4
13 Junho de 2019 A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA JOSEPHINA PINHEIRO MACHADO CIACCIA (NINA) Professora Josephina Pinheiro Machado (Professora Nina) e Paulo Ciaccia P aulo Ciaccia nasceu em 12/09/1899 na cidade de Mo- nopoli, Província de Bari – Itá- lia, filho de Angelo Ciaccia e Thereza Todisco. Ainda estudante de Conta- bilidade, alistou-se em 16/05/1917 no 3º Regimento de Infantaria e em 01/05/1918 foi transferido ao 93º Regimento de Infantaria, Zona de Guerra, durante a Primeira Guerra Mundial, que teve início em Agos- to/1914, lutando nas Batalhas de Pie- ve e do Monte Grappa, na região de Vitorio Veneo, nos Alpes Venezia- nos. Em 05/01/1920, na cidade de Ancona, obteve baixa do Serviço Mi- litar Italiano, e em seguida concluiu seus estudos em Contabilidade. Em 22/09/1926, deixando sua terra natal, desembarcou no Porto de Santos, já com desno a Botuca- tu, onde prosperava uma enorme Co- lônia Italiana. Seu primeiro emprego foi junto a Família Lunardi, onde gerenciou a programação de filmes importados. Quando Emílio Pedu, também Contador e Gerente do Banco Fran- cês e Italiano de Botucatu, e que viria a ser posteriormente Prefeito de Bo- tucatu por dois mandatos, através de sua vocação administrava vislum- brou a cinematografia, começou nes- se campo com a aquisição da sua pri- meira Casa de Diversões, o Cine Ca- sino em Botucatu, nos idos de 1930. Com a feliz idéia de aproveitar as Es- tradas de Ferro Sorocabana, Paulis- ta e Noroeste para a distribuição de filmes em outras cidades, começou a montar a sua equipe de funcionários, e logo incorporou o Contador Paulo Ciaccia, com já larga experiência em programação de filmes importados. Ao longo dos anos, Paulo Ciaccia, como Contador-Geral, passou a ge- renciar a parte financeira da Empresa Teatral Pedu, que chegou a possuir 70 cinemas, conforme relatado pelos Prof. José Benedito Gamito e Histo- riador João Carlos Figueiroa no argo – Botucatu já foi chamada de a “ter- ra do Cinema”. Conheça um pouco da história – disponível na Internet. Paulo Ciaccia casou-se com a Professora Josephina Pinheiro Ma- chado (Nina) em 26/12/1937, e - veram os filhos Ana Tereza Pinheiro Machado Ciaccia, com nome de casa- da Ana Tereza Ciaccia Rodrigues Cal- das, e este que vos escreve, Paulo Pinheiro Machado Ciaccia. A ascen- dência e descendência da Professo- ra Josephina Pinheiro Machado (Ni- na) pode ser vista no site www.histo- riadebotucatu.com.br, Árvore Genea- lógica da Família Pinheiro Machado, à p. 137, nº 8620. A Professora Josephina Pi - nheiro Machado (Nina) nasceu em 06/11/1904 em Botucatu. Filha do Coronel Matheus Gomes Pinheiro Machado (Nhô Zico) e Anna Joaqui- na Franco do Amaral (Nhá Quina), neta do Major Matheus Gomes Pi - nheiro Machado e Joaquina Roza da Cunha Caldeira e bisneta do Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo – Funda- dor de Botucatu – e Anna Florisbella Machado de Oliveira e Vasconcellos. A Professora Josephina Pinheiro Machado Ciaccia (Nina) lecionou na Fazenda Velha, Fazenda Redenção, Fazenda Araquá, Fazenda Edgardia, Bairro do Capuava (perto de Piram- bóia), e no Bairro de Anhumas (César Neto), numa época em que as pro- AUTOR – Eng. PAULO PINHEIRO MACHADO CIACCIA

J 1 A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA … - Paulo...soldados. A multidão cantou o Hino Nacional e quando o trem se pôs em movimento, os que partiam e o po - vo entoaram

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: J 1 A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA … - Paulo...soldados. A multidão cantou o Hino Nacional e quando o trem se pôs em movimento, os que partiam e o po - vo entoaram

13Junho de 2019

A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA JOSEPHINA PINHEIRO

MACHADO CIACCIA (NINA)

Professora Josephina Pinheiro Machado (Professora Nina) e Paulo Ciaccia

Pa u l o C i a c c i a n a s c e u e m 12/09/1899 na cidade de Mo-nopoli, Província de Bari – Itá-

lia, filho de Angelo Ciaccia e Thereza Todisco. Ainda estudante de Conta-bilidade, alistou-se em 16/05/1917 no 3º Regimento de Infantaria e em 01/05/1918 foi transferido ao 93º Regimento de Infantaria, Zona de Guerra, durante a Primeira Guerra Mundial, que teve início em Agos-to/1914, lutando nas Batalhas de Pie-ve e do Monte Grappa, na região de Vitorio Venetto, nos Alpes Venezia-nos. Em 05/01/1920, na cidade de Ancona, obteve baixa do Serviço Mi-litar Italiano, e em seguida concluiu seus estudos em Contabilidade.

Em 22/09/1926, deixando sua terra natal, desembarcou no Porto de Santos, já com destino a Botuca-tu, onde prosperava uma enorme Co-lônia Italiana.

Seu primeiro emprego foi junto a Família Lunardi, onde gerenciou a programação de filmes importados.

Quando Emílio Peduti, também Contador e Gerente do Banco Fran-cês e Italiano de Botucatu, e que viria a ser posteriormente Prefeito de Bo-tucatu por dois mandatos, através de sua vocação administrativa vislum-brou a cinematografia, começou nes-se campo com a aquisição da sua pri-meira Casa de Diversões, o Cine Ca-sino em Botucatu, nos idos de 1930. Com a feliz idéia de aproveitar as Es-tradas de Ferro Sorocabana, Paulis-ta e Noroeste para a distribuição de filmes em outras cidades, começou a montar a sua equipe de funcionários, e logo incorporou o Contador Paulo Ciaccia, com já larga experiência em

programação de filmes importados.Ao longo dos anos, Paulo Ciaccia,

como Contador-Geral, passou a ge-renciar a parte financeira da Empresa Teatral Peduti, que chegou a possuir 70 cinemas, conforme relatado pelos Prof. José Benedito Gamito e Histo-riador João Carlos Figueiroa no artigo – Botucatu já foi chamada de a “ter-ra do Cinema”. Conheça um pouco da história – disponível na Internet.

Paulo Ciaccia casou-se com a Professora Josephina Pinheiro Ma-chado (Nina) em 26/12/1937, e ti-veram os filhos Ana Tereza Pinheiro Machado Ciaccia, com nome de casa-da Ana Tereza Ciaccia Rodrigues Cal-das, e este que vos escreve, Paulo Pinheiro Machado Ciaccia. A ascen-dência e descendência da Professo-ra Josephina Pinheiro Machado (Ni-na) pode ser vista no site www.histo-

riadebotucatu.com.br, Árvore Genea-lógica da Família Pinheiro Machado, à p. 137, nº 8620.

A Professora Josephina Pi -nheiro Machado (Nina) nasceu em 06/11/1904 em Botucatu. Filha do Coronel Matheus Gomes Pinheiro Machado (Nhô Zico) e Anna Joaqui-na Franco do Amaral (Nhá Quina), neta do Major Matheus Gomes Pi-nheiro Machado e Joaquina Roza da Cunha Caldeira e bisneta do Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo – Funda-dor de Botucatu – e Anna Florisbella Machado de Oliveira e Vasconcellos.

A Professora Josephina Pinheiro Machado Ciaccia (Nina) lecionou na Fazenda Velha, Fazenda Redenção, Fazenda Araquá, Fazenda Edgardia, Bairro do Capuava (perto de Piram-bóia), e no Bairro de Anhumas (César Neto), numa época em que as pro-

AUTOR – Eng. PAULO PINHEIRO MACHADO CIACCIA

Page 2: J 1 A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA … - Paulo...soldados. A multidão cantou o Hino Nacional e quando o trem se pôs em movimento, os que partiam e o po - vo entoaram

Junho de 201914

Prontuário de Guerra de Paulo Ciaccia

fessoras para se deslocarem até às escolas utilizavam-se de caronas de caminhões, carroças, charretes e até de cavalos. Foi professora da famo-sa dupla caipira irmãos Tonico e Ti-noco e também do Dr. Olívio Stersa, membro da Academia Botucatuense de Letras. Trabalhou na Secretaria de Educação e Escola Industrial de Bo-tucatu. Publicou em 21/12/1955 uma coletânea de versos em homenagem às 18 (dezoito) debutantes de 1955, ano do Centenário de Emancipação Político-Administrativa de Botucatu, como “Souvenir do Baile das Debu-tantes do Ano do Centenário”, versos que foram por ela pronunciados du-rante o desfile dessas debutantes no antigo Club 24 de Maio, atual Centro Brasil Itália.

A respeito da Revolução Consti-tucionalista de 1932, Hernâni Dona-to no “Achegas para a História de Bo-tucatu”, volume 2, página 539, cita: “A 27 de julho de 1932, o 2º Batalhão de Caçadores partiu de Botucatu pa-

Documento de baixa militar de Paulo Ciaccia em 05/01/1920, emitido pelo Exército Italiano pela

participação na Guerra Ítalo-Austríaca.

Page 3: J 1 A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA … - Paulo...soldados. A multidão cantou o Hino Nacional e quando o trem se pôs em movimento, os que partiam e o po - vo entoaram

15Junho de 2019

Ordem de Vittorio Veneto concedida a Paulo Ciaccia

pelo Presidente da Itália aos combatentes na Primeira

Guerra Mundial

Certificado de Pau-lo Ciaccia de Cavalei-

ro da Ordem de Vitto-rio Veneto

ra Avaré. Na estação, embandeirada, vibrante pelo estrondo de fanfarras e da banda de música, discursou epica-mente Josephina Pinheiro Machado enquanto moças ofertavam rosas aos soldados. A multidão cantou o Hino Nacional e quando o trem se pôs em movimento, os que partiam e o po-vo entoaram a Canção do Soldado”.

O Presidente da República da Itá-lia, Chefe da Ordem de Vittorio Ve-neto, sob proposta do Ministro da Defesa com Decreto de 05/05/1971, conferiu ao Sr. Paulo Ciaccia a hon-

ra de Cavaleiro da Ordem de Vittorio Veneto, nos termos da Lei nº 263 de 18/03/1968 em seu artigo 4, por reco-nhecer os méritos de guerra, com a fa-culdade de usar a insígnia relacionada.

A Ordem de Vittorio Veneto foi criada como uma ordem nacional pelo quinto presidente da Repúbli-ca Italiana, Giuseppe Saragat, em 18/03/1968, para “expressar a gra-tidão da nação” àqueles que foram condecorados com a Cruz de Guerra do Valor Militar, e que lutaram pelo menos seis meses na Primeira Guerra

Mundial, e noutros conflitos anterio-res. A Ordem tem o grau de Cavaleiro, e acompanhada de uma pensão anu-al (557 Euros em 2010), transmissí-vel à viúva ou filhos menores, depois da morte do combatente. A sua últi-ma concessão foi em 15/03/2010. A Hierarquia é inferior a Ordem da Es-trela da Solidariedade Italiana e Su-perior a Croce AL Merito di Guerra.

A Professora Josephina Pinhei-ro Machado Ciaccia (Nina) faleceu em 26/04/1981 e Paulo Ciaccia fale-ceu em 12/07/1990, ambos em Bo-tucatu, e jazem no Cemitério Portal das Cruzes.

Page 4: J 1 A HISTÓRIA DE PAULO CIACCIA E DA PROFESSORA … - Paulo...soldados. A multidão cantou o Hino Nacional e quando o trem se pôs em movimento, os que partiam e o po - vo entoaram

Junho de 201916

A comparação podia ser aplica-da a quem procedia junto com Lu-nardi, o recém chegado, que tendo já reparado a sua juventude entre a Itália sua pátria e o Brasil havia-se entregado aqui, tudo ao desempe-nho do seu melindroso trabalho, a programação de fitas, mostrando--se um oficial de sentimento e não de expressão, como se condividisse a posição comercial do seu chefe.

Ele tinha também deixado atrás de si, o rasto de uma brilhante e grandiosa proeza sangrenta, mas justificada – pois pertencia a um passado épico e ilustre: lembrava o 1917, o derradeiro, espantoso, imenso e feroz choque mortal entre raças diversas, no cume do Grappa, onde, como sobre os montes Pélio e Ossa, reproduzia-se a vetusta pu-nha dos gigantes com os deuses – luta que haveria podido sugerir a um, moderno Esíodo, outra Titano-machia – destacando-se no fundo o “condotiero” Viola que novo Leo-nidas, defendia aquelas gargantas, honradas e gloriosas; os “ardidos” famosos lançadores de bombas a mão; as “chamas pretas”, os fortes batalhões da forte Alemanha, Con-rad, o austríaco; os canhões a tiro rápido, que com as bombardas vo-mitavam vulcões de fogo e mitra-lha, as monstruosas peças de 305, que com seus projecteis de tone-lada, despedaçavam as montanhas de granito, cobertas de neve, e no meio deste inferno, desta tempes-tade caótica, deste terremoto so-cial, fileiras de soldadinhos, moços de dezenove anos, que com o pei-to descoberto, ainda quase infan-til, delicado e alvo – como a neve que salpicavam e tinham tingido de sangue – espectros doutro mundo, faziam escudo à Itália, sua antiga

“O que foi é o que há de ser; e o que se fêz, isso se fará” Nihil sub sole novum! – Eclesiastes, 1:9.

AUTOR – ADEODATO FACONTIREMEXENDO OS MEUS RASCUNHOS – PÁGINA 90 – Botucatu – 31/03/1965

Transcrição do Eng. Paulo Pinheiro Machado Ciaccia

mãe, que após luta desigual, tinha caído de joelho e sangrenta.

Ele o combatente de quem es-tou falando encontrava-se no meio destes moribundos heróis, qua-se desaparecido debaixo da farda postiça.

VIVA !Era Paulo Ciaccia que se acha

entre nós e anda pela cidade, sem vangloriar-se, modesto, respeitoso

e satisfeito por ter feito o seu de-ver para com a sua pátria momen-taneamente prostada.

Sobre a cúspide do Monte Gra-ppa, foi decidida a guerra de 1914.

Anteciparam e precipitaram o seu fim, rapazes quase imberbes, que mal podiam com as armas na mão, tornando a repetir que en-tre esses valentes, estava Paulo Ciaccia.