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Revista Brasileira de Ciências Ambientais ISSN: 1808-4524 dezembro 2005 Nº 5 www.fsp.usp.br/nisam www.ictr.org.br

ISSN: 1808-4524 dezembro 2005 Nº 5 • ... · Edson A. Abdul Nour (FEC/Unicamp) ... Paulo Renato Mesquita Pellegrino (FAU/USP) ... (COPPE/UFRJ) Cleverson V. Andreoli (UFPR)

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ICTRASSOCIE-SEBenefícios:Os sócios do ICTR participarão de uma rede entre os professores epesquisadores de todas as instituições públicas brasileiras de ensinoe de pesquisa, proporcionando a integração e atualização doconhecimento na área de resíduos e desenvolvimento sustentável.Poderão participar dos projetos organizados pelo instituto, assimcomo propor e coordenar projetos por meio do ICTR. Os sóciosreceberão, ainda, revista publicada pelo instituto e terão descontosespeciais em todos os eventos organizados por este.

Requisitos:Os sócios do ICTR devem ser professores, pesquisadores ou alunosde graduação ou pós-graduação das instituições públicas de ensinoe de pesquisa brasileiras, bem como pessoas jurídicas interessadas.

As categorias de sócios são:Sócios Fundadores – Os professores e pesquisadores com atuaçãona área de resíduos, saúde, educação, meio ambiente edesenvolvimento sustentável, ligados às universidades públicas doestado de São Paulo – USP, Unesp, Unicamp, UFSCar, UNIFESP – etambém ao IPT e ao IPEN, que subscreverem a ata de fundação doICTR, a qual será mantida aberta pelo prazo de quatro meses acontar da data do competente ato de registro.

Sócios Regulares – Os professores e pesquisadores e alunos comatuação na área de resíduos, saúde, educação, meio ambiente edesenvolvimento sustentável, ligados às instituições públicas brasileirasde pesquisa e ensino superior, após o transcurso do prazomencionado no item anterior.

Sócios Beneméritos – Os que contribuírem com recursos, materiaisou humanos, para o desenvolvimento das atividades do instituto.

Sócios Honorários – Os que, por decisão conjunta dos órgãoscolegiados do instituto e por proposta, de iniciativa subscrita por aomenos dez sócios, merecerem este título em virtude de atuaçãodestacada na defesa dos ideais pelos quais o instituto propugna,consoante os objetivos estabelecidos.

Sócios Institucionais – As pessoas jurídicas que vierem a associar-se.

Formulários de inscrição em: www.ictr.org.br/associe.htm

capa - frente cian - magenta - amarelo - preto - pantone421

RevistaBrasileira deCiências AmbientaisISSN: 1808-4524 dezembro 2005 Nº 5 • www.fsp.usp.br/nisam • www.ictr.org.br

DATA

Dezembro de 2005

TIRAGEM

2.000 exemplares

PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA

Laboratório de Programação Gráfica daFaculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

Instituições Participantes

USP

UNICAMP

UNESP

UFSCAR

IPEN

IPT

RevistaBrasileira de

Ciências Ambientais

Adelaide Cássia Nardocci (FSP/USP)

Alaôr Caffé Alves (FD/USP)

Alcides Lopes Leão (Unesp/BOT)

Alexandre de Oliveira e Aguiar (NISAM/USP)

Angela M. Magosso Takayanagui (EERP/USP)

Antonio Carlos Rossin (FSP/USP)

Antonio Fernando Pinheiro Pedro (ABAA)

Antonio Herman Benjamín (IDPV)

Aracy Witt de Pinho Spínola (FSP/USP)

Aristides Almeida Rocha (FSP/USP)

Arlindo Philippi Jr. (FSP/USP)

Armando Borges de Castilhos Jr. (UFSC)

Attilio Brunacci (NISAM/USP)

Bastiaan Reydon (Unicamp)

Bruno Coraucci Filho (FEC/Unicamp)

Carlos Celso do Amaral e Silva (FSP/USP)

Carlos Eduardo Morelli Tucci (UFRGS)

Carlos Malzyner (SEMPLA)

Celina Lopes Duarte (Ipen)

Célio Bérman (IEE/USP)

Cíntia Philippi Salles (NISAM/USP)

Claudio Fernando Mahler (COPPE/UFRJ)

Cleverson V. Andreoli (UFPR)

Daniel Joseph Hogan (Unicamp)

Daniel Roberto Fink (MPSP)

Daniel Silva (UFSC)

Delsio Natal (FSP/USP)

Denise Crocce Romano Espinosa (EP/USP)

Dimas Floriani (UFPR)

Édis Milaré (NISAM/USP)

Edson A. Abdul Nour (FEC/Unicamp)

Edson Leite Ribeiro (PRODEMA/UFPB)

Eglé Novaes Teixeira (FEC/Unicamp)

Enrique Leff (PNUMA)

Eugênio Foresti (EESC/USP)

Fábio Luiz Teixeira Gonçalves (IAG/USP)

Fábio Nusdeo (FD/USP)

Fábio Taioli (IGc/USP)

Fabiola Zioni (FSP/USP)

Fernando Fernandes da Silva (NISAM/USP)

Francisco Radler de Aquino Neto (IQ/UFRJ)

Francisco Suetônio Bastos Mota (UFCE)

Gilberto Passos de Freitas (TJ/SP)

Gilda Collet Bruna (Mackenzie)

Guido Fernando Silva Soares (FD/USP)

Guilherme J. Purvin de Figueiredo (PGESP)

Helder Perdigão Gonçalves (INETI/Portugal)

Helena Ribeiro (FSP/USP)

Heliana Comin Vargas (FAU/USP)

Hilton Felício dos Santos (Consultor Ambiental)

Isak Kruglianskas (FEA/USP)

Ivete Senise (FD/USP)

Jair Lício Ferreira Santos (FMRP/USP)

João Antônio Galbiati (Unesp)

João Sergio Cordeiro (UFSCar)

João Vicente de Assunção (FSP/USP)

Jorge Alberto Soares Tenório (EP/USP)

Jorge Gil Saraiva (LNEC/Portugal)

Jorge Hajime Oseki (FAU/USP)

Jorge Hamada (Unesp)

José Carlos Derísio (Consultor Ambiental)

José Damásio de Aquino (FUNDACENTRO)

José de Ávila Aguiar Coimbra (NISAM/USP)

José Eduardo R. Rodrigues (Fundação Florestal)

José Fernando Thomé Jucá (UFPE)

José Luiz Negrão Mucci (FSP/USP)

José Maria Soares Barata (FSP/USP)

Leila da Costa Ferreira (Unicamp)

Léo Heller (UFMG)

Luis Enrique Sánchez (EP/USP)

Luiz Roberto Tomasi (FUNDESPA)

Luiz Sérgio Philippi (UFSC)

Marcel Bursztyn (UNB)

Marcelo de Andrade Roméro (FAU/USP)

Marcelo Pereira de Souza (EESC/USP)

Márcia Faria Westphal (FSP/USP)

Márcio Joaquim Estefano Oliveira (Unesp)

Marcos Reigota (UNISO)

Marcos Rodrigues (EP/USP)

Maria Cecília Focesi Pelicioni (FSP/USP)

Maria José Brollo (IG/SMA/SP)

Maria Olímpia Rezende (IQSC/USP)

Maria Regina Alves Cardoso (FSP/USP)

Mario Thadeu Leme de Barros (EP/USP)

Mary Dias Lobas de Castro (SVMA/PMSP)

Milo Ricardo Guazelli (ANVISA)

Mônica Porto (EP/USP)

Murilo Damato (SENAC)

Nemésio N. Batista Salvador (UFSCar)

Oswaldo Massambani (IAG/USP)

Paulo Affonso Leme Machado (UNIMEP)

Paulo Artaxo (IF/USP)

Paulo de Tarso Siqueira Abrão (NISAM/USP)

Paulo H. Nascimento Saldiva (FM/USP)

Paulo Renato Mesquita Pellegrino (FAU/USP)

Pedro Caetano Sanches Mancuso (FSP/USP)

Pedro Roberto Jacobi (PROCAM/USP)

Petra Sanchez Sanchez (Mackenzie)

Philip O. M. Gunn (FAU/USP)

Raul Machado Neto (ESALQ/USP)

Renata Ferraz de Toledo (NISAM/USP)

Ricardo Toledo Silva (FAU/USP)

Roberto Nunes Szente (IPT)

Roque Passos Pivelli (EP/USP)

Ruben Bresaola Jr. (FEC/Unicamp)

Ruth Sandoval Marcondes (FSP/USP)

Sabetai Calderoni (NAIPPE/USP)

Sebastião Roberto Soares (UFSC)

Sergio Eiger (FSP/USP)

Severino Soares Agra Filho (UFBA)

Sheila Walbe Ornstein (FAU/USP)

Solange Teles da Silva (NISAM/USP)

Tadeu Fabrício Malheiros (FSP/USP)

Umberto Cordani (IGc/USP)

Vahan Agopyan (EP/USP)

Vanderley Moacyr John (EP/USP)

Vera Lúcia Ramos Bononi (NISAM/USP)

Vicente Fernando Silveira (NISAM/USP)

Walter Lazzarini (NISAM/USP)

Wilson Edson Jorge (FAU/USP)

Witold Zmitrowicz (EP/USP)

Yara Maria Botti M. de Oliveira (Mackenzie)

NISAM/ ICTRCONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO

Instituto de Ciência e Tecnologia emResíduos e Desenvolvimento SustentávelPRESIDENTE

Arlindo Philippi Jr.VICE-PRESIDENTE

Jorge Alberto Soares Tenório

DIRETORIA EXECUTIVA

Sabetai Calderoni

DIRETORIA DE TECNOLOGIA E RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Gilda Collet BrunaDiretores Adjuntos

Márcio J. Estefano de OliveiraJoão Sérgio Cordeiro

DIRETORIA DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Angela Maria Magosso TakayanaguiDiretores Adjuntos

Edson A. Abdul NourJorge Hamada

DIRETORIA EDITORIAL

Marcelo de Andrade RoméroDiretores Adjuntos

Maria Cecília Focesi PelicioniRoberto Nunes Szente

DIRETORIA DE PESQUISA

Ruben Bresaola JuniorDiretores Adjuntos

João Antonio GalbiatiJorge Alberto Soares TenórioBernardo A. do Nascimento Teixeira

DIRETORIA DE EVENTOS

Leny Borghesan AlberghiniDiretores Adjuntos

Eglé Novaes TeixeiraCelina Lopes DuarteNemésio N. Batista Salvador

CONSELHO DE ORIENTAÇÃO

Alaôr Caffé AlvesAlcides Lopes LeãoCarlos Celso do Amaral e SilvaCelina Lopes DuarteEdson A. Abdul NourEglé Novaes TeixeiraGuilherme Ary PlonskiJorge HamadaLeny Borghesan AlberghiniMaria ZaninVahan AgopyanVanderley Moacyr John

CONSELHO FISCALTitulares

Mario Sérgio RodriguesNemésio N. Batista SalvadorPedro Caetano Sanches MancusoSuplentes

João Antonio GalbiatiLuis Enrique SánchezBruno Coraucci Filho

Núcleo de Informações emSaúde AmbientalCOORDENADOR CIENTÍFICO

Arlindo Philippi Jr.

VICE-COORDENADOR CIENTÍFICO

Pedro Caetano Sanches Mancuso

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente

Arlindo Philippi Jr.Alaôr Caffé AlvesCarlos Celso do Amaral e SilvaGilda Collet BrunaJorge Alberto Soares TenórioMarcelo de Andrade RoméroMárcia Faria WestphalMaria Cecília Focesi PelicioniMaria Regina Alves CardosoPaulo Hilário Nascimento SaldivaPedro Caetano Sanches MancusoSergio Colacioppo

Catalogação na Publicação preparada pelo CIR/FSP

EDITOR

Marcelo de Andrade Roméro

CONSELHO EDITORIALPresidente

Marcelo de Andrade Roméro

Arlindo Philippi Jr.Celina Lopes Duarte

Eglé Novaes TeixeiraJorge Alberto Soares Tenório

Márcio J. Estefano de OliveiraMaria Cecília Focesi Pelicioni

Roberto Nunes Szente

dezembro 2005 1

Índice

Palavras do PresidenteARLINDO PHILIPPI JR.

EditorMARCELO DE ANDRADE ROMÉRO

Gestão AmbientalA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL E O IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTEAlessandro Barghini, Bruno de Medeiro

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL AMPLIADO (ADAA): UMMODELO PARA COMPARAÇÃO DE EMPRESASBeate Frank, Anja Grothe-Senf

Tratamento e Disposicão Final de ResíduosCOMPOSTAGEM ACELERADA: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DOCOMPOSTOBárbara R. Heidemann, Edilsa R. Silva, Marlene Soares, Valma M. Barbosa

APLICAÇÃO DE ZEÓLITA NATURAL ESCOLECITA NA REMOÇÃO DE Cd 2+,Cr 3+ E Pb 2+ DE SOLUÇÕES AQUOSAS EM DIFERENTES VALORES DE PHKarla Carolina Saqueto, Ana Marta Ribeiro Machado, Nemésio Neves BatistaSalvador

Direito AmbientalAUDITORIA DE CONFORMIDADE AMBIENTAL E LEGAL COMOINSTRUMENTO DE GESTÃO NA INDÚSTRIA – UM ESTUDO DE CASOSOBRE AUDITORIA AMBIENTAL EM UMA REFINARIA DE PETRÓLEOLeonardo Masseli Dutra, Márcio J. Estefano de Oliveira

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ISSN: 1808-4524

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 52

Adelaide Cássia Nardocci (FSP/USP)Alaôr Caffé Alves (FD/USP)Alcides Lopes Leão (Unesp/BOT)Alexandre de Oliveira e Aguiar (NISAM/USP)Angela M. Magosso Takayanagui (EERP/USP)Antonio Carlos Rossin (FSP/USP)Antonio Fernando Pinheiro Pedro (ABAA)Antonio Herman Benjamín (IDPV)Aracy Witt de Pinho Spínola (FSP/USP)Aristides Almeida Rocha (FSP/USP)Arlindo Philippi Jr. (FSP/USP)Armando Borges de Castilhos Jr. (UFSC)Attilio Brunacci (NISAM/USP)Bastiaan Reydon (Unicamp)Bruno Coraucci Filho (FEC/Unicamp)Carlos Celso do Amaral e Silva (FSP/USP)Carlos Eduardo Morelli Tucci (UFRGS)Carlos Malzyner (SEMPLA)Celina Lopes Duarte (Ipen)Célio Bérman (IEE/USP)Cíntia Philippi Salles (NISAM/USP)Claudio Fernando Mahler (COPPE/UFRJ)Cleverson V. Andreoli (UFPR)Daniel Joseph Hogan (Unicamp)Daniel Roberto Fink (MPSP)Daniel Silva (UFSC)Delsio Natal (FSP/USP)Denise Crocce Romano Espinosa (EP/USP)Dimas Floriani (UFPR)Édis Milaré (NISAM/USP)Edson A. Abdul Nour (FEC/Unicamp)Edson Leite Ribeiro (PRODEMA/UFPB)Eglé Novaes Teixeira (FEC/Unicamp)Enrique Leff (PNUMA)Eugênio Foresti (EESC/USP)Fábio Luiz Teixeira Gonçalves (IAG/USP)Fábio Nusdeo (FD/USP)Fábio Taioli (IGc/USP)Fabiola Zioni (FSP/USP)Fernando Fernandes da Silva (NISAM/USP)Francisco Radler de Aquino Neto (IQ/UFRJ)

Francisco Suetônio Bastos Mota (UFCE)Gilberto Passos de Freitas (TJ/SP)Gilda Collet Bruna (Mackenzie)Guido Fernando Silva Soares (FD/USP)Guilherme J. Purvin de Figueiredo (PGESP)Helder Perdigão Gonçalves (INETI/Portugal)Helena Ribeiro (FSP/USP)Heliana Comin Vargas (FAU/USP)Hilton Felício dos Santos (Consultor Ambiental)Isak Kruglianskas (FEA/USP)Ivete Senise (FD/USP)Jair Lício Ferreira Santos (FMRP/USP)João Antônio Galbiati (Unesp)João Sergio Cordeiro (UFSCar)João Vicente de Assunção (FSP/USP)Jorge Alberto Soares Tenório (EP/USP)Jorge Gil Saraiva (LNEC/Portugal)Jorge Hajime Oseki (FAU/USP)Jorge Hamada (Unesp)José Carlos Derísio (Consultor Ambiental)José Damásio de Aquino (FUNDACENTRO)José de Ávila Aguiar Coimbra (NISAM/USP)José Eduardo R. Rodrigues (Fundação Florestal)José Fernando Thomé Jucá (UFPE)José Luiz Negrão Mucci (FSP/USP)José Maria Soares Barata (FSP/USP)Leila da Costa Ferreira (Unicamp)Léo Heller (UFMG)Luis Enrique Sánchez (EP/USP)Luiz Roberto Tomasi (FUNDESPA)Luiz Sérgio Philippi (UFSC)Marcel Bursztyn (UNB)Marcelo de Andrade Roméro (FAU/USP)Marcelo Pereira de Souza (EESC/USP)Márcia Faria Westphal (FSP/USP)Márcio Joaquim Estefano Oliveira (Unesp)Marcos Reigota (UNISO)Marcos Rodrigues (EP/USP)Maria Cecília Focesi Pelicioni (FSP/USP)Maria José Brollo (IG/SMA/SP)Maria Olímpia Rezende (IQSC/USP)

Maria Regina Alves Cardoso (FSP/USP)Mario Thadeu Leme de Barros (EP/USP)Mary Dias Lobas de Castro (SVMA/PMSP)Milo Ricardo Guazelli (ANVISA)Mônica Porto (EP/USP)Murilo Damato (SENAC)Nemésio N. Batista Salvador (UFSCar)Oswaldo Massambani (IAG/USP)Paulo Affonso Leme Machado (UNIMEP)Paulo Artaxo (IF/USP)Paulo de Tarso Siqueira Abrão (NISAM/USP)Paulo H. Nascimento Saldiva (FM/USP)Paulo Renato Mesquita Pellegrino (FAU/USP)Pedro Caetano Sanches Mancuso (FSP/USP)Pedro Roberto Jacobi (PROCAM/USP)Petra Sanchez Sanchez (Mackenzie)Philip O. M. Gunn (FAU/USP)Raul Machado Neto (ESALQ/USP)Renata Ferraz de Toledo (NISAM/USP)Ricardo Toledo Silva (FAU/USP)Roberto Nunes Szente (IPT)Roque Passos Pivelli (EP/USP)Ruben Bresaola Jr. (FEC/Unicamp)Ruth Sandoval Marcondes (FSP/USP)Sabetai Calderoni (NAIPPE/USP)Sebastião Roberto Soares (UFSC)Sergio Eiger (FSP/USP)Severino Soares Agra Filho (UFBA)Sheila Walbe Ornstein (FAU/USP)Solange Teles da Silva (NISAM/USP)Tadeu Fabrício Malheiros (FSP/USP)Umberto Cordani (IGc/USP)Vahan Agopyan (EP/USP)Vanderley Moacyr John (EP/USP)Vera Lúcia Ramos Bononi (NISAM/USP)Vicente Fernando Silveira (NISAM/USP)Walter Lazzarini (NISAM/USP)Wilson Edson Jorge (FAU/USP)Witold Zmitrowicz (EP/USP)Yara Maria Botti M. de Oliveira (Mackenzie)

NISAM/ ICTRCONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO

dezembro 2005 3

Editor

Marcelo de Andrade Roméro

A partir deste número, a Revista Brasileira deCiências Ambientais – RBCIAMB passa a serveiculada somente no formato digital (pdf) e estarádisponível para consulta e obtenção da mesma, nosite www.ictr.org.br/ictr/publicacoes.asp

A parceria entre o ICTR e o CEPEMA continuaativa e com boas perspectivas de ações conjuntas naárea editorial do ICTR e, conseqüentemente, naRBCIAMB.

A demanda por publicar na RBCIAMB continuabastante elevada e, para o presente exemplar, oConselho Editorial selecionou cinco artigos quetraduzem contribuições inovadoras na área daGestão Ambiental do Tratamento e Disposição Finalde Resíduos e do Direito Ambiental. Esta última vemassumindo importância cada vez maior na áreaambiental brasileira, demandando a necessidadecontínua de capacitação profissional e possibilidadede publicação de trabalhos científicos/acadêmicos.Nesse sentido, a RBCIAMB tem se revelado umcanal na divulgação de pesquisas e de trabalhosrealizados na área ambiental.

Revista Brasileira deCiências Ambientais

Opiniões e SugestõesCartas para

NISAM/Revista Brasileira de CiênciasAmbientais

Av. Dr. Arnaldo, 715 – Cerq. César –São Paulo - SP – CEP 01246-904

A/c Marcelo de Andrade Roméro oue-mail: [email protected]

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Envio de ArtigosObservar as

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Sites

www.ictr.org.br

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Para anunciarMarcelo de Andrade Roméro

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Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 54

A ILUMINAÇÃOARTIFICIAL E O

IMPACTO SOBRE OMEIO AMBIENTE

Alessandro BarghiniPesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia –

IEE-USP e do Laboratório de Estudos EvolutivosHumanos – Instituto de Biologia - USP

[email protected]

Bruno de MedeiroPesquisador aluno da graduação do

Instituto de Biociência – USP

RESUMOO desenvolvimento de fontes alternativas de energia e o aumento da eficiência dos sistemas deiluminação artificial estão permitindo a difusão da iluminação artificial em áreas isoladas. Do momentoem que muitos insetos são fortemente atraídos pela iluminação artificial, são lançadas hipótesessobre as conseqüências ambientais e sanitárias da crescente difusão da iluminação artificial. Sãotambém apresentados os resultados de testes com luminárias de diferentes comprimentos de ondada radiação, indicando os meios para reduzir os impactos.

PALAVRAS-CHAVEIluminação artificial, vetores de doenças, impacto ambiental.

ABSTRACTThe development of alternative energy sources and the increase in the efficiency of artificial lightingsystems are allowing for the widespread diffusion of artificial lighting in isolated areas. Since manyinsects are strongly attracted by artificial lighting, we hereby launch hypotheses on the possibleimpact of the rising increase in the use of artificial lighting on the diffusion of diseases. Herein are alsopresented the results of attraction tests with different wavelengths of light radiation, indicating meansof minimizing impacts.

KEY WORDSLighting, insect vectors, ecological impact.

GestãoAmbiental

dezembro 2005 5

INTRODUÇÃOPode parecer paradoxal – no meio de

eventos aparentemente mais gravescomo a emissão de gases de efeitoestufa, a destruição da camada deozônio, a poluição atmosférica, das águase do solo, e o desmatamentodescontrolado – falar de poluiçãoluminosa. Temos dificuldade emconsiderar a luz, tradicionalmente símbolode pureza, de segurança, de vida, maisuma fonte de contaminação doambiente.

Para um biólogo, o excesso deiluminação artificial é uma fonte objetivade perturbação dos ciclos vitais. Afinal, pormais de 3,5 bilhões de anos, a vidaevoluiu com uma alternância de períodosde luz natural e de obscuridade, e estádemonstrado que há pelo menos 3bilhões de anos os seres viventesdesenvolveram relógios biológicos paraacompanhar as variações cíclicas da luz eda obscuridade (PAIETA, 1982). Portanto,não existem dúvidas que níveis excessivosde iluminação artificial podem serextremamente prejudiciais para vidasilvestre, mas apenas nos últimos anosesse fato começou a ser percebido comclareza e tomadas providências paraminimizar esse impacto.

Naturalmente, o tema da poluiçãoluminosa não é novo na literatura e nasnormas técnicas. Com o desenvolvimentoe o uso generalizado de sistemas maiseficientes de iluminação (principalmentecom as lâmpadas à descarga quecomeçaram a difundir-se depois daSegunda Guerra Mundial), iniciou-se amanifestação de uma crescentepreocupação sobre o impacto de fluxosluminosos crescentes.1 Os primeiros amostrar interesse, e ainda hoje os maisativos no combate à poluição luminosaforam os astrônomos, os quaisperceberam que, com o aumento dailuminação artificial externa, perdia-se a

capacidade de observar o céu noturno,como declarou recentemente Oransky(2005) à revista The Scientist: “PleaseStop, You are interfering with myresearch, Lights – these must be kept toan absolute minimum. There areastronomers on the East coast of the USwho have not seen a star in years.”

Como big science significa ciência queexige grandes investimentos, osastrônomos conseguiram introduzir asprimeiras medidas restritivas ao uso dailuminação externa e ao controle dapoluição luminosa. Por essa razão forambaixadas normas específicas emdiferentes países do mundo, pelas quaisa iluminação externa é fortementecontrolada em termos de direção dapropagação do fluxo luminoso, deintensidade e de tipo de lâmpadasutilizadas, e os astrônomos do mundointeiro, reunidos na organização Dark Sky(2005), fornecem a mais ampladocumentação sobre o tema da poluiçãoluminosa. Hoje, provavelmente, aproteção dos observatórios astronômicosé a área na qual existe maior controle dailuminação artificial externa.

Paralelamente a essa preocupaçãodos astrônomos, surgiram movimentos,em muitas partes do planeta contra apoluição luminosa como elemento dedesconforto humano, e ainda hoje abatalha contra o incrementoindiscriminado da iluminação noturna,por razões apenas estéticas ougenericamente ambientais, faz parte daluta contra a poluição. Mais recentemente,sentiu-se a necessidade de criar umtermo, ao lado do termo poluiçãoluminosa genérica; Longcore e Rich(2004) propuseram utilizar-se doistermos separados: “poluição luminosaastronômica” – indicando a poluição deluzes que atrapalham a visão das estrelasou, em geral, a observação da noite – e“poluição luminosa ecológica”, com osignificado de “iluminação artificial que

exerce efeitos adversos sobre a vidasilvestre”. Bons exemplos dessapreocupação podem ser vistos no WhitePaper do Office of the Deputy PrimeMinister Britannico (1996), no relatórioLighting in the Countryside e no HealthCouncil of the Netherlands (2000), queanalisam, em detalhes, os diferentesaspectos do incremento da iluminaçãoartificial sobre a visão do céu noturno,mas também sobre o ambiente em geral.Quando observamos as fotografiasnoturnas de satélite (NASA, 2005), é fácilentender o porquê de essaspreocupações surgirem nesses doispaíses: aí, como na maioria dos paíseseuropeus, e no Japão, praticamente nãoexiste área do território nacional que sejaisenta de poluição luminosa. Essefenômeno está se expandindorapidamente, e Cinzano et al (2001)calcularam que apenas 40% dosamericanos vivem em um ambiente noqual o olho humano consegue fazer atransição de uma visão fotópica a umavisão escotópica, portanto, de um olhoacomodado à luz a um olho acomodadoao escuro. Eles também calcularam que18,7% da superfície terrestre possui umcéu noturno considerado poluído,conforme o padrão da astronomia.

Estudos nacionais e internacionaisiniciaram, portanto, a elaboração denormas técnicas de iluminação externaque, compatível com o conforto humano,fossem menos agressivas com oambiente e, ao mesmo tempo,assegurassem uma redução do consumode energia. Foram elaboradas novasregulamentações para reduzir a poluiçãoluminosa do céu noturno, a indústriadesenvolveu luminárias com controledirecional do fluxo luminoso, e em muitospaíses, começaram a ser fixados níveismáximos de iluminância, dependendo deum zoneamento rigoroso.

Se esses movimentos podem, para ocidadão comum, ser aparentemente

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 56

irônicos, e muitos consideram essasposições retrógradas e exóticas, oaprofundamento dos estudos em matériacomeçou a mostrar que os impactos dosatuais níveis de iluminação externapodem prejudicar seriamente o ambiente.

Na visão antropomórfica, ou“vertebratomórfica” do homem, asprimeiras providências se iniciaram nassituações mais evidentes de danosambientais do excesso de iluminação.

O exemplo, sem dúvida, mais famosoé a proteção da desova das tartarugasmarinhas. Nesse caso, a iluminaçãoartificial da orla exerce dois efeitosperversos: quando próxima à deposiçãodos ovos, a tartaruga marinha procurauma praia e evita as outras nas quaisexiste iluminação artificial. Portanto, ailuminação artificial exerce umfototropismo negativo. Quando daabertura do ovo, os filhotes de tartarugamarinha, se a orla for iluminada, sãoatraídos pela iluminação artificial (com umfototropismo positivo) e não se dirigemem direção ao mar, sendo expostos àação dos predadores. Essa situaçãoespecífica gerou algumas dasregulamentações estaduais e municipaismais restritivas em matéria de iluminaçãoexterna. Por exemplo, a empresa elétricada Flórida (Florida Power Company,2002) elaborou um manual deiluminação externa que minimiza oimpacto da iluminação artificial sobre astartarugas. O manual mostra, uma vezestudado o impacto da iluminação, comoé possível chegar a projetos os quais,sem reduzir, ou reduzindo ao mínimo oconforto para o homem, é possível utilizara iluminação artificial sem perturbar astartarugas. Ao contrário, no caso do Brasil,na Bahia, para proteger a desova dastartarugas marinhas foi passada a Lein. 7.034 de 13 de fevereiro 1997, a qual“proíbe uso de fonte de iluminação queocasione intensidade luminosa superiora zero lux tendo em vista proteger as

tartarugas marinhas no litoral norte”.Naturalmente, uma medida desse tipo,apesar de ser positiva para as tartarugas,pode criar um conflito muito forte para apopulação e tende a ser violada.

A proteção das tartarugas marinhas éapenas um exemplo, pode ser o maisconhecido, de normas específicas decontrole da iluminação externa paradiminuir a agressão ao meio ambiente.Outras espécies foram, porém, tema deestudo e o Aubon Institute (BOWER,2000) assinala que milhões de aves, acada ano, são vítimas de fatalidadesligadas ao excesso da iluminação artificial.No caso das aves, o excesso deiluminação noturna provoca dois gravesdanos: de um lado, as aves esbarram emfontes luminosas fortes, como faróis eantenas; de outro lado, outras áreasfortemente iluminadas acabam afetandoas rotas das aves migratórias. Sobre essestemas a literatura é, realmente, muitoampla e existem estudos muitodetalhados, como o do Ministerie vanVerkeer en Waterstaat (1999) daHolanda, e o Collision Course, financiadopelo WWF (LESLEY, 1996), e a resenhadetalhada das ocorrências realizada pelaCalifornia Energy Commission (HEBERT,REESE, 1996).

Também no caso das aves, estudosmais acurados como, por exemplo, o deJones e Francis (2003, p. 328),mostraram que, com um projeto a levarem conta o impacto sobre as aves, épossível, ao mesmo tempo, garantir asegurança da navegação, reduzir oconsumo de energia e as fatalidades comaves. Nas palavras dos autores:

“In 1989, the Long Point lighthousewas automated, with a simultaneouschange in beam characteristics the newbeam is narrower and less powerful. Thischange brought about a drasticreduction in avian mortality at thelighthouse to a mean of only 18.5 birdsper year in spring, and 9.6 in autumn

from 1990 to 2002. Our results highlightthe effectiveness of simple changes in lightsignatures in reducing avian lightattraction and mortality during migration.”

Estudos detalhados foram tambémrealizados sobre os mamíferos. Espéciescom sistema cerebral mais desenvolvido,os mamíferos registram reações maisarticuladas em relação à iluminaçãoartificial. Para muitos mamíferos, ailuminação artificial representa um sinal deocupação antrópica, portanto poderepresentar um atrativo, ou, em outroscasos, uma barreira. Especialmente paraos pequenos mamíferos, linhas contínuasde iluminação artificial, como rodovias,podem representar uma barreira quedivide o ecossistema, impedindo acirculação e acentuando a fragmentaçãodos ambientes, como mostram, porexemplo, Beier (1995) sobre o cougar,Bird et al (2004), sobre os gatosselvagens, e Sanderson et al (1998) sobreos morcegos.

Um caso à parte é representado peloefeito da iluminação artificial sobre ohomem, sem dúvida o animal maisestudado. Ao lado dos amplos estudossobre as condições de conforto visual,começam a surgir, com insistência, novosestudos sobre os danos que o excessode iluminação artificial pode ocasionar. Aárea na qual existem mais estudos é, semdúvida, a área da radiação ultravioleta B(280-320 nm) com efeitosconhecidamente mutagênicos. A legislaçãointernacional, e hoje também a nacional,está introduzindo medidas restritivasespecíficas sobre esses tipos de radiação,especialmente no que diz respeito àslâmpadas a vapor de mercúrio, a vaporesmetálicos e à halogênio, que são aslâmpadas com maior conteúdo deultravioleta. Em muitos países, surgemmedidas restritivas sobre a radiaçãoultravioleta A (320-400 mn). No meiodesses estudos, aceitos universalmentepela indústria da iluminação artificial,

dezembro 2005 7

estudos mais polêmicos apontam riscosmais sutis da iluminação artificial sobre ohomem: alteração dos ciclos circadianos,dependendo do tipo de iluminação, sãoapontados sempre com maior freqüênciae surgiram, recentemente, fortes suspeitasde a iluminação artificial não-controladapoder levar a alterações profundas dometabolismo e gerar doençasdegenerativas, conforme debatido, porexemplo, por Stevens et al (2001),Stevens (2005), Schernhammer et al(2004) e Davis et al (2001).

O IMPACTO SOBRE OS INSETOSNo meio dessa produção crescente de

estudos sobre o impacto da iluminaçãoartificial sobre a vida, foram realizadosmuitos estudos de impacto sobre osinsetos; por exemplo, Verheijen (1958),Bhattacharya et al (1995), Eisenbeis et al(2000), Frank (1988) e as atas docongresso Ecological Consequences ofArtificial Night Lighting (2002), entre osseres viventes mais afetados pelailuminação artificial, mas, curiosamente,

pouco foi escrito sobre os possíveisimpactos da alteração da quantidade deinsetos sobre o resto do ecossistema. Otema pode parecer secundário; osinsetos, na visão antropocêntrica, sãoapenas uma fonte de incômodo e, se ailuminação conseguir reduzir seu número,é um ponto a favor. Os ecólogos, narealidade, são bem conscientes do roldos insetos, inclusive, como salientarambem Losey e Vaugam (2006), do roleconômico. Se analisarmos com atenção,especialmente em uma região tropical ouequatorial, o rol dos insetos pode ser vital,em sentido positivo e negativo, para oecossistema e para o homem.

O fato de a iluminação artificial exercerum poder de atração muito forte sobremuitas espécies de insetos é bemconhecido dos entomólogos, os quaisutilizam diferentes tipos de armadilhasluminosas para as coletas. Esse poder deatração pode ter duas conseqüênciasdistintas: a primeira, atrair os insetos elimitar a capacidade reprodutiva; asegunda, atrair os insetos para umaregião de impacto antrópico, acentuandoa possibilidade de difusão de epidemias.

A atração dos insetos e a limitação nacapacidade de reprodução já foramapontadas por muitos pesquisadores. Defato, muitas espécies, especialmentelepidópteros e coleópteros, são atraídascom tal ímpeto pela iluminação artificial,que, com freqüência, esbarram nela emorrem. Por outro lado, também aquelesque não são vítimas de fatalidades, tornam-se presas fáceis de predadores,principalmente morcegos, que à noitepodem ser vistos voando em volta dasluminárias. Em todos os casos, o tempoperdido circulando em volta da lumináriadiminui a capacidade de forrajamento e apossibilidade de reprodução. O caso maisfamoso é, sem dúvida, aquele relatado porDenton (1900): no começo do século 20,em Washington (EUA), as lumináriaspúblicas eram um importante lugar para ascoleções entomológicas. Atualmente, muitospoucos lepidópteros podem ser coletadosà luz dos lampiões em Washington. Nacidade de São Paulo, Rob de Góes(2004) contou, de forma divertida, aprogressiva redução dos insetos dentro dacidade com o processo de expansãourbana. Nos últimos anos nota-se umaprogressiva redução da fauna delepidópteros, e é difícil dizer se essaredução é em razão apenas aos efeitos dailuminação artificial. É provável que outrascausas concorram ao fenômeno, masindubitavelmente, a iluminação artificial éuma das causas.

Apesar de a iluminação urbana terreduzido muito a fauna de insetosnoturnos das grandes cidades, fontesintensas de iluminação podem atrairinsetos e aves até em ambientes urbanos,onde não seria de esperar-se o fenômeno.Por exemplo, em Nova York o monumentoluminoso do Marco Zero, que homenageiaas vítimas do atentado de 11 de setembro,exerce, por causa de sua potência, umaatração tão forte sobre os insetos e asaves, que os raios luminosos brilham,como pode ser visto na Figura 1, pelo

Figura1 – Nova York, fotografia noturna do monumento do Marco Zero, em homenagem às vítimas doatentado de 11 de setembroCrédito: Foto de Keith Kin Yan, http://www.overshadowed.com/mt/archives/000250.html

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número de animais presentes. Ofenômeno é tão acentuado que geroupolêmica nos jornais da qual participaramleitores, o diretor da Sociedade municipalde arte, o representante da AudubonSociety e o Departamento Federal deAviação (New York Times n. 10, 12 deoutubro de 2004), discutindo apossibilidade de interromper ofuncionamento do museu (DE CANDIDO,2005).

Outro grupo de insetos dos quaisestá sendo assinalada uma progressivadiminuição é o dos lampirídeos (osconhecidos vaga-lumes). Já nos anos70 um escritor italiano, PierpaoloPasolini (1975), denunciava odesaparecimento dos vagalumes eatribuía o fenômeno à corrupção dogoverno. Retirando a discussão política,pode ser notado que a diminuição devagalume corresponde exatamente aoinício do período de difusão em largaescala, na Itália, das luminárias a vaporde mercúrio e da iluminação públicaextra-urbana. Como notou opesquisador brasileiro Vadim Viviani(2001), os vagalumes utilizam a emissãoda luz como meio de comunicação ecomeçam a piscar apenas quando onível de luminância do ambiente éinferior a 0,5 lux (portanto, quando amensagem tem potencial de serrecebida por conspecífico). Parece,portanto, razoável pensar que, com oaumento da iluminação pública, osvagalumes acabaram diminuindo naItália nos anos 70. O fenômeno dadiminuição, foi por outro lado,assinalado pelo próprio Vadim Viviani(2001) no Brasil, o qual notou umadiminuição no número de indivíduosobservados no arco de 30 anos, naregião de Campinas (fortementeurbanizada), e uma aparenteestabilidade no número desses insetosna reserva natural de Boracéia, longe dequalquer centro urbano.

A redução da população de insetos,especialmente dotados de potenciaispolinizadores, pode exercerconseqüências graves em ambientetropical. Diferente do ambiente de climatemperado, no qual o número deespécies de polinizadores é limitado, e,em muitas espécies vegetais, apolinização é propiciada pelo vento, noclima tropical e equatorial o número depolinizadores aumentaproporcionalmente ao número deespécies vegetais. Como destacado deforma sintética por Janzen (1975), emmuitos casos se verifica uma verdadeiraco-evolução, pela qual apenas umpolinizador assegura a reprodução deuma espécie vegetal. Por outro lado, umrecente estudo de Vamosi et al (2006)mostra como, nos hot spots, regiões demaior biodiversidade, a competição dasplantas para polinizadores representa amaior ameaça à biodiversidade. Comoconseqüência da redução do númerode insetos, portanto, poderá verificar-seuma redução de espécies vegetais. Essefenômeno é especialmente grave emregiões de fragmentos de vegetaçãonativa, como nos estados com maiordensidade demográfica – São Paulo, Riode Janeiro, Paraná, onde todo oecossistema vegetal pode ser colocadoem perigo, mas pode ser significativotambém, em outras áreas do Brasil, coma menor densidade demográfica, nasquais existam, porém, formasacentuadas de endemismos. Osignificado das interações entre insetos eplantas e o perigo do desaparecimentode espécies de insetos é bem destacadapor Brown e Gifford (2004), e porOliveira e Gibbs (2004). Analisandoesses aspectos, é importante lembrarque o efeito de atração dos insetos, porparte da iluminação artificial, é um efeitoa distância e alguns pesquisadoresapontam: mariposas chegam a seratraídas até de 2-3 km de distância.

Também admitindo essa estimativa sermuito elevada, Janzen (1983) afirmaque uma lâmpada pode atrair a umadistância de pelo menos 500 metros.Trata-se de um valor elevado, sepensarmos no tamanho dosfragmentos. Nos EUA Albers e Duriscoe(2001) estimam que 20% do territórionacional se encontra sob a influência de150 metros de iluminação externa; seestendermos o efeito a 500 metros, aárea será maior. Curiosamente, em umartigo publicado no mesmo número darevista da fundação George Wrightdedicado ao problema da poluiçãoluminosa, Duriscoe (2001) destacaapenas o aspecto visual da poluiçãoluminosa nos parques e nas reservas, enão o efeito sobre a biodiversidade.

EFEITO SOBRE OS VETORES DEDOENÇASUma situação diferente se apresenta

por outras espécies, especialmente poraquelas de interesse médico. Nesse casodeparamos com dois comportamentosdistintos: entre os insetos a amplo raiode vôo e insetos com menormobilidade.

Nos insetos de amplo raio decirculação, como, por exemplo, osculicídeos, a iluminação artificial exerceuma forte atração a distância, mas osinsetos, como salientam Clements(1999) e Service (1993), não chegam aesbarrar na luminária e apenas circulamem volta dela. Nesse caso, chegando aum ambiente antrópico, o inseto podeser atirado pelo cheiro e picar,transmitindo possíveis doenças. Umexemplo do amplo raio de circulaçãoverifiquei no município de Mucajaí(Roraima), onde anofelinos visitavam acidade, apesar de ter os criadouros amais de um quilometro de distância. É

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provável que a iluminação a vapores demercúrio exercesse um elementoadicional de atração. Acentuando aatração a distância, a iluminação artificialpode ampliar a área de influência parainstauração de epidemias. Por outrolado, com a eletrificação em áreasisoladas, na impossibilidade de pulverizarem um amplo raio, corre-se o risco deexpor as populações locais a surtos deepidemias conhecidas e desconhecidas.A região tropical é, conforme relatado,entre outros, por Travasso et al (1998),o maior reservatório de arbovírus e ailuminação artificial pode ser mais umelemento antrópico que concorre nainstauração de novas doenças(BARGHINI et al 2004).

Em outros insetos com mobilidademenor, como os flebótomos e osbarbeiros, a iluminação artificial podegerar situações mais sutis: o inseto nãoé atraído diretamente até as luminárias,portanto não pode ser capturado emarmadilhas próximas a elas, mas podeser atraído pelo cone luminoso. No casodos flebótomos, uma pesquisadora, DosSantos (2001), escreveu, recentemente,que luminárias de luz branca, quandose encontram a menos de 50 metrosde um ambiente silvestre, podemrepresentar perigo para difusão daleishmaniose.

O caso do mal de Chagas é exemplarno que diz respeito à possibilidade deinstauração de epidemias com influênciaparcial da iluminação artificial. Otripanosoma Cruzi é uma doença pré-colombiana, difundida em grande parteda América Latina com elevadaconcentração na região andina, umapresença no planalto central epraticamente ausente na regiãoamazônica. As justificativas dessadiferente concentração da doença emépoca pré-colombiana são bastanteevidentes. Na região andina, a criação deanimais domésticos (o cui e o llama) e

o tipo de cobertura das casas facilitarama domiciliação do vetor, e a doença setornou endêmica. No planalto central,especialmente após a época colombiana,as casas de adobe e as coberturas desapé facilitaram a instauração daepidemia. Diferente dessas duassituações, na região amazônica, comodestacado por Coimbra (1988), apesarde existir o patógeno e sete potenciaisvetores, o mal de Chagas não seinstaurou até a época recente. Esseelemento foi destacado por Coimbracomo uma das argumentações pelasquais não existiram sociedades estáveisna região: o processo contínuo dedeslocamento das aldeias não permitiu adomiciliação do vetor.

Em tempos recentes começaram aregistrar-se casos de mal de Chagas,esporádico em diversas regiões daAmazônia, e a surgir a suspeita de omecanismo de transmissão poder serdiferente daquele tradicionalmenteconhecido, no qual o barbeiro podia serencontrado no domicílio. Em algunscasos, confirmados recentemente, atransmissão se verificou, provavelmente,pela ingestão do próprio vetor,esmagado, ou pelas fezes do mesmo,encontradas em alimentos, como ofruto do açaí (Euterpe precatoria) e acana-de-açúcar, triturados paraprodução do suco, conforme relatadopor Geraque (2005).

Ao lado desse meio de transmissão,está sendo assinalado sempre commaior freqüência um meio detransmissão diferente, no qual o vetornão é encontrado no domicílio, masapenas na região peridomiciliar.Aparentemente, o vetor seria atraídoquando não disponíveis outros animaisde sangue quente para parasitar, pelailuminação artificial até o domicílio, ondeparasitariam humanos. Essa hipótese, jálançada por Bertram (1971), encontraum renovado interesse entre os

pesquisadores latino-americanos, naVenezuela, por Feliciangeli (2002); noBrasil, por diferentes pesquisadores,como Teixeira et al (2001); por fim, naReunião Internacional sobre Vigilância ePrevenção da Doença de Chagas naAmazônia, mantida esse ano, ospesquisadores Roja, Vinhaes eRodriguez (2005) colocaram ailuminação artificial entre os elementosos quais, potencialmente, podem afetara transmissão da doença.

Evidentemente, esses elementosinduzem a refletir seriamente sobre operigo de uma difusão não-controladada iluminação externa pública e privadasem estudos mais aprofundados sobreo impacto ambiental.

MÉTODOS DE PREVENÇÃOO caso das tartarugas marinhas e das

aves são exemplos claros de como épossível, conhecendo a biologia daespécie, minimizar o impacto dailuminação artificial. Conhecendo quaiselementos provocam o impacto, comointensidade luminosa, comprimento deonda, direção do feixe luminoso, épossível tentar controlar essas variáveis ereduzir o impacto.

Apesar da complexidade do tema,existem diferentes meios de minimizar oimpacto. Naturalmente, em primeirolugar, trata-se de usar fluxos luminososmínimos, compativelmente com asnecessidades das tarefas a seremrealizadas, e limitar, ao máximo, apropagação da radiação luminosa emáreas nas quais ela não é necessária.

Isso significa, em primeiro lugar, utilizarluminárias com fluxo luminosocontrolado, que não desprendam luzonde esta não é necessária, conformemostra a Figura 2 (NEMA, 2002). Oconceito de luminária total cutoff, ouluminária na qual não exista dispersão

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do fluxo luminoso 90º acima do nadirrepresenta, provavelmente, o primeiropasso para um controle melhor do fluxoluminoso. No Brasil, a obrigatoriedade deluminária não cutoff está em fase deimplementação na ABNT, e já é adotadapor alguns municípios, como o de SãoPaulo. Sistemas mais avançados, commaior controle do fluxo, estão sendodesenvolvidos em outros países,especialmente em áreas de proteçãoambiental, por exemplo, na iluminaçãoda orla marítima da Flórida(WITHERINGTON; MARTIN, 1996), emlugares de deposição das tartarugas –Figura 3.

Essas providências, a reduziremsensivelmente a poluição luminosaastronômica, são idôneas também parapropiciar um menor impacto ambiental, eeliminam o desperdício de energiaverificada todas as vezes que o fluxoluminoso não é dirigido onde não éestritamente necessário (INTERNATIONALDARK SKY, 2002; IESNA, 1999).

A segunda medida importante é aregulagem da intensidade luminosa. Como aumento da eficiência das lâmpadas, aquantidade de iluminação artificial públicae privada cresceu enormemente. Apenas Figura 2 – Luminárias cutoff e não cutoff: Representação gráfica da difusão da radiação e modelos de

luminárias

Luminária inadequada:o poste alto e a falta de anteparopermitem a difusão da radiaçãoluminosa em área ampla, inclusivedesperdiçando energia. No caso deinsetos, eles podem ser atraídos delonge

Luminária melhor:a colocação de anteparo evita a difusãoda radiação no ambiente, limitando,dessa forma, o impacto da atração, quepermanece limitada ao cone no qualse registra a propagação do fluxoluminoso

Luminária muito melhor:a orientação do fluxo luminoso,cobrindo apenas a região de interesse,reduz ainda mais o efeito sobre oambiente e proporciona uma maiorredução do consumo de energia. Umaspecto importante: é possível excluirseletivamente da difusão do fluxoluminoso áreas críticas

Luminária excelente:reduzindo a altura do poste edirecionando o fluxo luminoso, essetipo de luminária consegue minimizaro impacto. Em alguns países estásendo estudada a possibilidade deutilizar localmente LEDs a alta eficiênciae com luz concentrada, utilizada comobaliza

Figura 3 – Controle do fluxo luminoso para proteção das tartarugas marinhas

Dependendo do projeto de iluminação, a luz pode difundir-se mais ou menos no ambiente. Esses exemplos, extraídos das práticas recomendadas pela Florida PowerCompany, para defesa das tartarugas, mostram bem o impacto de diferentes projetos. É claro que, dependendo da finalidade e da espécie a ser protegida, as soluções podemser diferentesFonte: Witherington e Martin (1996, 56)

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para se ter uma idéia, Fouquet e Pearson(2006) estimam que, na Inglaterra, entre1800 e hoje, a quantidade de iluminaçãoartificial utilizada per capita aumentou25.000 vezes. Apesar de existir uma fortevariação do consumo entre diferentespaíses, esse aumento é da mesmaordem de grandeza em praticamente omundo todo, já que depende, emgrande parte, de um enorme aumentoda eficiência na geração de luz,abandonando o sistema de queima eutilizando sistemas sempre mais eficientesde geração da luz. Não necessariamentefluxos de iluminação artificial representamum maior conforto visual e até, emmuitos casos, níveis elevados deiluminação pública geram ofuscamento edesconforto. De fato, em ambientesintrinsecamente obscuros, como áreasrurais ou pequenos aglomerados decasas, o excesso de iluminação acabaprejudicando a percepção do entorno,criando zonas de sombra nas quais nãoexiste percepção visual. Para contornaresse problema, a Comissão Internacionalde Iluminação (CIE) já recomendou, em1999, que os regulamentos deiluminação pública definissem níveismáximos de iluminação, dependendo deuma divisão do território em quatrozonas, e, em 2003 (CIE, 2003), publicouum guia para limitar os efeitos obstrutivosda iluminação artificial, definindo quatrozonas de iluminação ou lightingenvironment:

A recomendação da CIE, apesar derelativamente genérica, é, em primeirolugar, orientada a assegurar um maiorconforto visual e evitar um aumento

não-necessário da iluminação pública.Ela possui, por outro lado, um profundosignificado ambiental. Em primeiro lugar,porque evita um desperdício inútil deenergia elétrica. Em segundo lugar,porque o zoneamento permitedimensionar melhor a problemática deprojeto, oferecendo indicações objetivassobre os fluxos luminosos a seremadotados em diferentes áreas.

O critério do zoneamento dailuminação externa é, hoje, adotado emdiferentes países de forma mais oumenos rigorosa, e representa umprimeiro passo para uso da iluminaçãomais compatível com o ambiente. Paísescomo a Austrália e a Nova Zelândiaadotaram o critério em todo o territórionacional, e muitas regiões ou prefeituraselaboraram regulamentos de iluminaçãoexterna a levarem em conta a poluiçãoluminosa, astronômica e ambiental.

A Califórnia, com o novo regulamentode eficiência energética da CaliforniaEnergy Commission (2004), em vigor apartir de 1 de outubro 2005, fixarigorosamente as zonas de iluminaçãocom base nos dados de densidadedemográfica da população, levantadosno censo 2000, e prescreve potênciasmáximas por metro quadradodependendo do zoneamento. Apesar deo regulamento ser orientadofundamentalmente à poupançaenergética, ele representa umaimportante contribuição a um uso maisapropriado da iluminação externatambém do ponto de vista ambiental.Fato importante, o regulamento não dizrespeito apenas à iluminação pública,

mas prescreve potências máximas parailuminação externa também em espaçosprivados, e chega a proibir, na zona 1,com regiões intrinsecamente obscuras,uma série de fontes de iluminação, comoa de prédios, publicidades luminosas eluzes decorativas. Assim, a potênciamáxima por metro quadrado permitidavaria, em média, de 1 a 4 entre ozoneamento das regiões periféricas e asregiões urbanas centrais, mantendo umrigoroso controle dos fluxos luminososutilizados nos diferentes ambientes(CALIFORNIA ENERGY COMMISSION,2004, Section 147, Tables 147-A-B-C, p.112-117).

O terceiro ponto a ser levado emconta é o espectro de irradiância da fontede iluminação artificial. De fato, a respostada vida aos diferentes comprimentos deonda eletromagnética é espécie específicae, se o homem possui uma percepçãovisual entre 400 e 700 nanômetros, ouentre 380 nm e 760 nm, comosustentam alguns, a sensibilidade deoutras espécies pode ser profundamentediferente, como mostra a comparação dasensibilidade humana com a sensibilidadedo olho dos insetos, na Figura 4. O fato éespecialmente importante na iluminaçãoexterna porque percebemos apenas aparcela da radiação emitida pelossistemas de iluminação entre esses doiscomprimentos de onda, enquanto outrasespécies podem perceber uma parcelamuito mais ampla e interpretar essapercepção de forma diferente da nossa.Aves, insetos, tartarugas marinhas (emuitos peixes) possuem umasensibilidade na banda da radiaçãoultravioleta A (entre 320 e 400 nm), eesses comprimentos de onda possuemum significado específico, sendofortemente atrativos.

Seria complexo discutir, em detalhes, asrazões da atratividade de muitas espéciespara radiação ultravioleta. Aqui é suficienteindicar que razões filogenéticas mostram

Zona Ambiente Nível de iluminação Exemplos

E1 Natural Intrinsecamente obscuro Parques nacionais ou sítios protegidos

E2 Rural Baixa iluminação local Áreas industriais ou residenciais

E3 Suburbano Média iluminação local Áreas suburbanas

E4 Urbano Alta iluminação local Centros urbanos e áreas comerciais

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que a sensibilidade à radiação ultravioletaé, provavelmente, a sensibilidadeoriginária das proteínas as quaisconvertem a radiação luminosa em sinalneuronal. O próprio homem, apesar denão perceber a radiação ultravioleta,possui rodopsinas que registram ummáximo em 437 nm. As rodopsinascontinuam sensíveis até 380 nm; o sinalda ultravioleta não é percebido apenasporque é filtrado pela córnea, pelohumor vítreo e pela macula lutea, emum processo no qual, conforme relatamKrinsky et al (2003), possui um alto valorde proteção. A radiação ultravioleta é, emcerto sentido, uma mensagem não-viesada: possui um nível energético anão permitir que o sinal seja confundidocom a agitação térmica molecular (STILES,1948).

O controle da irradiância na radiaçãoultravioleta, portanto, seria ummecanismo importante no controle dapoluição luminosa, especialmente emrelação aos insetos. Como é amplamenteconhecido, o olho dos insetos é bemdiferente do olho humano. Em primeirolugar, é um olho composto, formado deum número variável de ommatídios;portanto, a formação da imagem éprofundamente diferente da nossa. Emsegundo lugar, a sensibilidade cromáticaverificada em diferentes comprimentos deonda, enquanto a faixa do visível dohomem está compreendida entre 400 e700 nanômetros (da violeta aovermelho), a sensibilidade dos insetos ébastante variável, dependendo do táxonou até da espécie, mas se inicia naultravioleta (entre 320 e 370nanômetros). O controle da emissão nafaixa da ultravioleta pode, assim,minimizar a atração dos insetos. Asfiguras 4 e 5 mostram respectivamente airradiância das lâmpadas a vapor demercúrio e a vapor de sódio, e asensibilidade visual por comprimento deondas do homen e dos insetos.

A comparação direta do espectro de irradiância dos dois tipos de lâmpadas mais utilizadas pela iluminaçãopública, com as curvas de sensibilidade humana e dos insetos, mostra a grande vantagem da utilização daslâmpadas a vapor de sódio a alta pressão. Apesar de quanto mostrado pelo gráfico, porém, o maior efeitono controle da atração dos insetos é obtido utilizando-se filtros de radiação ultravioleta, como pode servisto no Gráfico 4.

Figuras 3 e 4 – Gráficos da sensibilidade do homem e insetos e da energia radiante das lâmpadas estudadas

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Estudos preliminares conduzidos noBrasil (BARGHINI et al, 2002, 2004, e, noexterior, EISENBEIS, 1999, 2001)mostram que, utilizando-se filtro deultravioleta, é possível reduzir a atraçãoda iluminação em até 80%. Com umaarmadilha estática de coleta de insetos,instalada no campus da USP, foi possívelverificar que, posta igual a 1, aquantidade de insetos coletados natestemunha, uma armadilha de insetossem iluminação artificial, a armadilhaposta junto da lâmpada a vapor desódio com filtro coletou uma quantidadede insetos de 2,1 vezes maior, alâmpada a vapor de mercúrio com filtro3,18 vezes. Quando se passa àslâmpadas sem filtro de radiaçãoultravioleta, o número de insetos

coletados aumentou sensivelmente,passando a 5,82 vezes, no caso dalâmpada a vapor de sódio a altapressão, e a 9,41 vezes, no caso dalâmpada a vapor de mercúrio (Figura 6).A forte diferença existente entre aslâmpadas com e sem filtro indica osignificado específico que a radiaçãoultravioleta possui para os insetos comoindicador de espaço livre. É interessantesalientar que a redução no número deinsetos coletados se verificou semdiminuir o conforto visual para ohomem, porque o olho humano não ésensível à radiação ultravioleta.

Outro caminho para redução dapoluição luminosa é utilizar lâmpadas avapor de sódio a baixa pressão,conforme recomendado pela associação

dos astrônomos, a International Dark-SkyAssociacion (DARKSK, 2002). Esse tipo delâmpada é, muitas vezes, mais eficienteque lâmpadas a vapor de sódio a altapressão. Sendo monocromáticas, aslâmpadas a vapor de sódio apresentamemissão apenas em 589 nm. Para osastrônomos, isso significa ser fácil, noespectroradiômetro digital, retirar a bandado sódio, sabendo que as outras bandasda radiação são provenientes de corposcelestes. As lâmpadas a vapor de sódio abaixa pressão são também positivas parao meio ambiente; de fato a luzmonocromática em 589 nm não éatrativa para a maioria das espécies, comoos insetos, as aves e até as tartarugasmarinhas – quando possuem visão nessabanda, não são atraídas pela luz.

Essa exposição mostra, conhecendoos impactos dos diferentes sistemas deiluminação, como é possível minimizar asconseqüências negativas dos grandesprogramas de iluminação, sem, com isso,diminuir o conforto para o homem. Poressa razão, seria oportuno que osgrandes programas de eletrificação rural ede reforma das instalações de iluminaçãopública, hoje em implantação, sejamacompanhados, como em todas asgrandes obras, por estudosaprofundados de impacto ambiental. Ailuminação externa, apesar de todos osbenefícios proporcionados, é tambémuma fonte de desequilíbrio do ambiente,que deve ser estudada antes darealização de grandes obras.

NOTA(1) Não é desconsiderado comentar que, no início daeletrificação, com lâmpadas pouco eficientes e umcusto elevado da eletricidade, a iluminação públicapossuía níveis mínimos, suficientes apenas paraquebrar a obscuridade: no primeiro contrato deconcessão de iluminação pública elétrica celebrado noBrasil, na cidade de Rio Claro (interior de São Paulo),estava previsto o uso da iluminação do pôr-do-sol atéa aurora, excetuadas as noites de lua cheia.

Mostra o resultado das coletas no campus da USP. A testemunha, armadilha sem iluminação artificial, coletou emmédia, 7,47 indivíduos por noite, a vapor de sódio com filtro 15,65, a vapor de mercúrio com filtro 23,71, a vaporde sódio sem filtro 43,43 indivíduos, e a vapor de mercúrio sem filtro 70,27 indivíduos. Ou, posta igual a 1 aquantidade de insetos coletados na testemunha, a armadilha posta junto da lâmpada a vapor de sódio com filtrocoletou uma quantidade de insetos de 2,1 vezes maior, a lâmpada a vapor de mercúrio com filtro 3,18 vezes.Quando se passa às lâmpadas sem filtro de radiação ultravioleta, número de insetos coletados aumento desensivelmente, passando a 5,82 vezes, no caso da lâmpada a vapor de sódio a alta pressão e a 9,41 vezes, nocaso da lâmpada a vapor de mercúrio. A forte diferença existente entre as lâmpadas com e sem filtro confirma osignificado específico que a radiação ultravioleta possui para os insetos como indicador de espaço livre

Figura 6. Distribuição das coletas por tipo de lâmpada

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Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 516

AVALIAÇÃO DEDESEMPENHO

AMBIENTAL AMPLIADO(ADAA): UM MODELO

PARA COMPARAÇÃO DEEMPRESAS

RESUMOO trabalho apresenta um modelo de avaliação do desempenho ambiental, que resultou de umprojeto de pesquisa internacional conduzido pelas autoras em 2002 e 2003, e propôs-se a realizara avaliação e comparação do desempenho ambiental de empresas dos setores químico-farmacêu-tico e têxtil, sendo cada setor representado por três empresas alemãs e três brasileiras. Para participarda pesquisa foram escolhidas empresas que integraram, em sua administração, um sistema degestão ambiental. A pesquisa visava revelar o quanto o objetivo da sustentabilidade é incorporadopelas empresas e quais os fatores mais influentes no desempenho ambiental. O foco do presentetrabalho é o modelo ADAA desenvolvido e testado no âmbito do projeto, bem como os resultadosque ele pode apontar.PALAVRAS-CHAVE

ABSTRACTThis paper presents a model for the environmental performance evaluation, that resulted from aninternational research project conducted by the authors during the years 2002 and 2003, and whichaimed to make an evaluation and comparison from the environmental performance of chemical andtextile companies, three of each sector in Brazil and also in Germany. To take part in the project therewere chosen companies that have incorporated an environmental management system. The researchintended to know how many the companies had assimilated the sustainability goal and which factorsinfluence the improvement of environmental performance. The paper focus on the model ADAA (orEEPE – enlarged environmental performance evaluation) developed and tested in this project, thusas the results it shall appoint.KEY WORDS

Beate FrankFURB – Universidade Regional de Blumenau, PD.

Anja Grothe-SenfFHW – Fachhochschule für Wirtschaft, Berlim, PD.

[email protected]

GestãoAmbiental

dezembro 2005 17

INTRODUÇÃOUma revisão ampla dos instrumentos

e métodos disponíveis para a avaliaçãodo desempenho ambiental mostrou quetodos deixam a critério das empresasdefinir o que poderia representar, paraelas, um caminho adequado aoautoconhecimento e à comunicação dosresultados. Como não existemparâmetros especificados, o resultado daavaliação do desempenho ambientalnão esclarece muito em termos de umnível “bom” ou “ruim” para o ambienteglobal e na comparação com resultadosde outras empresas. O desempenho émedido pelo grau de alcance dospróprios objetivos, não sendo, portanto,comparável.

Tentando superar essas limitações, odesempenho ambiental, aqui, foidefinido como o cumprimento deobjetivos globais, nacionais e específicosda empresa. O objetivo global é oobjetivo do desenvolvimento sustentável.

Este deve orientar todos os outrosobjetivos secundários. Conclui-se, dessadefinição, não se tratar “somente” deuma avaliação de desempenhoambiental, uma vez que ela inclui critériosde sustentabilidade implícitos nosobjetivos globais. Trata-se, portanto, deuma avaliação do desempenhoambiental ampliado, que contempla oscomponentes social e ecológico dasustentabilidade, examinando asdimensões ambiental, social e de visãode futuro das empresas. O objetivo dopresente artigo é apresentar o modeloADAA e os resultados que ele podeapontar.

METODOLOGIAO modelo de análise desenvolvido

orienta-se pelo modelo PNQ (PrêmioNacional de Qualidade), que secaracteriza por identificar um conjuntode enablers (capacitadores) da gestão e

um conjunto de results (resultados) dagestão. É um modelo de auto-avaliaçãoaceito nas empresas e, além disso,utilizado internacionalmente. O modeloADAA adota o seguinte: seis blocos deenablers classificados segundo aestrutura da NBR ISO 14.001 (ABNT,1996): política e liderança, planejamento(objetivos e estratégias), pessoal,implementação, operação, avaliação econtrole; e três blocos de results,classificados em: responsabilidade social(aceitação e cooperação, satisfação docliente), satisfação dos colaboradores eindicadores de ecoeficiência e ecoeficácia,conforme mostra a Figura 1.

De forma semelhante ao modeloPNQ, a empresa pode alcançar 1.000pontos, sendo 540 pontos dos enablers(capacitação da empresa para amelhoria do desempenho ambiental:cada uma das seis áreas corresponde a90 pontos) e 460 pontos dos results(resultados decorrentes da capacitação),sendo 300 pontos dos indicadores deecoeficiência e ecoeficácia, 50 dasatisfação dos colaboradores e 11 daresponsabilidade social. Enquanto os300 pontos dos indicadores ambientaisreferem-se aos indicadores dedesempenho operacional (OPI), assimdefinidos pela norma ISO n. 14.031(KUHRE, 1998), os demais pontos sereferem a indicadores de gestão (MPI).Os MPI são levantados por umquestionário e os OPI por planilha(dados numéricos).

O número de perguntas doquestionário varia de um bloco paraoutro. Na avaliação, essa diferença écompensada por um fator deponderação. A distribuição das questõespelas três dimensões de análise em cadabloco, bem como o número total dequestões por bloco são mostradas na

Figura 1 – Modelo da avaliação ambiental ampliada

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 518

Tabela 1. A maior parte das perguntasexige respostas classificadas de 0 a 5,conforme mostra a Tabela 2. Algumasperguntas são qualitativas.

Os OPI podem ser classificados nasáreas de material e produtos, resíduos ereciclagem, energia, água e águasservidas (esgotos) e emissões, avaliadas,cada uma, com 60 pontos. Essas áreasforam definidas, tendo em vista ocumprimento de objetivos ambientaisnacionais e setoriais. Cada uma dascinco áreas, por sua vez, compreendeum ou mais objetivos, como mostra aTabela 3.

Para a avaliação do resultado obtidocom os indicadores, são usados doisbenchmarks: tendência e alcance deobjetivos (30 pontos para cada um, emcada uma das cinco áreas). A“tendência” dos indicadores individuaisem cada área, durante 3 anos. Essatendência pode se revelar positiva (↑),inalterada (↓) ou negativa (↓). Apontuação será a seguinte: tendênciapositiva (↑) 5 pontos, tendênciainalterada (→) 3 pontos, tendêncianegativa (↓) 0 pontos. Em cada área,portanto, cada indicador pode atingir, nomáximo, 5 pontos, de acordo com atendência. Como existe um númerodiferenciado de objetivos e deindicadores em cada área, é necessáriodeterminar um fator multiplicativo paracada indicador.

Para o “alcance dos objetivos” sãoconsideradas as áreas a que osindicadores pertencem. Cada área podealcançar, também, o máximo de 30pontos. Para tanto, consideram-se osresultados dos objetivos (indicadores)individuais. Se 80% das tendênciasforem positivas, serão atribuídos 30pontos. Para receber 15 pontos, nomínimo 50% das tendências de cadaum dos objetivos da referida área devemser positivas. Se menos de 50% dastendências forem positivas, será atribuído

0 ponto. Isto significa: se uma áreaobtiver 30 pontos (mínimo 80%), entãonesse benchmark terá sido alcançadoum objetivo ambiental nacional ousetorial. Se uma área atingir 15 pontos(mínimo de 50%), então a empresaestará no “caminho certo” para alcançarobjetivos ambientais nacionais ousetoriais. Sendo obtido “0” ponto(menos de 50%), as tendências

positivas não terão sido suficientes paracumprir os objetivos ambientais. Exceção:se os objetivos de uma área foremcumpridos (no mínimo 80% dastendências são positivas), mas algumindicador, considerado importante parao cumprimento dos objetivos ambientaisnacionais ou setoriais, apresentardesenvolvimento negativo, a pontuaçãopoderá ser revista.

Tabela 3 – Objetivos ambientais a serem cumpridos localmente, de acordo com os objetivosglobais do desenvolvimento sustentável

Tabela 2 – Escala de avaliação das questões

Tabela 1 – Grade de avaliação dos blocos

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A definição adotada para odesempenho ambiental ampliado nãoestabelece valores absolutos ou padrõespara o desempenho. O que se procuraavaliar é o esforço com o qual asorganizações cumprem os objetivos.Dessa forma, a avaliação dodesempenho ambiental ampliado(ADAA) é dependente do tempo. A cadaano, o resultado da avaliação serádiferente. Se houver uma piora doresultado da ADAA, significa que houveestagnação ou interrupção do processode melhoria contínua. Para facilitar aaplicação do modelo, foi desenvolvidauma planilha Excel como ferramentapara a avaliação do desempenhoambiental ampliado. Um guia paraintroduzir alterações no questionário e,portanto, na planilha, integra o modeloADAA. O resultado da avaliação dodesempenho ambiental é apresentadode várias formas, duas das quais sãomostradas nas Figuras 2 e 3.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO modelo ADAA pode exercer um

papel pedagógico porque mostra, emetapas, quais tarefas fazem parte de umagestão de sustentabilidade e quaispassos a empresa precisa dar pararealizá-la. Além disso, a aplicação daADAA promove o processo contínuo demelhoria. A tese fundamental é queresultados melhores nos enablerstambém geram melhores results globais,ou seja, somente a qualificação pelosistema de gestão garante resultadospositivos para o meio ambiente e asociedade. Para verificar se essa tese éverdadeira, foi realizada a análise dacorrelação entre os valores alcançadospelos enablers e pelos results para as 12empresas que participaram da pesquisa.

Pode-se considerar como resultadodesta análise que, de um modo geral,

enablers melhores levam,necessariamente, a melhores results. Emcasos isolados, entretanto, componentesdiferentes dos enablers podem exercerum papel de destaque. Os blocos deenablers a revelarem alta correlação comos results e com os indicadores são osque produzem o maior efeito sobre osresults e sobre os indicadores. Elesconstituem, portanto, pontos de partida

para o processo contínuo de melhoria.Embora a base de dados seja pequena,e, portanto, as informações dela extraídasnão possam ser generalizadas, pode-seregistrar resumidamente:• No setor químico-farmacêutico, o

bloco política e liderança exerce um papelcentral na melhoria da ecoeficiência e daecoeficácia. Outros results dependem,mais provavelmente, da implementação;

Figura 2 – Resultado geral da aplicação da ADAA, para um caso hipotético

Figura – Resultado por blocos da aplicação da ADAA, para um caso hipotético

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 520

• no setor têxtil, os blocos política eliderança e avaliação e controle têmimportância semelhante para a melhoriada ecoeficiência e da ecoeficácia.Certamente outros results dependemmais do planejamento.

Para cada setor empresarial estudado,a justificativa para esses resultados podeser encontrada nos fatores internos eexternos que influenciam o desempenhoambiental.

Levando em consideração o resultadogeral, pode-se imaginar um modelo deanálise simplificado, no qual os enablersseriam omitidos, pois, para comparar odesempenho ambiental, bastaria ocupar-se com os results. Isso é mais ou menoso que determina a ISO 14.031 (KUHRE,1998). Entretanto, a análise dacorrelação indica que uma pesquisaabrangente pode oferecer um suporteimportante rumo à sustentabilidade.

A análise qualitativa que acompanhoua aplicação do modelo nas 12 empresasmencionadas tratou de identificar osfatores a exercerem maior influência namelhoria do desempenho ambiental.Nesse sentido, foram analisados osfatores de influência externos e internos(com base nas perguntas qualitativas enos results) que apontaram diferençasentre os dois países e os dois setores etambém se aplicam às empresas asquais possuem unidades em ambos ospaíses. Constatou-se que, apesar dapolítica ambiental comum, existemgrandes diferenças no desempenhoambiental ampliado dessas unidades;por isso, cabe expor, ainda, os principaisfatores de influência detectados,apresentados nas Tabelas 4 e 5.

Nas empresas alemãs foi registradoum forte interesse público, que influi,especialmente, no desempenhoambiental ampliado das empresasquímico-farmacêuticas. Isso contrastacom o Brasil, onde falta interesse dosclientes e do cidadão por uma produção

ecologicamente mais adequada. Esseresultado se reflete, também, namultiplicidade de relatórios ambientais eratings (classificações) na Alemanha, osquais não existem dessa forma no Brasile, com isso, representam um fator deinfluência “a menos“ neste país.

No Brasil se destaca, claramente, umponto negativo: a falta de impulso paraa inovação, em virtude da falta de política

ambiental oficial. Isso contrasta com aAlemanha, onde não só o Estadoprocura impor uma política ambiental,mas também diversas formas deconcorrência (ratings, mercadoinvestidor) servem para dar impulso àsempresas, visando incrementar seudesempenho ambiental.

Embora os fatores de influênciainternos possam ser comparados entre

Tabela 4 – Fatores de influência externos. Pode-se estabelecer relação entre os fatores constantesde uma mesma linha

Tabela 5 – Fatores de influência internos, dispostos de forma a permitir identificar as ligações existentesentre os fatores de uma mesma linha

dezembro 2005 21

si, eles precisam ser interpretados emassociação com o estado atual dodesenvolvimento da gestão ambiental.Nota-se, nesse ponto, certa vantagemdas empresas alemãs em relação àsbrasileiras. As empresas alemãsprocuram melhorar seu desempenhoambiental por meio de soft factors,enquanto as brasileiras trabalham emprimeira linha com hard factors. Essasdiferentes fases de desenvolvimento dagestão ambiental em que as empresasse encontram manifestam-se tambémnos fatores de influência na Alemanha,em comparação com o Brasil.

Observam-se, ainda, diferençasculturais, a saber:• Enquanto na Alemanha a clareza

das tarefas é importante para cada um(poderia ser interpretada comouma comunicação específica, pois acomunicação generalizada já deve tercumprido sua missão), nas empresasbrasileiras uma comunicaçãogeneralizada sobre proteção ambiental esustentabilidade ainda é importante;• enquanto na Alemanha a

transparência dos objetivos e os acordospessoais sobre objetivos sãoimportantes, nas empresas brasileiras

vale uma relação subjetiva, mais“paternal“, entre empregadores eempregados;• nas empresas alemãs a otimização

de processos exerce influência sobre odesempenho ambiental, nas empresasbrasileiras esse desempenho ainda éinfluenciado por perturbações e falhas,resíduos e emissões, bem como pelafalta de controle e avaliação, quer dizer,aspectos ambientais não- resolvidos efragilidades da gestão;• nas empresas brasileiras observa-se

o marketing ambiental como um fator deinfluência positivo. Embora seja eledirigido para fora, para o mercado,acaba refletindo-se internamente naempresa;• o aspecto da necessidade especial

de competência social das pessoas emcargo de chefia e colaboradores dosdepartamentos ambientais foimencionado, exclusivamente, pelasempresas alemãs.

Ao discutir, com as empresasparticipantes, os resultados obtidos coma aplicação do modelo, diversasavaliações positivas foram obtidas. Aprimeira se refere à utilização do modeloPNQ; outra se refere aos critérios do

desempenho ambiental, em relação aosquais a divisão nas três dimensões deanálise foi bem-sucedida, pois permitiuuma comparação diferenciada. Quantoaos objetivos ambientais, verificou-seque, basicamente, as empresas só seorientam pelos objetivos desustentabilidade em casos excepcionais.Alguns potenciais de melhoria domodelo também foram apontados.

BIBLIOGRAFIAASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA NORMASTÉCNICAS. NBR ISSO n. 14.001. São Paulo: ABNT,1996.

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Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 522

COMPOSTAGEMACELERADA: ANÁLISEMICROBIOLÓGICA DO

COMPOSTO

Bárbara R. HeidemannDAQBI/UTFPR/PR, IC

Edilsa R. SilvaDAQBI/UTFPR/PR, PD

[email protected]

Marlene SoaresDAQBI/UTFPR/PR, PD

Valma M. BarbosaDAQBI/UTFPR/PR, PD

RESUMOA compostagem é um processo controlado de degradação microbiológica da matéria orgânica,presente nos resíduos sólidos dispostos por um município. Dividida em duas fases, nas quaisocorrem a degradação e a estabilização do composto, durando, aproximadamente, 120 dias. Paraque a transformação da matéria orgânica em composto não consuma tanto tempo, já existemprocessos de compostagem acelerada. Este trabalho analisa os microrganismos patogênicos ou não,presentes no material (lodo de esgoto da Estação de Tratamento de Esgoto Belém – ETE Belém epoda vegetal triturada), a ser compostado e no já maturado, da empresa Tibagi – Sistemas Ambientais,que utiliza como método acelerado – o processo Kneer®. O método utilizado para indicar ausênciae presença de patógenos foi o Colorimétrico/Enzimático, com o reagente Fluorocult LMX, paracoliformes totais e termotolerantes, e a contagem em placa, com o meio Ágar Enterococos, paraenterococos fecais. Para analisar a biota presente utilizou-se contagem em placa, com o meio PCA,para bactérias, e o meio PDA, para fungos.PALAVRAS-CHAVE

ABSTRACTThe compostagem is a controlled process of microbiological degradation of the organic, presentsubstance in the solid residues made use by a city. It is divided in two phases, in which thedegradation and the stabilization of the composition occur, lasting, approximately 120 days. So thatthe transformation of the organic substance in composition does not consummate as much time,already processes of sped up compostagem exist. This work analyzes the microrganisms, pathogenicor not, gifts in the material (silt of sewer of the Station of Treatment of Wastewater Belém – STWBelém and trims triturated vegetable) to be compostation and in already maturation, of the Tibagicompany – Ambients Systems, that uses as sped up method, the Kneer® process. The usedmethod to indicate absence and presence of pathogens was the Enzymatic/Colorimetric, with thereagent Fluorocult LMX, for total and thermotolerants coliforms, and the counting in plate, with themedia Enterococci Agar, for fecal enterococci. To analyze the microrganisms present, counting inplate was used, with the media PCA, for bacteria, and the media PDA, for fungi.KEY WORDS

Tratamento eDisposicão Final de

Resíduos

dezembro 2005 23

INTRODUÇÃO

Os resíduos sólidos urbanos sãomateriais como alimentos, papéis, metais,plásticos, vidros, entre outros, resultantesda atividade do homem, que nãopodem mais ser, diretamente, utilizadospor este. Várias cidades sofrem com amá disposição desses resíduos, sendofeita, muitas vezes, em lixões a céuaberto, havendo problemas tambémcom a falta de espaço físico para aconstrução de aterros sanitários e com afalta de coleta seletiva.

A partir dessa situação, observou-se anecessidade do desenvolvimento detecnologias para a destinação adequadade resíduos, principalmente dosorgânicos, não-recicláveis. Uma dasopções é a compostagem, processo quejá vem sendo utilizado há muito tempo,porém não de forma controlada.

CompostagemA compostagem é um processo

microbiológico aeróbio e controlado detransformação de resíduos orgânicos emmatéria estabilizada.

A matéria estabilizada se compõe decompostos orgânicos e pode serutilizada como adubo ou fertilizante.

Para o processo de compostagem serbem-sucedido, é necessário que sejamcontrolados os parâmetros físico-químicos como: temperatura, aeração,umidade, pH, relação C/N (carbono/nitrogênio), para os microrganismosencontrarem condições ideais ao seudesenvolvimento.

O controle da temperatura garante odesenvolvimento de uma populaçãomicrobiótica diversificada, assim comoelimina os microrganismos patogênicos.A aeração controlada garante o não-

desenvolvimento de microrganismosanaeróbios e a atividade ótima dosaeróbios. Altos teores de umidadetambém causam anaerobiose no meio, ebaixos teores de umidade inibem aatividade microbiológica, diminuindo ataxa de estabilização. O pH devepermanecer entre 6,5 e 7,5 para atenderàs necessidades tanto de bactériasquanto de fungos. A relação C/N devepermanecer entre 25:1 e 35:1. Nacompostagem com carbono em excesso,a atividade biológica diminui,sensivelmente, por causa da deficiênciade nitrogênio, que é reciclado das célulasde bactérias mortas. Com o excesso denitrogênio, por sua vez, este é eliminadona forma de amônia.

A compostagem é dividida em duasfases: fase de degradação oubioestabilização e fase de maturação ouhumificação.

Na fase de degradação predominamos microrganismos mesófilos. Conformeas reações da biodegradação da matériaorgânica vão ocorrendo, o calor éliberado, diminuindo, assim, a populaçãode mesófilos, proliferando-se com maisintensidade os termófilos. Quando amaior parte do substrato orgânico fortransformada, a temperatura diminui, eos mesófilos voltam a instalar-se.

A bioestabilização duraaproximadamente 90 (noventa) dias.Além da máxima degradação, nesta fasese objetiva a eliminação demicrorganismos patogênicos pela açãoda temperatura. Há grande consumo deoxigênio, necessitando, desse modo, degrande aeração.

Inicia-se, então, a fase de maturação,na qual a degradação e a eliminação depatogênicos continuam. A humificaçãodos materiais ocorre por meio detransformações químicas, observando-se

baixa atividade microbiológica,necessitando-se de menor aeração. Acoloração se torna mais escura, semodor inicial e com aspecto de terramolhada. A maturação tem a duraçãode aproximadamente 30 (trinta) dias.

A fase de maturação é de grandeimportância, pois o composto imaturo,quando aplicado como adubo, pode sertóxico e levar à proliferação demicrorganismos patogênicos, favorecidospelas condições de anaerobiose.

MicrorganismosOs microrganismos, bactérias, fungos

e actinomicetos são os principaisresponsáveis pela transformação damatéria orgânica crua em húmus peloconsumo de micro e macronutrientes.Sabe-se que somente osmicrorganismos são capazes detransformar biologicamente a matériaorgânica crua em húmus, tendo emvista que nenhum processo, querlaboratorial quer industrial, conseguiuproduzir húmus sintético.

As bactérias presentes no material aser compostado são importantes na fasetermófila, principalmente decompondoaçúcares, amidos, proteínas e outroscompostos orgânicos de fácil digestão.Sua função é decompor a matériaorgânica – animal ou vegetal – aumentara disponibilidade de nutrientes, agregarpartículas ao solo e fixar o nitrogênio.

Os fungos são microrganismosfilamentosos, heterotróficos, os quais sedesenvolvem em baixas e altas faixas depH. Sua função é a decomposição emalta temperatura de adubação e fixaçãode nitrogênio.

A Tabela 1, a seguir, demonstra ascaracterísticas dos principais gruposmicrobianos envolvidos no processo decompostagem.

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 524

Compostagem aceleradaEste método de compostagem

esclarecido, com duração de 120 (centoe vinte) dias, é o método natural, ou seja,o resíduo orgânico junto da poda vegetal,por exemplo, é misturado e disposto emum pátio por meio de leiras,permanecendo todo o tempo ali, sendoapenas revirado para a adequadaaeração.

Já o processo acelerado, como opróprio nome diz, tem uma menorduração de tempo. O composto analisadoé proveniente do processo Kneer®, daempresa Tibagi Sistemas Ambientais.

O processo começa quando doissilos são carregados, um com materialportador de carbono (resíduo vegetaltriturado), e o outro com resíduoorgânico (lodo de esgoto) a serdegradado. Os materiais são dosadospelas roscas transportadoras, emproporções definidas por meio de umbalanço de massa prévio. Após adosagem, os materiais seguem para ummisturador no qual sãohomogeneizados para promover maiorcontato entre os mesmos.

Por meio de esteiras, esse material étransportado para um reator biológicodimensionado de forma a promover

ótimas condições de aeração eisolamento térmico. A câmara deinsuflação foi construída de modo a reter,em sua parte superior, o substrato, epermitir, pelas aberturas, a passagem doar por meio da massa em compostagem.O isolamento térmico existente nasparedes laterais do reator é constituído deuma camada de espuma de poliuretano.No topo do reator existe a camada deexaustão, no qual é promovido vácuopara facilitar a aeração e a retirada dosgases provenientes da oxidação biológica.O controle da temperatura é feito poruma termorresistência inserida pela tampado reator.

O processo é controlado por umsoftware, que o divide em duas fases. Aprimeira, a de aumento da temperaturado substrato, o início do processo decompostagem, recebe aeração em umintervalo a variar de 6 (seis) a 30 (trinta)minutos, para concentrações de oxigênionos gases de exaustão superiores a 16%e inferiores a 20%. A segunda, a dedeclínio de temperatura, o intervalo deaeração varia de 30 (trinta) a 60(sessenta) minutos, para concentraçõesde oxigênio superiores a 18% na linhade exaustão.

O sistema de aeração é constituídopor tubulações de insuflação e exaustão,válvulas, mangueiras, conjunto de fixaçãoao reator biológico e biofiltro. Essebiofiltro serve para impedir que os gasesmalcheirosos produzidos durante oprocesso sejam lançados diretamente naatmosfera. Nele ocorre uma série deprincípios físicos, químicos e biológicos ogás em contato com o meio filtrante,promovendo retirada das substânciasgasosas provenientes da oxidaçãobiológica que ocorre no interior doreator. Possui as mesmas característicasconstrutivas do reator, porém écarregado com composto maturado.

Os reatores possuem, em sua parteinferior, uma linha de drenagem do

Tabela 1 – Características dos principais grupos microbianos envolvidos no processo de compostagem.

Fonte: Nassu (2003)

dezembro 2005 25

chorume produzido, o que permite suaretirada por gravidade, armazenagem eposterior reciclo.

Ao final do processo, o reator édescarregado pela abertura da portafrontal, em sua base é instalado umpistão hidráulico que promove inclinaçãonecessária para o descarregamento domaterial no pátio de cura.

O material fica 14 (quatorze) dias noreator e mais 14 dias no pátio.

Lodo de esgotoO lodo de esgoto é o resíduo gerado

no tratamento das águas residuáriasurbanas (esgoto). Essas são tratadascom a finalidade de reduzir sua cargapoluidora para garantir seu retorno aoambiente sem causar degradaçãoambiental.

OBJETIVO O objetivo do presente trabalho foi

verificar a eficiência do Sistema Kneer®de compostagem acelerada, alimentandoo reator com a mistura de poda vegetale lodo proveniente da Estação deTratamento de Esgoto Belém (ETEBelém), na proporção de 3:1 (três

partes de poda para uma parte delodo), no que diz respeito à eliminaçãode microrganismos patogênicos.

METODOLOGIA Após o reator ser alimentado,

amostras foram retiradas nos dias 0, 3,7, 11, 14, 28 e 32, do tempo em que omaterial permaneceu no reator e nopátio de compostagem. Essas amostrasforam retiradas conforme a NBRn. 10.007, e transportadas para olaboratório do CEFET-PR em uma caixade isopor com gelo.

Para a análise de microrganismos(coliformes totais, termotolerantes,enterococos fecais, bactériasheterotróficas e fungos e leveduras),foram realizadas diluições de 30 (trinta)gramas da amostra, de 10-1 a 10-6, emsolução salina 0,9%.

A presença ou ausência decoliformes totais e termotolerantesrealizada pelo Método Colorimétrico/Enzimático, adicionando o reagenteFluorocult LMX a 100 mL da diluição10-6. Verificou-se mudança de cor paracoliformes totais e fluorescência paratermotolerantes.

Inoculou-se 1 mL da diluição 10-6 emÁgar Enterococos para determinar apresença e quantidade de enterococosfecais; 0,1 mL da mesma diluição emPCA, para indicar a quantidade debactérias heterotróficas e 0,1 mL damesma diluição em PDA, para determinara quantidade de fungos e leveduras.Estas três determinações foram feitas pelatécnica do espalhamento em placas dePetri.

Todos os experimentos foramrealizados em triplicata e analisadas duasbateladas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados das análises

microbiológicas estão expressos nastabelas abaixo:

Os resultados encontrados paracoliformes totais e termotolerantesdemonstram que a compostagemocorreu de maneira esperada. Pode-seconsiderar o mesmo para osEnterococos Fecais. A análise debactérias, fungos e leveduras foi realizadapara confirmar a presença dos mesmosno material antes de ser degradado e,posteriormente, como composto.

Tabela 2. Resultados das análises da batelada 1 Tabela 3. Resultados das análises da batelada 2

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 526

CONCLUSÃO A compostagem é uma alternativa

apropriada de disposição final deresíduos sólidos orgânicos. Para que ocomposto formado seja de boaqualidade ou para haver melhorescondições do processo decompostagem, a coleta seletivaadequada dos resíduos sólidos urbanos,separando os recicláveis dos orgânicos,faz-se necessária.

A principal apreensão, no que dizrespeito a microrganismos no composto,é a eliminação dos patogênicos. Essapode se feita com um ótimo controle defatores físico-químicos, durante oprocesso de compostagem.

As análises da quantidade debactérias, fungos e levedurasconfirmaram a biota existente nomaterial, tanto em fase termófila quantona fase mesófila.

A compostagem acelerada semostrou um excelente método detransformação de matéria orgânica emadubo orgânico, desde que realizada deforma controlada.

BIBLIOGRAFIAANDREOLI, C.; PEGORINI, E. Gestão pública doGestão pública doGestão pública doGestão pública doGestão pública douso agrícola de lodo de esgotouso agrícola de lodo de esgotouso agrícola de lodo de esgotouso agrícola de lodo de esgotouso agrícola de lodo de esgoto;

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dezembro 2005 27

APLICAÇÃO DE ZEÓLITANATURAL ESCOLECITANA REMOÇÃO DECd 2+, Cr 3+ E Pb 2+

DE SOLUÇÕES AQUOSASEM DIFERENTESVALORES DE PH

Karla Carolina SaquetoUGR, DQ-UFSCAR, [email protected]

Ana Marta Ribeiro MachadoUGR-UFSCAR, PD

Nemésio Neves Batista SalvadorUGR-UFSCAR, PD

RESUMOEfluentes aquosos industriais são as principais causas de contaminação das águas com metaispesados. Diante de uma legislação cada vez mais rígida com o descarte desses metais, o desenvol-vimento de procedimentos eficientes e de baixo custo para o tratamento de efluentes contendometais pesados tornam-se de grande interesse. Este estudo avalia a capacidade da zeólita naturalescolecita na retenção dos cátions de cromo (III), cádmio (II) e de chumbo (II) em solução aquosa,variando o pH (3, 4 e 5) e o tempo de contato (3, 9 e 24 horas). A zeólita natural escolecita mostraa habilidade de reter os íons metálicos na seguinte ordem: Cr(III) = Cd(II) > Pb(II). Cr(III) e o Cd(II)foram totalmente adsorvidos. Os resultados demonstraram uma elevada eficiência de remoção dosmetais pesados pela escolecita, aliado ao fato de esta zeólita ocorrer em abundância e de não serimpactante ao meio ambiente.PALAVRAS-CHAVE

ABSTRACTDuring recent years stringent regulations of wastewater discharge into aquatic bodies have beenimposed. Removal of contaminants, as heavy metals, is one of the fundamental goal in wastetreatment. In order to achieve efficient cost effective technology, natural materials as zeolites aregenerally been applied is wastewater treatment to remove pollutants. The present study consists inevaluating the scolecite zeolite efficiency in removing chromium(III), cadmium(II) and lead(II) fromaqueous solutions at pH conditions of 3, 4, 5 and contact time of 3, 9, 24 hours. The natural zeoliteshowed the ability to take up the tested heavy metals in the order Cr(III) = Cd(II) > Pb(II). Cr(III) andCd(II) were totally adsorbed. These results demonstrate that scolecite can be used for removal ofheavy metals from aqueous effluents, under optimized conditions.KEY WORDS

Tratamento eDisposicão Final deResíduos

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 528

INTRODUÇÃO Os efluentes industriais são as

principais causas de contaminação daságuas com metais potencialmentetóxicos. Como esses metais sãobiocumulativos, há uma crescenteexigência por parte da sociedade e dosórgãos públicos, no sentido de haverdiminuição dessa contaminação, aosníveis toleráveis pelos organismossujeitos ao contato com taiscontaminantes e, conseqüentemente,uma tendência em se aprovar umalegislação ambiental cada vez maisrigorosa.

Metais pesados como o cromo, oníquel, o cádmio, o chumbo e o zincosão largamente empregados nasindústrias. É importante salientar que elasnão são as únicas responsáveis peloquadro atual de contaminação doambiente por substâncias tóxicas. Asuniversidades, escolas e institutos depesquisa correspondem a,aproximadamente, 1% da produção deresíduos em países desenvolvidos comoos Estados Unidos. Considerando queessas instituições exercem papelfundamental quando avaliam osimpactos ambientais provocados poroutras unidades geradoras de resíduos,é necessário que tratem adequadamenteseus rejeitos, a fim de não veremmitigada sua credibilidade perante asociedade e os órgãos públicoscompetentes.

Metais pesados em excesso podemcausar muitas doenças e sériosproblemas fisiológicos, já que sãoacumulativos no corpo humano. Osresíduos contendo cádmio, cromo,manganês e níquel possuem alto poderde contaminação e, com facilidade,atingem os lençóis freáticos ou mesmoreservatórios e rios, os quais são asfontes de abastecimento de água dascidades.

Visando à redução do impactoambiental causado com o descarte deefluentes contaminados com metaispesados, métodos alternativos de baixocusto e mais eficientes no tratamento deáguas e despejos têm sidodesenvolvidos como, por exemplo, aeletrodiálise, a osmose reversa, aultrafiltração, a adsorção em materiaisnaturais, a promoverem a retençãoseletiva e reversível de cátions metálicos eresinas de troca iônica.

As resinas troca-iônicas são muitousadas nas indústrias para a remoçãode íons em água potável ou em águasde caldeira e na purificação desubstâncias orgânicas e inorgânicas.Entretanto, a utilização desse material notratamento de efluentes com metaispesados é economicamente inviável.Desse modo, várias pesquisas vêmsendo desenvolvidas com o objetivo deempregar-se trocadores iônicos naturais,como, por exemplo, aluminossilicatos, osquais apresentam baixo custo, altadisponibilidade.

A sílica ocorre na natureza com afórmula empírica aproximadamente iguala (SiO2). A substituição parcial deátomos de silício por alumínio dá origemao grupo dos aluminossilicatos. Osprincipais componentes desse grupo sãoas argilas e as zeólitas. Como o alumínio

apresenta valência (3+) menor do que ado silício (4+), a estrutura doaluminossilicato apresenta uma carganegativa para cada átomo de alumínio.Essa carga é balanceada por cátionsalcalinos ou alcalino-terrosos, chamadosde cátions de compensação, intersticiaisou trocáveis, normalmente o Na+, K+ ouCa2+, livres para se moverem nos canaisda rede e poderem ser trocados poroutros cátions em solução.

A família das zeólitas pode serdistinguida dos demais aluminossilicatospela presença de moléculas de água e,também, por causa de suas estruturascaracterísticas.

Atualmente, 40 espécies de zeólitasnaturais foram identificadas e mais de150 foram sintetizadas. As sintéticas – aszeólitas A, X, Y, L, F e ZSM-5, são utilizadascomo catalisadores em virtude de suagrande uniformidade na composição eelevado teor de pureza. As zeólitasnaturais são utilizadas, principalmente, notratamento de efluentes, no qual uma altapureza não é um fator tãopreponderante quanto nos processoscatalíticos.

A estrutura apresenta uma porosidaderegular de dimensões comparáveis às dasmoléculas orgânicas, sendo as aberturasdos poros variáveis de 3 a 10 Å,conforme o tipo de estrutura (Figura 1).

Figura 1 – Exemplos de zeólitas

dezembro 2005 29

As zeólitas são minerais formadospor uma estrutura tridimensional detetraedros de SiO4 e AlO4 conectadospelos átomos de oxigênio nos vértices,possuidoras de cavidades e canaisregulares e de tamanho molecular, nosquais pode haver movimentação demoléculas de água. Odesbalanceamento de cargas provocadopelo Al estrutural, trivalente, écompensado por cátions de metaisalcalinos alcalinos (Na+, K+, Rb+, Cs+) ealcalinos terrosos (Mg2+, Ca2+), NH4

+,H3O

+, TMA+ (tetrametilamônio) e outroscátions nitrogenados, terras raras emetais nobres. Essa condição confere àszeólitas a propriedade de troca iônica.Além disso, as zeólitas possuem umaelevada superfície específica interna porcausa da porosidade da rede,característica indispensável para uma altacapacidade de troca iônica. O processode troca iônica ocorre entre duas oumais fases. A transferência de íons deuma fase para outra depende daeletroneutralidade e é regulada pelaconcentração dos íons em ambas asfases e pela seletividade que a zeólitaapresenta sobre os íons.

Sua composição pode serrepresentada genericamente porMx/nAlxSiyO2(x+y).wH2O, em que M é umcátion de valência n e (x+y)corresponde ao total de tetraedros nacela unitária da zeólita. O processo detroca iônica está diretamente relacionadoà substituição dos cátions intersticiais Mpor cátions da solução. Ocomportamento da troca iônica naszeólitas depende basicamente dosseguintes fatores: natureza das espéciescatiônicas (tamanho, carga e grau dehidratação); temperatura; concentraçãodas espécies catiônicas na solução;espécies aniônicas associadas aoscátions em solução; solvente empregado(na grande maioria dos casos, a trocaiônica ocorre em solução aquosa,

embora alguns trabalhos tenham sidorealizados utilizando-se solventesorgânicos) e característica estrutural dazeólita em questão.

No município de Morro Reuter, noestado do Rio Grande do Sul, éencontrada a zeólita escolecita comoespécie mais abundante, conformeanálises realizadas por difratometria deraios X. A escolecita foi descritaprimeiramente por Pauling e Taylor, em1930. Esse minério se caracteriza por seruma zeólita microporosa, cujasdimensões dos canais são de2,6 x 3,9 Å. Apresenta a fórmula químicaNa0,3Ca1,0Al2,0Si 3,0O10.3H2O (composição -5,32% Na2O, 9,63% CaO, 26,26% Al2O3,46,42% SiO2, 12,37% H2O) ecapacidade de troca iônica nominal de5,01equiv kg-1.

OBJETIVOS Desenvolver e implantar um método

viável para o tratamento de resíduoscontendo metais pesados em baixasconcentrações, gerados nos laboratóriosde ensino e pesquisa da UniversidadeFederal de São Carlos, utilizando a zeólitanatural escolecita, tendo em vista o efeitodo pH no processo de adsorção.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da escolecitaFoi realizada a caracterização da

zeólita natural escolecita por difração deraios-X (Diffractometer D5000Alemanhão/ SiemensAXS). Utilizou-se,para essa análise, a escolecita com0,25 mm de diâmetro.

Reagentes utilizadosOs metais utilizados foram todos em

forma de seus respectivos nitratos: o

cromo(III) - Cr(NO3)3.9H2O, ocádmio(II) – Cd(NO3)2.4H2O, e ochumbo(II) -Pb(NO3)2.

Para acidificar as soluções contendoíons de chumbo e de cádmio usou-seuma solução diluída de ácido nítrico, e,para acidificar as soluções contendoíons de cromo, utilizou-se uma soluçãodiluída de ácido clorídrico. Paraaumentar o pH das soluções, usou-sehidróxido de sódio diluído.

Processo extrativoAs operações de troca iônica foram

conduzidas de forma descontínua.Nesse processo o adsorvedor foiagitado constantemente com a soluçãocontendo o metal pesado.

• Influência do tempo X pHO efeito do pH na adsorção dos

metais foi testado à temperaturaambiente, ajustando o pH para 3,0, 4,0e 5,0 pela adição de soluções 0,1 molL-1

de NaOH, HNO3 ou HCl, na soluçãoaquosa contendo o íon metálico, sendoos íons metálicos adsorvidosisoladamente (soluçõesmonoelementares).

Utilizou-se 2,0 g de escolecita em pó(com aproximadamente 0,100 mm dediâmetro) em 60 mL de solução, comconcentração 50 mgL-1 do metal (Cd2+,

Cr3+ e Pb2+). As medidas de pH dassoluções foram realizadas com umpHmetro digital (CORNING).

Após intervalos de 3, 9 e 24 horas,foram retiradas alíquotas de 15 mL domeio reacional, com o auxílio de umaseringa. Separou-se a fase líquida dasólida, centrifugando-se a solução logoapós a coleta.

• Quantificação dos metaisA quantificação dos metais em

solução foi realizada por meio de umespectrofotômetro de absorção atômica– Varian modelo Gemini – as medidasforam realizadas antes e após otratamento com o material absorvente,

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 530

para monitoramento da eficiência deremoção de íons metálicos dos resíduosde laboratórios.

RESULTADOS

Caracterização da Zeólita

Composição mineralógicaO difratograma de raios-X da

escolecita está ilustrado na Figura 2;nesse gráfico, a escolecita utilizada neste

Tabela 1 – pH X tempo decontato indicando o porcentual deretenção (%) do íon chumbo(II),dados utilizados para elaboraçãodos gráficos 7, 8 e 9.

Figura 2 – Difratograma deraios-X da Escolecita

estudo foi comparada com umaescolecita de ficha 26-1048, contida nosoftware do aparelho de difração deraios-X, comprovando que o materialanalisado é, de fato, escolecita comfórmula química Ca1,0Al2,0Si 3,0O10.3H2O ealto grau de pureza.

Processo extrativo em relação ao pH

Quantificação dos metaisAs análises foram realizadas

igualmente para os três metais, porém otratamento dos dados obtidos

enfocaram, principalmente, o íonchumbo(II), pois os íons cromo(III) e osíons cádmio(II) foram totalmente retidospela escolecita nos três valores de pH.

A Tabela 1 resume os dados deretenção (%) encontrados durante oprocesso de adsorção dos íonschumbo(II).

A influência do pH para os metaiscádmio(II), cromo(III) e chumbo(II) estárepresentada nas figuras 3, 4 e 5. AFigura 3 ilustra os resultados obtidosapós 3 horas de agitação para aadsorção dos íons metálicos.

dezembro 2005 31

Figura 3 – Influência do pH naadsorção dos metais comtempo de contato de 3 horas

Figura 4 – Influência do pH naadsorção dos metais comtempo de contato de 9 horas

Figura 5 – Influência do pH naadsorção dos metais comtempo de contato de 24 horas

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 532

Cinética de adsorçãoA cinética de adsorção é representada

pela Figura 6.Observou-se que para os três valores

de pH a capacidade de troca iônica foimelhor no tempo de 3 horas, ou seja, otempo ótimo para adsorção é o de 3horas.

Houve uma dessorção dos íons dechumbo com o aumento do tempo.Com 9 horas de agitação ocorreu, emgeral, uma alta dessorção do cátionPb(II), exceto em pH 3 cuja, queda foimenos acentuada.

Em tempo de 24 horas ocorreunovamente um aumento da retenção eevidenciando um ciclo, cujo cátionmetálico ora se encontra em solução,ora retido na estrutura zeolítica.

DISCUSSÃO Os testes de troca iônica indicaram

um elevado poder de adsorção daescolecita. Os íons de cromo e de

cádmio foram adsorvidos totalmentepela zeólita natural escolecita, tendo100% de retenção para todos ospontos estudados – isto foi possível emrazão da alta pureza da zeólita utilizada,ao pequeno diâmetro dos grânulos daescolecita, e a agitação intensa que foisubmetida ao processo de troca iônica.

A diferença de comportamentoobservada no processo de troca iônicacom os diferentes metais pode seravaliada em função do tamanho e dacarga dos cátions e da estrutura dazeólita. Os raios dos cátions hidratadossão de 4,01 Å para o Pb(II), 4,26 Åpara o Cd(II), e 4,61 Å para o Cr(III),enquanto as dimensões dos poros daescolecita são de 2,6 x 3,9 Å. Portanto, ainteração dos cátions metálicoshidratados com os sítios de trocasituados, no interior dos poros da zeólitasó pode ocorrer mediante a remoção departe das moléculas de água quecompõem sua estrutura.

O íon cromo(III) foi adsorvido emgrande quantidade, indicando que nem

todos os cátions trivalentes estãoocupando três sítios de trocamonovalentes na superfície do sólido.

Avaliando as curvas de adsorção,percebe-se que para o íon chumbo(II)há uma crescente retenção, conformeocorre a diminuição de pH. Observa-seque a remoção é favorecida em pH 3,0,pois, com o aumento do pH, temosuma tendência acentuada de reduçãona solubilidade desse metal no meioaquoso.

É sabido que os aluminossilicatosnão devem ser empregados em pHextremamente ácidos, exceto porperíodos de tempo muito curtos. Aprotonação da camada octaédrica éseguida pela lenta hidrólise daestrutura de alumínio que acarreta aperda gradual da capacidade de trocacatiônica e, em alguns casos, ocolapso da estrutura. Por esse fator,considera-se que o pH ideal paraadsorção do cátion Pb(II) seja emtorno de 3, não empregando valoresmais baixos.

Figura 6 – Cinética deadsorção do Pb(II)

dezembro 2005 33

Para o intervalo de pH estudado, nãofoi observada a precipitação dos metaiscomo hidróxido, indicando que oprocesso de remoção ocorreu por ummecanismo de troca iônica.

CONCLUSÃO A escolecita apresentou uma elevada

eficiência de adsorção dos cátions Cd(II),Pb(II) e Cr(III). O pH tem um impactosignificante na remoção dos metais porzeólitas, já que pode influenciar nocaráter dos íons trocáveis e no daprópria zeólita. Para os íons cromo(III) eos íons cádmio(II) a adsorção semanteve em 100% em todos os valoresde pH.

A elevada eficiência de remoção dosmetais pesados pela escolecita, aliada aofato de a zeólita ocorrer em abundânciae não ser impactante ao meio ambiente,comprova a potencialidade deste material,podendo, dessa forma, ser empregadoem diversos tipos de tratamentos deresíduos dos laboratórios dasuniversidades, como em sua potencialaplicação em vários campos da proteçãoambiental.

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AGRADECIMENTOSAgradecemos à Fapesp (Iniciação

Científica – Processo n. 05/56802-1). AoMuseu de Geologia do governo doParaná pela escolecita.

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 534

AUDITORIA DECONFORMIDADE

AMBIENTAL E LEGALCOMO INSTRUMENTO

DE GESTÃO NAINDÚSTRIA – UM

ESTUDO DE CASO SOBREAUDITORIA AMBIENTALEM UMA REFINARIA DE

PETRÓLEO

Leonardo Masseli DutraCA/Unitau, PG

[email protected]

Márcio J. Estefano de OliveiraCA/Unitau/Unesp, PD

[email protected]

RESUMOO presente trabalho apresenta uma proposta para utilização de auditorias de conformidade legalcomo instrumento de gestão em refinarias de petróleo. A partir do levantamento da legislaçãobrasileira sobre auditoria ambiental em esfera federal, estadual e municipal, aplicável a refinarias depetróleo, foi realizada a análise dos parâmetros legais os quais norteiam essa atividade. Além de umavantagem enorme oferecida em relação à prevenção, a auditoria de conformidade legal oferece auma refinaria uma margem razoável de segurança relacionada aos riscos ao meio ambiente, já que alei nada mais é do que uma padronização de poderes e deveres. A proposta é serem seguidos váriositens da legislação brasileira, aplicável às refinarias, durante a auditoria, de modo que a unidade a serauditada possa fazer do processo de auditoria, e, muitas vezes, estas auditorias são compulsórias,uma oportunidade de melhorar sua gestão ambiental, pelo conceito da melhoria contínua.PALAVRAS-CHAVE

ABSTRACTThis study presents a proposal of using legal conformity audits as a management tool at petroleumrefinery facilities. All federal, state and city’s brazilian regulations regarding to environmental audit,applicable to petroleum refinery facilities have being studied, analyzed and cross checked. Besidesthe advantage regarding to prevention, the legal conformity audit provides to petroleum refineryfacilities a good safety margin related to environmental risks, since the law is no more than astandardization of power and responsibility. The huge amount of accidents on the petroleumindustry has pushed this segment to adequate itself more and more to the environmental regulations.This study intends to contribute this industry segment on its interest of fitting within the environmentalregulations standards. The proposal is to follow several items applicable to petroleum refinery on thebrazilian regulation during the audit, aiming to improve the company’s environmental management.KEY WORDS

Direito Ambiental

dezembro 2005 35

INTRODUÇÃO A legislação evolui constantemente,

mas, nas últimas décadas, esse processose acelerou em velocidade igual oumaior que a própria evolução dasociedade, como conseqüência lógicados próprios sistemas criados pelasociedade. A legislação ambiental não édiferente, quanto mais produção maior anecessidade de controle pela lei.

Os administradores empresariais, apartir de 1998, com a vigência da lei decrimes ambientais, foram forçados a umacorrida pela conformidade legal emrelação ao meio ambiente, já que a partirde então, além de gerar multa, agressõesao meio ambiente, davam cadeia.

Quando se fala em controle pela lei,não se refere a diretrizes a seremseguidas simplesmente, mas de deveresa serem rigorosamente cumpridos parao exercício da atividade produtiva, ouseja, da atividade industrial. Assim, aconformidade legal com normasambientais da atividade industrial, hoje,não é apenas um item a ser cumprido,mas uma questão de sobrevivência.

Nas atividades com petróleo, maisespecificamente em refinarias, tem-seatualmente, um universo muitocomplexo de leis e normas sem as quaisuma unidade de refino de petróleosimplesmente não funciona. Em virtudedo histórico ambiental trágico dessaatividade e seu grande potencialpoluidor, as atividades de refino depetróleo têm sido alvo de leis cada vezmais rígidas, obrigando seus gestores aadaptarem-se aos mecanismos decontrole do setor. Nesse contexto, aauditoria surge como uma lupa para os

órgãos de fiscalização, permitindo ver deperto as condições ambientais daempresa.

Forçados pela lei e vigiados pelosentes públicos, incluindo-se aqui oMinistério Público e a sociedade, aauditoria ambiental, tanto voluntáriaquanto compulsória, tornou-seinstrumento imprescindível de gestãoambiental em refinarias.

O controle a ser exercido pelo poderpúblico pelas auditorias ambientaistornou-se uma ferramenta útil em suasatividades de rotina.

Pelas dificuldades encontradas poresses órgãos para exercer as rotinas defiscalização e controle as quais seriaminerentes à sua atividade de órgãoregulador, justificada pela falta derecursos humanos e financeiros namaioria desses órgãos, e baseados naexperiência internacional, algunsgovernos estaduais e municipaisbrasileiros passaram a exigir a realizaçãode auditorias ambientais em indústriaspotencialmente poluidoras e comreconhecida capacidade financeira parase adequarem, e o termo“potencialmente poluidoras” atingiu,principalmente, as atividades competróleo.

Assim, sob a ótica dessa tendênciado controle legal pelas auditorias, opresente trabalho realiza estudoabordando a auditoria ambiental emrefinarias de petróleo, baseado emconformidade legal com as normasambientais vigentes, legislação aplicável eparâmetros por ela impostos, verificandoos riscos ambientais envolvidos, asprincipais fontes de não-conformidade,as oportunidades de melhoria, dentre

outros aspectos pertinentes à questãoambiental.

MATERIAL E MÉTODOSA pesquisa foi desenvolvida em

análise documental, executada a partirda análise das leis ambientais sobreauditoria aplicáveis a uma refinaria depetróleo, bem como da literaturadisponível.

Realizou-se levantamento de leismunicipais, estaduais e federais aenvolverem auditoria ambiental emrefinarias de petróleo.

Analisaram-se os parâmetros dasnormas estudadas, comparando-as. Apartir dessa análise elaborou-se uma listade itens relacionados com a legislação.

Foi feito um estudo de caso,utilizando-se um relatório de umaauditoria realizada na Refinaria Duquede Caxias-RJ (REDUC) em dezembro de2003, tomando-se como base as não-conformidades encontradas na ocasião,de maneira a demonstrar os benefíciosque a auditoria ambiental traz (BASTOS,2003).

REVISÃO BIBLIOGRÁFICAEm geral, a literatura sobre auditoria

ambiental aponta os Estados Unidoscomo o país pioneiro em seudesenvolvimento. Apesar da existência dealguma controvérsia na literatura norte-americana a respeito do início dosprimeiros programas de auditoriaambiental, alguns trabalhos indicam queela já estava sendo praticada

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 536

janeiro de 2000, e a Resolução n. 306,de 5 de junho de 2002, que acomplementa (criada por força da LeiFederal n. 9.966 de 28 de abril de 2000);2) a Resolução n. 007/2001, de 2 deagosto de 2001, do Conselho Estadualdo Meio Ambiente – CEMA, do estado doParaná; 3) a Lei n. 1.898 de 26 denovembro de 1991, do estado Rio deJaneiro, regulamentada pela diretriz DZ 56.

A seguir, estuda-se o quadro legalacima mencionado.

A Lei Federal n. 9.966, de 28 de abrilde 2000, que dispõe sobre a prevenção,o controle e a fiscalização da poluiçãocausada por lançamento de óleo e outrassubstâncias nocivas ou perigosas emáguas sob jurisdição nacional e dá outrasprovidências, prevê, em seu artigo 9º “Asentidades exploradoras de portosorganizados e instalações portuárias eos proprietários ou operadores deplataformas e suas instalações de apoiodeverão realizar auditorias ambientaisbienais, independentes, com o objetivode avaliar os sistemas de gestão econtrole ambiental em suas unidades”(BRASIL, 2000).

Antes da legislação federal citada jáexistia a Constituição Estadual do Rio deJaneiro, em seu artigo 258, § 10, item XI,determinava a realização periódica deauditorias, incluindo a avaliação detalhadados efeitos de sua operação sobre aqualidade física, química e biológica dosrecursos ambientais.

Também no Rio de Janeiro a Lein. 1.898, de 26 de novembro de 1991,trata especificamente sobre auditoriaambiental e é o primeiro dispositivo legala citar o assunto, ou seja, auditoriaambiental em refinarias de petróleo.Dentre outros aspectos abrange aavaliação das condições de operação ede manutenção dos equipamentos esistemas de controle de poluição; dasmedidas a serem tomadas para restauraro meio ambiente e proteger a saúde

voluntariamente naquele país poralgumas grandes corporações no início emeados da década de 70. De acordocom essas fontes, a mesma foidesenvolvida por essas empresas comouma das iniciativas destinadas a auxiliá-las na avaliação e aprimoramento documprimento do crescente número deleis ambientais promulgadas nos EstadosUnidos desde o final da década de 60(SALES, 2001).

A implementação de um sistema degestão ambiental implica melhoriacontínua deste sistema e,conseqüentemente, do desempenhoambiental da atividade, identificandopontos de risco e oportunidades demelhoria. Um sistema de gestãoambiental passa por cinco pontos:1 – Um sistema coerente com a políticaambiental; 2 – Planos de ação queatendam a essa política;3 – Implementação de ferramentasnecessárias à sustentabilidade dosistema; 4 – Avaliação periódica daconformidade do sistema e 5 – Análisecrítica visando à melhoria contínua. Noteque os pontos 4 e 5 não têm comoserem praticados sem a realização deuma auditoria. Por vezes, a auditoriaambiental é confundida com diagnóstico,revisão ou consultoria ambiental.Entretanto, a auditoria ambiental não seconfunde com os estudos de impactoambiental, estudos de risco, ou qualqueroutro instrumento de gestão ambiental(LEPAGE-JESSUA, 1992).

A International Standard Organization(ISO) define sistemas de gestãoambiental como sendo a estrutura,responsabilidades, práticas,procedimentos, processos e recursospara implementar e manter a gestãoambiental e, esta é definida como sendoparte de toda a função gerencial de umaorganização que desenvolve,implementa, executa, revê e mantém suapolítica ambiental (ABNT, 2002).

AUDITORIA AMBIENTAL ELEGISLAÇÃO Como os recursos ambientais

envolvem interesses difusos e, portanto,de todos, a participação da sociedadeem todos os níveis, na administraçãodesses, na prevenção dos danosambientais e na preocupação com ospadrões de produção e consumo sãoindispensáveis e decisivos para a defesados recursos naturais. Tal premissa foi,inclusive, contemplada na ConstituiçãoFederal brasileira, promulgada em 1988,a qual, no capítulo dedicado à matériaambiental estabelece, em seu artigo 225,não caber só ao Estado, mas também atoda a sociedade o poder e o dever dedefender e preservar o meio ambiente.Ocorre que por causa desta pluralidadede interesses há muita ocorrência de leissuperpostas, isto é, a tratarem domesmo assunto, em âmbito federal,estadual ou municipal.

No entanto, a Constituição Federal doBrasil, promulgada em 1988, delimita ascompetências, asseverando, em seuartigo 23, ser competência comum daUnião, dos estados, do Distrito Federal edos municípios “proteger” o meioambiente e combater a poluição emqualquer de suas formas. Porém, opoder de “legislar” sobre proteção aomeio ambiente e controle de poluição ésomente delegado à União e aosestados concorrentemente, conformeprevisto no artigo 24.

Atualmente, pelo elevado potencialpoluidor que apresentam as atividadesrelacionadas com exploração e refino depetróleo, existe legislação específica sobrerealização de auditorias compulsórias emvários estados e municípios do Brasil.

Dentre elas, por serem as maisrestritivas, ou seja, por imporem critériosmais rígidos, destacam-se: 1) aResolução CONAMA n. 265, de 27 de

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humana e da capacitação dosresponsáveis pela operação emanutenção dos sistemas, rotinas,instalações e equipamentos de proteçãodo meio ambiente e da saúde dostrabalhadores (RIO DE JANEIRO, 1991).

É a primeira lei a fixar auditoriasambientais anuais para as refinarias.Estabelece, de maneira abrangente, asdiretrizes para a realização de auditoriasambientais, determinado a avaliação dosimpactos, planos de emergência,atendimento às normas e saúde dostrabalhadores e população vizinha (RIODE JANEIRO, 1991).

Note-se que aqui, antes mesmo davigência da Lei Federal n. 9.966, de 28de abril de 2000, que obriga auditoriasbienais, as refinarias de petróleo noestado do Rio de Janeiro já estavamobrigadas a auditorias ambientais anuaise, mesmo com a vigência posterior da leifederal, a lei estadual não foi revogada,pois é mais restritiva.

Nesse cenário da legislação no país,outras leis, em âmbito federal e estadual,começaram a surgir, regulando afreqüência e os requisitos de umaauditoria ambiental. O que desencadeouesse processo foi a Resolução CONAMAn. 265. O acidente na baía deGuanabara em janeiro de 2000 foi ogrande vetor dessa mudança.

A Resolução CONAMA n. 265, de 27de janeiro de 2000, assim dispõe:

“Considerando a necessidade decolher lições do grave derramamento deóleo ocorrido na Baía de Guanabaranos últimos dias, (...), resolve:

Art. 10 Determinar ao InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente-IBAMA e aosórgãos estaduais de meio ambiente,com o acompanhamento dos órgãosmunicipais de meio ambiente e entidadesambientalistas não governamentais, aavaliação, no prazo de 240 dias, sob asupervisão do Ministério do MeioAmbiente, das ações de controle e

prevenção e do processo delicenciamento ambiental das instalaçõesindustriais de petróleo e derivadoslocalizadas no território nacional.

Art. 20 Determinar à Petrobrás arealização, no prazo de 6 meses, deauditoria ambiental independente emtodas as suas instalações industriais,marítimas e terrestres, de petróleo ederivados, localizadas no Estado do Riode Janeiro.

Art. 30 A – Petrobrás e as demaisempresas com atividades na área depetróleo e derivados deverão apresentarpara análise e deliberação do CONAMA,no prazo máximo de 180 dias,programa de trabalho e respectivocronograma para a realização deauditorias ambientais independentes emsuas instalações industriais de petróleo ederivados localizadas no territórionacional.” (CONAMA, 2000)

Ressalta-se a importância que aauditoria ambiental como instrumentode gestão e diagnóstico ambientalganha, notadamente, pelo gravederramamento de óleo ocorrido na baíade Guanabara. Não foi só por isso, mas,sem dúvida, esse foi elemento bastanteimportante. Então, a partir do ano 2000,a auditoria ambiental começa a ganhargrande importância como instrumentode controle, atuando como umdiagnóstico fiscalizador da “situaçãoambiental” em que se encontra oempreendimento auditado.Especificamente no setor de petróleoligado a dispositivos legais, a indústria dopetróleo é pioneira no uso desseinstrumento em razão de ser umaatividade econômica de alto risco.

Em 2002 o CONAMA, considerandoa necessidade de disciplinar o artigo 90,da Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000,que trata da realização de auditoriasambientais bienais no âmbito dasentidades exploradoras das atividadespetrolíferas, edita a Resolução n. 306, e

estabelece os requisitos mínimos e otermo de referência para realização deauditorias ambientais, objetivando avaliaros sistemas de gestão e controleambiental nos portos organizados einstalações portuárias, plataformas esuas instalações de apoio e refinarias,tendo em vista o cumprimento dalegislação vigente e do licenciamentoambiental (CONAMA, 2002).

Mais recentemente, a Portaria doMinistério do Meio Ambiente n. 319, de15 de agosto de 2003, define requisitosmínimos para o profissional que realiza aauditoria ambiental, definindo auditoriaambiental como sendo “o processosistemático e documentado deverificação, executado para obter eavaliar, de forma objetiva, evidênciasque determinem se as atividades,eventos, sistemas de gestão e condiçõesambientais especificados ou asinformações relacionadas a estes, estãoem conformidade com os critérios deauditoria estabelecidos na ResoluçãoCONAMA n. 306, de 2002, e paracomunicar os resultados desteprocesso” (BRASIL, 2003).

RESULTADOComo resultado do presente estudo

tem-se o levantamento da maior parteda legislação no que tange ao temaauditoria ambiental em refinarias depetróleo e, a partir disto, umademonstração, por meio do estudo decaso, de como a conformidade legalimpacta a atividade produtiva.

No estudo de caso realizado, aoconsiderar-se a fiscalização ambiental, nomáximo de seu rigor, o que geralmenteocorre somente em caos extremos dereincidência, aplicasse todas as multasprevistas na legislação, chegar-se-iafacilmente a um valor não-inferior a R$10.000.000,00 (dez milhões de reais),

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 538

relativos a infrações à legislaçãoambiental.

Como benefício de uma auditoriaambiental de conformidade legal, alémda correção dos fatores que levariamaos prejuízos gerados pelas multas,pode-se dizer que uma unidade emconformidade com a lei não agride, emtese, o meio ambiente, já que alegislação é o fruto de uma necessidadede limitação ou padronização.

DISCUSSÃONo estudo realizado sobre a

ferramenta auditoria como uminstrumento de gestão ambiental, verifica-se que um sistema de gestão concebidosem auditorias sistemáticas é falho.

A importância que a auditoriaambiental ganha como instrumento degestão e diagnóstico ambiental,principalmente no setor do petróleo,após o grave derramamento de óleoocorrido na baía de Guanabara, emjaneiro de 2000 é notória na ResoluçãoCONAMA n. 265, publicada cerca de dezdias após o derrame, determinando àempresa causadora a realização deauditoria ambiental em todas suasinstalações dentro do estado do Rio deJaneiro, no prazo de seis meses.

Grande parte da legislação é umaramificação muito parecida com asprincipais legislações sobre o tema, demodo que se pode escolher, dentre oconjunto delas as que possuem padrõesde conduta mais rígidos as quais, destaforma, também atenderá as demais. Jáexiste forte tendência em compilar-se alegislação ambiental, para se ter umaconsolidação das leis ou um códigoambiental.

Outro ponto de extrema importânciadentro da tendência legal às auditoriascompulsórias é o conceito depublicidade embutido em algumas

normas, como no caso da DZ.56.R2 doestado do Rio de Janeiro, a qual prevê adisponibilização do relatório de auditoriana biblioteca do órgão ambiental para aconsulta pública, trazendo à tona aquestão do envolvimento da populaçãocom as questões ambientais.

As auditorias legais, embora sejamcompulsórias e tragam certo incômodopara os auditados, é uma excelenteoportunidade de avaliar-se aorganização de forma independente. Oestudo de caso mostrou que possíveismultas, às quais estão sujeitas asempresas em função dodescumprimento da legislação ambiental,podem ser evitadas e as oportunidadesde melhoria podem trazer à organizaçãoaté uma melhora financeira.

CONCLUSÃO Como benefício de uma auditoria

ambiental de conformidade legal, alémda correção dos fatores que levariamaos prejuízos gerados pelas multas,concluímos: uma unidade emconformidade com a lei não agride, emtese, o meio ambiente, pois a legislação éo fruto de uma necessidade de limitaçãoou padronização. Tal qual outras áreasda atividade empresarial, o meioambiente passou a ser uma opçãoestratégica e, com isso, a auditoriaambiental também.

As auditorias ambientais, além deservirem para avaliar as não-conformidades com a legislação, ouavaliar a eficácia do sistema de gestãoadotado para os controles ambientais,podem ser utilizadas para avaliar riscos eoportunidades. Parâmetros estipuladosem normas e legislação sãocomponentes importantes na avaliaçãode riscos aos negócios ou à atividade.Todos os dados da gestão e do controleambiental aplicados na atividade,

somados aos dados coletados ementrevistas e principalmente somados àsconstatações de auditores ambientaisexperientes e independentes, resultamem um relatório no qual sãodemonstrados, além das característicasda unidade avaliada as não-conformidades encontradas, com asrespectivas evidências de auditoria e osriscos eminentes e potenciais, tendo emvista as probabilidades de ocorrências. Apartir da avaliação da eficácia daimplementação de um sistema degerenciamento personalizado e eficaz, aempresa pode conseguir inverter oprocesso de instalação ou aumento dopassivo e até contabilizar ganhos comdiminuição de perdas.

A conformidade legal na indústriapetrolífera é também uma necessidade,uma opção estratégica. A modificaçãonos conceitos de gestão ambiental,dentro de um contexto globalizado, trazà tona a utilização de auditoriasambientais cada vez mais freqüentes.Nota-se o grande número das normasabordadas durante o estudo, relativas arealização de auditorias, ressalvada aISSO n. 14.001, todas compulsórias,demonstrando a força que a auditoriavem ganhando dentro das políticaspúblicas de proteção ambiental. Nahistória mais recente das auditoriasambientais, a adoção de políticaspúblicas as quais adotam auditoriascompulsórias tem se mostrado eficaz,suprindo as deficiências da fiscalização.

O aumento da pressão legal emrelação às questões ambientais formatambém uma consciência ambiental anorteiar a sociedade, já que o ambienteem que se vive é comum e a agressãoao meio passa a ser uma agressão àprópria sociedade.

No estudo realizado sobre aferramenta auditoria como instrumentode gestão ambiental, verifica-se que umsistema de gestão concebido sem

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auditorias sistemáticas é consideradofalho. O próprio conceito de melhoriacontínua embutido no sistema einviabilizado sem sua aplicação.

Por fim, notamos que grande parteda legislação é uma ramificação muitoparecida com as principais legislaçõessobre o tema, de modo podermosescolher dentre o conjunto delas as maisrestritivas que também atenderemos àsdemais. Já existe forte tendência emcompilar-se a legislação ambiental, paratermos uma consolidação das leis, ouum código ambiental.

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CONAMA Resolução n. 306Resolução n. 306Resolução n. 306Resolução n. 306Resolução n. 306 – Conselho Nacionaldo Meio Ambiente – 5 de julho de 2002 – JoséCarlos Carvalho, Presidente do Conselho

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RIO DE JANEIRO. Lei n. 1.898 – 1991Lei n. 1.898 – 1991Lei n. 1.898 – 1991Lei n. 1.898 – 1991Lei n. 1.898 – 1991. Legislaçãodo Estado do Rio de Janeiro 26 de novembro de1991. Disponível em <C:\alerj.rj.gov.Br> Acessoem: 01 jun 2004.

SALES, R. Auditoria ambiental e seus aspectosAuditoria ambiental e seus aspectosAuditoria ambiental e seus aspectosAuditoria ambiental e seus aspectosAuditoria ambiental e seus aspectosjurídicosjurídicosjurídicosjurídicosjurídicos. São Paulo: LTr, 2001.

AGRADECIMENTOSAgradeço a todos meus ascendentes,

os quais, de certa maneira, sacrificaram-se para que eu estivesse aqui fazendoeste agradecimento.

Aos professores do programa, deforma especial ao Prof. Dr. MárcioEstefano, e aos funcionários da secretariae da biblioteca.

Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 540

Normas para publicação1. A Revista Brasileira de Ciências Ambientais éuma publicação do ICTR e do NISAM, tem porobjetivo a divulgação de trabalhos na área.

2. O Conselho Editorial com o Conselho EditorialCientífico decidirão quais os artigos selecionados aserem publicados, considerando a qualidade, opotencial de inovação, a originalidade e apertinência do tema em face da linha editorial darevista.

3. Os artigos submetidos para apreciação darevista devem pertencer à área das ciênciasambientais.

4. Os originais deverão ser encaminhadosseguindo os seguintes padrões:

a) Apresentados em arquivos eletrônicos.

b) Utilizar o processador Word, sem formatação,determinando apenas a abertura dos parágrafos.

c) Os trabalhos deverão ter no máximo 20 (vinte)laudas, incluindo todos os componentes do texto edas ilustrações.

d) Utilizar laudas de 20 (vinte) linhas com 60(sessenta) caracteres e intervalos deespaçamentos inclusos.

e) Dos trabalhos apresentados devem constar: otítulo, o(s) nome(s) do(s) autor(es), sua(s)qualificação(ões) e instituição(s).

5. São obrigatórios o resumo, o resumem e oabstract, respectivamente nas línguas portuguesa,espanhola e inglesa, com no mínimo 500(quinhentos) e no máximo 700 (setecentos)caracteres cada um, intervalos de espaçamentosinclusos.

6. As notas e referências bibliográficas devem virapresentadas agrupadas no final do texto, edeverão ser referenciadas, assim como tambémas citações, de acordo com as normas da ABNT-NBR-6023.

7. As ilustrações deverão ser entregues em folhasseparadas com as devidas indicações de créditos elegendas e referenciadas no texto.

8. Os desenhos devem ser entregues em arte-final. Se apresentados em formatação/disquete,utilizar programas compatíveis (CAD, Corel Draw,Photoshop, PM6.5). As imagens podem ser embranco-e-preto ou em cores.

9. Após o recebimento, os originais serãocriteriosamente analisados pelo Conselho Editoriale pelo Conselho Editorial Científico e os trabalhosnão aceitos serão devolvidos.

Normas de publicación1. La Revista Brasileira de Ciências Ambientais esuna publicación del ICTR y del NISAM, que tienepor objeto la divulgación de trabajos de la área.

2 El Consejo Editorial, con el Consejo EditorialCientífico; decidirán caules artículos seránaceptados para publicación, considerando lacualidad, el potencial de innovación, la originalidady la pertinencia del tema de acuerdo con la líneaeditorial.

3. Los artículos sometidos para evaluación de larevista deben pertenecer a la área de las cienciasambientales.

4. Los originales deberán ser enviados atendiendolas seguientes normas:

a) Presentados en archivo electrónico.

b) Utilizando el processador Word sin formatear,definiendo solamente el inicio de los párrafos.

c) Los trabajos deberán tener un máximo de 20(veinte) páginas incluyendo el texto y lasilustraciones.

d) Utizar página tendrá hasta 20 (veinte) líneascom hasta 60 (sesenta) caracteres incluso losespaciamientos.

e) Los trabajos deberán constar de: título,nombre(s) y apellido(s) del(de los) autor(es),su(s) título(s) profesional(es) y instituiciones.

5. Es obligatório presentar el resumen en losidiomas portugués, español y inglés, conteniendoun mínimo de 500 (quinientos) y un máximo de700 (setecientos) caracteres cada uno, incluyendolos espaciamientos.

6. Las notas y referencias bibliográficas seránpresentadas en el final del texto referenciadas yagrupadas, así como las citaciones textuales, deacuerdo con a las Normas de la ABNT – NBR-6023.

7. Las ilustraciones deberán ser enviadas en hojasseparadas indicando las leyendas y los créditos ydeberán ser referenciadas en el texto.

8. Los dibujos deberán ser presentados en arte-final. Se presentados en disquetes formateadosen programas compatibles (CAD, Corel Draw,Photoshop, PM6.5), en blanco y negro o encolores.

9. Después de la entrega de los originales, ellosserán analizados criteriosamente por lo ConsejoEditorial e por lo Consejo Editoial Cientifico y lostrabajos que no hayan sido aprobados serándevueltos a sus autores.

Publication norms1. The Revista Brasileira de Ciências Ambientais isa review of the ICTR and the NISAM that has byobject to divulgate the works of the area.

2. The Editorial Council, with the Editorial ScientificCouncil, will decide about which articles will beaccepted for the publication, considering thequality, innovation, originality and the themepertinence to the editorial line.

3. The contributions presented to the publicationmust appertain to the environmental sciences.

4. The originals must be sended with the followingpatterns:

a) Presented by electronic files.

b) To use the Word program, whithout format,only defining the paragraphs beginning.

c) The works must have a maximum of 20(twenty) pages including the text and theillustrations.

d) Each page will have until 20 (twenty) linescomposed by until 60 (sixty) signs with thespacements included.

e) The works must present: the tittle, thename(s) of the author(s), their(s) professionalqualification(s) and institution(s).

5. It’s obbligatory the presentation of the abstractsin portuguese, english and spanish languages,containing a minimum of 500 (five hundred) anda maximum of 700 (seven hundred) signs each,with the spacements included.

6. The notes and bibliographic references will bepresented at the end of the text, referred andgrouped, also for the citations, according thenorms of the ABNT–NBR-6023.

7. The illustrations must be sended in separatedpapers containing the credit indications and theinscriptions must be referred in the text.

8. The draws must be sended in theirs originals orby floppy disks using compatibles programs (CAD,Corel Draw, Photoshop, PM6.5). The images maybe in black and white or in color.

9. After their presentation the originals will havethe critical analysis by the Editorial Council andEditorial Scientific Council. The works not approvedwill be devolved to theirs authors.