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IV UFRJ AMBIENTÁVEL - Rio de Janeiro 21 a 23 de Outubro de 2008 ECORREGIÃO XINGU-TAPAJÓS – PRINCIPAIS VETORES DO DESMATAMENTO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA, MT Silvia Machado de Castro – UFRJ/CETEM – [email protected] Ricardo Sierpe Vidal Silva – CETEM – [email protected] Zuleica Carmen Castilhos – CETEM – [email protected] Silvia Gonçalves Egler – CETEM – [email protected] 1.Introdução O processo de colonização de Alta Floresta, município ao norte do MT que ocupa uma área de 9.310 Km 2 (Figuras 1 e 2), foi promovido na década de 1970 pelo Governo Federal como parte do processo de integração da Amazônia à economia nacional através da ocupação de terras devolutas estaduais situadas nas Regiões Centro- Oeste e Norte do país. Este recorte da Amazônia meridional além de ser uma das áreas prioritárias para conservação (MMA, 2002), está na área de influência da BR-163 - Cuiabá-Santarém, prevista no Plano de Desenvolvimento Sustentável lançado pela Casa Civil da Presidência da República (2006) para aquela região. 2.Objetivo O presente trabalho propõe apresentar os principais vetores do desmatamento em Alta Floresta, MT: extração de madeira, atividade garimpeira de ouro e avanço da fronteira agropecuária, utilizando imagens, fotos e dados socioeconômicos, na escala temporal de 1970 a 2007. As Figuras 3 e 4 documentam a abertura da floresta e, a Figura 5, a evolução do desmatamento registrada pelo Satélite LandSat em 2006. 3.1 As atividades madeireiras de extração, industrialização e comercialização são agentes no processo de desmatamento, presentes desde a ocupação do município com serrarias para a construção de pontes, barcos e residências (Gráfico 1). 3.2 O cultivo de grãos também pressiona o desmatamento nas áreas de floresta. Além do arroz e do milho, a soja é cada vez mais valorizada no mercado de exportação, cuja cultura tem ocorrido em áreas de pastagem abandonadas, com um custo menor (Gráfico 2). 3.3 A pecuária extensiva é principalmente para abate e produção de leite, impactando especialmente o solo pobre em nutrientes (Cálcio) (Gráfico 3). 3.4 A atividade garimpeira de ouro, em geral, causa profundos impactos ambientais e sociais, tais como: assoreamento dos rios, turbidez das águas, impedindo a penetração da luz e impactando fauna e flora; crescimento demográfico e ocupação desordenada (Gráfico 4). Produção M adeira (Tora e Lenha) 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 1991 1997 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 0 20.000 40.000 60.000 80.000 Madeira em Tora (m 3) Madeira-Lenha (m 3) População Expon. (População) Gráfico 1: Extração de Madeira, Toras e Lenha (PORTAL MUNICIPAL/CNM, 2008) Pop Madeira Soja x Arroz x M ilho 0 5.000 10.000 15.000 20.000 Soja (t) 300 200 600 117 810 1.015 Arroz (t) 5.880 16.200 8.800 6.000 5.880 3.560 4.931 9.431 1.590 M ilho (t) 6.577 3.240 1.500 2.000 1.000 1.000 800 800 1.095 1991 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Gráfico 2: Produção de grãos (PORTAL MUNICIPAL, 2008) Gráfico 3: Efetivo bovino de 1980-2004 (IBGE, 2006) Figuras 3 e 4 – Abrindo a floresta e início da ocupação (INDECO, 2008) 4 3 Gráfico 4: População de Alta Floresta de 1980-2005 (IBGE, 2006) 46.9 82 3.Desenvolvimento Figura 5 - Mosaico LandSat 2006 http ://www. dpi .inpe. br / prodesdigital / prodes . php Desmatamento acumulado em Alta Floresta: 4.809,2 km 2 . Figura 1 – Alta Floresta na Ecorregião Xingu- Tapajós (CETEM, 2008). Figura 2 – Município de Alta Floresta (SOUZA, 2006) O IDH do município (0,779) (PNUD, 2006), indica um local privilegiado no cenário nacional, mas, os dados de desmatamento, um relacionamento direto entre o avanço da fronteira agropecuária, o extrativismo vegetal e as atividades garimpeiras de ouro, iniciado com a chegada de colonos vindos do Sul. Para o desenvolvimento sustentável, o desafio hoje é agregar qualidade de vida à população nas múltiplas escalas (local, regional e nacional), simultaneamente à conservação dos recursos naturais, para a sustentabilidade das gerações futuras. 4. Conclusão

IV UFRJ AMBIENTÁVEL - Rio de Janeiro 21 a 23 de Outubro de 2008 ECORREGIÃO XINGU-TAPAJÓS – PRINCIPAIS VETORES DO DESMATAMENTO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA,

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IV UFRJ AMBIENTÁVEL - Rio de Janeiro21 a 23 de Outubro de 2008

ECORREGIÃO XINGU-TAPAJÓS – PRINCIPAIS VETORES

DO DESMATAMENTO NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA, MT

Silvia Machado de Castro – UFRJ/CETEM – [email protected] Sierpe Vidal Silva – CETEM – [email protected]

Zuleica Carmen Castilhos – CETEM – [email protected] Gonçalves Egler – CETEM – [email protected]

1.Introdução

O processo de colonização de Alta Floresta, município ao norte do MT que ocupa uma área de 9.310 Km2 (Figuras 1 e 2), foi promovido na década de 1970 pelo Governo Federal como parte do processo de integração da Amazônia à economia nacional através da ocupação de terras devolutas estaduais situadas nas Regiões Centro-Oeste e Norte do país. Este recorte da Amazônia meridional além de ser uma das áreas prioritárias para conservação (MMA, 2002), está na área de influência da BR-163 - Cuiabá-Santarém, prevista no Plano de Desenvolvimento Sustentável lançado pela Casa Civil da Presidência da República (2006) para aquela região.

2.Objetivo

O presente trabalho propõe apresentar os principais vetores do desmatamento em Alta Floresta, MT: extração de madeira, atividade garimpeira de ouro e avanço da fronteira agropecuária, utilizando imagens, fotos e dados socioeconômicos, na escala temporal de 1970 a 2007. As Figuras 3 e 4 documentam a abertura da floresta e, a Figura 5, a evolução do desmatamento registrada pelo Satélite LandSat em 2006.

3.1 As atividades madeireiras de extração, industrialização e comercialização são agentes no processo de desmatamento, presentes desde a ocupação do município com serrarias para a construção de pontes, barcos e residências (Gráfico 1).3.2 O cultivo de grãos também pressiona o desmatamento nas áreas de floresta. Além do arroz e do milho, a soja é cada vez mais valorizada no mercado de exportação, cuja cultura tem ocorrido em áreas de pastagem abandonadas, com um custo menor (Gráfico 2).3.3 A pecuária extensiva é principalmente para abate e produção de leite, impactando especialmente o solo pobre em nutrientes (Cálcio) (Gráfico 3).3.4 A atividade garimpeira de ouro, em geral, causa profundos impactos ambientais e sociais, tais como: assoreamento dos rios, turbidez das águas, impedindo a penetração da luz e impactando fauna e flora; crescimento demográfico e ocupação desordenada (Gráfico 4).

Produção Madeira (Tora e Lenha)

020.00040.00060.00080.000

100.000120.000140.000

1991 1997 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

0

20.000

40.000

60.000

80.000

Madeira em Tora (m3) Madeira-Lenha (m3)

População Expon. (População)

Gráfico 1: Extração de Madeira, Toras e Lenha (PORTAL MUNICIPAL/CNM, 2008)

Pop

MadeiraSoja x Arroz x Milho

0

5.000

10.000

15.000

20.000

Soja (t) 300 200 600 117 810 1.015

Arroz (t) 5.880 16.200 8.800 6.000 5.880 3.560 4.931 9.431 1.590

Milho (t) 6.577 3.240 1.500 2.000 1.000 1.000 800 800 1.095

1991 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 2: Produção de grãos (PORTAL MUNICIPAL, 2008)

Gráfico 3: Efetivo bovino de 1980-2004 (IBGE, 2006)

Figuras 3 e 4 – Abrindo a floresta e início da ocupação

(INDECO, 2008)

4

3Gráfico 4: População de Alta

Floresta de 1980-2005 (IBGE, 2006)

46.982

3.Desenvolvimento

Figura 5 - Mosaico LandSat 2006http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodes.php

Desmatamento acumulado em Alta Floresta: 4.809,2 km2.

Figura 1 – Alta Floresta na Ecorregião Xingu-Tapajós

(CETEM, 2008).

Figura 2 – Município de Alta Floresta (SOUZA, 2006)

O IDH do município (0,779) (PNUD, 2006), indica um local privilegiado no cenário nacional, mas, os dados de desmatamento, um relacionamento direto entre o avanço da fronteira agropecuária, o extrativismo vegetal e as atividades garimpeiras de ouro, iniciado com a chegada de colonos vindos do Sul. Para o desenvolvimento sustentável, o desafio hoje é agregar qualidade de vida à população nas múltiplas escalas (local, regional e nacional), simultaneamente à conservação dos recursos naturais, para a sustentabilidade das gerações futuras.

4. Conclusão