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    Superior Tribunal de Justia

    RECURSO ESPECIAL N 411.331 - SP (2002/0014552-4)RELATOR : MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITORECORRENTE : S N DE O

    ADVOGADO : JOS ELISEURECORRIDO : R G

    ADVOGADO : ANA IRENE SANTORO VALENTE E OUTROSEMENTA

    Execuo de ttulo judicial decorrente de partilha de bens.

    Compensao. Art. 1.010 do Cdigo Civil de 1916.

    1.A compensao somente possvel entre dvidas lquidas e vencidas, o

    que no ocorre neste feito.

    2. Recurso especial conhecido e provido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima

    indicadas, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justia, por

    unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento. Os Srs. Ministros

    Nancy Andrighi, Castro Filho e Antnio de Pdua Ribeiro votaram com o Sr. Ministro

    Relator.Ausente,justificadamente, o Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros.

    Braslia (DF), 29 de maro de 2005 (data dojulgamento).

    MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

    Relator

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    Superior Tribunal de Justia

    RECURSO ESPECIAL N 411.331 - SP (2002/0014552-4)

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO:

    Sidney Nunes de Oliveira interpe recurso especial, com fundamento nas

    alneas "a" e "c" do permissivo constitucional, contra acrdo da Primeira Cmara de

    Direito Privado do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, assim ementado:

    "Embargos execuo - Sentena que os julgaimprocedentes - Circunstncias particulares que justificam soluodiversa, permitindo-se a compensao pretendida pela embargante -Recurso provido"(fl. 150).

    Sustenta contrariedade aos artigos 741, incisos II e IV, e 566 do Cdigo de

    Processo Civil e 1.010 do Cdigo Civil de 1916, haja vista que no se pode falar em

    compensao, sendo certo que esta deve retroagir data em que a separao judicial

    se confirmou.

    Aduz que o Tribunal de origem contrariou os dispositivos mencionados,

    tambm, "ao entender que o RECORRENTE Sidney para buscar sua meao nosdepsitos de poupana sacados e embolsados integralmente pela RECORRIDA

    roseneide, quando da separao do casal, diante de v. acrdo que lhe conferiu este

    direito, deveria antes promover partilha parcial de bens de valor locativo do imvel

    comum do casal que vem ocupando juntamente com seu filho Dalton, fazendo

    compensao de dbito e crdito, a despeito de a RECORRIDA Roseneide no ter

    apenas crditos ilquido, incerto, no vencido e no homogneos, dependendo, ainda,

    do devido aparelhamento judicial. Ademais, no tinha a RECORRIDA Roseneide, na

    data em que a situao se configurou (separao e saque) qualquer crdito contra o

    RECORRENTE Sidney" (fl. 176).

    Alega ter direito meao do montante guardado em poupana, que foi

    sacado pela recorrida sem sua autorizao, pois referida quantia consubstancia-se em

    um ttulojudicial lquido, certo e exigvel.

    Para caracterizar a divergncia jurisprudencial, colaciona julgados,

    tambm, desta Corte.

    Contra-arrazoado (fls. 200 a 206), o recurso especial (fls. 155 a 177) foi

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    admitido (fls. 208/209).

    Os autos foram enviados ao Ministrio Pblico Federal em 7/5/02 (fl. 221),

    retornando em 18/3/04 (fl. 226), com parecer do ilustre Subprocurador-Geral da

    Repblica, Dr. Eduardo Antnio Dantas Nobre, pelo provimento do recurso especial

    (fls. 223 a 225).

    o relatrio.

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    RECURSO ESPECIAL N 411.331 - SP (2002/0014552-4)

    EMENTA

    Execuo de ttulo judicial decorrente de partilha de bens.

    Compensao. Art. 1.010 do Cdigo Civil de 1916.

    1.A compensao somente possvel entre dvidas lquidas e vencidas, o

    que no ocorre neste feito.

    2. Recurso especial conhecido e provido.

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO:

    A recorrida ajuizou embargos execuo com base, segundo a inicial,

    em suposto direito de partilha de bens. Sustenta que teve de deixar a casa em razo

    das agresses sofridas, mudando-se para Piracicaba com seus dois filhos. Afirma,

    ainda, depois de repassar a lista dos bens a partilhar, que credora do embargado.

    A sentena julgou improcedentes os embargos. Segundo o Juiz, a

    embargante no conseguiu demonstrar que no deve o valor indicado no ttulo executivo

    judicial, ou seja, metade de R$ 16.500,00. Afirmou, tambm, que tudo indica estar o

    embargado realmente utilizando sozinho o imvel de propriedade do casal, mas relevou

    que a embargada at a data sequer deu incio partilha dos bens do casal.

    O Tribunal de Justia de So Paulo proveu a apelao. Para o acrdo,

    "havia e h bons motivos para se permitir a apurao dos alegados crditos resultantes

    dos saldos em contas bancrias, que teriam se destinado a Sidney e, em especial, o

    aluguel do imvel de propriedade do casal e de utilizao exclusiva por Sidney, desde a

    poca do rompimento (abril/96). O mesmo imvel cuja parte ideal foi penhorada" (fls.

    151/152). Anotou, ainda, que tambm caberia ao varo "promover a partilha de bens,

    at porque deveria estar ciente da necessidade de pagar ex-esposa metade do valor

    locativo enquanto usasse o imvel, com exclusividade"(fl. 152).

    O especial afirma que houve negativa de vigncia dos artigos 566 e 741, II

    e VI, do Cdigo de Processo Civil e 1.010 do Cdigo Civil de 1916, trazendo, tambm,

    paradigmas para sustentar o dissdio. fcil verificar que o acrdo est repousado no suposto direito de

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    compensao da recorrida, assim, crditos resultantes de saldos bancrios, aluguel de

    imvel de propriedade do casal, ocupado solitariamente pelo recorrente, despesas com

    a manuteno dos filhos por determinado perodo sem a participao do varo. Mas

    esses crditos no podem ser opostos ao ttulo executivo judicial, certo e incontestvel,

    porquanto os da embargante dependem de apurao. De fato, a execuo decorre de

    deciso que determinou embargada pagar ao exeqente metade do valor do saldo que

    o casal mantinha depositado em caderneta de poupana em 3/3/1996, o que, segundo a

    sentena, foi admitido pela prpria embargada. Opor essa obrigao decorrente de ttulo

    judicial crditos eventuais, dependentes de apurao, no est conforme ao art. 1.010

    do Cdigo Civil de 1916.

    Com essas razes, conheo do especial e lhe dou provimento pararestabelecer a sentena.

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    CERTIDO DE JULGAMENTOTERCEIRA TURMA

    Nmero Registro: 2002/0014552-4 RESP 411331 / SP

    Nmeros Origem: 1894774 6411996

    PAUTA: 08/03/2005 JULGADO: 29/03/2005

    Relator

    Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

    Presidenta da SessoExma. Sra. MinistraNANCY ANDRIGHI

    Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. FRANCISCO DIAS TEIXEIRA

    Secretrio

    Bel. MARCELO FREITAS DIAS

    AUTUAO

    RECORRENTE : SN DE OADVOGADO : JOS ELISEURECORRIDO : R GADVOGADO : ANA IRENE SANTORO VALENTE E OUTROS

    ASSUNTO: Civil - Famlia - Separao - Litigiosa

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe nasesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    "A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso especial e deu-lhe provimento." OsSrs. Ministros Nancy Andrighi, Castro Filho e Antnio de Pdua Ribeiro votaram com o Sr.Ministro Relator.

    Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros.

    Braslia, 29 de maro de 2005

    MARCELO FREITAS DIASSecretrio

    Documento: 537092 - Inteiro Teor doAcrdo - Site certificado - DJ: 30/05/2005 Pgina 6de 6