ordem da respectiva eleição.

2 — O cargo de Vice-Presidente do Parlamento Euro-peu confere prioridade sobre o conjunto, ordenando-seos respectivos titulares, caso haja vários, por razão darepresentatividade do respectivo grupo parlamentar.

Artigo 23.o

Ordens honoríficas portuguesas

1 — Os chanceleres das ordens honoríficas portugue-sas ordenam-se conforme o respectivo diploma orgânico:antigas ordens militares, ordens nacionais, ordens domérito.

2 — Os conselhos das ordens ordenam-se segundo amesma regra e os seus membros conforme o respectivodiploma de nomeação.

Artigo 24.o

Altos magistrados

Os juízes conselheiros do Tribunal Constitucional, doSupremo Tribunal de Justiça, do Supremo TribunalAdministrativo e do Tribunal de Contas ordenam-se,dentro de cada uma das respectivas instituições, porantiguidade no exercício das funções, precedendo osvice-presidentes.

SECÇÃO IV

Regiões Autónomas

Artigo 25.o

Representante da República

1 — O Representante da República tem, na respec-tiva Região Autónoma, a primeira precedência, que cedequando estiverem presentes o Presidente da República,o Presidente da Assembleia da República e o Pri-meiro-Ministro.

2 — O Representante da República não pode fazer-serepresentar por ninguém.

3 — O Representante da República é substituído, nostermos constitucionais, pelo Presidente da AssembleiaLegislativa, que goza então do respectivo estatutoprotocolar.

Artigo 26.o

Presidente da Assembleia Legislativa

1 — O Presidente da Assembleia Legislativa segueimediatamente o Representante da República.

2 — O Presidente da Assembleia Legislativa presidesempre às sessões respectivas, bem como aos actos porela organizados, excepto se estiverem presentes o Pre-sidente da República ou o Presidente da Assembleiada República.

3 — O Presidente da Assembleia Legislativa é subs-tituído e pode fazer-se representar por um dos vice--presidentes, o qual goza então do estatuto protocolardo Presidente.

Artigo 27.o

Presidente do Governo Regional

O Presidente do Governo Regional segue imediata-mente o Presidente da Assembleia Legislativa.

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6189

Artigo 28.o

Cerimónias nacionais e regionais

1 — Em cerimónias nacionais, os Representantes daRepública para as Regiões Autónomas, os Presidentesdas Assembleias Legislativas e os Presidentes dos Gover-nos Regionais ordenam-se conforme a antiguidade noexercício dos respectivos cargos.

2 — As altas entidades de cada uma das RegiõesAutónomas têm na outra estatuto protocolar idênticoao das respectivas homólogas, seguindo imediatamentea posição correspondente.

Artigo 29.o

Altas entidades da República

As altas entidades mencionadas no artigo 7.o comprecedência sobre os secretários regionais e ainda nãoexpressamente referidas, quando na Região Autónoma,seguem imediatamente, pela respectiva ordem, o Pre-sidente do Governo Regional.

Artigo 30.o

Secretários regionais

1 — Os secretários regionais ordenam-se entre si con-forme o estabelecido no diploma orgânico do GovernoRegional, precedendo os vice-presidentes, se os houver.

2 — Fora dos casos previstos no artigo 29.o, os secre-tários regionais seguem imediatamente o Presidente doGoverno Regional.

3 — Aquele dos secretários regionais que substituiro Presidente do Governo Regional, por motivo de ausên-cia, impedimento ou delegação deste, goza do respectivoestatuto protocolar.

SECÇÃO V

Poder local

Artigo 31.o

Presidentes das câmaras municipais

1 — Os presidentes das câmaras municipais, no res-pectivo concelho, gozam do estatuto protocolar dosministros.

2 — Os presidentes das câmaras municipais presidema todos os actos realizados nos paços do concelho ouorganizados pela respectiva câmara, excepto se estive-rem presentes o Presidente da República, o Presidenteda Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro,nas Regiões Autónomas, têm ainda precedência oRepresentante da República, o Presidente da Assem-bleia Legislativa e o Presidente do Governo Regional.

3 — Em cerimónias nacionais realizadas no respectivoconcelho, os presidentes das câmaras municipais seguemimediatamente a posição das entidades com estatutode ministro e, se mesa houver, nela tomarão lugar, emtermos apropriados.

4 — Em cerimónias das Regiões Autónomas realiza-das no respectivo concelho, os presidentes das câmarasmunicipais seguem imediatamente a posição dos secre-tários regionais e, se mesa houver, nela tomarão lugar,em termos apropriados.

Artigo 32.o

Presidentes das assembleias municipais

1 — Os presidentes das assembleias municipais, norespectivo concelho, seguem imediatamente o presi-dente da câmara.

2 — Os presidentes das assembleias municipais pre-sidem sempre às respectivas sessões, excepto se esti-verem presentes o Presidente da República, o Presidenteda Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro,e, nas Regiões Autónomas, ainda o Representante daRepública, o Presidente da Assembleia Legislativa ouo Presidente do Governo Regional.

Artigo 33.o

Presidentes das juntas e das assembleias de freguesia

Os presidentes das juntas e das assembleias de fre-guesia, como representantes democraticamente eleitosdas populações, têm, na respectiva circunscrição, esta-tuto análogo ao dos presidentes das câmaras e dasassembleias municipais, somando-se estes últimos àsentidades a quem devem ceder a precedência e quesão as mencionadas nos artigos 31.o e 32.o

SECÇÃO VI

Outras entidades

Artigo 34.o

Altas entidades estrangeiras e internacionais

As altas entidades de Estados estrangeiros e de orga-nizações internacionais têm tratamento protocolar equi-valente às entidades nacionais homólogas.

Artigo 35.o

Altas entidades da União Europeia

1 — O Presidente do Parlamento Europeu, quandoem Portugal, segue imediatamente o Presidente daAssembleia da República e as entidades parlamentareseuropeias as suas congéneres portuguesas.

2 — O Presidente do Conselho Europeu segue ime-diatamente o Primeiro-Ministro, excepto se for chefede Estado, caso em que segue imediatamente o Pre-sidente da República.

3 — O Presidente da Comissão Europeia segue ime-diatamente o Primeiro-Ministro e os comissários euro-peus os ministros portugueses homólogos.

4 — Às entidades judiciais e administrativas da UniãoEuropeia deverá ser dado tratamento análogo ao dis-posto nos números anteriores.

Artigo 36.o

Altas entidades diplomáticas

1 — Os embaixadores estrangeiros acreditados emLisboa, quando não puder ser-lhes reservado lugar àparte, seguem imediatamente o secretário-geral doMinistério dos Negócios Estrangeiros, ordenando-seentre si por razão de antiguidade da apresentação dasrespectivas cartas-credenciais, salvaguardada a tradicio-nal precedência do Núncio Apostólico, como decanodo corpo diplomático.

6190 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

2 — Quando em visita oficial, devidamente partici-pada, às Regiões Autónomas ou a distritos ou concelhosdo território continental da República, os embaixadoresestrangeiros acreditados em Lisboa têm direito a tra-tamento equivalente ao dos ministros.

3 — Por ocasião de visitas oficiais de delegaçõesestrangeiras de alto nível, o embaixador do país em ques-tão integra a comitiva da entidade que a ela preside,ocupando, com honras idênticas, posição imediatamentea seguir àquelas que nela têm tratamento equivalenteao de ministro.

4 — Os embaixadores portugueses acreditados noestrangeiro, quando em Portugal, são tratados nos mes-mos termos protocolares dos embaixadores estrangeiros.

5 — Os representantes diplomáticos de grau inferiorao de embaixador são equiparados aos diplomatas por-tugueses da mesma categoria e estes, por seu turno,aos outros servidores do Estado de idêntico nível.

6 — Os cônsules-gerais, cônsules e vice-cônsules decarreira precedem os cônsules e vice-cônsules honorá-rios, ordenando-se todos eles, em cada categoria, pelaantiguidade das respectivas cartas-patentes.

7 — Nas sedes das representações diplomáticas noestrangeiro, o respectivo titular preside sempre, exceptoestando presente o Presidente da República, o Presi-dente da Assembleia da República, o Primeiro-Ministroou o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

8 — Nas visitas de delegações portuguesas chefiadaspor entidades com estatuto protocolar de ministroscaberá a estas a precedência em todos os actos externosdo respectivo programa.

Artigo 37.o

Familiares de chefes de Estado estrangeiros

Os familiares de chefes de Estado estrangeiros deve-rão ser tratados como convidados especiais do Presi-dente da República e colocados junto dele ou, nãoestando presente, de quem tiver, por virtude da maisalta precedência protocolar, a presidência.

Artigo 38.o

Autoridades religiosas

As autoridades religiosas, quando convidadas paracerimónias oficiais, recebem o tratamento adequado àdignidade e representatividade das funções que exercem,ordenando-se conforme a respectiva implantação nasociedade portuguesa.

Artigo 39.o

Autoridades universitárias

1 — Os reitores das universidades e os presidentesdos institutos politécnicos presidem aos actos realizadosnas respectivas instituições, excepto quando estiverempresentes o Presidente da República ou o Presidenteda Assembleia da República.

2 — As deputações dos claustros académicos que par-ticipem em cerimónias oficiais seguem imediatamenteos respectivos reitores ou presidentes.

Artigo 40.o

Entidades da sociedade civil

Os dirigentes das confederações patronais e sindicaise de quaisquer outras entidades da sociedade civil,

quando convidados para cerimónias oficiais, ocupamlugar adequado à sua relevância e representatividade.

Artigo 41.o

Governadores civis

1 — Os governadores civis, no respectivo distrito,seguem imediatamente a posição do presidente daassembleia municipal do concelho onde se realizar acerimónia, salvo quando se encontrarem em represen-tação expressa de membro do Governo convidado paraa presidir, caso em que assumirão a presidência.

2 — Em cerimónias oficiais no âmbito da segurança,protecção e socorro, se não estiverem presentes mem-bros do Governo, os governadores civis, no respectivodistrito, assumem a posição protocolar dos ministros,precedendo o presidente da câmara municipal do con-celho onde tais cerimónias tenham lugar.

SECÇÃO VII

Luto nacional

Artigo 42.o

Declaração

1 — O Governo declara o luto nacional, sua duraçãoe âmbito, sob a forma de decreto.

2 — O luto nacional é declarado pelo falecimento doPresidente da República, do Presidente da Assembleiada República e do Primeiro-Ministro e ainda dos antigosPresidentes da República.

3 — O luto nacional é ainda declarado pelo faleci-mento de personalidade, ou ocorrência de evento, deexcepcional relevância.

SECÇÃO VIII

Disposições finais

Artigo 43.o

Norma revogatória

São revogados os preceitos de quaisquer diplomaslegais ou regulamentares anteriores que estabeleçamprecedências protocolares diferentes ou contrárias àsda presente lei.

Artigo 44.o

Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no 30.o dia posteriorà sua publicação.

Aprovada em 20 de Julho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, JaimeGama.

Promulgada em 11 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6191

Lei n.o 41/2006de 25 de Agosto

Estabelece os termos e as condições de instalação em territórionacional de bancos de provas de armas

de fogo e suas munições, desde que de uso civil

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.o

Objecto

A presente lei estabelece os termos e as condiçõesde instalação em território nacional de bancos de provasde armas de fogo e suas munições, desde que de usocivil.

Artigo 2.o

Definição

1 — Entende-se por banco de provas o estabeleci-mento técnico destinado a testar as armas de fogo, suaspartes e munições, por forma a garantir a segurançado utilizador, previamente à sua introdução no mercadoou posteriormente, quando solicitado.

2 — Os bancos de provas podem igualmente pro-ceder:

a) À inutilização de armas de fogo, seus componentese munições, nos termos legalmente previstos;

b) A peritagens técnicas diversas.

3 — Excepcionalmente, pode o Ministro da Adminis-tração Interna autorizar nos bancos de provas a quese refere a presente lei a realização de testes de equi-pamentos, meios militares e material de guerra, des-tinados ou utilizados pelas forças de segurança, nos ter-mos e condições a fixar em despacho.

Artigo 3.o

Entidades titulares

1 — Podem instalar bancos de provas as entidadestitulares de alvará de armeiro do tipo 1, a que se referea alínea a) do n.o 1 do artigo 48.o da Lei n.o 5/2006,de 23 de Fevereiro, bem como pessoas colectivas par-ticipadas por armeiros, desde que nelas conste comoassociado armeiro que seja titular daquele tipo de alvará.

2 — Podem também instalar bancos de provas outraspessoas singulares ou colectivas cujo objecto social sedestine exclusivamente à actividade de certificação nostermos da presente lei e que obtenham alvará de armeirodo tipo 1, independentemente do exercício da actividadede fabrico e montagem de armas de fogo e suasmunições.

Artigo 4.o

Testes

1 — Os testes a realizar em banco de provas con-sistem, designadamente, na avaliação:

a) Da resistência das partes essenciais das armas defogo;

b) Do funcionamento e segurança das armas;c) Do comportamento das munições;d) Dos parâmetros dimensionais internacionalmente

estabelecidos.

2 — Os critérios e parâmetros técnicos de descrição,avaliação e medição a adoptar nos testes referidos nonúmero anterior obedecem às prescrições regulamen-tares em vigor no âmbito da convenção institutiva daComissão Internacional Permanente para Testes deArmas de Fogo Portáteis (CIP).

Artigo 5.o

Certificados e marcas

1 — A aprovação das armas, seus componentes, e demunições em testes de banco de provas, bem como asua inutilização, constam de um certificado de confor-midade, datado e numerado, a emitir pela entidade titu-lar do estabelecimento, dele constando obrigatoria-mente:

a) A identificação do estabelecimento;b) Dados referentes à entidade solicitante;c) Dados relativos ao fabricante;d) Marca, modelo, calibre e número da arma objecto

de certificação, ou, se for o caso, de partes essenciaisda arma;

e) Marca, calibre e lote, no caso de munições;f) O resultado certificado pelo teste.

2 — Após aprovação em banco de provas são apostosem todas as armas testadas sinais de marca-punção iden-tificativos do respectivo estabelecimento e dos testesefectuados, bem como nas seguintes partes, em casode testagem avulsa:

a) Cano;b) Caixa da culatra;c) Corrediça;d) Báscula;e) Carcaça;f) Tambor.

Artigo 6.o

Inutilização

1 — A inutilização de armas em banco de provasdepende de autorização a conceder pela DirecçãoNacional da Polícia de Segurança Pública (DN/PSP),nos termos e prazo previstos no artigo 109.o do Códigodo Procedimento Administrativo.

2 — A inutilização de armas e munições é sempreacompanhada da emissão de um certificado, onde cons-tam a identificação da arma ou munições, datas deentrada e de saída do estabelecimento e o tipo de inu-tilização praticada.

Artigo 7.o

Reconhecimentos

1 — O reconhecimento de banco de provas a que serefere o n.o 2 do artigo 53.o da Lei n.o 5/2006, de 23de Fevereiro, pode ter por objecto qualquer estabele-cimento oficialmente reconhecido por um Estado mem-bro, bem como por países terceiros, considerado o prin-cípio da reciprocidade.

2 — Compete à DN/PSP o reconhecimento de cer-tificados de inutilização emitidos por entidades creden-ciadas pelos Estados membros ou por países terceiros.

6192 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

Artigo 8.o

Regulamentação

1 — Compete ao Governo, através dos Ministériosda Administração Interna e da Economia e da Inovação,regulamentar sobre:

a) As condições técnicas a que obedecem os bancosde provas;

b) A certificação dos testes ou processos a executar.

2 — Compete ao Governo, através do Ministério daAdministração Interna, regulamentar sobre:

a) Os registos obrigatórios dos estabelecimentos;b) Os modelos de certificado de conformidade e de

inutilização.

3 — Os sinais de marca-punção referidos no n.o 2do artigo 5.o da presente lei são homologados por des-pacho do Ministro da Administração Interna, na sequên-cia da certificação dos testes ou processos que visamidentificar.

Artigo 9.o

Regime subsidiário

À actividade a desenvolver pelos estabelecimentos aque se refere a presente lei aplicam-se subsidiariamentee com as necessárias adaptações as normas previstasno regime jurídico das armas e suas munições.

Artigo 10.o

Início de vigência

A presente lei entra em vigor na data em que a Lein.o 5/2006, de 23 de Fevereiro, iniciar a sua vigência.

Aprovada em 6 de Julho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, JaimeGama.

Promulgada em 8 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

Lei n.o 42/2006de 25 de Agosto

Estabelece o regime especial de aquisição, detenção, uso e portede armas de fogo e suas munições e acessórios

destinadas a práticas desportivas e de coleccionismo histórico-cultural

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais e comuns

Artigo 1.o

Objecto

1 — A presente lei estabelece o regime especial deaquisição, detenção, uso e porte de armas de fogo e

suas munições e acessórios destinadas a práticas des-portivas e de coleccionismo histórico-cultural, bem comoo tipo de organização a adoptar pelas respectivas fede-rações desportivas e associações de coleccionadores.

2 — Em tudo o que a presente lei não disponha emespecial, tem aplicação a Lei n.o 5/2006, de 23 de Feve-reiro, e respectivos regulamentos.

3 — É aplicável, no âmbito da presente lei, com asadaptações que nela são previstas, o regime de respon-sabilidade criminal e contra-ordenacional constante docapítulo X da Lei n.o 5/2006, de 23 de Fevereiro.

Artigo 2.o

Competências

Sem prejuízo do disposto nos n.os 1 do artigo 10.oe 2 do artigo 24.o da presente lei, compete ao directornacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) o licen-ciamento e a concessão das autorizações necessáriaspara a detenção, uso e porte de arma de fogo e suasmunições e acessórios destinada ao exercício das acti-vidades referidas no n.o 1 do artigo anterior.

Artigo 3.o

Tipos de licenças

Para a detenção, uso e porte de armas de fogo des-tinadas à prática de tiro desportivo e coleccionismo sãoconcedidas pelo director nacional da PSP licenças dosseguintes tipos:

a) Licença de tiro desportivo;b) Licença de coleccionador.

Artigo 4.o

Condições gerais para a atribuição de licenças

1 — As licenças previstas no artigo anterior são con-cedidas a cidadãos maiores de idade aprovados no com-petente exame médico de incidência primordialmentepsíquica e que demonstrem ter idoneidade para o efeito,sendo esta aferida nos termos e nas condições previstaspara a concessão de uma licença de uso e porte dearma da classe B 1.

2 — Sem prejuízo do disposto no número anteriorquanto aos demais requisitos, a licença de coleccionadorapenas é concedida a cidadãos maiores de 21 anos deidade.

3 — O requerimento para a concessão das licençasprevistas no artigo anterior é instruído com a prova daprévia emissão de uma licença federativa da respon-sabilidade da competente federação ou de parecer fun-damentado da associação de coleccionadores em queo requerente se mostre inscrito, consoante os casos.

4 — Para a prática de modalidades ou disciplinas detiro reconhecidas pelas respectivas federações interna-cionais é permitida, exclusivamente para fins despor-tivos, a concessão de licença a menores com idades míni-mas de 14 anos para as armas longas de cano de almalisa e de cano de alma estriada que utilizem muniçõesde percussão anelar desde que se mostrem inscritosnuma federação de tiro com reconhecimento por partedo Comité Olímpico de Portugal e reúnam as seguintescondições:

a) Frequentem com comprovado aproveitamento aescolaridade obrigatória;

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6193

b) Estejam autorizados por quem exercer o poderpaternal à prática de tiro desportivo;

c) Não tenham sido alvo de medida tutelar educativapor facto tipificado na lei penal.

Artigo 5.o

Validade e renovação

1 — As licenças previstas no artigo 3.o têm uma vali-dade de cinco anos.

2 — A renovação das licenças fica dependente da veri-ficação dos requisitos aplicáveis à respectiva concessão.

Artigo 6.o

Cedência a título de empréstimo

1 — A cedência por empréstimo de armas de fogopara fins desportivos e de coleccionismo é permitidanos termos e nas condições genericamente previstas nalei que regula o novo regime jurídico das armas e suasmunições e de acordo com as regras especificamenteprevistas no presente artigo.

2 — Podem ser objecto de cedência, por empréstimo,as armas das classes B, C e D desde que se destinema ser utilizadas em treinos ou provas desportivas porparte de atiradores regularmente filiados em federaçõesde tiro.

3 — Os titulares de licença de coleccionador e as asso-ciações de coleccionadores podem ceder por emprés-timo armas de colecção que sejam de sua propriedadedesde que destinadas a exposição em feiras de armasde colecção ou em museus, públicos ou privados.

4 — Os museus das associações de coleccionadorespodem receber de empréstimo as armas das colecçõesdos titulares de licença de coleccionador, bem comoas que estejam na posse de outras entidades públicasou privadas, destinando-as, exclusivamente, a exposiçãoao público.

Artigo 7.o

Cassação

1 — À cassação das licenças constantes do artigo 3.oé aplicável o regime previsto para as licenças de usoe porte de arma das classes B 1.

2 — A entidade responsável pelo atirador desportivoou pelo coleccionador deve comunicar de imediato àDirecção Nacional da PSP (DN/PSP) quaisquer factosou circunstâncias passíveis de implicar a instauração deprocesso tendente à cassação da respectiva licença.

Artigo 8.o

Habilitações técnicas

As aprovações, pareceres e certificações que, nos ter-mos e para os efeitos da presente lei, sejam da com-petência das federações e associações nela previstas sãosempre executadas por pessoal tecnicamente habilitadoe como tal identificado de acordo com a concreta natu-reza das matérias tratadas.

CAPÍTULO II

Tiro desportivo

Artigo 9.o

Definições

1 — Considera-se «tiro desportivo»:

a) «De precisão» o que está sujeito a enquadramentocompetitivo internacional, sendo praticado com armasde fogo com cano de alma estriada ou armas de pólvorapreta sobre alvos específicos, em que o atirador seencontra numa posição fixa e em locais aprovados pelacompetente federação;

b) «Dinâmico» o que está sujeito a enquadramentocompetitivo internacional, sendo praticado com armasde fogo curtas com cano de alma estriada sobre alvosespecíficos, em que o atirador se desloca para a execuçãodo tiro;

c) «De recreio» o que está sujeito a enquadramentocompetitivo nacional e internacional, sendo praticadocom armas com cano de alma lisa de calibre até 12 mmou estriada de calibre até .22 de percussão anelar, dentrodas limitações legais previstas na presente lei;

d) «Com armas longas de cano de alma lisa» o queestá sujeito a enquadramento competitivo, nacional ouinternacional, sendo praticado a partir de um ou maispostos de tiro ou em percurso de caça e executado sobrealvos específicos.

2 — Para efeitos da aplicação das alíneas a), b) e d)do número anterior, consideram-se alvos específicos osdeterminados pelas instâncias nacionais ou internacio-nais que tutelam as respectivas modalidades ou dis-ciplinas.

Artigo 10.o

Federações de tiro desportivo

1 — As federações de tiro são as entidades que supe-rintendem na prática do tiro desportivo, desde que reco-nhecidas nessa qualidade pela entidade pública quetutela o desporto nacional e pelo Comité Olímpico dePortugal, no caso das modalidades ou disciplinas de tiroolímpico.

2 — As federações de tiro são reconhecidas como asentidades que regulam o tiro desportivo e que têm com-petência para se pronunciar sobre a capacidade dos ati-radores para a utilização de armas para esse efeito,cabendo-lhes decidir sobre a atribuição das licençasfederativas para a prática das modalidades ou disciplinasdesenvolvidas sob a sua égide e emitir pareceres sobrea concessão das licenças de tiro desportivo.

Artigo 11.o

Competências

1 — No desenvolvimento das suas atribuições noâmbito da prática e desenvolvimento do tiro desportivo,compete ainda às federações de tiro:

a) Emitir pareceres, com carácter vinculativo, sobreas condições técnicas e de segurança das carreiras ecampos de tiro onde se realizem provas desportivas erespectivas áreas envolventes;

b) Definir e regulamentar os parâmetros da atribuiçãode licenças federativas;

6194 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

c) Definir, dentro dos limites legais, os tipos de armas,calibres e munições próprios para a prática das moda-lidades e respectivas disciplinas desenvolvidas sob a suaégide;

d) Exigir aos clubes apresentação anual, preferen-cialmente em formato electrónico, de mapas de consumodas munições adquiridas quando se trate de muniçõesde aquisição condicionada por lei, bem como mantê-losdevidamente actualizados;

e) Exigir a apresentação das licenças desportivas edos livretes de manifesto das armas aos atiradores fede-rados nos treinos e competições desenvolvidos sob asua égide, com excepção dos elementos das ForçasArmadas e forças e serviços de segurança ou equiparadaspor lei quando usem armas de serviço;

f) Exigir anualmente, como condição de filiação ourenovação, um certificado, resultante de exame médico,que faça prova bastante da aptidão física e psíquica dopraticante e que declare a inexistência de quaisquercontra-indicações;

g) Exigir a todos os agentes desportivos que possamestar presentes nas áreas reservadas à prática da moda-lidade a titularidade de um seguro desportivo válidoe vigente;

h) Revogar as licenças por si concedidas e apreenderos respectivos títulos.

2 — As federações podem inscrever-se em federaçõesou associações internacionais reconhecidas como res-ponsáveis pela regulamentação e direcção a nível mun-dial de outras modalidades de tiro desportivo cuja adop-ção seja considerada de interesse para a prossecuçãodos seus objectivos.

Artigo 12.o

Obrigações

Para controlo de validade das licenças de tiro des-portivo concedidas nos termos do disposto na alínea a)do artigo 3.o da presente lei devem as federações comu-nicar à DN/PSP, em qualquer suporte:

a) Um mapa com a totalidade dos seus filiados, semes-tral ou anualmente, conforme se trate de armas de canode alma estriada ou de armas de cano de alma lisa,indicando para cada um o nome, o número e o tipoda licença desportiva e o clube a que pertence;

b) Anualmente, um mapa onde constem os atiradoresque perderam as suas licenças federativas ou cujo tipotenha sido alterado por credenciação posterior ou porincumprimento das normas estabelecidas para a sua con-cessão ou manutenção;

c) O surgimento, em treinos e em competições orga-nizadas sob a sua égide, de armas em situação ilegalou sem manifesto;

d) Todos os regulamentos federativos que se referemà concessão de licenças e às inerentes condições de cre-denciação e manutenção;

e) Informar imediatamente a DN/PSP, sem embargodo disposto na alínea b), da perda de licenças que decor-ram de sanções disciplinares ou outras, que determinem,cumulativamente, a perda do direito de uso das armascorrespondentes.

Artigo 13.o

Tipos de licenças federativas

1 — Para a prática do tiro desportivo são concedidas,pelas respectivas federações, as seguintes licenças:

a) Licença federativa A: prática de disciplinas de tirodesportivo de precisão, em que se utilizam pistolas,

revólveres ou carabinas de ar comprimido do calibreaté 5,5 mm e pistolas, revólveres ou carabinas de calibreaté .22 desde que a munição seja de percussão anelar;

b) Licença federativa B: prática das disciplinas detiro desportivo de precisão, em que se utilizam pistolasou revólveres que utilizem munições dos calibres .32S&W Long Wadcutter e .38 Special Wadcutter, carabinasde calibre entre 6 mm e 8 mm e armas curtas e longasde pólvora preta;

c) Licença federativa C: prática de tiro desportivode precisão ou dinâmico, em que se utilizam pistolasou revólveres de calibre até 11,4 mm ou .45 e carabinasde calibre entre 6 mm e 8 mm;

d) Licença federativa D: prática do tiro desportivode recreio, em que se utilizam carabinas, pistolas ourevólveres de ar comprimido dos calibres permitidos porlei, bem como carabinas, pistolas ou revólveres até aocalibre .22 desde que a munição seja de percussão anelare ainda espingardas até ao calibre de 12 mm;

e) Licença federativa E: prática de tiro desportivocom espingarda dos calibres e cargas permitidos paraa prática das disciplinas abrangidas por esta licença, comas especificações determinadas pela respectiva fede-ração.

2 — As licenças federativas são válidas pelo períodode um ano, sendo documentadas por cartão de modelopróprio da respectiva federação, pessoal e intransmis-sível, onde constem o número da licença de tiro des-portivo, o nome do seu titular, o clube que representae a época desportiva a que se refere, coincidente como ano civil.

Artigo 14.o

Concessão e manutenção das licenças federativas

1 — A concessão das licenças federativas faz-semediante o cumprimento das seguintes condições:

a) As licenças A, D e E são concedidas aos atiradoresque se inscrevam pela primeira vez na federação quetutela a modalidade ou disciplina, sendo submetidos aum exame prévio de aptidão para a concessão da res-pectiva licença;

b) A licença B é concedida ao atirador que demonstre,cumulativamente:

i) Ser titular de licença de tiro federativa A peloperíodo mínimo de dois anos;

ii) Ter participado anualmente em duas ou mais pro-vas do calendário oficial da respectiva federação e terobtido as pontuações de acesso constantes do regula-mento de licenças em vigor na mesma;

iii) Não ter sido alvo de sanção federativa por violaçãodas regras de segurança ou por práticas antidesportivas;

iv) Quando pretenda praticar tiro com armas de pól-vora preta e ter sido também aprovado em curso ade-quado, ministrado por formadores credenciados pelarespectiva federação;

c) A licença C é concedida ao atirador que demonstre,cumulativamente:

i) Ser titular de uma licença federativa B pelo períodomínimo de dois anos;

ii) Ter participado, anualmente, em duas ou mais pro-vas do calendário oficial da respectiva federação e terobtido as pontuações de acesso constantes do regula-mento de licenças em vigor na mesma;

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6195

iii) Não ter sido alvo de sanção federativa por violaçãodas regras de segurança ou por práticas antidesportivas;

iv) Quando pretenda praticar tiro na modalidade detiro dinâmico, ter também frequentado com aprovei-tamento um curso adequado, ministrado por formadorcredenciado pela respectiva federação, e, posterior-mente, obter aproveitamento em exame com plano cur-ricular aprovado pela federação.

2 — A utilização das armas adquiridas ao abrigo daslicenças de tiro desportivo apenas é permitida em locaisapropriados à prática das modalidades ou disciplinasa que se referem e aprovados pela respectiva federação.

3 — Os membros das Forças Armadas e das forçase serviços de segurança ou equiparadas por lei podemaceder à licença federativa C mediante a aprovação emexame promovido pela respectiva federação, indepen-dentemente da titularidade prévia das outras licençasdesportivas.

4 — Os titulares de licenças federativas têm de com-provar, anualmente, para efeitos da respectiva renova-ção, a participação em competições oficiais.

5 — A validade das licenças federativas é sempre con-dicionada pela emissão e vigência das licenças previstasna alínea a) do artigo 3.o da presente lei.

Artigo 15.o

Exames de aptidão para a concessão de licença federativa

1 — O exame prévio de aptidão para a habilitaçãoa uma licença federativa de tiro desportivo é da res-ponsabilidade das respectivas federações, devendoabranger as seguintes matérias e objectivos:

a) Regime jurídico das armas e suas munições;b) Regulamentação da utilização das armas para fins

desportivos;c) Segurança no manuseamento;d) Noções de balística e de balística de efeitos;e) Execução técnica.

2 — O processo de avaliação é da responsabilidadedas respectivas federações, dentro das suas competên-cias, sendo composto pelas seguintes fases sucessivase eliminatórias, quando aplicável:

a) Para a emissão das licenças federativas A e D:

i) Teste escrito sobre a matéria teórica constante don.o 1 do presente artigo;

ii) Teste prático de manuseamento, tendo o candidatode executar correctamente as operações de segurança,de carregar e descarregar uma pistola e uma carabinade calibre .22 LR, apontar numa direcção segura, colocara arma em segurança, verificar a câmara e pousar aarma aberta e apontada igualmente numa direcçãosegura;

iii) Teste prático de execução técnica, verificando seo candidato é capaz de executar em segurança uma con-centração de 10 tiros com 20 cm a 10 m, usando umapistola de ar comprimido, ou de 10 cm de diâmetro,nas mesmas condições, usando uma carabina de arcomprimido;

b) Para a emissão de licença federativa E:

i) Teste escrito sobre a matéria teórica constante don.o 1 do presente artigo;

ii) Teste prático incidindo sobre o transporte dasarmas;

iii) Teste prático sobre a segurança e manuseamentodas armas, seu carregamento e descarregamento;

iv) Teste de execução prática de tiro.

3 — A instrução prévia dos candidatos e a sua apre-sentação nos locais determinados para os testes é daresponsabilidade dos clubes a que pertencem.

4 — As datas e o local dos testes, bem como a listanominal dos candidatos, são previamente comunicadosà DN/PSP.

5 — A realização dos testes a que se refere o presenteartigo é acompanhada por um elemento da PSP, a quemcompete garantir o cumprimento da lei.

Artigo 16.o

Validade e revogação das licenças federativas

1 — As licenças federativas caducam quando:

a) Não sejam renovadas até à data do seu termo;b) Não seja emitida ou cesse, por qualquer motivo,

a licença referida na alínea a) do artigo 3.o da presentelei;

c) Ocorra a dissolução do clube em que o titular semostre filiado sem que este se transfira para um outrodentro dos 30 dias subsequentes.

2 — As licenças federativas são revogadas nos casosseguintes:

a) Se o seu titular for alvo de sanção disciplinar fede-rativa por violação das regras de segurança ou por prá-ticas antidesportivas;

b) Se o seu titular, por vontade, irresponsabilidadeou manifesta incapacidade, provocar danos nas infra--estruturas ou outros bens sob tutela ou responsabilidadeda respectiva federação ou dos clubes seus filiados ounelas utilizar armas ou munições inadequadas;

c) Se o seu titular não tiver cumprido as determi-nações legais relativas à sua manutenção;

d) Se o seu titular cessar a actividade desportiva.

Artigo 17.o

Aquisição de armas e munições

1 — Cabe à respectiva federação, a requerimento dosclubes e suas associações, apresentar à DN/PSP os pedi-dos, em nome de pessoas singulares ou colectivas, paraaquisição de armas de fogo com cano de alma estriadae suas munições.

2 — Dos pedidos relativos às armas a que se refereo número anterior constam os seguintes elementos:

a) Identificação do titular em nome de quem a armavai ser adquirida;

b) Identificação do clube onde o adquirente se encon-tra inscrito, caso seja pessoa singular;

c) O tipo de arma pretendido, a marca, o modeloe o calibre, acompanhado de elementos figurativos,quando solicitados, bem como de parecer obrigatóriosobre a sua aptidão desportiva;

d) Tipo de licença federativa possuída pelo adqui-rente, quando pessoa singular;

e) Comprovação da idoneidade do presidente e vogaisda direcção dos clubes de tiro, quando as armas sejamadquiridas em nome destes.

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3 — Dos pedidos relativos à aquisição de muniçõesde calibre superior a .22 constam os seguintes elementos:

a) Quantitativo pretendido, com a indicação do cali-bre e do tipo de projéctil instalado;

b) Identificação dos atiradores a que se destinam;c) Quantitativo destinado ao clube ou associação para

a formação de atiradores.

4 — As ulteriores aquisições de munições ficamdependentes da apresentação dos mapas de consumoa que se refere a alínea d) do n.o 1 do artigo 11.o

5 — Compete à DN/PSP verificar o preenchimentodo requisito referido na alínea e) do n.o 2 do presenteartigo, acedendo aos pertinentes dados constantes doregisto criminal, e proceder às demais diligências neces-sárias e adequadas.

6 — Em todos os casos referidos nos números ante-riores é obrigatoriamente demonstrada perante aDN/PSP a existência de adequadas condições de segu-rança para a guarda das armas e munições cuja auto-rização de compra é requerida.

7 — A recusa de emissão das autorizações previstasno presente artigo é sempre fundamentada nos termoslegalmente aplicáveis.

Artigo 18.o

Características das armas próprias para desporto

1 — Consideram-se armas aptas para a prática de tirodesportivo nas suas diferentes modalidades e disciplinasas seguintes:

a) Tiro desportivo de precisão:

i) Ar comprimido: pistolas, revólveres ou carabinasde calibre até 5,5 mm com aparelho de pontaria regu-lável, utilizando ar ou gás como propulsor, com as velo-cidades iniciais oficialmente admitidas;

ii) Tiro com bala, até calibre .22 de percussão anelar:pistolas, revólveres e carabinas que utilizem apenasmunições com velocidades iniciais oficialmente admi-tidas, projéctil de chumbo macio, não expansivo, comsistema de pontaria regulável, de tiro simples ou repe-tição nas carabinas e de tiro simples, de repetição ousemiautomático nas pistolas ou revólveres, cujo com-primento total não pode ser inferior a 220 mm;

iii) Tiro com bala em calibre .32 e .38: pistolas ourevólveres com comprimento total não inferior a 220 mmque utilizem, exclusivamente, munições dos calibres .32S&W Long Wadcutter a .38 Special Wadcutter, com sis-tema de pontaria regulável;

iv) Tiro com bala, em calibres entre 6 mm e 8 mm:carabinas que utilizem munições entre 6 mm e 8 mm,com projécteis totalmente encamisados full metal jacket(FMJ) não perfurantes, incendiários ou tracejantes, comsistema de pontaria regulável e de tiro simples ou derepetição;

b) Tiro desportivo de recreio: todas as armas de pro-pulsão por ar comprimido ou gás, de bala de calibreaté .22 de percussão anelar e de cano de alma lisa atéao calibre de 12 mm;

c) Tiro desportivo dinâmico: pistolas ou revólveresque utilizem munições do calibre mínimo 9 mm x 19 mmou .38 e máximo 11,4 mm ou .45, com projécteis dechumbo ou totalmente encamisados (tipo FMJ) de perfilogival ou tronco-cónico, com a ponta arredondada, com

as velocidades à boca de cano determinadas pelos regu-lamentos internacionais da modalidade, com o compri-mento mínimo dos canos de 105 mm nas pistolas e4” (101,6 mm) nos revólveres;

d) Pistola sport 9 mm: pistolas do calibre de 9 mmque utilizem projécteis de chumbo ou totalmente enca-misados (FMJ) de perfil ogival ou tronco-cónico, coma ponta arredondada, com uma distância entre mirassuperior a 153 mm, não sendo permitida a aplicaçãode extensores para o seu suporte;

e) Pólvora preta: originais ou réplicas de produçãoindustrial de armas de pólvora preta de mecha, roda,pederneira ou percussão, aceites pelo organismo inter-nacional regulador, com exclusão de protótipos, salvoquando certificados em banco de provas oficial;

f) Ordenança: carabinas e pistolas cujo uso para cam-panha ou guarnição tenha sido determinado pelas For-ças Armadas Portuguesas anteriormente a 1960 com oscalibres compreendidos entre 6 mm e 8 mm para asespingardas e entre 7,65 mm e 9 mm para as pistolas;

g) Tiro desportivo com espingardas: todas as armaslongas com cano de alma lisa reconhecidas pela res-pectiva federação como próprias para o tiro desportivodesenvolvido sob a sua égide.

2 — Sem prejuízo do disposto no número anteriordo presente artigo, são ainda consideradas aptas parao tiro desportivo todas as armas de uso civil que seencontrem homologadas pelas instâncias desportivasnacionais ou internacionais.

3 — Quando exigidos pelos respectivos regulamentos,as armas destinadas à prática do tiro de precisão e detiro dinâmico devem possuir um peso de gatilho mínimopara efectuar o disparo.

4 — As armas para desporto previstas no presenteartigo que não estejam sujeitas a manifesto podem serinscritas no cartão europeu de armas de fogo para efeitosde trânsito intracomunitário, a requerimento do clubeinteressado e com parecer da respectiva federação.

Artigo 19.o

Limite máximo de armas por atirador

1 — Considerando o tipo de licença federativa pos-suída, bem como as modalidades e disciplinas praticadas,estabelecem-se os seguintes limites de detenção:

a) Para os titulares de licença federativa B, quatroarmas para tiro de precisão;

b) Para os titulares de licença federativa C:

i) No tiro desportivo dinâmico, quatro armas;ii) No tiro desportivo de precisão, seis armas;

c) Para os titulares de licença federativa D, quatroarmas.

2 — Para os efeitos previstos no presente artigo, osconjuntos ou sistemas de conversão de calibres são con-tabilizados como arma.

Artigo 20.o

Mestre atirador

1 — As federações que tutelem o tiro desportivo deprecisão ou dinâmico podem atribuir a distinção de mes-tre atirador aos praticantes que tenham alcançado pon-

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tuações relevantes nas modalidades praticadas sob a suaégide.

2 — Aos mestres atiradores é permitida a aquisiçãode armas até ao dobro dos limites estabelecidos noartigo 19.o, desde que adequadas à prática da moda-lidade em que obtiveram a distinção.

3 — Aos mestres atiradores que cessem a sua acti-vidade competitiva, desde que não tenham sido objectode sanção disciplinar federativa, cassação administrativa,condenação judicial pela prática de crime ou ter-lhesido aplicada medida de segurança que os impeça dedeter armas de fogo na sua posse, é permitido manteras armas adquiridas nessa qualidade, ao abrigo das dis-posições legais relativas a detenção domiciliária oumediante reclassificação para outra licença aplicável, sobinformação da respectiva federação ou associação decoleccionadores, dentro das suas competências.

Artigo 21.o

Atiradores veteranos, incapacitadosou que cessem voluntariamente a sua actividade

Aos atiradores que por idade ou por impossibilidadefísica devidamente comprovada não seja possível mantera actividade desportiva, bem como a todos os que cessemvoluntariamente a sua actividade, pode ser aplicado oregime previsto no n.o 3 do artigo anterior.

Artigo 22.o

Recarga

1 — A recarga de munições é autorizada aos titularesdas licenças federativas B, C e E e rege-se pelo dispostono presente artigo.

2 — A aquisição de pólvora e de fulminantes é feitamediante requerimento dirigido à DN/PSP e previa-mente informado pela respectiva federação, que deveráelaborar um registo individual de cada atirador.

3 — A venda por armeiro ou estanqueiro de pólvorae fulminantes para recarga só pode ocorrer mediantecomprovação da posse das licenças referidas no n.o 1e da autorização emitida pela DN/PSP, sendo registadaem mapa próprio.

4 — As munições recarregadas destinam-se exclusi-vamente ao uso desportivo do atirador que as produziu,sendo apenas permitida para o efeito a utilização depólvora e fulminantes de produção industrial.

5 — Sem embargo das quantidades de componentesde que o atirador disponha, é proibida a posse superiora 500 munições recarregadas em cada momento,devendo as mesmas ser registadas em mapa de consumodo atirador certificado pela sua federação.

6 — A guarda e conservação de componentes derecarga pelos clubes depende da prévia certificação dasnecessárias condições pela DN/PSP, que definirá igual-mente as quantidades armazenáveis.

Artigo 23.o

Pólvora preta

1 — A aquisição e utilização dos componentes infla-máveis para armas de pólvora preta é permitida aosclubes e aos titulares de licenças federativas B e E, habi-litados com o curso referido na subalínea iv) da alínea b)do n.o 1 do artigo 14.o, sendo aplicável o disposto nos

n.os 2 a 4 do artigo anterior e ficando, ainda, sujeitaàs seguintes condições:

a) A quantidade máxima de pólvora adquirida anual-mente por atiradores em nome individual não pode exce-der os 3000 g por aquisições parcelares máximas de1000 g;

b) Salvo no momento da aquisição, não é permitidoo transporte de quantidades de pólvora preta superioresa 320 g, devendo sempre ser transportada em conten-tores individuais com a capacidade máxima de 16 g;

c) Salvo no momento da aquisição, não é permitidoo transporte de quantidades superiores a 300 fulminan-tes, devendo ser utilizado um contentor adequado.

2 — Para a execução de competições internacionaisa organização da prova providencia o fornecimento depólvora e fulminantes aos participantes, mediante auto-rização expressa da DN/PSP, sob proposta devidamentefundamentada da respectiva federação.

CAPÍTULO III

Coleccionismo de armas de fogo e suas munições

Artigo 24.o

Associações de coleccionadores de armas

1 — As associações de coleccionadores são as enti-dades habilitadas à organização do estudo histórico, con-servação, preservação e exposição museológica de armase seus acessórios.

2 — As associações de coleccionadores são creden-ciadas por despacho do Ministro da AdministraçãoInterna.

Artigo 25.o

Competências

No desenvolvimento das suas atribuições, competeespecialmente às associações de coleccionadores reco-nhecidas:

a) Emitir pareceres, com carácter vinculativo, sobreo interesse histórico, técnico ou artístico da temáticadas colecções dos seus filiados;

b) Organizar colóquios, seminários e conferênciasrelativos às matérias em estudo, nomeadamente oconhecimento e preservação do património históriconacional;

c) Organizar e assumir a direcção técnica de museus,bem como de amostras culturais e históricas;

d) Promover reconstituições históricas;e) Assessorar, sempre que lhe seja solicitado pela

DN/PSP, os trabalhos de peritagem e classificação dearmas;

f) Verificar e certificar as condições de segurança emque se encontram as colecções dos seus filiados;

g) Assegurar, como condição de filiação, a idoneidadedos seus membros;

h) Pronunciar-se sobre o interesse histórico, técnicoou artístico, bem como a sua inserção temática, de qual-quer arma cuja aquisição seja pretendida por um seufiliado;

i) Assegurar a realização de cursos e testes relativosaos conhecimentos para a detenção de licença decoleccionador;

j) Comunicar à DN/PSP o surgimento de armas emsituação ilegal ou sem manifesto.

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Artigo 26.o

Certificado de aptidão

1 — É da responsabilidade das associações devida-mente credenciadas a avaliação dos candidatos à con-cessão de licença de coleccionador, cuja aprovação emexame próprio lhes confere um certificado de aptidão.

2 — O exame a que se refere o número anterior visaas seguintes matérias:

a) Regime jurídico das armas e munições;b) Regulamentação relativa à detenção, uso e porte

de arma;c) Segurança do manuseamento de todos os tipos de

armas de fogo de uso civil;d) Conhecimentos relativos aos mecanismos de dis-

paro e sua evolução histórica;e) Conhecimentos relativos aos estudos da evolução

da balística de efeitos.

3 — O processo de avaliação é composto pelas seguin-tes fases sucessivas e eliminatórias:

a) Teste escrito sobre a matéria teórica constante donúmero anterior do presente artigo;

b) Teste prático de manuseamento, tendo o candidatode executar correctamente as operações de segurança,de carregar e descarregar diversos tipos de armas deacordo com a temática escolhida, apontar numa direcçãosegura, colocar a arma em segurança, verificar a câmarae pousar a arma aberta e apontada igualmente numadirecção segura;

c) Teste prático de execução técnica.

4 — É aplicável aos testes referidos nas alíneas ante-riores o disposto nos n.os 3 a 5 do artigo 15.o

5 — Ficam dispensados dos testes referidos nonúmero anterior todos os interessados que já possuamou estejam dispensados de possuir licença de uso e portede arma das classes B e B 1.

Artigo 27.o

Colecções temáticas

1 — É admissível o coleccionismo temático de muni-ções não obsoletas até dois exemplares por unidade tipode colecção, bem como o coleccionismo de armas dealarme, réplicas de armas de fogo, armas de fogo inu-tilizadas e armas brancas.

2 — Para os efeitos previstos no número anterior,entende-se por «unidade tipo de colecção» tanto asmunições individualmente consideradas como as emba-lagens originais contendo munições na sua configuraçãocomercial mínima de venda.

Artigo 28.o

Condições de segurança

1 — A concessão de licença de coleccionador obrigao interessado a possuir condições de segurança paraa guarda das suas armas de fogo.

2 — Caso o interessado não possua condições de segu-rança para a guarda domiciliária das suas armas, podemas mesmas ser arrecadadas ou expostas nas instalaçõesdo museu da associação onde se mostre filiado.

3 — Aplicam-se aos coleccionadores de armas defogo, com as devidas adaptações, as regras de segurança

regulamentadas para os estabelecimentos de comérciode armas e munições.

4 — Todos os disparos efectuados com armas decolecção devem ser registados em livro próprio, for-necido pela associação de coleccionadores, e anual-mente visto e certificado pela DN/PSP.

5 — Os eventos competitivos entre coleccionadoressem enquadramento desportivo apenas são permitidosem encontros ou em festas comemorativas, devendo asmesmas decorrer sob a égide de uma associação decoleccionadores reconhecida e respeitadas as condiçõesde segurança exigidas aos atiradores desportivos.

6 — Nas reconstituições históricas apenas é permitidoo tiro de salva.

7 — Os titulares de uma licença de coleccionadorpodem requerer junto da DN/PSP uma licença de usoe porte de arma da classe B 1, exclusivamente paraefeitos de defesa pessoal, quer no transporte de armasde colecção quer no respectivo domicílio quando a colec-ção se encontre sediada na sua residência.

Artigo 29.o

Condições de segurança dos museus

1 — Os museus das associações de coleccionadoressão autorizados por despacho do director nacional daPSP.

2 — Os museus das associações de coleccionadoressão dotados de expositores invioláveis e mecanismos esistemas de segurança que permitam uma vigilânciapermanente.

3 — Sempre que tecnicamente possível, devem serretiradas uma ou mais partes essenciais ou outros meca-nismos das armas de fogo em exposição ao público.

4 — As instalações devem ser ainda dotadas de gradesnas janelas e porta de segurança no acesso ao exterior.

5 — Os museus podem conter uma secção de res-tauro, reparação e conservação das peças que fazemparte do seu espólio, bem como dos seus filiados.

6 — Os funcionários dos museus que possam ter con-tacto com armas devem possuir idoneidade suficientepara o efeito, aferindo-se esta nos termos do dispostopara a obtenção de uma licença de uso e porte de armado tipo B 1.

7 — São aplicáveis aos museus das associações decoleccionadores, quanto às instalações onde guardamas armas, na parte aplicável, as condições de segurançaexigidas para os estabelecimentos de comércio de armase munições.

Artigo 30.o

Aquisição de armas de fogo

1 — Os titulares de licença de coleccionador podemadquirir para a sua colecção, em função da temáticaprosseguida, armas das classes B, C, D, E, F e G.

2 — A emissão de autorização de compra, quandonecessária, fica condicionada à verificação das condiçõesreferidas na secção I do capítulo III da Lei n.o 5/2006,de 23 de Fevereiro, bem como à prova do interessehistórico, técnico ou artístico da referida arma, mediantedeclaração da associação de coleccionadores em queo mesmo se mostre filiado.

3 — As associações de coleccionadores com museupodem solicitar autorização de compra de quaisquerarmas dos tipos referidos no n.o 1 do presente artigodesde que sejam as mesmas destinadas unicamente aexposição.

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4 — Os titulares de licença de coleccionadores podemigualmente solicitar autorização de compra de armasunicamente destinadas a serem expostas em museu.

5 — Quando esteja em causa a compra e recuperaçãopara o património histórico nacional de armas das clas-ses B, C ou D, portuguesas ou produzidas sob enco-menda portuguesa, adquiridas no comércio legal inter-nacional, deve a DN/PSP assegurar em prazo útil opreenchimento das condições legais de importação outransferência que, para o efeito e atentas as circunstân-cias concretas, se mostrarem adequadas.

6 — Mediante autorização da DN/PSP, podem asassociações de coleccionadores organizar feiras, mostrasculturais e leilões de venda de armas com interesse his-tórico, sendo admitidos a participar e a licitar unica-mente pessoas habilitadas com a licença de coleccio-nadores ou com outra que lhe permita a posse da armapretendida.

7 — No caso referido no número anterior, a armaou armas licitadas só serão entregues após o decursodo processo de emissão da competente autorização decompra.

Artigo 31.o

Armas que utilizem munições obsoletas

As armas que utilizem munições obsoletas, nomea-damente as constantes do anexo à Lei n.o 5/2006, de23 de Fevereiro, podem ser detidas, independentementeda titularidade de licença de coleccionador, nos seguin-tes casos:

a) No domicílio do possuidor;b) Em espaços museológicos públicos ou privados;c) Em manifestações de carácter artístico;d) Em feiras, mostras culturais e leilões de venda

de armas organizados nos termos do disposto no n.o 6do artigo anterior.

Artigo 32.o

Pólvora preta

1 — À aquisição e utilização dos componentes infla-máveis para armas de pólvora preta é aplicável o dis-posto no artigo 23.o, com as seguintes especificações:

a) A habilitação necessária para o tiro com armasde pólvora preta é dada mediante aprovação em cursoadequado ministrado por formadores credenciados pelarespectiva associação de coleccionadores;

b) A quantidade máxima de pólvora a adquirir anual-mente por cada um dos coleccionadores não pode exce-der os 3000 g por aquisições parciais máximas de 1000 g;

c) Sem prejuízo das regras de acomodamento doscomponentes e de aquisição inicial, não é permitido otransporte de quantidades de pólvora preta e de ful-minantes superiores a, respectivamente, 500 g e500 fulminantes.

2 — Para a execução de eventos, manifestações oureconstituições históricas pode ser autorizada pelaDN/PSP a aquisição pela associação de coleccionadoresde quantidades de pólvora superiores às referidas naalínea b) do número anterior, bem como a sua cedênciaa participantes estrangeiros.

CAPÍTULO IV

Responsabilidade criminal e contra-ordenacional

Artigo 33.o

Aplicabilidade

São aplicáveis, no âmbito do presente capítulo, asnormas previstas no capítulo X da Lei n.o 5/2006, de23 de Fevereiro.

Artigo 34.o

Pena acessória de interdição do exercício de actividade dirigente

1 — Podem incorrer na interdição temporária dedesempenho de quaisquer cargos nas federações e asso-ciações previstas no presente diploma os dirigentes, res-ponsáveis ou representantes daquelas que sejam conde-nados, a título doloso e sob qualquer forma de participação,pela prática de crime ou contra-ordenação cometido comgrave desvio do âmbito, objecto e fins sociais própriosda actividade prosseguida pela respectiva entidade colectivaou com grave violação dos deveres e regras que disciplinamo exercício da actividade.

2 — A interdição tem a duração mínima de seis mesese máxima de 10 anos, não contando para este efeitoo tempo em que o condenado tenha estado sujeito amedida de coacção ou em cumprimento de pena ouexecução de medida de segurança privativas da liber-dade.

3 — O exercício da actividade interditada nos termosdo presente artigo bem como a prática de qualquer actoem que a mesma se traduza são punidos como crimede desobediência qualificada.

4 — À interdição a que se refere o presente artigoé aplicável o disposto no n.o 3 do artigo 90.o da Lein.o 5/2006, de 23 de Fevereiro.

Artigo 35.o

Responsabilidade contra-ordenacional específica

1 — O exercício de actividade sem que preexista oreconhecimento ou a credenciação a que se referem,respectivamente, os n.os 1 do artigo 10.o e 2 do artigo 24.oé punido com uma coima de E 1500 a E 15 000.

2 — Quem não observar o disposto nas seguintes dis-posições da presente lei é punido:

a) No artigo 31.o, com uma coima de E 2000 aE 20 000;

b) No n.o 1 do artigo 28.o, com uma coima de E 1500a E 15 000;

c) Nos artigos 13.o e 14.o, nos n.os 5 e 6 do artigo 28.o,nas alíneas a) a c) do n.o 1 do artigo 23.o e nas alíneas b)e c) do n.o 1 do artigo 32.o, com coima de E 700 aE 7000;

d) Nos n.os 2 a 4 do artigo 6.o, no artigo 8.o e naalínea j) do artigo 25.o, com uma coima de E 600 aE 6000;

e) No n.o 2 do artigo 7.o, nas alíneas d) a g) do n.o 1do artigo 11.o, nas alíneas a), b), c) e e) do artigo 12.oe no n.o 4 do artigo 28.o, com uma coima de E 250a E 2500.

3 — Para efeitos dos números anteriores, são con-junta e solidariamente responsáveis os elementos dadirecção da federação ou associação ou, caso não exis-

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tam corpos sociais, os signatários do documento cons-titutivo das referidas entidades que ainda mantenhama qualidade de associados.

CAPÍTULO V

Disposições finais e transitórias

Artigo 36.o

Autorizações especiais

1 — Sem prejuízo dos limites referidos no artigo 19.oda presente lei, é permitida a importação, exportaçãoe transferência de armas, partes essenciais de armasde fogo, munições, cartuchos ou invólucros com ful-minantes ou só fulminantes por parte de federações detiro e associações de coleccionadores com museu, bemcomo aos titulares de licenças desportiva ou de colec-cionador, desde que aptas, respectivamente, para a prá-tica desportiva ou inseridas na temática de colecção,observando-se, com as necessárias adaptações, o regimeprevisto no capítulo VII da Lei n.o 5/2006, de 23 deFevereiro, não sendo aplicável as limitações constantesdo seu n.o 3 do artigo 60.o

2 — A realização de eventos competitivos sem enqua-dramento desportivo entre coleccionadores e a realizaçãode iniciativas culturais ou reconstituições históricas de reco-nhecido interesse cuja natureza não se mostre ajustadaao disposto na presente lei são objecto de autorizaçãoprópria, concedida pelo director nacional da PSP, mediantea análise das condições de segurança do evento, a apre-ciação da idoneidade dos participantes e a qualidade dorespectivo promotor.

Artigo 37.o

Dever de informação

1 — As federações de tiro e as associações de colec-cionadores comunicam obrigatoriamente à DN/PSP aidentidade dos titulares dos respectivos corpos sociaise comprovam a sua idoneidade, bem como dos técnicosespecialmente habilitados que disponham ao seu serviço.

2 — Compete às federações de tiro o cumprimentoda obrigação prevista no número anterior nos casos dassuas associações federadas e dos clubes nestas inscritos.

3 — Quando se proceda a eleições para os corpossociais das entidades referidas no presente artigo, asfederações de tiro e as associações de coleccionadorescomunicam à DN/PSP a sua nova composição, dentrodos 60 dias subsequentes ao sufrágio.

Artigo 38.o

Listagens de clubes federados

As federações desportivas devem entregar naDN/PSP, no prazo de 180 dias a contar da entrada emvigor da presente lei, a listagem de todas as associaçõese clubes nelas federados, bem como a listagem dos seusatiradores e os tipos de licenças desportivas de que sejampossuidores, devidamente convertidas para as licençasfederativas referidas na presente lei.

Artigo 39.o

Atribuição de licença de coleccionador

1 — As associações legalmente constituídas à data dapublicação da presente lei e que requeiram a sua cre-

denciação, nos termos do disposto no n.o 2 do artigo 24.o,indicam, no acto, a listagem dos seus associados, àqueladata, interessados em possuir licença de coleccionador,sendo a mesma concedida com dispensa dos examesa que se refere o seu artigo 26.o, desde que verificadosos demais requisitos legais.

2 — O titular de licença de coleccionador, no prazode 180 dias contados da emissão da respectiva licença,deve apresentar na DN/PSP a relação das armas cons-tantes da colecção, mantendo-as na sua posse, sem pre-juízo do respectivo manifesto, quando obrigatório.

3 — As armas manifestadas em nome de pessoa dife-rente, falecida ou de paradeiro desconhecido são mani-festadas em nome do requerente, fazendo este a prova,por qualquer meio, da sua aquisição.

Artigo 40.o

Delegação de competências

As competências atribuídas na presente lei ao directornacional da PSP podem ser delegadas nos termos dalei.

Artigo 41.o

Taxas devidas

1 — A apresentação de requerimentos, a concessãode licenças e suas renovações, de autorizações, a rea-lização de vistorias e exames, os manifestos e todos osactos sujeitos a despacho, previstos nesta lei, estãodependentes do pagamento por parte do interessadode taxa a fixar por portaria do Ministro da Adminis-tração Interna.

2 — Os actos que visem o reconhecimento das fede-rações desportivas e a credenciação das associações decoleccionadores ficam isentos do pagamento de quais-quer taxas.

Artigo 42.o

Mestres atiradores

Os mestres atiradores que tenham obtido a sua dis-tinção em data anterior à da publicação da presentelei mantêm na sua posse as armas adquiridas ao abrigodo regime anterior, devendo proceder ao respectivomanifesto dentro dos 180 dias seguintes àquela data.

Artigo 43.o

Início de vigência

A presente lei entra em vigor na data em que a Lein.o 5/2006, de 23 de Fevereiro, iniciar a sua vigência.

Aprovada em 6 de Julho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, JaimeGama.

Promulgada em 8 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6201

Lei n.o 43/2006de 25 de Agosto

Acompanhamento, apreciação e pronúncia pela Assembleiada República no âmbito

do processo de construção da União Europeia

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I

Poderes da Assembleia da República de acompanhamento,apreciação e pronúncia no âmbito

do processo de construção da União Europeia

Artigo 1.o

Disposição geral

1 — A Assembleia da República emite pareceressobre matérias da esfera da sua competência legislativareservada pendentes de decisão em órgãos da UniãoEuropeia e em conformidade com o princípio da sub-sidiariedade, além de acompanhar e apreciar a parti-cipação de Portugal na construção da União Europeia,nos termos da presente lei.

2 — Para o efeito do desempenho das suas funções,é estabelecido um processo regular de consulta entrea Assembleia da República e o Governo.

Artigo 2.o

Pronúncia no âmbito de matérias de competência legislativa reservada

1 — Quando estiverem pendentes de decisão emórgãos da União Europeia matérias que recaiam naesfera da competência legislativa reservada da Assem-bleia da República, esta pronuncia-se nos termos dosnúmeros seguintes.

2 — Sempre que ocorrer a situação referida nonúmero anterior, o Governo deve informar a Assembleiada República e solicitar-lhe parecer, enviando, emtempo útil, informação que contenha um resumo doprojecto ou proposta, uma análise das suas implicaçõese a posição que o Governo pretende adoptar, se já estiverdefinida.

3 — O parecer é preparado pela Comissão de Assun-tos Europeus, em articulação com as comissões espe-cializadas em razão da matéria.

4 — Uma vez aprovado na Comissão, o parecer é sub-metido a plenário, para efeitos de discussão e votação,excepto em caso de fundamentada urgência, circunstân-cia em que é suficiente a deliberação da Comissão.

5 — Em qualquer fase subsequente do processo dedecisão dos órgãos da União Europeia, a Assembleiapode, por iniciativa própria ou mediante iniciativa doGoverno, elaborar e votar novos pareceres.

Artigo 3.o

Parecer sobre a conformidade com o princípio da subsidiariedade

1 — A Assembleia da República, por via de resolução,pode dirigir aos Presidentes do Parlamento Europeu,do Conselho, da Comissão Europeia e, se for caso disso,do Comité das Regiões e do Comité Económico e Socialum parecer fundamentado sobre as razões do incum-primento da observância do princípio da subsidiariedade

de uma proposta de texto legislativo ou regulamentarde que tenha tomado conhecimento, nos termos doartigo 5.o da presente lei, ou de propostas de alteraçãosubsequentes.

2 — Em caso de fundamentada urgência, é suficienteum parecer emitido pela Comissão de Assuntos Euro-peus.

3 — Quando o parecer se refira a matéria da com-petência das Assembleias Legislativas das Regiões Autó-nomas, estas devem ser consultadas em tempo útil.

Artigo 4.o

Meios de acompanhamento e apreciação

1 — A Assembleia da República procede ao acom-panhamento e à apreciação da participação portuguesano processo de construção da União Europeia, desig-nadamente, através da realização de:

a) Debate em sessão plenária, com a participaçãodo Governo, após a conclusão do último Conselho Euro-peu de cada presidência da União Europeia, podendotambém o debate do 1.o semestre incluir a apreciaçãoda estratégia política anual da Comissão Europeia eo do 2.o semestre a apreciação do seu programa legis-lativo e de trabalho;

b) Debate anual em sessão plenária, com a presençado Governo, para discussão e aprovação do relatórioanual enviado pelo Governo, nos termos do dispostono n.o 3 do artigo 5.o;

c) Reuniões nas semanas anterior e posterior à datada realização do Conselho Europeu, entre a Comissãode Assuntos Europeus e o Governo, excepto quando,nos termos da alínea a), o debate se encontre agendadoem sessão plenária;

d) Reuniões conjuntas entre a Comissão de AssuntosEuropeus, a comissão especializada em razão da matériae o membro do Governo competente, na semana ante-rior ou posterior à data da realização do Conselho, nassuas diferentes configurações.

2 — A Assembleia da República, por sua iniciativaou a pedido do Governo e no exercício das suas com-petências, aprecia, nos termos regimentais, os projectosde legislação e de orientação das políticas e acções daUnião Europeia.

3 — A Assembleia da República aprecia a progra-mação financeira da construção da União Europeia,designadamente no que respeita aos fundos estruturaise ao Fundo de Coesão, nos termos da lei do enqua-dramento do Orçamento do Estado, das GrandesOpções do Plano, do Plano de Desenvolvimento Regio-nal ou de outros programas nacionais em que se prevejaa utilização daqueles fundos.

4 — A Assembleia da República ou o Governo podemainda, sem prejuízo do disposto nos números anteriores,suscitar o debate sobre todos os assuntos e posiçõesem discussão nas instituições europeias que envolvammatéria da sua competência.

Artigo 5.o

Informação à Assembleia da República

1 — O Governo deve manter informada, em tempoútil, a Assembleia da República sobre os assuntos eposições a debater nas instituições europeias, bem comosobre as propostas em discussão e as negociações em

6202 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

curso, enviando, logo que sejam apresentados ou sub-metidos ao Conselho, toda a documentação relevante,designadamente:

a) Projectos de acordos ou tratados a concluir pelasComunidades Europeias, pela União Europeia ou entreEstados membros no contexto da União Europeia, semprejuízo das regras de reserva ou confidencialidade quevigorem para o processo negocial;

b) Propostas de actos vinculativos e não vinculativosa adoptar pelas instituições da União Europeia, comexcepção dos actos de gestão corrente;

c) Projectos de actos de direito complementar,nomeadamente de decisões de representantes dos gover-nos dos Estados membros reunidos em Conselho;

d) A estratégia política anual e o programa legislativoe de trabalho da Comissão Europeia, assim como qual-quer outro instrumento de programação legislativa;

e) Resoluções legislativas sobre posições comuns doConselho;

f) Autorizações concedidas ao Conselho para deli-berar por maioria qualificada, nos casos em que as deli-berações sejam tomadas, em regra, por unanimidade;

g) Ordens do dia e resultados das sessões do Conselho,incluindo as actas das sessões em que este delibere sobrepropostas legislativas;

h) Relatórios sobre a aplicação do princípio dasubsidiariedade;

i) Documentos de consulta;j) Documentos referentes às grandes linhas de orien-

tação económica e social, bem como orientações sec-toriais;

l) Relatório anual do Tribunal de Contas Europeu.

2 — Os deputados à Assembleia da República podemrequerer a documentação comunitária disponível sobreo desenvolvimento das propostas referidas no númeroanterior.

3 — O Governo apresenta à Assembleia da Repú-blica, no 1.o trimestre de cada ano, um relatório quepermita o acompanhamento da participação de Portugalno processo de construção da União Europeia, devendoaquele relatório informar, nomeadamente, sobre as deli-berações com maior impacte para Portugal tomadas noano anterior pelas instituições europeias e as medidaspostas em prática pelo Governo em resultado dessasdeliberações.

Artigo 6.o

Comissão de Assuntos Europeus

1 — A Comissão de Assuntos Europeus é a comissãoparlamentar especializada permanente para o acompa-nhamento e apreciação global dos assuntos europeus,sem prejuízo da competência do plenário e das outrascomissões especializadas.

2 — Compete especificamente à Comissão de Assun-tos Europeus:

a) Apreciar todos os assuntos que interessem a Por-tugal no quadro da construção europeia, das instituiçõeseuropeias ou no da cooperação entre Estados membrosda União Europeia, designadamente a actuação doGoverno respeitante a tais assuntos;

b) Preparar parecer quando estiverem pendentes dedecisão em órgãos da União Europeia matérias querecaiam na esfera da competência legislativa reservadada Assembleia da República;

c) Incentivar uma maior participação da Assembleiada República na actividade desenvolvida pelas institui-ções europeias;

d) Articular com as comissões especializadas com-petentes em razão da matéria a troca de informaçõese formas adequadas de colaboração para alcançar umaintervenção eficiente da Assembleia da República emmatérias respeitantes à construção da União Europeia,designadamente no que se refere à elaboração do pare-cer referido no artigo 3.o;

e) Formular projectos de resolução destinados à apre-ciação de propostas de actos comunitários de naturezanormativa;

f) Realizar anualmente uma reunião com os membrosdas Assembleias Legislativas das Regiões Autónomase solicitar-lhes parecer, nos termos do n.o 3 do artigo 3.oe sempre que estiverem em causa competências legis-lativas regionais;

g) Intensificar o intercâmbio entre a Assembleia daRepública e o Parlamento Europeu, propondo a con-cessão de facilidades recíprocas adequadas e encontrosregulares com os deputados interessados, designada-mente os eleitos em Portugal;

h) Promover reuniões ou audições com as instituições,órgãos e agências da União Europeia sobre assuntosrelevantes para a participação de Portugal na construçãoda União Europeia;

i) Promover a cooperação interparlamentar no seioda União Europeia;

j) Designar os representantes portugueses à Confe-rência dos Órgãos Especializados em Assuntos Comu-nitários (COSAC) dos parlamentos nacionais, apreciara sua actuação e os resultados da Conferência;

l) Proceder à audição das personalidades a designarou a nomear pelo Governo Português e à apreciaçãodos seus curricula, nos casos previstos nos artigos 10.oe 11.o;

m) Promover audições e debates com representantesda sociedade civil sobre questões europeias, contri-buindo para a criação de um espaço público europeuao nível nacional.

Artigo 7.o

Processo de apreciação

1 — A Comissão de Assuntos Europeus procede àdistribuição das propostas de conteúdo normativo, bemcomo de outros documentos de orientação referidos noartigo 5.o, quer pelos seus membros, quer pelas outrascomissões especializadas em razão da matéria, paraconhecimento ou parecer.

2 — Sempre que tal seja solicitado pela Comissão deAssuntos Europeus, as outras comissões especializadasemitem pareceres fundamentados.

3 — Os pareceres a que se referem os números ante-riores podem concluir com propostas concretas, paraapreciação pela Comissão de Assuntos Europeus.

4 — Sempre que delibere elaborar relatório sobrematéria da sua competência, a Comissão de AssuntosEuropeus anexa os pareceres solicitados a outras comis-sões.

5 — Quando esteja em causa a apreciação de pro-postas de actos comunitários de natureza normativa, aComissão de Assuntos Europeus, recolhidos os pare-ceres necessários, pode formular um projecto de reso-lução, a submeter a plenário.

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6203

6 — Nos restantes casos, a Comissão de AssuntosEuropeus formula pareceres sobre as matérias em rela-ção às quais seja chamada a pronunciar-se, podendoconcluir com uma proposta concreta ou com um projectode resolução.

7 — Os relatórios e pareceres emitidos pela Comissãode Assuntos Europeus são enviados ao Presidente daAssembleia da República e ao Governo.

8 — O relatório anual do Tribunal de Contas Europeué sujeito a parecer da comissão competente em razãoda matéria e enviado à Comissão de Assuntos Europeus.

Artigo 8.o

Recursos humanos, técnicos e financeiros

A Assembleia da República deve dotar a Comissãode Assuntos Europeus dos recursos humanos, técnicose financeiros indispensáveis ao exercício das suas com-petências nos termos da presente lei.

CAPÍTULO II

Selecção, nomeação ou designação de personalidadespara cargos na União Europeia

Artigo 9.o

Âmbito

1 — A selecção, nomeação ou designação peloGoverno de personalidades para cargos nas instituições,órgãos ou agências da União Europeia cujo preenchi-mento não esteja sujeito a concurso, submete-se ao pro-cesso e regras definidos na presente lei.

2 — O presente regime não se aplica aos candidatosa membro da Comissão Europeia, do Comité dasRegiões e do Comité Económico e Social, bem comoaos candidatos a deputado do Parlamento Europeu.

Artigo 10.o

Cargos de natureza não jurisdicional

1 — Previamente à nomeação ou designação, peloGoverno, de personalidades para cargos nas instituiçõesou órgãos da União Europeia de natureza não juris-dicional, os respectivos nomes e curricula são transmi-tidos à Assembleia da República, devendo a Comissãode Assuntos Europeus proceder à sua audição e à apre-ciação dos respectivos curricula.

2 — O procedimento do número anterior aplica-seà nomeação ou designação para cargos dirigentes dasagências europeias, quando tal seja compatível com oespecífico processo de selecção e escolha de acordo comas regras da União Europeia.

Artigo 11.o

Cargos de natureza jurisdicional

1 — Previamente à nomeação ou designação, peloGoverno, de personalidades para cargos de naturezajurisdicional, designadamente de juiz do Tribunal deJustiça, juiz do Tribunal de Primeira Instância, juiz doTribunal de Contas e advogado-geral, os respectivosnomes e curricula são transmitidos à Assembleia daRepública, devendo a Comissão de Assuntos Europeusproceder à sua audição e à apreciação dos respectivoscurricula.

2 — Para efeitos do número anterior o Governo trans-mitirá uma lista de, pelo menos, três nomes de can-didatos para cada lugar a preencher.

CAPÍTULO III

Disposição final

Artigo 12.o

Revogação

É revogada a Lei n.o 20/94, de 15 de Junho.

Aprovada em 20 de Julho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, JaimeGama.

Promulgada em 11 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

Lei n.o 44/2006de 25 de Agosto

Oitava alteração à Lei n.o 7/93, de 1 de Março(Estatuto dos Deputados) — Regime

de substituição dos deputados por motivo relevante

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.o

Os artigos 5.o e 20.o do Estatuto dos Deputados, apro-vado pela Lei n.o 7/93, de 1 de Março, com as alteraçõesintroduzidas pelas Leis n.os 24/95, de 18 de Agosto, 55/98,de 18 de Agosto, 8/99, de 10 de Fevereiro, 45/99, de16 de Junho, 3/2001, de 23 de Fevereiro, 24/2003, de4 de Julho, e 52-A/2005, de 10 de Outubro, passama ter a seguinte redacção:

«Artigo 5.o

[. . .]

1 — Os deputados podem pedir ao Presidente daAssembleia da República, por motivo relevante, a suasubstituição por uma ou mais vezes, no decurso dalegislatura.

2 — Por motivo relevante entende-se:

a) Doença grave que envolva impedimento do exer-cício das funções por período não inferior a 30 diasnem superior a 180;

b) Exercício da licença por maternidade ou pater-nidade;

c) Necessidade de garantir seguimento de processonos termos do n.o 3 do artigo 11.o

3 — O requerimento de substituição será apresen-tado directamente pelo próprio deputado ou atravésda direcção do grupo parlamentar, acompanhado,neste caso, de declaração de anuência do deputadoa substituir.

6204 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

4 — A substituição temporária do deputado,quando se fundamente nos motivos constantes dasalíneas a) e b) do n.o 2, não implica a cessação doprocessamento da remuneração nem a perda da con-tagem de tempo de serviço.

Artigo 20.o

[. . .]

1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .l) Alto cargo ou função internacional, se for impe-

ditivo do exercício do mandato parlamentar, bemcomo funcionário de organização internacional ou deEstado estrangeiro;

m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .n) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .o) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»

Artigo 2.o

A presente lei entra em vigor no 1.o dia da próximalegislatura.

Aprovada em 20 de Julho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, JaimeGama.

Promulgada em 8 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

Lei n.o 45/2006de 25 de Agosto

Nona alteração à Lei n.o 7/93, de 1 de Março(Estatuto dos Deputados)

A Assembleia da República decreta, nos termos daalínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.o

Os artigos 20.o, 21.o e 26.o do Estatuto dos Deputados,aprovado pela Lei n.o 7/93, de 1 de Março, com as alte-rações introduzidas pelas Leis n.os 24/95, de 18 deAgosto, 55/98, de 18 de Agosto, 8/99, de 10 de Fevereiro,45/99, de 16 de Junho, 3/2001, de 23 de Fevereiro (Decla-ração de Rectificação n.o 9/2001, publicada no Diário

da República, 1.a série-A, n.o 61, de 13 de Março de2001), 24/2003, de 4 de Julho, 52-A/2005, de 10 de Outu-bro, e 44/2006, de 25 de Agosto, passam a ter a seguinteredacção:

«Artigo 20.o

[. . .]

1 — São incompatíveis com o exercício do mandatode deputado à Assembleia da República os seguintescargos ou funções:

a) Presidente da República, membro do Governoe Representantes da República para as RegiõesAutónomas;

b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .g) Presidente, vice-presidente ou substituto legal

do presidente e vereador a tempo inteiro ou emregime de meio tempo das câmaras municipais;

h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .l) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .n) Membro da Entidade Reguladora para a Comu-

nicação Social;o) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Artigo 21.o

[. . .]

1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 — É igualmente vedado aos deputados, em

regime de acumulação, sem prejuízo do disposto emlei especial:

a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) Membro de corpos sociais das empresas públicas,

das empresas de capitais públicos ou maioritaria-mente participadas pelo Estado e de instituto públicoautónomo não abrangidos pela alínea o) do n.o 1 doartigo 20.o;

e) [Anterior alínea d).]f) [Anterior alínea e).]

7 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Artigo 26.o

[. . .]

1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 — O registo de interesses consiste na inscrição,

em documento próprio, de todos os actos e actividadesdos deputados susceptíveis de gerar impedimentos.

Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006 6205

3 — Do registo deverá constar a inscrição de acti-vidades exercidas, independentemente da sua formaou regime, designadamente:

a) Indicação de cargos, funções e actividades, públi-cas e privadas, exercidas nos últimos três anos;

b) Indicação de cargos, funções e actividades, públi-cas e privadas, a exercer cumulativamente com o man-dato parlamentar.

4 — A inscrição de interesses financeiros relevantescompreenderá a identificação dos actos que geram,directa ou indirectamente, pagamentos, designada-mente:

a) Pessoas colectivas públicas ou privadas a quemforam prestados os serviços;

b) Participação em conselhos consultivos, comis-sões de fiscalização ou outros organismos colegiais,quando previstos na lei ou no exercício de fiscalizaçãoou controlo de dinheiros públicos;

c) Sociedades em cujo capital participe por si oupelo cônjuge não separado de pessoas e bens;

d) Subsídios ou apoios financeiros, por si, pelo côn-juge não separado de pessoas e bens ou por sociedadeem cujo capital participem;

e) Realização de conferências, palestras, acções deformação de curta duração e outras actividades deidêntica natureza.

5 — Na inscrição de outros interesses relevantesdeverá, designadamente, ser feita menção aos seguin-tes factos:

a) Participação em comissões ou grupos de trabalhopela qual aufiram remuneração;

b) Participação em associações cívicas beneficiáriasde recursos públicos;

c) Participação em associações profissionais ourepresentativas de interesses.

6 — O registo de interesses deverá ser depositadona Comissão Parlamentar de Ética nos 60 dias pos-teriores à investidura no mandato e actualizado noprazo máximo de 15 dias após a ocorrência de factosou circunstâncias que justifiquem novas inscrições.

7 — O registo de interesses é público e pode serconsultado por quem o solicitar.»

Artigo 2.o

A presente lei entra em vigor no 1.o dia da próximalegislatura.

Aprovada em 20 de Julho de 2006.

O Presidente da Assembleia da República, JaimeGama.

Promulgada em 8 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendada em 12 de Agosto de 2006.

O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto deSousa.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA E DA INOVAÇÃO

Decreto-Lei n.o 174/2006

de 25 de Agosto

O Decreto-Lei n.o 97/87, de 4 de Março, consagrao registo obrigatório de todos os estabelecimentos indus-triais no sentido de organizar um cadastro industrialque permita saber quais os estabelecimentos industriaisque existem, onde se encontram instalados e que acti-vidades desenvolvem.

O mesmo decreto-lei cometeu a competência parao referido registo obrigatório à Direcção-Geral daIndústria (DGI), sendo as atribuições e competênciasda extinta DGI actualmente prosseguidas pela Direcção--Geral da Empresa, nos termos do Decreto-Lein.o 34/2004, de 19 de Fevereiro.

O sistema de registo instituído impunha um actoadministrativo autónomo que se traduzia por encargosdesnecessários para as empresas.

Verificou-se, pela experiência decorrente da aplicaçãodeste regime, que se podem atingir os mesmos objectivosatravés do tratamento da informação constante dosprocessos de licenciamento dos estabelecimentos indus-triais, podendo dispensar-se o industrial do forneci-mento de informação que já consta do processo de licen-ciamento do seu estabelecimento.

Finalmente, importa salientar que o presente decreto--lei vem dar cumprimento à orientação do Programade Simplificação Administrativa e Legislativa — Simplex2006, ao eliminar o acto administrativo autónomo deregisto obrigatório dos estabelecimentos industriais,vulgo cadastro industrial, e a ficha de estabelecimentoindustrial a ele associada.

Foi promovida a audição da Associação Nacional deMunicípios Portugueses.

Assim:Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da

Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.o

Objecto

O presente decreto-lei elimina o acto administrativoautónomo de registo obrigatório dos estabelecimentosindustriais, no âmbito do cadastro industrial, bem como aficha de estabelecimento industrial MOD.106-DGI/Modelon.o 387 (INCM).

Artigo 2.o

Alteração ao Decreto-Lei n.o 69/2003, de 10 de Abril

O artigo 8.o do Decreto-Lei n.o 69/2003, de 10 deAbril, passa a ter a seguinte redacção:

«Artigo 8.o

[. . .]

1 — A informação disponibilizada no âmbito doprocesso de licenciamento industrial será objecto detratamento adequado pelas respectivas entidadescoordenadoras do processo de licenciamento, tendoem vista a elaboração do cadastro industrial.

2 — (Revogado.)»

6206 Diário da República, 1.a série — N.o 164 — 25 de Agosto de 2006

Artigo 3.o

Norma derrogatória

1 — São derrogadas todas as referências, legais eregulamentares, à exigência do registo obrigatório dosestabelecimentos industriais, considerando-se as mes-mas substituídas por declaração a emitir pela entidadecoordenadora do processo de licenciamento sobre asituação do estabelecimento industrial.

2 — O disposto no número anterior não se aplica aosestabelecimentos que, à data de entrada em vigor dopresente decreto-lei, já disponham de cadastro industrial.

Artigo 4.o

Norma revogatória

1 — É revogado o n.o 2 do artigo 8.o do Decreto-Lein.o 69/2003, de 10 de Abril.

2 — São ainda revogados:

a) O Decreto-Lei n.o 97/87, de 4 de Março;b) A Portaria n.o 147/87, de 4 de Março;c) A Portaria n.o 849/90, de 18 de Setembro;d) A Portaria n.o 213/91, de 14 de Março.

Artigo 5.o

Entrada em vigor

O presente decreto-lei entra em vigor no 1.o dia útildo mês seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 13 deJulho de 2006. — José Sócrates Carvalho Pinto deSousa — Fernando Teixeira dos Santos — Alberto Bernar-des Costa — Francisco Carlos da Graça Nunes Cor-reia — António José de Castro Guerra — Rui Nobre Gon-çalves — Mário Lino Soares Correia — Fernando MedinaMaciel Almeida Correia — Francisco Ventura Ramos.

Promulgado em 8 de Agosto de 2006.

Publique-se.

O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.

Referendado em 17 de Agosto de 2006.

Pelo Primeiro-Ministro, António Luís Santos Costa,Ministro de Estado e da Administração Interna.

AVISOOs actos enviados para publicação no Diário da República devem

ser autenticados nos termos da alínea a) do n.o 2 do Despacho Normativon.o 38/2006, de 30 de Junho, ou respeitar os requisitos técnicos de auten-ticação definidos pela INCM, nos formulários de edição de actos parapublicação, conforme alínea b) do n.o 2 do mesmo diploma.

Transitoriamente, até 31 de Dezembro de 2006, poderá ser observadoo previsto nos n.os 6.6 e 6.7 do mesmo diploma.

Os prazos de reclamação das faltas do Diário da República são de 30 diasa contar da data da sua publicação.

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