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Página 1 04.08.2013 ISSN: 2236-8221 Edição n. 59, Agosto de 2016. Vitória da Conquista, Bahia. O corpo é discurso A edição 59 de O Corpo é Discurso inaugura suas seções com o Pockets Comix: barreiras e separações na modernidade. Em seguida, uma poesia: dos clássicos orgasmos. O artigo dessa edição trata do discurso e identidades na publicidade de um refrigerante... é o Guaraná Jesus. Convite imperdível para o I Encontro Foucault e Discurso na Bahia - Outras palavras: o nó na rede. O grupo de pesquisa Labedire - Laboratório de Estudos do Direito e do Discurso apresen- ta seus objetivos e seus componentes. A psicóloga Layanne Mussy entrevista a psicóloga Ana Cândida Lôbo: domínios do adoecimento e conhecimento de si. Convite para o X SEPEL- Seminá- rio de Pesquisa em Literatura que acontecerá na UFU - Universidade Federal de Uberlândia. Dica de vídeo-aula no canal do Labedisco no Youtube. Por fim, a dica de leitura do livro “Michel Fou- cault: a Literatura e as Artes”, organizado por Philippe Artières. Boa leitura! ISSN: 2236-8221 FUNDADORES (15/03/2011) Nilton Milanez Cecília Barros-Cairo EXPEDIENTE DE O CORPO É DISCURSO Editores Nilton Milanez (LABEDISCO/CNPq/UESB) Ricardo Amaral (PPGMLS/FAPESB) Vilmar Prata (PPGMLS/FAPESB) Organizador Matheus Vieira (IC/CNPq) Samene Batista (PPGMLS/LABEDISCO) Revisão George Lima (PPGLIN/CAPES) Layanne Mussy (LABEDISCO/PSINEMA/CNPq) Vinícius Reis (PPGMLS/LABEDISCO) Coordenação da Seção de Literatura Jamille da Silva Santos (GPEA/LABEDISCO/UFU) Coordenação da Seção de Ensino e Tecnologia Jaciane Ferreira (IFGoiano-Campus Iporá) Diagramador Gilson Santiago (IC/LABEDISCO) Estagiário Nathan Soares (Cinema e Audiovisual/UESB) Secretária Géssica Soares Editoração eletrônica (MARCA DE FANTASIA) Henrique Magalhães Jornal de popularização científica Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco Contato: [email protected]

ISSN: 2236-8221 Jornal de popularização científica · (MARCA DE FANTASIA) Henrique Magalhães Jornal de popularização científica Acesse o site do Labedisco: ... além da Agocida,

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O Corpo

Página 1

04.08.2013

ISSN: 2236-8221

Edição n. 59, Agosto de 2016. Vitória da Conquista, Bahia.

O corpo é discurso

A edição 59 de O Corpo é Discurso inaugura suas seções com o Pockets Comix: barreiras e

separações na modernidade. Em seguida, uma poesia: dos clássicos orgasmos. O artigo dessa

edição trata do discurso e identidades na publicidade de um refrigerante... é o Guaraná Jesus.

Convite imperdível para o I Encontro Foucault e Discurso na Bahia - Outras palavras: o nó na

rede. O grupo de pesquisa Labedire - Laboratório de Estudos do Direito e do Discurso apresen-

ta seus objetivos e seus componentes. A psicóloga Layanne Mussy entrevista a psicóloga Ana

Cândida Lôbo: domínios do adoecimento e conhecimento de si. Convite para o X SEPEL- Seminá-

rio de Pesquisa em Literatura que acontecerá na UFU - Universidade Federal de Uberlândia. Dica

de vídeo-aula no canal do Labedisco no Youtube. Por fim, a dica de leitura do livro “Michel Fou-

cault: a Literatura e as Artes”, organizado por Philippe Artières. Boa leitura!

ISSN: 2236-8221

FUNDADORES

(15/03/2011)

Nilton Milanez

Cecília Barros-Cairo

EXPEDIENTE DE O CORPO É DISCURSO

Editores

Nilton Milanez

(LABEDISCO/CNPq/UESB)

Ricardo Amaral

(PPGMLS/FAPESB)

Vilmar Prata

(PPGMLS/FAPESB)

Organizador

Matheus Vieira

(IC/CNPq)

Samene Batista

(PPGMLS/LABEDISCO)

Revisão

George Lima

(PPGLIN/CAPES)

Layanne Mussy

(LABEDISCO/PSINEMA/CNPq)

Vinícius Reis

(PPGMLS/LABEDISCO)

Coordenação da Seção de

Literatura

Jamille da Silva Santos

(GPEA/LABEDISCO/UFU)

Coordenação da Seção de

Ensino e Tecnologia

Jaciane Ferreira

(IFGoiano-Campus Iporá)

Diagramador

Gilson Santiago

(IC/LABEDISCO)

Estagiário

Nathan Soares

(Cinema e Audiovisual/UESB)

Secretária

Géssica Soares

Editoração eletrônica

(MARCA DE FANTASIA)

Henrique Magalhães

Jornal de popularização científica

Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco Contato: [email protected]

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Renato Lima é graduado em Pintura pela Escola de Belas Artes - UFRJ. Para saber mais sobre o autor e

suas produções, acesse também o site Pockets - Histórias de Bolso ou a página de Facebook Pocketscomics.

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Página 3 O

Realização:

Ela invade o salão delicada e firme.

Pelos arrepiando.

Corpos levitando.

Almas que se deslocam de sua estabilidade quotidiana.

Epifania.

Ela se prepara para te levar à

sublimação.

De suas curvas sonoras,

a sinuosa canção se alonga

pelas notas que saem do instrumento. Uma aveludada clave de sol que

atravessa a de fá

em um movimento semifuso colérico

serenando os inconscientes impacientes e cansados.

Sopro de brisa que passeia pelo contrário dos corpos

esfriando por dentro o sangue quente

que corre latente pelas veias tortas do

pensamento. Como o eco de uma voz

que sussurra languida e cálida.

Prazer que começa ao pé do ouvido

e escorre por todos os outros sentidos.

No ápice da orgia,

um frenesi coletivo.

Palmas e muitas salvas. A multidão se vai extasiada.

Como gozar é bom!

DOS CLÁSSICOS ORGASMOS

GABRIELA GUIMARÃES JERONIMO: DOUTORANDA EM LINGUÍSTICA E LÍNGUA PORTUGUESA NA UNI-

VERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO (PPGLL/FCLAR), MESTRE EM ESTUDOS DA

LINGUAGEM PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS-CAMPUS CATALÃO (PMEL/UFG-CAC) E GRADUADA

EM LETRAS-LICENCIATURA EM PORTUGUÊS PELA MESMA INSTITUIÇÃO. É MEMBRO DO GRUPO DE ESTUDOS E

PESQUISAS EM HISTÓRIA DO PORTUGUÊS - GEPHPOR (CNPQ/UFG), INTEGRANTE DO GRUPO DE ESTU-

DOS EM ANÁLISE DO DISCURSO DE ARARAQUARA - GEADA; E DO NÚCLEO DE PESQUISAS EM SOCIOLIN-

GUÍSTICA DE ARARAQUARA— UNESP (SOLAR). CURRÍCULO LATTES: Clique Aqui!

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Página 4 O Corpo

“O Sabor de Viver o Maranhão” no

Youtube

Na pós-modernidade, Gregolin

(2008) destaca que a mídia em geral é

essencial para essa efervescência de

identidades que surgem, em especial

nos meios eletrônicos, pelo fato de tra-

zer a possibilidade de jogos identitários.

Em seu ponto de vista, a mídia é grande

responsável pela intensa produção

identitária atualmente, e é entendida

aqui como prática discursiva

(GREGOLIN, 2007). Por prática discursi-

va entendemos um dos conceitos pro-

postos nos estudos de Foucault (2008)

de grande produtividade na Análise do

Discurso (AD). Segundo Foucault

(2005), uma prática discursiva não é

uma simples expressão/formulação de

ideias ou desejos, nem uma atividade

racional ou uma competência. O filósofo

explica que prática discursiva relaciona

-se a: “um conjunto de regras anôni-

mas, históricas, sempre determinadas

no tempo e no espaço, que definiram,

em uma dada época e para uma deter-

minada área social, econômica, geográfica

ou linguística, as condições de exercício da

função enunciativa” (FOUCAULT, 2005,

p.133). O que significa que exercer uma

prática discursiva é falar/enunciar segun-

do determinadas regras, e fazer manifes-

tarem-se as relações que se estabelecem

dentro de um discurso.

Verificação importante nessa

investigação sobre identidade é a de Hall

(2006), segundo o qual junto com o impac-

to da globalização surge também um inte-

resse pelo que é local, pela alteridade, pela

diferença. “A globalização (na forma da

especialização flexível e da estratégia de

criação de ‘nichos’ de mercado), na verda-

de, explora a diferenciação local” (HALL,

2006, p.78), o que leva a uma articulação

entre o global e o local, e cria novas identi-

ficações. Nessa perspectiva, analisamos a

publicidade do Guaraná Jesus com vistas a

reflexões acerca da articulação dos meca-

nismos linguísticos, discursivos e de dife-

rentes linguagens (verbais e não-verbais;

“reais” e virtuais) na intensa construção

de identidades locais.

O objetivo deste artigo, um re-

corte do projeto “Do Sonho Cor de Rosa

ao Sabor de Viver o Maranhão: língua,

discurso e identidades na publicidade do

Guaraná Jesus”, desenvolvido no âmbito

das discussões do Grupo de Estudos de

Linguagem e Discurso (GPELD), é avaliar a

produção de sentidos sobre as identida-

des maranhenses nos discursos que

constroem o Guaraná Jesus como marca

de identidade local, especificamente em

um vídeo circula na internet, no site You-

tube.

O intuito de analisar a constru-

ção de identidades que circulam nas mí-

dias eletrônicas (vídeos do Youtube) deri-

va da observação de que, com as trans-

formações operadas pela globalização,

mais especificamente no campo da tecno-

logia, novas mídias insurgiram, formando

novos espaços discursivos com novas

formas de interlocução, interação e cons-

trução de identidades. É certo que as mí-

dias tradicionais não foram substituídas,

pois ainda é perceptível a enorme influên-

cia da mídia impressa, por exemplo, sobre

a sociedade. Todavia, a convergência e o

“sentimento de nós” (GREGOLIN, 2008)

Mônica da Silva Cruz (PGLetras-UFMA)

Thayane Soares da Silva (PGLetras-UFMA)

“O SABOR DE VIVER O MARANHÃO” NO YOUTUBE:

DISCURSO E IDENTIDADES NA PUBLICIDADE DE

UM REFRIGERANTE

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Página 5 O Corpo

que se forma como resultado de novas

formas de interação faz o ciberespaço

um novo espaço de práticas discursivas

de produção identitária, atraindo,r tam-

bém, olhares das investigações da AD. As

questões que norteiam este artigo bus-

cam responder: como a identidade do

Guaraná Jesus se associa à identidade

local e é constituída no Youtube? Que

efeitos essa mídia produz na constituição

dessas identidades? Quais os lugares que

as peças publicitárias deste produto atri-

buem para a identidade maranhense?

A fórmula do Guaraná Jesus: contexto

sócio-histórico-cultural

É indispensável que se conhe-

çam as condições de possibilidades do

aparecimento do Guaraná Jesus sem

separá-las do espaço sócio-histórico-

cultural no qual sua identidade vem sendo

constituída para alcançarmos o objetivo

proposto neste artigo. É importante des-

tacar também a figura do criador da fór-

mula do Guaraná Jesus como parte fun-

damental da análise.

Jesus Noberto Gomes (1891-

1963), natural da cidade maranhense de

Vitória do Mearim, mudou-se para a capi-

tal, São Luís, em 1905, onde conseguiu um

emprego na farmácia Marques, do Dr.

Augusto César Marques. Além do seu

produto mais famoso, Jesus criou vários

remédios que também levavam o seu nome

como o Antigripal Jesus, Peitoral Jesus,

“Gomegaya Jesus” (injetável intramuscular

contra gripe), Jesulina (pasta dentifrícia),

além da Agocida, Água de Mesa, Água Tôni-

ca Três Quinas, Licor de Mate, Lupo Mate

(GOMES, 2010).

Em 1920 foi criado o refrigerante

Guaraná Jesus e, sete anos depois, “Jesus

Norberto Gomes recebeu do Departamento

Nacional de Saúde Pública um laudo con-

clusivo: ‘No gênero, bom para o consu-

mo’.” (GOMES, 2010, p.60). Segundo Elir

Gomes, filho de Jesus, em entrevista ao

jornal O Estado do Maranhão:

[...] foi para produzir um medicamen-

to, uma magnésia fluida, que Jesus

Gomes adquiriu algumas máquinas

gaseificadoras. Contudo, o produto já

era patenteado e as máquinas ficaram

paradas, sem utilidade. Surgiu então a

idéia de produzir águas gasosas e

refrigerantes, para dar utilidade às

máquinas. Para produzir os refrige-

rantes ele iniciou estudos e várias

experiências de mistura de sabores.

(GOMES, 2010, p.60)

Nessa época o Brasil ainda vivia

sob influência da chamada Belle Époque,

um “[...] período historicamente tênue, que

alguns estudiosos situam entre 1871 e 1914,

quando o homem acreditou no progresso e

na tecnologia como redentores de todos os

males. O ocidente e áreas de influência se

deliciavam com a efervescência das artes

e da ciência. Paris, com suas largas aveni-

das (boulevard) era a referência urbanís-

tica que outras cidades aventuraram imi-

tar.” (MARTINS, 2011, p.22).

São Luís não fugiu à regra, sen-

do afetada pelas práticas discursivas

desse momento. Como ainda era conside-

rada muito “antiga” para sua época, deu-

se início um tímido processo de moderni-

zação da cidade, em razão da escassez de

recursos para financiá-lo, pois, segundo

Martins (2011), a cidade não possuía uma

economia suficientemente forte e intensa

para arcar com os gastos em reformas

de ruas e avenidas. Nessa situação, São

Luís foi sendo modernizada aos poucos,

com alguns arranjos, a exemplo do uso de

suportes nas fachadas dos casarões ao

invés de postes para fiações de telégrafo.

Essas tentativas de moderniza-

ção certamente constituíram a formação

de Jesus Gomes, que, atento a essas no-

vos conceitos, contribuiu sobremaneira

para o progresso científico da cidade no

que se refere à indústria farmacêutica: foi

um dos responsáveis pela fundação da

Faculdade de Farmácia do Maranhão, na

qual se formou em 1925, além de ter com-

prado a Pharmácia Sanitária, onde iniciou

a produção de remédios patenteados e

desenvolveu a fórmula do Kola Guaraná

Jesus.

Após a morte de Gomes, em

1963, a família do farmacêutico vendeu a

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fórmula do Guaraná Jesus, em 1980, para

a Companhia Maranhense de Refrigeran-

tes, empresa responsável por engarrafar

a Coca-Cola, no Maranhão. Já em 2001, a

Coca-Cola comprou a fórmula do refrige-

rante e, em 2006, comprou também toda

a companhia responsável pelo seu engar-

rafamento. Oficialmente, a relação entre

as duas marcas tem apenas treze anos

(2001-2014) de existência, entretanto,

podemos vislumbrar uma “relação não-

oficial” anterior, já que os dois produtos

foram inventados por farmacêuticos. Ou

seja, a partir da observação do contexto

de criação e de surgimento das primeiras

formas de publicidade da Coca-Cola, po-

demos inferir muitas informações do

contexto sócio-histórico-cultural da cria-

ção do Jesus e observar a consonância

entre as histórias das duas marcas.

Campos-Toscano (2009), em

seu livro O percurso dos Gêneros do

Discurso publicitário: uma análise das

propagandas da Coca‑Cola, elabora um

trajeto histórico deste produto com vis-

tas a analisar a construção discursiva

que lhe constitui como ícone do capitalis-

mo norte-americano. A autora afirma que

a Coca-Cola foi criação de um farmacêu-

tico chamado “John Pemberton, que vivia

em Atlanta, Geórgia, nos EUA.” (CAMPOS-

TOSCANO, 2009, p.73), fato que ocorreu

após um erro do farmacêutico que tenta-

va sintetizar um remédio para dor de ca-

beça (ao contrário do que aconteceu com

Gomes, que teve a intenção de criar um

refrigerante).

Pemberton era um farmacêutico

que criava e patenteava remédios, assim

como o foi Jesus Gomes. Esses remédios

patenteados, no final do século XIX, segun-

do Campos-Toscano (2009, p.73), “[...]

eram muito populares, sobretudo pela

publicidade feita em jornais. Eram remé-

dios falsos, placebos, como pílulas, bálsa-

mos, xaropes, cremes e óleos. Alguns

eram inofensivos, entretanto, outros conti-

nham grande quantidade de álcool, cafeína,

ópio ou morfina”. Essa prática, comum nos

Estados Unidos, também se tornou popular

no Brasil, o que podemos observar pela

própria história do farmacêutico mara-

nhense, que também patenteava remédios

por ele criados e que, sempre atento às

inovações na área, logo depois também

passou a tentar produzir águas com gás e

refrigerante.

No próximo tópico, antes de pas-

sarmos à análise do vídeo de uma das

campanhas publicitárias do Guaraná Je-

sus, buscaremos entender algumas rela-

ções entre língua(gem), discurso e mídia

na produção de novas identidades.

Discurso, mídia e produção de identi-

dades

Neste trabalho, compreendemos

as identidades como construções discur-

sivas (GREGOLIN, 2008) e avaliamos essa

categoria a partir da ótica da Análise do

Discurso (AD). O discurso, para a AD, é

efeito de sentido, pois é o resultado da

interlocução entre sujeitos que vivem em

sociedade, que estão inseridos na história

e que recorrem à língua(gem) para signi-

ficar. A natureza complexa do discurso

explica o caráter transdisciplinar da AD.

As pesquisas desse campo de saber visam

à investigação da heterogeneidade dis-

cursiva, a relação do dizer com o seu

“exterior discursivo, seus pré-

construídos” (PÊCHEUX, 2011, p. 102) e ao

mesmo tempo avalia os confrontos dessa

heterogeneidade com o campo sócio-

histórico ao qual ela se opõe.

“O discurso, para a AD,

é efeito de sentido, pois

é o resultado da inter-locução entre sujeitos que vivem em socieda-

de, que estão inseridos na história e que recor-rem à língua(gem) para

significar.“

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Página 7 O Corpo

A noção de sujeito na AD tam-

bém é singular. A AD não concebe “a no-

ção de sujeito epistêmico, ‘mestre de sua

morada’ e estrategista nos seus atos

(salvo nas coerções biossociológicas);

ela supõe a divisão do sujeito como mar-

ca de sua inscrição no campo do simbóli-

co” (PÊCHEUX, 2011, p.103). Como uma

posição no discurso, o sujeito está sem-

pre se construindo nas tramas da histó-

ria e “a identidade, assim como o sujeito,

não é fixa, ela está sempre em produção,

encontra-se em um processo ininterrupto

de construção e é caracterizada por muta-

ções”. (FERNANDES, 2005, p. 43).

A mobilidade singular das identi-

dades só se tornou real com o advento da

globalização e toda a reorganização es-

paço-temporal operada pelo desenvolvi-

mento e expansão da mídia (impressa e

eletrônica), dos veículos de comunicação

em massa (TV, celular, internet) e das

instituições modernas. Este trabalho

segue essa abordagem na medida em que

busca “[...] acompanhar trajetos históri-

cos de sentidos materializados nas for-

mas discursivas da mídia” (GREGOLIN,

2007, p.13). E para esta reflexão, tomam-

se também alguns conceitos e princípios

propostos por Michel Foucault, Michel

Pêcheux e Jean J. Courtine.

Michel Foucault afirma que o

“discurso é formado por um conjunto de

enunciados (suas unidades mínimas)

pertencentes à mesma formação discursi-

va (FD)” (FOUCAULT, 2008, p.132-133), ou

seja, o discurso na concepção foucaultiana

é um acontecimento que só pode ter seus

sentidos apreendidos através da reconsti-

tuição das condições de produção que

possibilitaram sua emergência. Como ob-

serva Foucault (2010), a produção discur-

siva se dá dentro de um sistema de con-

trole e delimitações que acontecem por

meio de três principais procedimentos:

separação, interdição e a vontade de ver-

dade. Então, podemos questionar: o que

define o que pode ser dito sobre o Guaraná

Jesus? Qual o já-aí que irrompe na super-

fície desse discurso identitário e permite

que este produto seja reconhecido como

marca da cultura maranhense?

A história da criação do Guaraná

Jesus nos permite compreender que o fato

de este produto ter sido criado no Mara-

nhão aparece como “evidência” da cons-

trução discursiva do guaraná como ícone

do Maranhão, ou seja, é um acontecimento

histórico que define o que cada sujeito

“sabe” e “pode ver” desse discurso em

determinada situação, é o pré-construído,

um princípio da formação desses discur-

sos que edificam o Guaraná Jesus como

ícone cultural. Assim, através de uma aná-

lise, que não descarta a heterogeneidade

discursiva, entendemos como os efeitos de

sentido que constroem as identidades são

historicamente constituídos e como outras

vozes surgem na voz do sujeito enunciatá-

rio de dado discurso.

O enunciado, segundo Foucault

(2008), não pode ser confundido com uma

frase, uma proposição e um ato de fala

(speech act), pois se constitui como "uma

função que cruza um domínio de estrutu-

ras e de unidades possíveis e que faz com

que apareçam, com conteúdos concretos,

no tempo e no espaço" (FOUCAULT, 2008,

p. 98). O enunciado, como acontecimento

que não se esgota nem na língua nem em

seu sentido (FOUCAULT, 2008, p.32), esta-

rá sempre filiado às relações históricas

que o perpassam e a um campo de memó-

ria, o que permitirá a existência de liga-

ções, transferências e identificações.

Conforme marcado anterior-

mente, com as transformações operadas

pela globalização, em especial no campo

das tecnologias da informação, novas

mídias formaram novos espaços discursi-

vos e com eles novas formas de interlo-

cução, interação e construção de identi-

dades apareceram. A convergência e o

“sentimento de nós” (GREGOLIN, 2008)

resultantes de novas formas de interação

fazem insurgir o ciberespaço como novo

espaço de práticas discursivas de produ-

ções identitárias interessantes para pes-

quisadores da AD.

Das garrafas ao youtube: língua, dis-

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Página 8 O Corpo

curso e identidades na publicidade do

Guaraná Jesus

Nesta seção, com base nos con-

ceitos discutidos anteriormente e na

Semiologia Histórica¹, avaliamos a produ-

ção de sentidos sobre identidades mara-

nhenses, a partir dos dizeres sobre o

Guaraná Jesus. Nestas análises nos foca-

mos na compreensão do funcionamento

dos mecanismos linguísticos e discursi-

vos que constroem um sentimento de

pertencimento no sujeito/leitor das pro-

pagandas do Guaraná, e também em veri-

ficar qual(is) o(s) lugar(es) do(s) sujeito

nos discursos que constroem o Guaraná

Jesus como marca de identidade local,

especificamente em vídeos que circulam

na internet, no site Youtube. Ou seja, jul-

gamos necessário investigar como mani-

festações culturais locais (Bumba-meu-

boi, festa de São João, pontos turísticos

maranhenses, o próprio Português falado

no Maranhão) são mobilizadas e postas

em evidência como marcas do Maranhão

através das propagandas do refrigerante,

fazendo parte da construção de identida-

des do Guaraná e do Estado. Dessa for-

ma, segue-se o princípio da dispersão

dos discursos (FOUCAULT, 2008), segun-

do o qual um discurso se faz a partir de

uma diversidade de outros discursos, em

diferentes textos, em distintos momentos

da história.

Não podemos deixar de observar

a importância da escolha das redes sociais

como foco desta campanha e sua relação

com práticas empresariais. Conforme ob-

serva Jenkins (2009, s/p), o marketing

contemporâneo não se preocupa em pro-

mover as marcas que identifiquem seus

produtos apenas. Em sintonia com o atual

momento das mídias, a publicidade busca

“criar experiências de envolvimento, de

participação e de interação para cativar

consumidores”. Os leitores e “fãs de uma

marca se cansaram de esperar que as

grandes companhias definissem o destino

de seus personagens e franquias favoritos,

iniciando a produção de suas próprias

histórias alternativas” e, por isso, campa-

nhas publicitárias têm tornado fluidas as

fronteiras entre os espectadores e os

produtores. Nesse processo, também de-

vemos atentar ao fato de que existe uma

produção incessante de identidades opera-

da nessas experiências midiáticas atuais.

Segundo Gregolin (2008), o sujeito, na

contemporaneidade, consome identidades

que lhes estão disponíveis nas formas

midiáticas. Assim, a campanha publicitária

do Guaraná Jesus vende não só um refri-

gerante, mas uma identidade, um

“sentimento de nós” (GREGOLIN, 2008),

reforçado por essa possibilidade maior de

interação via redes sociais da internet.

A utilização das redes sociais é

importante neste ponto, mas essa escolha

se articula a outros recursos. Por exem-

plo, o sujeito enunciador desse discurso,

posição ocupada por uma “associação”

entre a Coca-Cola e a Dia Comunicação

(agência responsável pela campanha),

lança mão de elementos da cultura local

que marcam essa identificação: o Centro

Histórico de São Luís; a fala dos persona-

gens marcada por variedades linguísticas

maranhenses, como – “élas!” (interjeição

que expressa espanto); “pequeno” (nome

empregado como vocativo em São Luís ou

forma de tratamento); além da música de

fundo, que se aproxima do reggae – ritmo

que tem sido constituído também como

marca da identidade ludovicense.

Notamos que sentidos da cultura

maranhense (expressões linguísticas,

símbolos da cultura popular, músicas do

repertório local etc.) são associados ao

refrigerante, e transferidos para seu

consumo. Assim, apresentamos um vídeo

“Assim, a campanha pu-

blicitária do Guaraná

Jesus vende não só um refrigerante, mas uma

identidade, um

‘sentimento de nós’.”

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Página 9 O Corpo

que foi parte de uma peça publicitária, do

Guaraná Jesus, veiculada a partir do dia

24 de junho de 2013, nas redes sociais

oficiais (Youtube, Facebook, Twitter) do

refrigerante, televisão, mídia externa, e

em uma lata comemorativa, em edição

limitada. Nessas práticas discursivas e

não discursivas uma identidade mara-

nhense é constantemente reforçada.

Observamos também que o ví-

deo “Campanha São João - Guaraná Je-

sus 2013” (Fig. 1), elaborada e veiculada

pela agência Dia Comunicação no Youtu-

be, utiliza elementos típicos da festa juni-

na do Maranhão, como: bandeiras de São

João em cores vibrantes que se mistu-

ram ao azul e à cor rosa, que são cores

características da marca anunciada;

espectadores e brincantes das festas

juninas e o próprio Boi, do Bumba-meu-

boi, dançando uma música que se asse-

melha a um tipo de música não específica

do São João maranhense, mas sim do

nordeste como um todo, o forró pé-de-

serra. Nessa materialidade sonora uma

memória se instaura e faz diálogos com a

memória do que é ser nordestino, abrindo

a possibilidade do local se manifestar no

que é mais regional. No lado esquerdo do

vídeo, a marca “Coca-Cola Brasil” aparece

do começo ao fim como uma marca d’água.

Um carimbo marcando o Guaraná Jesus

como um território local já incorporado

pela empresa global.

O São João é uma festa popular

no Maranhão que se diferencia das festivi-

dades que ocorrem no mês de junho em

outros estados em razão de sua diversida-

de de danças e apresentações artísticas

(cacuriá, bumba-meu-boi, tambor de cri-

oula, dança portuguesa, etc). Esse contexto

específico no qual foi produzido esse con-

junto de enunciados/elementos verbais e

não verbais tem também como elementos

característicos a devoção e alegria do

público e dos brincantes que assistem e

participam, as ornamentações da festa

também se destacam pela diversidade de

cores e produção minuciosa.

Pensando nesse contexto nota-

mos na propaganda a retomada dessa

memória da festa junina maranhense como

época de alegria e encantamento na qual o

Guaraná Jesus aparece como elemento

que evoca não só o consumo, mas a união

em primeiro plano. Podemos analisar ainda

nessa propaganda a relação entre corpo,

identidade e discurso, mais especifica-

mente na mesma imagem final do vídeo.

Se considerarmos o conceito

foucaultiano de práticas discursivas como

“conjunto de regras anônimas, históricas,

sempre determinadas no tempo e no es-

paço, que definiram, em uma dada época e

para uma determinada área social, econô-

mica, geográfica ou linguística, as condi-

ções de exercício da função enunciati-

va” (FOUCAULT, 2008, p.136), podemos

dizer então que o corpo também é discur-

so.

Nesse vídeo do Guaraná Jesus,

de 2013, notamos que o corpo (palma da

mão – Fig. 2) aparece como uma das ma-

terialidades discursivas não-verbais. A

mão aparece na propaganda como marca

de identidade, mas por que não um rosto?

O anúncio do refrigerante silencia uma

das marcas mais comuns de identidade do

sujeito, o rosto, usado para “reconhecer

de imediato uma identidade, distinguir os

indícios que autentificam uma pessoa,

Figura 1 - Vídeo “Campanha São João - Guaraná

Jesus 2013” (00:00). Fonte: Dia Comunicação,

Figura 2 - “Campanha São João - Guaraná Jesus

2013” (00:19). Fonte: Dia Comunicação, 2013.

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Página 10 O Corpo

indicar sem erro ‘quem é quem’, uma vez

apagado os nomes e os primeiros aspec-

tos” (COURTINE; VIGARELLO 2006 apud

MILANEZ, 2009, p. 217)². Enfim, no lugar

de um rosto o que funciona como materi-

alidade discursiva central nessa peça é

uma mão.

Nesse caso, o foco dos sentidos

enunciados no vídeo não está na identifi-

cação de um sujeito, em particular, mas

em uma letra “m” maiúscula desenhada

nas linhas da mão. Dessa forma a identifi-

cação se constrói de forma mais abran-

gente e menos pessoal, pois não tem

como escopo um único indivíduo, ela

compreende a marca proeminente do

Guaraná Jesus publicizando-a como o

símbolo maior de identificação cultural

do estado do Maranhão.

O M da imagem, além criar essa

identificação do refrigerante ligada ao

estado maranhense, também remetea

uma memória, inscrita em uma prática

muito antiga, a quiromancia, leitura feita

a partir das linhas da palma das mãos.

Essa memória reforça-se quando o enun-

ciador cita “Minha vida, minha história,

meu sabor”, dialogando com a proposta

da quiromancia segundo a qual as linhas

das mãos podem indicar o destino das

pessoas, sua história e sua vida, portan-

to. Por esse viés, pode-se ler na publici-

dade que o Guaraná ou o Maranhão está

no destino do consumidor.

Considerações finais

Neste recorte da pesquisa Do

sonho cor de rosa ao sabor de viver o

Maranhão: língua, discurso e produção de

identidades na publicidade do Guaraná

Jesus, as análises permitiram-nos eviden-

ciar como a identidade do Guaraná Jesus

vem sendo (re)construída historicamente,

além de perceber como ocorre o desloca-

mento da identidade deste produto, que

hoje é propriedade de uma empresa global

e, ao mesmo tempo, identificado como

ícone local.

Conforme observado em outras

análises, as primeiras fórmulas de publici-

dade do Guaraná, nos primeiros rótulos

feitos pelo seu próprio inventor, vendia-se

ao enunciatário uma bebida de proprieda-

des médicas, que mais se parecia com um

remédio, apoiando-se em um discurso

médico que tinha sua ancoragem na mate-

rialidade verbal. Hoje, a campanha publici-

tária do refrigerante vale-se da conver-

gência de diferentes mídias e de recursos

discursivos sofisticados aliando o verbal e

o não-verbal, o ‘real’ e o virtual, na aproxi-

mação entre enunciador e enunciatário. A

mídia mobiliza elementos linguísticos

(como pronomes possessivos “minha”,

“meu”), imagéticos (centro histórico de

São Luís e festa de São João nos vídeos) e

musicais para reforçar a marca Guaraná

Jesus como emblema da identidade local,

na peça publicitária, e para legitimar a

identidade e tradição do produto no Esta-

do do Maranhão.

Esse movimento discursivo além

de (re)construir a identidade do produto,

constrói também uma identidade para o

maranhense, ou seja, o que está à venda

não é apenas um refrigerante, mas um

valor, a identidade do maranhense torna-

se um produto também. A emergência

dessa identidade surge de uma rede de

significações que emerge com fatores

como a globalização, movimento pensado

inicialmente como o responsável por

transformar a sociedade em uma grande

aldeia, tornando as culturas homogêneas.

Entretanto, conforme Hall (2008), a glo-

balização forçou as sociedades a demar-

carem suas identidades. Por meio desse

movimento, artefatos como o Guaraná

Jesus são levados a funcionar como sím-

bolos de identidades locais.

Pudemos identificar, também,

pela a análise da peça publicitária de co-

memoração à festa de São João de 2013,

a presença de imagens simbólicas da

festa junina do Maranhão, junto às quais o

Guaraná Jesus também figura como um

produto representativo da cultura mara-

nhense. Desse modo, a propaganda não

apenas recita símbolos da cultura mara-

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Página 11 O Corpo

nhense, mas também cria uma identifica-

ção com o consumidor maranhense, pro-

movendo o espaço local, e o refrigerante,

dentro de um mercado maior, o cenário

global, o que atrai, consequentemente,

turistas para o estado e novos consumi-

dores para o Guaraná Jesus.

NOTAS

¹ Teoria semiológica mobilizada para dar

conta da variedade de materialidades discursivas abarcando todas as especifi-

cidades semiológicas sem perder-se da

dimensão social, histórica e cultural, bem

como da problematização do sujeito. Se-

gundo Gregolin (2011), a análise do dis-

curso começa a voltar-se para a proble-

matização dos seus objetos de estudo

com os trabalhos de Courtine e também

com Pêcheux, em alguns de seus traba-

lhos, como o ensaio O papel da memória

(1999).

² COURTINE, J.; VIGARELLO, G. Identificar

traços, indícios, suspeitas. In: CORBIN, A.;

COURTINE, J.; VIGARELLO, G. (Ed.). A Histó-

ria do corpo: as mutações do olhar. Pe-

trópolis: Vozes, 2006. v. 3, p. 341-361.

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<https://www.youtube.com/watch?v=jNcB

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MILANEZ, Nilton. Corpo cheiroso, corpo

gostoso. In: Acta Scientiarum: Language

and Culture, v.31, n.2, 2009, p. 215-222.

MONICA DA SILVA CRUZ: DOUTORADO E MESTRADO EM LINGUÍSTICA E LÍNGUA PORTUGUESA pela UNIVERSI-

DADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO (UNESP/ARARAQUARA). POSSUI GRADUAÇÃO EM

LETRAS PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (1997). ATUALMENTE É PROFESSORA ADJUNTA, NÍVEL

IV, DO DEPARTAMENTO DE LETRAS, PROFESSORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO E INSTITUIÇÕES DO

SISTEMA DE JUSTIÇA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA) E PROFESSORA DO PROGRAMA DE

PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (UFMA). Currículo Lattes: Clique Aqui!

THAYANE SOARES DA SILVA: MESTRANDA EM LETRAS PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (PGLETRAS -

UFMA) E LICENCIADA EM LETRAS (LÍNGUA PORTUGUESA, LÍNGUA INGLESA E RESPECTIVAS LITERATURAS) PELA MESMA

INSTITUIÇÃO (2014). Currículo Lattes: Clique Aqui!

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Página 12 O Corpo

Dica de O Corpo

Para acessar, clique na imagem acima.

Foucault esteve na Bahia, em 1976, na Faculdade de Filosofia na UFBA e proferiu sobre as malhas que tecem o poder nos nossos tem-

pos. Discutir sobre as redes dos discursos, entre sujeitos e poderes, é celebrar a voz de Foucault, que ecoou em meio a um sufoca-

mento de plena ditadura naquela época. Queremos com o I Encontro Foucault e Discurso na Bahia. Outras palavras: o nó na re-

de retornar à história do sujeito cotidiano para reencontrar novas formas de atualidade e fatos do discurso contemporâneo que evo-

cam a coragem dos dizeres e das imagens, hoje, 40 anos depois, em 2016. O convite a um Encontro, em nosso caso, é a festividade de

um Reencontro de Grupos de pesquisa que problematizam as experiências discursivas de Michel Foucault nas Universidades Baianas

e seu entrelaçamento com Universidades de norte a sul, em especial, nesta ocasião, com o GEADA – Grupo de Estudos de Análise do

Discurso de Araraquara, da UNESP, e o CIDADI – Círculo de Estudos em Análise do Discurso, da UFPB. A rede entre Grupos de Pesqui-

sas é, portanto, o nó que acolhe o laço dos saberes. A possibilidade de se dizer de outra maneira são as palavras que furam o espaço

do território Baiano atravessando todo o Brasil. O I Encontro com Foucault na Bahia é o lugar da malha de vontades de saber entre

o LABEDISCO – Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e do LINSP – Lingua-

gem, Sociedade e Produção de Discursos, na UEFS - Universidade de Feira de Santana, no quadro dos trabalhos do Programa de Pós-

Graduação em Estudos Linguísticos, o PPGEL. O enredamento dos dizeres em instâncias midiáticas, literárias, jurídicas, históricas e

educacionais são as marcas do intercâmbio desse Encontro Baiano para pesquisadores, estudantes e estudiosos das Outras Pala-

vras que Michel Foucault nos dá a possibilidade de dizer. É nessa orla do discurso que desejamos encontrar vocês nos dias 20 e 21

de outubro na UEFS em Feira de Santana, na Bahia.

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Página 13 O Corpo

Atualmente, a ciência jurídica impõe aos estudantes, juristas e acadêmicos da área uma análise que consideramos superfici-

al e largamente pragmática. O estudo das leis, da jurisprudência e das doutrinas fixa-nos ao objeto jurídico sem questioná-lo no interi-

or de outras ciências ou até mesmo em relação aos processos históricos de sua formação. A partir da análise das materialidades

jurídicas sob a perspectiva discursiva de Michel Foucault, torna-se factível uma pesquisa profunda sobre os processos (históricos,

políticos) que levam à constituição de um saber jurídico. O projeto tem relevância a partir do momento que incita o acadêmico da

área ao aprofundamento do saber jurídico em dimensões filosóficas, e portanto, questionadoras. No interior dos estudos Foucaultia-

nos sobre o funcionamento das categorias jurídicas, a pesquisa leva em conta: sua constituição, seu (re)aparecimento no interior da

história, seus efeitos de poder e sua validação em regimes de verdade na sociedade.

Michel Foucault (1926-1984), com sua vasta e multifacetada obra, renovou as possibilidades teóricas das ciências humanas

ao criticar nossa visão naturalizada da história, do corpo, da sexualidade, da soberania, do direito e do poder. Ele propôs novas formas

de construção de estratégias de poder, de verdade e de subjetividade, constitutivas da modernidade. Embora sua ênfase tenha s ido

sempre a compreensão da construção dos dispositivos institucionais, com seus saberes e suas práticas de poder, o legado da obra

problematizou a história do nosso presente, suas evidências estabelecidas. Seus estudos foram particularmente influentes e, de certa

forma, mudaram a maneira como concebemos saberes ligados à prisão e à criminologia, às práticas judiciárias, ao hospício e à psi-

quiatria, à sexualidade e à psicanálise.

Foucault remodelou nossa forma de compreender as instâncias sociais, agora vistas a partir de um novo conceito de poder.

Múltiplas relações de poder constituem o corpo social e o poder só existe mediante a produção da verdade. A produção da verdade

parte de uma rede social. Os indivíduos numa determinada sociedade são constituídos por redes de poder e de saber: “os discursos

verdadeiros trazem consigo efeitos específicos de poder”. Foucault destaca as práticas de poder, antes mesmo que o Estado, as práti-

cas de encarceramento, antes mesmo que as prisões, as práticas de segregação dos loucos, antes mesmo que os hospitais psiquiátri-

cos. Para ele, portanto, não há práticas sociais sem um determinado regime de racionalidade e de verdade por elas engendrado. Tal

relação não é diferente nas práticas jurídicas, e é a partir delas que o autor chega aos seus conceitos, explicando o funcionamento da

sociedade (corpo social) na atualidade.

Delineia-se, em sua obra, uma não-identidade entre Estado e poder, não para minimizar o papel do Estado nas relações de poder

existentes na sociedade, mas demonstrar que o Estado não detém o poder e sobre ele não tem privilégios. Na verdade, o poder não

existe, existem práticas ou relações de poder, que são constitutivas do corpo social. Foucault recusa, assim, as representações jurídi-

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Página 14 O Corpo

cas do poder e o exercício do poder como violência e repressão. A partir dessas relações de poder e de saber, podemos chegar às

condições de possibilidade e de existência de determinadas categorias jurídicas sem necessariamente buscar sua origem, mas questi-

onar, assim como fez Foucault na “A Arqueologia do saber”: “por que este e não outro em seu lugar?”.

Foucault propõe, assim, uma analítica ascendente do poder que pretende observar o funcionamento concreto das redes de

poder em nossa sociedade, numa perspectiva minuciosa, objetivando os mecanismos infinitesimais, as técnicas, os procedimentos, os

métodos e jamais a ideologia ou o discurso da soberania. Foucault não nega a importância dos discursos e dos saberes, mas ele julga

que antes de olharmos para as grandes formações culturais de nossa época, devemos prestar atenção às técnicas concretas de for-

mação e de acumulação do saber, que são, na verdade, métodos de observação, de registro, de inquérito e de pesquisa.

Assim, a partir do olhar sobre as minúcias e as práticas cotidianas no interior de uma história quase “desprezada” podemos

observar as redes de poder, de saber e a constituição de verdade(s) jurídica(s) em todas as esferas sociais.

O objetivo deste projeto de pesquisa é analisar a aplicação do Direito a partir das práticass jurídicas atravessadas de categori-

as estudadas por Michel Foucault. Este pensador francês elaborou ricas teorizações para se entender a constituição de verdade(s) no

interior da história e as relações de poder e de saber nela desenvolvidas, as quais produzem os chamados sujeitos de direito, cerne

dos estudos em torno da teoria do Direito.

Componentes:

Samene Batista Pereira Santana - Coordenadora do grupo de pesquisa Labedire/Fainor, pesquisadora do PPGMLS/Labedisco/UESB

Jorge Raphael Rodrigues de Oliveira Cotinguiba (Fainor/Pivic)

Rafaela Pacifico Carvalho (Fainor/Pivic)

Rahíssa Azevedo Gomes (Fainor/Pibic)

Raquel Fróes Borges (Fainor/Pivic)

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Página 15 O Corpo

Layanne Mussy: Sabe-se da im-

portância do psicólogo estar pre-

sente juntamente com outros pro-

fissionais na relação e cuidado do

paciente “adoecido”, elevando a

importância dos aspectos psicos-

sociais, integrando a doença e o

doente na totalidade do ser, como

uma unidade: mente, corpo e senti-

mento. Qual a visão da psicologia

sobre o processo de adoecimento

no contexto hospitalar?

Ana Cândida Lôbo: A doença é uma

consequência de um desequilíbrio,

de alguma alteração no funciona-

mento normal do indivíduo, seja

físico ou mental. Inicialmente o pa-

ciente internado chega com uma

demanda física a qual deseja se

livrar por meio de cuidados e tera-

pêuticas médicas. Porém o psicólo-

go como profissional de saúde e

membro da equipe multidisciplinar,

ofertará ao paciente uma escuta da

subjetividade desta demanda física

inicial, identificando e mostrando ao

mesmo o sentido da doença, quais

de suas questões internas podem

estar sendo causa, consequência,

desencadeador, ou manutenção des-

te adoecer. Há uma corrente psi-

cossomática que afirma que todas

as doenças são de etiologia psíquica,

exceto as de mau formação congêni-

ta, porém estas trarão significativas

implicações psicológicas e emocio-

nais. Sendo causa ou consequência,

não importa! O que importa é com-

preender que toda e qualquer doen-

ça possuem significativas questões

psicológicas e emocionais que preci-

sam ser identificadas, interpretadas

e elaboradas, pois há um efeito dire-

to dos afetos sobre o corpo.

Layanne Mussy: Sendo a doença

uma manifestação da subjetividade

psíquica, podemos pensar na doen-

ça como uma via de acesso as

questões internas do indivíduo, co-

mo uma linguagem, um “algo” a ser

dito?

Ana Cândida Lôbo: Com certeza!

Groddeck já afirmava que “a doença

é o caminho para o conhecimento

de si”, pois a partir dela podemos

ter acesso ao que o indivíduo es-

conde de si, ou que não dá conta de

trazer a consciência, e a partir do

sintoma físico há uma manifestação

psíquica que traz uma mensagem a

ser decifrada, como se a doença

fosse uma linguagem, uma comuni-

cação do indivíduo sobre suas do-

res e conflitos internos que não

conseguem expressar e elaborar

por outras vias. A linguagem verbal

humana não dá conta de traduzir

exatamente tudo que o indivíduo

pensa, sente, fantasia, teme, deseja,

LAYANNE MUSSY ENTREVISTA ANA CÂNDIDA LÔBO

Domínios do Adoecimento e

Conhecimento de Si

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Página 16 O Corpo

reprime, ou seja, ela por si só não

é capaz de exprimir, de expor todos

os pensamentos e sentimentos do

indivíduo, por isso a linguagem se

apresenta em diversas outras for-

mas e meios, sendo o corpo um

deles. O ser humano pode fazer uso

da sua doença como uma lingua-

gem para expressar suas experi-

ências subjetivas, seus conflitos,

suas dores e assim demandar aju-

da. Muitas vezes o indivíduo não

tem consciência desta forma de

linguagem, sendo que para ele um

sintoma orgânico é algo objetivo,

que ele vê, sente no corpo e quer

se livrar. Porém este sintoma or-

gânico está inter-relacionado ao

mundo simbólico e experiências

subjetivas do indivíduo e que tem

muito o que revelar sobre si mes-

mo.

Layanne Mussy: Observa-se que

as pessoas diante de dificuldades e

conflitos do dia-a-dia buscam mei-

os de manifestação e expressão

destas dores, seja no uso e abuso

de vícios, atos compulsivos, pro-

cesso de somatização, entre outros.

Tais meios quando identificados são

vistos como sintomas a serem deco-

dificados que proporcionam acesso

ao inconsciente, ao que o indivíduo

quer e precisa dizer, porém não dá

conta de se expressar pela via cons-

ciente e verbal. Como se dá este

processo?

Ana Cândida Lôbo: Ao longo da vida

o indivíduo vai formando e estrutu-

rando suas crenças, valores, identi-

ficações. Todas estas terão signifi-

cados individuais e peculiares que

podem ser representados por meio

de símbolos. Estes são um meio do

qual o inconsciente se dirige a cons-

ciência. É quando uma experiência

interior é objetivada em objetos do

mundo externo e através deles per-

cebe-se a manifestação simbólica

do psiquismo. Os símbolos não são

universais, mas sempre relativos e

individuais. O corpo é um símbolo da

mente. Ele fala. Manifestamos nos-

sas atitudes e sentimentos por mo-

vimentos e gestos de maneira tão

precisa que muitas vezes os outros

nos reconhecem melhor pelos ges-

tos do que por nossas palavras. E a

doença é um símbolo que se con-

cretiza, se apresenta por meio dos

sintomas físicos e que para cada

paciente estes possuem um signifi-

cado individual, condizente com sua

subjetividade. Na medicina, o sinto-

ma está ligado à manifestação de

uma doença no sentido biológico,

fisiológico. Apresenta uma relação

de causa e efeito sendo este último

o próprio sintoma, o qual o médico

visa eliminar de maneira objetiva,

com tratamentos específicos e me-

dicamentos. Os sintomas são vistos

como partes de uma doença, e a

remoção destes como caminho à

cura. Na psicologia, o sintoma é a

concretização da subjetividade,

possui um sentido e está direta-

mente ligado à experiência de vida

do paciente. É a partir da observa-

ção do sintoma da medicina no ân-

gulo subjetivo que o indivíduo em-

presta sentido e significado ao es-

tar “doente”. Além disso, o sintoma

é impositivo, não há controle cons-

ciente sobre sua expressão, ou se-

ja, independe da vontade consciente

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Página 17 O Corpo

do indivíduo. É uma representação

de algo recalcado que encontra,

por exemplo, um meio de se apre-

sentar na descompensação fisioló-

gica.

Layanne Mussy: Para todo ser

humano o processo de adoecer

possui uma função, uma razão no

seu desencadeamento e manifesta-

ção. Muitas pessoas só olham para

si mesmas, só refletem sobre o

que são, sentem e pensam, quando

estão diante de indícios de estar

doente ou quando a doença já está

instalada. Sendo a doença uma lin-

guagem, como entendê-la? Como

compreender seu discurso?

Ana Cândida Lôbo: A doença funci-

ona como uma linguagem num pro-

cesso de comunicação do inconsci-

ente. Por meio dela, o indivíduo pode

ter acesso a sua subjetividade, tra-

zendo a consciência por meio da

interpretação, os seus conflitos in-

ternos e assim poder elaborá-los.

Mas para isso é primordial que o

indivíduo deseje a busca deste senti-

do, do que tal sintoma ou doença

pode estar representando interna-

mente e assim compreendendo o

seu processo de adoecer, deixe vir à

tona as questões internas mal ela-

boradas. A doença é um sinal de

algo inconsciente que pode ser deci-

frado dando sentido e significado e,

consequente a esta elaboração, o

indivíduo poderá estagnar ou sanar

a doença. Ao contrário disto, se vi-

ver a doença sem elaborá-la, pode-

rá chegar à cronificação e até a

morte. É primordial observar o sen-

tido da doença na vida das pessoas,

pois para cada indivíduo a doença

tem um significado, um sentido,

uma função e um destino diferente.

Muitas vezes a doença é escolhida

pelo sujeito para projetar aquilo

que ele desconhece ou nega existir

em si mesmo, e a busca do sentido

da doença é a busca de um enfren-

tamento consigo próprio. A doença

proporciona ao indivíduo a possibili-

dade de reflexão sobre sua vida, o

que fez, deixou de fazer e o que ain-

da poderá fazer. É um momento de

conscientização e revisão de sua

trajetória de vida e, a partir desta

reflexão, poder realizar mudanças.

LAYANNE MUSSY: POSSUI GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA (2008) PELA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊN-

CIAS - FTC. ATUALMENTE ATENDE EM CONSULTÓRIO PARTICULAR. É INTEGRANTE DOS GRUPOS DE PESQUISA LA-

BEDISCO - LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO DISCURSO E DO CORPO, E PSINEMA: CORPO, AUDIOVISUALIDADES,

PSICANÁLISE E ANÁLISE DO DISCURSO. OS ASSUNTOS DE EMPENHO E QUE CONSTITUEM SUAS INVESTIGAÇÕES SÃO

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ANA CÂNDIDA LÔBO: PSICÓLOGA CLÍNICA E HOSPITALAR, ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA HOSPITALAR PELO

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA; PSICÓLOGA HOSPITALAR DO HOSPITAL UNIMEC; DOCENTE E SUPERVISORA

DE ESTÁGIO ESPECÍFICO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR DA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU – VITÓRIA DA CON-

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Página 18 O Corpo

Dica de O Corpo

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Página 19 O Corpo

Dica de O Corpo

Assista a aula “A Formação e Constituição do Sujeito” ministrada pela

Profa. Drnda. Cecília Barros-Cairo (PPGMLS/Labedisco/UESB/FAPESB)

no I Encontro do Ciclo de Estudos:

"Corpo e Audiovisual: Aportes Teóricos para Estudos em Análise do Discurso".

Para acessar, clique na imagem abaixo.

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Leitura do livro “MICHEL FOUCAULT: A LITERATURA E AS ARTES”

Organização: Philippe Artières

Dica de O Corpo

Página 20 O Corpo

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O corpo é discurso

Conselho Editorial Internacional

Beatriz de Las Heras (Universidad Carlos III de Madrid)

Jean-Jacques Courtine (University of Auckland)

Martha Guadalupe Loza Vazquez (Universidad Autônoma de Guadalajara)

Philippe Dubois (Sorbonne Nouvelle – Paris 3)

Conselho Editorial Nacional

Adilson Ventura da Silva (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Amanda Batista Braga (Universidade Federal da Paraíba)

Anderson de Carvalho Pereira (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Antônio Fernandes Júnior (Universidade federal de Goiás)

Conceição de Maria Belfort de Carvalho (Universidade Federal do Maranhão)

Denise Gabriel Witzel (Universidade Estadual do Centro-Oeste)

Edvania Gomes da Silva (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Elmo José dos Santos (Universidade Federal da Bahia)

Flávia Zanutto (Universidade Estadual de Maringá)

Francisco Paulo da Silva (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)

Ilza do Socorro Galvão Cutrim (Universidade Federal do Maranhão)

Ivânia dos Santos Neves (Universidade Federal do Pará)

Ivone Tavares Lucena (Universidade Federal da Paraíba)

Leda Verdiani Tfouni (Universidade de São Paulo)

Luzmara Curcino Ferreira (Universidade Federal de São Carlos)

Maíra Fernandes Martins Nunes (Universidade Federal de Campina Grande)

Maria do Rosário Gregolin (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho)

Maria Regina Baracuhy Leite (Universidade Federal da Paraíba)

Marisa Martins Gama-Khalil (Universidade Federal de Uberlândia)

Mônica da Silva Cruz (Universidade Federal do Maranhão)

Nádia Regia Maffi Neckel (Universidade do Sul de Santa Catarina)

Nilton Milanez (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Nirvana Ferraz Santos Sampaio (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Paula Chiaretti (Universidade do Vale do Sapucaí)

Pedro Luis Navarro Barbosa (Universidade Estadual de Maringá)

Sandra Márcia Campos Pereira (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Simone Hashiguti (Universidade federal de Uberlândia)

Vanice Maria Oliveira Sargentini (Universidade Federal de São Carlos)

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O Corpo é Discurso

é o primeiro jornal

eletrônico de

popularização

científica da Bahia.

Colaboradores

Popularização da Ciência

A pesquisa científica gera conhecimentos, tecnologias e inovações que benefi-

ciam toda a sociedade. No entanto, muitas pessoas não conseguem compreender a

linguagem utilizada pelos pesquisadores. Neste contexto, a grande mídia e as novas

tecnologias de comunicação cumprem o papel de facilitadores do acesso ao conhe-

cimento científico. Para contribuir com esse processo, em sintonia com o espírito

que anima o Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do CNPq, criamos

esta seção no portal do CNPq. Seja bem-vindo ao nosso espaço de popularização da

ciência e aproveite para conhecer as pesquisas dos cientistas brasileiros e os bene-

fícios provenientes do desenvolvimento científico-tecnológico.