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1 ! 1 módulo 2 C limatologia este módulo você terá noções básicas de cl imato- logia, ramo da ciência geográfica que trata dos fe- nômenos fís i cos da atmosfera terrestre que afetam diretamente a vida humana. Ligada à Geografia física, a cli- matologia faz parte do rol das ciências humanas que forne- cem referenciais pa ra o entendimento de outras áreas, como a biogeografia - estudo da distribuição dos biornas pela superfície terrestre. O estudo da cl i matologia também possi- bilita compr eender a ocupação humana nos continentes, as di versas at i vidades econômicas e, ainda, a inter-relação dos seres humanos com os fenômenos climáticos. A Terra apresenta uma fina capa composta por gases e outra s pequenas partículas como poeira e vapor d'água . E ss a fina capa se encontra presa ao planeta em função da gravidade. A atmosfera de nosso planeta é composta por di verso s gases que form am uma mi stura ideal, o que a dife- re da at mosfera dos outr os planetas do si stema solar. A massa gasosa que envolve a Terra apresenta vár i as ca mad as sob r epostas umas às outras, cada qual com ca ra cterl stic as fls ico -químicas próprias . A homosfera, ' cama da mai s próxi ma da superfíc i e, atinge 90 km e con - ce ntra 98% da massa atmosférica, cuja composição é a se- guinte: 78,1 % de ni t rog ênio; 20, 9% de oxigênio; 0, 0934% de argônio; 0, 03 3% de dióxido de carbono e 0, 003% de neônio, hélio, kr iptônio, hid ro nio, met ano e óxido nitro - so. A homosfera subdivide-se nesta s ca madas: tropos fe- ra, estratosfera e mesosfera. Em s eg uida, en cont ra-se a heterosfera, que abarca a termosfer a e a exos fe ra . Compartimentação química da atmosfera STRAHLER, A. N. Earth sclences. 2. ed. New York: Harper & Row, 19 71. Todas as camadas da atmosfera são importantes para a manutenção do equilíbrio do geossistema. Por mais que seja- mos tentados a pensar que as camadas mais altas não influen- ciam nosso planeta, é ne las que ocorre a absorção de parte da radiação solar, que, caso não fosse filtrada, seria prejudicial ao desenvol vimento das diversas formas de vida na Terra. No âmb ito da cl imatologia, os estudos se concen - tram na troposfera, pois é nela que oco rrem os fenôme - nos climáticos . '\" , los 1r · . A troposfera te m uma extensão que pode atingir 16 km de al titude; nela, a concentraçã o de gases a presenta a se- gu inte proporção, ao nível do mar: 78% de nitrogênio, 21 % de oxigêni o e 1% de outros gases . q il \_ J ~J C J ~- ( ;= r- ,~ i- - ç (~ ~:.. (~ ( ,;- (- \~ f- 1 r- y- (: ( -. (~ (- ' {. \ e ( ( f \,

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módulo

2 Climatologia

~ este módulo você terá noções básicas de climato­logia, ramo da ciência geográfica que trata dos fe­nômenos físicos da atmosfera terrestre que afetam

diretamente a vida humana. Ligada à Geografia física, a cli­matologia faz parte do rol das ciências humanas que forne­cem referenciais para o entendimento de outras áreas, como a biogeografia - estudo da distribuição dos biornas pela superfície terrestre. O estudo da cl imatologia também possi­bilita compreender a ocupação humana nos continentes, as diversas atividades econômicas e, ainda, a inter-relação dos seres humanos com os fenômenos climáticos.

A Terra apresenta uma fina capa composta por gases e outras pequenas partículas como poeira e vapor d'água. Essa fina capa se encontra presa ao planeta em função da gravidade. A atmosfera de nosso planeta é composta por diversos gases que formam uma mistura ideal, o que a dife­re da atmosfera dos outros planetas do sistema solar.

A massa gasosa que envolve a Terra apresenta várias camadas sobrepostas umas às outras, cada qual com caracterlsticas flsico-químicas próprias. A homosfera,

' camada mais próxima da superfície, atinge 90 km e con­centra 98% da massa atmosférica, cuja composição é a se­guinte: 78,1% de nitrogênio; 20,9% de oxigênio; 0,0934% de argônio; 0,033% de dióxido de carbono e 0,003% de neônio, hélio, kriptônio, hidrogênio, metano e óxido nitro­so. A homosfera subdivide-se nestas camadas: troposfe­ra, estratosfera e mesosfera. Em seguida, encontra-se a heterosfera, que abarca a termosfera e a exosfera.

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Compartimentação química da atmosfera

STRAHLER, A. N. Earth sclences. 2. ed. New York: Harper & Row, 1971.

Todas as camadas da atmosfera são importantes para a manutenção do equilíbrio do geossistema. Por mais que seja­mos tentados a pensar que as camadas mais altas não influen­ciam nosso planeta, é nelas que ocorre a absorção de parte da radiação solar, que, caso não fosse filtrada, seria prejudicial ao desenvolvimento das diversas formas de vida na Terra.

No âmbito da cl imatologia, os estudos se concen­tram na troposfera, pois é nela que ocorrem os fenôme­nos climáticos.

'\" , los 1r · ...

A troposfera tem uma extensão que pode atingir 16 km de altitude; nela, a concentração de gases apresenta a se­guinte proporção, ao nível do mar: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases.

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exosfera

termopausa

mesosfera

estratosfera

troposfera

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Dentro dessa camada, as tem­peraturas decrescem à medida

que nos elevamos acima da superfície. De modo geral, pode-se conferir a existên­cia de um gradiente tér­mico negativo de - 0,6 ºC para cada 100 metros, o que ocorre devido à con­centração de gases, que é

maior próximo ao nível do mar. Então, se, ao nível do mar,

a temperatura for de 25 ºC, a 1.000 metros de altitude a tempe­

ratura será 19 ºC.

Estratosfera é a camada que se sobrepõe à troposfera, estendendo-se até aproximadamente 50 km de altitude. Aí se concentra o ozônio, importante gás que "filtra· os raios ultravioleta que atingem o solo. Nessa camada, o gradiente térmico é positivo, ou seja, as temperaturas se elevam à medida que se afasta da Terra. A variação tér­mica poderá ser de -60 ºC até O ºC. Entre a estratosfera e a mesosfera existe uma camada intermediária denominada estratopausa, região com temperatura constante.

eso:,fer

Mesosfera é a camada que se estende até uma altitude aproximada de 80 km. Dentro dela, o gradiente térmico vol­ta a ser negativo, o que faz com que, no seu topo, a tempera­tura esteja na casa dos-100 ºC. Entre a mesosfera e a próxima camada (termopausa), está a mesopausa, onde a tempera­tura se mantém constante.

'fermopausa

Termopausa, também denominada Ionosfera, é a ca­mada mais extensa da atmosfera, pois situa-se entre 80 km e, aproximadamente, 900 km de altitude. Nessa camada, a temperatura volta a subir, podendo ultrapassar 2.000 ºC.

xo.sfera

Trata-se da camada mais externa da atmosfera. Den­tro dela, os gases tornam-se cada vez mais raros, e as mo­léculas dos gases escapam para o espaço sideral. Nessa camada ocorre a absorção dos raios X e gama, além do fenômeno aurora, que pode ser boreal ou austral.

O Sol encontra-se a aproximadamente 150.000.000 de qui­lômetros da Terra, e a temperatura de sua superfície é de apro­ximadamente 6.000 ºC. A Terra recebe diariamente uma grande quantidade de energia que vem dessa estrela mais próxima, uma vez que nosso planeta intercepta apenas duas mil milioné­simas partes da energia total emitida pelo Sol, a qual se propaga a uma velocidade de aproximadamente 300.000 km/s.

O espectro eletromagnético, que apresenta diver­sos comprimentos de ondas, é distribuído em três faixas: ultravioleta, visível e infravermelha. De modo geral, a radiação solar é constituída por raios-X, gama, ultravioleta e infravermelhos; pela energia visível e pelas ondas de calor.

Grande parte da energia emitida pelo Sol que chega até a Terra apresenta um comprimento de onda que está na faixa espectral de meio metro. A radiação terrestre, por sua vez, apresenta ondas situadas na faixa dos dez metros. Por isso se costuma dizer que a energia solar se propaga por meio de ondas curtas, enquanto a radiação terrestre se difunde por meio de ondas longas.

Atravessa a atmosfera terrestre? - não --- não

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Tipo de radiação

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seres humanos • 108

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Espectro eletromagnético desde as ondas de rádio até aos raios gama.

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Corno a Terra tem uma superfície çom uma atmosfera,

um movimento constante de rotação e uma diversidade

de elementos, a energia que esse planeta recebe do Sol é

absorvida ou refletida para o espaço. Cerca de 30% da ener­

gia se perde na reflexão e no espalhamento. Esse fato é

denominado albedo. ·

Albedo: índice de reflexão da energia solar que

v~ria de acordo com a área e a localização na superfí­

Cle terrestre. Uma rua asfaltada (superfície escura), por

exernplo, apresenta um albedo menor que o de uma

área gramada.

Vale lembrar que 6% da energia é espalhada pela própria

atmosfera, 20% é refletida pelas nuvens e 4% é refletida a partir

da superfície terrestre. Aproximadamente 51% da energia que

chega ao limite de nossa atmosfera atinge a superfície terres­

tre, sendo, então, transformada em ondas de calor (energia

infraverrnelha), que serão liberadas para a atmosfera. Nela se

encontram vapor d'água e dióxido de carbono, que absorvem

energia e forçam a radiação terrestre formada por ondas lon­

gas a retornar, ocasionando uma contrarradiação. Esse fenó­

meno é denominado efeito estufa.

A temperatura média da Terra é de aproximadamente 15 ºC.

Caso não existisse atmosfera, essa temperatura seria inferior a

-18 ºC. Pode-se dizer que a diferença entre o que entra e o que

sai do sistema é o balanço de energia.

Outro fato a ser considerado é o de que cada parte da

superfície terrestre apresenta propriedades físicas que

permitem absorção e irradiação diferenciadas. As áreas

continentais, de modo geral, tendem a absorver e irradiar

energia mais rapidamente que as áreas oceânicas. Essas di­

ferenças influenciam na pressão atmosférica e também na

movimentação do ar pelos ventos.

infravermelho \a indo: <ITº

resultado: T '- 2S5k H8°C)

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• ELEMENTOS QUE ATUAM NA ATMOSFERA DA

fERRA

A atmosfera terrestre é dinâmica. Existem muitos ele- .

mentas que interagem e atuam no conjunto. Para enten­

dermos alguns dos fenómenos diários mais com~~s, ~

chuva, calor, frio e deslocamento dos ventos, será necessa,-1q

conhecer alguns desses elementos. Entre aqueles que estão

diretamente ligados aos fatos mencionados, encontram-se a

temperatura do ar, a umidade e a pressão do ar atmosférico.

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A atmosfera exerce pressão sobre o planeta. Essa pres­

são pode sofrer alterações de acordo com a temperatura e

a altitude. O primeiro a demonstrar a existência da pressão

atmosférica foi o italiano Evangelista Torricell i. Em seu ex­

perimento, ele utilizou um tubo cheio de mercúrio, que foi

imerso em um recipiente com o mesmo elemento. Uma

das unidades utilizadas na atualidade para se medir a pres­

são atmosférica é o hectopascal (hPa), mas existem outras

como quilopascal (kPa), atmosfera (atm) e milibar (bar).

A pressão atmosférica pode sofrer variações ao longo

do dia. Quando se nota, no barômetro, um decréscimo sú­

bito na pressão atmosférica, pode-se normalmente tomar

isso como um sinal de mau tempo; o contrário também

é verdadeiro, pois uma alta pressão normalmente indica

boas condições de tempo.

Além da temperatura, a altitude também faz com que a

pressão atmosférica varie. Percebe-se que, quanto maior a alti­

tude, menor a pressão, pois a gravidade obriga os gases mais

pesados a se concentrarem próximos à superfície, o que gera

o aumento da pressão em regiões próximas ao nível do mar.

A distribuição de luz e calor não ocorre uniformemen­

te em toda a superfície do planeta. É por causa disso que

existem áreas com maiores ou menores temperaturas, fato

que influi diretamente na pressão atmosférica. Pode-se afir­

mar que, de acordo com a latitude, temos a formação de

áreas com alta ou baixa pressão atmosférica. Próximo ao

Equador, por exemplo, onde as temperaturas são constan­

temente elevadas, ocorrem a expansão e a ascensão do ar

atmosférico, o que gera uma baixa pressão e correntes de

ar ascendentes e descendentes.

Em áreas de altas latitudes se verifica exatamente o

contrário: o ar atmosférico se adensa formando áreas de

alta pressão. As reg iões onde se formam as altas pressões

são denominadas anticiclones, e aquelas em que se for­

mam as ba ixas pressões são conhecidas como ciclones.

É importante não esquecer que a movimentação do ar

se relaciona diretamente às variações de temperatura. Por­

tanto, as mudanças nas estações do iinQ geram significati­

vas alterações no que diz respeito aos dé'slocamentos das

massas de ar. Tendo isso em vista, quando se cartografa ou

se ilustram áreas de dispersão e recepção de ventos, é ne­

cessário que haja observação aproximada.

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com ? aquecimento da atmosfera. Lembre-se de que a energ~a que recebemos do Sol, após ser absorvida pela su­p~rfíoe, aquece o ar. O aquecimento ocorre de baixo para Cima; portanto, as moléculas do ar tornam-se menos densas quando próximas ao solo. Ao serem aquecidas, elas sobem, obedecendo ao mesmo princípio que faz os balões subirem.

Como a temperatura altera a pressão, pode-se dizer que o desloc:amento do ar é motivado pela diferença de pressão atmosférica. Em um passado não mvito remoto, não se podia dizer qual era a origem e o destino dos ventos. Atualmente, pode-se afirmar que eles se deslocam de áreas de alta pressão para áreas de baixa pressão atmosférica. Apesar do conheci­mento de que os deslocamentos e a velocidade dos ventos são diretamente proporcionais às diferenças de pressão, exis­tem algumas dificuldades para se deter[)linar com precisão os locais da superfície terrestre onde eles são gerados.

Os ventos afetam diretamente os climas locais, pois transportam umidade e deslocam ar frio ou quente. Veja a seguir os ventos de grande importancia para os locais por onde passam.

VENTO ÃREA DE ATUAÇÃO ------·-Ásia Sudeste, leste e Indonésia

Monções Oceania Norte da Austrália

África Porção oeste Mistral (vento frio de origem Europa

França, norte da Itália e Grécia (durante o Inverno) polar)

Siroco (vento quente e úmido)*

Mlnuano ou pampeiro (vento frio -atua durante o inverno)

Europa

América do Sul

Região do Mediterrâneo

Argentina, Brasil (Rio Grande do Sul) e Uruguai

•Existem vMios nomes locais para ele: Leveche, Chili, Ghibli, Khamsln, Simoon.

DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco; MENDONÇA, Francisco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo:

Oficina de Textos, KXJZ p. 79-80.

Por vezes somos surpreendidos com notícias de furacões e tornados. Como esses fenômenos atmosféricos aparente­mente não são comuns no território brasileiro, muitas pessoas ainda não conseguem distingui-los. É importante lembrar que todos esses fenômenos podem ocorrer, alterando pro­fundamente as atividades humanas.

Os tornados formam-se quando ocorre o cisalhamen­to do vento, ou seja, quando há diferenças na direção dos ventos e aumento de velocidade, fatores que fazem com que os tornados ganhem altura girando no sentido horizon­tal na baixa atmosfera. O ar ascendente entra na tempestade mudando sua direção, que até então era horizontal, para ver­tical; os ventos giram em torno de um eixo vertical podendo ter um c:omprimento de 4 a 6 km.

Os tornados funcionam como um grande aspirador de pó, sugando tudo o que encontram em seu caminho. Tendo a forma caracterfstica de um funil, quando tocam o solo pas­sam a se deslocar de forma muito irregular. Aqueles que se formam sobre a água são conhecidos como tromba d'água.

Tromba d' água próxima à Flórida Keys.

Os furacões, por sua vez, são formados sobre as mas­sas líquidas dos oceanos, em regiões tropicais onde ocorre intensa evaporação. Algumas condições básicas para a for­mação desse fenômeno são: temperatura das águas acima de 26,5 ºC; localização em águas tropicais entre as latitudes 5º e 15º, e, esporadicamente, entre 22º e 35º; existência da força de Coriolis, que mantém o centro de baixa pressão; existência de pequenos valores de cisalhamento dos ven­tos entre a superfície e a alta troposfera.

Curiosidades Os ciclones tropicais recebem nomes regionais.

Confira esses nomes no quadro a seguir.

Nome

Ciclone tropical

Ciclone tropical severo - .. r

·ocJone éxtratfopiéál

-: .. Tempestade· ciclônica

Locafizaçlo

Oceano fndico - Sudoeste

Oceano Pacífico - Sudoeste OceilnQ índico - Suçj~ste

Oceano Atlântico ..'.sul ·

Oceano índico - Norte •severa · · -:------+----------:... , Tufã.o Oceano Pacífico - Noroeste ----+ ------=-....::.:.::-=---1

Oceano Atlântico - Norte; Oceano Furacões Pacífico - Nordeste; Oceano

Pacífico - Sul ,

Disponível em: <http://www.doutoresdomeioambiente.com.br>. Acesso em: 15 mar. 2011.

As massas de ar adquirem as características de tempe­. ratura e umidade da região onde são formadas. Assim, sé a rnassa originar-se no oceano, terá bastante umidade; se origi­nada nos continentes, normalmente será seca. Porém, existem

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~xceções, com_o o caso da massa de ar úmida que se forma so· re a Amazônia Ocidental, a massa Equatorial continental

(mEc), cuja característica se deve ao fato de que nessa região existem. inúmeros. rios e alta carga de evaporação.

Ao se deslocarem sobr.e a superfície terrestre, as mas­sas de ar influenciam diretamente nos climas dos locais por onde passam. No entanto, as massas de ar também recebem influência dessas .regiões. Elas sempre se formam sobre extensas áreas planas continentais ou sobre os ocea­nos. A formação das massas.também está associada a áreas mais estáveis no que se refere às condições atmosféricras.

As massas de ar quentes e úmidas se originam em áreas de baixas latitudes sobre os oceanos, com exceção da massa Equatorial continental. As massas quentes e secas se formam em áreas continentais de baixas latitudes. As massas frias e secas, por sua vez, podem se constituir. em ,reas continen­tais da zona temperada ou de ,reas polares; portanto, em médias e altas latitudes. Por fim,·as massas friase úmidas se formam em áreas de latitudes .médias, ou seja, dentro da zona temperada da Terra.

Cinco massas de ar atuam sobre o território brasileiro e são responsáveis pelos climas existentes no país: massa Equatorial continental (mEc); massa Equatorial atlãntlca (mEa); massa Tropical continental (mTc); massa Tropical atlãntica (mTa) e massa Polar atlãntica (mPa).

Umidade do ar

A água transita pelos estados sólido, líquido e gasoso. Quando a energia proveniente do Sol incide sobre toda a superfície da Terra - constituída pelos oceanos, lagos, rios, solos e pela vegetação -, ocasiona a evaporação, responsá­vel pela formação das nuvens e pelas precipitações. Parte desse vapor, no entanto, permanece na atmosfera, fato que favorece a manutenção de uma temperatura média na Ter­ra, possibilitando a vida.

A quantidade de vapor que a atmosfera pode conter varia de acordo com a temperatura e o tipo de superfície. Em virtude disso, de uma região para outra teremos gran­des diferenças de concentração de umidade.

A umidade absoluta é medida em gramas por metro cúbi­co de ar (m3), tratando-se, portanto, de um dado que pode so­frer variações de acordo com o momento e lugar em questão. Certamente você já deve ter ouvido algum boletim meteoro­lógico indicando~ umidade relativa do ar, que é a relação en­tre a umidade absoiuta e o valor máximo de umidade que o ar pode conter. Esse dado depend~ diretamente da temperatura e apresenta-se em percentual. Quando a umidade relativa do ar é muito baixa, as pessoas sentem dificuldade para respirar; quando é muito alta, pode causar sensação de desconforto. A Indicação de 100% de umidade no psic6metro ou hlgr6-metro mostra que o ar não pode conter mais umidade, pois se encdntra completamente saturado.

Precipjtações

A evaporação ocorre devido à radiação solar. Durante

0 processo mediante o qual a água passa do estado líquido

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para o gasoso, não é possível observá-la, já que os gases não são visíveis aos olhos humanos. Para que a água possa voltar ao estado líquido, deverá ocorrer a perda do calor latente que possibilitou a evaporação e também o contato com um pequeno núcleo de condensação, que poderá ser constituído de grãos de pólen, minúsculas partículas de poeira, cinzas vulcânicas ou sais marinhos. Tendo essas informações em vista, é válido considerar que, no processo da evaporação, o ar se resfria, ao passo que, no da conden­sação, o ar se aquece .

As nuvens são formadas por pequenas gotículas de água que medem aproximadamente 0,02 mm. Devido ao seu tamanho, elas podem ser facilmente conduzidas pelas correntes de ar ascendentes. Quando uma conden­sação muito rápida ocorre no interior das nuvens e as pequenas gotículas se agregam e formam gotas maiores, estas deixam de ser sustentad_as pelas correntes de ar, ocasionando a chuva.

Com relação à sua origem, as chuvas podem ser clas­sificadas como orográficas, convectivas e frontais. As chu­vas,orográfkas, encontradas nas regiões.serranas que se volta·m. para os oceânos, ocorrem devido à ev~poração das massas líquidas. A água, em estado gasoso, é empur­rada na direção dos continentes, sendo carregada para cima quando vai de encontro às escarpas. As nuvens que conseguem passar pela região serrana transportarão me­nos umidade.

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. . . Chuva orográlica ou de r~lévo.

As chuvas convectivas se formam em dias muito querites, após intensa evaporação. A formação de nuvens e;-a~ precipitações ocorrem praticamente no mesmo•IUQft,E de órigem da ágúa evaporada. Em muitos locais recebem o,m,me de chuva de verão, pois acor:itecem no meio da tarde/voltando o Sol a brilhar após o término da chuva.

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Chuva convectiva ou de convecção.

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As chuvas frontais são produzidas pelo encontro de uma massa de ar frio com outra de ar quente. Às vezes, as temperaturas mais elevadas acarretam a concentra­ção de umidade do ar. Denomina-se frente à chegada de uma massa de ar frio que se desloca próximo à super­fície se introduz como uma cunha, ocasionando a con­densação, a formação de nuvens e as chuvas na zona de contato das duas massas. Logo após a passagem da frente, fica-se sob a ação do centro da massa. Nesse momento, as temperaturas caem; porém, normalmente, o céu fica aberto e limpo.

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Chuva frontal ou ciclônica.

As vezes, a chuva pode se formar dentro da nuvem em um estrato superior mais aquecido. Porém, ao se precipitar, ela passa por um estrato inferior que apresenta temperatu­ra mais baixa, o que produz o congelamento das gotículas, ou seja, aquilo que se denomina chuva com neve.

Para que haja formação de neve, é necessária a existên­cia de certas condições básicas, como nuvens em grandes altitudes e temperaturas de superfície muito baixas. A neve se forma pelo congelamento direto do vapor d'água quan­do a temperatura do ar se encontra abaixo do ponto de coogelamento. Os _diferentes cristais constituídos apresen­tam grande beleza quando vistos ao microscópio.

_ Granizo visto a olho nu e floco de neve visto em microscópio eletrônico.

Além da chuva, o granizo, equivocadamente chamado de "chuva de granizo", é a precipitação mais comum em

- nosso território. Ele se forma em nuvens de grande altitude que apresentam intensa movimentação interna de corren­tes de ar ascendentes e descendentes. As gotículas de água apanhadas pelas correntes de ar ascendentes se congelam e descem, agregando outras gotículas; ao subir, congelam­se novame'nte. Por essa razão, o granizo é formado por di­versas capas parecidas às de uma cebola.

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pode ser entendido como o es-0 tempo atmos,eric 1 ~ determinado momento e ugar.

tado da dª'.~oséervaar~1t:1 ao longo das horas de um dia Essa con 1çao . d d e de uma localidade para outra. Por isso, entro e. u~a

'd d dem-se encontrar diferentes cond,çoes mesma CI a e po b · 1 dia ensolarado em um airro, mas de tempo; por exemp o,

chuvoso em outro. . d O clima refere-se a um padrão que associa to os_ os

d (temperatura pressão atmosférica, aspectos o tempo ' . deslocamento dos ventos, chuvas, etc.) relativos a um pe-ríodo de 30 anos. Pode-se dizer, porta~to, q~e, enqua~­to o tempo diz respeito a uma situaçao variável no d_1a a dia, o clima indica a caracterização do estado mé?10 da atmosfera em determinada área geográfica. É válido considerar que os cl imas sofrem a influêoci~ de algu_ns fa­tores. Entre os principais, destacam-se a latitude, alt1tud~ continentalidade ou maritimidade.

• Latitude - Quanto maior a latitude, menores se­rão as temperaturas.

• Altitude - Quanto maior a altitude, menores as temperaturas dentro da troposfera.

• Contlnentalidade/maritlmldade - A água ab­sorve a energia solar mais lentamente que os ma­teriais sólidos dos continentes. Portanto, pode-se afirmar que as condições climáticas se acentuam - tanto para o frio quanto para o calor - à medida que a distância em relação aos oceanos aumenta.

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O clima pode ser classificado em: equatorial, tropical, subtropical, mediterrâneo, árido ou desértico, temperado, polar e semiárido.

O clima equa­torial apresenta elevadas médias térmicas e precipi­tações anuais. Esse tipo climático, que ocorre em regiões próximas ao equa­dor terrestre, apre­senta pequenas amplitudes térmi­cas e um pequeno período de baixa nas precipitações.

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Tropk"I precipitação

(mm) Goiana temperatura

(ºC) elevadíssimas. No temperado oceâ­nico, o fenômeno da marltimidade atenua as tempe­raturas do inver­no e do verão e amplia os índices de precipitação de chuvas.

Clima tamperldo marítimo ou oceAnlco

O clima tropical apresenta variações decorrentes da alti­tude e da maritimi­dade. Subdivide-se em: tropical típico, semiárido, de altitude e oceanice ou úmido,

- 1 vistos a seguir. - ) Tropical típico: as

temperaturas médias anuais são definidas de acordo com a latitude e a altitude, mas que, de

300 - 25

250 I '

200 20

150

100 15

50

o.....,...,..,.,~Y-4U..U,.u,..L.,.u..w 10

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forma geral, apresentam-se altas durante todo o ano. Verifica-se

uma estação seca e outra chuvosa que coincide com o verão.

Tropical seml,rldo: basicamente, as temperaturas mé­dias são elevadas, com exceção das localidades de maior al­titude, e chuvas irregularmente distribuídas ao longo do ano.

Tropical de altitude: as temperaturas são amenas du­rante o verão e baixas no inverno, devido à altitude.

Tropical ocetnfco ou úmldo: as variações climáticas decorrem da influência das massas líquidas oceânicas que lhe conferem um maior teor de umidade anual.

Subtropical

O clima subtropical é caracterizado por temperaturas médias anuais inferiores a 18 ºC, chuvas regularmente distri­

buídas durante o ano, verões mornos e invernos com baixas temperaturas ocasionadas pela entrada de massas de ar frio. Nas áreas que estão sob a influência desse clima, verifica-se

a ocorrência de geadas e, esporadicamente, de neve.

Mediterrâneo

As estações no clima mediterrâneo são bem marcadas.

O inverno é moderado, e o verão muito quente e seco. As chuvas se concentram no inverno e são raras em outras

épocas do ano.

Árido ou desértico

O clima árido, também conhecido como desértico,

apresenta grande amplitude térmica. As temperaturas diur­

nas e noturnas são bastante contrastantes: muito elevadas

durante o dia e de frio extremo à noite. As precipitações de

chuvas são inferiores a 250 mm anuais.

Temperado

Encontrado nas regiões de médias latitudes, o cl ima

temperado pode ser continental ou oceânico. As qua­

tro estações do ano são bem definidas. No temperado

continental, o inverno e verão são bem marcados: no in­

verno as temperaturas são muito baixas e no verão são

Ciií-• l

Pol11r

As tempera­turas do clima po­lar ficam sempre abaixo de zero.

Valenta (Irlanda) 51'56'N

temperatura ('C)

50 40 30

4 20 21J-t-1r,-'---+---r-.:..._.....:J,..10 o ' o ,f,,_F / ~/f ..f / J J _//

J precipltaç~o - temperatura

TMA: 10,8 oC

P. total: 1.398 mm

As temperaturas médias anuais são de -30 ºC. No verão chegam a - 10 ºC e no inverno quase alcançam os -50 ºC. Os ventos são intensos e o gelo cobre o solo o ano inteiro. Nas regiões mais próximas ao polo, as estações do ano são marcadas pela grande diferença de luminosidade. Nessas

regiões ocorre o fenômeno do "Sol da meia-noite".

lUbpolar

Nas regiões de clima subpolar, as temperaturas são

baixas em praticamente todas as épocas do ano (abaixo de O ºC no inverno e pouco inferior a 10 ºC no verão) e as precipitações variam entre 200 e 1 000 mm anuais.

Fno de montanha

Quanto maior a altitude de uma região, tanto menor será a temperatura. As temperaturas decrescem à medida que nos elevamos na troposfera. Portanto, em qualquer

zona térmica da Terra, devido à altitude, as temperaturas sempre serão baixas.

Cllmograma: gráfico que representa as médias anuais de temperatura e umidade do clima de uma r~gião.

Classificação climática segundo Kõppen

A classificação climática elaborada originalmente por

Vladmir Kõppen leva em conta fatores como a sazo­nalidade, as temperaturas do ar, as precipitações e

a distribuição dos blomas sobre a superfície da Terra.

Essa classificação sofreu diversas adaptações ao longo

do tempo, como a que foi preparada com a colabora­

ção de Rudolf Geiger, sendo, por essa razão denominada

1 1

1 :,

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Kõppen-Geiger. Esta última, no entanto, não diferen- ~ 1

eia regiões com biornas muito distintos. Por causa disso, t • ,

têm surgido classificações derivadas dela. A classificação ~ ,- .

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11 ,

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Código Ducrtçio

a: verão quente

b:verão temperado

Temperatura média do ar no mês mais ·quente> 22 •e

Temperatura média do ar no mês mais quente < 22 •e Temperaturas médias do ar nos 4 meses mais quentes:

> 10 º(

Aplica-se aos grupos

Ce D

CeD

e: verão curto e fresco

Temperatura média do ar no mês mais quente< 22 •e Temperaturas médias do ar durante menos de Ce D

d: inverno multo frio

h: verão seco e quente

4 meses > 10 •e Temperatura média do ar no mês mais frio > -38 •e

Temperatura média do ar no mês mais frio< -38 •e

Temperatura média anual do ar> 18 •e Deserto ou semi-deserto quente (temperatura ~nual

média do ar igual ou superior a 18 ·q_

D

B

/ . ',

k: inverno seco Temperatura media anual do ar 18 •e Deserto ou semi-deserto frio (temperatura anual B

e frio média do ar Inferior a 18 ºC) _ 1,

DANNl·OLIVEIRA, Inês Moresco; MENDONÇA, Francisco. Cllmatologla: noções básicas e climas do Bra~il. São Paulo: Oficlna.dE; Textos, 2007. p. 119-1 21.

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O clima da região central do Brasil é Aw. Na tabela, a letra

A identifica o climà tropical com as seguintes características:

clima megatérmico, temperatura média do mês mais frio

> de 18 ºC, estação invernosa ausente e forte precipitação

anual. A letra w, por sua vez, Identifica as chuvas de verão.

6. PROBLEMAS AMBIENTAIS ATMOSFERICOS

A atmosfera influi diretamente as atividades humanas, e

é indiscutível o fato de que, ao longo da História da huma­

nidade, essas atividades também influenciaram significa­

tivamente em alguns fenômenos climáticos. As pesquisas

ainda não conseguiram elucidar todas as dúvidas a respeito

do funcionamento completo desse sistema; porém, já exis­

te bastante conhecimento a respeito da atmosfera e das

alterações pelas quais ela vem passando como resultado

das ações humanas.

. uvas · cídas

A dinâmica pela qual a água passa, chamada de ciclo da

água, é a base para a compreensão do fenômeno da acidez

da chuva. De modo geral, a água que compõe as nuvens em

contato com os ~ases da atmosfera sofre reações naturais,

adquirindo certo grau de acidez. Além do fenômeno natural,

existem outros fatores que ocasionam a acidez da ·água, os

quais estão relacionados às atividades humanas: utilização

de combustíveis fósseis e queimadas em áreas florestais. Por

isso, as áreas mais afetadas serão aquelas que se encontram

próximas aos grandes parques industriais do mundo.

Vale notar que a acidez natural das chuvas é que pos­

sibiQta a for.maçãq dos solos, pois o ácido carbônico pro­

duzido pela ,reação.que ocorre entre a água e o dióxido de

carbono. (Hp + CO2H2CO3) favorece a intemperização dos

feldspatos que dão origem às argilas. Essa mesma acidez

também pode ser apontada como uma das causas que de­

ram origem às cavernas em regiões calcárias.

, No, tocante aos combustíveii fósseis, a queima deles re­

sulta na liber.ação de enxofre que, ao reagir com o oxigênio

r re-" l

do ar e;éom a\ágGa que se encontra na at~ osfera, produz

o.ácid6 sulfúrico (H25O/ Esse é um ácido extremamente

nocivo para as vegetações, pois, ao mesmo tempo em que

produz o desfolhamento e rJ;)Orte das árvores, também

destrói ár_eas agrícolas e contamina rios,) agos e oceanos,

ocorrendo, então, uma elevação dos níveis de acidez des­

ses recursos hídricos. Visto que parte das águas consumi·

das pelos seres humanos provém de reservas superficiais,

é necessário que, durante o seu tratamento para o abaste­

cimento urbano, elas sejam eliminadas. Apesar de todos os

riscos da contaminação, há regiões que consomem água

imprópria. Como não recebem água tratada, são abasteci­

das por rios, fontes ou cisternas. Ao se infiltrarem nos solos, as chuvas ácidas produzem

substâncias tóxicas oriundas da combinação ou reação do

ácido sulfúrico com elementos presentes no solo. A5 plantas

que absorvem esses produtos tóxicos contaminam os animais

herbívoros que se alimentam delas. É interessante notar que a

pintura dos carros expostos à ação do tempo, em locais onde

ocorre esse tipo de chuva, fica manchada.

flha~ de calor

A rápida urbanização do mundo tem ocasionado o des­

matamento de extensas áreas, a canalização dos corpos

d'água, a construção de prédios muito altos, o calçamento e o

asfaltamento de imensas áreas. Cada um desses fatores man­

tém relação direta com a formação da chamada Ilha de calor.

Ilha de calor: fenômeno climático de elevação

de temperatura que ocorre em cidades com alto

1 grau de urbanização. Seus efeitos são muito negati­

vos para o meio ambiente,já que contribuem para a

intensificação do aquecimento global.

Os seguintes fatores são determinantes na formação de

ilhas de calor:

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• Eliminação de grandes áreas verdes: reduz a evapo­transplração e troca de energia, provocando a elevação da temperatura;

• Canalização de corpos d' água: impede a evaporação da água para a atmosfera e dificulta o equilíbrio térmico; • Construção de prédios muito altos: impossibilita a cir­culação do ar e dissipação do calor acumulado durante o período; • Materiais utilizados nas construções e calçamentos: absorvem grande quantidade de energia do Sol no con­creto das edificações e no asfalto das ruas e avenidas, que fica retido por mais tempo.

33 ---

2: 32

l . , ,~"·' .l, _ p,... ·~· i ,,J .t .,Ã_-l~ l;~. -~,.~. -~\l';{t ! rural residencial central residencial residencial suburbana urbana suburbana

Exemplo de uma ilha de calor.

Esses fatores são alguns dos responsáveis pelo aumento significativo das temperaturas nos grandes centros e pelo seu decréscimo nas periferias. Quanto maior o centro urba­no, mais intensos são o desmatamento e a verticalização, e maiores os efeitos das ilhas de calor.

Em6ora a inversão térmica seja um fenômeno natural, a constante emissão de poluentes agrava muito a qualida­de do ar nos grandes centros urbanos do mundo. Pessoas que apresentam dificuldades respiratórias sentem imedia­tamente as consequências desse fenômeno. Nos dias em que ocorre inversão térmica, o céu parece envolto em uma camada de névoa que parece não se dissipar, e o Sol, apa­rece atrás da névoa. É visível a falta de ventos e a total falta de movimentação das folhagens das árvores. Por causa do forte odor dos poluentes, os olhos e o sistema respiratório ficam irritados. Em situações normais, as temperaturas do ar decres­cem à razão de 0,6 ºC/100 m; no entanto, quando ocorre o processo de inversão, o ar, em maior altitude, tende a se aquecer. Em regiões que se encontram em vales, o ar mais frio pode se deslocar das áreas elevadas para as par­tes baixas do terreno, ficando retido sob uma capa de ar quente, uma vez que o ar frio é mais pesado. A inversão térmica pode ser bastante intensa em dias de inverno, de noites sem nebulosidade e com ventos fra­cos, em que o solo se resfria rapidamente, mantendo uma camada de ar quente acima da camada de ar frio. Esse

. d . • é denominado inversão de superfície tipo e mversao , • ã d d• ã Outro t·ipo comum e a mvers o por a -por ra 1aç o. . d . • d

O movimento horizontal o ar, ou seJa, vecçao, quan o fí · . t • de ar quente sobre uma super c1e com a mov1men açao _ d temperatura baixa, impede a circulaçao O ar.

ar mais frio

ar frio

Inversão t,rmica: f situação desfavorável 1

à dispersão de 1 poluentes. . .

Normal: situação favorável à dispersão de poluentes.

ar frio

ar quente

ar frio

O efoito es ufa e o to glot i

Muito tem-se falado em aquecimento global nos úl­timos anos. O chamado efeito estufa é um fenômeno natural que possibilita a vida na Terra: na atmosfera, en­contram-se vapor d'água e gases que apresentam a ca­racterística de absorção da radiação emitida na superfície do planeta. Esses gases mantêm a temperatura média em torno de 15 ºC. Suponha que, em um dia de céu claro e muito calor, o carro de sua família fica em um estacionamento a céu aber­to. Depois de duas horas, no momento em que o veículo é aberto, sente-se, em seu interior, uma temperatura bastante elevada. Isso ocorre porque a radiação solar que penetrou pelas vidraças do carro foi transformada em radiação de ca­lor, criando uma bolha de ar quente que foi retida pelas pare­des e vidros do automóvel. Pode-se dizer que praticamente o mesmo ocorre com a Terra. Somente parte da radiação de calor da superfície consegue ultrapassar a atmosfera e se perder no Espaço Sideral.

O efeito estufa, portanto, é um fenômeno natural. O que se convencionou chamar de aquecimento glo­bal é uma intensificação desse efeito. As queimadas pro­vocadas em áreas florestais; a agricultura e a pecuária; a indústria e os transportes que utilizam combustíveis fósseis são os responsáveis pelo lançamento de gases estufa na atmosfera. O acúmulo desses gases, segundo diversos cientistas, tem sido o responsável pelo aumen­to da temperatura média da Terra.

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Saiba mais

o vapor d'água é o principal elemento er:it~é osga­

. _ses estufa, ou seja, aqueles que absorvem as ra-

.. Qiaçoes -~nfraverrrielhas (de calor). Os demais gases ~ão

os seguintes: dióxido d~ carbono (CO ), metano (CH ),

óxido nitroso (Np), perfluocarbonos (PFCs), hidroflu~­

carbonos (HFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF/

De acordo com os cientistas que compõem o Painel

Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC) da

ONU, diversas consequências do aquecimento global po­

dem ser previstas para um futuro próximo. Entre as mais

corryenfadas estão o çlerretimento de calotas polares e de

geleiras e a consequinté elevação dos níveis dos oceanos

e mares, fato que produzirá um número considerável de

refugiados arribiehtals. As mudanças · drásticas do clima

pro?uzirão a extinção de uma grande variedade de espé­

cies da fauna e flora. Há também a previsão de-outros fenômenos, relac[o­

nados à intensificação de chuvas ou secas, que poderão

ocasionar graves prejuízos para a agropecuária e para os

centros urbanos. Na visão de muitos cientistas, pratica­

mente todas as atividades humanas serão afetadas, em

termos de capital e perdas humanas. Como resultado

das alterações climáticas, ocorrerá significativo aumento

das áreas desertificadas da Terra; áreas hoje florestadas,

como a Amazônia, desaparecerão, dando origem a ex­

tensas áreas de Savanas. Se, por um lado, existe esse grupo de pesquisadores

interessados em apontar as consequências da ação do

1111 Agora é a sua vez 1111

1. Considere duas regiões da superfície terrestre: a primeira

(A) em baixa latitude e sobre o Oceano Atlântico; a se­

gunda (B) em média latitude e sobre uma área desértica

na Austrália. Sobre qual delas há maior quantidade de

vapor d'água na atmosfera? Justifique sua resposta.

Considerando-se asregiões apresen.tadas e a ...

quantidade de energia recebida do sol, percebe~sc que a

região A, localizada sobre o Oceano Atlântico e em b9ixa

latitude, apresentará maior rnncentração de vapor d'água

na atmosfera.

2. Observe a imagem a seguir e identifique aquele(s)

fator(es) que pode(m) interferir nas temperaturas das três

cidades apresentadas.

(rw-• J

homem no. que se referf? às alterações climáticas de nosso

planeta, por outro, existe o.grupo dos céticos, ou seja, da­

queles que contestam as previsões feitas, chamando essa

linha crítica de alarmista. Entre as teses propostas pelos céticos, estão aquelas

cujo objetivo é demonstrar que o planeta, ao,longo de sua

História, passou .por vários momentos quentesie frios, sen­

do que parte desses momentos. quentes qo passado não

esteve relacionada à ação humana, que, naquele período,

era Insignificante. As mudanças climáticas, portanto, não

poderiam ser previstas com tanta antecedência, uma vez

que estão muito mais atreladas a fen6menos ffslcos ex­

ternos (como, por exemplo, as manchas solares) e inter-­

nos (dentre eles, o vulcanismo) do que à açlo antróplca.

De acordo com os céticos, a temperatura da Terra diminuiu

entre 1998 e 2007, mesmo havendo uma maior concentra­

ção de gases estufa na atmosfera.

A - A radiação solar atravessa a atmosfera. A maior parte da radiação é absorvida pela superfície terrestre, aquecendo-a.

metros

1.000

efeito estufa

B - Parte da radiação solar é refletida pela Terra e atmosfera, de volta ao espaço.

e- Parte da rad iação infravermelha (calor) é refletida pela superfície da Terra, mas não regressa ao espaço, pois é refletida de novo e absorvida pela camada de gases de estufa que envolve o planeta. O efeito é o' aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera.

o ....__-+----- --- ---1---------+-___;,~

alt.: 1.740 m temp.: 11,3 ·e

alt:840m temp,: 20,6 ·e

O fator climático que mais interfere nas cidades

explicitadas no gráfico é a altitude, uma vez que mdas se

encontram em latitudes praticamente semelhantes.

29

)

1

1

11

1