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ISSN 1414-4530

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Piracicaba2012

ISSN 1414-4530Universidade de São PauloEscola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”Divisão de Biblioteca

Série Produtor Rural - nº 51

Ecofisiologia dos Adubos Verdes

Giovani Rossi1

Paulo Roberto de Camargo e Castro2

1 Mestre em Fisiologia e Bioquímica de Plantas - ESALQ/USP2 Prof. Titular - Departamento de Ciências Biológicas - ESALQ/USP

DIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBDAv. Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 9

13.418-900 - Piracicaba - [email protected] • www.esalq.usp./biblioteca

Revisão e Edição

Foto Capa

Layout Capa

Editoração Eletrônica e

Digitalização de Imagens

Impressão e Acabamento

Tiragem

Eliana Maria Garcia

Roberto Amaral

José Adilson Milanêz

Maria Clarete Sarkis Hyppolito

Serviço de Produções Gráficas - ESALQ

300 exemplares

1 INTRODUÇÃO..................................................................................

2 ECOFISIOLOGIA E AS PLANTAS.........................................................

2.1 O ambiente e sua influência na fisiologia do

desenvolvimento das plantas ....................................................

2.2 Estádios do ciclo de vida da planta .......................................................

2.3 A sazonalidade do crescimento e do desenvolvimento .................

2.4 Hormônios vegetais e a percepção do meio ambiente .......................

2.5 Estresses ..................................................................................................

2.6 Hormônios e a regulação do estresse ....................................................

2.7 Fixação biológica de nitrogênio .............................................................

2.7.1 Regulação gênica .................................................................................

2.7.2 Bioquímica do nitrogênio ....................................................................

2.7.3 Transporte de composto nitrogenados ............................................

3 ECOFISIOLOGIA DOS ADUBOS VERDES..........................................

REFERÊNCIAS .................................................................................

SUMÁRIO

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5Ecofisiologia dos adubos verdes

Todos os organismos vivos estão sob constanteinfluência do meio ambiente. No caso da maioria absolutadas plantas terrestres, parte delas encontra-se envolta peloar e outra parte pelo solo.

A parte aérea das plantas está exposta a vários fatoresclimáticos, como radiação, temperatura, umidade, água, entreoutros. Por outro lado, as raízes deparam-se com umambiente constituído por partículas orgânicas e inorgânicasde diferentes tamanhos e pequenos espaços preenchidospor ar e por uma solução líquida, de onde a planta tem acessoa água, nutrientes, gases e onde ocorre o contato commicrorganismos. Ao estudo da interrelação entre esses meiose a planta, sob o ponto de vista morfofisiológico ebioquímico, dá-se o nome de ecofisiologia.

Quando não ocorre uma perfeita harmonia entre os fatoresclimáticos e a ecofisiologia da planta, dá-se inicio a processosque interferem acentuadamente em seu metabolismo,podendo ocasionar, entre outros, alterações no crescimentoe ou desenvolvimento, e em condições extremas, levar asplantas à senescência. Esses processos são denominados“estresses”.

O conhecimento do comportamento ecofisiológico deuma espécie de interesse econômico possibilita oplanejamento de sua implantação, expondo a planta àscondições ambientais mais favoráveis, aumentando aexpressão de seu potencial genético.

São inúmeras as espécies cultivadas no Brasil. A grandemaioria é destinada à alimentação humana e animal,enquanto outras fornecem produtos utilizados indiretamente,como o algodoeiro (Gossypum hirsutum), o qual produz fibraspara confecção de roupas e para outros fins. Outra forma deutilização refere-se ao emprego de espécies específicas queproporcionam a melhoria do ambiente, de maneira eficiente

e em nível significativo. Ao grupo de espécies que melhoramas características físico-químicas e biológicas do solo, dá-se o nome de adubos verdes.

A adubação verde possibilita a recuperação da fertilidadedo solo, proporcionando: o aumento do teor de matériaorgânica, da capacidade de troca catiônica e dadisponibilidade de micronutrientes; formação e estabilizaçãode agregados; melhoria das condições para infiltração deágua e aeração; diminuição da amplitude de variação térmica;controle de nematóides e fornecimento de nitrogênio obtidoda fixação biológica (IGUE, 1984), sendo este processo deextrema importância e complexidade (gênica, fisiológica ebioquímica).

Poucos foram os trabalhos realizados relacionados àecofisiologia das diferentes espécies vegetais utilizadas comoadubo verde. Quando existentes, as informações sãoescassas, se comparadas a culturas tradicionais, como asoja (Glycine max) e o milho (Zea mays).

O objetivo deste trabalho é proporcionar aos leitoresinicialmente uma rápida revisão sobre os conhecimentosreferentes à ecofisiologia, as interações dos fatoresedafoclimáticos com as plantas, a ação dos diferentes“agentes estressantes” sobre a planta, e posteriormente, umadiscussão mais aprofundada da ecofisiologia dos adubosverdes, de maneira geral e específica para as principaisespécies.

Em função de sua grande extensão territorial, o Brasilpossui uma enorme diversidade edafoclimática, sendovariável entre regiões ou até mesmo entre áreasgeograficamente próximas, em função da altitude. O intuitodeste volume não é abordar o comportamento das diferentesespécies de adubo verde para cada condição edafoclimáticaencontrada no país, haja vista a falta de informações e as

6 Ecofisiologia dos adubos verdes

especificidades de cada local. Assim, procurou-se abordaras informações mais relevantes sobre as principais espécies,além de informar as características geográficas (latitude,longitude, altitude), tipo de clima e classe de solo dos locaisonde experimentos foram realizados, possibilitando atransposição dos resultados gerados para locais comcaracterísticas semelhantes, bem como a utilização dasinformações de modo a inferir sobre a viabilidade deutilização racional de determinada espécie para cadacondição edafoclimática.

Desta maneira, caberá aos leitores deste texto seguir ouadaptar as informações aqui citadas de acordo com ascaracterísticas pertinentes ao local de interesse dos mesmos.

7Ecofisiologia dos adubos verdes

8 Ecofisiologia dos adubos verdes

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S 2.1 O ambiente e sua influência na fisiologia dodesenvolvimento das plantas

A fisiologia do desenvolvimento foi muito bem sucedidana descoberta de mecanismos endógenos e processosinduzidos de crescimento e morfogênese. Tal sucessoproporcionou uma fundamentação importante para osestudos ecofisiológicos, entretanto, ainda é pequeno oconhecimento sobre o desenvolvimento das plantas noambiente natural, devido à complexidade dos estímulos edas múltiplas variações de reação aos fatores aos quais asplantas estão expostas. Ao contrário de um fisiologistatrabalhando no laboratório, executando experimentos sobcondições controladas, o ecofisiologista depara-se comproblemas relacionados à quantificação de todas asrespostas da planta e a variabilidade dos eventos no meioonde se encontra. De acordo com Lüttge (1997), ainterrelação entre os trabalhos de ecofisiologia praticadosno campo e em laboratórios propicia um aumento doentendimento fisiológico, bioquímico e molecular daadaptação ecológica das plantas. Conforme nosinteressamos na influência do meio ambiente na fisiologiade plantas, os efeitos do clima e solo precisam ser discutidoscom referência aos processos fisiológicos específicos.

Uma das características mais marcantes das plantasrefere-se ao seu crescimento contínuo, durante todo operíodo em que permanecem vivas. Entretanto, nem todasas partes da planta crescem de maneira contínua, assim comotodo crescimento não ocorre ao mesmo tempo.

O desenvolvimento vegetal envolve os processos demultiplicação celular, aumento em volume (expansão nostrês planos do espaço) e diferenciação de órgãos e tecidos,enquanto que o crescimento é caracterizado como sendo o

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aumento irreversível da quantidade de substâncias e devolume das partes vivas.

O clima constitui-se em um fator preponderante nodesenvolvimento das plantas, visto que determina condiçõespara a manutenção da dinâmica da vida (FANCELLI;DOURADO NETO, 2001). A influência de fatores climáticoscomo a radiação solar, água e temperatura sobre o desen-volvimento e mecanismos subjacentes das plantas sãoaspectos importantes com relação a seus significadosecofisiológicos, os quais influenciam o crescimento e odesenvolvimento das plantas em todas as fases de sua vida.

Com relação ao solo, apesar deste ser apenas um doscomponentes de um conjunto complexo de fatores deprodução, ele se destaca pelo seu importante papel nofornecimento de suporte físico, água e nutrientes às plantas,sendo não menos importante que o clima na influência sobreo desenvolvimento vegetal. Assim, o conhecimento de suascaracterísticas intrínsecas é extremamente importante paraa obtenção de êxito no estabelecimento e desenvolvimentodas plantas (CASTRO et al., 1987).

2.2 Estádios do ciclo de vida da planta

O ciclo de vida da planta pode ser dividido em fases,cada qual correspondente a um período de tempo queapresenta características particulares quanto à sua forma efuncionamento. Tais características são reguladas pelaatividade genética, influenciada pelas condições do ambienteàs quais a planta está exposta. Em cada estádio, a plantarequer determinados recursos e condições ambientais,respondendo também diferentemente às influênciasexternas. Evidentemente, seria equivocado considerar cada

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um dos sucessivos estádios de desenvolvimento como umevento isolado, pois é claro que os eventos da fase anteriortêm um efeito pré-condicionante sobre as fases subse-quentes.

Dessa forma, o estado nutricional da planta-mãe afeta aquantidade de nutrientes disponíveis para a translocaçãoaté as sementes. A temperatura e as condições de radiaçãoantes, durante e imediatamente após a germinação influen-ciam a forma e o tamanho da planta e o processo de floração.Por outro lado, o suprimento de nutrientes e água durante afase vegetativa afeta a abundância de flores e a vitalidadedas sucessivas gerações.

2.3 A sazonalidade do crescimento e dodesenvolvimento

As plantas, durante o decorrer do seu desenvolvimento,ajustam-se à periodicidade sazonal dos diversos fatoresambientais a que estão expostas, de maneira que o processode transição de fase representa um ajuste no ciclo de vida daplanta a períodos favoráveis e desfavoráveis do crescimento.Muito frequentemente, há uma prorrogação do término de

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uma fase de desenvolvimento ou um adiantamento do iníciode uma outra fase. Como exemplo, a quebra de dormênciade sementes ou a necessidade de uma indução aoflorescimento. Somente as plantas com um ciclo de vidarelativamente curto e aquelas que crescem sob condiçõesfavoráveis contínuas podem prosperar sem interrupções pré-determinadas.

Em regiões com um pronunciado clima sazonal (verão-inverno, com estações úmido-seca, respectivamente), as plantasque crescem continuamente apresentam necessariamente umciclo de vida curto. Em todas essas plantas anuais, as fases dociclo de vida seguem, uma após a outra, em uma sequênciaininterrupta. A parte aérea, com crescimento primário, surgelogo após a germinação da semente, apresentando em seguidaalgumas folhas, e na sequência já podem aparecer as primeirasflores. A porção aérea continua a crescer simultaneamente aodesenvolvimento alternado dos órgãos vegetativos ereprodutivos. Em algumas espécies, a construção das primeirasflores só ocorre após um crescimento intenso e completo daparte aérea, enquanto que sinais de senescência aparecem naspartes vegetativas da planta, mesmo durante o amadurecimentodos frutos.

Quando a planta atinge a maturidade, o cicIo reprodutivodeve estar em harmonia com o crescimento vegetativo. Ocrescimento vegetativo e o desenvolvimento reprodutivopodem se processar tanto simultaneamente como de maneiraalternada, dependendo da espécie. Em plantas anuais e emmuitas plantas tropicais com crescimento contínuo, os doisprocessos ocorrem de maneira simultânea.

Uma espécie vegetal, variedade ou ecótipo está bemaclimatizada caso a estação de crescimento seja utilizadatotalmente, com nenhum risco de injúria na estaçãodesfavorável seguinte. Espécies não adaptadas podem

12 Ecofisiologia dos adubos verdes

O crescimento e o desenvolvimento das plantas sãoregulados tanto por fatores endógenos como externos. Osfatores endógenos são ativos não somente em nível celular emolecular, afetando os processos metabólicos via transcriçãoe tradução, mas apresentam também função de coordenaçãodo organismo como um todo, realizada por meio dos hormôniosvegetais. A importância ecológica dos hormônios vegetais estáem sua função de substância transdutora.

Seguindo a percepção dos estímulos ambientais, todasas partes da planta são informadas sobre a situação de outraspartes por meio da síntese ou de mudanças de concentraçãode um ou mais hormônios endógenos. Para cada hormôniovegetal, tais mudanças dependem do estádio de desenvol-vimento e da atividade da planta, da natureza do estímuloexterno, da parte da planta que está recebendo o estímulo e

2.4 Hormônios vegetais e a percepção do meioambiente

apresentar crescimento demasiadamente tardio, continuandoo desenvolvimento lentamente e, assim, serem injuriadaspelas primeiras baixas temperaturas de inverno capazes deprovocar o congelamento. Por outro lado, a situação poderiaser igualmente desfavorável se o crescimento começasseprecocemente (perigo de injúria devido à exposição às baixastemperaturas capazes de provocar o congelamento no finaldo inverno ou mesmo no início da primavera) e o desenvolvi-mento fosse interrompido muito cedo, não utilizando assimtodo o período favorável ao crescimento. Qualquer falha nasincronização entre períodos de atividade da planta e o ritmoclimático pode restringir a distribuição de uma determinadaespécie.

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do tempo deste impacto. A reação resultante, seja elasinérgica ou antagônica, pode variar muito, dependendo doórgão em questão e da predisposição da planta. Junto comfatores externos, os hormônios vegetais iniciam o processode crescimento e da diferenciação, bem como o processo desincronização e desenvolvimento da planta com as mudançassazonais do ambiente. Outras funções dos hormôniosvegetais são a regulação da intensidade e da orientação docrescimento, da atividade metabólica, do transporte, doestoque e da mobilização de materiais nutritivos.

Em condições naturais e agricultáveis, as plantas estãosujeitas às condições desfavoráveis (não necessariamenteletais) que ocorrem tanto permanentemente como espora-dicamente em uma determinada localidade. Estas condiçõessão conhecidas como “estresses”.

O estresse desempenha um papel importante nadeterminação de como o solo e o clima limitam a distribuiçãode espécies vegetais. Portanto, a compreensão dos proces-sos fisiológicos subjacentes aos danos provocados porestresse e dos mecanismos de adaptação e aclimatação deplantas a estresses ambientais é de grande importância paraa agricultura e o ambiente.

Alguns fatores dessa natureza, como a temperatura doar, podem tornar-se estressantes em poucos minutos,enquanto outros, como o conteúdo de água no solo, podemlevar dias ou até semanas para se manifestar. As deficiênciasminerais no solo, por sua vez, necessitam de meses.

Em alguns casos, o estresse que atua sobre a planta emum determinado momento é decorrente da variação de um

2.5 Estresses

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único fator climático, como o estresse por frio, ocasionadoexclusivamente pelo resfriamento acentuado da temperaturaà valores abaixo do ideal. Entretanto, vários fatores estres-santes frequentemente atuam simultaneamente, cada qualcontribuindo para o estabelecimento e manutenção doestresse na planta. Como exemplo, quando da ocorrência deum veraníco acentuado, ocorrendo a combinação entre forteradiação, alta temperatura e seca. A combinação destesfatores de estresse ou uma série de eventos estressantespode reforçar, diminuir ou mesmo reverter a resposta daplanta a um simples fator de estresse. O aumento de umefeito em combinação com outros fatores pode serfrequentemente observado, através da constatação de quefatores adicionais de estresse resultam em distúrbiosadicionais.

Entre os fatores de estresses abióticos, os fatoresclimáticos representam uma grande porção, exercendo seusefeitos na atmosfera, no solo e na água: alta ou baixa radiação,temperaturas excessivamente altas ou baixas (a últimaacompanhada pelo congelamento de tecidos e congela-mento do solo), precipitação deficiente ou seca e ventosfortes. De acordo com Castro et al. (1987), a agricultura,entre todas as atividades econômicas, apresenta a maiordependência das condições climáticas, as quais, mesmodesconsiderando seus efeitos extremos, são responsáveispor 60 a 70% da variabilidade final da produção. No solo, asplantas podem encontrar várias restrições, devendo superar,entre outros, a deficiência mineral.

Solos excessivamente ácidos ou alcalinos são tambémdesfavoráveis e apresentam vários fatores de estresse paraa maioria das plantas. Problemas físicos também apresentamfatores de estresse mecânico para as raízes, assim comobaixa concentração de oxigênio, em solos com excesso de

15Ecofisiologia dos adubos verdes

água. O estresse biótico é particularmente comum em densascoberturas vegetais e onde as plantas são utilizadas intensa-mente pelos animais e microrganismos.

A adaptação e a aclimatação aos estresses ambientaisresultam de eventos integrados que ocorrem em todos os níveisde organização: anatômico, morfológico, celular, bioquímico emolecular. As respostas da célula ao estresse incluem mudançasno ciclo e divisão celulares, mudanças no sistema deendomembranas e vacuolização, bem como alterações naarquitetura da parede celular. Tudo isso contribui para acentuara tolerância das células ao estresse. Bioquimicamente, as plantasalteram o metabolismo de diversas maneiras, para ajustarem-se aos estresses ambientais, incluindo a produção decompostos osmorreguladores, tais como prolina, glicina ebetaína. Nos últimos anos, têm sido investigados intensiva-mente os eventos moleculares ligando a percepção de um sinalde estresse às respostas do genoma que levam à tolerância.

Muitos desses fatores de estresse são extremamenteperigosos, pois causam situações estressantes nas quaisas plantas são incapazes de desenvolver qualquer tipo demecanismo de defesa.

Embora seja necessário discutir os fatores de estresse demaneira individualizada, não significa que eles ocorrem dessaforma na natureza. Em ambientes expostos aos fatores deestresse, a interrelação de numerosos estressores restringe aárea na qual uma espécie vegetal particular pode sobreviver,surgindo assim os limites de distribuição climáticos e edáficos.

2.6 Hormônios e a regulação do estresse

Segundo Alscher e Cumming (1990), estresses abióticosinterferem no sistema hormonal das plantas. Em alguns

16 Ecofisiologia dos adubos verdes

casos, o estresse altera os níveis de hormônios específicos,ou a sensibilidade das plantas a eles. Estas mudançasgeralmente se correlacionam com alterações no compor-tamento das plantas.

Após a planta ser afetada por um agente estressor, inicia-se a ativação de genes específicos, promovendo a síntesede proteínas. Esta síntese proteica altera a concentração eação hormonal, a qual é responsável por modificaçõesbioquímicas, funcionais e estruturais nas células, mediandoo processo de atenuação dos danos provocados peloestresse (Figura 1).

17Ecofisiologia dos adubos verdes

Figura 1 - Envolvimento gênico e fisiológico em resposta ao estresse (CASTRO,2008)

Existem outras rotas de sinalização adicionais queprovavelmente afetam a termotolerância por meio demecanismos diferentes da produção de proteínas de choquetérmico - HSP (do inglês Heat Shock Proteins). O tratamentocom ABA e ácido salicílico (SA), por exemplo, pode melhorara sobrevivência sob estresse térmico. Isso sugere que ABA eSA aumentam a termotolerância devido a seus efeitos,restringindo a abertura estomática ou mediante uma rotaHSP independente. A biossíntese de etileno é aumentadadurante o estresse térmico. O pré-tratamento com etilenoinduz um nível baixo de termotolerância em algumas plantas,enquanto mutantes na rota de resposta ao etileno mostramque a sensibilidade ao calor é aumentada. Entretanto, nãohá evidência de que a produção de HSP seja influenciadapelo etileno, e até o momento desconhece-se o mecanismopelo qual o etileno afeta a termotolerância.

O ABA parece ter um papel na indução de tolerância aocongelamento. O trigo de inverno, centeio, espinafre eArabidopsis thaliana são espécies tolerantes ao frio, asquais aumentam sua tolerância ao congelamento quandofortalecidas por escassez de água, uma condição que elevaa concentração de ABA endógeno nas folhas. As plantasdesenvolvem tolerância ao congelamento em temperaturasque não promovem a aclimatação, quando tratadas com ABAexógeno. Muitos dos genes ou proteínas expressos emtemperaturas baixas ou sob déficit hídrico são tambéminduzíveis pelo ABA sob condições de não-aclimatação.Essas descobertas sustentam um papel do ABA na tolerânciaao congelamento.

Claramente, o ABA exógeno não pode conferir a mesmaaclimatação ao congelamento obtida pela exposição atemperaturas baixas.

18 Ecofisiologia dos adubos verdes

2.7 Fixação biológica de nitrogênio

O nitrogênio (N) é frequentemente o principal nutrientelimitante para a maioria das espécies cultivadas. Para odesenvolvimento vegetal, apenas a fotossíntese é maisimportante que a aquisição e assimilação de N.

A manipulação com sucesso da incorporação de nitrogênioatmosférico (N2) pelo uso da fixação biológica de nitrogênio(FBN) resulta em práticas agrícolas economicamente viáveis eambientalmente benéficas. A utilização de espécies fixadorasde nitrogênio nos sistemas agrícolas reduz a necessidade defertilizantes nitrogenados e melhora as condições do solo. Alémdisso, o N2 fixado biologicamente fica ligado a matéria orgânicado solo e assim encontra-se muito menos suscetível àstransformações químicas do solo e aos fatores físicos indutoresde volatilização ou lixiviação.

19Ecofisiologia dos adubos verdes

2.7.1 Regulação gênica

Os genes requeridos para a fixação do nitrogênio têmsido definidos na bactéria de vida l ivre Klebsiellapneumoniae. Cerca de 20 genes são transcritos em 8 operonsadjacentes que ocupam 25 kb do genoma. As funções dogene nif podem ser agrupadas em diversas categorias: (a)nif H, nif D e nif K, proteínas estruturais para nitrogenase; (b)nif F e nif J – flavodoxina, proteínas do transporte de elétrons;(c) nif Q, nif B, nif N, nif E, nif V e nif S, proteínas envolvidasno cofator MoFe e na síntese de 4Fe 4S; (d) nif M e nif Y,proteínas requeridas para o processamento de Nif H e inserçãodo cofator MoFe em Nif DK, respectivamente; (e) nif A,reguladora positiva, e nif L, reguladora negativa; e (f) nif W,nif T, nif Z e nif U, possivelmente relacionada com a atividademolecular da chaperonina. Todos os 20 genes foramclonados e as sequências de aminoácidos deduzíveis foramdeterminadas.

Nitrogenase é sintetizada quando K. pneumoniaedesenvolve-se sob anaerobiose em condições limitantes denitrogênio. Isso não é surpreendente desde que a nitro-genase é desnaturada irreversivelmente na presença deoxigênio e não é requerida quando fontes alternativas denitrogênio reduzido estão disponíveis. A expressão danitrogenase é controlada pelas proteínas Nif A e Nif L nooperon nif LA em colaboração com o controle universal de Nem procarióticos, o sistema ntr. Os componentes primáriosdo sistema ntr são ntr A, ntr B e ntr C. Sob condiçõesanaeróbicas e limitantes de N, ntr A e o produto gênico ntr C,um ativador transcricional, ativa a transcrição do operon nifLA. A proteína Nif A então ativa a transcrição de todos osoutros operons nif. Desde que a ativação de todos os genesnif exceto nif A requer o mesmo produto (Nif A), parece

20 Ecofisiologia dos adubos verdes

razoável que a região promotora dos genes nif possuamelementos de reconhecimento similares. A ativação dessasregiões regulatórias em comum, sob condições ambientaise nutricionais apropriadas, resulta num efeito em cascata,levando a síntese e disponibilidade da nitrogenase funcional.

Desde que a expressão do gene nif é controlada positiva-mente por ativadores transcricionais e requer o produto dogene nif A, a repressão da síntese de nitrogenase na presençade excesso de nitrogênio e/ou oxigênio envolve inativaçãodesses elementos de controle positivo. Na presença deoxigênio e/ou excesso de N, o produto do gene nif L éalterado. Nif L é uma flavoproteína sensível a redução, queno estado oxidado inibe a atividade de Nif A. A redução deNif L alivia esse efeito inibitório. O produto do gene ntr Bencontra-se também envolvido na sensibilidade ao excessode N e na repressão dos genes nif.

Utilizando genes nif de K. pseudomoniae como padrão,elementos homólogos de DNA para nif K, D, H, A, B e N têmsido identificados em todas as espécies de Rhizobium eBradyrhizobium examinadas. Esses genes correspondentesestão localizados nos plasmídios no crescimento rápido deR. meliloti e R. leguminosarum, e no cromossomo deBradyrhizobium em crescimento lento. Os genes nif K, D, H,A, B e N têm as mesmas funções em rizobio e em Klebisiella.Apesar do gene nif L não ter sido identificado em Rhizobium,a regulação dos operons nif em Rhizobium/Bradyrhizobiumé similar àquela de Klebisiella. O produto do gene nif A éum ativador transcricional para outros operons nif. Alémdisso, as sequências do promotor dos genes nif deRhizobium que ligam Nif A são similares as de Klebisiella.

Enquanto o controle da nitrogenase nos nódulos deraízes em simbiose com Rhizobium/Bradyrhizobium é umsistema de dois componentes como em Klebisiella, a

21Ecofisiologia dos adubos verdes

regulação do sistema simbiótico difere daqueles deorganismos de vida livre. A expressão de nif A em sistemasde rizóbio não é autoregulatória, sendo que está sob controledo sistema global ntr. Em vez disso, nif A é regulada poroxigênio. Dois genes designados fix L e fix J, que nãopossuem homólogos em organismos fixadores de N2 de vidalivre, atuam como transdutores sensores de baixo potencialde oxigênio em nódulos de raízes e ativam a transcrição denif A, que por sua vez ativa a transcrição de outros operonsde nif. O Fix L produzido é uma proteína transmembranacontendo heme que percebe baixo oxigênio e torna-seautofosforilada. Fix L então fosforila Fix J que ativa nif A. EmR. meliloti, esses genes fix estão localizados no plasmídiosym, 200 kb adiante dos genes nod e nif.

Além dos genes nif e fix L e J, outro grupo de genes fix,essencial para a fixação simbiótica de N2, tem sidoidentificado em Rhizobium/Bradyrhizobium. Dentre esses,encontram-se fix A, B, C, N, K e X. Estes genes, em sua maioria,não são encontrados em diazotróficos de vida livre. Aidentificação e a manipulação desses genes levarão aomelhoramento da simbiose entre Rhizobium/Bra-dyrhizobium/ Azorhizobium e leguminosas (VANCE, 2002).

2.7.2 Bioquímica do nitrogênio

As condições básicas para a redução do nitrogênio seprocessar são: (a) A presença da enzima nitrogenase; (b) Umforte agente redutor; (c) ATP e Mg+2; e (d) Baixa tensão deoxigênio. O complexo enzimático da nitrogenase é formadopor duas subunidades: Mo - Fe - proteína ou dinitrogenase eFe - proteína ou dinitrogenase redutase.

A Fe - proteína tem uma massa molecular de 57 - 72 kDa

22 Ecofisiologia dos adubos verdes

e é constituída de duas subunidades idênticas codificadaspelo gene nif H. Contém 4 Fe e 4 S por molécula, que podevariar com as condições de crescimento. O componente Mo- Fe - proteína, cuja massa molecular é de 220 kDa, tem 4subunidades iguais duas a duas. Um par, a subunidade alfa,é codificada pelo gene nif D e tem massa molecular de 50kDa, a subunidade beta tem massa molecular de 60 kDa e écodificada pelo gene nif K. Para ativar a enzima, um cofatorferro-molibdênio (FeMoco) é inserido. Há indicações queMo - Fe - proteína com maiores atividades específicas contém2 Mo, 24 - 32 Fe e 24 - 30 S por molécula.

Em baixo potencial redox (-430 mV), moléculas redutoras,tais como flavodoxinas e ferredoxinas, doam um elétron paraa dinitrogenase redutase, que permite reação com MgATP-2.Enquanto isso, a molécula de nitrogênio que será reduzidacombina com o sítio que contêm Mo sobre a dinitrogenase.Os dois componentes agora se juntam para formar ocomplexo ativo da nitrogenase. Há então um fluxo de elétronsda dinitrogenase redutase para a denitrogenase, comconcomitante hidrólise de 2 ATPs.

Ocorrem duas reduções simultâneas: de nitrogênio e deprótons.

Nota-se que para cada molécula de nitrogênio reduzida,uma molécula de hidrogênio é produzida.

Uma reação particularmente importante em trabalhosexperimentais é a redução do aceti leno a etileno.Mensurações sobre a fixação do nitrogênio podem ser feitasatravés desta redução, onde têm-se valores da atividadeespecífica da nitrogenase.

16 MgATP + 8H+ + N2 + 8e- 2NH3 + H2 + 16 MgADP + 16 Pi

23Ecofisiologia dos adubos verdes

Tanto o consumo de ATP como a ativação energética danitrogenase independem do substrato presente, massomente ATP pode ser usado como fonte de energia para osistema.

A nitrogenase se torna ineficiente quando elétrons queseriam destinados ao nitrogênio são desviados para formargás hidrogênio. Quando a nitrogenase não está funcionandootimamente, por exemplo, se o potencial redox não está baixoou a razão de dinitrogenase redutase e dinitrogenase é muitobaixa, mais elétrons são transferidos da redução de prótons.

A evolução do hidrogênio pode ser evitada pela enzimahidrogenase, que cataliza a remoção de elétrons dohidrogênio produzido.

Podem-se dist ingui r os seguintes papéis dahidrogenase: (a) Mecanismo auxi l iar de proteçãorespiratória, retirando o oxigênio do ambiente próximo anitrogenase, principalmente sob condições de baixofornecimento de carbono (mesmo porque, oxigênioreprime a atividade da nitrogenase in vivo e pode causardano irreversível à enzima); (b) Impedir que o hidrogênioevoluído pela nitrogenase venha inibi-la; e (c) Melhorar aeficiência da nitrogenase, pois oxida o hidrogênio evoluídoem reação independente de ATP. Há uma reciclagem dehidrogênio produzindo ATP, portanto, é um mecanismode economia de substratos de carbono.

A hidrogenase que capta o hidrogênio, realizando a suaoxidação e produzindo 2 a 3 ATPs, parece ser importanteprincipalmente em baixos níveis de irradiância, ou qualqueroutra condição de limitação de fotossintatos ou outra fontede energia. A diminuição da evolução do hidrogênio soblimitação de carbono poderia ocorrer devido a uma alocaçãomais eficiente de elétrons para a nitrogenase ou devido amaior atividade da hidrogenase.

24 Ecofisiologia dos adubos verdes

A leghemoglobina é uma proteína de massa molecularpor volta de 16 kDa, e pode ser encontrada em nódulos deleguminosas que estão ativamente fixando nitrogênio. Suafunção biológica é manter um adequado suprimento deoxigênio para os bacteróides. Na presença de leghemo-globina, há um aumento na eficiência respiratória do nódulo,e consequentemente, uma proteção da nitrogenase, que temsua atividade aumentada, já que em meio aeróbico a mesmaé prejudicada. Em alguns trabalhos, tem sido comparada aatividade da nitrogenase com a concentração de leghemoglo-bina no nódulo, sendo que encontrou-se uma correlaçãopositiva.

A amônia excretada pelo bacteróide é assimiladadiretamente em compostos orgânicos no citosol das célulashospedeiras, principalmente por ser tóxica, induzir clorose einibir a respiração no nódulo.

O Km da GDH para o NH+4 é muito alto, indicando suabaixa afinidade pelo substrato (14 mmol m-3 para a enzimada planta e 4 mol m-3 para a enzima da bactéria). A enzimaGS tem grande afinidade para o íon amônio (220 µmol m-3),muito mais que GDH, e parece ser a principal via para aassimilação dos produtos da fixação de nitrogênio.

O ácido glutâmico também pode ser formado a partir daglutamina em uma reação catalisada pela glutamato sintaseou GOGAT (glutamina 2-oxoglutarato amino transferase). OKm da enzima bacterial pela glutamina é 0,25 mol m-3. O Kmpelo oxoglutarato é 7,3 mmol m-3. O custo para GS/GOGAT é1 ATP por glutamato formado. A vantagem é a rápidaassimilação do íon amônio, prevenindo seu acúmulo, o queinibe a atividade da nitrogenase (MELOTTO, 1992).

25Ecofisiologia dos adubos verdes

Glutamina e glutamato são os primeiros produtosaminados formados nos nódulos. Além destes, há outrosque são também transportados e que podem ser classificadoscomo amidas e ureídeos. As amidas são asparagina,glutamina e 4-metilenoglutamina e os ureídeos sãoalantoína, ácido alantóico e citrulina. Outros aminoácidos,tais como ácido aspártico, histidina, homosserina ou serina,também são transportados na seiva do xilema.

Em leguminosas tropicais, principalmente caupi, feijoeiroe soja, 60 a 90% do nitrogênio transportado na seiva doxilema está na forma de ureídeos, e nas leguminosas declima temperado (ervilha, tremoço e Ornithopus), a maiorparte está na forma amídica.

Temperatura é um importante fator quando é consideradaa solubilidade dos compostos. Os ureídeos são menossolúveis, em torno de 3 mM em água contra 200 mM paraasparagina, o que seria uma desvantagem em espéciescrescendo sob baixas temperaturas. Tem sido sugerido quea predominância de ureídeo em leguminosas tropicais, aocontrário das leguminosas de clima temperado, é umaconsequência de sua restrita solubilidade e que nódulosque produzem ureídeos necessitariam de maior fluxo de águapara prover as necessidades de nitrogênio da planta.

Alantoína e ácido alantóico são formados pelo catabo-lismo oxidativo das purinas. Este fato é suportado pelasseguintes observações: (a) Enzimas que degradam purinasestão presentes em nódulos de caupi, soja e feijoeiro(xantina desidrogenase, uricase e alantoinase); (b) O níveldestas enzimas é normalmente baixo em nódulos queexportam amidas; (c) O teor destas enzimas aumenta emresposta à fixação de nitrogênio, atividade assimilatória de

2.7.3 Transporte de compostos nitrogenados

26 Ecofisiologia dos adubos verdes

amônia e ureídeos exportados dos nódulos; (d) A adição dealopurinol, inibidor da xantina desidrogenase, resulta emdecréscimo no nível de ureídeos no nódulo e exportados noxilema, além de um acréscimo de xantina no nódulo.

A maior porcentagem de nitrogênio transportado sob aforma de ureídeos poderia ser uma vantagem para o sistemasimbiótico, visto que na síntese destes compostos háeconomia de carbono e ATP.

A razão carbono/nitrogênio dos compostos nitrogenadosexportados do nódulo variam, sendo que em ácido glutâmicoé 5:1, asparagina 2:1 e glutamina 5:2, enquanto que nosureídeos são: alantoína e ácido alantóico 1:1 e citrulina 2:1.Esta pequena razão para os ureídeos implica em umaeconomia no suprimento de carbono pela planta hospedeira.A quantidade de carbono por unidade de nitrogênio fixado émuito maior em tremoço, um exportador de amidas, que emcaupi, um exportador de ureídeos. No entanto, como muitosprocessos fisiológicos estão relacionados, não está claro seesta diferença se deve somente à produção de ureídeos.

O transporte de compostos nitrogenados na seiva doxilema é um processo ativo e seletivo. Este mesmo transporteé afetado pela manipulação fonte-dreno. Desta forma, háefeito da luz e consequentemente, a disponibilidade decarbono sobre o metabolismo de nitrogênio frequentementelimita o processo.

Têm sido observado que sob limitações de carbono,ocorre maior transporte de ureídeos e em situação extrema,os ureídeos representam um mecanismo para desintoxi-cação de amônia.

27Ecofisiologia dos adubos verdes

28 Ecofisiologia dos adubos verdes

A produtividade de qualquer cultura é dependente detrês fatores básicos: genótipo, clima e manejo. No aspectogenético, encerra-se o potencial de produção inerente aomaterial vegetal considerado ou à variedade selecionada(FANCELLI; DOURADO NETO, 2001). Entretanto, a totalexpressão desse potencial produtivo é dependente deinúmeras condições determinadas pelo clima, comotemperatura adequada, disponibilidade de água, qualidadee intensidade da luz, assim como as características oriundasdo solo, conforme se verifica na Figura 2.

Costa (1993), relata que os principais parâmetrosclimáticos que condicionam o desenvolvimento vegetal sãoa temperatura (ar e solo), precipitação pluvial, radiação solare fotoperíodo, e que a sucessão diária das condições declima numa região determina quais espécies vegetais podemser cultivadas e o grau de sucesso de um empreendimentoem função dos elementos meteorológicos. O ciclo de umacultura, em geral, segue um ritmo definido em função dolocal. A duração das fases fenológicas das plantas ocorreem função da época de plantio, podendo, porém, ser alteradaem função da variabilidade climática ou dos sistemas deprodução utilizados, considerando-se aqui a rotação deculturas ou o cultivo de espécies em condições climáticasfavoráveis ou marginais a elas.

3 E

CO

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IOLO

GIA

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S

29Ecofisiologia dos adubos verdes

Figura 2 - Fatores de produção vegetal (ALVIM, 1962)

Em função das características intrínsecas e particularesde cada espécie vegetal, estas apresentam exigênciasclimáticas e edáficas específicas, o que pode ser constatadoao se observar a vegetação clímax de locais que apresentamclimas e/ou solos distintos.

Em solos considerados pouco aptos ao desenvolvimentovegetal, serão encontradas plantas mais rústicas, commenores exigências nutricionais e mais resistentes àscondições estressantes, como a deficiência no suprimentode oxigênio às raízes ou salinidade, enquanto que em solosférteis e com boa aptidão, encontrar-se-ão plantas maisexigentes, porém, menos adaptadas aos fatores de estresse.

Além do solo, um dos fatores mais importantes naescolha dos materiais para determinada região é o clima,com todas as suas características específicas. Temperatura

30 Ecofisiologia dos adubos verdes

média e amplitudes, precipitação anual e sua distribuição,além de outras variáveis, deverão ser atentamente levadasem consideração, na definição das espécies de adubosverdes a serem utilizadas, com o propósito de se obter grandeêxito na implantação e desenvolvimento das mesmas.

A criteriosa escolha das espécies de plantas a seremutilizadas como adubo verde, quanto a sua adaptabilidadenas diferentes condições edafoclimáticas é de fundamentalimportância para o êxito da implantação da prática. Não éconveniente a realização de intervenções no solo de ordemquímica, física ou biológica, objetivando-se a implantação deuma determinada espécie, mas sim a escolha criteriosa eadequada de plantas adaptadas às condições em que o aduboverde será exposto, por mais adversas que possam ser.

De maneira geral, as características que devem serobservadas na escolha dos adubos verdes de outono-invernoe primavera-verão, sob o ponto de vista ecofisiológico efitotécnico são:

• Serem resistentes à seca e às geadas;• Apresentarem rápido crescimento inicial e eficiente

cobertura do solo;• Produzirem elevadas quantidades de massa verde e

matéria seca;• Apresentarem elevados teores de nitrogênio na fitomassa;• Promoverem elevada reciclagem de nutrientes como P,

K, Ca, Mg, S e micronutrientes;• Tolerarem solos de baixa fertilidade e serem adaptados

às condições de solo degradado;• Serem de baixo custo, fácil implantação e condução;• Serem pouco susceptíveis a pragas e doenças, além de

não serem plantas hospedeiras;• Apresentarem elevada produção de sementes e fácil

colheita;

31Ecofisiologia dos adubos verdes

Dificilmente uma única espécie de adubo verde atenderáao mesmo tempo a todos esses pré-requisitos, entretanto,em nível de propriedade agrícola, algumas dessas caracte-rísticas serão de importância fundamental na seleção deadubos verdes.

Geralmente, em solos deficientes em nitrogênio, asuplementação ocorre em função da fixação biológicarealizada pelas bactérias nos nódulos das leguminosas. Emcasos extremos de carência de nitrogênio, permite-se recorrerà utilização de resíduos animais, industriais, ou ainda afertilização nitrogenada química.

Entre os diferentes materiais de verão e invernoempregados, alguns se destacam pela sua rusticidade quantoà exigência em fertilidade do solo: ervilhaca-peluda (Viciavillosa), tremoço amarelo (Lupinus luteus), centeio (Secalecereale), azevém (Lolium multiflorum), nabo forrageiro(Raphanus sativus var. oleiferus), calopogônio(Calopogonio mucunoides), mucuna cinza (Mucunapruriens) e mucuna preta (Mucuna aterrima), guandu(Cajanus caja), centrosema (Centrosema pubescens),

• Não terem características invasoras;• Apresentarem sistema radicular profundo e bem

desenvolvido;• Apresentarem, preferencialmente, a possibilidade de

múltipla utilização (adubação verde, forragem, e emalguns casos, serem opção para alimentação humana);

• Terem ciclo adaptado às culturas econômicas da região;• Produzir resíduos vegetais adaptados ao preparo

conservacionista (cobertura morta);• Serem economicamente viáveis, com um retorno a curto

ou médio prazo, de baixo custo, com redução no usode insumos e reflexos positivos na produtividade dasculturas subsequentes.

32 Ecofisiologia dos adubos verdes

leucena (Leucaena leucocephala) e feijão de porco(Canavalia ensiformis).

Camargo e Hermann (1928), citados por Kiehl (1960),estudaram a produção da parte aérea e das raízes de váriasespécies de adubo verde em diversas épocas de desen-volvimento e seu efeito na produção da cultura subsequente,e ressaltaram que a incorporação apenas de raízes apresentouresultados quase tão bons como quando se incorporou aplanta inteira.

Ainda com relação ao desenvolvimento radicular dediversas espécies de leguminosas cultivadas, Inforzato eMascarenhas (1967), citados por Costa (1993), estudandoo sistema radicular do labe-labe (Dolichos lab lab) no iníciodo florescimento (ao redor de 150 dias), em solo argiloso no

LABE-LABE

33Ecofisiologia dos adubos verdes

município de Monte Alegre do Sul - RS, encontraram raízesaté a 3,4 metros (m) de profundidade. Fato a ser consideradocom relação a essa espécie refere-se à configuração de seusistema radicular: 28% das raízes encontravam-se nosprimeiros 0,20 m de profundidade, e os 72% restantes sedistribuíam uniformemente até os 3,4 m. Isso diferesignificativamente de outras espécies estudadas, ondeparcela ponderável das raízes encontrava-se nas camadasmais superficiais.

Scaranari e Inforzato (1952), citados por Costa (1993),pesquisaram a profundidade e a distribuição do sistemaradicular de diversas espécies de leguminosas recomendadaspara a adubação verde de cafezais e constataram que aos110 dias de idade, no florescimento, as raízes de feijão-de-porco atingiam 3 m de profundidade e 73% de sua massalocalizavam-se nos primeiros 0,30 m. A crotalária (Crotalariajuncea), com 130 dias de idade, apresentava raízes a até 4,6m de profundidade e com 79% da massa nos primeiros 0,30m. Já a mucuna-anã (Mucuna deeringiana), aos 100 diasde idade, tinha raízes até 2,4 m de profundidade, com 72%da massa nos primeiros 0,30 m.

No que se refere à partição da fitomassa entre a parteaérea e raízes, parâmetro ligado à estratégia de sobrevivênciada planta, Pastana et al. (1965) determinaram as relações depeso e volume entre a parte aérea e o sistema radicular (até0,25 m de profundidade) de oito espécies forrageiras, sendoquatro gramíneas e quatro leguminosas. Nas condições emque os dados foram obtidos, as leguminosas soja perene(Neonotonia wightii), kudzu tropical (Puerariaphaseoloides), calopogônio e centrosema apresentaramvalores de relação variando de 5 a 14, enquanto que para asgramíneas testadas, os valores situaram-se entre 0,56 a 2,68.Valores de relação elevados mostram que plantas com alta

34 Ecofisiologia dos adubos verdes

produção na parte aérea são mais adequadas à cobertura dosolo do que a sua fixação. Aleixo (2006), estudando a partiçãode biomassa e carbono em plantas de leucena de diferentestamanhos, concluiu que 24% dos mesmos correspondem àporção da raiz, sendo o restante correspondente a parte aérea.

Outro aspecto a ser considerado com relação às espéciesde adubos verdes é a sua adaptação aos diferentes níveis defertilidade do solo, o que auxilia na estratégia de suautilização. Assim, ao mesmo tempo em que a crotalariamobiliza expressivas quantidades de nutrientes, ela é umaespécie de discreta resposta à adubação mineral,prescindindo da mesma apenas se as condições de fertilidadeforem pobres, ou se não houver outro fator mais limitante.

Com o propósito de identificar os efeitos de algunselementos meteorológicos na ecofisiologia dos adubosverdes, Santos e Campelo Júnior (2003) avaliaram os efeitosda radiação solar, temperatura, precipitações e fotoperíodono rendimento de matéria seca e na época de florescimentoda crotalária juncea e mucuna preta, cultivadas em diferentesépocas do ano, no município de São Vicente da Serra - MT(15o 05’ S e 5o 25’ O; 780 m de altitude). Essa região possuicondições edafoclimáticas representativas do Cerrado,apresentando temperatura média anual de 22oC eprecipitação entre 1.500 mm e 1.750 mm. O clima écaracterizado, segundo os critérios de Köppen, como Aw(tropical chuvoso de savana), e solo identificado comoLatossolo Vermelho-Escuro distrófico, com textura argilosa.

A produção de matéria seca da mucuna foi significativa-mente superior a crotalária em cinco das oito épocasavaliadas (Tabela 1), assim como na produção média de cadaespécie em todas as épocas, com valores de 7.387,5 kgha-1para a mucuna e 3.146,3 kg ha-1 para a crotalária(diferença de 57,41%).

35Ecofisiologia dos adubos verdes

Os rendimentos mais expressivos na produção de matériaseca para a mucuna foram obtidos nos tratamentos referen-tes às três primeiras épocas, diferindo significativamentedas seguintes. Reduções acentuadas ocorreram entre a 3ª e4ª épocas e entre a 7ª e 8ª épocas: 67,03 e 79,20%,respectivamente, enquanto que para a crotalária, as maioresproduções foram obtidas nas duas primeiras épocas desemeadura, diferindo das demais, com reduções tambémacentuadas entre a 2ª e 3ª épocas (68,06%) e entre a 4ª e 5ª(79,66%).

As duas espécies apresentaram antecipação doflorescimento, sendo mais acentuada a medida que seretardava a época de semeadura. A esse processo, atribuíu-

Tabela 1. Médias* de produção de matéria seca dos adubosverdes mucuna preta e crotalária juncea, em oitoépocas de semeadura (adaptado de SANTOS;CAMPELO JÚNIOR, 2003)

Época de semeaduraMucuna Crotalária

(1) 05/11/99(2) 04/12/99(3) 05/01/00(4) 04/02/00(5) 05/03/00(6) 05/04/00(7) 05/05/00(8) 05/06/00

15.700 Aa12.700 Aa12.830 Aa4.230 Ba4.920 Ba4.770 Ba3.270 Ba 680 Ca

8.820 Ab8.640 Ab2.760 Bb2.950 BA600 Cb960 Bb440 Ca000 Ca

Kg ha-1

*Médias das colunas seguidos das mesmas letras maiúsculas e das linhas por letrasminúsculas não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade

36 Ecofisiologia dos adubos verdes

se as alterações acentuadas nos valores médios doselementos meteorológicos, principalmente a precipitação etemperatura, no caso da mucuna, e fotoperíodo, para acrotalária.

CROTALARIA

A precipitação foi o elemento meteorológico de maiorinfluência na variação da produção de matéria seca pelamucuna, tornando-se o fator limitante a partir da 4ª época,quando a queda de rendimento coincidiu com períodos demenor disponibilidade hídrica (Figura 3). Tal resultado podeter sido intensificado pela ação indireta do estresse hídrico,

37Ecofisiologia dos adubos verdes

uma vez que a baixa disponibilidade de água também afeta aeficiência de uso da radiação, podendo causar queda defolhas, além de acelerar a senescência das folhas mais velhas,como estratégia para reduzir o consumo de água.

A temperatura do ar, representada por soma térmica ougraus-dia (GD), foi o elemento meteorológico que melhor secorrelacionou com a variação no número de dias para amucuna completar o período que se estende da emergênciaaté o florescimento (Figura 4), sugerindo que as variaçõesno número de dias para esta espécie florescer sãoproporcionais às variações no acúmulo de GD, com umarelação linear entre aumento de temperatura e desenvol-vimento vegetal.

Figura 3 - Relação entre a produção de matéria seca e o consumo relativo de água(ETr/ETp) para a mucuna preta (adaptado de SANTOS; CAMPELOJÚNIOR, 2003).

38 Ecofisiologia dos adubos verdes

O fotoperíodo foi o grande responsável pelas alteraçõesna produção de matéria seca e no período compreendidoentre a semeadura e o florescimento da crotalária (Figuras 5e 6). As produções superiores a 4.000 kg ha-1 ocorreramquando o período diurno foi acima de 13,8 horas, enquantoque nas épocas em que o fotoperíodo foi inferior a estevalor, os rendimentos decresceram até atingir valores abaixode 1.000 kg ha-1.

À medida que os dias foram se tornando mais curtos,verificou-se a redução do tempo necessário para a crotaláriaatingir o florescimento, comprovando a sensibilidade dessaespécie às variações do fotoperíodo. O intervalo entre aemergência e o florescimento variou de 38 dias, na sétimaépoca de semeadura, a 86 dias, na primeira época, resultadoeste semelhante aos obtidos por Bulisani e Roston (1993) eCampelo Júnior e Santos (2001), ambos citados por Santose Campelo Júnior (2003), os quais mencionam que ofotoperíodo crítico da crotalária juncea é de 13,6 horas.

Observou-se baixa relação entre a produção de matériaseca e a razão ETr/ETp (evapotranspiração real e evapotrans-piração potencial, respectivamente) da crotalária, a qualtambém pode ser atribuída à sensibilidade dessa espécie aofotoperíodo pois, mesmo nas épocas em que o suprimentode água não apresentou redução relativamente significativa(ETr/ETp acima de 0,90), observou-se a diminuição em seurendimento.

39Ecofisiologia dos adubos verdes

Figura 5 - Relação entre a produção de matéria seca e o fotoperíodo, para acrotalária, em oito épocas de semeadura (adaptado de SANTOS;CAMPELO JÚNIOR, 2003)

Figura 6 - Relação entre o número de dias necessários para o florescimento e ofotoperíodo para a crotalária, em oito épocas de semeadura (adaptadode SANTOS; CAMPELO JÚNIOR, 2003).

40 Ecofisiologia dos adubos verdes

A relação entre o florescimento e as épocas de semeadurada mucuna preta, crotalária juncea, feijão-bravo-do-Ceará(Canavalia brasiliensis) e guandu apresenta tendêncialinear de antecipação no florescimento e, consequentementeno ciclo, com o atraso na semeadura, em regiões com mesmaclassificação edafoclimática de São Vicente da Serra - MT.Verificou-se, nas duas primeiras épocas de semeadura (12/11/1991 e 08/01/1992), baixa influência das condiçõesclimáticas sobre o florescimento da mucuna preta e do feijão-bravo-do-Ceará, não apresentando diferenças significativasentre o florescimento e essas épocas, uma vez que houveuma redução mínima do período de germinação até oflorescimento (Tabela 2). Entretanto, na terceira época desemeadura (01/03/1992), a redução do ciclo vegetativo paraas duas espécies apresentou maior magnitude, devido àdiminuição acentuada da precipitação, da ordem de 536,3mm entre a primeira e terceira época. Com relação à crotaláriajuncea e guandu, estas espécies apresentaram reduçãosignificativa nas três épocas estudadas (AMABILE et al.,1996).

Os desempenhos apresentados pela mucuna preta ecrotalária juncea confirmam aqueles observados por Santose Campelo Júnior (2003), atribuindo ao déficit hídrico e aofotoperíodo, respectivamente, a maior responsabilidade pelaantecipação do período de florescimento.

As produções de matéria seca pelo guandu e crotaláriajuncea reduziram-se com o atraso na semeadura, em funçãoda sensibilidade dessas leguminosas à ação fotoperiódica epela redução na precipitação. A mucuna preta e o feijão-bravo-do-Ceará, por sua vez, com baixa sensibilidade aofotoperiodismo e à precipitação, não mostraram relações dedependência entre produção de matéria seca e épocas desemeadura. O comportamento bastante homogêneo da

41Ecofisiologia dos adubos verdes

A crotalária e o guandu apresentaram, nas duas primeirasépocas de semeadura, produções de matéria secasignificativamente superiores às demais espécies (Tabela2). Porém, na terceira época de semeadura, as quatro espéciestenderam a igualdade, mostrando que a crotalária e o guanduobtiveram rendimentos superiores em matéria seca apenasquando semeados na época de maior precipitação e decondições fotoperiódicas favoráveis. Esses resultadospermitem recomendar (para regiões com característicasedafoclimáticas idênticas ou similares àquelas do local decondução do experimento) a semeadura da mucuna preta eo feijão-bravo-do-Ceará nos meses de janeiro e fevereiro, e a

mucuna preta caracterizou a sua adaptabilidade às épocasde semeadura sob condições climáticas variáveis.

Tabela 2. Valores médios do número de dias para atingir50% do florescimento e da produção de matériaseca, em kg ha-1, de quatro espécies de adubosverdes, em três épocas de semeadura (adaptadode AMABILE et al., 1996)

42 Ecofisiologia dos adubos verdes

C. Cajan

M. Aterrima

C. Brasiliensis

C. Juncea

C.V. (%)

12/11

127 Aa

126 Aa

125 Aa

103 Ba

1,13

08/01

119 Ab

121 Aa

120 Aa

96 Bb

0,49

01/03

97 Ac

82 Bb

79 Bb

77 Cc

0,42

12/11

10.733 Aa

4.798 Ba

5.056 Ba

12.367 Aa

13,9

08/01

7.200 Aab

5.300 BCa

4.944 Ca

7.012 ABb

9,9

01/03

5.956 Ab

4.511 Aa

4.833 Aa

5.178 Ab

17,8

Épocas de semeadura

Florescimento Matéria seca (kg ha-1)Espécies

Médias das colunas seguidas das mesmas letras maiúsculas e das linhas por letrasminúsculas não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade

crotalária e guandu para o início das chuvas, em dezembro.De acordo com Giomo et al. (2001), o guandu tem se

destacado no Brasil, entre outras leguminosas forrageiras,em função de sua notável tolerância à seca e adaptação aossolos pouco férteis, apresentando grande potencial deprodução de fitomassa, mesmo em períodos de estiagem.

Trabalho semelhante aos anteriores foi desenvolvido porAmabile et al. (2000), na mesma região e período, entretanto,substituindo o feijão-bravo-do-Ceará por Crotalariaochroleuca, além de avaliar cada tratamento sob duasdensidades populacionais, mediante alteração noespaçamento entre linhas (0,4 e 0,5 m). Não houve diferençasignificativa entre espaçamentos e as outras variáveisestudadas, comprovando que as populações destas espéciesadaptaram-se perfeitamente ao ambiente imposto pelasépocas de semeadura.

Análises de padrões da qualidade fisiológica de sementesde crotalária juncea obtidas de plantas semeadas em cincoépocas, com intervalo de 30 dias entre si (início em15/11/2007 e término em 15/03/2008), evidenciaram que amenor qualidade fisiológica foi obtida nas semeaduras denovembro e dezembro, com colheitas realizadas em março eabril, em presença de chuva. Isto evidencia que as épocasde semeadura interferem também na qualidade fisiológicade sementes dessa espécie, conforme resultados obtidospor Ribeiro - Oliveira et al. (2008), em experimento realizadoem Ipameri - GO, no ano agrícola de 2007-2008. SegundoMarcos Filho (2005), citado pelos autores, o ciclo dereumidecimento e secagem em uma semente desligada daplanta-mãe pode ser apontado como fator preponderanteno decréscimo de sua qualidade fisiológica.

A interação entre épocas e arranjos populacionais naprodução de matéria seca e sementes, além do acúmulo total

43Ecofisiologia dos adubos verdes

de nitrogênio da crotalária juncea, foi estudada por Pereiraet al. (2005), em Seropédica - RJ (22o 48' S e 43o 41' W; 33 mde altitude), em Argissolo vermelho-amarelo.

A produção de matéria seca e o conteúdo de nitrogêniototal da crotalária foram elevados com o aumento dedensidades de plantas e redução de espaçamentos entresulcos de plantio, para ambos os períodos avaliados deoutono-inverno e primavera-verão (datas de semeaduras nãoinformadas). No período de outono-inverno, os maioresrendimentos foram obtidos com sulcos espaçados 0,3 mentre si, na densidade de 40 plantas por metro linear,alcançando produtividade de matéria seca de 6.800 kg ha-1

e acúmulo de N de 189,3 kg ha-1, sendo 74% provenientesda fixação biológica de nitrogênio (FBN), equivalente a140,1 kg ha-1. Já no período de primavera-verão, o maiorrendimento deu-se com sulcos espaçados de 0,3 m, nadensidade de 30 plantas por metro linear, alcançando 10.700kg ha-1 de matéria seca e 260,6 kg ha-1 de nitrogênio (69%ou 179,8 kg ha-1 provenientes da FBN).

O maior rendimento de sementes na semeadura deoutono-inverno foi obtido com espaçamento entre sulcosde 0,3 m, na densidade de 40 plantas por metro linear,alcançando produtividade de 1.436,7 kg ha-1, enquanto quenão foram observados efeitos da densidade de plantas e doespaçamento entre sulcos de plantio no período deprimavera-verão, os quais apresentaram produtividade médiade 162,5 kg ha-1, correspondente a apenas 11,31% doproduzido na época anterior. Tais resultados implicam napossibilidade de utilizar as épocas de semeadura como umaeficiente ferramenta para atingir o objetivo principal desejadocom a cultura, seja para produção de matéria seca (semea-dura na primavera-verão) ou produção de sementes (semea-dura no outono-inverno). Em estudos de população de

44 Ecofisiologia dos adubos verdes

plantas e época de semeadura de guandu, Singh et al. (1971),citados por Giomo et al. (2001), obtiveram aumentosignificativo na produtividade de sementes com o incrementona densidade populacional e, embora não tenha sidoobservado o efeito da época de semeadura na produtividade,verificou-se a seguinte correlação: produtividade tendencial-mente menor a medida que se atrasa a semeadura.

Resultados de trabalho realizado no Alto Vale do Itajaí(município de Votuporanga - SC), com o intuito de deter-minar as épocas e densidades de semeadura mais adequadaspara aveia preta e azevém, mostraram não haver diferençasna produção de matéria seca entre as diferentes densidadesde semeadura utilizadas, em ambas as culturas, podendo-seassim utilizar 60 kg de aveia preta e 15 kg de azevém porhectare. Entretanto, quanto às épocas de semeadura, aquelarealizada em abril foi significativamente superior às outras,para ambas as espécies estudadas, sendo esta a melhor épocapara semeadura (FLARESSO et al., 2001). O trabalho estavalocalizado em região de clima subtropical úmido (Cfa) e soloidentificado como Cambissolo distrófico álico, a 475 m dealtitude.

Em se tratando da velocidade de cobertura de solos poradubos verdes, Kolling et al. (2007) avaliaram a curva decrescimento e produção de fitomassa de mucuna cinza emChapecó - SC (27o 07’ S e 52o 37’ O; 679 m de altitude), emum solo classificado como Latossolo Vermelho distroférrico.

A espécie, semeada em 26/10/2005, apresentou umcrescimento inicial lento até o 35o dia após a semeadura(DAS), mostrando em seguida uma fase de rápidodesenvolvimento e cobertura do solo (Figura 7). Aos 78 DAS,a superfície apresentava-se totalmente coberta pelo aduboverde (cerca de 87% da cobertura do solo em 38 dias).

As taxas de acúmulo de matéria seca e nitrogênio

45Ecofisiologia dos adubos verdes

apresentaram a mesma tendência observada pela cobertura dosolo, porém, menos acentuada no período compreendido entre35 e 78 DAS, e com maior duração (Figura 8 e 9). Segundo osautores, a máxima produção de matéria seca ocorreu aos 182DAS (4.193 kg ha-1), enquanto que aos 232 DAS, verificou-se omaior acúmulo de nitrogênio (97,31 kg ha-1).

Figura 7 - Evolução da cobertura do solo pela mucuna cinza no período denovembro de 2005 a junho de 2006 (adaptado de KOLLING et al.,2007)

De acordo com as Figuras 6 e 7, aos 35 DAS, as plantasacumulavam, comparativamente ao máximo obtido, apenas6% da matéria seca e 11,3% do nitrogênio. Aos 78 DAS,esses valores aumentaram respectivamente para 38 e 59,4%,enquanto que aos 182 dias, ocorreu o acúmulo máximo dematéria seca e 95,1% do nitrogênio.

46 Ecofisiologia dos adubos verdes

A interpretação fisiológica para o desenvolvimentoapresentado pela mucuna cinza, com um período inicial decrescimento lento, seguido, na ordem, pelas fases de rápidocrescimento e estabilização do acúmulo de matéria seca(como ocorre na maioria das espécies agronômicas), refere-se ao fato de que inicialmente a planta dispõe apenas das reservasda semente para a produção dos órgãos que compõem a plântulae para o seu desenvolvimento inicial. Depois de estabelecidasas primeiras raízes e folhas, inicia-se um maior suprimento desubstâncias energéticas, oriundas da atividade fotossintética,satisfazendo a alta demanda gerada pelo rápido crescimento.Finalmente, as plantas atingem o tamanho definitivo, ocorrendosimultaneamente a fase de compensação fotossintética(produção de fotoassimilados igual ao consumo) e desenescência, refletindo assim, na paralisação da produção dematéria orgânica ou perda de parte da fitomassa acumulada.

Figura 8 - Acúmulo de matéria seca de mucuna cinza, no período de novembro de2005 a junho de 2006 (adaptado de KOLLING et al., 2007)

47Ecofisiologia dos adubos verdes

A relação entre a massa de folhas e talos da mucunaapresentou uma grande redução até os 110 DAS, em funçãodo aumento do número de ramificações do caule, além de setornarem mais lenhosos e lignificados com o tempo, eportanto, mais pesados (Figura 10). A estabilização da relaçãoocorreu a partir dos 110 DAS, estagnando-se em função dasenescência das folhas da parte inferior da planta, devido àfalta de luminosidade resultante da alta interceptação dosraios solares pelas folhas mais superficiais. Quanto maior arelação entre a massa de folhas e talos, mais rápida ocorre adecomposição, promovendo com rapidez a reciclagem denutrientes, entretanto, não conferindo eficiência na coberturado solo. Por outro lado, plantas com relação menor sedecompõem mais lentamente, protegendo o solo por maistempo.

Figura 9 - Avaliação da quantidade de N (kg ha-1) da mucuna cinza, no período denovembro de 2005 a junho de 2006 (adaptado de KOLLING, et al.,2007)

48 Ecofisiologia dos adubos verdes

Entre os anos de 1998 e 1999, Pacheco e Campelo Júnior(2001) realizaram um experimento em Santo Antônio doLeverger - MT (15o 47’ S e 56o 04’ O; 95,1 m de altitude), como propósito de determinar a necessidade hídrica da crotaláriajuncea. O clima da região, segundo a classificação de Köppen,é Aw, com temperatura média mensal variando de 22,0o C a27,2o C e precipitação média anual de 1.320 mm. A regiãoapresenta déficit hídrico entre maio e outubro, sendo quenos meses de junho e agosto, a precipitação média mensalé inferior a 15 mm, enquanto que a evapotranspiraçãopotencial média mensal ultrapassa os 75 mm. O solo dolocal foi identificado como Podzólico Vermelho-Amarelo.

A evapotranspiração máxima da crotalária, determinadapor estádio fenológico, variou de 2,0 a 14,5 mm dia-1, emmédia, e o consumo médio acumulado de água foi de 1.452mm, equivalente a um consumo diário de 10,4 mm dia-1. Aeficiência do uso de água por parte da crotalária foi de 2g dematéria seca por kilo de água.

Figura 10 - Avaliação da relação entre massa de folha e talo da mucuna cinza, noperíodo de novembro de 2005 a junho de 2006 (adaptado deKOLLING et al., 2007)

49Ecofisiologia dos adubos verdes

Estes resultados foram superiores aos encontrados nacultura do milho de acordo com Pacheco e Campelo Júnior(2001), onde o consumo médio diário foi de 5,2 mm,totalizando 668,19 mm, indicando assim que a crotalária émais exigente em consumo de água que o milho.

Os maiores valores médios de evapotranspiração máximaforam de 14,5 e 14,0 mm dia-1, ocorrendo respectivamentenos estádios IV e V da cultura (Tabela 3), sendo superioresaos encontrados para as culturas do feijão e milho,anteriormente cultivados no mesmo local.

50 Ecofisiologia dos adubos verdes

Tabela 3. Média de evapotranspiração máxima da crotalária(ETm), em mm dia-1, para cada estádio fenológicoda cultura (adaptado de PACHECO; CAMPELOJÚNIOR, 2001)

Estádio*

IIIIIIIVV

MédiaTotal

1 - 67 - 22

23 - 5354 - 88

89 - 140------

2,03,16,2

14,514,08,0

1452,0

*De acordo com Doorembos e Pruitt (1977), citados por Pacheco e Campelo Júnior(2001)

Dias após a semeadura ETm médio (mm dia-1)

Atribui-se a esses resultados o valor relativamente elevadode radiação solar incidente no período (com média de 16,8MJ m-2 dia-1), e a área foliar da cultura, com valores de IAFpróximos de 10, superior, portanto aos valores médios

51Ecofisiologia dos adubos verdes

encontrados em trabalhos realizados com outras culturasanuais (variando de 3 a 5).

O efeito da temperatura na embebição de sementes decrotalária spectábilis (Crotalaria spectabilis) não se mostrouevidente, não sendo significativo na porcentagem degerminação (ALBUQUERQUE et al., 2000), entretanto, estavariável climática exerce influência no estabelecimento inicialde outras espécies de adubos verdes. Segundo Souza Filho(2000), o maior índice de germinação e velocidade deemergência de plântulas de leucena ocorre a 35o C, emtemperatura contínua, ou no intervalo entre 20 e 35o C,respectivamente para temperaturas noturnas e diurnas, alémde não sofrerem qualquer influência pela luz solar, seja porsua presença ou ausência, enquanto que Cavalcante e Perez(1995) consideram a temperatura ótima para germinaçãoem torno de 30o C, com extremos mínimo e máximo degerminação entre 10 e 15o C e entre 40 e 45o C, respectiva-mente.

As sementes de leucena apresentaram germinação de30% em condições de baixo potencial osmótico (1,2 MPa),sendo esta proporção considerada satisfatória, tendo emvista que sementes de algodão não germinaram sobpotencial osmótico de 0,6 MPa (PRISCO et al., 1992). Hadas(1976) atribui ao estresse osmótico a ocorrência de reduçõesnas atividades enzimáticas, promovendo consequentementeum menor desenvolvimento meristemático (ambos ostrabalhos citados por Souza Filho, 2000).

De acordo com Goldfarb e Saibro (1996), a temperaturaótima para o crescimento da leucena varia de 22 a 30o C, comraro crescimento em temperaturas abaixo de 15o C. Sãoescassas as informações disponíveis sobre o comportamen-to de espécies de adubos verdes sob condições de estressepor resfriamento, onde sua habilidade para sobreviver em

52 Ecofisiologia dos adubos verdes

condições extremas de baixas temperaturas é um fator críticona sua adaptação e produção.

Resultados de pesquisas identificaram diferenças no graude resistência ao estresse por baixa temperatura entrediferentes cultivares de leucena (GOLDFARB; SAIBRO, 1996;GOLDFARB; CASCO, 1997), sendo que plantas em ativocrescimento, quando submetidas de forma abrupta atemperaturas de resfriamento (30 para 15o C e de 20 para2o C, respectivamente para temperaturas diurnas e noturnas),sofreriam danos diretos (“cold shock”) mais intensos doque plantas expostas a condições normais de resfriamento(gradativo), limitando sua posterior recuperação, ainda quesob condições favoráveis. Nas condições normais deresfriamento, a planta desenvolveria um “endurecimento”,construindo barreiras de proteção ou pela preparação prévia,reparando os danos através da utilização de sua energiametabólica.

A hipótese levantada pelos autores para a maiorresistência a temperaturas de resfriamento por parte dealguns cultivares de leucena refere-se ao maior acúmulo decarboidratos de reserva, sendo que Goldfarb e Saibro (1996),afirmam que o acúmulo é maior quando as temperaturassão favoráveis a fotossíntese, porém, sub-ótimas para ocrescimento das folhas.

Com o objetivo de comparar a tolerância de 17leguminosas utilizadas como adubo verde ao íon Al+3, Medae Furlani (2005), conduziram experimento em Campinas -SP, através da utilização de solução nutritiva, em casa devegetação. O comprimento de raiz foi o melhor parâmetropara a avaliação da tolerância das diferentes espécies aoAl+3.

A presença de Al+3 na solução nutritiva causouretardamento no crescimento vegetativo das plantas, com

53Ecofisiologia dos adubos verdes

menor emissão de folhas e menor desenvolvimento da parteaérea. Os sintomas de toxicidade nas raízes foram evidentesdois dias após o transplante das plantas para solução, comoinibição de raízes laterais, escurecimento e enrugamento.

O comprimento líquido de raízes, o qual representa ocrescimento efetivo de raízes durante o período experimental,variou significativamente entre as diferentes espéciesestudadas, enquanto que não houve diferenças significativascom relação a produção de matéria seca, tanto de raízesquanto da parte aérea.

A classificação dos diferentes materiais quanto a reaçãoa toxicidade pelo Al+3 deu-se pela comparação das respostasdos mesmos a dois cultivares de milho, sendo um tolerantee outro sensível a este íon. As espécies que apresentaramcomportamento igual ou superior ao cultivar de milhotolerante, obtiveram a mesma classificação deste, sendo queo mesmo critério foi adotado para as espécies com reaçãosimilar ou inferior ao cultivar sensível (Figura 11).

Ainda com respeito a resistência de diferentes espéciesao Al+3, Wenzl et al. (2001), verificaram que a concentraçãode Al+3 necessária para inibir o comprimento das raízes debrachiaria ruziziensis (Brachiaria ruziziensis) em 50% foisimilar a necessária para genótipos de outras espécies,consideradas resistentes, confirmando esta espécie comoresistente ao referido íon.

Figura 11 - Alongação líquida relativa de raiz (ELRm) de 20 leguminosas e doiscultivares de milho após 9 dias de cultivo em solução nutritiva con-tendo Al+3 (adaptado de MEDA; FURLANI, 2005)

BRACHIARIA X COCO DA BAHIA

54 Ecofisiologia dos adubos verdes

Mecanismos de exclusão estão baseados na redução daatividade do Al+3 nas extremidades radiculares, por exemplo,através da exsudação de compostos orgânicos de baixo pesomolecular, como o citrato, malato, polipeptídios e flavonóides,os quais podem formar complexos estáveis com o íon,reduzindo sua toxicidade às raízes.

A aveia preta (Avena strigosa) é muito utilizada no Suldo Brasil em sucessão ao arroz irrigado, sendo cultivadacomo forrageira de inverno. Entretanto, sabe-se pouco sobreo correto manejo e gerenciamento do lençol freático paraesta cultura. Desta forma, Silveira e Klar (2001) desenvol-veram um estudo visando avaliar o efeito de seis níveisfreáticos, em condições de casa de vegetação, sobre aprodução de matéria seca total da aveia preta.

A maior produção de matéria seca total ocorreu notratamento com nível freático mais superficial (0,17 m),havendo queda gradativa à medida que se aprofundava o

Mesmo apresentando resistência, constatou-se algumasalterações morfofisiológicas nas raízes da brachiaria, comomaior diâmetro do ápice (de 0,39 para 0,55 mm), além doaumento da exsudação de vários ácidos orgânicos, entre osquais, citrato e oxalato. A presença de Al+3 também estimuloua secreção de íons fosfato a partir dos ápices radiculares,diminuindo seu poder de alcalinização da rizosfera.

Segundo diversos autores citados por Meda e Furlani(2005), a tolerância diferencial ao Al+3 pelas espécies testadasno experimento pode estar relacionada com mecanismos deexclusão deste elemento e/ou tolerância simplástica (WATANABEet al., 2001). Os últimos autores demonstraram, em Melastomamalabathricum (uma espécie com alta tolerância e acumuladorade Al), que o ácido oxálico era um importante agente de ligaçãoao Al+3 no simplasto e apoplasto celular, permitindo suaacumulação sem sérios prejuízos ao crescimento.

55Ecofisiologia dos adubos verdes

mesmo (Tabela 4). A mesma tendência foi citada por Silveirae Klar (2001), ao avaliarem 16 diferentes genótipos de aveia.

Mesmo considerando o elevado teor de umidade e aconsequente diminuição da concentração de oxigênio emtodo o perfil do solo, em decorrência do nível freático maissuperficial, a planta apresentou grande capacidade deadaptação, pela emissão de maior quantidade de raízes,resultando na melhor exploração do solo, e consequen-temente, em maior aquisição de nutrientes necessários amaior produção apresentada por este tratamento.

MS aérea

MS raízes

MS total

ETr total

0,17

8,77a

2,35a

11,12a

591,62a

0,31

7,59b

1,90b

9,49b

468,64b

0,45

3,87c

1,44c

5,32c

351,65c

0,59

3,72cd

1,43c

5,15c

256,64d

0,73

2,77de

1,36c

4,13cd

235,46e

0,87

2,41e

0,82d

3,23d

215,48f

Tabela 4. Matéria seca de parte aérea, raiz, total (g vaso-1) eevapotranspiração total (mm) de aveia preta,cultivada sob diferentes profundidades do lençolfreático (adaptado de SILVEIRA; KLAR, 2001)

Profundidade do lençol freático (m)Variáveis

Médias das linhas seguidas das mesmas letras minúsculas não diferem entre si peloteste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade

Á medida em que se diminuía a profundidade freática,reduzia-se o gasto energético para aprofundar as raízes embusca de teores adequados de umidade, possibilitando àplanta utilizar maior quantidade de compostos energéticospara a produção da parte aérea.

Explicações para tais resultados em condições de baixaconcentração de oxigênio podem ser atribuídas a uma

56 Ecofisiologia dos adubos verdes

provável formação de parênquimas aeríferos nas raízes, àmedida que a aeração no ambiente radicular atinge níveiscríticos, além da formação de grande quantidade de raízessuperficiais mais ramificadas, sendo este também umeficiente mecanismo para o desenvolvimento de plantas emsolos saturados. Tais modificações parecem não ocorrer nabrachiaria, a qual submetida a alagamento, apresentouredução na taxa de alongamento e biomassa foliar, no númeromédio de perfilhos, taxa relativa de crescimento, fotossínteselíquida, condutância estomática, evapotranspiração eprodução de raízes, além de diminuir o percentual debiomassa alocado para as raízes (CAETANO, 2006).

A demanda hídrica da aveia amarela (Avena byzantina)para a região Sudeste foi obtida, entre outros, por Bacchi etal. (1996), através de experimento realizado em São Carlos –SP, considerando-se sua utilização como forrageira. Para osdois ciclos de produção dessa forragem, o primeiro comaproximadamente 60 dias e o segundo com 120 dias, oconsumo de água pela planta foi de cerca de 240 e 450 mm,respectivamente, com uma média de consumo diário de 4mm, enquanto que picos de demanda hídrica ocorreramrespectivamente aos 40 dias após o plantio e entre 30 e 60dias após o corte, atingindo valores da ordem de 5 a 6 mmdia-1.

O nabo forrageiro tem sido empregado nas regiões Sul eCentro-Oeste do Brasil e no estado de São Paulo, como aduboverde de inverno ou planta de cobertura, em sistemas decultivos conservacionistas. Lima et al. (2007) avaliaram oseu comportamento como adubo verde, no município dePariquera-Açú, SP (24o 35’ S e 47o 50’ O; 25,0 m de altitude).O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Af,com transição para Cfa, sem estação seca definida, enquantoque o solo onde o presente experimento foi realizado é

57Ecofisiologia dos adubos verdes

caracterizado como Latossolo Vermelho-Amarelo. Asemeadura foi realizada no início de junho de 2005,utilizando 30 kg ha-1 de sementes.

As plantas atingiram 50% de florescimento aos 66 diasapós a semeadura, com altura média de 87,7 cm e 18,5 folhaspor planta (correspondendo a uma área foliar de 309,2 cm2),com produção de matéria seca de 5.480,5 kg ha -1,considerada alta quando comparada a resultados obtidospor outros autores. Vale ressaltar que no período de duraçãodo presente trabalho, a precipitação acumulada foi de apenas143,5 mm.

A relação C/N igual a 29,2 e os teores dos macronutrientesN, P, K, Ca e Mg acumulados na parte aérea das plantas (25,4;1,8; 31,4; 14,2 e 10,5 g kg-1, respectivamente) são próximosaqueles encontrados em outros trabalhos com naboforrageiro. Lima et al. (2007), ao comparar o acúmulo denutrientes na parte aérea dessa espécie com diferentesespécies de adubos verdes, em cultivo de inverno,destacaram o nabo como cultura recicladora de nutrientes,por apresentar altos teores de P, K, Ca e Mg. A relação C/Ndesta espécie é inferior as apresentadas por espécies comoo milheto (Pennisetum glaucum) e aveia preta, de modoque o material vegetal tende a permanecer por um menorperíodo na superfície do solo, entretanto, ocorre um rápidoretorno dos nutrientes para a solução do solo, estandodisponíveis para serem absorvidos pela próxima cultura.

58 Ecofisiologia dos adubos verdes

A matéria seca produzida pela parte aérea do naboforrageiro correspondeu a cerca de 75% do total produzidopela planta, e do qual 2/3 correspondia às folhas.

A maioria das espécies vegetais apresenta o déficit hídricocomo o fator de maior limitação ao desenvolvimento eprodução. A grande capacidade de adaptação às condiçõesambientais adversas faz do feijão-de-porco e tremoço(Lupinus spp.) importantes espécies para a produção dealimentos proteicos ou para cobertura de solo em locaispouco favoráveis ao desenvolvimento satisfatório de outrasespécies (PINHEIRO et al., 2001; ZANELLA et al., 2004). Estasespécies são frequentemente submetidas a períodos dedéficit hídrico (sendo mais ou menos prejudicial em funçãoda quantidade e taxa de água perdida, além do tempo deduração do estresse e o estádio de desenvolvimento da

NABO FORRAGEIRO X AVEIA

59Ecofisiologia dos adubos verdes

planta), entretanto, seus metabolismos parecem exibiradaptações a esta condição.

Rodrigues et al. (1995), citados por Pinheiro et al. (2001),propuseram que, durante o déficit hídrico, o caule de Lupinusspp. pudesse contribuir para a sobrevivência da planta,agindo como um orgão de armazenamento temporário. Asmudanças induzidas por tal agente estressor no conteúdode proteínas e açúcares em folhas e caules, podendo implicarem uma resposta estratégica geral para atenuar o estresse,foram estudadas por Pinheiro et al. (2001), os quaisdetectaram redução gradativa na concentração de proteínae biomassa de folhas e pecíolos, em plantas submetidas adéficit hídrico por 6, 9 e 13 dias, enquanto que não sedetectou quaisquer alterações nos caules (Figura 12). Comrelação aos nutrientes nitrogênio e enxofre, houve umaumento gradativo na quantidade total destes elementosno caule, permanecendo inalteráveis nas folhas. Detectou-se também acúmulo gradativo de N no pecíolo, durante operíodo de déficit hídrico.

As concentrações de glicose, frutose e sacarose da lâminafoliar e pecíolo aumentaram expressivamente nos primeiros6 dias do déficit hídrico, decrescendo em seguida (comexceção da sacarose, a qual aumentou sua taxa deconcentração em quase 7 vezes, após o 6o dia).

Em função da presença de déficit hídrico, ocorre aformação de espécies reativas de oxigênio, como H2O2,extremamente prejudiciais às células, ocasionando oxidaçãode moléculas e estruturas como membranas celulares,podendo levá-las ao colapso. Para contornar esta situação,as plantas tendem a aumentar a atividade das enzimasperoxidases (conforme constatado por Pinheiro et al. (2001),nas lâminas foliares e pecíolos), as quais atuam diminuindoos danos causados pelas espécies reativas.

60 Ecofisiologia dos adubos verdes

Figura 12 - Alteração da biomassa (A) e concentração de proteínas (B), nutrientes(C e D), açúcares (E, F e G) e peroxidade (H) na lâmina foliar, pecíoloe córtex caulinar de Lupinus spp. em função do tempo de exposição.Colunas: plantas após 6, 9 e 13 dias de estresse hídrico, respectiva-mente para as colunas escura, clara e intermediária (adaptado dePINHEIRO et al., 2001)

61Ecofisiologia dos adubos verdes

Todos os parâmetros relacionados às trocas gasosasnas plantas submetidas ao déficit hídrico decresceram,quando comparados ao controle, sendo estecomportamento atribuído, direta ou indiretamente, aofechamento estomático. Entretanto, tais parâmetrosretornaram aos seus níveis normais após 24 horas dereidratação (Figura 13).

Valores de potenciais hídricos críticos para a maioria dasespécies vegetais de interesse econômico são a algum tempoconhecidos, entretanto, poucas informações foram até hojegeradas com relação aos potenciais hídricos limitantes paraas espécies utilizadas como adubos verdes. Quando serefere ao comportamento da planta após o término dodéficit hídrico, são ainda mais escassas as informações.Em função disso, Zanella et al. (2004) realizaram umexperimento com o objetivo de verificar os efeitos dodéficit hídrico e da posterior reidratação em plantas defeijão de porco apresentando potenciais hídricos foliaresde -1,0 MPa e -2,3 MPa (déficit hídrico moderado e severo,respectivamente).

Embora o déficit hídrico afete negativamente aassimilação de carbono, não há a ocorrência de danos aoaparato fotossintético desta espécie, sem redução em suaatividade fotoquímica, demonstrando a resistência domesmo a este agente estressor.

A quantidade de energia fotoquímica gerada e nãoutilizada na assimilação de CO2 é consumida por viasalternativas, de maneira a manter a integridade do sistema.Uma das possibilidades de dissipação desta energia refere-se à perda por calor (KRAUSE; WEIS, 1991), enquanto queCasper et al. (1993) sugerem que mecanismos de proteçãocomo o ciclo da zeaxantina previnem dano ao aparatofotossintético (ZANELLA et al., 2004).

62 Ecofisiologia dos adubos verdes

As folhas de leucena parecem ser mais sensíveis ao déficithídrico do que as raízes, entretanto, a redução da área foliar,seja pela inibição do desenvolvimento inicial, redução dotamanho e número das folhas, ou pela antecipação dasenescência, é considerada um mecanismo adaptativo peloqual plantas reduzem a perda de água. O crescimentolongitudinal das raízes também contribui para a manutençãoda absorção hídrica, por potencialmente penetrar emcamadas mais profundas no solo, além de reforçar ocrescimento proporcionalmente a parte aérea. Entretanto, adiminuição na proporção de matéria seca alocada para as

Figura 13 - Parâmetros relacionados a trocas gasosas em plantas da espécie feijão-de-porco submetidas a estresse hídrico. (A) Taxa de assimilação decarbono; (B) Transpiração; (C) Condutância estomática, e (D) RelaçãoCi/CA. C: Controle; DHM: Déficit hídrico moderado, e DHS; Déficit hídricosevero. Colunas escuras: plantas após estresse hídrico. Colunas claras:plantas após estresse hídrico e reidratação. Obs.: Plantas controle nãoforam expostas a déficit hídrico (Adaptado de ZANELLA et al;. 2004)

63Ecofisiologia dos adubos verdes

folhas pode ser a principal razão do decréscimo da taxa decrescimento relativo da leucena sob condições de estressehídrico (EL-JUHANY; AREF, 1999).

A produção de biomassa para cobertura do solo é semdúvida um dos fatores que mais influenciam na utilização dealgumas espécies para a prática da adubação verde. Asplantas com metabolismo fotossintético C4 são maiseficientes que as plantas C3 na redução do CO2 atmosférico,produzindo, via de regra, maiores quantidades de fitomassa.Ludlow e Wilson (1970) avaliaram o comportamentocalopogônio, kudzu tropical e centrosema, espécies C3, ebrachiária ruziziensis, uma espécie C4 com fotoperíodoresponsivo a dia curto (LOCH, 1980), nos estádios iniciaisde crescimento das plantas (três primeiras semanas). Osresultados obtidos foram condizentes com a eficiênciafotossintética das espécies estudadas.

A taxa relativa de crescimento da brachiária ruziziensisfoi entre 38 e 57% superior a encontrada para as outrasespécies, enquanto que a taxa de assimilação líquida de CO2

variou positivamente entre 41,4 e 96,8%. Segundo osautores, os resultados superiores apresentados pelabrachiária deram-se em função da elevada taxa defotossíntese líquida, e não de maiores taxas fotossintéticas.

64 Ecofisiologia dos adubos verdes

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ER

ÊN

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A Série Produtor Rural é editada desde 1997 pela Divisão de Biblioteca daEscola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP e tem como objetivopublicar textos acessíveis aos produtores com temas diversificados einformações práticas, contribuindo para a Extensão Rural.

INFORMAÇÕES AOS AUTORES

Pode publicar

• Pesquisadores e docentes da ESALQ e CENA;• Alunos cujos textos serão revisados por orientadores ou

quem o Presidente da Comissão de Cultura e Extensãodesignar;

• Demais pesquisadores, porém, com a chancela da Comis-são de Cultura e Extensão que avaliará os textos previa-mente.

www.esalq.usp.br/biblioteca/publicacao.php

Requisitos para publicação

• Texto redigido em Word, com linguagem simples,acessível e didática a ser encaminhado para:[email protected]

• Ilustrações e figuras em alta resolução, facilitando acompreensão do texto.

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